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ANÁLISE DE IMPLANTAÇÃO DO TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA EM TERRA CAÍDA, SERGIPE, BRASIL

THE INTRODUCTION OF COMMUNITY-BASED TOURISM IN TERRA CAÍDA, SERGIPE, BRAZIL

ANÁLISIS DE LA IMPLANTACIÓN DEL TURISMO COMUNITARIO EN TERRA CAÍDA, SERGIPE, BRASIL

RESUMO:

Este estudo objetiva analisar a possibilidade da implantação do Turismo de Base Comunitária (TBC) em Terra Caída, comunidade localizada em Indiaroba, Sergipe - Brasil, e que possui atratividade natural e cultural. A metodologia utilizou aplicação de questionário semiestruturado aos atores locais e às lideranças comunitárias diretamente envolvidas com a atividade turística. A definição dos sujeitos de pesquisa se deu por meio da técnica bola de neve, utilizada para amostragem não probabilística, que consiste em um indivíduo identificar outro de acordo com o perfil buscado, até chegar nas mesmas pessoas e recolher informações semelhantes. Os dados permitiram caracterizar sociodemograficamente a comunidade, descrever a organização comunitária, analisar as percepções sobre o turismo e sobre o potencial turístico local e identificar as fragilidades para a implantação do TBC. Concluiu-se que a comunidade dispõe de potencial para o desenvolvimento do TBC, contudo há entraves, principalmente quanto à limitação da infraestrutura básica e à organização comunitária.

PALAVRAS-CHAVE:
comunidade; desenvolvimento; participação; turismo de base comunitária

ABSTRACT:

This study analyzes the possibility of introducing Community-Based Tourism (CBT) in the community of “Terra Caída”, located in Indiaroba, in the Brazilian state of Sergipe. The community attracts visitors due to its natural landscape and culture. The methodology used was a semi- structured questionnaire with local actors and community leaders involved in the tourist activities. The interviewees were defined using the snow ball technique, used for non-probabilistic sampling which consists of one person identifying another who meets the desired profile, until the same people are reached and similar information is obtained. The data enabled us to characterize the community, analyze their perceptions about tourism and its potential at a local level, and identify the weaknesses for the implementation of CBT. It was concluded that the community has potential for the development of CBT, however there are some obstacles, in particular, the limited basic infrastructure and community organization.

KEY WORDS:
community; development; participation; community-base tourism

RESUMEN:

Este estudio tiene como objetivo analizar la posibilidad de implementar el Turismo Comunitario en Terra Caída, una comunidad ubicada en Indiaroba, Sergipe - Brasil, que posee atractivo natural y cultural. La metodología utilizó la aplicación de un cuestionario semiestructurado a actores locales y líderes comunitarios directamente involucrados con la actividad turística. Los sujetos de investigación se definieron utilizando la técnica bola de nieve, utilizada para muestras no probabilísticas, que consiste en un individuo que identifica a otro de acuerdo con el perfil buscado hasta llegar a las mismas personas y recopilar información similar. Los datos permitieron la caracterización sociodemográfica de la comunidad, describieron la organización comunitaria, analizaron las percepciones sobre el turismo y sobre el potencial turístico local e identificaron las debilidades para la implementación del Turismo Comunitario. Se concluyó que la comunidad tiene el potencial para el desarrollo del turismo, sin embargo, existen obstáculos, principalmente con respecto a la limitación de la infraestructura básica y la organización comunitaria.

PALABRAS CLAVE:
comunidad; desarrollo; participación; turismo

INTRODUÇÃO

O progresso no desenvolvimento turístico nem sempre tem acontecido a favor da comunidade, sendo geralmente coordenado e orientado pelo mercado e seus respectivos interesses econômicos, desconsiderando os demais atores envolvidos (Corless, 2002Corless, G. (2002). Community-based tourism planning and policy: The case of the Baffin Region, Nunavut. Dissertação de mestrado, McGill University, Montreal, Canadá. ; Faxina & Freitas, 2020Faxina, F. & Freitas, L. B. A. (2020). Agenda do turismo de base comunitária de Indiaroba, Sergipe - Brasil: resultados de um projeto de extensão. Tourism and Hospitality International Journal, 14(1), 75-90.). Todavia, apresenta-se no turismo de base comunitária (TBC) um modelo alternativo ao turismo convencional, o chamado de massa (Zamignan & Sampaio, 2010Zamignan, G. & Sampaio, C. A. C. (2010). Turismo de base comunitária como perspectiva para a preservação da biodiversidade e de modos de vidas de comunidades tradicionais: a experiência da Micro-Bacia Do Rio Sagrado, Morretes (PR). Anais do Encontro Nacional da Anppas, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. Recuperado de http://anppas.org.br/encontro5/ cd/artigos/GT1-142-147-20100809214216.pdf ; Zapata, Hall, Lindo, & Vanderschaeghe, 2011Zapata, M. J., Hall, C. M., Lindo, P., & Vanderschaeghe, M. (2011). Can community-based tourism contribute to development and poverty alleviation? Lessons from Nicaragua. Current Issues in Tourism, 14(8), 725-749. ; Weaver, 2010Weaver, D. (2010). Community-based tourism as strategic dead-end. Tourism Recreation Research, 35, 206-208. ), e que acompanha as novas tendências e a “ressignificação” do turismo (Irving, 2009Irving, M. A. (2009). Reinventando a reflexão sobre turismo de base comunitária. In Bartholo, R., Bursztyn, I & Sansolo, D. Turismo de Base Comunitária: diversidade de olhares e experiências brasileiras. Rio de Janeiro: Letra e Imagem. ).

Este modelo é capaz de possibilitar novas experiências a partir da conservação do meio ambiente, de culturas tradicionais e do envolvimento de pequenas comunidades que podem potencializar os seus modos de produção e de organização, compondo assim uma nova oferta turística local e, consequentemente, diversificando as oportunidades de renda e de qualidade de vida para a comunidade (Benevides, 1997Benevides, I. P. (1997). Para uma agenda de discussão do turismo como fator de desenvolvimento local. In Rodrigues, A. B. (Org.) Turismo e desenvolvimento local. São Paulo: HUCITEC. ; Lucchetti & Font, 2013Lucchetti, V. G. & Font, X. (2013). Community based tourism: Critical success factors. ICRT occasional paper, 27, 1-20. ; Zamignan & Sampaio, 2010Zamignan, G. & Sampaio, C. A. C. (2010). Turismo de base comunitária como perspectiva para a preservação da biodiversidade e de modos de vidas de comunidades tradicionais: a experiência da Micro-Bacia Do Rio Sagrado, Morretes (PR). Anais do Encontro Nacional da Anppas, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. Recuperado de http://anppas.org.br/encontro5/ cd/artigos/GT1-142-147-20100809214216.pdf ).

Todavia, embora se notifiquem casos de sucesso na literatura, há também limitações que refletem no TBC, são elas: comunicação e organização comercial (Dunn, 2007Dunn, S. F. (2007). Toward empowerment: Women and community-based tourism in Thailand. Tese de doutorado, University of Oregon, USA. ; Gascón, 2013Gascón, J. (2013). As limitações do turismo de base comunitária como instrumento de cooperação para o desenvolvimento: o valor do conceito de vocação social do território. Jornal de Turismo Sustentável, 21(5), 716-731. ; Maldonado, 2009Maldonado, C. (2009). O turismo rural comunitário na América Latina: Gênesis, características e políticas”. In Bartholo, R., Gruber, S. & Bursztyn, I. (Orgs). Turismo de Base Comunitária, diversidade de olhares e experiências brasileiras. Rio de Janeiro: Letra e Imagem . ; Sebele, 2010Sebele, L. S. (2010). Community-based tourism ventures, benefits and challenges: Khama rhino sanctuary trust, central district, Botswana. Tourism management, 31(1), 136-146.), cooperação (Gascón, 2013; Maldonado, 2009; Teixeira, Vieira, & Mayr, 2019Teixeira, F. R., Vieira, F. D., & Mayr, L. R. (2019). Turismo de Base Comunitária: uma abordagem na perspectiva da análise de clusters. Turismo: Visão e Ação, 21(2), 2-21. ), gestão profissional limitada (Maldonado, 2009; Moraes, Azevedo Irving, & Mendonça, 2018Moraes, E. A., de Azevedo Irving, M., & Mendonça, T. C. M. (2018). Turismo de base comunitária na América Latina: uma estratégia em rede. Turismo-Visão e Ação, 20(2), 249 - 265. ), natureza temporal e viabilidade necessária para os projetos serem analisados (Goodwin & Santilli, 2009Goodwin, H., & Santilli, R. (2009). Community-based tourism: A success? ICRT Occasional Paper, Leeds: GTZ & ICRT, 1-37. ; Lindström & Larson, 2016Lindström, K. N. & Larson, M. (2016). Community-based tourism in practice: evidence from three coastal communities in Bohuslän, Sweden. Bulletin of Geography. Socio-economic Series, 33(33), 71-78. ; Walpole & Thouless, 2005Walpole, M. J., & Thouless, C. R. (2005). Increasing the value of wildlife through non-consumptive use? Deconstructing the myths of ecotourism and community-based tourism in the tropics. In R. Woodroffe, S. Thirgood, & A. Rabinowitz (Eds.), People and wildlife: Conflflict or coexistence?, Cambridge: Cambridge University Press. ).

Para Gascón (2013Gascón, J. (2013). As limitações do turismo de base comunitária como instrumento de cooperação para o desenvolvimento: o valor do conceito de vocação social do território. Jornal de Turismo Sustentável, 21(5), 716-731. ), no TBC também podem ocorrer limitações relacionadas à redução da pobreza, devido à crescente diferenciação camponesa, agitação social, problemas com a tomada de decisão local, pseudoparticipação, trabalho e reestruturação do tempo.

A utilização do turismo para promoção do desenvolvimento da comunidade é um bom conceito, todavia nem sempre condiz com a realidade na prática, devido às dificuldades que se inserem neste processo (Giampiccoli & Mtapuri, 2015Giampiccoli, A., Jugmohan, S., & Mtapuri, O. (2015). Community-based tourism in rich and poor countries: Towards a framework for comparison. African Journal for Physical Health Education, Recreation and Dance, 21(4.1), 1200-1216. ). Portanto, é importante verificar se as condições na área designada são propícias ao TBC, por meio de uma avaliação inicial, a fim de diminuir as incertezas frente ao planejamento turístico.

Neste sentido, para que possa se instaurar uma estratégia de avaliação, ressalta- se que a comunidade deve ser o alvo principal. Sendo assim, a comunidade precisa avaliar a sua situação de modo interno e externo, analisando os seus pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças (Suansri, 2003Suansri, P. (2003). Community Based Tourism Handbook. Bangkok: Responsible Ecological Social Tour- REST. ).

Considerando a comunidade como protagonista deste processo, destaca-se no estado de Sergipe, Região Nordeste do Brasil, uma rede de esforços para aproximar o modo de vida local ao turismo no povoado Terra Caída, pertencente ao município Indiaroba, na divisa com o Estado da Bahia. O povoado é caracterizado por estruturas simples e é frequentado sobretudo por turistas que desejam visitar as ilhas fluviais localizadas no Rio Piauí, que margeia a comunidade, e Mangue Seco, destino turístico localizado no litoral norte baiano e conhecido por ser citado no romance Tieta do Agreste, do escritor Jorge Amado, e ter sido cenário de gravação da novela “Tieta”.

A comunidade, área de estudo desta pesquisa, possui como principal atividade econômica a pesca artesanal e, como alternativa, apresenta alguns serviços turísticos, associado à potencialidade natural que possui. Atrelado a isso, existe uma expectativa dos moradores da comunidade de que o turismo se fortaleça. Por outro lado, para que isto ocorra, um conjunto de fatores que envolvem o planejamento do turismo precisa ser conhecido para se entender qual o real potencial de desenvolvimento da atividade em determinada localidade. Tendo como base estes ideais, o objetivo desta pesquisa é analisar a possibilidade de se implantar o TBC junto à Comunidade de Terra Caída.

O TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA: EXPERIÊNCIAS E DESAFIOS

O modelo do Turismo de Base Comunitária surgiu principalmente na década de 1980 (Weaver, 2010Weaver, D. (2010). Community-based tourism as strategic dead-end. Tourism Recreation Research, 35, 206-208. ) e centraliza a ideia da gestão do turismo com base na participação comunitária, sendo difundida entre os autores que pesquisam o desenvolvimento do turismo e o reflexo deste sobre as comunidades receptoras (Coriolano, 2003Coriolano, L. N. M. T. (2003). Desenvolvimento voltado às condições humanas e o turismo comunitário. In Coriolano, L. N. M. T. & Lima, L. C. (Orgs.) Turismo comunitário e responsabilidade socioambiental. Fortaleza: EDUECE. ; Lindström & Larson, 2016Lindström, K. N. & Larson, M. (2016). Community-based tourism in practice: evidence from three coastal communities in Bohuslän, Sweden. Bulletin of Geography. Socio-economic Series, 33(33), 71-78. ; Lucchetti & Font, 2013Lucchetti, V. G. & Font, X. (2013). Community based tourism: Critical success factors. ICRT occasional paper, 27, 1-20. ).

As diretrizes deste modelo orientam-se em princípios como: autogestão; associativismo e cooperativismo; democratização de oportunidades e benefícios; centralidade da colaboração, parceria e participação; valorização da cultura local e, sobretudo, protagonismo das comunidades locais, buscando à apropriação por parte destas os benefícios oriundos do desenvolvimento da atividade turística (Irving, 2019; Maldonado, 2009Maldonado, C. (2009). O turismo rural comunitário na América Latina: Gênesis, características e políticas”. In Bartholo, R., Gruber, S. & Bursztyn, I. (Orgs). Turismo de Base Comunitária, diversidade de olhares e experiências brasileiras. Rio de Janeiro: Letra e Imagem . ; Projeto Bagagem, 2010).

Seguindo essas concepções, manifesta-se um elo entre a economia e a comunidade, que por meio de um planejamento pode resultar no favorecimento do desenvolvimento turístico com um possível foco no mercado turístico local. Desta maneira, como tema transversal sob enfoques econômicos, sociais e ambientais, o desenvolvimento do turismo pode ser convertido e potencializado em desenvolvimento local, gerando benefícios à comunidade envolvida neste processo (Lucchetti & Font, 2013Lucchetti, V. G. & Font, X. (2013). Community based tourism: Critical success factors. ICRT occasional paper, 27, 1-20. ; Mowforth & Munt, 2015; Zapata et al., 2011Zapata, M. J., Hall, C. M., Lindo, P., & Vanderschaeghe, M. (2011). Can community-based tourism contribute to development and poverty alleviation? Lessons from Nicaragua. Current Issues in Tourism, 14(8), 725-749. ).

Neste aspecto, Mowforth & Munt (2015) destacam que um melhor conhecimento das comunidades locais, no que concerne ao seu planejamento e ao seu controle, é fundamental para a colheita dos benefícios do turismo, pois o pouco controle sobre as maneiras pelas quais a indústria é desenvolvida junto ao fato de não poderem igualar os recursos financeiros disponíveis para investidores externos implicam nos seus interesses raramente ouvidos.

Destarte, chama-se a atenção para o planejamento da atividade e para a participação da comunidade local, a fim de se estabelecer “como” e “até onde” o turismo pode ir. Deve-se aplicar o modelo, ou método de planejamento que mais se adapte às necessidades e às aspirações dos agentes envolvidos. Dessa forma, a comunidade deve ser a principal gestora do processo de desenvolvimento do turismo, participando das tomadas de decisões do planejamento da atividade (Faxina & Freitas, 2020Faxina, F. & Freitas, L. B. A. (2020). Agenda do turismo de base comunitária de Indiaroba, Sergipe - Brasil: resultados de um projeto de extensão. Tourism and Hospitality International Journal, 14(1), 75-90.; Grimm & Sampaio, 2011Grimm, I. J. & Sampaio, C. (2011). Turismo de base comunitária: convivencialidade e conservação ambiental. Revista Brasileira de Ciências Ambientais, 19, 57-68. ; Irving, 2009Irving, M. A. (2009). Reinventando a reflexão sobre turismo de base comunitária. In Bartholo, R., Bursztyn, I & Sansolo, D. Turismo de Base Comunitária: diversidade de olhares e experiências brasileiras. Rio de Janeiro: Letra e Imagem. ). Contudo, questionam-se o valor e a aplicabilidade das teorias e das ações práticas de participação da comunidade.

Assim, neste modelo, a participação ativa da comunidade local é fundamental, passando a ser sujeito e não objeto do processo turístico (Coriolano, 2003Coriolano, L. N. M. T. (2003). Desenvolvimento voltado às condições humanas e o turismo comunitário. In Coriolano, L. N. M. T. & Lima, L. C. (Orgs.) Turismo comunitário e responsabilidade socioambiental. Fortaleza: EDUECE. ; Giampiccoli & Mtapuri, 2015Giampiccoli, A., Jugmohan, S., & Mtapuri, O. (2015). Community-based tourism in rich and poor countries: Towards a framework for comparison. African Journal for Physical Health Education, Recreation and Dance, 21(4.1), 1200-1216. ; Giampiccoli & Mtapuri, 2017; Irving, 2009Irving, M. A. (2009). Reinventando a reflexão sobre turismo de base comunitária. In Bartholo, R., Bursztyn, I & Sansolo, D. Turismo de Base Comunitária: diversidade de olhares e experiências brasileiras. Rio de Janeiro: Letra e Imagem. ; López-guzmán, Sanchez- Langares & Pavón, 2011López-guzmán, T., Sánchez-cañizares, S., & Pavón, V. (2011). Community-based tourism in developing countries: a case study. Tourismos, 6(1), 69-84. ; Lucchetti & Font, 2013Lucchetti, V. G. & Font, X. (2013). Community based tourism: Critical success factors. ICRT occasional paper, 27, 1-20. ; Tosun, 2000Tosun, C. (2000). Limits to community participation in the tourism development process in developing countries. Tourism management , 21, 613-633. ).

Como experiências pioneiras e fatores de sucesso no turismo de base comunitária, no Brasil, citam-se a Rede Turisol e a Rede Tucum. De acordo com o Projeto Bagagem (2010Projeto bagagem. (2010). Série TURISOL de Metodologias: Projeto Bagagem. Recuperado de https:// docplayer.com.br/3985793-Serie-turisol-de-metodologias-turismo-comunitario-semeando-o-turismo-comunitario-pelo-brasil-rede-turisol.html.
https:// docplayer.com.br/3985793-Serie-...
), a primeira caracteriza-se pela junção de diversas organizações no Brasil, as quais desenvolvem projetos de turismo solidário por meio da troca de experiências, fortalecem iniciativas existentes e despertam outras comunidades para a construção de um turismo comunitário solidário sustentável. A segunda é um projeto pioneiro de turismo comunitário na Prainha do Canto Verde, no Ceará, voltado para a construção de uma relação entre sociedade, cultura e natureza que busque a sustentabilidade socioambiental local.

Ambas as iniciativas, segundo o Projeto Bagagem (2010Projeto bagagem. (2010). Série TURISOL de Metodologias: Projeto Bagagem. Recuperado de https:// docplayer.com.br/3985793-Serie-turisol-de-metodologias-turismo-comunitario-semeando-o-turismo-comunitario-pelo-brasil-rede-turisol.html.
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), seguem princípios comuns ao TBC e buscam garantir a sustentabilidade social, econômica e ambiental. Buscam-se a valorização, a manutenção e a expressão da cultura e dos costumes locais, integrar vivências, viabilizar equipamentos turísticos num projeto de desenvolvimento sustentável gerido pela própria comunidade. Estimula-se o respeito pelo cotidiano simplório, a consciência coletiva, a preocupação ambiental e a autenticidade nos modos de vida.

Destaca-se que outras iniciativas vêm sendo estruturadas no Sul Catarinense Brasileiro, são as experiências da Associação Acolhida na Colônia, da Reserva Extrativista do Pirajubaé e do Projeto Tekoá Pirá.

A Acolhida na Colônia refere-se a uma rede de esforços com enfoque em processos socioespaciais de associativismo sustentado na participação ativa de comunidades rurais autênticas que compartilham seus recursos decorrentes de atividades produtivas de subsistência, da agroindústria e do agroturismo, promovendo empregabilidade, inclusão social e redução do êxodo rural (Walkowski, Damo, & Loch, 2017Walkowski, M. C., Damo, M. R. S., & Loch, C. (2017). Projeto Acolhida na Colônia no estado de Santa Catarina-SC: um território de identidade e turismo sob a ótica da linguagem de Padrões. Turismo- Visão e Ação , 19(2), 319-347.).

Na Reserva Extrativista do Pirajubaé e no projeto Tekoá Pirá, o experenciar do modo de vida envolto à pesca artesanal suscitou a necessidade de conservação dos recursos ambientais disponíveis e de ações norteadoras para a educação ambiental e para a organização comunitária, estas se concretizaram por meio de parcerias. Contudo, embora preconizem diretrizes elementares ao TBC no que se refere à disposição participativa dos agentes comunitários, a conservação e a centralidade da colaboração, em ambas existem fragilidades nos processos de autogestão, governança e comercialização dessas experiências (Teixeira et al., 2019Teixeira, F. R., Vieira, F. D., & Mayr, L. R. (2019). Turismo de Base Comunitária: uma abordagem na perspectiva da análise de clusters. Turismo: Visão e Ação, 21(2), 2-21. ).

No que se referem às redes de TBC, cita-se a Rede de Turismo Comunitário da América Latina (REDTURS), que tem como objetivo uma melhor compreensão da temática por meio da articulação, do fortalecimento e da promoção de iniciativas latino-americanas de turismo comunitário (Moraes et al., 2018Moraes, E. A., de Azevedo Irving, M., & Mendonça, T. C. M. (2018). Turismo de base comunitária na América Latina: uma estratégia em rede. Turismo-Visão e Ação, 20(2), 249 - 265. ).

Em Sergipe, o Projeto Tainha, na comunidade de Ponta dos Mangues em Pacatuba, e o Projeto Aratu, na comunidade Ilha Mem de Sá, Itaporanga d’Ajuda, são considerados projetos que se destacaram na implementação do turismo de base comunitária. Esses projetos são caracterizados pela forma como as comunidades se organizam e atuam como protagonistas locais, gerenciando o território e as atividades econômicas associadas ao turismo (Costa, 2014Costa, C.C. M. (2014). Análise da aptidão para o turismo de base comunitária no entorno do Parque Nacional Serra de Itabaiana. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, Sergipe. ; Limeira & Lima, 2017Limeira, C. M. & Lima, E. R. V. (2017). O IFS e a Ilha Mem de Sá, Itaporanga D.Ajuda/DE: apontamentos sobre a qualidade de vida dos moradores. Revista Transformar, 11, 108-128. ).

No âmbito internacional, pequenas comunidades na Colúmbia Britânica e no Yukon, Canadá (Murphy, 1985Murphy, P. E. (1985). Tourism: A community approach. Methuen: New York, NY, USA. ), comunidades costeiras periféricas na Suécia (Lindström & Larson, 2016Lindström, K. N. & Larson, M. (2016). Community-based tourism in practice: evidence from three coastal communities in Bohuslän, Sweden. Bulletin of Geography. Socio-economic Series, 33(33), 71-78. ), aldeias e pequenas cidades na África (Giampiccoli et al., 2016Giampiccoli, A., Saayman, M. & Jugmohan, S. (2016). Are Albergo Diffuso and community-based tourism the answers to community development in South Africa? Development Southern Africa, 33(4), 548-561. ; Mearns, 2003Mearns, K. (2003). Community-based tourism: the key to empowering the Sankuyo Community in Botswana. Africa Insight, 33(2), 29-32. ; Rozemeijer, 2000Rozemeijer, N. (2000). Community-based tourism in Botswana: The SNV experience in in three community-tourism projects. Gaborone: SNV Botswana. ; Sebele, 2010Sebele, L. S. (2010). Community-based tourism ventures, benefits and challenges: Khama rhino sanctuary trust, central district, Botswana. Tourism management, 31(1), 136-146.), comunidades rurais e aldeias na Tailândia (Dolezal, 2011Dolezal, C. (2011). Community-based tourism in Thailand: (Dis-)Illusions of authenticity and the necessity for dynamic concepts of culture and power. Austrian Journal of South-East Asian Studies, 4(1), 129-138. ; Dunn, 2007Dunn, S. F. (2007). Toward empowerment: Women and community-based tourism in Thailand. Tese de doutorado, University of Oregon, USA. ; Kontogeorgopoulos, Churyen, & Duangsaeng, 2014Kontogeorgopoulos, N., Churyen, A., & Duangsaeng, V. (2014). Success factors in community-based tourism in Thailand: The role of luck, external support, and local leadership. Tourism Planning & Development, 11(1), 106-124.; Vajirakachorn, 2011Vajirakachorn, T. (2011). Determinants of success for community-based tourism: The case of floating markets in Thailand. Tese de doutorado, Texas A&M University, College Station, Texas, Estados Unidos da América. Recuperado de https://oaktrust.library.tamu.edu/bitstream/handle/1969.1/ETD-TAMU-2011-08-9922/VAJIRAKACHORN-DISSERTATION.pdf?sequence=2&isAllowed=y
https://oaktrust.library.tamu.edu/bitstr...
), comunidades indígenas no Chile (Moraes et al., 2018Moraes, E. A., de Azevedo Irving, M., & Mendonça, T. C. M. (2018). Turismo de base comunitária na América Latina: uma estratégia em rede. Turismo-Visão e Ação, 20(2), 249 - 265. ; Skewes, Zuñiga, & Vera, 2015Skewes, J. C., Zuñiga, C. H. & Vera, M. P. (2015). Turismo comunitario o de base comunitaria: una experiencia alternativa de hospitalidad vivida en el mundo Mapuche. Tralcao sur de Chile, Cultur, Revista de Cultura e Turismo, 6(2), 73-85. ; Zuñiga, Vera, Skewes, & Sampaio, 2012Zuñiga, C. E. H., Vera, M. P., Skewes, J. C. & Sampaio, C. A. C. (2012). Culturas originárias e turismo: uma experiência de turismo comunitário no mundo Mapuche, Tralcao, Sul do Chile. Revista Brasileira de Ecoturismo, 5(1), 103-118. ) e no Equador (Moraes et al., 2018), comunidades rurais no sudoeste da Espanha (Ruiz-ballesteros & Cáceres-feria, 2016Ruiz-ballesteros, E. & Cáceres-feria, R. (2016). Community-building and amenity migration in community-based tourism development: An approach from southwest Spain. Tourism Management, 54, 513- 523. ), comunidades do Equador Continental (Ballesteros & Carrion, 2007Ballesteros, E. R. & Carrion, D. S. (2007). Turismo comunitario en Ecuador: desarrollo y sostenibilidad social. Editorial Abya Yala. ; Ruiz, Coca, Cantero, & Campo, 2008Ruiz, E., Coca, A., Cantero, P. & Campo, A. (2008). Turismo comunitario en Ecuador: Comprendiendo el community-based tourism desde la comunidad. Pasos, Revista de turismo y patrimonio cultural, 6(3), 399-418. ), destacaram-se no processo de envolvimento da comunidade, no sentido de facilitar o desenvolvimento do turismo comunitário.

Ressalta-se que em países como Argentina, Brasil, Chile, Honduras e Nicarágua, geralmente, as iniciativas são constituídas por grupos familiares e impulsionadas por iniciativas governamentais que tendem a ampliar o seu alcance de acordo com a sua realidade de inserção (Moraes et al., 2018Moraes, E. A., de Azevedo Irving, M., & Mendonça, T. C. M. (2018). Turismo de base comunitária na América Latina: uma estratégia em rede. Turismo-Visão e Ação, 20(2), 249 - 265. ).

Portanto, as iniciativas de TBC diversificam os seus modos de organização de acordo com interesses individuais e/ou coletivos nas dimensões econômicas e políticas (Moraes et al., 2018Moraes, E. A., de Azevedo Irving, M., & Mendonça, T. C. M. (2018). Turismo de base comunitária na América Latina: uma estratégia em rede. Turismo-Visão e Ação, 20(2), 249 - 265. ), destacando a necessidade de apoiar e avaliar a viabilidade destas experiências na perspectiva de desenvolvimento do turismo local, favorecendo a sua autonomia e produzindo mudanças necessárias e aspiradas por seus protagonistas em relação à conjuntura social vivenciada na comunidade (Irving, 2009Irving, M. A. (2009). Reinventando a reflexão sobre turismo de base comunitária. In Bartholo, R., Bursztyn, I & Sansolo, D. Turismo de Base Comunitária: diversidade de olhares e experiências brasileiras. Rio de Janeiro: Letra e Imagem. ; Maldonado, 2009Maldonado, C. (2009). O turismo rural comunitário na América Latina: Gênesis, características e políticas”. In Bartholo, R., Gruber, S. & Bursztyn, I. (Orgs). Turismo de Base Comunitária, diversidade de olhares e experiências brasileiras. Rio de Janeiro: Letra e Imagem . ; Rozemeijer, 2000Rozemeijer, N. (2000). Community-based tourism in Botswana: The SNV experience in in three community-tourism projects. Gaborone: SNV Botswana. ).

METODOLOGIA

Caracterização da área de estudo

A comunidade de Terra Caída está localizada no município de Indiaroba, sul do estado de Sergipe, Região Nordeste do Brasil. Situa-se “às margens do complexo estuarino dos rios Piauí e Real“ (Almeida & Vieira, 2011Almeida, M. G., & Vieira, L. V. L. (2011). Turismo no povoado de Terra Caída/Indiroba/SE: do individual ao comunitário. Rosa dos Ventos, 3(2), 159-171. ) e é conhecida por fornecer serviços de transporte náutico aos visitantes que querem se deslocar ao povoado de Mangue Seco, com a possibilidade de ir e voltar no mesmo dia. Este povoado está situado no Município de Jandaíra, litoral norte da Bahia, e compôs o cenário da novela “Tieta”, produzida e exibida pela Rede Globo, que foi inspirada no romance “Tieta do Agreste”, do escritor Jorge Amado. A fama do local, conjugada à sua paisagem, marcada por dunas e praia, desperta o interesse em muitos visitantes. Muitos chegam em veículo próprio ou de agência de turismo em Terra Caída, onde tem acesso às embarcações que levam até Mangue Seco. De acordo com Almeida e Vieira (2011) a comunidade abriga cerca de 25% das embarcações do município de Indiaroba.

Além dos serviços de transporte náutico, Terra Caída também é conhecida por sua gastronomia, caracterizada por pratos típicos e à base de frutos do mar, peixes e mariscos. Há alguns equipamentos turísticos que, observados in loco, compõem a oferta turística local, sendo eles: três pousadas de pequeno porte, habitações utilizadas como casas de veraneio e/ou segunda residência, embarcações do tipo lancha e quatro restaurantes.

A organização comunitária, segundos os entrevistados, está estruturada em três associações: Associação pela Cidadania dos Pescadores e Moradores de Terra Caída (ASPECTO), Associação de Desenvolvimento Comunitário Praia São José e Associação de Pequenos Produtores Rurais.

O TBC está diretamente relacionado à pesca artesanal, principal atividade econômica da região (Almeida & Vieira, 2011Almeida, M. G., & Vieira, L. V. L. (2011). Turismo no povoado de Terra Caída/Indiroba/SE: do individual ao comunitário. Rosa dos Ventos, 3(2), 159-171. ). Os mesmos autores ainda relatam que as primeiras ações voltadas ao turismo, de iniciativa da própria comunidade e com apoio da ASPECTO, foram: “Hospede-se na casa de um nativo” - cujo objetivo foi oferecer hospedagem aos turistas nas casas dos moradores da localidade; e “Almoce com os Nativos”, que incentivou a comunidade a preparar pratos típicos para venda direta aos visitantes.

O Município de Indiaroba, onde está localizada a comunidade de Terra Caída, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [IBGE] (2010Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE. (2010). Censo Demográfico. Recuperado de https:// cidades.ibge.gov.br/brasil/se/itabaiana/panorama
https:// cidades.ibge.gov.br/brasil/se/i...
), possui população aproximada de 15.831 habitantes, sendo que cerca de 65% moram na zona rural. No que se refere à comunidade deste estudo, de acordo com informantes locais, atualmente ali moram cerca de 400 famílias.

Indiaroba situa-se na região leste sergipana, na Microrregião de Estância, limites dos municípios de Santa Luzia do Itanhy, Estância, Umbaúba e Cristinápolis em Sergipe e Jandaíra, Bahia. A área geográfica local corresponde a 313,52 km² e é margeada pelos rios Saguim e Real, com os quais faz divisa com o Estado da Bahia e dista aproximadamente 100 km de Aracaju, capital do estado. Encontra-se na Área de Preservação Ambiental do Litoral Sul do Estado de Sergipe, criada pelo Decreto Governamental nº 13.468, de 21 de janeiro de 1993, constituída por manguezais, estuários, dunas, restingas, lagoas e remanescentes de Mata Atlântica, cercado de manguezais e coqueirais (IBGE, 2017Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE. (2017). Panorama de Cidades. Recuperado de https://cidades.ibge.gov.br/brasil/se/panorama.
https://cidades.ibge.gov.br/brasil/se/pa...
).

No que se refere à economia, tem-se uma composição setorial cujas atividades ligadas ao setor primário correspondem a 38,16%, as atividades secundárias representam 5,45% e as terciárias representam 56,39% (Sergipe, 2009Sergipe, Secretaria de Estado do Planejamento (2009). Sergipe em dados. Recuperado em https://www.sead.se.gov.br/wp-ontent/uploads/2016/06/sergipe_em_dados_2009.pdf
https://www.sead.se.gov.br/wp-ontent/upl...
). Considerando as principais atividades econômicas na comunidade de Terra Caída, segundo informações de representantes da Prefeitura Municipal, por ordem de relevância, são identificadas: a pesca, a agricultura e o turismo.

De acordo com o “Estudo de competitividade dos 65 destinos indutores do desenvolvimento turístico regional“, seguindo diretrizes do Plano Nacional de Turismo (2007-2010), o município encontra-se na região turística “Polo Costa dos Coqueirais”, contemplada por investimentos articulados e financiados entre o Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID e o Programa de Desenvolvimento do Turismo - PRODETUR (Brasil, 2008Brasil, Ministério do Turismo. (2008). Estudo de competitividade dos 65 Destinos indutores do desenvolvimento turístico regional. Relatório Brasil, Brasília. ). De forma sistematizada, o Estado de Sergipe possui cinco polos turísticos identificados, são eles: Polo Costa dos Coqueirais, Sertão das Águas, Polo Serras Sergipanas, Polo Tabuleiros, Velho Chico (Technum Consultoria, 2013Technum Consultoria. (2013). Polo Costa dos Coqueirais. Revisão do Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável. Brasília. Recuperado de www.turismo.gov.br/sites/default/turismo/DPROD/PDITS/SERGIPE/PDITS_POLO_COSTA_DOS_COQUEIRAIS.pdf ).

Procedimentos metodológicos

Inicialmente, foram realizadas pesquisas bibliográfica e exploratória em artigos, dissertações e livros sobre os temas: comunidade, turismo e turismo de base comunitária, de modo a subsidiar o referencial teórico sobre o objeto desse estudo e auxiliar na discussão dos resultados.

Os dados primários, principal fonte dos resultados desta pesquisa, foram colhidos por meio de um questionário semiestruturado, composto por perguntas abertas e fechadas, e aplicado in loco no ano de 2016. Tais dados produziram informações que permitiram analisar a possibilidade de desenvolver o Turismo de Base Comunitária na localidade, conhecer o grau de envolvimento da comunidade no processo de desenvolvimento turístico e perceber o conhecimento que se tinha sobre o turismo comunitário. Assim, a fim de facilitar a observação dos dados primários colhidos, a elaboração do questionário foi organizada de acordo com as dimensões e as variáveis conforme dispostas no Quadro 1.

Quadro 1
Dimensões e variáveis consideradas para a elaboração do questionário desta pesquisa

A dimensão caracterização sociodemográfica foi considerada no intuito de conhecer as características dos respondentes, tendo em vista que os sujeitos de pesquisa foram indicados pelos próprios entrevistados, como será detalhado na sequência.

A dimensão organização comunitária está relacionada com a participação da comunidade, defendida por vários autores como sendo um dos princípios do TBC (Coriolano, 2003Coriolano, L. N. M. T. (2003). Desenvolvimento voltado às condições humanas e o turismo comunitário. In Coriolano, L. N. M. T. & Lima, L. C. (Orgs.) Turismo comunitário e responsabilidade socioambiental. Fortaleza: EDUECE. ; Giampiccoli & Mtapuri, 2015Giampiccoli, A., Jugmohan, S., & Mtapuri, O. (2015). Community-based tourism in rich and poor countries: Towards a framework for comparison. African Journal for Physical Health Education, Recreation and Dance, 21(4.1), 1200-1216. ; Giampiccoli & Mtapuri, 2017; Irving, 2009Irving, M. A. (2009). Reinventando a reflexão sobre turismo de base comunitária. In Bartholo, R., Bursztyn, I & Sansolo, D. Turismo de Base Comunitária: diversidade de olhares e experiências brasileiras. Rio de Janeiro: Letra e Imagem. ; López-guzmán, Sanchez-Langares & Pavón, 2011López-guzmán, T., Sánchez-cañizares, S., & Pavón, V. (2011). Community-based tourism in developing countries: a case study. Tourismos, 6(1), 69-84. ; Lucchetti & Font, 2013Lucchetti, V. G. & Font, X. (2013). Community based tourism: Critical success factors. ICRT occasional paper, 27, 1-20. ; Tosun, 2000Tosun, C. (2000). Limits to community participation in the tourism development process in developing countries. Tourism management , 21, 613-633. ), que também pode ser entendia como protagonismo, cujo nível demonstrará se aquela comunidade está, de fato, desenvolvendo este modelo de turismo (Ballesteros, 2017Ballesteros, E. R. (2017). Keys for approaching community-based tourism. Gazeta de Antropología, 33 (1). ).

A dimensão percepções sobre o turismo buscou compreender: o interesse no desenvolvimento do turismo e os benefícios que este traz para a comunidade, tendo em vista que esta deve ser a principal beneficiária da atividade (Irving, 2019; Moraes et al., 2018Moraes, E. A., de Azevedo Irving, M., & Mendonça, T. C. M. (2018). Turismo de base comunitária na América Latina: uma estratégia em rede. Turismo-Visão e Ação, 20(2), 249 - 265. ; Projeto Bagagem, 2010); e o entendimento que os entrevistados têm sobre o TBC, considerando que a ausência do conhecimento do modelo dificulta a tomada de decisões (Gascón, 2013Gascón, J. (2013). As limitações do turismo de base comunitária como instrumento de cooperação para o desenvolvimento: o valor do conceito de vocação social do território. Jornal de Turismo Sustentável, 21(5), 716-731. ).

As demais dimensões contemplam variáveis que têm como base a percepção dos entrevistados, a fim de identificar o potencial turístico local, do ponto de vista comunitário, e as fragilidades que poderiam comprometer o TBC. Tais dados são fundamentais para identificar pontos fortes e fracos, a fim de se proceder com uma análise da implantação de desenvolvimento do TBC na comunidade estudada.

Compuseram os sujeitos desta pesquisa os envolvidos com a atividade turística local, a exemplo de responsáveis e/ou proprietários de estabelecimentos que compunham a oferta turística, prestadores de serviços turísticos e lideranças comunitárias.

Para se ter acesso aos sujeitos da pesquisa, considerou-se a metodologia snowball, que se trata de uma técnica de amostragem não probabilística que consiste na identificação dos atores sociais reconhecidos por mérito do seu papel de liderança na comunidade, de acordo com a amostragem por cadeias de referência. Técnica esta conhecida no Brasil como “amostragem em Bola de Neve”, ou “Bola de Neve” ou, ainda, como “cadeia de informantes” (Goodman 1961Goodman, L. (1961). Snowball sampling. Annals of Mathematical Statistics, 32, 148-170. apud Albuquerque, 2009Albuquerque, E. M. D. (2009). Avaliação da técnica de amostragem respondent-driven sampling na estimação de prevalências de doenças transmissíveis em populações organizadas em redes complexas. Dissertação de mestrado, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Brasil. ).

Logo, esse método consiste em iniciar o diálogo com lideranças locais legitimadas pela comunidade que vão indicando novas lideranças sucessivamente, até que seja alcançado o “ponto de saturação” (Goodman, 1961Goodman, L. (1961). Snowball sampling. Annals of Mathematical Statistics, 32, 148-170. ), identificado a partir do momento que passam a repetir as mesmas pessoas e informações de entrevistas passadas, sem acrescentar novos conteúdos de relevância. Neste sentido, consideraram-se como liderança os que se enquadravam na delimitação do sujeito desta pesquisa, como descrito anteriormente.

Empiricamente, a snowball iniciou a cadeia de informações pelo diretor de turismo do município da época. Ele foi escolhido por se tratar de um representante do poder público municipal, que residia na comunidade, logo possuía conhecimento sobre o turismo local. Além disso, foi o responsável por representar a comunidade em parcerias efetivadas com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe. Este, por sua vez, indicou pessoas que estavam diretamente envolvidas com a atividade turística e lideranças comunitárias, como representante da Associação Pela Cidadania dos Pescadores de Moradores de Terra Caída (ASPECTO) e um proprietário de uma pousada. Estes foram considerados pelo mesmo como atores locais influentes no turismo local. Estes, por sua vez, foram indicando outros atores locais, que indicaram outros até começar a se repetir os indicados e nenhuma pessoa nova ser indicada. Desta forma, fechou-se o círculo das lideranças locais reconhecidas pela comunidade, totalizando doze entrevistados. A diversidade de representatividade diluiu possíveis domínios de interesses e realçou as opiniões, aspectos que enriqueceram a discussão.

Depois de aplicado o questionário, os dados foram sistematizados e tabulados no software Microsoft Excel 10.0 (Office XP) para posterior análise e interpretação, cujos resultados são demonstrados na seção seguinte.

RESULTADOS

Seguindo o que se delineou na metodologia, todos entrevistados tinham envolvimento direto com a atividade turística e com a comunidade, sendo reconhecidos como atores locais e lideranças devido ao trabalho que desenvolviam em prol do turismo, em suas áreas de atuação, denotando o reconhecimento público de suas ações. As análises ocorrerão por dimensão, conforme Quadro 1, apresentado na metodologia.

Caracterização sociodemográfica da amostra

Inicialmente, procedeu-se com a caracterização dos atores locais da comunidade. Identificou-se que 87,5% da amostra foi composta por representantes da iniciativa privada, sendo o restante (12,5%) composto pelo setor público. Posteriormente, buscou-se a obtenção de dados sociodemográficos, tais como: idade, gênero, nível de escolaridade, ocupação e renda.

Em relação à faixa etária, a maioria dos inquiridos foi composta por adultos. Considerando que o respondente mais novo possuía 23 anos e o mais velho 62 anos, a média aritmética das idades corresponde a 42,8 anos. Na variável gênero, constatou- se que 62,5% da amostra foi constituída por mulheres. Quanto ao nível de escolaridade, conforme a Tabela 1, 37,5% dos entrevistados possuíam ensino médio; seguido pelo ensino básico, com 25%. O mesmo percentual, de 12,5%, foi atingido pelos que possuíam ensino fundamental e ensino superior, bem como pelos que afirmaram não possuir escolaridade. As bases educacionais são fundamentais para que ocorram tomadas de decisões consistentes com os interesses e as expectativas da comunidade (Gascón, 2013Gascón, J. (2013). As limitações do turismo de base comunitária como instrumento de cooperação para o desenvolvimento: o valor do conceito de vocação social do território. Jornal de Turismo Sustentável, 21(5), 716-731. ), por isso a importância de se observar o nível de escolaridade dos envolvidos numa análise como a proposta por esta pesquisa. No que se refere à ocupação, 87,5% dos entrevistados eram empreendedores no setor turístico, enquanto 12,5% se classificaram como desempregados. Ressalta-se que a comunidade é constituída por relações de parentesco muito próximas e, consequentemente, complementam e diversificam a cadeia produtiva entre familiares e geram empregos a estes. Fatores que podem interferir diretamente na comercialização do produto turístico ofertado, uma vez que há porosidade das relações comerciais quanto às relações sociais.

Tabela 1
Nível de escolaridade das lideranças locais de Terra Caída, Indiaroba - Sergipe, 2016.

Como pode ser observado na Tabela 2, verifica-se que 50% responderam que têm um rendimento mensal familiar que não ultrapassa a dois salários mínimos (SM), 37,5% afirmaram receber até 1 SM e 12,5%, até 4 SM. Neste aspecto, o TBC pode propiciar o aumento da renda familiar por meio do incremento de novas atividades. Importante salientar que, durante a aplicação do questionário, a maioria dos entrevistados hesitou em responder esta questão, afirmando ser muito pessoal, o que só foi transcendido com explicação sobre a finalidade científica da pesquisa.

Tabela 2:
Renda média mensal familiar das lideranças locais de Terra Caída, Indiaroba - Sergipe, 2016.

De acordo com a variável tempo de residência, o inquirido com menor tempo residia há 10 anos no local e o com maior tempo, 56 anos. Observa-se, ainda, que a média de tempo de residência dos entrevistados é 30,8 anos. Parte deles é natural da comunidade, enquanto os demais migraram de povoados vizinhos. Nesse contexto, cabe ressaltar que possíveis emigrações temporárias da zona rural para a urbana podem equilibrar a economia doméstica, todavia a médio e longo prazo empobreceriam recursos e sistemas (Gascón, 2013Gascón, J. (2013). As limitações do turismo de base comunitária como instrumento de cooperação para o desenvolvimento: o valor do conceito de vocação social do território. Jornal de Turismo Sustentável, 21(5), 716-731. ).

Organização Comunitária

Nesta dimensão, procurou-se conhecer a percepção e a experiência sobre trabalho em equipe, o desempenho das associações e o quanto os entrevistados já haviam participado de cursos e eventos na área do turismo. Desta forma, identifica-se por quais meios os entrevistados participam de ações voltadas ao desenvolvimento do turismo local, entendendo a participação como um dos princípios do TBC.

De acordo com a variável trabalho em equipe, constatou-se que 87,5% dos entrevistados já trabalharam em equipe, muito deles relatando que esta forma de organizar o trabalho facilitaria o alcance do objetivo coletivo de desenvolvimento e fortalecimento da comunidade. Há quem julgou ser, inclusive, o único meio para desenvolver e fortalecer os empreendimentos, consequentemente, o comércio e o turismo. Entretanto, 12,5% entendem que o trabalho em equipe não está relacionado ao desenvolvimento e nem sempre é associado à participação, isto porque visam alguns interesses particulares, como a concorrência e a pouca demanda.

Considerando que o turismo comunitário requer, entre seus princípios, a participação (Coriolano, 2003Coriolano, L. N. M. T. (2003). Desenvolvimento voltado às condições humanas e o turismo comunitário. In Coriolano, L. N. M. T. & Lima, L. C. (Orgs.) Turismo comunitário e responsabilidade socioambiental. Fortaleza: EDUECE. ; Giampiccoli & Mtapuri, 2015Giampiccoli, A., Jugmohan, S., & Mtapuri, O. (2015). Community-based tourism in rich and poor countries: Towards a framework for comparison. African Journal for Physical Health Education, Recreation and Dance, 21(4.1), 1200-1216. ; Giampiccoli & Mtapuri, 2017; Hunffer et al., 2018; Irving, 2009Irving, M. A. (2009). Reinventando a reflexão sobre turismo de base comunitária. In Bartholo, R., Bursztyn, I & Sansolo, D. Turismo de Base Comunitária: diversidade de olhares e experiências brasileiras. Rio de Janeiro: Letra e Imagem. ; López-guzmán, Sanchez-Langares & Pavón, 2011López-guzmán, T., Sánchez-cañizares, S., & Pavón, V. (2011). Community-based tourism in developing countries: a case study. Tourismos, 6(1), 69-84. ; Lucchetti & Font, 2013Lucchetti, V. G. & Font, X. (2013). Community based tourism: Critical success factors. ICRT occasional paper, 27, 1-20. ; Tosun, 2000Tosun, C. (2000). Limits to community participation in the tourism development process in developing countries. Tourism management , 21, 613-633. ), torna-se fundamental que a comunidade junte esforços ao disseminar a prática do trabalho em grupo e a centralidade da colaboração para que se apoie a implantação; aumente a potencialidade da comunidade; estabeleçam metas conjuntas; democratizem oportunidades e benefícios; para, por fim, alcançar o desenvolvimento esperado por todos.

Todavia cabe ressaltar que, se a comunidade não possuir uma experiência profunda do turismo, o processo não poderá ser democrático ou participativo (Gascón, 2013Gascón, J. (2013). As limitações do turismo de base comunitária como instrumento de cooperação para o desenvolvimento: o valor do conceito de vocação social do território. Jornal de Turismo Sustentável, 21(5), 716-731. ). E que, ainda, se somente parte desta comunidade possuir a devida experiência, é possível que se aumente a diferenciação socioeconômica dos residentes (Mowforth & Munt, 2015).

Como pode ser observado na Tabela 3, a maioria (62,5%) informa que as associações locais não apresentam um bom desempenho em prol do desenvolvimento do turismo na comunidade. Alguns entrevistados relataram a necessidade de a comunidade desenvolver lideranças ativas para que planejem e articulem o desenvolvimento local. Por outro lado, 20% estão satisfeitos com os resultados dos trabalhos das associações e afirmam que as mudanças são a longo prazo.

Tabela 3:
Avaliação do desempenho das associações locais de Terra Caída, Indiaroba - Sergipe, 2016.

Estes dados corroboram com os achados de Almeida e Vieira (2011Almeida, M. G., & Vieira, L. V. L. (2011). Turismo no povoado de Terra Caída/Indiroba/SE: do individual ao comunitário. Rosa dos Ventos, 3(2), 159-171. ), que afirmam que a carência de recursos financeiros limita o desenvolvimento das ações destas associações. Isto, por sua vez, pode resultar na imagem negativa que a maioria dos entrevistados deste estudo manifestou acerca do desempenho destes organismos.

As associações possuem um importante papel no turismo de base comunitária, uma vez que, por meio delas, a comunidade ganha força para reivindicar, junto aos órgãos públicos, as melhorias necessárias para o desenvolvimento local. Além disso, se constituem como uma instância de participação legitimada pelo todo, por congregar os moradores e discutir pautas de interesses coletivos. Neste sentido, elas devem proporcionar um fluxo democrático e serem ativas, o que depende da atuação não só da diretoria, mas também dos moradores.

De acordo com Portes (2000Portes, A. (2000). Capital social: origens e aplicações na sociologia contemporânea. Sociologia, problemas e práticas, 33, 133-158. ), a participação em associações seria um dos indicadores para se avaliar o capital social em uma comunidade. Segundo o mesmo autor, este capital é reflexo da sociabilidade, o que garantiria a determinados grupos o poder e a influência para se atingir os benefícios almejados. No caso em tela, tais benefícios poderiam ser traduzidos como as melhorias almejadas pela e na comunidade para o desenvolvimento turístico. Assim, pode-se inferir que o capital social estaria diretamente relacionado com o protagonismo e, de acordo com Ballesteros (2017Ballesteros, E. R. (2017). Keys for approaching community-based tourism. Gazeta de Antropología, 33 (1). ), o nível de protagonismo local na atividade turística determinará se aquela experiência se trata de turismo de base comunitária ou não.

Verificou-se que 62,5% dos entrevistados já participaram de alguma iniciativa de qualificação voltada para o turismo, em que 50% correspondiam às palestras/reuniões e 12,5% a outras atividades. Por outro lado, 37,5% nunca participaram de nenhuma dessas atividades, o que reflete a necessidade de capacitação para potencialização do conhecimento que estes dispõem sobre o turismo. Almeida e Vieira (2011Almeida, M. G., & Vieira, L. V. L. (2011). Turismo no povoado de Terra Caída/Indiroba/SE: do individual ao comunitário. Rosa dos Ventos, 3(2), 159-171. ) já haviam relatado a carência deste tipo de qualificação na comunidade. Gascón (2013Gascón, J. (2013). As limitações do turismo de base comunitária como instrumento de cooperação para o desenvolvimento: o valor do conceito de vocação social do território. Jornal de Turismo Sustentável, 21(5), 716-731. ) aponta que a atividade turística é tão complexa que as atividades de educação e treinamento serão sempre escassas se a comunidade não possuir bases suficientes para tomada de decisões consistentes com seus interesses e expectativas.

Percepção sobre o turismo na Comunidade

Esta dimensão buscou conhecer a percepção que os atores locais detinham sobre o turismo, sobre turismo de base comunitária e se estavam interessados em receber visitantes.

O turismo é entendido como algo que traz benefícios, o que, de acordo com 75% dos entrevistados, traz resultados satisfatórios. Esse dado pode ser corroborado com os princípios do turismo de base comunitária, em que a comunidade é a principal beneficiária e o principal sujeito desta atividade (Irving, 2019; Moraes et al., 2018Moraes, E. A., de Azevedo Irving, M., & Mendonça, T. C. M. (2018). Turismo de base comunitária na América Latina: uma estratégia em rede. Turismo-Visão e Ação, 20(2), 249 - 265. ; Projeto Bagagem, 2010). Por outro lado, 25% afirmaram que o turismo local não tem beneficiado a comunidade e poderia ser mais bem explorado por todos.

Quando questionado sobre o turismo de base comunitária, 62,5% dos entrevistados responderam que já haviam ouvido falar sobre esse modelo de turismo, mas desconheciam a integralidade de seus princípios. Gascón (2013Gascón, J. (2013). As limitações do turismo de base comunitária como instrumento de cooperação para o desenvolvimento: o valor do conceito de vocação social do território. Jornal de Turismo Sustentável, 21(5), 716-731. ) ressalta que a ausência do conhecimento pleno do modelo mostra a dificuldade que a população local tem em compreender o que a nova atividade implica, o que consequentemente dificulta a tomada de decisões. Complementa afirmando que a experiência do turismo em comunidade é um aspecto que remete à reflexão sobre a compreensão da complexidade do setor, de como funciona o mercado turístico e seus processos de oferta e demanda, de planejamento, de controle e gestão no destino, bem como das consequências que poderiam ter para as relações sociais, práticas, culturais, políticas, estruturais e em atividades de produção tradicionais da comunidade. O autor destaca que, numa população sem experiência do turismo, sua capacidade de tomar decisões adequadas a seus interesses é praticamente nula.

Visando compreender a aceitação de visitantes na comunidade, questionou- lhes se estavam dispostos a receber visitantes, mesmo em outras épocas que não fossem durante as festividades que ali ocorrem e que geram grande movimento de pessoas. Obteve-se resposta positiva de todos inquiridos. Este dado ajuda a demonstrar o interesse da comunidade pelo desenvolvimento turístico, uma vez que está disposta a atender a demanda turística continuadamente. Assim, constatou-se a disposição dos agentes comunitários para a ampliação da atividade turística.

Caracterização do potenCial turístico local

O potencial turístico local tomou como referências as manifestações culturais existentes, a conservação dos recursos naturais, os atrativos turísticos em potencial e o fluxo de demanda turística. Considerando que entre os pilares do TBC está a conservação da cultura local (Irving, 2019; Maldonado, 2009Maldonado, C. (2009). O turismo rural comunitário na América Latina: Gênesis, características e políticas”. In Bartholo, R., Gruber, S. & Bursztyn, I. (Orgs). Turismo de Base Comunitária, diversidade de olhares e experiências brasileiras. Rio de Janeiro: Letra e Imagem . ; Projeto Bagagem, 2010), procurou- se identificar as manifestações tradicionais locais e a adesão da comunidade a elas. Identificou-se a ocorrência dos seguintes eventos: regatas de barco; comemoração do Réveillon; Carnaval; e festividades religiosas, tais como São Pedro, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora Aparecida e São José (o padroeiro do povoado). Estes eventos são considerados alavanca do dinamismo desta comunidade e atraem um fluxo intenso de visitantes nos períodos em que ocorrem, contribuindo positivamente para a economia local. De acordo com os entrevistados, 75% declararam que há alta adesão dos moradores nestes eventos. Mesmo percentual afirmou que estes atraem visitantes, o que considera fundamental para o desenvolvimento do turismo.

Tendo em vista que, além da atratividade cultural, a comunidade também dispõe de atratividade natural, como os rios que a margeiam e as atividades neles desenvolvidas, buscou-se conhecer a percepção que os entrevistados detinham sobre os recursos naturais locais. A maioria (62,5%) entendia que estes são preservados, mas que para mantê-los assim depende da sensibilização dos moradores e dos visitantes. Os demais (37,5%) consideraram que os recursos naturais locais não são preservados. Complementarmente, 87,5% dos entrevistados acreditavam na existência de relação entre o turismo e a conservação ambiental, enquanto 12,5% acreditavam que essa relação não existia.

Ainda, no que se refere ao potencial turístico da comunidade, Almeida e Vieira (2011Almeida, M. G., & Vieira, L. V. L. (2011). Turismo no povoado de Terra Caída/Indiroba/SE: do individual ao comunitário. Rosa dos Ventos, 3(2), 159-171. , p. 170) relataram a existência de alguns atrativos e roteiros turísticos que poderiam ser mais bem explorados, a exemplo da “Fonte das Pedras, (…) passeios pelos manguezais de barco a vela; Lagoa Vermelha; passeios de jegue, charrete e bicicleta; trilhas para trekking; turismo náutico de velejadores”. Logo, estes teriam potencial de serem inseridos na oferta turística da comunidade, ampliando-a e possibilitando atender a uma demanda também mais diversificada.

Quanto ao movimento turístico, este reflete um aumento exponencial do fluxo nos finais de semana, durante as manifestações culturais e nos períodos de férias escolares. Os meses de dezembro a fevereiro são os que apresentam maior demanda, consequentemente maior rendimento familiar. Em função dela, 50% dos entrevistados consideram a demanda fraca ao longo do ano e mesmo percentual a julgam razoável. Esta percepção pode ser reflexo da sazonalidade, característica da atividade turística, que gera períodos de oscilação da demanda.

Com base nestes dados, verifica-se que a comunidade reconhece o potencial que possui, para que possa ser convertido em elemento de atratividade turística, embora reconheça que a demanda possa ser ampliada.

Fragilidades para a implantação do TBC na comunidade

Alguns pontos são entraves para o desenvolvimento turístico na comunidade. Neste sentido, procurou-se identificar quais destes deveriam ser alvo prioritário de melhoria na percepção dos entrevistados. Estes, por sua vez, relataram que deveria haver mais investimento na promoção da comunidade e das festividades locais; na manutenção e na ampliação da infraestrutura da comunidade, com melhoria nos serviços de limpeza das vias públicas, organização do povoado, saneamento básico e segurança pública. Concomitante a isso, as lideranças sugeriam a instalação de serviços, como caixa eletrônico e posto de informações. Também alertaram para o potencial de desenvolvimento do turismo de pesca e da criação de um centro de artesanatos. Por outro lado, reconhecem que a própria comunidade deve valorizar os hábitos e os costumes locais, a fim de fortalecer a identidade local, bem como melhorar a qualidade do atendimento prestado ao visitante. Outros fatores apontados pelos entrevistados estão relacionados à concorrência com destinos similares, a exemplo do Povoado Pontal, localizado no mesmo município e que também oferece serviços de transporte náutico para o Povoado Mangue Seco. Contudo, também consideram altos os preços de passeios de barco praticados na própria comunidade, a falta do espírito de equipe dos distintos atores locais e o funcionamento ineficiente das associações comunitárias.

Visando atingir as melhorias na comunidade, os entrevistados sugeriram as seguintes soluções: limpeza e iluminação nas ruas; reforma do cais e da ponte; criação de uma praça e de uma orla; promoção de eventos; divulgação das manifestações culturais; e viabilização de água potável para todos (a utilização de água de poço ainda é o meio mais comum de se obter água).

Observa-se que muitos dos entraves para o desenvolvimento do turismo identificados pelos entrevistados estão relacionados à limitação de infraestrutura básica, cuja ausência pode levar a impactos negativos sobre a comunidade, em caso de aumento de demanda turística. Este, inclusive, é um fator que limita a ampliação da oferta turística por parte da própria comunidade, o que pode resultar em um atendimento ineficiente da demanda.

Complementarmente, além da percepção dos entrevistados, os dados também revelaram outras fragilidades relacionadas à própria organização comunitária. Isto foi percebido com os seguintes aspectos, como relatado anteriormente: atuação insuficiente das Associações, o que limita o protagonismo comunitário; e entendimento incipiente sobre o que é o Turismo de Base Comunitária, ocasionado possivelmente pela carência de ações de qualificação.

Ressalta-se que as fragilidades ora identificadas corroboram com os achados de Almeida e Vieira (2011Almeida, M. G., & Vieira, L. V. L. (2011). Turismo no povoado de Terra Caída/Indiroba/SE: do individual ao comunitário. Rosa dos Ventos, 3(2), 159-171. ), que, em seu estudo, concluíram que a qualificação dos moradores, a infraestrutura e, mais, os desafios da pesca e da questão ambiental, eram os principais entraves para o desenvolvimento turístico local.

Tendo como base os resultados ora apresentados e confrontando-os com os princípios e as diretrizes do turismo de base comunitária (Corless, 2002Corless, G. (2002). Community-based tourism planning and policy: The case of the Baffin Region, Nunavut. Dissertação de mestrado, McGill University, Montreal, Canadá. ; Giampiccoli & Mtapuri, 2017Giampiccoli, A., & Mtapuri, O. (2017). Beyond community-based tourism. Towards a new tourism sector classification system. Gazeta de Antropología , 33(1). ; Irving, 2019; Jugmohan & Steyn, 2015Jugmohan, S. & Steyn, J. N. (2015). A pre-condition evaluation and management model for community-based tourism. African Journal for Physical Health Education, Recreation and Dance , 21(3), 1065- 1081. ; Okazaki, 2008Okazaki, E. (2008). A community-based tourism model: Its conception and use. Journal of Sustainable Tourism , 16(5), 511-529. ; Projeto Bagagem, 2010; Suansri, 2003Suansri, P. (2003). Community Based Tourism Handbook. Bangkok: Responsible Ecological Social Tour- REST. ), verifica-se que este modelo é ainda embrionário na comunidade.

Alguns dos caminhos para a implantação do TBC na localidade perpassariam pela promoção dos princípios deste modelo aos membros da comunidade, conjuntamente com ações de um planejamento turístico participativo. Contudo, apenas ações no âmbito do planejamento podem não ser eficientes, se a comunidade ainda carece de infraestruturas mínimas, como saneamento básico. Por outro lado, a compreensão, por parte dos moradores, dos efeitos positivos do turismo possibilitaria um empoderamento local, motivando-os a buscar as soluções para os entraves apresentados, por meio da atuação efetiva nas associações locais e demais instâncias de governança. Ou seja, por meio do protagonismo comunitário frente às suas reais necessidades para, então, conseguir avançar com as melhorias no desenvolvimento turístico.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a realização desta pesquisa, pode-se atestar que o turismo é uma atividade econômica de desenvolvimento incipiente em Terra Caída, onde o modelo de planejamento e gestão pautado nos princípios do turismo de base comunitária pode ser a melhor alternativa para dinamizar os resultados desta atividade para a comunidade.

No que se refere à análise de potencialidade de desenvolvimento deste modelo de turismo, que foi o principal objetivo deste trabalho, verificou-se que o potencial é limitado pelas ameaças identificadas, especialmente no que se refere à carência de infraestrutura básica e à pouca organização comunitária ou ao fraco capital social, representado pela insuficiente atuação das associações locais. A falta de qualificação dos atores locais na área turística também pode se configurar como uma ameaça, uma vez que limita o entendimento sobre a atividade e, consequentemente, dificulta o processo participativo de tomada de decisão. Isto, por sua vez, vai de encontro aos princípios do TBC, que têm na participação comunitária e no protagonismo local suas principais bases.

Por outro lado, a comunidade dispõe de potencial de atratividade, composto por elementos naturais, como os rios e os mangues; elementos culturais, como as festividades locais; e elementos artísticos, como o apelo do destino turístico Mangue Seco, que inspirou o escritor Jorge Amado a escrever o romance Tieta do Agreste e onde foi cenário de gravações da novela Tieta. Este último elemento poderia ser mais explorado pela comunidade, uma vez que agregaria valor à marca local.

Complementarmente, a comunidade tem interesse em desenvolver o turismo, uma vez que ela percebe os efeitos econômicos positivos em momentos de demanda turística, ainda que haja a sazonalidade. O interesse na atividade se configura como um facilitador para as iniciativas de organização comunitária e seu envolvimento nas instâncias de gestão e nos processos de tomada de decisão. Esta atitude está diretamente relacionada aos princípios do TBC.

Com base nos resultados da pesquisa, verifica-se a necessidade de planejamento do TBC na comunidade, ora pela estruturação da comunidade na oferta de bens e serviços diversificados, ora pelos mecanismos de orientação, comunicação e organização comercial. Além disso, é fundamental que os atores locais compreendam e participem das tomadas de decisão inerentes ao desenvolvimento do turismo, bem como da mediação dos conflitos de interesses no trabalho em equipe, a fim de que se minimizem os impactos negativos e que os resultados positivos sejam equitativos, prezando pela representatividade, pela cooperação e pelo respeito aos costumes e ao limite de uso dos recursos naturais. Não obstante, evidencia-se a potencialidade para a implantação do TBC em Terra Caída, dada a sua atratividade turística natural e cultural, bem como pelo interesse local.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    22 Mar 2021
  • Data do Fascículo
    Jan-Apr 2021

Histórico

  • Recebido
    30 Abr 2020
  • Aceito
    18 Ago 2020
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