Acessibilidade / Reportar erro

Escolha da via de parto: expectativa de gestantes e obstetras

La elección de la vía del parto: la expectativa de las mujeres embarazadas y obstetras

Choice of route of childbirth: expectation of pregnant women and obstetricians

Resumos

Os avanços tecnológicos e científicos da medicina, o respeito à autonomia das gestantes e as indicações médicas parecem ter contribuído para o aumento do número de cesarianas. Neste contexto, o objetivo desta pesquisa foi identificar a expectativa de gestantes e médicos obstetras quanto à via de parto. A maioria das gestantes (74,1%) manifestou preferência pelo parto natural, sobretudo as católicas e portadoras de ensino superior completo ou médio incompleto. Entre os obstetras houve preferência pelo parto cesariano (58,3%) e, se fossem instados a aconselhar, todos (100%) recomendariam parto natural. Caso fossem solicitados a reaÂlizar cesariana a pedido, 54,5% dos obstetras concordariam de imediato, porém somente 27,3% admitiriam este direito para gestantes do sistema público de saúde. Em conclusão, a expectativa da maioria das gestantes foi pelo parto natural e dos médicos obstetras pela cesárea, contudo estes realizariam parto natural, em condição normal, e cesárea a pedido.

Cesárea; Parto natural; Obstetrícia; Autonomia pessoal


Los avances tecnológicos y científicos en la medicina, el respeto a la autonomía de las embarazadas y las indicaciones médicas parecen haber contribuido para el aumento del número de cesáreas. En este contexto el objetivo de este estudio fue identificar las expectativas de las embarazadas y de los médicos obstetras en cuanto a las vías del parto. La mayoría de las gestantes (74,1%) manifestaron su preferencia por el parto natural, especialmente las católicas y las de educación superior completa o secundaria incompleta. Entre los obstetras se encontró preferencia por cesárea (58,3%) y cuando fueron solicitados a aconsejar, todos (100%) recomendarían parto natural. Si se les requiriese para realizar una cesárea bajo petición, 54,5% de los obstetras estaría inmediatamente de acuerdo, pero sólo el 27,3% reconocería este derecho para embarazadas del sistema de salud pública. En resumen, la expectativa de la mayoría de las embarazadas fue por un parto natural y de los obstetras por cesárea, no obstante éstos realizarían parto natural, bajo condiciones normales, y cesárea bajo petición.

Cesárea; Parto normal; Obstetricia; Autonomía personal


The technological and scientific advances in medicine and the respect for the autonomy of pregnant women and medical indications have contributed to the increased number of cesareans. In this context, the objective of this research was to identify the expectations of pregnant women and doctors about the process of childbirth. The majority of pregnant women (74.1%) expressed a preference for natural delivery, especially Catholic ones and those who have completed higher education or incomplete high school. Among obstetricians it was found a slight preference for cesarean delivery (58.3%), and if advising was requested by pregnant women, all (100%) obstetricians would recommend natural delivery. If the obstetricians were demanded to perform cesarean on request, 54.5% of them would agree immediately, but only 27.3% would admit that right for pregnant women in the public health system. In conclusion, the expectation of the majority of pregnant women was for the natural delivery, and doctors for cesarean, but they would agree with natural childbirth, under normal conditions, and perform cesarean on request.

Cesarean section; Vaginal delivery; Obstetrics; Personal autonomy


  • 1
    Faundes A, Cecatti JGA. Operação cesariana no Brasil: incidência, tendências, causas, consequências e propostas de ação. Cad. saúde pública. 1991;7(2):150-73.
  • 2
    Dias MAB, Deslandes SF. Expectativas sobre a assistência ao parto de mulheres usuárias de uma maternidade pública do Rio de Janeiro, Brasil: os desafios de uma política pública de humanização da assistência. Cad. Saúde Pública. 2006;22(12):2.647-55.
  • 3
    Hotimsky SN, Schraiber LB. Humanização no contexto da formação em obstetrícia. Ciênc. Saúde Coletiva. 2005;10(3):639-49.
  • 4
    Brasil. Ministério da Saúde. Parto, aborto e puerpério: assistência humanizada à mulher. Brasília: Ministério da Saúde; 2001. p. 199.
  • 5
    Ferrari J, Lima NM. Atitudes dos profissionais de obstetrícia em relação à escolha da via de parto em Porto Velho, Rondônia, Brasil. Rev. bioét. (Impr.).2010;18(3):645-58.
  • 6
    Iorra MRK, Namba A, Spillere RG, Nader SS, Nader PJH. Aspectos relacionados à preferência pela via de parto em um hospital universitário. Revista Amrigs. 2011;55(3):260-8.
  • 7
    Tedesco RP, Filho NLM, Mathias L, Benez AL, Castro VCL, et al. Fatores determinantes para as expectativas de primigestas acerca da via de parto. Rev. bras. ginecol. obstet. 2004;26(10):791-8.
  • 8
    Brasil. Ministério da saúde. O modelo de atenção obstétrica no setor de saúde suplementar no Brasil: cenários e perspectivas. Rio de Janeiro: ANS; 2008. p. 156.
  • 9
    Figueiredo NSV, Barbosa MCA, Silva TASS, Passarini TM, Lana BN, Barreto J. Fatores culturais determinantes da escolha da via de parto por gestantes. HU Rev. 2010;36(4):296-306.
  • 10
    Pelloso SM, Panont KT, Souza KMP. Opção ou imposição: motivos da escolha da cesárea. Arq Cien Saúde Unipar. 2000;4(1):3-8.
  • 11
    Gentile FP, Noronha Filho G, Cunha AA. Associação entre a remuneração da assistência ao parto e a prevalência de cesariana em maternidades do Rio de Janeiro: uma revisão da hipótese de Carlos Gentile de Mello. Cad. Saúde Pública. 1997;13(2):2.221-6.
  • 12
    Barcellos LG, Resende de Souza AO, Machado CAF. Cesariana: uma visão bioética. Rev. bioét. (Impr.). 2009;17(3):497-510.
  • 13
    Patah LEM, Malik AM. Modelos de assistência ao parto e taxa de cesárea em diferentes países. Rev. Saúde Pública. 2011;45(1):185-94.
  • 14
    Brasil. Ministério da Saúde. Informações de Saúde: nascidos vivos – Santa Catarina. [Internet]. 2010 (acesso 22 abr. 2013). Disponível: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sinasc/cnv/nvuf.def
  • 15
    Melchiori LE, Maia ACB, Bredariolli RN, Hory RI. Preferência de gestantes pelo parto normal ou cesariano. Interação em psicologia. 2009;13(1):13-23.
  • 16
    Velho MB, Santos EKA, Brüggemann OM, Camargo BV. Vivência do parto normal ou cesáreo: revisão integrativa sobre a percepção de mulheres. Texto Contexto Enferm. 2012;21(2):458-66.
  • 17
    Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. [Internet]. Ranking do IDH dos municípios do Brasil 2003. Pnud; 2003 (acesso 22 abr. 2013). Disponível: http://www.pnud.org.br/atlas/ranking/IDH_Municipios_Brasil_2000.aspx?indiceAccordion=1&li=li_Ranking2003
  • 18
    Conselho Federal de Medicina. Resolução CFM nº 1.931, de 17 de setembro de 2009. Aprova o Código de Ética Médica e revoga a Resolução CFM nº 1.246/1998. [versão de bolso]. Diário Oficial da União. 24 set. 2009.
  • 19
    Brasil. Portaria nº 1.820, de 13 de agosto de 2009. Dispõe sobre os direitos e deveres dos usuários da saúde. Brasília: Ministério da Saúde; 2009.
  • 20
    Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina. Projeto diretrizes: cesarianas – indicações. [Internet]. 2003 (acesso 22 abr. 2013). Disponível: http://www.projetodiretrizes.org.br/projeto_diretrizes/032.pdf

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Mar 2014
  • Data do Fascículo
    Dez 2013

Histórico

  • Recebido
    29 Abr 2013
  • Aceito
    16 Ago 2013
  • Revisado
    22 Jul 2013
Conselho Federal de Medicina SGAS 915, lote 72, CEP 70390-150, Tel.: (55 61) 3445-5932, Fax: (55 61) 3346-7384 - Brasília - DF - Brazil
E-mail: bioetica@portalmedico.org.br