Acessibilidade / Reportar erro

Limitação do suporte de vida em unidade de terapia intensiva pediátrica

Limitation of life support in the pediatric intensive care unit

Limitación del soporte de vida en unidad de cuidados intensivos pediátricos

Resumos

O presente estudo resulta de revisão de prontuários de pacientes falecidos no período de quatro anos em UTI pediátrica de hospital universitário, tendo analisado variáveis como tempo de internação, diagnóstico da principal falência orgânica da criança, ocorrência de doenças crônicas prévias, tomada de decisões dos médicos referentes à introdução de medidas de suporte vital de vida, ordens de não reanimação e qualidade da relação dos profissionais com familiares dos pacientes. Os resultados sugerem que as condutas adotadas pelos médicos refletem majoritariamente a preocupação de se protegerem contra eventuais processos judiciais decorrentes da acusação de omissão de socorro. Embora os casos clínicos estudados refiram-se a pacientes portadores de enfermidades terminais, o que por si só envolve complexos conflitos morais, em nenhum momento foi oferecido aos familiares dos pacientes a possibilidade de participarem dos processos de decisões médicas e, tampouco, existem registros de consultas ao comitê de ética do hospital.

Cuidados médicos; Cuidados paliativos na terminalidade da vida; Unidade de terapia intensiva; Pediatria; Leis-Crime-Brasil; Legislação


The present study has been made through a revision of medical reports during the period of three years at the Pediatric Intensive Care Unit of a University Hospital, having analyzed the variables as, hospitalization time, diagnosis of the child's principle organ failure, presence of chronic disease, the doctor's decision concerning the introduction of life support measure, the do-not-resuscitate (DNR) orders additionally the relationship quality towards doctors and relatives. Most of the obtained results revealed that the procedures adopted by doctors reflect majorly the professional concerns to protect themselves from lawsuits about neglecting help. Although, the clinic cases studied refers to patients carriers of terminal illness, which only by itself, involves an enormous quantity of moral conflicts, at none of these situations were offered to the patient's relatives the possibility to participate at the deliberately procedures about the medical decision therefore there were no consultations with the Ethics Committee from the Hospital.

Medical care; Hospice care; Intensive care units; Pediatrics. Laws-Crime-Brazil; Legislation


El presente estudio es el resultado de una revisión de registros de pacientes fallecidos en el período de tres años en la UCI Pediátricos de un Hospital Universitario, se ha analizado variables como tiempo de permanencia en el hospital, diagnóstico de la principal falla orgánica del niño, la toma de decisiones de los médicos con respecto a medidas de soporte de la vida, órdenes de no reanimación y la calidad de la relación de los profesionales con las familias de los enfermos. Los resultados muestran que las conductas adoptadas por los médicos reflejen principalmente la preocupación de ellos en protegerse de posibles demandas judiciales por cargo de omisión de socorro. Aunque los casos clínicos estudiados se refieran a pacientes con enfermedades terminales, lo que a su vez enredase en complejos conflictos morales, en ningún momento fue ofrecido a los familiares de los enfermos la oportunidad de participar del proceso de la toma de decisiones médicas y, tampoco hay registro de consultas a la Comisión de Ética del Hospital.

Atención médica; Cuidados paliativos al final de la vida; Unidades de cuidados intensivos; Pediatría; Leyes-Crimen-Brasil; Legislación


  • 1
    Piva JP, Carvalho PRA. Considerações éticas nos cuidados médicos do paciente terminal. Bioética. 1993;1(2):129-39.
  • 2
    Pinto LF. As crianças do vale da morte: reflexões sobre a criança terminal. J Pediatr. 1996;72(5):28794.
  • 3
    Gavrin JR. Ethical considerations at the end of life in the intensive care unit. Crit Care Med. 2007;35(Suppl 2):S85-92.
  • 4
    Callahan D. Living and dying with medical technology. Crit Care Med. 2003;31(Suppl 5):S344-6.
  • 5
    Kipper DJ, Martin L, Fabbro L. Decisões médicas envolvendo o fim da vida: o desafio de adequar as leis às exigências éticas. J Pediatr. 2000;76(6):403-6.
  • 6
    Pessini L. Distanásia: até quando investir sem agredir. Bioética. 1996;4(1):31-43.
  • 7
    Mink RB, Pollack MM. Resuscitation and withdrawal of therapy in pediatric intensive care. Pediatrics. 1992;89(5):961-3.
  • 8
    Kipper DJ, Piva JP. Dilemas éticos e legais em pacientes criticamente doentes. J Pediatr. 1998;74(4):261-2.
  • 9
    Heide A, Deliens L, Faisst K, Nilstun T, Norup M, Paci E et al. End-of-life decision-making in six european countries: descriptive study. Lancet. 2003;361:345-50.
  • 10
    Prendergast TJ, Claessens MT, Luce JM. A national survey of end-of-life care for critically III patients. Am J Respir Crit Care Med. 1998;158:1.163-7.
  • 11
    Lago PM, Garros D, Piva JP. Terminalidade e condutas de final de vida em unidades de terapia intensiva pediátrica. Rev Bras Ter Intensiva. 2007;19(3):359-63.
  • 12
    American Academy of Pediatrics. Committee on bioethics and committee on hospital care. Palliative care for children. Pediatrics. 2000;106(2 Pt 1):351-5.
  • 13
    Rotta AT. Cuidados no final da vida em pediatria: muito mais do que uma luta contra a entropia. J Pediatr. 2005;81(2):93-4.
  • 14
    Kipper DJ, Piva JP, Garcia PCR, Einloft PR, Bruno F, Lago PM et al. Evolution of the medical practices and modes of death on pediatric intensive care units in southern Brazil. Pediatr Crit Care Med. 2005;6(2):1-6.
  • 15
    Carvalho PRA, Rocha TS, Santo AE, Lago PM. Modos de morrer na UTI pediátrica de um hospital universitário. AMB Rev Ass Med Bras. 2001;47(4):325-31.
  • 16
    Lago PM, Piva JP, Kipper DJ, Garcia PC, Pretto C, Giongo M et al. Limitação do suporte de vida em três unidades de terapia intensiva pediátrica do sul do Brasil. J Pediatr. 2005;81(2):111-7.
  • 17
    Forte DN. Associações entre as características de médicos intensivistas e a variabilidade no cuidado ao fim da vida em UTI [tese]. São Paulo: Famusp; 2011.
  • 18
    Hormer DW, Lemeshow S. Apllied logistic regression. 2a ed. New Jersey: John Wiley and Sons; 2000. (Wiley Series in Probability and Statistics).
  • 19
    Althabe M, Cardigni G, Vassallo JC, Allende D, Berrueta M, Codermatz M et al. Dying in the intensive care unit: collaborative multicenter study about forgoing life-sustaining treatment in Argentine pediatric intensive care units. Pediatr Crit Care Med. 2003;4(2):164-9.
  • 20
    Tonelli HAF, Mota JAC, Oliveira JS. Perfil das condutas médicas que antecedem ao óbito de crianças em um hospital terciário. J Pediatr. 2005;81(2):118-25.
  • 21
    Vernon DD, Dean JM, Timmns OD, Banner W, Allen-Webb EM. Modes of death in the pediatric intensive care unit: withdrawal and limitation o supportive care. Crit Care Med. 1993;21(11):17981802.
  • 22
    Martinot A, Grandbastien B, Leteurtre S, Duhamel A, Leclerc F. No resuscitation orders and withdrawal of therapy in Fench pediatric intensive care units. Acta Paediatr. 1998;87(7):769-73.
  • 23
    Garros D, Rosychuk J, Cox PN. Circumstances surrounding end of life in a pediatric intensive care unit. Pediatrics. 2003;112(5):371-9.
  • 24
    Vincent JL. Cultural differences in end-of-life care. Crit Care Med. 2001;29(Suppl 2):N52-5.
  • 25
    Levin PD, Sprung CL. Cultural differences at the end of life. Crit Care Med. 2003;31(Suppl 5):S3546.
  • 26
    Siqueira JE. Reflexões éticas sobre o cuidar na terminalidade da vida. Bioética. 2005;13(2):37-50.
  • 27
    Moraes A. Direito Constitucional. 22a ed. São Paulo: Atlas; 2007.
  • 28
    Ryan A, Byrne P, Kuhn S, Tyebkhan J. No resuscitation and wuthdrawal of therapy in a neonatal and a pediatric intensive care unit in Canada. J Pediatr. 1993;123(4):534-8.
  • 29
    Conselho Federal de Medicina. Resolução no 1.931, de 17 de setembro de 2009. Aprova o Código de Ética Médica. Diário Oficial da União. 24 set. 2009;Seção I, p. 90-2.
  • 30
    Barroso LR. Constitucionalista diz que lei ampara ortotanásia no país [entrevista]. Folha de S. Paulo. 4 dez. 2006:Cotidiano.
  • 32
    Lago PM, Garros D, Piva JP. Participação da família no processo decisório de limitação de suporte de vida: paternalismo, beneficência e omissão. Rev Bras Ter Intensiva. 2007;19(3):364-7.
  • 33
    Way J, Back AL, Curtis JR. Withdrawing life support and resolution of conflict with families. Br Med J. 2002;325:1342-5.
  • 34
    Meyer EC, Burns JP, Griffth JL, Truog RD. Parental perspectives on end-of-life care in the pediatric intensive care unit. Crit Care Med. 2002;30(1):226-31.
  • 35
    Devictor DJ, Nguyen DT. Forgoing life-sustaining treatments: how the decision is made in French pediatric intensive care units. Crit Care Med. 2001;29(7):1356-9.
  • 36
    Garros D. Uma boa morte em UTI pediátrica: é isso possível? J Pediatr. 2003;79(Supl.2):S243-54.
  • 37
    Garrafa V, Albuquerque MC. Enfoque bioético da comunicação na relação médico-paciente nas unidades de terapia intensiva pediátrica e humanização. Acta Bioeth. 2001;7(2):355-67.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    17 Out 2013
  • Data do Fascículo
    Ago 2013

Histórico

  • Recebido
    18 Jan 2013
  • Aceito
    06 Maio 2013
  • Revisado
    11 Mar 2013
Conselho Federal de Medicina SGAS 915, lote 72, CEP 70390-150, Tel.: (55 61) 3445-5932, Fax: (55 61) 3346-7384 - Brasília - DF - Brazil
E-mail: bioetica@portalmedico.org.br