Acessibilidade / Reportar erro

Limitação do suporte de vida pediátrico: argumentações éticas

Limitation of pediatric life support: ethical arguments

Limitación del soporte de vida pediátrico: argumentos éticos

Resumos

OBJETIVOS: Conhecer os argumentos éticos de médicos intensivistas pediátricos de uma unidade de terapia intensiva pediátrica da cidade do Rio de Janeiro para justificar suas decisões em casos de limitação de suporte de vida e analisá-los criticamente. MÉTODOS: Trata-se de estudo de caso, descritivo. Foram realizadas 17 entrevistas semiestruturadas com intensivistas pediátricos de uma unidade de terapia intensiva pediátrica de alta complexidade do Rio de Janeiro. RESULTADOS: Os entrevistados desconhecem a aplicação e as etapas do processo de limitação do suporte de vida, utilizando uma tendência paternalista nas tomadas de decisão. CONCLUSÕES: Medidas educativas relacionadas com o processo de morrer devem ser incentivadas durante a formação médica, desenvolvendo o diálogo e o reconhecimento do outro como agente moral. A bioética pode ajudar no desenvolvimento crítico desses profissionais, auxiliando na resolução dos conflitos éticos que surgem não só no processo de limitação do suporte de vida, como em outras áreas da medicina.

Bioética; Cuidados paliativos na terminalidade da vida; Pediatria; Unidades de terapia intensiva; Educação médica


OBJECTIVES: To know the ethical arguments of pediatric intensive care physicians in order to justify decisions in the field of limitation of life support, in a pediatric intensive care unit of the city of Rio de Janeiro, analyzing them critically. METHODS: This is a descriptive case study. 17 semi-structured interviews were performed with intensive care physicians that worked in a high complexity pediatric intensive care unit in Rio de Janeiro. RESULTS: The physicians adopted a paternalistic tendency in the decision making of limitation of life support, and the interviewed people were not aware of its application and the steps of the process. CONCLUSIONS: Educational activities related to dying process should be encouraged as the dialogue and recognition of others as a moral agent. Bioethics can be useful in this critical development helping the resolution of ethical conflicts not only in the limitation of life support process but also in other areas of medicine.

Bioethics; Palliative care in terminally Life; Pediatrics; Intensive care units; Medical education


OBJETIVOS: Conocer los argumentos éticos de médicos de cuidados intensivos pediátricos de una unidad de cuidados intensivos pediátrica de la ciudad de Río de Janeiro para justificar sus decisiones en los casos de limitación de soporte vital y analizarlos críticamente. MÉTODOS: Se trata de un estudio de caso, descriptivo. Se realizaron 17 entrevistas semiestructuradas con los intensivistas pediátricos en una Unidad de Cuidados Intensivos Pediátricos de alta complejidad en la ciudad de Río de Janeiro. RESULTADOS: Los médicos entrevistados desconocen la aplicación y las etapas del proceso de Limitación del Soporte de Vida, utilizando en su lugar una tendencia paternalista en la toma de decisiones. CONCLUSIONES: Las actividades educativas relacionadas con el proceso de muerte deben ser incentivadas durante la formación médica, para facilitar el desarrollo del diálogo y el reconocimiento del otro como un agente moral. La Bioética puede ayudar al desarrollo crítico de estos profesionales, auxiliándolos en la resolución de los conflictos éticos que surjan, no solo en el proceso de Limitación del Soporte de Vida, como en otras áreas de la medicina.

Bioética; Cuidados paliativos al final de la vida; Pediatría; Unidades de cuidados intensivos; Educación médica


  • 1
    Ariés P. História da morte no Ocidente. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; 2012. p. 86
  • 2
    Ristagno G, Weil MH. History of critical care Medicine: the past, the present and the future. In: Gullo A, Besso J, Lumb PD, Willians GF, editors. Intensive and critical care medicine. [Internet]. Milan: World Federation of Societies of Intensive and Critical Care Medicine; 2009 [acesso 1º abr 2013]. Disponível: file:///C:/Users/meliane/Downloads/0912f50b491b024f66000000.pdf
  • 3
    Rego S, Palácios M. A finitude humana e a saúde pública. Cad Saúde Pública. 2006;22(8):1.755-60.
  • 4
    Luce JM, White DB. A history of ethics and law in the intensive care unit. Crit Care Clin. 2009;25(1):221-37.
  • 5
    Siqueira-Batista R. A ressurreição de Frankenstein: uma metáfora das unidades de terapia intensiva contemporâneas. In: Schramm FR, Rego S, Braz M, Palácios M, organizadores. Bioética: riscos e proteção. Rio de Janeiro: Editora UFRJ; 2005. p. 148-63.
  • 6
    Othero JCB. Atitudes médicas nas últimas 24 horas de vida de pacientes adultos internados em três unidades de tratamento intensivo no Sul do Brasil [dissertação]. Porto Alegre: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul/Faculdade de Medicina de Porto Alegre; 2008.
  • 7
    Garros D. Uma "boa" morte em UTI pediátrica: é isso possível? J Pediatr. 2003;79(Supl. 2):S243-54.
  • 8
    Levin PD, Sprung CL. Cultural differences at the end of life. Crit Care Med. 2003;31(5):S354-7.
  • 9
    Keenan HT, Dekema DS, O'Rourke PP, Cummings P, Woodrum DE. Attitudes toward limitation of support in a pediatric intensive care unit. Crit Care Med. 2000;28(5):1.590-4.
  • 10
    Rego S. Contribuições da bioética para a saúde pública. Cad Saúde Pública. [Internet]. 2007 [acesso 1º abr 2013];23(11):2.530. Disponível: http://www.scielo.br/pdf/csp/v23n11/00.pdf
  • 11
    Diniz D. Quando a morte é um ato de cuidado: obstinação terapêutica em crianças. Cad Saúde Pública. [Internet]. 2006 [acesso 19 abr 2013];22(8):1.741-8, p. 1.742. Disponível: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102311X2006000800023&lng=en
  • 12
    Barbosa AP. Terapia intensiva neonatal e pediátrica no Rio de Janeiro: distribuição de leitos e análise de equidade. Rev Assoc Med Bras. 2002;48(4):303-11.
  • 13
    Bardin L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70; 2009.
  • 14
    Conselho Federal de Medicina. Resolução nº 1.480, de 8 de agosto de 1997. A morte encefálica será caracterizada através da realização de exames clínicos e complementares durante intervalos de tempo variáveis, próprios para determinadas faixas etárias. Diário Oficial da União. 21 ago 1997;(160):Seção I, p. 18.227-8.
  • 15
    Beauchamp TL, Childress JF. Princípios de ética biomédica. São Paulo: Loyola; 2002.
  • 16
    Torreão LA, Pereira CR, Troster E. Ethical aspects in the management of the terminally ill patient in the pediatric intensive care unit. Rev Hosp Clin Fac Med São Paulo. 2004;59(1):3-9.
  • 17
    Juramento de Hipócrates. [Internet]. São Paulo: Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo; [acesso 16 jul 2012]. Disponível: http://www.cremesp.org.br/?siteAcao=Historia&esc=3
  • 18
    Brasil. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. [Internet]. Diário Oficial da União. 16 jul 1990 [acesso nov 2014]. Disponível: http://www.planalto.gov.br/ccivil03/leis/L8069.htm
  • 19
    Siqueira JE. A evolução científica e tecnológica, o aumento dos custos em saúde e a questão da universalidade do acesso. Bioética. 1997;5(1):41-8.
  • 20
    Levy MM, Mc Bride D. End-of-life care in the intensive care unit: state of the art in 2006. Crit Care Med. 2006;34(11):S306-8.
  • 21
    Lago PM, Devictor D, Piva JP, Bergounioux J. End-of-life-care in children: the brazilian and the international perspectives. J Pediatr. 2007;83(2):S109-16.
  • 22
    Charatan F. AMA issues guidelines on end of life care. BMJ. 1999;318(7.185):690.
  • 23
    Australia. NSW Department of Health. Guidelines for end-of-life care and decision-making. [Internet]. Sydney: NSW Department of Health; 2005 [acesso 15 jan 2011]. Disponível: http://www.health.nsw.gov.au/policies/gl/2005/pdf/GL2005_057.pdf
  • 24
    Moritz RD, Lago PM, Deicas A, Nilson C, Machado FO, Othero J et al 1º Fórum do Grupo de Estudos do Fim da Vida do Cone Sul: proposta para atendimento do paciente portador de doença terminal internado em UTI. Rev Bras Ter Intensiva. 2009;21(3):306-9.
  • 25
    Möller LL. Pluralismo e tolerância: valores para a bioética. Rev HCPA. 2008;28(2):101-9.
  • 26
    Devictor D. Parents' autonomy versus doctors' paternalism: a rearguard battle [letter]. Pediatr Crit Care Med. 2007;8(4):400-1.
  • 27
    Lago PM, Garros D, Piva JP. Participação da família no processo decisório de limitação de suporte de vida: paternalismo, beneficência e omissão. RTBI. 2007;19(3):364-8.
  • 28
    Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Associação Mundial dos Amigos da Criança (Amade). Declaração de Mônaco. Simpósio Internacional sobre a Bioética e os Direitos da Criança; 28-30 abr 2000; Mônaco. [Internet]. [acesso 5 ago. 2012]. Disponível: http://ww2.prefeitura.sp.gov.br//arquivos/secretarias/saude/cepsms/0007/Biotica_Direitos_Criancas.pdf
  • 29
    Brasil. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União. 11 jan 2002 [acesso 5 ago 2012]. Disponível: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    05 Jan 2015
  • Data do Fascículo
    Dez 2014

Histórico

  • Recebido
    21 Jan 2014
  • Aceito
    16 Out 2014
  • Revisado
    03 Mar 2014
Conselho Federal de Medicina SGAS 915, lote 72, CEP 70390-150, Tel.: (55 61) 3445-5932, Fax: (55 61) 3346-7384 - Brasília - DF - Brazil
E-mail: bioetica@portalmedico.org.br