Acessibilidade / Reportar erro

Distanásia e ortotanásia: práticas médicas sob a visão de um hospital particular

Futility and orthotanasia: medical practices from the perspective of a private hospital

Distanasia y ortotanasia: prácticas médicas bajo la visión de un hospital privado

Resumos

Dentre os conceitos relacionados à terminalidade da vida, encontram-se a distanásia e a ortotanásia. Distanásia significa a obstinação terapêutica para adiar a morte iminente. Ortotanásia significa morte em seu processo natural, não prolongando o tratamento. Este estudo objetivou analisar a percepção de familiares de pacientes internados acerca da ortotanásia e distanásia, avaliando a alternativa mais aceita. Trata-se de estudo transversal e observacional, no qual foram entrevistados 190 familiares por meio de questionário padronizado contendo perguntas sobre aspectos sociais e conhecimento da temática. A maioria (64,2%) manifestou preferência pela distanásia como conduta para seu familiar. Entre 122 participantes que desconheciam o significado de "estado terminal", 85,2% optariam pela distanásia. Porém, entre os que conheciam o significado, 70,9% optariam pela ortotanásia. O estudo indica a necessidade de trazer o tema para discussão da sociedade, sensibilizando-a a entender implicações individuais e coletivas do prolongamento da vida em situação de sofrimento.

Estado terminal; Percepção social; População; Futilidade médica; Bioética


Futility and orthotanasia are among the concepts related to the terminality life. Futility means therapeutic obstinacy to delay imminent death. Orthothanasia means death in its natural process, not prolonging treatment. The aim of this study was to analyze the perception of patients` family members in private general hospital on orthotanasia and futility, assessing which the most widely accepted alternative is. This was a cross-sectional, observational study, in which 190 families were interviewed using a standardized questionnaire containing questions about social aspects and knowledge on the subject. Most respondents (64.2 %) opted for the realization of futility as a conduct for their relative. Of the 122 participants who did not know the meaning of "terminal condition", 85.9% would choose futility. However, among those who knew what they meant, 70,9% would choose orthotanasia. The study indicates that this topic needs to be discussed by society, encouraging them to understand the individual and collective implications of life prolongations when suffering.

Critical illness; Social perception; Population; Medical futility; Bioethics


Entre los conceptos relacionados con el fin de la vida, están la distanasia y la ortotanasia. Distanasia significa la obtinación terapéutica para postergar la muerte inminente. Ortotanasia significa muerte en su proceso natural, sin prolongar el tratamiento. El objetivo de este estudio fue analizar la percepción de los familiares de pacientes hospitalizados sobre la ortotanasia y la distanasia, evaluando la alternativa más aceptada. En este estudio observacional y transversal 190 familiares fueron entrevistados mediante un cuestionario estandarizado que contenía preguntas sobre los aspectos sociales y de conocimientos sobre el tema. La mayoría (64,2%) manifestó su preferencia por la distanasia como conducta para su familiar. De los 122 participantes que no conocían el significado de "estado terminal", el 85,2% optaría por la distanasia. No obstante, entre los que conocían el significado, el 70,9% optarían por la ortotanasia. El estudio indica la necesidad de plantear el tema para discusión de la sociedad, sensibilizándola a entender implicaciones individuales y colectivas de la prolongación de la vida en situación de sufrimiento.

Enfermedad crítica; Percepción social; Población; Inutilidad médica; Bioética


  • 1
    Junges JR, Cremonese C, Oliveira EA, Souza LL, Backes V. Reflexões legais e éticas sobre o final da vida: uma discussão sobre ortotanásia. Rev. bioét. (Impr.). 2010;18(2):275-88.
  • 2
    Moritz RD. Os profissionais de saúde diante da morte do morrer. Rev. bioét. (Impr.). 2005;13(2):51-63.
  • 3
    Garcia JBS. Eutanásia, distanásia ou ortotanásia? Rev. Dor. 2011;12(1):3.
  • 4
    Morais IM. Autonomia pessoal e morte. Rev. bioét. (Impr.). 2010;18(2):289-309.
  • 5
    Martin LM. Eutanásia e distanásia. In: Costa SIF, Oselka G, Garrafa V, coordenadores. Iniciação à bioética. Brasília: Conselho Federal de Medicina; 1998. p. 171-92.
  • 6
    Batista KT, Seidl EMF. Estudo acerca de decisões éticas na terminalidade da vida em unidade de terapia intensiva. Com. Ciências Saúde. 2011;22(1):51-60.
  • 7
    Truog RD, Campbell ML, Curtis JR, Haas CE, Luce JM, Rubenfeld GD et al Recommendations for end-of-life care in the intensive care unit: a consensus statement by the American College [corrected] of critical care medicine. Crit Care Med. 2008;36(3):953-63.
  • 8
    Hill TP. Treating the dying patient: the challenge for medical education. Arch Intern Med. 1995;155(12):1.265-9.
  • 9
    Kipper DJ. Medicina e os cuidados de final de vida. Uma perspectiva brasileira e latino-americana. In: Pessini L, Garrafa V, organizadores. Bioética: poder e injustiça. São Paulo: Loyola; 2003. p. 409-14.
  • 10
    Conselho Federal de Medicina. Resolução CFM no 1.931, de 24 de setembro de 2009. Código de ética médica. Brasília: CFM; 2010.
  • 11
    Marreiro CL. Responsabilidade civil do médico na prática da distanásia. Rev. bioét. (Impr.). 2013;21(2):308-17.
  • 12
    Cruz MLM, Oliveira RA. A licitude civil da prática da ortotanásia por médico em respeito à vontade livre do paciente. Rev. bioét. (Impr.). 2013;21(3):405-11.
  • 13
    Jecker NS, Schneiderman LJ. Medical futility: the duty not to treat. Camb Q Healthc Ethics. 1993;2(2):151-9.
  • 14
    Oliveira MZPB, Barbas S. Autonomia do idoso e distanásia. Rev. bioét. (Impr.). 2013;21(2):328-37.
  • 15
    Fortes PAC, Pereira PCA. Priorização de pacientes em emergências médicas: uma análise ética. Rev. Assoc. Med. Bras. 2012;58(3):335-40.
  • 16
    Santana JCB, Rigueira ACM, Dutra BS. Distanásia: reflexões sobre até quando prolongar a vida em uma unidade de terapia intensiva na percepção dos enfermeiros. Bioethikos. 2010;4(4): 402-11.
  • 17
    Marengo MO, Flávio DA, Silva RHA. Terminalidade de vida: bioética e humanização em saúde. Medicina. 2009;42(3):350-7.
  • 18
    Teixeira RKC, Gonçalves TB, Silva JAC. A intenção de doar órgãos é influenciada pelo conhecimento populacional sobre morte encefálica? Rev. Bras. Ter. Intensiva. 2012;24(3):258-62.
  • 19
    Kind L. Intervenções diante da morte e o direito de morrer. Sau e Transf. Soc. 2013;4(3):7-15.
  • 20
    Capello EMCS, Velosa MVM, Salotti SRA, Guimarães HCQCP. Enfrentamento do paciente oncológico e do familiar/cuidador frente à terminalidade de vida. J Health Sci Inst. 2012;30(3):235-40.
  • 21
    Saraiva AMP. Suspensão de tratamento em unidades de terapia intensiva e seus fundamentos éticos. Rev. bioét. (Impr.). 2012;20(1):150-63.
  • 22
    Batista S, Mendonça ARA. Espiritualidade e qualidade de vida nos pacientes oncológicos em tratamento quimioterápico. Rev. bioét. (Impr.). 2012;20(1):175-88.
  • 23
    Amorin MMS, Sousa AC, Melo BR, Alcantara G, Morelo J. Eutanásia, ortotanásia e suicídio assistido: aspectos jurídicos, religiosos e éticos. XVI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste. São Paulo; 2011.
  • 24
    Conselho Federal de Medicina. Entrevista ao CFM: CNBB apóia ortotanásia. [Internet]. (acesso 8 out. 2013). Disponível: http://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=23257:entrevista-ao-cfm-cnbb-apoia-ortotanasia&catid=3
  • 25
    Pessini L. Terminalidade e espiritualidade: uma reflexão a partir dos códigos de ética médica brasileiros e leitura comparada de alguns países. O Mundo da Saúde. 2009;33(1):35-42.
  • 26
    Sánchez AV, Villalba SF, Romero PMG, Barragán SG, Delgado RMT, García M. Documento de voluntades anticipadas: opinión de los profesionales sanitarios de atención primaria. Sermergen. 2009;35(3):111-4.
  • 27
    Stolz C, Gehlen G, Bonamigo EL, Bortoluzzi MC. Manifestação das vontades antecipadas do paciente como fator inibidor da distanásia. Rev. bioét. (Impr.). 2011;19(3):833-45.
  • 28
    Romano BW, Watanabe CE, Troppmair S. Distanásia: vale a pena? Rev. SBPH. 2006;9(2):67-82.
  • 29
    Piccini CF, Steffani JÁ, Bonamigo EL, Bortoluzzi MC, Schlemper Jr BR. Testamento vital na perspectiva de médicos, advogados e estudantes. Bioethikos. 2011;5(4):384-91.
  • 30
    Campos MO, Bonamigo EL, Steffani JA, Piccini CF, Caron R. Testamento vital: percepção de pacientes oncológicos e acompanhantes. Rev. Bioethikós. 2012;6(3)253-9.
  • 31
    Conselho Federal de Medicina. Resolução CFM no 1.995, de 31 de agosto de 2012. Dispõe sobre as diretivas antecipadas de vontade dos pacientes. Diário Oficial da União. 31 ago. 2012:seção I, p. 269-70.
  • 32
    Pessini L. Distánasia: até quando investir sem agredir? Bioética. 1996;4(1):31-43.
  • 33
    Brasil. Projeto de lei no 524, de 25 de novembro de 2009. Dispõe sobre os direitos da pessoa em fase terminal de doença. [Internet]. Disponível: http://www.senado.gov.br/atividade/materia/getPDF.asp?t=70253&tp=1
  • 34
    Conselho Federal de Medicina. Resolução CFM no 1.805, de 9 de novembro de 2006. Na fase terminal de enfermidades graves e incuráveis é permitido ao médico limitar ou suspender procedimentos e tratamentos que prolonguem a vida do doente, garantindo-lhe os cuidados necessários para aliviar os sintomas que levam ao sofrimento, na perspectiva de uma assistência integral, respeitada a vontade do paciente ou de seu representante legal. Diário Oficial da União. 28 nov. 2006:seção I, p. 169.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    19 Ago 2014
  • Data do Fascículo
    Ago 2014

Histórico

  • Aceito
    03 Abr 2014
  • Recebido
    29 Out 2013
  • Revisado
    16 Fev 2014
Conselho Federal de Medicina SGAS 915, lote 72, CEP 70390-150, Tel.: (55 61) 3445-5932, Fax: (55 61) 3346-7384 - Brasília - DF - Brazil
E-mail: bioetica@portalmedico.org.br