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Conhecimento sobre ética e bioética dos estudantes de medicina

Resumo

Estudantes de medicina saem da faculdade munidos dos conhecimentos de ética médica e bioética necessários para exercer a profissão? Como eles veem tais campos do conhecimento? É possível propor mudanças que melhorem sua formação? O objetivo deste estudo é responder a essas perguntas com base em pesquisa realizada com alunos do primeiro ao quinto ano da graduação em medicina da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, campus Francisco Beltrão. Os estudantes responderam a um questionário com 15 perguntas objetivas e espaço para comentários dissertativos. A partir da análise das respostas e comentários, percebe-se que são necessárias mudanças na disciplina de ética médica no sentido de tornar a formação mais humana e os discentes mais preparados para lidar com os dilemas da profissão. Aprovação CEP-Unioeste CAAE 78563417.8.0000.0107

Ética; Bioética; Estudantes de ciências da saúde

Abstract

Are our medical students leaving college with the knowledge of medical ethics and bioethics necessary to practice the profession? How do they regard the discipline of bioethics? The purpose of this study is to answer these questions based on a study carried out with medical students from the first to the fifth year of University of Western Paraná, Francisco Beltrão campus. A questionnaire with 15 objective questions was applied, with space for dissertative comments. From the analysis of the results, we conclude that changes in the subject of medical ethics are necessary so that a more human and professional training can take place, which will prepare students to deal better with the dilemmas of the profession. Aprovação CEP-Unioeste CAAE 78563417.8.0000.0107

Ethics; Bioethics; Students, health occupations

Resumen

¿Los estudiantes de medicina salen de la facultad dotados de los conocimientos de ética médica y bioética necesarios para ejercer la profesión? ¿Cómo perciben tales campos de conocimiento? ¿Es posible proponer cambios que mejoren su formación? El objetivo de este estudio es responder a estas preguntas en base a la investigación realizada con alumnos del primero al quinto año de medicina de la Universidad Estadual del Oeste de Paraná, campus Francisco Beltrão. Los estudiantes respondieron un cuestionario con 15 preguntas objetivas y con un espacio para comentarios libres. A partir del análisis de las respuestas y comentarios, se percibe que son necesarios cambios en la disciplina de ética médica en orden a tornar más humana la formación y para que los estudiantes estén mejor preparados para lidiar con los dilemas de la profesión. Aprovação CEP-Unioeste CAAE 78563417.8.0000.0107

Ética; Bioética; Estudiantes del área de la salud

A partir da década de 1970, tornou-se obrigatório nas faculdades de medicina o ensino de deontologia e diceologia que, desde então, vem passando por mudanças em sua metodologia de acordo com as necessidades de cada tempo 11. Almeida AM, Bitencourt AGV, Neves NMBC, Neves FBCS, Lordelo MR, Lemos KM et al . Conhecimento e interesse em ética médica e bioética na graduação médica. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2008 [acesso 7 nov 2017];32(4):437-44. Disponível: https://bit.ly/2DVs7ga
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. Hoje, o principal desafio da sociedade é se adequar à frenética velocidade do progresso, inovando sem perder a ponte com a medicina de Hipócrates, que estudava doenças não apenas para tratá-las, mas para cuidar das pessoas. A partir desse princípio nasceu a bioética, olhos que cuidam e protegem a vida, evitando que seja colocada em segundo plano pela cegueira que não nos permite ver e sentir o outro, reduzindo tudo ao mesmo, ou seja, àquilo que o próprio indivíduo acredita 22. Caramico HJ, Zaher VL, Rosito MMB. Ensino da bioética nas faculdades de medicina do Brasil. Bioethikos [Internet]. 2007 [acesso 2 nov 2017];1(1):76-90. Disponível: https://bit.ly/2Xedkqf
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. Esta postura ignora que a perfeição da própria conduta consiste em manter cada um à sua dignidade sem prejudicar a liberdade alheia 33. Voltaire. Tratado sobre a tolerância. São Paulo: L± 2008 . .

Quando se fala na formação de profissionais que cuidarão de pessoas nas dimensões física, psíquica, emocional, social e familiar, deve-se pensar no conhecimento da bioética, que dá fundamentação técnica e teórica a esse cuidado. Conceitos de ética – em parte presentes no Código de Ética Médica (CEM) e no Código de Ética do Estudante de Medicina (Ceem) –, de bioética e filosofia precisam ser estudados e assimilados com clareza, sob orientação de profissionais que, além de teóricos, sejam exemplos para seus alunos 11. Almeida AM, Bitencourt AGV, Neves NMBC, Neves FBCS, Lordelo MR, Lemos KM et al . Conhecimento e interesse em ética médica e bioética na graduação médica. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2008 [acesso 7 nov 2017];32(4):437-44. Disponível: https://bit.ly/2DVs7ga
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O termo “ética médica” remete a códigos com direitos e deveres do profissional. No entanto, não se pode compreendê-lo somente em sua forma deontológica, ou como conjunto de leis punitivas usado para resolver danos causados a alguém, mas de forma abrangente, como reflexão trazida à luz para prevenir erros 44. Coelho MM. Doping genético, o atleta superior e a bioética. Bioethikos [Internet]. 2012 [acesso 2 nov 2017];6(2):171-80. Disponível: https://bit.ly/2XKTZKc
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Ao pensar sobre os atuais conflitos da relação médico-paciente, deve-se voltar a atenção para a educação 11. Almeida AM, Bitencourt AGV, Neves NMBC, Neves FBCS, Lordelo MR, Lemos KM et al . Conhecimento e interesse em ética médica e bioética na graduação médica. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2008 [acesso 7 nov 2017];32(4):437-44. Disponível: https://bit.ly/2DVs7ga
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. O que se espera dos seis anos de formação em medicina é que a cada ano o aluno consolide ainda mais seus conhecimentos sobre ética médica e clareie seu discernimento sobre condutas diante das diversas situações encontradas no exercício da profissão. No entanto, não é isso que demonstra pesquisa realizada nos Estados Unidos 55. Price J, Price D, Williams G, Hoffenberg R. Changes in medical student attitudes as they progress through a medical course. J Med Ethics 1998 ;24(2):110-7.: alunos do último ano da faculdade passaram a considerar rotineiros problemas éticos que tinham encontrado já no primeiro ano. Esse dado preocupante leva a certas perguntas: qual é a base em conhecimentos de bioética dos nossos estudantes de medicina? Eles dão a devida importância para esse ensino ao longo do curso? Conhecem os códigos de ética médica para agir eticamente?

São essas dúvidas que alimentam esta pesquisa, cujo objetivo é estudar o conhecimento sobre ética dos alunos do curso de medicina da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), campus Francisco Beltrão, por meio de questionários aplicados e comparação com dados de artigos publicados em bancos de dados nacionais e internacionais.

Materiais e métodos

Trata-se de estudo observacional, descritivo, de corte transversal, cujos dados foram coletados por meio de questionários com perguntas objetivas que avaliaram o entendimento de alunos de medicina da Unioeste Francisco Beltrão quanto ao CEM, ao Ceem e às questões bioéticas. No ano em que foi realizada a pesquisa (2017), os alunos cursavam do primeiro ao quinto ano da graduação, e todos concordaram em participar do estudo, assinando previamente o termo de consentimento livre e esclarecido. Foram selecionados aleatoriamente 128 alunos de um total de 193 para responder o questionário. O nível de confiança é de 95%, e a margem de erro, 5,04%.

As quatro primeiras perguntas do questionário relacionavam-se à caracterização do entrevistado: período da graduação, idade, sexo e religião. As duas questões seguintes tratavam de como o aluno via a disciplina de bioética: se a considerava importante ou dispensável e quanto tempo deveria ser destinado a ela no currículo.

Na terceira parte do questionário, foi perguntado a eles se acompanhavam notícias e atualizações da bioética nos meios de comunicação em geral. Nesse estágio, também se avaliou seu conhecimento sobre o CEM e o Ceem. Por fim, as últimas questões demandavam dos participantes decisões em relação a conflitos éticos, como experimentos com animais, uso da imagem do paciente em trabalhos científicos, propaganda médica, atendimento a menores de idade desacompanhados e sigilo médico.

Todas as questões eram objetivas e apenas uma opção poderia ser assinalada; no entanto, havia espaço para comentários dissertativos caso os alunos quisessem se expressar. Alguns desses comentários serão mencionados mais adiante, mantida na íntegra a forma como foram escritos, sem qualquer identificação de autoria. Para embasar a discussão, foram analisados diversos artigos científicos relacionados ao tema.

Os dados foram coletados com alunos do primeiro ao quinto ano da graduação, pois o curso da Unioeste é novo, e na época da pesquisa ainda não tinha seis turmas. As aulas de bioética e ética médica são oferecidas no primeiro ano, na disciplina denominada Prática Médica Integrativa, que engloba ainda psicologia médica, iniciação científica e bioestatística.

Resultados e discussão

Dos 128 estudantes, 14 cursavam o quinto ano, 30 o quarto ano, 23 o terceiro, 22 o segundo e 39 o primeiro. A amostra compreende a quantidade total de alunos presentes na aula em que o questionário foi aplicado e que aceitaram participar da pesquisa. O sexo feminino representou 64% do total (82 alunas), e o sexo masculino 36% (46 alunos); 71 se declararam católicos (55%), 13 ateus (10%), 9 evangélicos (8%), 8 espíritas (6%) e 27 assinalaram como “outras” suas crenças religiosas (21%).

Quando indagados a respeito da importância da disciplina de bioética no curso de medicina, 3 responderam considerá-la dispensável (2%), enquanto 125 destacaram sua importância (98%). No que concerne ao seu período de duração, 4 referiram que o ideal seria um semestre (3%), 57 um ano (45%), 25 dois anos (19%), 9 três anos (7%), 12 quatro anos (9%), 1 cinco anos (1%) e 20 seis anos (16%). Quanto ao CEM, 8 o leram inteiramente (6%), 60 já leram partes (47%) e 60 nunca o leram (47%). Já quanto ao Ceem, 74 manifestaram conhecê-lo (58%), enquanto 54 não sabiam de sua existência (42%); entre os que o conheciam, 13 o leram em partes (18%) e uma pessoa leu o documento inteiro (1%).

Dos 128 alunos, somente 4 referiram acompanhar notícias relacionadas a bioética (3%). Os estudantes citaram como fontes de informação a Revista Bioética , do Conselho Federal de Medicina (CFM), e as páginas no Facebook da Sociedade Brasileira de Bioética (SBB) e do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM- PR). Quando indagados sobre o uso de animais na faculdade de medicina, como os utilizados na técnica cirúrgica, 20 afirmaram não concordar (16%), 107 concordaram (83%) e um aluno não opinou (1%).

Quanto ao uso de imagem, 116 pessoas (91%) acertaram ao responder que, com autorização prévia, fotos do paciente podem ser divulgadas em trabalho ou evento científico, desde que a divulgação seja imprescindível. No entanto, 104 pessoas (81%) escolheram erroneamente a alternativa “sim”, pensando ser possível, com autorização prévia, usar imagem de enfermos para divulgar técnica, método ou resultado de tratamento – procedimento proibido pela Resolução CFM 1.974/2011, havendo ou não consentimento 66. Conselho Federal de Medicina. Resolução CFM nº 1.974, de 14 de julho de 2011. Estabelece os critérios norteadores da propaganda em medicina, conceituando os anúncios, a divulgação de assuntos médicos, o sensacionalismo, a autopromoção e as proibições referentes à matéria. Diário Oficial da União. Brasília, p. 241-4, 19 ago 2011. Seção 1. .

Sobre a permissão para a consulta a menor de idade desacompanhado, 81 responderam que sim (63%) e 47 que não (37%). Ainda nessa temática, 95 alunos (74%) assinalaram que só é possível quebrar o sigilo da consulta para pais/autoridades em caso de risco à vida do paciente; para 22 estudantes (17%) é dever do médico contar o diagnóstico aos pais independentemente da condição do menor, 4 (3%) afirmaram que não se pode contar de forma nenhuma e 7 (5%) não responderam.

Os dados aqui apresentados em parte corroboram e divergem de outras pesquisas. Por exemplo, em estudo realizado com 331 alunos de medicina da Universidade Federal da Bahia (Ufba) 11. Almeida AM, Bitencourt AGV, Neves NMBC, Neves FBCS, Lordelo MR, Lemos KM et al . Conhecimento e interesse em ética médica e bioética na graduação médica. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2008 [acesso 7 nov 2017];32(4):437-44. Disponível: https://bit.ly/2DVs7ga
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, quando questionados sobre qual seria o período mais adequado para o estudo da bioética, 28,7% responderam que no primeiro semestre, 21,4% em todos os semestres e somente um aluno (0,3%) considerou a disciplina dispensável na formação – outros quatro responderam que deveria ser optativa.

Dos 101 professores entrevistados na pesquisa mencionada 11. Almeida AM, Bitencourt AGV, Neves NMBC, Neves FBCS, Lordelo MR, Lemos KM et al . Conhecimento e interesse em ética médica e bioética na graduação médica. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2008 [acesso 7 nov 2017];32(4):437-44. Disponível: https://bit.ly/2DVs7ga
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, 86,2% já leram o CEM nos últimos 10 anos, ao menos em partes, enquanto 11,9% não o leram. Quanto aos estudantes, 100% já tinham lido ao menos parte do CEM, mas somente 48,6% em sua totalidade. Na segunda parte do questionário foi solicitado que os participantes avaliassem assertivas sobre temas do contexto bioético como verdadeiras ou falsas. O erro mais comum foi considerar verdadeira a afirmação de que o CEM é punitivo.

Outro estudo, realizado na Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp) 77. Godoy MF, Ferreira HRA, Pria OAFD . Avaliação do conhecimento da ética médica dos graduandos de medicina . Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2014 [acesso 2 nov 2017]; 38 ( 1 ): 31 - 7 . Disponível: https://bit.ly/2Oz1ZZh
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, mostrou aumento de acertos em perguntas sobre bioética ao longo dos anos do curso, apesar de muitas falhas no ensino da disciplina, inclusive no período de internato, em que não foi registrado incremento em relação ao conhecimento prévio. Na conclusão do artigo, os autores apontaram o currículo da faculdade, que limita a um ano a disciplina de bioética, como um dos prováveis motivos para os resultados negativos.

Pesquisa realizada em universidades estaduais do Paraná 88. Marchi NMGC, Hossne WS. Reflexões bioéticas: o que pensam estudantes de medicina sobre o início e final da vida. Bioethikos [Internet]. 2012 [acesso 2 nov 2017];6(3):271-86. Disponível: https://bit.ly/2PVdikj
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revelou que 77% dos alunos não leram o Ceem, e 63% não leram o CEM. Entre esses alunos, 97% consideram a disciplina de bioética importante. Outro artigo, baseado em entrevista com 479 alunos da Faculdade de Medicina de Marília, constatou que não houve evolução, ao longo da graduação, do conhecimento sobre o CEM em relação a conceitos como responsabilidade e segredo médico 99. Mendonça AC, Villar HCCE, Tsuji SR . O conhecimento dos estudantes da Faculdade de Medicina de Marília (Famema) sobre responsabilidade profissional e segredo médico . Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2008 [acesso 5 nov 2017]; 33 ( 2 ): 221 - 9 . Disponível: https://bit.ly/2Gfj9qF
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.

Conforme Siqueira 1010. Siqueira JE. O ensino da ética no curso de medicina . O Mundo da Saúde [Internet]. 2009 [acesso 1º nov 2017];33(1):8-20. Disponível: https://bit.ly/2AXOj6G
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, várias pesquisas internacionais também chegaram a resultados semelhantes. Estudo realizado nos Estados Unidos em 1940, com 64 estudantes de medicina, demonstrou diminuição da porcentagem de alunos que se sentiam estimulados a se tornar médicos pelo sentimento altruísta de ajudar o próximo ao longo da graduação 1010. Siqueira JE. O ensino da ética no curso de medicina . O Mundo da Saúde [Internet]. 2009 [acesso 1º nov 2017];33(1):8-20. Disponível: https://bit.ly/2AXOj6G
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. O autor também se refere a Robinson, que, na Inglaterra, chegou à mesma conclusão, informando ainda que a Associação Americana de Escolas Médicas aponta índice expressivo de estudantes de medicina que subestimam o respeito aos pacientes, prevalecendo entre os futuros profissionais a visão dos ganhos materiais e êxito social como valores essenciais 1010. Siqueira JE. O ensino da ética no curso de medicina . O Mundo da Saúde [Internet]. 2009 [acesso 1º nov 2017];33(1):8-20. Disponível: https://bit.ly/2AXOj6G
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.

Comparando todos esses dados da literatura com os encontrados nesta pesquisa, nota-se que poucos alunos leram todo o CEM (somente 6% da amostra), enquanto 47% o leram ao menos em parte e outros 47% não o leram. O número é semelhante ao do estudo de Marchi e Hossne 88. Marchi NMGC, Hossne WS. Reflexões bioéticas: o que pensam estudantes de medicina sobre o início e final da vida. Bioethikos [Internet]. 2012 [acesso 2 nov 2017];6(3):271-86. Disponível: https://bit.ly/2PVdikj
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realizado em faculdades estaduais do Paraná, no qual 63% dos alunos também não leram o código, mas difere bastante da pesquisa de Almeida e colaboradores 11. Almeida AM, Bitencourt AGV, Neves NMBC, Neves FBCS, Lordelo MR, Lemos KM et al . Conhecimento e interesse em ética médica e bioética na graduação médica. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2008 [acesso 7 nov 2017];32(4):437-44. Disponível: https://bit.ly/2DVs7ga
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na Ufba, onde 100% dos alunos leram ao menos parte do documento, e 48,6% o leram por completo.

Quanto ao Ceem, somente um aluno afirma ter lido o texto inteiro, enquanto 42% dos entrevistados relatam não saber de sua existência. No estudo de Marchi e Hossne 88. Marchi NMGC, Hossne WS. Reflexões bioéticas: o que pensam estudantes de medicina sobre o início e final da vida. Bioethikos [Internet]. 2012 [acesso 2 nov 2017];6(3):271-86. Disponível: https://bit.ly/2PVdikj
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, 23% dos alunos leram o referido código. Perguntados sobre a matéria de bioética na faculdade, 2% dos alunos de medicina da Unioeste a consideraram dispensável, taxa que sobe para 3% no estudo com as faculdades estaduais do Paraná 88. Marchi NMGC, Hossne WS. Reflexões bioéticas: o que pensam estudantes de medicina sobre o início e final da vida. Bioethikos [Internet]. 2012 [acesso 2 nov 2017];6(3):271-86. Disponível: https://bit.ly/2PVdikj
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e é de apenas 0,3% na Ufba 11. Almeida AM, Bitencourt AGV, Neves NMBC, Neves FBCS, Lordelo MR, Lemos KM et al . Conhecimento e interesse em ética médica e bioética na graduação médica. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2008 [acesso 7 nov 2017];32(4):437-44. Disponível: https://bit.ly/2DVs7ga
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.

A quantidade de acertos relativos às questões sobre conflitos éticos conforme período da graduação foi medida em porcentagem relativa ao número de alunos de cada ano que responderam à pesquisa. Foram obtidos os seguintes resultados por ano do curso (nas questões de 1 a 4, respectivamente): primeiro ano, 92%, 3%, 56% e 62%; segundo ano, 91%, 5%, 55% e 73%; terceiro ano, 91%, 4%, 57% e 83%; quarto ano, 100%, 87%, 97% e 100%; e, por fim, quinto ano, 100%, 14%, 50% e 79%.

De modo geral, nota-se evolução ou ao menos manutenção dos conhecimentos com o passar dos anos. Ao considerar esses dados, cabe destacar que nas porcentagens relativas ao quinto ano há o viés da pequena participação na pesquisa por conta de as atividades de estágio serem realizadas em cidades diferentes, impossibilitando a reunião da maioria dos alunos no mesmo dia.

Esses índices ajudam a pensar mudanças para melhorar a base de conhecimentos bioéticos dos estudantes de medicina. Além de medidas didáticas e de alterações na grade curricular, pode-se também estimular os alunos a buscar informações por conta própria, no dia a dia, visto que apenas 4 dos 128 alunos dizem se atualizar em questões ligadas à bioética por meio de mídias sociais e meios de comunicação.

Como mencionado, embora as questões fossem objetivas, havia espaço para os alunos tecerem comentários. Na pergunta sobre uso de animais na faculdade de medicina, por exemplo, embora a maioria (83%) tenha concordado com tal prática, muitos comentários foram escritos para justificar essa resposta. Nota-se o desconhecimento de outros meios para esse tipo de experimento, e a limitação de recursos da universidade como argumento:

Não há reproduções sintéticas que conseguem simular de maneira satisfatória o corpo humano ou de outro animal ”;

Equipamentos e aparelhos ainda são muito diferentes da realidade. (…) Apesar de ser complicado, é o método mais efetivo ”;

Com um adendo: não conheço outras práticas para obter o mesmo conhecimento, mas gostaria de conhecer para que este procedimento seja dispensado ”;

Em alguns momentos, as práticas em animais ajudam, mas deve-se avaliar as condições do animal e os danos que serão trazidos a ele ”;

Acredito que ainda não há outros métodos tão eficazes/realistas quanto o uso de animais em técnicas operatórias ”;

“Eu não afirmaria que é indispensável, mas é mais barato do que tecnologias que ainda não fazem parte da realidade do ensino público ”;

“Não concordo com o sofrimento animal, mas não sei de uma solução que proporcione a mesma experiência sensorial da cobaia ”;

“As tecnologias de realidade virtual são bastante promissoras, mas devido a altos custos ainda serão algo fora da realidade das universidades públicas por um longo período ”.

Alguns estudantes expressaram também desconforto com esse tipo de procedimento, que tem gerado muitos debates tanto no meio acadêmico quanto na sociedade em geral:

As aulas de técnica cirúrgica não formam cirurgiões e submetem os animais a práticas cruéis desnecessárias ”;

Concordo, mas não gosto de usá-los ”;

Apesar de ser contra a morte e tortura dos animais, vejo que atualmente é o único meio para tal. Além disso, espero que o homem encontre outras formas de estudo de forma a não utilizar uma vida para isso ”;

Particularmente eu sinto muita pena de usar animais em aulas, preferia não usar, mas penso que seria muito prejudicial academicamente se usassem bonecos para as aulas ”;

Além do uso de animais, isso ocorre sem a presença de um médico-veterinário, e sem a garantia de que o animal não está sofrendo ”;

Os professores e alunos não se importam se o animal está sofrendo, parece que o consideram um ser inferior ”;

Não concordo com a maneira como é realizado hoje o procedimento. Acredito que falta fiscalização mais rigorosa ”;

Acho necessário, mas deveria haver um preparo melhor tanto do professor quanto do técnico na hora de anestesiar os pacientes.

As falas denotam falta de conhecimento dentro das universidades sobre métodos alternativos ao uso de animais. Para além da questão sobre se essa utilização seria ou não eticamente aceitável, são preocupantes as justificativas dos estudantes. Fica implícito a certos argumentos a ideia antropocêntrica de que compensaria maltratar ou matar animais para salvar pessoas. Mas é possível colocar vidas na balança e dizer qual dos lados pesa mais? Teríamos esse direito?

Existe a ideia de progresso construída sobre a dor e a exterminação de seres, que seriam “compensadas” pela cura de outros, como se as estatísticas pudessem medir o valor da vida. Mas se trata de conceito tão corrosivo para a dignidade tanto de quem sofre quanto de quem pratica experimentos que se torna difícil considerar essa situação preferível à dita “não evolução” da ciência. Sempre é possível minimizar a dor, e não seria justamente essa a responsabilidade do médico? Deve-se diminuir o sofrimento apenas de pessoas e não de todos os seres?

Entre as alternativas está o uso de cadáveres de animais em técnica cirúrgica, o que inclusive traz benefícios ao estudante, dando a ele mais tempo para fazer o procedimento e, se preciso, refazê-lo, facilitando assim a aprendizagem. Outras faculdades, com meios e estrutura para tanto, utilizam programas em 3D e vídeos que auxiliam nas aulas e evitam alguns testes em animais 1111. Otoch JP, Pereira PRB, Ussami EY, Zanoto A, Vidotti CA, Damy SB. Alternativas ao uso de animais no ensino de técnica cirúrgica. Rev Soc Bras Ciênc Anim Lab [Internet]. 2012 [acesso 5 nov 2017];1(1):33-40. Disponível: https://bit.ly/2KjNAm5
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.

Conforme Guimarães 1212. Guimarães AM. Até que ponto a utilização de animais em experimentos científicos é eticamente aceita? Instituto Paulista de Estudos Bioéticos e Jurídicos [Internet]. 2007 [acesso 6 nov 2017]. Disponível: https://bit.ly/2WJMWjA
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e considerando as restrições econômicas e técnicas, podemos ao menos colocar em prática os três R propostos por Russel e Burch: redução ( reduction ) da quantidade de animais ao mínimo necessário; refinamento ( refinement ) das formas de usá-los nas pesquisas e aulas, diminuindo o sofrimento; e sua substituição ( replacement ), na medida do possível.

Considerações finais

O debate recorrente sobre a melhor maneira de ensinar ética e/ou bioética decorre da crescente preocupação da sociedade em contar com médicos técnica e moralmente competentes 1313. Neves WA Jr , Araújo LZS , Rego S . Ensino de bioética nas faculdades de medicina do Brasil . Rev. bioét. (Impr.) [Internet]. 2016 [acesso 25 fev 2019]; 24 ( 1 ): 98 - 107. DOI: 10.1590/1983-80422016241111.
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. No cenário de avanços científicos, mudanças na educação e no próprio campo da bioética, torna-se essencial discutir a ética no ensino em saúde 1414. Carneiro LA , Porto CC , Duarte SBR , Chaveiro N , Barbosa MA . O ensino da ética nos cursos de graduação da área de saúde . Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2010 [acesso 25 fev 2019]; 34 ( 3 ): 412 - 21 . Disponível: https://bit.ly/2IhvTDi
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.

Os dados levantados nesta pesquisa mostraram aumento dos conhecimentos em bioética no decorrer da graduação em medicina da Unioeste Francisco Beltrão. No entanto, diversas falhas podem ser identificadas, o que leva a concluir que o ensino da ética ao longo do curso deve ser aprimorado.

Não limitar a disciplina de bioética ao primeiro ano, dispondo o plano de ensino de modo uniforme em todo o currículo, seria forma de continuar aprimorando o conhecimento dos alunos, principalmente no início das aulas práticas, quando começam a vivenciar diversas situações clínicas. Outra medida importante é estimular o estudante a se atualizar por conta própria, suprindo possíveis lacunas da formação acadêmica que afetarão sua carreira. Atualmente há variadas fontes de informações sobre bioética, inclusive nas mídias sociais, muitas vezes de forma lúdica e de fácil acesso.

A faculdade de medicina deve, na medida do possível, preparar os alunos para exercer a profissão, fornecendo não só todo o arsenal técnico necessário, mas também de ética e respeito à vida e à arte de cuidar. Esse processo deve sempre se pautar pela responsabilidade e construção coletiva de saberes que dão voz a diferentes perspectivas, como ocorreu na elaboração do Ceem 1515. Menezes MM, Amaral FR, Rocha CU, Ribeiro CR, Maia LC, Sampaio CA et al . Elaboração coletiva do código de ética do estudante de medicina. Rev. bioét. (Impr.) [Internet]. 2017 [acesso 25 fev 2019];25(1):179-90. DOI: 10.1590/1983-80422017251179
https://doi.org/10.1590/1983-80422017251...
.

Referências

  • 1
    Almeida AM, Bitencourt AGV, Neves NMBC, Neves FBCS, Lordelo MR, Lemos KM et al . Conhecimento e interesse em ética médica e bioética na graduação médica. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2008 [acesso 7 nov 2017];32(4):437-44. Disponível: https://bit.ly/2DVs7ga
    » https://bit.ly/2DVs7ga
  • 2
    Caramico HJ, Zaher VL, Rosito MMB. Ensino da bioética nas faculdades de medicina do Brasil. Bioethikos [Internet]. 2007 [acesso 2 nov 2017];1(1):76-90. Disponível: https://bit.ly/2Xedkqf
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    Voltaire. Tratado sobre a tolerância. São Paulo: L± 2008 .
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  • 6
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Anexo

Questionário

Parte I

1. Qual ano do curso está cursando?

( ) Primeiro ano

( ) Segundo ano

( ) Terceiro ano

( ) Quarto ano

( ) Quinto ano

2. Sexo:

( ) Feminino

( ) Masculino

3. Idade: ______

4. Pertence a alguma religião?

( ) Católica

( ) Evangélica

( ) Espírita

( ) Testemunha de Jeová

( ) Umbanda

( ) Nenhuma, sou ateu

( ) Outra. Qual: ____________

5. Como considera a disciplina de bioética nas faculdades de medicina?

( ) Importante

( ) Dispensável

6. Quantos anos considera que deveria durar a disciplina de bioética nas faculdades de medicina?

( ) Um ano

( ) Dois anos

( ) Três anos

( ) Quatro anos

( ) Cinco anos

( ) Seis anos

( ) Outra opção. Qual: ____________

7. Você já leu o código de ética médica?

( ) Sim, em partes

( ) Sim, inteiro

( ) Não

8. Você sabia que existe um código de ética do estudante de medicina?

( ) Sim

( ) Não

9. Você já leu o código de ética do estudante de medicina (em qualquer uma de suas versões)?

( ) Sim, em partes

( ) Sim, inteiro

( ) Não

10. Tem em alguma das suas redes sociais a Sociedade Brasileira de Bioética, Revista Bioética do CFM, Bioéticas ou algum outro canal de notícias e atualizações sobre bioética?

( ) Sim. Qual: ____________________________________

( ) Não

Parte II

1. Você concorda com o uso de animais em práticas de aulas na faculdade de medicina – por exemplo, os utilizados para serem operados na disciplina de técnica operatória?

( ) Concordo, é indispensável para adquirir os conhecimentos médicos.

( ) Não concordo, existem outras maneiras de obter os mesmos conhecimentos. Algum comentário sobre o tema? __________________________________________________________________________________________________

2. O médico pode divulgar a imagem do paciente em um trabalho ou evento científico, quando for imprescindível (Resolução CFM 1.974/2011)?

( ) Sim, não necessitando da autorização do paciente por se tratar de um evento/trabalho científico.

( ) Sim, desde que com a autorização prévia do paciente ou de seu representante legal.

( ) Não, mesmo que tenha a autorização do paciente não pode divulgar sua imagem em um evento/trabalho científico.

Algum comentário sobre o tema? ______________________________________________________________________

3. O médico pode divulgar a imagem do paciente para divulgar técnica, método ou resultado de tratamento (Resolução CFM 1.974/2011)?

( ) Sim, mesmo sem autorização do paciente.

( ) Sim, desde que tenha a autorização prévia do paciente.

( ) Não, nem mesmo com a autorização do paciente.

Algum comentário sobre o tema? ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4. Paciente adolescente, menor de idade capaz, pode consultar-se no médico desacompanhado?

( ) Sim

( ) Não

5. Paciente adolescente, menor de idade capaz, procura você para consulta desacompanhada e você:

( ) Precisa contar o diagnóstico aos pais independentemente do que seja.

( ) Só precisa comunicar os pais/autoridades se o adolescente tiver contado algo que coloque sua vida em risco.

( ) Não pode contar aos pais/autoridades o que o adolescente tem ou disse, mesmo que isso coloque em risco sua vida, pois é quebra de sigilo médico.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Set 2019
  • Data do Fascículo
    Jul-Sep 2019

Histórico

  • Recebido
    17 Ago 2018
  • Revisado
    15 Fev 2019
  • Aceito
    23 Fev 2019
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