Acessibilidade / Reportar erro

Interfaces entre território, ambiente e saúde na atenção primária: uma leitura bioética

Las interfaces entre territorio, ambiente y salud en la atención primaria: una lectura bioética

Interface between territory, environment and health in primary care: a bioethics approach

Resumos

Os desafios éticos da saúde pública são atravessados por determinantes macro e microssociais, exigindo que o serviço esteja focado no território de abrangência e nas necessidades de sua respectiva população. Por isso, entender as interfaces entre território, ambiente e saúde é importante. Território é o espaço das sociabilidades cotidianas do grupo social que o habita, não reduzido aos limites administrativos. Saúde depende tanto do micro território quanto do macro ambiente natural e societário, pois ambos configuram os determinantes sociais da reprodução da vida. Assim, o primeiro desafio ético é a construção de um modelo de atenção que integre cuidados primários e conhecimentos da vigilância sobre as necessidades em saúde daquele território. Outro, é a construção de ações intersetoriais politicamente articuladas e pactuadas para enfrentar os determinantes sociais e os danos ambientais que afetam a saúde daquela população no sentido da melhoria de sua qualidade de vida.

Bioética; Saúde pública; Atenção básica à saúde; Vigilância em saúde; Território; Ambiente; Determinantes sociais da saúde


Los desafíos éticos de la salud pública están atravesados por determinantes micro y macro sociales, exigiendo que el servicio esté enfocado en el territorio de abarcamiento y en las necesidades de su respectiva población. Por eso entender las interfaces entre territorio, ambiente y salud es importante. Territorio es el espacio de las sociabilidades cotidianas del grupo social que lo habita, no reducido a los límites administrativos. Salud depende tanto del micro territorio, cuanto del macro ambiente natural y societario, ya que ambos configuran los determinantes sociales de la reproducción de la vida. Así, el primer desafío ético es la construcción de un modelo de asistencia que integre cuidados primarios y los conocimientos de la vigilancia sobre las necesidades en salud de aquel territorio. Otro desafío ético es la construcción de acciones inter-sectoriales políticamente articuladas y acordadas para enfrentar los determinantes sociales y los daños ambientales que afectan la salud de aquella población en el sentido de mejorar su calidad de vida.

Bioética; Salud pública; Atención primaria de salud; Vigilancia en salud; Territorio; Ambiente; Determinantes sociales de la salud


Ethic challenges of public health are traversed by micro and macro social determinants, requiring the health service to be focused on the scope and its population's needs. Therefore understanding the interface between territory, environment and health is important. Territory is the space of the daily sociability of the social group who inhabit it, not reduced to administration limits. Health depends both on the micro territory and the macro natural and social environment, since represent the social determinants of life reproduction. So, the first ethic challenge is the construction of an assistance model which integrates primary care and the surveillance knowledge on the health needs of this territory. Another challenge is to build intersectoral actions, politically jointed and compromised to face social determinants and environmental damages that affect the health of population, improving their life quality.

Bioethics; Public health; Primary care service; Health surveillance; Territory; Environment; Health social determinants


  • 1
    Zoboli ELCP, Fortes PAC. Novas pontes para a bioética: do indivíduo ao coletivo, da alta especialização à atenção básica. Mundo Saúde (Impr.). 2004;28(1):28-33.
  • 2
    Robillard HM, High DM, Sebastian JG, Pisaneschi JI, Perritt LJ, Mahler DM. Ethical issues in primary health care: a survey of practioners' perceptions. J Community Health. 1989;14(1):9-17.
  • 3
    Mazetto FAP. Pioneiros da geografia da saúde: séculos XVIII, XIX e XX. In: Barcellos C, organizador. A geografia e o contexto dos problemas de saúde. Rio de Janeiro: Abrasco; 2008. p. 17-33.
  • 4
    Santos M. Metamorfoses do espaço habitado. São Paulo: Hucitec; 1988. p. 28.
  • 5
    Miranda AC, Barcellos C, Moreira JC, Monken M et al., organizadores. Território, ambiente e saúde. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2008.
  • 6
    Santos M. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 4a ed. São Paulo: Edusp; 2006.
  • 7
    Nossa PN. Linhas de investigação contemporâneas na geografia da saúde e a noção holística de saúde. In: Barcellos C, organizador. A geografia e o contexto dos problemas de saúde. Rio de Janeiro: Abrasco; 2008. p. 35-62.
  • 8
    Samaja JA. A reprodução social e a saúde: elementos teóricos e metodológicos sobre a questão das "relações" entre saúde e condições de vida. Salvador: Editora Casa de Qualidade; 2000.
  • 9
    Samaja JA. Epistemología de la salud: reproducción social, subjetividad y transdisciplina. Buenos Aires: Lugar Editorial; 2004.
  • 11. Junges JR, Zoboli EL. Bioética e saúde coletiva: convergências epistemológicas. Ciên Saúde Colet. 2012;17(4):1054.
  • 12. Junges JR, Selli L. Bioethics and environment: a hermeneutic approach. J Int Bioethique. 2008; 19(1-2):105-19.
  • 13. Bourdieu P. The forms of capital. In: Richardson JG, organizer. Handbook of theory and research for the sociology of education. Westport: Greenwood Press; 1986. p. 241-58.
  • 14. Pattussi MP, Junges JR, Moysés SJ, Sheiham A. Capital social e agenda de pesquisa em epidemiologia. Cad Saúde Pública. 2006;22(8):1525-46.
  • 15. Junges JR. A proteção do meio ambiente na declaração universal de bioética e direitos humanos. Revista Brasileira de Bioética. 2006;2(1):21-38.
  • 16. Ávila-Pires FD. Princípios de ecologia médica. Florianópolis: UFSC; 2000.
  • 17. Minayo MCS. Enfoque ecossistêmico de saúde e qualidade de vida. In: Minayo MCS, Miranda AC, organizadores. Saúde e ambiente sustentável: estreitando os nós. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2002. p. 173-89.
  • 19. Morin E. O método 4 As ideias: habitat, vida, costumes, organização. Porto Alegre: Sulina; 2001. p. 319.
  • 21. Morin E. O método 3 O conhecimento do conhecimento. Porto Alegre: Sulina; 1999.
  • 22. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria no 3.252, de 22 de dezembro de 2009. Aprova as diretrizes para execução e financiamento das ações de Vigilância em Saúde pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios e dá outras providências. Diário Oficial da União. 23 dez. 2009;(245):seção I, p. 65-9.
  • 23. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria no 2.488, de 21 de outubro de 2011. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica, para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Diário Oficial da União. Brasília 24 out. 2011;(204):seção I, p. 48-55.
  • 24. Mendes EV. Distrito sanitário: o processo social de mudança das práticas sanitárias do sistema único de saúde. São Paulo: Hucitec; 1993.
  • 25. Paim JS. Vigilância da saúde: tendências de reorientação de modelos assistenciais para a promoção da saúde. In: Czeresnia D, Freitas CM, organizadores. Promoção da saúde: conceitos, reflexões e tendências. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2003. p. 161-74.
  • 26. Teixeira CF. Promoção e vigilância da saúde. Salvador: Ceps-ISC; 2002.
  • 27. Teixeira CF. Promoção e vigilância da saúde no contexto da regionalização da assistência à saúde no SUS. Cad Saúde Pública. 2002;(18 Suppl):153-62.
  • 28. World Health Organization. Declaração política do Rio sobre determinantes sociais da saúde. Conferência mundial sobre os determinantes sociais da saúde. [Internet]. Rio de Janeiro: WHO; 2011 [acesso 10 maio 2013]. Disponível: http://www.who.int/sdhconference/declaration/Rio_political_declaration_portuguese.pdf
  • 29. Brasil. Comissão Nacional sobre os Determinantes Sociais da Saúde. Determinantes sociais da saúde ou por que alguns grupos da população são mais saudáveis que outros? [Internet] Rio de Janeiro: Fiocruz; 2006 [acesso 10 maio 2013]. Disponível: http://www.determinantes.fiocruz.br/chamada_home.htm
  • 30. Buss PM, Pelegrini Filho A. A saúde e seus determinantes sociais. Physis. 2007;17(1):77-93.
  • 31. World Health Organization. Essential environmental health standards in health care. Adams J, Bartram J, Chartier Y, editors. [Internet]. Geneva: WHO; 2008 [acesso 13 abr. 2013]. Disponível: http://whqlibdoc.who.int/publications/2008/9789241547239_eng.pdf
  • 32. Rigotto RM, Augusto LGS. Saúde e ambiente no Brasil: desenvolvimento, território e iniquidade social. Cad Saúde Pública. 2007;23(4 suppl.):S475-85 .
  • 33. Acselrad H, Herculano S, Pádua JA, organizadores. Justiça ambiental e cidadania. Rio de Janeiro: Relume-Dumará; 2004.
  • 34. Freitas CM, Porto MF. Saúde, ambiente e sustentabilidade. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2006.
  • 35. Acselrad H, Mello CCA, Bezerra GN. O que é justiça ambiental. Rio de Janeiro: Garamond; 2009. p. 160.
  • 37. Junges JR, Selli L. Bioethics and environment: a hermeneutic approach. J Int Bioethique. 2008;19(1-2):105-19.
  • 38. Junges JR. (Bio)ética ambiental. São Leopoldo: Unisinos; 2004.
  • 39. Masuda JR, Poland B, Baxter J. Reaching for environmental health justice: canadian experiences to an agenda of research, policy and advocacy comprehensive health promotion. Health Promot Int. [Internet]. 2010 [acesso 27 maio 2013]; 25(4): 453-63. Disponível: http://www.problemsinanes.com/pt/re/pgme/
  • 40. Maeseneer MDJ, Sutter MDA, MAS Willems, MLI Van de Geuchte, MSM Billings. Primary health care as a strategy for achieving equitable care: a literature review commissioned by the Health Systems Knowledge Network. [Internet]. 2007 [acesso 19 ago. 2011]. Disponível: http://www.who.int/social_determinants/resources/csdh_media/primary_health_care_2007_en.pdf
  • 41. Mendes EV. Revisão bibliográfica sobre as redes de atenção à saúde. [Internet]. Belo Horizonte: Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais; 2007 [acesso 30 maio 2013]. Disponível: http://www.saude.es.gov.br/download/REVISAO_BIBLIOGRAFICA_SOBRE_AS_REDES_DE_ATENCAO_A_SAUDE.pdf

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    17 Out 2013
  • Data do Fascículo
    Ago 2013

Histórico

  • Recebido
    05 Mar 2013
  • Aceito
    05 Jun 2013
  • Revisado
    14 Maio 2013
Conselho Federal de Medicina SGAS 915, lote 72, CEP 70390-150, Tel.: (55 61) 3445-5932, Fax: (55 61) 3346-7384 - Brasília - DF - Brazil
E-mail: bioetica@portalmedico.org.br