Resumos
Os avanços tecnocientíficos das últimas décadas contribuíram para o aumento do número de pacientes com doenças terminais no mundo. Em decorrência da milenar conexão entre a fase de terminalidade de vida e os processos espiritualistas, esse fato assumiu aspectos peculiares no Brasil, país em que o número de segmentos religiosos/espiritualistas multiplicou-se nas últimas décadas. Este trabalho procura mostrar que a diversificação das necessidades de pacientes brasileiros com referência ao bemestar espiritual na fase final da vida pode gerar dilemas bioéticos novos para o profissional da saúde que não conheça os fundamentos das principais correntes espiritualistas do país. Defendendo que tal conhecimento é ferramenta útil para o profissional da saúde que quer observar os princípios da beneficência e do respeito à autonomia do paciente, o texto disponibiliza algumas orientações básicas das principais linhas espiritualistas brasileiras sobre os processos da morte e do morrer.
Bioética; Autonomia; Testamento vital; Terminalidade de vida; Crenças religiosas; Paciente terminal; Doença terminal
The techno scientific advances in the last decades have contributed to increase the number of terminally ill patients in the world. Given the millenary connection between life's terminal phase and spiritualist processes, this fact has gained peculiar shades in Brazil, a country where the number of religious/spiritualist-oriented segments has also multiplied in the last decades. This study seeks to demonstrate that the diversification of Brazilian terminally ill patients' needs regarding the spiritual wellbeing may bring about new bioethical dilemmas for health professionals who are not familiar with the tenets of the current main spiritualist followings in Brazil. Supporting the fact that this knowledge is an important tool for health professionals who seek to observe the principles of beneficence and patient's autonomy, this paper provides some basic orientations of the main Brazilian spiritualist tenets about the processes of death and dying.
Autonomy; Living will; Life terminality; Religious beliefs; Terminal patient; Terminal illness
Los avances tecnocientíficos de las últimas décadas contribuyeron para aumentar la cantidad de pacientes con enfermedades terminales en el mundo. Por consecuencia de la milenaria conexión entre la fase de terminación de la vida y los procesos espiritualistas, este hecho adquirió aspectos peculiares en Brasil, país en que el número de segmentos religiosos/espiritualistas se multiplicó los últimos años. El presente trabajo busca mostrar que la diversificación de las necesidades de pacientes brasileños en relación al bienestar espiritual en la fase final de la vida puede generar nuevos dilemas bioéticos al profesional de salud que ignore los fundamentos de las principales corrientes espiritualistas del país. Defendiendo que este conocimiento se constituya en herramienta útil para el profesional de sanidad que desee observar los principios de beneficencia y respeto a la autonomía del paciente, el texto dispone las orientaciones básicas de las principales líneas espiritualistas brasileñas sobre los procesos de muerte y de morir.
Bioética; Autonomía; Testamento vital; Terminación de la vida; Creencias religiosas; Paciente terminal; Enfermedad terminal
-
1Camarano AA. Envelhecimento da população brasileira: uma contribuição demográfica. 3ª. ed. In: Freitas EV, Py L, editores. Tratado de geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2011. p. 58-71.
-
2Nunes R. Proposta sobre suspensão e abstenção de tratamento em doentes terminais. Bioética. 2009;17(1):29-39.
-
3Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos. Comentários referentes à proposta de "guidelines" sobre suspensão e abstenção de tratamento em doentes terminais. [Internet]. [acesso 14 set 2014]. Disponível: http://www.apbioetica.org/fotos/gca/12802541901211800343guidelines_p_11_apb_08.pdf
-
4Salles AA. Transformações na relação médico-paciente na era da informatização. Rev. bioét. (Impr.). 2010;18(1):49-60.
-
5Potter VR. Bioethics: bridge to the future. Englewood Cliffs: Prentice Hall; 1971.
-
6Hellegers AE. La Bioéthique. Paris: Les Presses de l'Université; 1979. (Cahiers de Bioétique; vol 1).
-
7Barnard D, Quill T, Hafferty FW, Arnold R, Plumb J, Bulger R et al Preparing the ground: contributions of the preclinical years to medical education for care near the end of life. Acad Med. 1999;74:499-505.
-
8Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo 2010: número de católicos cai e aumenta o de evangélicos, espíritas e sem religião. [Internet]. [acesso 14 set 2014]. Disponível: http://www.ibge.gov.br/home/pesquisa/pesquisa_google.shtm?cx=009791019813784313549%3Aonz63jzsr68&cof=FORI D%3A9&ie=ISO-8859-1&q=cat%F3licos&sa=Pesquisar&siteurl=www.ibge.gov.br%2F&ref=&ss=1384j227194j10
-
9Hennezel M, Leloup JY. A arte de morrer: tradições religiosas e espiritualidade humanista diante da morte na atualidade. Petrópolis: Vozes; 2005.
-
10Asai A, Fukuhara S, Lo B. Attitude of Japanese and Japanese-American physicians towards life-sustaining treatment. Lancet. 1995;346:356-9.
-
11Mizuno K. Essentials of Buddhism: basic terminology and concepts of Buddhist philosophy and practice. Tóquio: Kosei Publishing; 1996.
-
12Chagdud K. Comentários sobre P'owa. Três Coroas: Rigdzin; 2000.
-
13Rinpoche S. O livro tibetano do viver e do morrer. São Paulo: Talento; 1999.
-
14Rinpoche B. Morte e arte de morrer no budismo tibetano. Brasília: ShiSil; 1997.
-
15Grupo de Trabalho Religiões e Saúde, editor. Manual da assistência espiritual e religiosa hospitalar. Porto: Comissão Ecumênica do Porto; 2010.
-
16Dalai Lama. Advice on dying: and living a better life. Londres: Rider; 2004.
-
17Smith-Stoner M. End of life preferences for practitioners of Tibetan Buddhism. J Hospice and Palliative Nurs. 2005 julago:228-33.
-
18Thondup T. Peaceful death joyful rebirth: a Tibetan-Buddhist guidebook. Boston: Shambala Publications; 2006.
-
19Hennezel M. A arte de morrer. Petrópolis: Vozes; 1999.
-
20Xavier FC. Ação e reação. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira; 2004.
-
21Kardec A. O livro dos espíritos. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira; 2004.
-
22Xavier FC. O consolador. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira; 2003.
-
23Teixeira CM. Anatomia do desencarne. Porto Alegre: Quarup; 1977.
-
24Trindade DF. Umbanda e sua história. São Paulo: Ícone; 2003.
-
25Meneghetti D. O Rio Grande do Sul revelado em cultos africanos. Fotografe Melhor. 2011 jul:45.
-
26Ferreira CP. Kardecismo e umbanda. São Paulo: Pioneira; 1961.
-
27Silva WG. Candomblé e umbanda. São Paulo: Summus; 2005.
-
28Nunes R, Melo HP. Testamento vital. Coimbra: Almedina; 2011. p.96.
-
29Brasil. Resolução CFM nº 1.995, de 9 de agosto de 2012. Diretivas antecipadas de vontade dos pacientes. Diário Oficial da União. Brasília, p. 269-70, 31 ago 2012. Seção I:269-70.
-
30Alves JS, Selli L. Cuidado espiritual ao paciente terminal: uma abordagem a partir da bioética. Revista Bras. Bioética. 2007;3(1):65-85.
-
31Quill TE, Lo B, Brock DW. Palliative options of last resort: a comparison of voluntarily stopping eating and drinking, terminal sedation, physician-assisted suicide, and voluntary active euthanasia. Jama. 1997;278:2.099-104.
-
32Hegel GF. Fenomenologia do espírito. São Paulo: Nova Cultural; 1999. (Os Pensadores; vol. 16).
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
05 Jan 2015 -
Data do Fascículo
Dez 2014
Histórico
-
Recebido
08 Out 2014 -
Aceito
03 Nov 2014 -
Revisado
21 Out 2014