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COMUNICAÇÃO COM CLIENTES VIA REDES SOCIAIS: DA CAPTAÇÃO AO PÓS-VENDA EM AGÊNCIAS DE VIAGEM DE SÃO LUÍS DO MARANHÃO, BRASIL

CUSTOMER COMMUNICATION VIA SOCIAL NETWORKS: FROM ACQUISITION TO POST-SALES STRATEGIES BY TRAVEL AGENCIES IN SÃO LUÍS DO MARANHÃO, BRAZIL

COMUNICACIÓN CON LOS CLIENTES A TRAVÉS DE LAS REDES SOCIALES: DESDE LA CAPTURA HASTA LA POSVENTA EN LAS AGENCIAS DE VIAJES EN SÃO LUÍS DO MARANHÃO, BRASIL

RESUMO:

Este trabalho objetivou analisar o uso das redes sociais pelas agências de viagem de São Luís - Maranhão, como comunicação estratégica na captação de clientes. Para tanto, desenvolveu-se pesquisa exploratória, transversal e qualitativa, junto a agências da capital maranhense. A coleta de informações ocorreu com base em roteiro semiestruturado elaborado, principalmente a partir dos trabalhos de Alves et al. (2017), Gomes e Mondo (2016), Matikiti et al. (2017), Vareiro e Pinheiro (2017), contendo três categorias: comportamento nas mídias/redes sociais, estratégias de captação de clientes e resultados das estratégias. A técnica de análise utilizada foi a Análise de Conteúdo. Os resultados mais relevantes indicaram que as empresas utilizam redes sociais para ampliar visibilidade e interação com consumidores, captar clientes e reduzir custos, almejando sobreviver no mercado. As postagens principais versam sobre pacotes/destinos e fotos de viagens. A captação de clientes ocorre, sobretudo, a partir de ações promocionais nas redes sociais, como impulsionamento e influenciadores digitais, contudo permanecem empregando estratégias convencionais, como rádio, outdoors, participação em feiras/eventos, afora parcerias interempresariais. Na comercialização on-line, combinam diferentes mídias sociais na negociação, no fechamento e no pós-venda. A atuação virtual incrementa o desempenho refletido pelo aumento do número de clientes e alcance de novos públicos/mercados. Conclui-se que apostar nas estratégias de comunicação via redes sociais contribui no enfrentamento da concorrência e das externalidades típicas do setor turístico.

PALAVRAS-CHAVE:
Agências de Viagem; Estratégia; Redes Sociais; Captação de Clientes; São Luís do Maranhão

ABSTRACT:

This paper analyzes the use of social networks by travel agencies in São Luís - Maranhão, as a communication strategy for wining customers. An exploratory and qualitative approach was developed with agencies in the São Luís, the capital of Maranhão. For the data collection, a semi-structured script was designed, based mainly on Alves et al. (2017), Gomes and Mondo (2016), Matikiti et al. (2017), Vareiro and Pinheiro (2017). The interviews had three categories: behavior in media/social networks; strategies for winning customers, and the results of the strategies. The data were then submitted to content analysis. The findings confirm that the companies use social networks to increase their visibility and to interact with customers, to win customers, and to reduced costs, in order to survive in the tourism market. The main items posted on the social medial contain information on tour packages/destinations, and travel photos. Winning customers occurs mainly through promotional actions on the social networks, such as boosting posts and the digital influencers. However, entrepreneurs also continue to use traditional strategies (radio, billboards, participation at trade fairs/events), as well as interorganizational cooperation. In online commercialization, firms switch between different social media depending on their goals: negotiation, closing a sale, or aftersales. Virtual initiatives increase the agencies’ performance, as reflected by the growing demand, and their ability to reach new customers and markets. In conclusion, communication strategies via the social networks help companies to face the competition and the typical externalities of the tourism sector.

KEYWORDS:
Travel Agencies; Strategy; Social Networks; Customer Acquisition; São Luís do Maranhão

RESUMEN:

Este trabajo tuvo como objetivo analizar el uso de las redes sociales por las agencias de viajes en São Luís - Maranhão/Brasil, como una comunicación estratégica en la captación de clientes. Para ello, se llevó a cabo una investigación exploratoria, transversal y cualitativa con agencias de la capital de Maranhão. La recogida de información se realizó a partir de un guión semiestructurado, basado principalmente en el trabajo de Alves et al. (2017), Gomes y Mondo (2016), Matikiti et al. (2017), Vareiro y Pinheiro (2017), que contiene tres categorías: comportamiento en los medios/redes sociales, estrategias para atraer clientes y resultados de las estrategias. La técnica de análisis utilizada fue el Análisis de contenido. Los resultados más relevantes indicaron que las empresas utilizan las redes sociales para aumentar la visibilidad y la interacción con los consumidores, atraer clientes y reducir costos, con el objetivo de sobrevivir en el mercado. Las publicaciones principales son sobre paquetes / destinos y fotos de viajes. La captación de clientes se da, principalmente, a través de acciones promocionales en redes sociales, como promoción e influencers digitales, sin embargo, continúan empleando estrategias convencionales como radio, carteles publicitarios, participación en ferias / eventos, además de alianzas inter-comerciales. En marketing online, combinan diferentes redes sociales en negociación, cierre y posventa. El rendimiento virtual aumenta el rendimiento reflejado por el aumento en el número de clientes y el alcance de nuevas audiencias / mercados. Se concluye que apostar por las estrategias de comunicación a través de las redes sociales contribuye a enfrentar la competencia y las externalidades propias del sector turístico.

PALABRAS CLAVE:
agencias de viajes; Estrategia; Redes sociales; Adquisición de clientes; São Luís do Maranhão

INTRODUÇÃO

Em “tempos hipermodernos”, nos quais tempo e espaço são ressignificados em razão da velocidade informacional e comunicacional com a qual as sociedades se deparam (Lipovestky, 2004Lipovestky, G. (2004). Os tempos hipermodernos. Trad. M. Vilela. São Paulo: Ed.Barcarolla.), são percebidas mudanças nos comportamentos sociais e de consumo influenciadas pela internet (Gosling et al., 2020 Gosling, M.S., Fortes, F.W.T., Lopes, H.E.G., Gosling, I.T.S., & Meira, K.C.O. (2020). Reservas de Hotéis: atributos importantes em transações on-line dos clientes. Revista Turismo: Visão e Ação, 22(1), 87-114.) e pelas mídias sociais (Rensburg, 2014Rensburg, M.J.V. (2014). Relevance of travel agencies in the digital age. African Journal of Hospitality, Tourism and Leisure. 3(2), 1-9.). Estas estabeleceram novas formas de conectividade e se mostram, desde então, importantes instrumentos de interação que facilitam a comunicação entre pessoas e organizações (Alves, Costa, & Perinotto, 2017Costa, H.A., Nascimento, E.P., Hoffmann, V.E., & Bouças da Silva, D.L. (2017). ¿Por qué cooperan las micro y pequeñas empresas turísticas? Estudios y Perspectivas en Turismo, 26(4), 781-803.).

As mídias sociais se referem a plataformas interativas em que indivíduos e comunidades criam, compartilham, discutem e modificam conteúdos por eles gerados (Kietzmann, Hermkens, McCarthy, & Silvestre, 2011Kietzmann, J.H., Hermkens, K., McCarthy, I.P., & Silvestre, B.S. (2011). Social media? Get serious! Understanding the functional building blocks of social media. Business horizons, 54(3), 241-251.). Diferentemente das mídias tradicionais, cujo conteúdo é criado e controlado por empresas, nas mídias sociais, que incluem as redes sociais, o controle é das pessoas que a utilizam (Rowles, 2014Rowles, D. (2014). Digital branding: A complete step-by-step guide to strategy, tactics and measurement. London, United Kingdom: Kogan Page.; Torres, 2009Torres, C. (2009). A bíblia do marketing digital:tudo o que você queria saber sobre marketing e publicidade na internet e não tinha a quem perguntar. São Paulo: Novatec Editora.). Estas redes ganharam protagonismo ao facilitarem a disseminação de informações por meio dos seus usuários, o que lhes confere um infinito poder de alcance (Gomes & Mondo, 2016Gomes, B.L.T. & Mondo, T.S. (2016). A Contribuição das Redes Sociais na Captação de Clientes sob a Percepção dos Gestores Hoteleiros. Revista Brasileira de Marketing, 15(2), 210-230). De maneira geral, essas mídias impactam o comportamento do consumidor, suas atitudes, opiniões e, até mesmo, as suas decisões de compra (Zeng & Gerritsen, 2014Zeng, B. & Gerritsen, R. (2014). What do we know about social media in tourism? A review. Tourism Management Perspectives , 10, 27-36). É preciso considerar ainda que, nos dias atuais, os consumidores preferem utilizar canais virtuais em detrimento aos mais tradicionais (Matikiti, Mpinganjira, & Roberts-Lombard, 2018Matikiti, R., Mpinganjira, M., & Roberts-Lombard, M. (2018). Application of the Technology Acceptance Model and the Technology-Organisation-Environment Model to examine social media marketing use in the South African tourism industry. South African Journal of Information Management, 20(1), 1-12.).

No turismo, o desenvolvimento de tecnologias da informação e comunicação (TICs) gerou novos contornos a esta atividade econômica (Hsin-Lu, Yen-Chun, Dai-Yu, & Sou-Chein, 2018Hsin-Lu, C., Yen-Chun, C., Dai-Yu, W., & Sou-Chein, W. (2018). Will firm’s marketing efforts on owned social media payoff? A quasi experimental analysis of tourism products. Decision Support Systems, 107, 13-25.): desintermediação dos serviços turísticos mais tradicionais, em um primeiro momento (Tavares & Neves, 2011Tavares, J.M. & Neves, O.F. (2011). O processo de desintermediação dos serviços turísticos: uma análise em um segmento de classe média com alta escolaridade. Observatório de Inovação do Turismo - Revista Acadêmica , 6(1), 1-20.); e reintermediação, sobretudo a partir de fornecedores virtuais, a posteriori (Viljoen, Roberts-Lombard, & Jooste, 2015Viljoen, K., Roberts-Lombard, M., & Jooste, C. (2015). Reintermediation strategies for disintermediated travel agencies: a strategic marketing perspective. International Business & Economics Research Journal, 14(3), 561-574.). O primeiro processo motivou o despertar de um viajante mais independente, ou seja, que não carece do intermédio das agências para organizar seus pacotes turísticos (Sancho, 2001Sancho, A. (2001). Introdução ao turismo. São Paulo: Roca.). Isto porque, com a internet e as mídias sociais, os consumidores dispõem de canais de comunicação direta com provedores de serviços turísticos: meios de hospedagem, empresas do setor de A&B, transportadoras, etc. (Rensburg, 2014Rensburg, M.J.V. (2014). Relevance of travel agencies in the digital age. African Journal of Hospitality, Tourism and Leisure. 3(2), 1-9.). Para além disso, as mídias sociais superaram a tradicional comunicação direta entre fornecedores e consumidores, e estabeleceram uma comunicação mais aberta entre estes últimos (Thakran & Verma, 2013Thakran, K. & Verma, R. (2013). The Emergence of Hybrid Online Distribution Channels in Travel, Tourism and Hospitality. Cornell Hospitality Quarterly. 54(3), 240-247.).

Por essa razão, empreendimentos em diferentes ramos de atuação acompanham essas transformações e aproveitam as oportunidades de interação que a internet proporciona (Mendes Filho, Jorge, & Sena Júnior, 2016Mendes Filho, L., Jorge, V.A., & Sena Júnior, O.B. (2016). Percepção do uso de sites de compras coletivas ao adquirir cupons de serviços turísticos. Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo , São Paulo, 10(3), 574-593.; Özturan & Roney, 2004Özturan, M. & Roney, S.A.(2004).Internet use among travel agencies in Turkey: an exploratory study. Tourism Management , 25, 259-266.). Um ponto importante nessa oportunidade de interação é buscar a otimização dos recursos que a internet proporciona para a criação de uma experiência on-line mais prazerosa aos usuários (Carvalho et al., 2016Carvalho, D.T.D., Ferreira, L.B., Kanazawa, F.N., Machado, P.M., & Giraldi, J.D.M.E. (2016). Experiência em website de marca-país e a formação da imagem de destino turístico: um estudo na Islândia. Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo , 10(1), 108-128.). As redes sociais, foco do presente estudo, são um exemplo disso, pois permitem ao usuário publicar fotos, obter informações e opinar por meio de textos, fotografias e vídeos (Alves et al., 2017Alves, F.G., Costa, H.S., & Perinotto, A.R.C. (2017). Instagram como ferramenta para fidelização de clientes: Fotografia, Redes Sociais e Turismo. Marketing & Tourism Review, 2(2), 215-230.; Perinotto, Alves, Silva, & Vieira, 2020Silva, A.C. (2020). Credibilidade do travel influencer no Instagram afetando a intenção do viajante na escolha de destinos. Dissertação. Mestrado em Turismo, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal.), e essa opinião fica disponível na rede de amigos, familiares e conhecidos (Santos et al., 2017Santos, G.C.O., Cabral, B.C.O., Gosling, M., & Christino, J.M.M. (2017). As redes sociais e o turismo: uma análise do compartilhamento no Instagram do Festival Cultura e Gastronomia de Tiradentes. Revista Iberoamericana de Turismo - RITUR. 7(2), maio/ago, 60-85.), o que potencializa o seu alcance a diferentes públicos.

No contexto das agências de viagens, as TICs, há muito, vêm proporcionando oportunidades para novas formas de negócios e relacionamentos com os viajantes (Sancho, 2001Sancho, A. (2001). Introdução ao turismo. São Paulo: Roca.), inclusive com o surgimento de grandes agências/operadoras que trabalham, exclusivamente, on-line e que possuem elevado poder de captação de clientes (Vareiro & Pinheiro, 2017Vareiro, L.M.C. & Pinheiro, T.C.S. (2017). A influência da crise na escolha pelo consumidor entre agências de viagens ou operadores on-line. Revista Turismo: Visão e Ação , 19(2), 220-243.). Desse modo, as organizações costumam criar perfis nas redes sociais, visando a uma série de benefícios, como fortalecer a comunicação e o relacionamento com consumidores, atrair visitantes, fidelizar e captar novos clientes, assim como alavancar os negócios (Alves et al., 2017Alves, F.G., Costa, H.S., & Perinotto, A.R.C. (2017). Instagram como ferramenta para fidelização de clientes: Fotografia, Redes Sociais e Turismo. Marketing & Tourism Review, 2(2), 215-230.). Por outro lado, há quem entenda que as agências, especialmente as de menor porte, permanecem limitadas quanto à adoção de estratégias de marketing digital (Sharma, Sharma, & Chaudhary, 2020Sharma, A., Sharma, S., & Chaudhary, M. (2020). Are small travel agencies ready for digital marketing? Views of travel agency managers. Tourism Management , 79, 150-163.).

Com base nos cenários descritos, emerge a seguinte pergunta de pesquisa: Quais são as percepções dos gestores de agências de viagens sobre a contribuição das redes sociais na comunicação com os clientes? A partir desta indagação, o presente trabalho tem como objetivo analisar o uso das redes sociais pelas agências de viagem de São Luís do Maranhão, como comunicação estratégica na captação de clientes. O lócus da pesquisa contempla a cidade Patrimônio Cultural da Humanidade, São Luís do Maranhão, considerada um dos principais destinos indutores nacionais (Santos & Flores, 2017Santos, M. & Flores, L.C.S. (2017). Formação de Preço dos Hotéis Turísticos da Cidade de São Luís/Maranhão. Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo , 11(1), 133-153.) e inserida no Mapa do Turismo, na categoria A, entre as localidades com melhor desempenho na economia do turismo (MTur, 2019Ministério do Turismo [MTur]. (2019). Mapa do Turismo 2019-2021. Brasília-DF. Recuperado em 22 abril 2020, de Recuperado em 22 abril 2020, de http://www.mapa.turismo.gov.br/mapa/init.html#/home .
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).

Justifica-se a importância deste estudo a partir das sugestões de pesquisa para debater canais de distribuição do turismo (Leung, Law, Van Hoof, & Buhalis, 2013Leung, D., Law, R., Van Hoof, H., & Buhalis, D. (2013). Social media in tourism and hospitality: A literature review. Journal of Travel & Tourism Marketing, 30, 1-20.) na realidade brasileira (Zagheni & Luna, 2011Zagheni, E.S.S. & Luna, M.M.M. (2011). Canais de Distribuição do Turismo e as Tecnologias de Informação: um panorama da realidade nacional. Revista Produção Online. Florianópolis, SC, 11(2), 476-502, abr./jun.). Corrobora esta situação a recomendação para que sejam desenvolvidos estudos qualitativos sobre agências de viagem brasileiras, com enfoque nas dificuldades enfrentadas por elas e na identificação de estratégias inovadoras de marketing (Sarquis, Pizzinatto, Giuliani, & Pontes, 2015Sarquis, A.B., Pizzinatto, N., Giuliani, A.C., & Pontes, A.S.M. (2015). Estratégias de marketing: Estudo no setor de agências de viagens e turismo. Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo , 9(2), 298-320.). Mais recentemente, Sharma et al. (2020Sharma, A., Sharma, S., & Chaudhary, M. (2020). Are small travel agencies ready for digital marketing? Views of travel agency managers. Tourism Management , 79, 150-163.) advertiram que as agências de viagem não encontram muito espaço na literatura acadêmica e, por este motivo, é preciso avançar nas discussões. Outras agendas de pesquisa se somam a estas com foco nas mídias/redes sociais: verificar a influência e o impacto das mídias sociais como parte de estratégia de gestão/ marketing das empresas turísticas (Zeng & Gerritsen, 2014Zeng, B. & Gerritsen, R. (2014). What do we know about social media in tourism? A review. Tourism Management Perspectives , 10, 27-36); compreender a sua utilização por pequenos negócios situados em regiões subdesenvolvidas (Jones, Borgman, & Ulusou, 2015Jones, N., Borgman, R., & Ulusou, E. (2015). Impact of social media on small Businesses. Journal of Small Business and Enterprise Development, 22(4). 611-632); investigar seu uso na comunicação com clientes atuais e/ou potenciais de empresas do setor turístico (Alves et al., 2017Alves, F.G., Costa, H.S., & Perinotto, A.R.C. (2017). Instagram como ferramenta para fidelização de clientes: Fotografia, Redes Sociais e Turismo. Marketing & Tourism Review, 2(2), 215-230.).

O tema da utilização das redes sociais será debatido sob as lentes da estratégia, uma vez que o uso ou não dessas mídias compreende uma escolha racional do tomador de decisão e esta escolha impacta no desempenho empresarial, o que faz alusão ao conceito de estratégia indicado por Rumelt, Schendel e Teece (1995Rumelt, R.P., Schendel, D.E., & Teece, D.J. (1995). History of Strategic Management. In Rumelt, R. P., et al. (ed.). Fundamental Issues in strategy. Boston: Harvard B.S. Press.). As reflexões teóricas perpassam conceitos e funções das agências de viagens, o uso das TICs no turismo, em especial, o impacto das mídias/redes sociais no setor de agenciamento.

REDES SOCIAIS E CAPTAÇÃO DE CLIENTES NO CONTEXTO DAS AGÊNCIAS DE VIAGEM

A visão tradicional que se tem do turismo como atividade econômica e fenômeno socioespacial é a de um tripé mobilizado por serviços de agenciamento, transporte e hospedagem. Nessa lógica, soma-se uma ampla rede de serviços conexos e interdependentes que, conjuntamente, propiciarão o deslocamento até o destino e o usufruto do produto turístico (Pechlaner et al., 2014Pechlaner, H., Bachinger, M., Volgger, M., & Anzengruber-Fischer, E. (2014). Cooperative core competencies in tourism: Combining resource-based and relational approaches in destination governance. European Journal of Tourism Research, 8, 5-19.). Esta interdependência é corroborada pelo fato de a maioria das organizações turísticas serem de pequeno porte (Baggio & Cooper, 2010Baggio, R. & Cooper, C. (2010). Knowledge transfer in a tourism destination: the effects of a network structure. The Service Industries Journal, 30(10), 1757-1771.).

Nesse prisma, destaca-se a agência de turismo - ou de viagem -, compreendida como “a pessoa jurídica que exerce a atividade econômica de intermediação remunerada entre fornecedores e consumidores de serviços turísticos ou os fornece diretamente” (Brasil, 2008Brasil. (2008). Lei n° 11.771 de 17 de setembro de 2008. Recuperado em 9 janeiro 2009, de Recuperado em 9 janeiro 2009, de http://www.camara.gov.br .
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). De acordo com Tomelin, Ruschmann e Rossini (2012Tomelin, C.A., Ruschmann, D.V.M., & Rossini, D.M. (2012). Gerenciamento da cadeia de suprimentos e relacionamento nas agências de viagens. In Beni, M.C. (Org.). Turismo: planejamento estratégico e capacidade de gestão. Barueri, SP: Manole.), as agências de viagem pertencem ao setor terciário e têm nas suas relações com fornecedores da cadeia produtiva do turismo a base para estabelecer o elo direto com os consumidores finais, ceteris paribus, mediante o recebimento de comissões. Ou, ainda, consistem em empresas intermediárias que participam ativamente da formação, da consolidação e do aperfeiçoamento de produtos turísticos, além de apresentarem alternativas e formularem novos roteiros (Silva, Guardia, & Guardia, 2014Silva, M.C.M., Guardia, M.S.A.B., & Guardia, S.R.R. (2014). As tecnologias da informação e o agenciamento de viagens: um estudo no website da Operadora de Turismo CVC. Revista Turismo & Desenvolvimento . 20(21), 193-201.).

Os serviços intermediados pelas agências se direcionam ao visitante e abarcam desde a reserva e a venda de serviços turísticos - como passagens aéreas e hospedagens - até a obtenção de passaportes e vistos, locação de veículos, etc. (Brasil, 2008; Tomelin et al., 2012Tomelin, C.A., Ruschmann, D.V.M., & Rossini, D.M. (2012). Gerenciamento da cadeia de suprimentos e relacionamento nas agências de viagens. In Beni, M.C. (Org.). Turismo: planejamento estratégico e capacidade de gestão. Barueri, SP: Manole.). A função de intermediação, descrita anteriormente, aplica-se tanto à realidade das agências físicas mais tradicionais quanto às recentes agências de viagens on-line (Online Travel Agencies - OTAs) (Silva et al., 2014Silva, M.C.M., Guardia, M.S.A.B., & Guardia, S.R.R. (2014). As tecnologias da informação e o agenciamento de viagens: um estudo no website da Operadora de Turismo CVC. Revista Turismo & Desenvolvimento . 20(21), 193-201.).

No passado, as agências de viagem apresentavam um papel central na cadeia de distribuição do turismo (Tomelin et al., 2012Tomelin, C.A., Ruschmann, D.V.M., & Rossini, D.M. (2012). Gerenciamento da cadeia de suprimentos e relacionamento nas agências de viagens. In Beni, M.C. (Org.). Turismo: planejamento estratégico e capacidade de gestão. Barueri, SP: Manole.) e recorriam apenas ao uso de mídias tradicionais - televisão, rádio, telemarketing e websites informacionais - para promoverem os seus negócios (Tiago & Veríssimo, 2014Tiago, M.T.P.M.B. & Veríssimo, J.M.C. (2014). Digital marketing and social media: why bother? Business Horizons, 57(6), 703-708.). Apesar de sua praticidade, essas estratégias dificultam o mapeamento das reais necessidades dos consumidores, pois não permitem a comunicação direta com eles (Gomes & Mondo, 2016Gomes, B.L.T. & Mondo, T.S. (2016). A Contribuição das Redes Sociais na Captação de Clientes sob a Percepção dos Gestores Hoteleiros. Revista Brasileira de Marketing, 15(2), 210-230). A partir dos anos 1990, a desintermediação dos serviços turísticos (Tavares & Neves, 2011Tavares, J.M. & Neves, O.F. (2011). O processo de desintermediação dos serviços turísticos: uma análise em um segmento de classe média com alta escolaridade. Observatório de Inovação do Turismo - Revista Acadêmica , 6(1), 1-20.), reflexo, sobretudo, da chegada da internet e das mídias sociais (Thakran & Verma, 2013Thakran, K. & Verma, R. (2013). The Emergence of Hybrid Online Distribution Channels in Travel, Tourism and Hospitality. Cornell Hospitality Quarterly. 54(3), 240-247.), resulta em vários desafios para que as agências reconquistem o protagonismo perdido (Viljoen et al., 2015Viljoen, K., Roberts-Lombard, M., & Jooste, C. (2015). Reintermediation strategies for disintermediated travel agencies: a strategic marketing perspective. International Business & Economics Research Journal, 14(3), 561-574.) e sobrevivam no mercado (Sarquis et al., 2015Sarquis, A.B., Pizzinatto, N., Giuliani, A.C., & Pontes, A.S.M. (2015). Estratégias de marketing: Estudo no setor de agências de viagens e turismo. Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo , 9(2), 298-320.).

Nesse sentido, a pesquisa realizada por Vareiro e Pinheiro (2017Vareiro, L.M.C. & Pinheiro, T.C.S. (2017). A influência da crise na escolha pelo consumidor entre agências de viagens ou operadores on-line. Revista Turismo: Visão e Ação , 19(2), 220-243.) identificou que consumidores tendem a optar por OTAs em busca de preços baixos, comodidade e produtos atrativos. Os que recorrem às agências mais tradicionais são motivados pelo relacionamento, aconselhamento e suporte dos agentes de viagem, e por acreditarem que elas são mais confiáveis. Não em vão, o estudo de Silva, Mendes Filho e Marques Júnior (2019Silva, G.L., Mendes Filho, L., & Marques Júnior, S. (2019). Análise da percepção dos consumidores de meios de hospedagem em relação ao uso das online travel agencies (OTAs). RBTUR, São Paulo, 13(1), 40-57.) verificou que, nos serviços de personalização de viagens, os quais envolvem preferências e restrições, as agências físicas ainda mantêm a sua liderança.

Ainda assim, e seguindo uma tendência global, as organizações turísticas, crescentemente, focam no E-business e no E-commerce como estratégias para melhorarem o seu desempenho (Ferreira & Martins, 2018Ferreira, L.B. & Martins, I.J. (2018). Estratégias de marketing utilizadas pela empresa bancorbrás nas redes sociais. In Ferreira, L.B & Pinho, T. (Orgs.) Gestão e Marketing da Hospitalidade. São Luís: EDUFMA.). Dentre estas, são evidenciadas as mídias sociais (Rensburg, 2014Rensburg, M.J.V. (2014). Relevance of travel agencies in the digital age. African Journal of Hospitality, Tourism and Leisure. 3(2), 1-9.; Thakran & Verma, 2013Thakran, K. & Verma, R. (2013). The Emergence of Hybrid Online Distribution Channels in Travel, Tourism and Hospitality. Cornell Hospitality Quarterly. 54(3), 240-247.; Sharma et al., 2020Sharma, A., Sharma, S., & Chaudhary, M. (2020). Are small travel agencies ready for digital marketing? Views of travel agency managers. Tourism Management , 79, 150-163.), que favorecem conexões entre diferentes indivíduos, com potencial para propagar, exponencialmente e entre eles, qualquer informação (Boyd & Ellison, 2007Boyd, D.M. & Ellison, N.B. (2007). Social network sites: Definition, history, and scholarship. Journal of Computer-Mediated Communication, 13(1), 210-230.), o chamado Conteúdo Gerado pelo Usuário - CGU - (Matikiti et al., 2018Matikiti, R., Mpinganjira, M., & Roberts-Lombard, M. (2018). Application of the Technology Acceptance Model and the Technology-Organisation-Environment Model to examine social media marketing use in the South African tourism industry. South African Journal of Information Management, 20(1), 1-12.).

Cabe destacar que as mídias sociais apresentam variados formatos, como sítios eletrônicos para compras coletivas (Mendes Filho et al., 2016Mendes Filho, L., Jorge, V.A., & Sena Júnior, O.B. (2016). Percepção do uso de sites de compras coletivas ao adquirir cupons de serviços turísticos. Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo , São Paulo, 10(3), 574-593.) e redes sociais (Torres, 2009Torres, C. (2009). A bíblia do marketing digital:tudo o que você queria saber sobre marketing e publicidade na internet e não tinha a quem perguntar. São Paulo: Novatec Editora.). Estas últimas, também conhecidas como sites de relacionamentos, constituem ambientes virtuais voltados à reunião de pessoas, os usuários, que, de maneira ativa, comunicam-se e interagem com publicação de comentários, vídeos e imagens (Ip, Leung, & Law, 2011Ip, C., Leung, R., & Law, R. (2011). Progress and development of information and communication technologies in hospitality. International Journal of Contemporary Hospitality Management , 23(4), 533-551.), bem como recomendam produtos e serviços, por meio de seu boca a boca eletrônico (Fernandes & Isabella, 2020Fernandes, R.D. & Isabella, G. (2020). Investigando as estratégias de respostas quanto ao boca a boca negativo on-line. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, 60(1), 33-46.). Este fluxo de informações auxilia os consumidores a fundamentarem decisões, pautadas nas suas vivências ou nas de terceiros; e a análise dos feedbacks deixados por eles pode ser útil à gestão das empresas (O’Connor, 2010O’Connor, P. (2010). Managing a hotel’s Image on TripAdvisor. Journal of Hospitality Marketing and Management, 19(7), 754-772.). Alguns exemplos de redes sociais são Twitter (Nusair et al., 2013Nusair, K., Bilgihan, A., Okumus, F., & Cobanoglu, C. (2013). Generation Y travelers’ commitment to online social network websites. Tourism Management , 35, 13-22.), Youtube (Amir et al., 2018Amir, A.F., Pennington-Gray, L., Barbe, D., & Hanafiah, M.H.M. (2018). Exploring National Tourism Organizations’ (NTOs): Use of YouTube to Communicate Information on Destination Safety and Security. International Journal of Academic Research in Business and Social Sciences, 8(16), 247- 266.), Facebook, Instagram e WhatsApp (Sharma et al., 2020Sharma, A., Sharma, S., & Chaudhary, M. (2020). Are small travel agencies ready for digital marketing? Views of travel agency managers. Tourism Management , 79, 150-163.).

No setor turístico, o uso das redes sociais tem potencial para gerar, aos destinos e às empresas, um maior reconhecimento das suas marcas (Barreda, Bilgihan, Nusair, & Okumus, 2015Barreda, A.A., Bilgihan, A., Nusair, K., & Okumus, F. (2015). Generating brand awareness in online social networks. Computers in human behavior, 50, 600-609.), impactando sua participação de mercado, imagem e fidelidade dos viajantes (Bilgihan, Peng, & Kandampully, 2014), ou, ainda, facilitando a captação de novos clientes (Chua & Bannerjee, 2013Chua, A. & Banerjee, S. (2013). Customer Knowledge Management via Social Media: The case of Starbucks. Journal of Knowledge Management, 17(2), 237‐249.). Neste ponto, reconhece-se que redes sociais, como o Instagram, corroboram a formação de uma imagem positiva dos destinos, por meio da publicação de imagens que atribuam valor ao ambiente a ser visitado (Zucco, Pereira, Limberger, & Falaster, 2018Zucco, F.D., Pereira, M.L., Limberger, P.B., & Falaster, C.D. (2018). Avaliação da Imagem de um Destino Turístico no Instagram. Revista Turismo: Visão e Ação . 20(3).). Além disso, reforça-se o uso das hashtags e das fotografias para impulsionar a divulgação das cidades turísticas, corroborando a fidelidade por parte dos viajantes (Perinotto et al., 2020Perinotto, A.R.C., Alves, C.E.S, Silva, L.F., & Vieira, V.B. (2020). O espaço turístico de Parnaíba-PI nas fotografias on-line: um estudo na rede social Instagram. Observatório de Inovação do Turismo - Revista Acadêmica. 14(1), 150-160.). Outro ponto importante das redes sociais é a sua contribuição para estabelecer maior confiabilidade aos produtos turísticos (Filieri, Alguezaui, & McLeay, 2015Filieri, R., Alguezaui, S., & McLeay, F. (2015). Why do travelers trust TripAdvisor? Antecedents of trust towards consumer-generated media and its influence on recommendation adoption and word of mouth. Tourism Management, 51, 174-185.). Aqui se destacam as comunidades on- line de viagem (Thakran & Verma, 2013Thakran, K. & Verma, R. (2013). The Emergence of Hybrid Online Distribution Channels in Travel, Tourism and Hospitality. Cornell Hospitality Quarterly. 54(3), 240-247.), caso do TripAdvisor, consideradas meios mais confiáveis para adquirir informação do que sites oficiais de destinos, agências/ operadoras ou mídia de massa (Filieri et al., 2015), porquanto os consumidores tendem a acreditar mais em seus pares do que nas mensagens de marketing (Buhalis & Law, 2008Buhalis, D. & Law, R. (2008). Progress in information technology and tourism management: 20 years on and 10 years after the Internet - The state of eTourism research. Tourism management, 29(4), 609-623.).

Silva (2020Silva, A.C. (2020). Credibilidade do travel influencer no Instagram afetando a intenção do viajante na escolha de destinos. Dissertação. Mestrado em Turismo, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal.), em pesquisa com usuários do Instagram, acrescentou que os influenciadores digitais impactam a intenção de escolha do destino, quando adéquam conteúdos aos perfis dos seguidores e reduzem as postagens mais persuasivas. Defendeu, ainda, o uso do recurso stories - publicações em formato de imagens fixas ou audiovisuais com duração máxima de 24 horas no perfil de um usuário - para beneficiar empresas que vinculam seus serviços ao conteúdo de viagem desses influenciadores. Adicionalmente, Casaló, Flavián e Ibáñez-Sánchez (2018Casaló, L.V., Flavián, C., & Ibáñez-Sánchez, S. (2018). Influencers on Instagram: Antecedents and consequences of opinion leadership. Journal of Business Research, 517, 510-519.) entenderam que, quando os seguidores percebem aspectos como criatividade, originalidade e singularidade dos formadores de opinião digitais, estes conseguem influenciar as suas decisões de consumo. As redes sociais propiciam também que pequenos negócios do turismo possam competir com os de maior porte (Jones et al., 2015Jones, N., Borgman, R., & Ulusou, E. (2015). Impact of social media on small Businesses. Journal of Small Business and Enterprise Development, 22(4). 611-632), em virtude do relacionamento mais íntimo com o cliente, o qual permite descobrir as suas necessidades com maior rapidez, agilidade e menor custo (Nunes, Gonçalves, & Siqueira, 2014Nunes, D.G., Gonçalves, M.C., & Siqueira, R.N. (2014). A relevância do marketing digital para pequenas empresas. Revista Pensar Comunicação, 2(1), 1-25.), além de causar maior impacto (Torres, 2009Torres, C. (2009). A bíblia do marketing digital:tudo o que você queria saber sobre marketing e publicidade na internet e não tinha a quem perguntar. São Paulo: Novatec Editora.). Sob a ótica dos viajantes, opiniões de terceiros, criadas e disponibilizadas on-line, influenciam suas decisões de consumo e resultam em melhores experiências de viagem, por conseguinte, geram maiores níveis de satisfação (Filieri et al., 2015Filieri, R., Alguezaui, S., & McLeay, F. (2015). Why do travelers trust TripAdvisor? Antecedents of trust towards consumer-generated media and its influence on recommendation adoption and word of mouth. Tourism Management, 51, 174-185.). Alguns estudos, a respeito das agências, fortalecem os argumentos anteriores. Em âmbito estrangeiro, Özturan e Roney (2004Özturan, M. & Roney, S.A.(2004).Internet use among travel agencies in Turkey: an exploratory study. Tourism Management , 25, 259-266.) constataram que as agências de viagem turcas não exploravam adequadamente os websites e sugeriram a utilização não apenas do e-mail, mas de formas mais interativas, como as comunidades virtuais. Bolaños, Ribeiro e Ramos (2012Bolaños, I., Ribeiro, R.B., & Ramos, B.A.C.R. (2012). O poder do word-of-mouth e do conteúdo gerado por utilizadores na comunicação turística: O caso de uma agência de viagens à medida. Revista Turismo & Desenvolvimento, 21(22), 13-22.) identificaram que consumidores portugueses costumam realizar suas escolhas de viagem baseadas no CGU. Por isso, recomendaram o fortalecimento das ações de marketing em canais virtuais. Viljoen et al. (2015Viljoen, K., Roberts-Lombard, M., & Jooste, C. (2015). Reintermediation strategies for disintermediated travel agencies: a strategic marketing perspective. International Business & Economics Research Journal, 14(3), 561-574.) receitaram interação pessoal, diferenciação e qualidade nos serviços, além de conhecimento do produto como estratégias para reduzir a desintermediação e reter clientes.

Aguiar-Quintana, Moreno-Gil e Picazo-Peral (2016Aguiar-Quintana, T., Moreno-Gil, S., & Picazo-Peral, P. (2016). How could traditional travel agencies improve their competitiveness and survive? A qualitative study in Spain. Tourism Management Perspectives, 20, 98-108.) apontaram a existência de três grupos de estratégias, com vistas ao aumento da rentabilidade das agências de viagem espanholas: a melhoria na eficiência e na qualidade dos serviços dos fornecedores, afora o incremento das estratégias de marketing direcionadas à demanda. Matikiti et al. (2018Matikiti, R., Mpinganjira, M., & Roberts-Lombard, M. (2018). Application of the Technology Acceptance Model and the Technology-Organisation-Environment Model to examine social media marketing use in the South African tourism industry. South African Journal of Information Management, 20(1), 1-12.) recomendaram que, para competirem globalmente, agências e operadoras sul-africanas contem com suporte governamental - por meio da oferta de treinamentos e workshops - para desenvolverem o marketing em mídias sociais. Para alcançar este mesmo propósito, Jones et al. (2015Jones, N., Borgman, R., & Ulusou, E. (2015). Impact of social media on small Businesses. Journal of Small Business and Enterprise Development, 22(4). 611-632) alertaram que treinamentos e consultorias são necessários aos pequenos negócios do turismo. As vantagens de utilizar mídias sociais foi corroborada pelo estudo de Sharma et al. (2020Sharma, A., Sharma, S., & Chaudhary, M. (2020). Are small travel agencies ready for digital marketing? Views of travel agency managers. Tourism Management , 79, 150-163.), junto a pequenas agências de viagem indianas, sobretudo diante dos custos reduzidos da sua utilização, da amplitude e da rapidez no alcance dos clientes, bem como da elevação no engajamento virtual de consumidores, agências e fornecedores no antes, durante e pós-viagem. Em âmbito nacional, Flores, Cavalcante e Raye (2012Flores, L.C.S., Cavalcante, L.S., & Raye, R.L. (2012). Marketing turístico: Estudo sobre o uso da tecnologia da informação e comunicação nas agências de viagens e turismo de Balneário Camboriú (SC, Brasil). Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo , 6(3), 322-339.) apuraram que as agências de viagem de Balneário Camboriú (SC) utilizam TICs aquém do seu potencial, logo, aconselharam as redes sociais como ferramenta para fortalecer o relacionamento com seguidores. Sarquis et al. (2015Sarquis, A.B., Pizzinatto, N., Giuliani, A.C., & Pontes, A.S.M. (2015). Estratégias de marketing: Estudo no setor de agências de viagens e turismo. Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo , 9(2), 298-320.) concluíram que algumas estratégias propiciam vantagens competitivas a agências emissivas catarinenses: atendimento e interação com clientes, serviços diferenciados e inovadores, pós-venda, marketing digital, relacionamento com fornecedores e parceiros comerciais, promoção de vendas e comunicação/imagem da marca. Mais recentemente, Silva, Mendes Filho e Marques Júnior (2019Silva, G.L., Mendes Filho, L., & Marques Júnior, S. (2019). Análise da percepção dos consumidores de meios de hospedagem em relação ao uso das online travel agencies (OTAs). RBTUR, São Paulo, 13(1), 40-57.), ao pesquisarem consumidores de OTAs, em Natal (RN), descobriram que estas não devem focar apenas nas vendas diretas, mas também na reputação da marca construída a partir dos CGU, enquanto que as agências tradicionais devem atuar também no mercado on-line.

No entanto, ainda que se recomende o uso das redes sociais como estratégia de comunicação entre agências e clientes, há desafios para o seu gerenciamento, pois se exigem tempo, conhecimento ou até disponibilidade financeira (Jones et al., 2015Jones, N., Borgman, R., & Ulusou, E. (2015). Impact of social media on small Businesses. Journal of Small Business and Enterprise Development, 22(4). 611-632), recursos que muitas vezes são escassos em empreendimentos de porte reduzido (Verschoore & Balestrin, 2008Verschoore, J.R. & Balestrin, A. (2008). Fatores relevantes para o estabelecimento de redes de cooperação entre empresas do Rio Grande do Sul. Revista de Administração de Empresas , 12(4), 1043-1069.). Fereidouni e Kawa (2019Fereidouni, M.A. & Kawa, A. (2019). Dark side of digital transformation in tourism. Asian Conference on Intelligent Information and Database Systems, 52, 510-518.) verificaram que as agências de viagem são desafiadas a usar mídias sociais em função de questões relacionadas à privacidade do usuário, à ética, à discriminação e à regulação digital. Sharma et al. (2020Sharma, A., Sharma, S., & Chaudhary, M. (2020). Are small travel agencies ready for digital marketing? Views of travel agency managers. Tourism Management , 79, 150-163.) afirmaram que os principais obstáculos se referem ao risco nas interações virtuais, diante de perfis/comentários falsos; à alta competitividade; ao fluxo informacional que dificulta o protagonismo virtual; além de problemas técnicos, como conexão à internet e pagamentos on-line. Para Sarquis et al. (2015Sarquis, A.B., Pizzinatto, N., Giuliani, A.C., & Pontes, A.S.M. (2015). Estratégias de marketing: Estudo no setor de agências de viagens e turismo. Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo , 9(2), 298-320.), a realidade das agências físicas, ditas tradicionais, é agravada pela diminuição dos comissionamentos por parte das companhias aéreas, pela ampla disponibilidade de informação on-line e pelo surgimento de concorrentes virtuais. Rensburg (2014Rensburg, M.J.V. (2014). Relevance of travel agencies in the digital age. African Journal of Hospitality, Tourism and Leisure. 3(2), 1-9.) corroborou este último ponto ao afirmar que as OTAs se mostram vantajosas por permitirem checar acomodações disponíveis, comparar preços e encontrar o produto que mais se adéqua às necessidades do consumidor. Não ao acaso, a quantidade de agências off-line caiu mais de 50% (Radu, Orzan, Macovei, & Orzan, 2014Radu, A., Orzan, M., Macovei, O., & Orzan, O. (2014). Impact of online tourism marketing in modern business: an overview of Romania’s market. International Journal of Economic Practices and Theories, 4(2), 318-321.), o que ratifica, uma vez mais, a relevância da atuação das empresas em comento nos ambientes virtuais, em especial, por meio das mídias sociais.

METODOLOGIA

Este constitui um estudo exploratório, de caráter transversal e qualitativo (Flick, 2009Flick, U. (2009). Introdução à pesquisa qualitativa (3a ed.) Porto Alegre: Artmed.), seguindo as sugestões de Sarquis et al. (2015Sarquis, A.B., Pizzinatto, N., Giuliani, A.C., & Pontes, A.S.M. (2015). Estratégias de marketing: Estudo no setor de agências de viagens e turismo. Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo , 9(2), 298-320.) para investigar, em bases qualitativas, agências de viagem de pequeno porte, lançando mão de entrevistas em profundidade. Esta técnica de coleta é indicada para pesquisas que lidam com um número menor de sujeitos (Veal, 2011Veal, A.L. (2011). Metodologia de pesquisa em lazer e turismo. São Paulo: Aleph.). A pesquisa focou em três categorias principais (Tabela 1) - comportamento nas mídias/redes sociais , estratégias de captação de clientes e resultados das estratégias -, tendo como referências centrais as publicações de Alves et al. (2017Alves, F.G., Costa, H.S., & Perinotto, A.R.C. (2017). Instagram como ferramenta para fidelização de clientes: Fotografia, Redes Sociais e Turismo. Marketing & Tourism Review, 2(2), 215-230.), Arruda e Pimenta (2005Arruda, E. & Pimenta, D. (2005). Algumas reflexões sobre a internet e as estratégias comunicativas no marketing em turismo. Caderno Virtual de Turismo, 5(4), 50-57.), Gomes e Mondo (2016Gomes, B.L.T. & Mondo, T.S. (2016). A Contribuição das Redes Sociais na Captação de Clientes sob a Percepção dos Gestores Hoteleiros. Revista Brasileira de Marketing, 15(2), 210-230), Jones et al. (2015Jones, N., Borgman, R., & Ulusou, E. (2015). Impact of social media on small Businesses. Journal of Small Business and Enterprise Development, 22(4). 611-632), Matikiti et al. (2018Matikiti, R., Mpinganjira, M., & Roberts-Lombard, M. (2018). Application of the Technology Acceptance Model and the Technology-Organisation-Environment Model to examine social media marketing use in the South African tourism industry. South African Journal of Information Management, 20(1), 1-12.), Sarquis et al. (2015), e Vareiro e Pinheiro (2017Vareiro, L.M.C. & Pinheiro, T.C.S. (2017). A influência da crise na escolha pelo consumidor entre agências de viagens ou operadores on-line. Revista Turismo: Visão e Ação , 19(2), 220-243.).

Tabela 1:
Categorias e subcategorias da pesquisa

A unidade de análise trata das agências de viagem - emissivas e/ou receptivas - atuantes em São Luís do Maranhão e registradas, até outubro de 2018, no Cadastro de Prestadores de Serviços Turísticos (Cadastur), sistema este executado pelo Ministério do Turismo (MTur), em parceria com órgãos oficiais do turismo das diferentes unidades da federação, cujo mote é o de reunir pessoas físicas e jurídicas atuantes no setor em comento (MTur, 2020Ministério do Turismo [MTur]. (2020). O CADASTUR. Brasília-DF. Recuperado em 01 junho 2020, de Recuperado em 01 junho 2020, de https:// cadastur.turismo.gov.br/hotsite/#!/public/duvidas-frequentes/inicio .
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). Inicialmente, identificaram-se 99 empresas, todavia foram consideradas as com redes sociais ativas - Instagram ou Facebook - de caráter comercial e com sede em São Luís, reduzindo-se o universo para 39 agências. A escolha dessas redes sociais se deu com base na literatura específica pela predominância em relação a outras (Perinotto et al., 2020Perinotto, A.R.C., Alves, C.E.S, Silva, L.F., & Vieira, V.B. (2020). O espaço turístico de Parnaíba-PI nas fotografias on-line: um estudo na rede social Instagram. Observatório de Inovação do Turismo - Revista Acadêmica. 14(1), 150-160.) e pelo reconhecimento do aumento na sua popularidade (Sharma et al., 2020Sharma, A., Sharma, S., & Chaudhary, M. (2020). Are small travel agencies ready for digital marketing? Views of travel agency managers. Tourism Management , 79, 150-163.), em decorrência das funcionalidades oferecidas aos seus usuários, como o compartilhamento de imagens dos destinos; e a troca de informações e demais conteúdos, os quais favorecem um vínculo maior entre as empresas turísticas e seus seguidores (Alves, Costa, & Perinotto, 2017Costa, H.A., Nascimento, E.P., Hoffmann, V.E., & Bouças da Silva, D.L. (2017). ¿Por qué cooperan las micro y pequeñas empresas turísticas? Estudios y Perspectivas en Turismo, 26(4), 781-803.; Moretti, Bertoli, & Zucco, 2016Moretti, S.L.A., Bertoli, B.J., & Zucco, F.D. (2016). A imagem de Blumenau no Instagram: um estudo sobre destino turístico em redes sociais usando equações estruturais. Caderno Virtual de Turismo . Rio de Janeiro, 16(1), 126-140;).

Na determinação da amostra, foram utilizados critérios de adesão e saturação teórica (Fontanella, Ricas, & Turato, 2008Fontanella, B.J.B., Ricas, J., & Turato, E.R. (2008). Amostragem por saturação em pesquisas qualitativas em saúde: contribuições teóricas. Cad. Saúde Pública, 24(1), 17-27.). Foram contactadas 20 agências, obtendo-se o retorno de seis delas, todas com lojas físicas. O número obtido foi considerado suficiente às análises, pois a amostra qualitativa ideal é aquela que reflete, em quantidade e intensidade, as múltiplas dimensões do fenômeno estudado (Minayo, 2017Minayo, M.C.S. (2017). Amostragem e saturação em pesquisa qualitativa: consensos e controvérsias. Revista Pesquisa Qualitativa, 5(7), 01-12.).

A coleta de dados ocorreu por meio da aplicação de um roteiro semiestruturado, contendo as categorias expostas na Tabela 1, dividido em quatro blocos temáticos: i. Caracterização dos entrevistados, contemplando sete itens de perfil sociodemográfico e profissional; ii. Comportamento nas redes sociais, com cinco questões; iii. Estratégias de captação, com quatro perguntas; iv. Resultados obtidos a partir das estratégias adotadas, com três quesitos.

As entrevistas em profundidade foram presenciais, gravadas com consentimento dos investigados, e realizadas entre outubro de 2018 a janeiro de 2019. As gravações foram transcritas e totalizaram um corpus de 13.629 palavras e 29 páginas. Para a análise dos dados, utilizou-se a Análise de Conteúdo (AC) do tipo categorial a priori, baseada em Bardin (2011Bardin, L. (2011). Análise de Conteúdo. São Paulo: Edições 70.), técnica recomendada na literatura específica do turismo (Sousa & Tomazzoni, 2017Sousa, E.N. & Tomazzoni, E.L. (2017). El Análisis de Contenido en las Investigaciones Turísticas en Brasil: ¿Qué muestran las revistas brasileñas de turismo? Estudios y Perspectivas en Turismo , 26(1), 42-61.). Os dados foram agrupados por núcleo de sentido para encaixe nas categorias temáticas predefinidas. Esse procedimento, orientado por uma “grade mista” de categorias, é comum em estudos que estabelecem algumas categorias antes da coleta dos dados, mas novas possibilidades podem emergir no ato da análise (Hsieh & Shannon, 2005Hsieh, H.F. & Shannon, S.E. (2005). Three approaches to qualitative content analysis. Qualitative Health Research, 15(9), 1277-1288.; Vergara, 2015Vergara, S.C. (2015). Métodos de pesquisa em administração (6a ed.) São Paulo: Atlas.).

RESULTADOS

Inicialmente, apresenta-se a caracterização da amostra (Tabela 2). Observa- se que as agências investigadas fazem parte do universo das empresas de pequeno porte, com boa longevidade em sua maioria e possuem variadas mídias sociais ou website próprio, com frequência mínima de uma postagem por semana. Identificou- se, ainda, o superior incompleto como o menor nível de escolaridade. Nota-se que, independentemente de sua natureza (emissiva ou receptiva), as agências buscam se inserir no meio virtual, na expectativa de influenciar as decisões de consumo dos usuários (Zeng & Gerritsen, 2014Zeng, B. & Gerritsen, R. (2014). What do we know about social media in tourism? A review. Tourism Management Perspectives , 10, 27-36).

Tabela 2:
Caracterização das agências entrevistadas

Quanto à primeira categoria de análise, comportamento das agências nas mídias/redes sociais, perguntou-se sobre os motivos da sua utilização (Tabela 3).

Tabela 3:
Motivos para utilizar as mídias/redes sociais

Os resultados apontaram quatro subcategorias distintas. A primeira com mais menções, “ampliar visibilidade e interação com os consumidores”, vai ao encontro do defendido por autores que compreendem as mídias/redes sociais como ferramentas que favorecem a comunicação direta entre pessoas e empresas (Alves et al., 2017Alves, F.G., Costa, H.S., & Perinotto, A.R.C. (2017). Instagram como ferramenta para fidelização de clientes: Fotografia, Redes Sociais e Turismo. Marketing & Tourism Review, 2(2), 215-230.; Rensburg, 2014Rensburg, M.J.V. (2014). Relevance of travel agencies in the digital age. African Journal of Hospitality, Tourism and Leisure. 3(2), 1-9.; Sharma et al., 2020Sharma, A., Sharma, S., & Chaudhary, M. (2020). Are small travel agencies ready for digital marketing? Views of travel agency managers. Tourism Management , 79, 150-163.). A estratégia de “captação de clientes”, foco deste estudo, foi mencionada e confirma que mídias sociais, de maneira geral, criam possibilidades para atrair novos públicos interessados em viajar (Vareiro & Pinheiro, 2017Vareiro, L.M.C. & Pinheiro, T.C.S. (2017). A influência da crise na escolha pelo consumidor entre agências de viagens ou operadores on-line. Revista Turismo: Visão e Ação , 19(2), 220-243.). Traz, ainda, que canais virtuais possibilitam a “redução de custos” (Sharma et al., 2020; Torres, 2009Torres, C. (2009). A bíblia do marketing digital:tudo o que você queria saber sobre marketing e publicidade na internet e não tinha a quem perguntar. São Paulo: Novatec Editora.), fundamentais à competitividade dos pequenos negócios (Jones et al., 2015Jones, N., Borgman, R., & Ulusou, E. (2015). Impact of social media on small Businesses. Journal of Small Business and Enterprise Development, 22(4). 611-632; Verschoore & Balestrin, 2008Verschoore, J.R. & Balestrin, A. (2008). Fatores relevantes para o estabelecimento de redes de cooperação entre empresas do Rio Grande do Sul. Revista de Administração de Empresas , 12(4), 1043-1069.). Os depoimentos sugerem que as agências lançam mão dessas mídias para acompanhar mudanças nos comportamentos de consumo (Rowles, 2014Rowles, D. (2014). Digital branding: A complete step-by-step guide to strategy, tactics and measurement. London, United Kingdom: Kogan Page.) e assegurar a sua “sobrevivência no mercado” (Sarquis et al., 2015Sarquis, A.B., Pizzinatto, N., Giuliani, A.C., & Pontes, A.S.M. (2015). Estratégias de marketing: Estudo no setor de agências de viagens e turismo. Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo , 9(2), 298-320.).

Questionados sobre os conteúdos postados (Tabela 4), os gestores mencionaram cinco estratégias: “informações sobre pacotes e destinos comercializados”; “fotos de clientes em suas viagens”; “informações sobre datas comemorativas”; “resposta a perguntas e feedbacks dos clientes”; “ações internas da agência”.

Tabela 4:
Conteúdo das postagens

Adotar diferentes caminhos para interagir com os usuários se mostra fundamental para chamar a atenção a produtos e serviços comercializados (Tiago & Veríssimo, 2014Tiago, M.T.P.M.B. & Veríssimo, J.M.C. (2014). Digital marketing and social media: why bother? Business Horizons, 57(6), 703-708.). Estratégias como a gestão de feedbacks dos usuários, já reconhecida na literatura (O’Connor, 2010O’Connor, P. (2010). Managing a hotel’s Image on TripAdvisor. Journal of Hospitality Marketing and Management, 19(7), 754-772.), configuram um passo importante na aproximação com os clientes (Torres, 2009Torres, C. (2009). A bíblia do marketing digital:tudo o que você queria saber sobre marketing e publicidade na internet e não tinha a quem perguntar. São Paulo: Novatec Editora.), por facilitar o conhecimento das suas reais necessidades de consumo (Gomes & Mondo, 2016Gomes, B.L.T. & Mondo, T.S. (2016). A Contribuição das Redes Sociais na Captação de Clientes sob a Percepção dos Gestores Hoteleiros. Revista Brasileira de Marketing, 15(2), 210-230). Em somatório, a utilização dos stories no Instagram, conforme observado na fala da Agência D, constitui alternativa relevante para que os consumidores se relacionem com as empresas (Silva, 2020Silva, A.C. (2020). Credibilidade do travel influencer no Instagram afetando a intenção do viajante na escolha de destinos. Dissertação. Mestrado em Turismo, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal.). Divulgar suas ações internas pode, também, somar no fortalecimento da imagem do negócio (Barreda et al., 2015Barreda, A.A., Bilgihan, A., Nusair, K., & Okumus, F. (2015). Generating brand awareness in online social networks. Computers in human behavior, 50, 600-609.; Bilgihan et al., 2014Bilgihan, A., Peng, C., & Kandampully, J. (2014). Generation Y’s dining information seeking and sharing behavior on social networking sites: An exploratory study. International Journal of Contemporary Hospitality Management, 26(3), 349-366). Dentre os conteúdos com maior interação, segundo os entrevistados, foram “informações sobre pacotes e destinos comercializados” e “fotos de clientes em suas viagens” (Tabela 5).

Tabela 5:
Conteúdos com maior interação

Ratifica-se que as postagens sobre pacotes e promoções respondem por parte do engajamento nas redes sociais, o que reflete o pensamento de Aguiar-Quintana et al. (2016Aguiar-Quintana, T., Moreno-Gil, S., & Picazo-Peral, P. (2016). How could traditional travel agencies improve their competitiveness and survive? A qualitative study in Spain. Tourism Management Perspectives, 20, 98-108.), segundo o qual o destaque às vantagens oferecidas ao público-alvo - preços, formas de pagamento, diferenciação em destinos e pacotes - constitui ação-chave no fortalecimento das relações entre empresa e clientes. Estes resultados reiteram o destaque ao uso de fotografias dos destinos para que se forme uma imagem de valor aos ambientes visitados (Zucco et al., 2018Zucco, F.D., Pereira, M.L., Limberger, P.B., & Falaster, C.D. (2018). Avaliação da Imagem de um Destino Turístico no Instagram. Revista Turismo: Visão e Ação . 20(3).) e se fomente a fidelização dos viajantes (Perinotto et al., 2020Perinotto, A.R.C., Alves, C.E.S, Silva, L.F., & Vieira, V.B. (2020). O espaço turístico de Parnaíba-PI nas fotografias on-line: um estudo na rede social Instagram. Observatório de Inovação do Turismo - Revista Acadêmica. 14(1), 150-160.). Isso corrobora o pensamento de que o “turismo é, essencialmente, imagem” (Matos, 2013Matos, M.F.B. (2013). Apresentação. Imagens do Turismo: para ler e pensar. In Rodrigues, L.M. (Org.) Os sentidos do lugar turístico no discurso da propaganda oficial sobre os Lençóis Maranhenses. São Luís: EDUFMA ., p. 13) e que esta, por sua vez, sobrepõe-se ao conteúdo textual- escrito (Barthes, 1990Barthes, R. (1990). O óbvio e o obtuso. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.).

Interessante notar, ainda, a atuação da Agência E, em monitorar curtidas e comentários dos usuários para pautar estratégias de gerenciamento das suas redes sociais (O’Connor, 2010O’Connor, P. (2010). Managing a hotel’s Image on TripAdvisor. Journal of Hospitality Marketing and Management, 19(7), 754-772.). Contudo, deve-se atentar que determinados conteúdos podem ser impróprios e gerar reações negativas que resultem em efeitos reputacionais contrários à empresa (Fernandes & Isabella, 2020Fernandes, R.D. & Isabella, G. (2020). Investigando as estratégias de respostas quanto ao boca a boca negativo on-line. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, 60(1), 33-46.). Isto apoia as orientações de Fereidouni e Kawa (2019Fereidouni, M.A. & Kawa, A. (2019). Dark side of digital transformation in tourism. Asian Conference on Intelligent Information and Database Systems, 52, 510-518.), a respeito dos cuidados relacionados à privacidade e à ética das ações no mundo virtual. A seguir, trazem-se os resultados referentes à segunda categoria, estratégias de captação de clientes, evidenciando as principais que as empresas utilizam (Tabela 6).

Tabela 6:
Principais estratégias de captação de clientes utilizadas pelas agências

A totalidade das agências investigadas confirmou desenvolver “ações promocionais nas mídias e redes sociais” (websites, Instagram, Facebook e WhatsApp) para captar clientes (Alves et al., 2017Alves, F.G., Costa, H.S., & Perinotto, A.R.C. (2017). Instagram como ferramenta para fidelização de clientes: Fotografia, Redes Sociais e Turismo. Marketing & Tourism Review, 2(2), 215-230.; Matikiti et al., 2018Matikiti, R., Mpinganjira, M., & Roberts-Lombard, M. (2018). Application of the Technology Acceptance Model and the Technology-Organisation-Environment Model to examine social media marketing use in the South African tourism industry. South African Journal of Information Management, 20(1), 1-12.; Sarquis et al., 2015Sarquis, A.B., Pizzinatto, N., Giuliani, A.C., & Pontes, A.S.M. (2015). Estratégias de marketing: Estudo no setor de agências de viagens e turismo. Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo , 9(2), 298-320.), por meio de impulsionamento de postagens - no Instagram - anúncios patrocinados - no Google - e formação de grupos de WhatsApp para interessados em compras de pacotes turísticos. Achado oportuno trata da “contratação de influenciadores digitais” como iniciativa inovadora que aproxima clientes em potencial (Chua & Bannerjee, 2013Chua, A. & Banerjee, S. (2013). Customer Knowledge Management via Social Media: The case of Starbucks. Journal of Knowledge Management, 17(2), 237‐249.), em função do vínculo dos usuários com aqueles agentes sociais (Casaló et al., 2018Casaló, L.V., Flavián, C., & Ibáñez-Sánchez, S. (2018). Influencers on Instagram: Antecedents and consequences of opinion leadership. Journal of Business Research, 517, 510-519.), e facilita a propagação exponencial dos conteúdos (Boyd & Ellison, 2007Boyd, D.M. & Ellison, N.B. (2007). Social network sites: Definition, history, and scholarship. Journal of Computer-Mediated Communication, 13(1), 210-230.). Lançar mão desses influenciadores foi previsto por Silva (2020Silva, A.C. (2020). Credibilidade do travel influencer no Instagram afetando a intenção do viajante na escolha de destinos. Dissertação. Mestrado em Turismo, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal.) como estratégia diferenciada para promover não apenas as organizações turísticas, mas também os destinos.

No que concerne a “ações promocionais convencionais”, de antemão, nota-se a continuidade na utilização de mídias tradicionais como rádio e outdoor, a exemplo do que se fazia em décadas passadas (Tiago & Veríssimo, 2014Tiago, M.T.P.M.B. & Veríssimo, J.M.C. (2014). Digital marketing and social media: why bother? Business Horizons, 57(6), 703-708.). Neste ponto, Nunes et al. (2014Nunes, D.G., Gonçalves, M.C., & Siqueira, R.N. (2014). A relevância do marketing digital para pequenas empresas. Revista Pensar Comunicação, 2(1), 1-25.) frisaram a importância de se considerar a especificidade dos seus públicos, a fim de direcionar as estratégias que causem maior impacto neles. A participação em eventos - específicos ou não do turismo - reflete a intenção de robustecer o relacionamento com fornecedores e parceiros comerciais, conforme prescrito por Sarquis et al. (2015Sarquis, A.B., Pizzinatto, N., Giuliani, A.C., & Pontes, A.S.M. (2015). Estratégias de marketing: Estudo no setor de agências de viagens e turismo. Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo , 9(2), 298-320.).

Verificou-se, nas falas dos entrevistados A e D, a relevância da venda direta, que reforça a preferência de clientes que ainda buscam lojas físicas, possivelmente, atraídos pelo suporte oferecido pelas agências e por acreditarem que elas sejam mais confiáveis (Tomelin et al., 2012Tomelin, C.A., Ruschmann, D.V.M., & Rossini, D.M. (2012). Gerenciamento da cadeia de suprimentos e relacionamento nas agências de viagens. In Beni, M.C. (Org.). Turismo: planejamento estratégico e capacidade de gestão. Barueri, SP: Manole.; Vareiro & Pinheiro, 2017Vareiro, L.M.C. & Pinheiro, T.C.S. (2017). A influência da crise na escolha pelo consumidor entre agências de viagens ou operadores on-line. Revista Turismo: Visão e Ação , 19(2), 220-243.). Esta, aliás, é a sugestão central de Viljoen et al. (2015Viljoen, K., Roberts-Lombard, M., & Jooste, C. (2015). Reintermediation strategies for disintermediated travel agencies: a strategic marketing perspective. International Business & Economics Research Journal, 14(3), 561-574.) para que as agências retenham clientes: promover interação pessoal que ofereça informação confiável. O empreendimento D destacou o marketing boca a boca que, embora tradicionalmente conhecido, no mundo virtual possui uma força de propagação ainda maior (Fernandes & Isabella, 2020Fernandes, R.D. & Isabella, G. (2020). Investigando as estratégias de respostas quanto ao boca a boca negativo on-line. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, 60(1), 33-46.) e pode se somar a outras estratégias na fidelização de determinados públicos (Bilgihan et al., 2014Bilgihan, A., Peng, C., & Kandampully, J. (2014). Generation Y’s dining information seeking and sharing behavior on social networking sites: An exploratory study. International Journal of Contemporary Hospitality Management, 26(3), 349-366). Essas assertivas reiteram a ideia de que os consumidores tendem a confiar mais nas opiniões de outros viajantes do que nas mensagens direcionadas por empresas e destinos (Buhalis & Law, 2008Buhalis, D. & Law, R. (2008). Progress in information technology and tourism management: 20 years on and 10 years after the Internet - The state of eTourism research. Tourism management, 29(4), 609-623.; Filieri et al., 2015Filieri, R., Alguezaui, S., & McLeay, F. (2015). Why do travelers trust TripAdvisor? Antecedents of trust towards consumer-generated media and its influence on recommendation adoption and word of mouth. Tourism Management, 51, 174-185.).

Outra estratégia de captação utilizada trata do estabelecimento da “cooperação interempresarial”, seja ela formal - convênios, ou informal - indicação dos serviços, prática esta já observada em outras localidades turísticas brasileiras (Costa, Nascimento, Hoffmann, & Bouças da Silva, 2017Costa, H.A., Nascimento, E.P., Hoffmann, V.E., & Bouças da Silva, D.L. (2017). ¿Por qué cooperan las micro y pequeñas empresas turísticas? Estudios y Perspectivas en Turismo, 26(4), 781-803.). De forma sequencial, avança-se na discussão sobre o modo que as agências utilizam as mídias sociais para comercializar seus produtos e serviços, após os usuários demonstrarem interesse nas suas redes sociais. As opiniões são expostas na Tabela 7.

Tabela 7:
Utilização das mídias/redes sociais para comercializar produtos e serviços turísticos

A observância a cada etapa do processo de comercialização comprova que as agências “combinam diferentes mídias/redes sociais” se valendo de cada funcionalidade oferecida por elas. O website próprio, o Instagram e o Facebook servem como uma vitrine de exposição do portfólio da empresa fortalecida pelo CGU (Bolaños et al., 2012Bolaños, I., Ribeiro, R.B., & Ramos, B.A.C.R. (2012). O poder do word-of-mouth e do conteúdo gerado por utilizadores na comunicação turística: O caso de uma agência de viagens à medida. Revista Turismo & Desenvolvimento, 21(22), 13-22.). Após este primeiro contato, os agentes buscam maior proximidade com os clientes (Nunes et al., 2012) e iniciam a “negociação de produtos e serviços”, sobretudo por meio do WhatsApp e, com menor frequência, pelo e-mail. Esta lógica acompanha a sugestão anterior de Özturan e Roney (2004Özturan, M. & Roney, S.A.(2004).Internet use among travel agencies in Turkey: an exploratory study. Tourism Management , 25, 259-266.), de que as agências deveriam explorar formas mais interativas, a exemplo das redes sociais (Flores et al., 2012Flores, L.C.S., Cavalcante, L.S., & Raye, R.L. (2012). Marketing turístico: Estudo sobre o uso da tecnologia da informação e comunicação nas agências de viagens e turismo de Balneário Camboriú (SC, Brasil). Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo , 6(3), 322-339.), para atingir os seus consumidores.

Para o “fechamento das vendas”, as menções mais recorrentes foram para o website próprio, que disponibiliza pagamentos on-line, bem como para os populares e-mails, posto que constituem um instrumento jurídico que formaliza as transações e minimiza oportunismos nas relações comerciais do turismo (Bouças da Silva, Hoffmann & Costa, 2020Bouças da Silva, D.L., Hoffmann, V.E., & Costa, H. A. (2020). Confiança em redes de cooperação do turismo: análise de seu papel e elementos vinculados em Parnaíba, Piauí, Brasil. Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo, São Paulo, 14(2), 9-29.). Para encerrar o ciclo (“pós-venda”), nota-se um retorno às redes sociais, em especial o Instagram, para publicizar, exponencialmente, as experiências de viagem obtidas por meio da agência (Boyd & Ellison, 2007Boyd, D.M. & Ellison, N.B. (2007). Social network sites: Definition, history, and scholarship. Journal of Computer-Mediated Communication, 13(1), 210-230.), com o propósito de atrair novos públicos (Chua & Bannerjee, 2013Chua, A. & Banerjee, S. (2013). Customer Knowledge Management via Social Media: The case of Starbucks. Journal of Knowledge Management, 17(2), 237‐249.) e/ou fidelizar os clientes passados (Alves et al., 2017Alves, F.G., Costa, H.S., & Perinotto, A.R.C. (2017). Instagram como ferramenta para fidelização de clientes: Fotografia, Redes Sociais e Turismo. Marketing & Tourism Review, 2(2), 215-230.; Bilgihan et al., 2014Bilgihan, A., Peng, C., & Kandampully, J. (2014). Generation Y’s dining information seeking and sharing behavior on social networking sites: An exploratory study. International Journal of Contemporary Hospitality Management, 26(3), 349-366). Esse conjunto de ações que envolvem a comercialização dos pacotes evidencia o crescente engajamento virtual de empresas e clientes desde o momento que antecede as viagens, até o retorno dos viajantes (Sharma et al., 2020Sharma, A., Sharma, S., & Chaudhary, M. (2020). Are small travel agencies ready for digital marketing? Views of travel agency managers. Tourism Management , 79, 150-163.).

No tocante à terceira categoria resultados das estratégias, logrou-se compreender o desempenho evocado pela atuação nas mídias/redes sociais (Tabela 8).

Tabela 8:
Resultados das estratégias nas mídias/redes sociais utilizadas pelas agências

“O aumento no número de clientes” repercute na melhoria de desempenho esperada pelas organizações turísticas que focam nos negócios virtuais (Ferreira & Martins, 2018Ferreira, L.B. & Martins, I.J. (2018). Estratégias de marketing utilizadas pela empresa bancorbrás nas redes sociais. In Ferreira, L.B & Pinho, T. (Orgs.) Gestão e Marketing da Hospitalidade. São Luís: EDUFMA.), com destaque as redes sociais (Rensburg, 2014Rensburg, M.J.V. (2014). Relevance of travel agencies in the digital age. African Journal of Hospitality, Tourism and Leisure. 3(2), 1-9.; Thakran & Verma, 2013Thakran, K. & Verma, R. (2013). The Emergence of Hybrid Online Distribution Channels in Travel, Tourism and Hospitality. Cornell Hospitality Quarterly. 54(3), 240-247.). O relato da Agência B reitera alegações de outras agências investigadas, de que o Facebook tem perdido protagonismo em relação ao Instagram. Adicionalmente, o “alcance de novos públicos e mercados” configura um indicador de que as redes sociais têm potencial para elevar o seu market share (Bilgihan et al., 2014Bilgihan, A., Peng, C., & Kandampully, J. (2014). Generation Y’s dining information seeking and sharing behavior on social networking sites: An exploratory study. International Journal of Contemporary Hospitality Management, 26(3), 349-366), ao ocasionar impacto positivo nos consumidores (Torres, 2009Torres, C. (2009). A bíblia do marketing digital:tudo o que você queria saber sobre marketing e publicidade na internet e não tinha a quem perguntar. São Paulo: Novatec Editora.). A fala da Agência C reforça o poder do CGU em influenciar a tomada de decisão de viagens (Bolaños et al., 2012Bolaños, I., Ribeiro, R.B., & Ramos, B.A.C.R. (2012). O poder do word-of-mouth e do conteúdo gerado por utilizadores na comunicação turística: O caso de uma agência de viagens à medida. Revista Turismo & Desenvolvimento, 21(22), 13-22.).

Por fim, e motivado pelo debate acerca das preferências do consumidor por agências físicas ou OTAs, esboçado por Vareiro e Pinheiro (2017Vareiro, L.M.C. & Pinheiro, T.C.S. (2017). A influência da crise na escolha pelo consumidor entre agências de viagens ou operadores on-line. Revista Turismo: Visão e Ação , 19(2), 220-243.), procurou-se levantar quais os principais desafios à sobrevivência dos negócios (Tabela 9

Tabela 9:
Desafios atuais para a sobrevivência das agências

O primeiro dos desafios concerne à lide com a “concorrência”, evidenciando a competitividade necessária aos negócios para assegurar a sua sobrevivência (Sharma et al., 2020Sharma, A., Sharma, S., & Chaudhary, M. (2020). Are small travel agencies ready for digital marketing? Views of travel agency managers. Tourism Management , 79, 150-163.), e isso perpassa uma série de questões como a busca pela eficiência e a qualidade na prestação de serviços (Aguiar-Quintana et al., 2016Aguiar-Quintana, T., Moreno-Gil, S., & Picazo-Peral, P. (2016). How could traditional travel agencies improve their competitiveness and survive? A qualitative study in Spain. Tourism Management Perspectives, 20, 98-108.), consoante exposto pela Agência B. O reconhecimento das ameaças às empresas investigadas, por conta da ampla presença no mercado das OTAs - como a Decolar.com -, reforça a necessidade de as agências mais tradicionais desenvolverem estratégias virtuais (Silva et al., 2019Silva, G.L., Mendes Filho, L., & Marques Júnior, S. (2019). Análise da percepção dos consumidores de meios de hospedagem em relação ao uso das online travel agencies (OTAs). RBTUR, São Paulo, 13(1), 40-57.) para competirem com os grandes empreendimentos (Jones et al., 2015Jones, N., Borgman, R., & Ulusou, E. (2015). Impact of social media on small Businesses. Journal of Small Business and Enterprise Development, 22(4). 611-632).

Outro ponto, com mais menções, foi a dificuldade na “gestão de vendas nas mídias/redes sociais”, resultado que acompanha a compreensão de Jones et al. (2015Jones, N., Borgman, R., & Ulusou, E. (2015). Impact of social media on small Businesses. Journal of Small Business and Enterprise Development, 22(4). 611-632) de que, comumente, é escasso o know-how das agências para manipularem mídias sociais e propiciarem a efetiva comunicação com os usuários. Esta situação é agravada diante do comportamento do “novo consumidor”, que demanda que os gestores atentem aos comentários e aos feedbacks deixados pelos internautas para melhor administrarem os seus negócios (O’Connor, 2010O’Connor, P. (2010). Managing a hotel’s Image on TripAdvisor. Journal of Hospitality Marketing and Management, 19(7), 754-772.). Neste ponto, adiciona-se a inquietação relacionada à “gestão financeira”, amplificada por fatores de mercado, como aumento de concorrência e redução de comissionamentos (Sarquis et al., 2015Sarquis, A.B., Pizzinatto, N., Giuliani, A.C., & Pontes, A.S.M. (2015). Estratégias de marketing: Estudo no setor de agências de viagens e turismo. Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo , 9(2), 298-320.), corroborando a escassez de recursos que aflige, via de regra, as pequenas empresas (Verschoore & Balestrin, 2008Verschoore, J.R. & Balestrin, A. (2008). Fatores relevantes para o estabelecimento de redes de cooperação entre empresas do Rio Grande do Sul. Revista de Administração de Empresas , 12(4), 1043-1069.).

Ressalvam-se, por fim, as inúmeras “externalidades do turismo”, ocorrências típicas do setor de viagens, traduzidas em crises econômicas, epidemias, terrorismo, guerras, fenômenos meteorológicos, flutuações de câmbio, etc. (Panosso Netto, 2010Panosso Netto, A. (2010). O que é turismo? Coleção Primeiros Passos, 341.). Para lidar com estas, a literatura sobre gestão de crise para organizações turísticas aponta uma série de medidas que envolve o planejamento para enfrentar momentos críticos, a exemplo de investimentos em marketing, criação de novos produtos, redefinição de preços e cooperação empresarial (Hamdani & Wirawan, 2012Hamdani, J. & Wirawan, C. (2012). Open innovation implementation to sustain Indonesian SMEs. Procedia Economics and Finance, 4, 223-233.).

CONCLUSÕES

Este trabalho analisou o uso das redes sociais pelas agências de viagem de São Luís do Maranhão como comunicação estratégica na captação de clientes. Para tanto e com base na literatura específica sobre agências de viagens, estratégia e uso de mídias/redes sociais, focou-se nas categorias principais: I. Comportamento nas mídias/ redes sociais; II. Estratégias de captação de clientes; e III. Resultados das estratégias.

Quanto à categoria I, os principais achados da pesquisa demonstraram que as agências de viagens utilizam as mídias/redes sociais com o intuito de “ampliar a sua visibilidade e interação com os consumidores”, “captar clientes”, “reduzir custos de divulgação” e, por conseguinte, “sobreviver no mercado”. Diante da competitividade existente, que insere pequenos e grandes negócios como players em uma mesma arena, as mídias/redes sociais criam pontes para um melhor desempenho individual.

Dentre os principais conteúdos postados estão “informações sobre pacotes e destinos comercializados”, e “fotos de clientes em suas viagens”. As postagens, nos espaços virtuais, devem destacar os diferenciais competitivos de cada empresa e destino, haja vista que a internet é uma vitrine infindável de produtos e serviços à disposição dos consumidores. Neste contexto, pequenos detalhes fazem a diferença, como as fotos dos clientes em viagens, as quais geram maior repercussão do que os registros das paisagens. No entanto, não se pode olvidar dos cuidados quanto aos conteúdos postados, tendo em mente questões legais e éticas que, inclusive, corroborem uma visão discriminatória de pessoas e/ou localidades turísticas, por vezes já presente no imaginário do viajante.

Na categoria II, mote principal deste estudo, verificou-se que as agências, a fim de captarem clientes, desenvolvem, prioritariamente, “ações promocionais nas mídias/redes sociais”, em especial, Instagram, WhatsApp, websites e Facebook. As estratégias virtuais mais destacadas são os impulsionamentos de postagens, os anúncios patrocinados e o uso dos stories, afora a “contratação de influenciadores digitais”, as quais têm gerado resultados animadores aos que delas se utilizam. No entanto, em oposição ao esperado na presente pesquisa, as “ações promocionais convencionais” - mídias tradicionais, marketing boca a boca, participação em feiras e eventos - persistem como ferramentas para alcançar os públicos desejados, seguindo as idiossincrasias de cada mercado-alvo. Complementarmente, parcerias empresariais se mostraram também relevantes para atingir um maior volume de vendas.

Outro achado relevante concerne à “combinação de diferentes mídias/redes sociais” pelas agências, ao longo de todo processo de comercialização dos pacotes, evidenciando um maior engajamento de empresas e clientes no antes e depois das viagens. Para atrair o olhar do consumidor e apresentar preços e vantagens, o Instagram configura a ferramenta principal. As “negociações” se estabelecem no WhatsApp, devido às suas variadas funcionalidades - envio de textos, fotos, vídeos, conversas de voz -, que permitem comunicação mais eficaz entre as empresas e os usuários. Para o “fechamento das vendas”, sistemas on-line e e-mails são os mais utilizados, em decorrência das salvaguardas aportadas por esses mecanismos. A conclusão do ciclo - o “pós-venda” - é consubstanciada no retorno às redes sociais, sobretudo o Instagram, a fim de fortalecer a imagem da empresa, fidelizar os clientes passados e iniciar outro processo de comercialização com os novos.

A categoria III ratifica os esforços válidos da atuação virtual, representados pelo “aumento no número de clientes”, além do “alcance de novos públicos e mercados” pelas agências, enfatizando o poder do CGU em influenciar as decisões de consumo. A relevância das mídias/redes sociais para as agências, demonstrada nesta investigação, angaria maior destaque, perante os desafios impostos à sobrevivência das empresas, mormente, a “concorrência” com agências físicas ou virtuais, e com grandes negócios. Para tanto, conhecimentos sobre “gestão de vendas”, “gestão financeira”, comportamento do “novo consumidor” e gestão de crise para enfrentamento das “externalidades do turismo” se mostram fundamentais.

A partir do entendimento sobre o uso das mídias/redes sociais pelas agências, são apresentadas algumas contribuições gerenciais para as organizações do turismo: i. Investir em ferramentas virtuais que propiciem maior interatividade com os clientes atuais ou potenciais, como as redes sociais; ii. Considerar as especificidades do público-alvo dos seus negócios para definir as estratégias promocionais mais adequadas; iii. Agências de viagem físicas precisam apostar em estratégias que as virtuais teriam dificuldades em desenvolver como atendimento personalizado e ambientes acolhedores; iv. Considerar o CGU como informação-chave na tomada de decisão estratégica; v. Combinar diferentes mídias sociais para facilitar a interação on-line com fins comerciais; vi. Estabelecer parcerias com diversas organizações do turismo na captação de clientes.

Destaca-se que esta investigação se limita, principalmente, pelo objeto de estudo - pequenas agências de viagens com atuação em São Luís do Maranhão - e pelas ferramentas virtuais consideradas - as mídias sociais -, em especial, as redes sociais. Diante disso, como agenda de pesquisa, recomenda-se estender este estudo para outras organizações do turismo, de diferentes portes e natureza - inclusive as que operam em nichos específicos (Luxo, LGBTQ, TBC, etc.) - ou, ainda, as com atuação em outros destinos, tendo em vista um olhar comparativo. Ademais, sugere-se considerar mídias sociais não contempladas aqui, lançando mão de outras técnicas de análise qualitativas, a exemplo da netnografia.

Além disso, ressalva-se o caráter relativamente homogêneo da presente amostra de pequenos empreendimentos que, independentemente do foco - emissivo e/ou receptivo -, não implicou em diferenças significativas nas suas estratégias em redes sociais. Por isso, a agenda de pesquisa pode considerar, também, abordagens quantitativas que permitam análises das estratégias por grupos, considerando diferenças por perfil das empresas, ou que ampliem as categorias e as variáveis consideradas neste estudo.

Por fim, como toda investigação é situada espacial e temporalmente, cabe mencionar que novas análises sobre o tema em tela se contextualizarão no período histórico pós-Covid-19 - pandemia causada pelo rápido contágio do coronavírus SARS-CoV-2 -, registrando efeitos negativos sem precedentes na vida social, em todo o planeta, em 2020. Desse modo, para as organizações do turismo, ficará o desafio de como lançar mão das estratégias comunicacionais em tempos que poderão exigir cada vez mais resiliência.

Referências

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    22 Mar 2021
  • Data do Fascículo
    Jan-Apr 2021

Histórico

  • Recebido
    28 Abr 2020
  • Aceito
    21 Jul 2020
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