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Percepção de formandos de medicina sobre a terminalidade da vida

Resumo

O avanço da medicina aprimorou o tratamento de enfermidades, modificando o padrão de morbimortalidade da população, com aumento de doenças crônicas. Esse fenômeno tornou urgente interpretar adequadamente a terminalidade da vida. Considerando essa necessidade, este estudo, de corte transversal, descritivo e analítico, analisou dados sobre a percepção de 111 estudantes do sexto ano de medicina acerca dos cuidados paliativos no fim da vida. Os dados foram coletados entre agosto e novembro de 2016, por meio de questionário e analisados por testes estatísticos com o programa Iramuteq. 37,3% dos estudantes relataram dificuldade em comunicar a morte do paciente à família; 60% sentem-se despreparados ou com dúvidas sobre como lidar com óbitos em serviço de urgência; 25% desconheciam o termo “eutanásia”, 53% “ortotanásia”, e 56% “distanásia”. Os resultados mostram que ainda há lacunas no conhecimento desses estudantes, explicitando a necessidade de que escolas médicas reforcem práticas pedagógicas sobre a morte.

Percepção; Estudantes de medicina; Cuidados paliativos na terminalidade da vida

Abstract

The advancement of medicine has improved the treatment of diseases, modifying the population’s morbidity and mortality pattern, with an increase in chronic diseases. This phenomenon made it urgent to properly interpret the termination of life. Considering this need, this cross–sectional, descriptive and analytical study analyzed data regarding the perceptions of 111 students from the sixth year of the medical school about end-of-life palliative care. Data were collected between August and November 2016 through a questionnaire and analyzed by statistical tests using the Iramuteq software. 37.3% of students reported difficulty communicating a patient’s death to their family; 60% of them felt unprepared or had doubts regarding how to deal with death in the emergency department; 25% of students reported not knowing the term Euthanasia; 53%, Orthothanasia; and, 56%, Dysthanasia. Results show that there are still gaps in the knowledge of medical students making evident the need for medical schools to reinforce educational practices regarding death.

Perception; Students, medical; Hospice care

Resumen

El avance de la medicina mejoró el tratamiento de enfermedades, modificando el patrón de morbimortalidad de la población, con un aumento de enfermedades crónicas. Este fenómeno tornó urgente interpretar adecuadamente la terminalidad de la vida. Considerando esta necesidad, este estudio, de corte transversal, descriptivo y analítico, analizó datos sobre la percepción de 111 estudiantes de sexto año de medicina acerca de los cuidados paliativos en el final de la vida. Los datos fueron recogidos entre agosto y noviembre de 2016, por medio de un cuestionario, y fueron analizados con pruebas estadísticas y con el programa Iramuteq. El 37.3% de los estudiantes informó dificultad para comunicar la muerte de un paciente a su familia, el 60% no se siente preparado o con dudas respecto de cómo lidiar con las muertes en el servicio de urgencia, el 25% desconocía el término “eutanasia”, el 53%, “ortotanasia”, y el 56%, “distanasia”. Los resultados muestran que aún existen lagunas en el conocimiento de estos estudiantes, explicitando la necesidad de que las facultades de medicina refuercen prácticas pedagógicas sobre la muerte.

Percepción; Estudiantes de medicina; Cuidados paliativos al final de la vida

Contextualização

O controle de fatores causadores de doença e o avanço tecnológico da medicina, que passou a retardar a evolução de enfermidades em diferentes faixas etárias (crianças, adolescentes e adultos em idade reprodutiva), modificaram o padrão de morbidade e mortalidade da população, sendo essencial para essa mudança a cronicidade das patologias 11. Brito MCC, Freitas CASL, Mesquita KO, Lima GK. Envelhecimento populacional e os desafios para a saúde pública: análise da produção científica. Rev Kairós [Internet]. 2013 [acesso 5 jun 2017];16(3):161-78. Disponível: https://bit.ly/2Iz9kWH
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. Com isso, o Brasil tem acompanhando o restante do mundo no aumento da longevidade dos indivíduos 22. Oliveira TC, Medeiros WR, Lima KC. Diferenciais de mortalidade por causas nas faixas etárias limítrofes de idosos. Rev Bras Geriatr Gerontol [Internet]. 2015 [acesso 30 jan 2017];18(1):85-94. DOI: 10.1590/1809-9823.2015.14203 . No país, a terceira idade é o segmento com maior incremento na população, com taxas de crescimento estimadas em mais de 4% ao ano no período de 2012 a 2022 11. Brito MCC, Freitas CASL, Mesquita KO, Lima GK. Envelhecimento populacional e os desafios para a saúde pública: análise da produção científica. Rev Kairós [Internet]. 2013 [acesso 5 jun 2017];16(3):161-78. Disponível: https://bit.ly/2Iz9kWH
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, 33. Borges GM, Campos MB, Silva LGC. Transição da estrutura etária no Brasil: oportunidades e desafios para a sociedade nas próximas décadas. In: Borges GM, Ervatti LR, Jardim AP. Mudança demográfica no Brasil no início do século XXI: subsídios para projeção da população. 3ª ed. Rio de Janeiro: IBGE; 2015. p. 138-51. .

Essa drástica alteração do padrão demográfico é uma das mais importantes mudanças estruturais observadas na sociedade brasileira. A queda do crescimento populacional geral e as mudanças na estrutura etária têm ocasionado um aumento mais lento do número de crianças e adolescentes, enquanto a população idosa cresce cada vez mais 44. Simões CCS. Relações entre as alterações históricas na dinâmica demográfica brasileira e os impactos decorrentes do processo de envelhecimento da população. Rio de Janeiro: IBGE; 2016. .

Terminalidade da vida

No atual panorama, surge a necessidade de compreender a terminalidade da vida 55. Leppert W, Gottwald L, Majkowicz M, Kazmierczak-Lukaszewicz S, Forycka M, Cialkowska-Rysz A et al. A comparison of attitudes toward euthanasia among medical students at two Polish universities. J Cancer Educ [Internet]. 2013 [acesso 24 jul 2017];28(2):384-91. DOI: 10.1007/s13187-012-0414-4
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, 66. Leppert W, Majkowics M, Forycka M. Attitudes of Polish physicians and medical students toward breaking bad news, euthanasia and morphine administration in cancer patients. J Cancer Educ [Internet]. 2013 [acesso 24 jul 2017];28(4):603-10. DOI: 10.1007/s13187-013-0553-2 , processo decorrente do esgotamento dos esforços para restaurar a saúde do enfermo, que traz à tona a morte iminente, inexorável e prevista 77. Marengo MO, Flávio DA, Silva RHA. Terminalidade de vida: bioética e humanização em saúde. Medicina [Internet]. 2009 [acesso 11 out 2015];42(3):350-7. DOI: 10.11606/issn.2176-7262.v42i3p350-357 , considerada como a interrupção absoluta da existência 88. Calasans CR, Sá CK, Dunningham WA, Aguiar WM, Pinho STR. Refletindo sobre a morte com acadêmicos de medicina. Rev Bras Neurol Psiquiatr [Internet]. 2014 [acesso 17 jun 2017];18(1):34-57. Disponível: https://bit.ly/2B9BB44
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. Essa compreensão é fundamental, principalmente tendo em vista que, nos tempos atuais, a tecnologia e os métodos invasivos não apenas aumentaram a longevidade, mas também retardaram o processo de morte e prolongaram a existência, ainda que sem assegurar qualidade de vida 99. Sanchez y Sanches KM, Seidl EMF. Ortotanásia: uma decisão frente à terminalidade. Interface Comun Saúde Educ [Internet]. 2013 [acesso 23 jul 2015];17(44):23-34. DOI: 10.1590/S1414-32832013000100003 , 1010. Rahman M, Abuhasna S, Abu-Zidan FM. Care of terminally-ill patients: an opinion survey among critical care healthcare providers in the Middle East. Afr Health Sci [Internet]. 2013 [acesso 16 ago 2015];13(4):893-8. DOI: 10.4314/ahs.v13i4.5 .

É justamente essa ilusão de longevidade em doentes desprovidos de qualquer chance de cura ou manutenção de mínima qualidade de vida e conforto que define o tratamento fútil, caracterizador da distanásia, fonte de angústia sobretudo para o paciente e sua família 1111. Santos LRG, Menezes MP, Gradvohl SMO. Conhecimento, envolvimento e sentimentos de concluintes dos cursos de medicina, enfermagem e psicologia sobre ortotanásia. Ciênc Saúde Coletiva [Internet]. 2013 [acesso 23 jul 2015];18(9):2645-51. Disponível: https://bit.ly/2OQWsRU
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, 1212. Biondo CA, Silva MJP, Dal Secco LM. Distanásia, eutanásia e ortotanásia: percepções dos enfermeiros de unidades de terapia intensiva e implicações na assistência. Rev Latinoam Enferm [Internet]. 2009 [acesso 22 jul 2015];17(5):613-9. Disponível: https://bit.ly/2MlFidv
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. A morte se torna então evento extremamente solitário, pois o indivíduo, necessitando de cuidados médico-hospitalares, é retirado do convívio familiar e afastado das relações interpessoais 99. Sanchez y Sanches KM, Seidl EMF. Ortotanásia: uma decisão frente à terminalidade. Interface Comun Saúde Educ [Internet]. 2013 [acesso 23 jul 2015];17(44):23-34. DOI: 10.1590/S1414-32832013000100003 . Além disso, a distanásia é associada ao uso de recursos inúteis, que poderiam beneficiar outros enfermos cuja doença ainda pode ser extinguida 99. Sanchez y Sanches KM, Seidl EMF. Ortotanásia: uma decisão frente à terminalidade. Interface Comun Saúde Educ [Internet]. 2013 [acesso 23 jul 2015];17(44):23-34. DOI: 10.1590/S1414-32832013000100003 , 1313. Silva JAC, Souza LEA, Silva LC, Teixeira RKC. Distanásia e ortotanásia: práticas médicas sob a visão de um hospital particular. Rev. bioét. (Impr.) [Internet]. 2014 [acesso 22 jul 2017];22(2):358-66. DOI: 10.1590/1983-80422014222017 , 1414. Franco CAGS, Cubas MR, Franco RS. Currículo de medicina e as competências propostas pelas diretrizes curriculares. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2014 [acesso 31 jul 2015];38(2):221-30. DOI: 10.1590/S0100-55022014000200009 .

As abordagens que visam manter a vida a qualquer custo são insuficientes, exageradas, desnecessárias e ignoram o sofrimento do doente. Por vezes o paciente é mantido vivo graças a tratamentos que provocam mais dor do que alívio e conforto. Entretanto, essas observações não têm a intenção de reprovar a medicina tecnológica, e sim estimular a reflexão sobre a conduta a ser tomada diante da inexorável mortalidade humana. É fundamental manter o equilíbrio entre conhecimento científico e humanismo, recuperando a dignidade da vida e a qualidade da morte 1515. Matsumoto DY. Cuidados paliativos: conceitos, fundamentos e princípios. In: Carvalho RT, Parsons HA, organizadores. Manual de cuidados paliativos ANCP. 2ª ed. São Paulo: ANCP; 2012. p. 23-30. .

Opõe-se à obstinação terapêutica – que mantém o paciente vivo, mas com dor e sofrimento – a “eutanásia”, que é o ato (ativa) ou omissão (passiva) que provoca ou acelera a morte do indivíduo debilitado 99. Sanchez y Sanches KM, Seidl EMF. Ortotanásia: uma decisão frente à terminalidade. Interface Comun Saúde Educ [Internet]. 2013 [acesso 23 jul 2015];17(44):23-34. DOI: 10.1590/S1414-32832013000100003 , 1313. Silva JAC, Souza LEA, Silva LC, Teixeira RKC. Distanásia e ortotanásia: práticas médicas sob a visão de um hospital particular. Rev. bioét. (Impr.) [Internet]. 2014 [acesso 22 jul 2017];22(2):358-66. DOI: 10.1590/1983-80422014222017 , 1616. Siqueira-Batista R, Schramm FR. A eutanásia e os paradoxos da autonomia. Ciênc Saúde Coletiva [Internet]. 2008 [acesso 22 jul 2015];13(1):95-102. Disponível: https://bit.ly/2OLFZhM
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. Há ainda a “ortotanásia”, que preconiza a morte no momento certo, não a postergando com tratamento desproporcional e ilógico 99. Sanchez y Sanches KM, Seidl EMF. Ortotanásia: uma decisão frente à terminalidade. Interface Comun Saúde Educ [Internet]. 2013 [acesso 23 jul 2015];17(44):23-34. DOI: 10.1590/S1414-32832013000100003 , 1313. Silva JAC, Souza LEA, Silva LC, Teixeira RKC. Distanásia e ortotanásia: práticas médicas sob a visão de um hospital particular. Rev. bioét. (Impr.) [Internet]. 2014 [acesso 22 jul 2017];22(2):358-66. DOI: 10.1590/1983-80422014222017 , 1717. Cruz MLM, Oliveira RA. A licitude civil da prática da ortotanásia por médico em respeito à vontade livre do paciente. Rev. bioét. (Impr.) [Internet]. 2013 [acesso 23 jul 2015];21(3):405-11. Disponível: https://bit.ly/2VTKs3D
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nem a adiantando por qualquer razão 1111. Santos LRG, Menezes MP, Gradvohl SMO. Conhecimento, envolvimento e sentimentos de concluintes dos cursos de medicina, enfermagem e psicologia sobre ortotanásia. Ciênc Saúde Coletiva [Internet]. 2013 [acesso 23 jul 2015];18(9):2645-51. Disponível: https://bit.ly/2OQWsRU
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, 1818. Santos MFG, Bassitt DP. Terminalidade da vida em terapia intensiva: posicionamento dos familiares sobre ortotanásia. Rev Bras Ter Intensiva [Internet]. 2011 [acesso 23 jul 2015];23(4):448-54. Disponível: https://bit.ly/2nPE3tB
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. Essa concepção está relacionada aos cuidados paliativos, ações de zelo à pessoa com doença incurável e avançada, em situação de sofrimento físico e/ou psíquico. Os cuidados paliativos são tentativa de superar o atual predomínio do tratamento fútil, e para serem colocados em prática é preciso que os profissionais se conscientizem de que o paciente deve ser o personagem principal do cuidado 1313. Silva JAC, Souza LEA, Silva LC, Teixeira RKC. Distanásia e ortotanásia: práticas médicas sob a visão de um hospital particular. Rev. bioét. (Impr.) [Internet]. 2014 [acesso 22 jul 2017];22(2):358-66. DOI: 10.1590/1983-80422014222017 , 1515. Matsumoto DY. Cuidados paliativos: conceitos, fundamentos e princípios. In: Carvalho RT, Parsons HA, organizadores. Manual de cuidados paliativos ANCP. 2ª ed. São Paulo: ANCP; 2012. p. 23-30. , 1919. Crippa A, Lufiego CAF, Feijó AMGS, Carli GA, Gomes I. Aspectos bioéticos nas publicações sobre cuidados paliativos em idosos: análise crítica. Rev. bioét. (Impr.) [Internet]. 2015 [acesso 8 set 2015];23(1):149-60. DOI: 10.1590/1983-80422015231055 .

Os cuidados paliativos promovem a qualidade de vida do doente terminal e seus familiares, aliviando o sofrimento do paciente desde o diagnóstico até a morte, avaliando não somente os problemas físicos, mas também psicossociais e espirituais 1515. Matsumoto DY. Cuidados paliativos: conceitos, fundamentos e princípios. In: Carvalho RT, Parsons HA, organizadores. Manual de cuidados paliativos ANCP. 2ª ed. São Paulo: ANCP; 2012. p. 23-30. . Esses cuidados se baseiam na medicina paliativa, reconhecida recentemente como área de atuação médica no Brasil 2020. Toledo AP, Priolli DG. Cuidados no fim da vida: o ensino médico no Brasil. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2012 [acesso 13 jun 2017];36(1):109-17. Disponível: https://bit.ly/2MIxjWL
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Lei e bioética

O conceito hipocrático, historicamente conhecido, baseou-se nos princípios de alívio da dor, redução da nocividade da patologia e renúncia a tratamentos quando a medicina não é mais capaz de colaborar para a reversão do quadro 1313. Silva JAC, Souza LEA, Silva LC, Teixeira RKC. Distanásia e ortotanásia: práticas médicas sob a visão de um hospital particular. Rev. bioét. (Impr.) [Internet]. 2014 [acesso 22 jul 2017];22(2):358-66. DOI: 10.1590/1983-80422014222017 . Fiel a esses princípios, em 1967 surgiu o movimento Hospice e foi fundado em Londres o St. Christopher’s Hospice, graças ao empenho de Cicely Mary Saunders. O movimento é considerado pioneiro nos cuidados no fim da vida 2020. Toledo AP, Priolli DG. Cuidados no fim da vida: o ensino médico no Brasil. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2012 [acesso 13 jun 2017];36(1):109-17. Disponível: https://bit.ly/2MIxjWL
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.

No Brasil, em 2010, o Código de Ética Médica (CEM) reforçou o exercício da ortotanásia, prevendo no item XXII do Capítulo I que, nas situações clínicas irreversíveis e terminais, o médico evitará a realização de procedimentos diagnósticos e terapêuticos desnecessários e propiciará aos pacientes sob sua atenção todos os cuidados paliativos apropriados 2121. Conselho Federal de Medicina. Código de ética médica: Resolução CFM nº 1.931, de 17 de setembro de 2009 [Internet]. Brasília: CFM; 2010 [acesso 8 set 2015]. p. 31. Disponível: https://bit.ly/2gyRqtD
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. E o novo CEM, que entrou em vigor em 2019, reproduz o mesmo raciocínio 2222. Conselho Federal de Medicina. Código de ética médica: Resolução CFM nº 2.217, de 27 de setembro de 2018 [Internet]. Brasília: CFM; 2019 [acesso 17 out 2019]. Disponível: https://bit.ly/2Hu8MTZ
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No entanto, não há normatização a respeito dessa prática na legislação brasileira 1313. Silva JAC, Souza LEA, Silva LC, Teixeira RKC. Distanásia e ortotanásia: práticas médicas sob a visão de um hospital particular. Rev. bioét. (Impr.) [Internet]. 2014 [acesso 22 jul 2017];22(2):358-66. DOI: 10.1590/1983-80422014222017 . Para coibir a distanásia, o Conselho Federal de Medicina (CFM) 2323. Conselho Federal de Medicina. Resolução CFM nº 1.995, de 9 de agosto de 2012. Dispõe sobre as diretivas antecipadas de vontade dos pacientes. Diário Oficial da União [Internet]. Brasília, p. 269-70, 31 ago 2012 [acesso 12 jul 2017]. Seção 1. Disponível: https://bit.ly/2Qry87e
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lançou a Resolução 1.995/2012, estabelecendo as “diretivas antecipadas de vontade”, que expressam o desejo do paciente com relação a procedimentos diagnósticos ou terapêuticos no fim de vida, norteando a conduta do médico com respeito à autonomia do doente 2424. Stolz C, Gehlen G, Bonamigo EL, Bortoluzzi MC. Manifestação das vontades antecipadas dos pacientes como fator inibidor da distanásia. Rev. bioét. (Impr.) [Internet]. 2011 [acesso 23 jul 2017];19(3):833-45. Disponível: https://bit.ly/35FCzD5
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O CEM de 2010 2525. Conselho Federal de Medicina. Op. cit. 2010. , assim como o de 2019, no artigo 41, veda ao médico abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido deste ou de seu representante legal 2626. Conselho Federal de Medicina. Op. cit. 2019. p. 28. . Portanto, a eutanásia é ainda considerada delito no Brasil 1717. Cruz MLM, Oliveira RA. A licitude civil da prática da ortotanásia por médico em respeito à vontade livre do paciente. Rev. bioét. (Impr.) [Internet]. 2013 [acesso 23 jul 2015];21(3):405-11. Disponível: https://bit.ly/2VTKs3D
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, 2727. Felix ZC, Costa SFG, Alves AMPM, Andrade CG, Duarte MCS, Brito FM. Eutanásia, distanásia e ortotanásia: revisão integrativa da literatura. Ciênc Saúde Coletiva [Internet]. 2013 [acesso 22 jul 2015];18(9):2733-46. DOI: 10.1590/S1413-81232013000900029 . Nesse âmbito, há discussões em diversos países: o procedimento é legalizado, por exemplo, na Bélgica e na Holanda desde 2002 2828. Chambaere K, Bilsen J, Cohen J, Onwuteaka-Philipsen BD, Mortier F, Deliens L. Physician-assisted deaths under the euthanasia law in Belgium: a population-based survey. Can Med Assoc J [Internet]. 2010 [acesso 24 jul 2015];182(9):895-901. DOI: 10.1503/cmaj.091876

29. Legemaate J, Bolt I. The Dutch euthanasia act: recent legal developments. Eur J Health Law [Internet]. 2013 [acesso 24 jul 2015];20(5):451-69. Disponível: https://bit.ly/2MPGYuS
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- 3030. Rietjens JAC, Raijmakers NJH, Kouwenhoven PSC, Seale C, Van Thiel GJMW, Trappenburg M et al. News media coverage of euthanasia: a content analysis of Dutch national newspapers. BMC Med Ethics [Internet]. 2013 [acesso 24 jul 2015];14(11):1-7. Disponível: https://bit.ly/2OLRp58
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, em Luxemburgo desde 2009 e em dois estados norte-americanos, Oregon desde 1997 e Washington desde 2009 2828. Chambaere K, Bilsen J, Cohen J, Onwuteaka-Philipsen BD, Mortier F, Deliens L. Physician-assisted deaths under the euthanasia law in Belgium: a population-based survey. Can Med Assoc J [Internet]. 2010 [acesso 24 jul 2015];182(9):895-901. DOI: 10.1503/cmaj.091876 .

Examinando essas discussões verifica-se o confronto de valores morais, religiosos, culturais e políticos decorrente da diversidade. Distintas perspectivas repercutem na ilusória e distorcida caracterização da medicina tecnológica como processo infalível, inevitável e indiscutivelmente destinado a evitar a morte e trazer qualidade de vida aos seres humanos. A ilusão de que a ciência é detentora das respostas para todos os problemas torna as decisões éticas ao final da vida mais delicadas e controversas, com inumeráveis questionamentos e dilemas éticos 3131. Siqueira JE, Pessini L, Siqueira CEM. Conflitos morais sobre a terminalidade da vida: aspectos médicos, filosóficos e jurídicos. Rev Colomb Bioét [Internet]. 2013 [acesso 18 jun 2017];8(2):104-13. Disponível: https://bit.ly/2VJJKWp
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, 3232. Aghababaei N, Wasserman JA. Attitude toward euthanasia scale: psychometric properties and relations with religious orientation, personality, and life satisfaction. Am J Hosp Palliat Care [Internet]. 2013 [acesso 23 jul 2017];30(8):781-5. DOI: 10.1177/1049909112472721 .

Educação médica e diretrizes curriculares

Há pouco tempo, o ensino médico não preconizava a empatia diante do sofrimento e a humanização da medicina 3333. Medeiros NS, Santos TR, Trindade EMV, Almeida KJQ. Avaliação do desenvolvimento de competências afetivas e empáticas do futuro médico. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2013 [acesso 2 nov 2015];37(4):515-25. DOI: 10.1590/S0100-55022013000400007 . Em grande medida, essa perspectiva decorria do grande avanço das tecnologias, que permitiam o prolongamento da vida do ser humano de forma artificial, quase indefinidamente, além do surgimento dos superespecialistas, cujo foco terapêutico restringia-se à enfermidade, e não ao paciente. Tratar um indivíduo com doença terminal e morte iminente não fazia parte da formação dos médicos, o que provocava sensação de fracasso 3434. Brugugnolli ID, Gonsaga RAT, Silva EM. Ética e cuidados paliativos: o que os médicos sabem sobre o assunto? Rev. bioét. (Impr.) [Internet]. 2013 [acesso 8 set 2015];21(3):477-85. DOI: 10.1590/S1983-80422013000300012 .

Na educação médica contemporânea, compreendeu-se a importância da “atitude”, habilidade afetiva ensinada e aprendida de se relacionar com o paciente e a sociedade. Segundo Medeiros e colaboradores 3333. Medeiros NS, Santos TR, Trindade EMV, Almeida KJQ. Avaliação do desenvolvimento de competências afetivas e empáticas do futuro médico. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2013 [acesso 2 nov 2015];37(4):515-25. DOI: 10.1590/S0100-55022013000400007 , para evitar que a medicina se encerrasse no tecnicismo, foram modificadas as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) do curso de graduação, surgindo a preocupação com aspectos biopsicossociais na busca por unir conhecimentos de diversas áreas. Com essas mudanças, e uma vez que os médicos pautem sua conduta em valores humanísticos e na ética médica, é impossível ver com ceticismo o futuro da profissão 3535. Andrade SC, Deus JA, Barbosa ECH, Trindade EMV. Avaliação do desenvolvimento de atitudes humanísticas na graduação médica. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2011 [acesso 2 nov 2015];35(4):517-25. DOI: 10.1590/S0100-55022011000400011 .

O modelo anterior de ensino não tratava com a devida atenção a finitude da vida, levando a preocupante despreparo dos profissionais de saúde 3636. Pinheiro TRSP. Avaliação do grau de conhecimento sobre cuidados paliativos e dor dos estudantes de medicina do quinto e sexto anos. Mundo Saúde [Internet]. 2010 [acesso 14 ago 2015];34(3):320-6. Disponível: https://bit.ly/2KEJnqN
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. No entanto, atualmente surge a consciência de que é fundamental preparar os estudantes para lidar com o sofrimento e a morte, considerando a trajetória inexorável do ser humano, com a qual todo médico se defronta na prática diária.

Os estudantes e residentes de medicina devem estar habituados com os conceitos e princípios da ética médica diante da finitude da vida, pois temas como eutanásia e sua legalização, distanásia e terminalidade são centrais na reflexão de profissionais da área da saúde em grupos de trabalho, comitês de ética e debates públicos 55. Leppert W, Gottwald L, Majkowicz M, Kazmierczak-Lukaszewicz S, Forycka M, Cialkowska-Rysz A et al. A comparison of attitudes toward euthanasia among medical students at two Polish universities. J Cancer Educ [Internet]. 2013 [acesso 24 jul 2017];28(2):384-91. DOI: 10.1007/s13187-012-0414-4
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. Diversos países como Polônia 55. Leppert W, Gottwald L, Majkowicz M, Kazmierczak-Lukaszewicz S, Forycka M, Cialkowska-Rysz A et al. A comparison of attitudes toward euthanasia among medical students at two Polish universities. J Cancer Educ [Internet]. 2013 [acesso 24 jul 2017];28(2):384-91. DOI: 10.1007/s13187-012-0414-4
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, 66. Leppert W, Majkowics M, Forycka M. Attitudes of Polish physicians and medical students toward breaking bad news, euthanasia and morphine administration in cancer patients. J Cancer Educ [Internet]. 2013 [acesso 24 jul 2017];28(4):603-10. DOI: 10.1007/s13187-013-0553-2 , Paquistão 3737. Shaikh MA, Kamal A. Beliefs about euthanasia among university students: perspectives from Pakistan. East Mediterr Health J [Internet]. 2011 [acesso 24 jul 2015];17(10):794-7. Disponível: https://bit.ly/35ymTBz
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De acordo com Siqueira 4242. Siqueira JE. Definindo e aceitando a terminalidade da vida. In: Moritz RA, organizadora. Conflitos bioéticos do viver e do morrer [Internet]. Brasília: CFM; 2011 [acesso 12 ago 2015]. p. 15-24. Disponível: https://bit.ly/33wLXHo
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, anteriormente as universidades submetiam os estudantes a sistemas de conhecimento e tecnologias especializadas, restringindo a aprendizagem de habilidades médicas e de comunicação. Esse foco reduzia a capacidade de realizar anamneses elucidativas e exame físico pormenorizado, favorecendo a utilização acrítica – e às vezes desnecessária – da imensa corrente de informações produzida pelos equipamentos.

No Brasil, urge abordar esses temas para adequar as competências e habilidades dos médicos às DCN para o curso de graduação, que recomendam: os profissionais devem realizar seus serviços dentro dos mais altos padrões de qualidade e dos princípios da ética/bioética 4343. Brasil. Ministério da Educação. Diretrizes curriculares nacionais do curso de graduação em medicina [Internet]. Brasília: Ministério da Educação; 2014 [acesso 25 maio 2017]. Disponível: https://bit.ly/1CCBjuE
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. O motivo dessa mudança curricular é fornecer formação eficaz com educação generalista, humanista, crítica e reflexiva, tornando o egresso capaz de resolver problemas característicos da sociedade moderna 1414. Franco CAGS, Cubas MR, Franco RS. Currículo de medicina e as competências propostas pelas diretrizes curriculares. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2014 [acesso 31 jul 2015];38(2):221-30. DOI: 10.1590/S0100-55022014000200009 .

Dessa forma, é vital descrever e avaliar a percepção de formandos do curso de medicina sobre aspectos relacionados à terminalidade da vida, com o intuito de compreender como o tema vem sendo debatido e analisar como futuros médicos podem lidar com esse assunto amplo, polêmico, dependente de fatores sociais, econômicos, jurídicos, religiosos e culturais.

Método

Delineamento

Trata-se de estudo transversal, descritivo e analítico, realizado por meio de questionário previamente estruturado, aplicado a 111 estudantes concluintes do sexto ano do curso de medicina de duas instituições do estado do Pará: uma privada, Centro Universitário do Estado Pará (Cesupa) (n=40), e outra pública, Universidade do Estado do Pará (Uepa) (n=71). O período de coleta dos dados foi de agosto a novembro de 2016.

Coleta de dados

Os dados foram obtidos por meio de questionário dividido em duas partes, sendo a primeira baseada em dois protocolos. O primeiro protocolo, do tipo Likert, intitula-se “instrumento de avaliação de atitudes de estudantes de medicina frente a questões relevantes da prática médica”. Já validada, a escala foi criada e utilizada em 2002, na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, por Colares e colaboradores 4444. Colares MFA, Troncon LEA, Figueiredo JFC, Cianflone ARL, Rodrigues MLV, Piccinato CE et al. Construção de um instrumento para avaliação das atitudes de estudantes de medicina frente a aspectos relevantes da prática médica. Rev Bras Educ Méd. 2002;26(3):194-203. . O instrumento tem 52 itens; entretanto, para este estudo, foram utilizados apenas cinco, concernentes a aspectos da finitude da vida.

O segundo protocolo utilizou nove perguntas de pesquisa realizada em 2011, no município de Bauru/SP, por Oliveira e colaboradores 4545. Oliveira FT, Flávio DA, Marengo MO, Silva RHA. Bioética e humanização na fase final da vida: visão de médicos. Rev. bioét. (Impr.) [Internet]. 2011 [acesso 20 nov 2015];19(1):247-58. Disponível: https://bit.ly/2OOMSim
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, que aferiram o posicionamento de médicos quanto à humanização da assistência em saúde e aos cuidados paliativos para pacientes terminais. Para análise desse primeiro bloco do questionário, foram realizados o teste de qui-quadrado e Wilcoxon, com o programa BioEstat 5.

A segunda parte do formulário continha a pergunta: “O que você entende sobre eutanásia, distanásia e ortotanásia?”. As respostas dos alunos foram inseridas no software Iramuteq, que gerou nuvem de palavras representativa dos dados com base na ocorrência de palavras isoladas. A importância de cada vocábulo foi apresentada pelo tamanho ou cor da fonte. Esse tipo de representação da análise lexical foi escolhido por ser intuitivo, simples e graficamente interessante, possibilitando a rápida identificação das palavras-chave de um corpus .

Aspectos éticos

Os alunos aceitaram participar do estudo após esclarecimento a respeito dos objetivos e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido, conforme determinação do Conselho Nacional de Saúde na Resolução 466/12. A pesquisa, aceita pelo Comitê de Ética da Uepa, foi custeada pelas próprias autoras. O projeto foi realizado para obtenção de título de mestre em Ensino e Saúde da Amazônia pela Universidade do Estado do Pará.

Resultados e discussão

A pesquisa questionou 111 estudantes do sexto ano de medicina sobre suas atitudes diante de práticas médicas relacionadas à terminalidade da vida. Quanto à notícia da morte, mais de um terço dos participantes relatou dificuldade em comunicá-la à família ( Figura 1 ), o que pode transparecer inabilidade dos alunos. Em estudo de 2011, que utilizou a mesma escala de atitudes 3535. Andrade SC, Deus JA, Barbosa ECH, Trindade EMV. Avaliação do desenvolvimento de atitudes humanísticas na graduação médica. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2011 [acesso 2 nov 2015];35(4):517-25. DOI: 10.1590/S0100-55022011000400011 , os índices são ainda maiores, com 70% dos discentes revelando despreparo para transmitir a má notícia.

Figura 1
Distribuição de respostas ao item “sinto-me preparado para comunicar a morte do paciente à família”

p = 0,0298 (qui-quadrado de aderência)


Essa inaptidão associa-se à negatividade, ao medo e ao tabu que envolvem a morte, que a transformam em algo indesejável e assunto a ser evitado 4646. Duarte AC, Almeida DV, Popim RC. A morte no cotidiano da graduação: um olhar do aluno de medicina. Interface Comun Saúde Educ [Internet]. 2015 [acesso 17 jun 2017];19(55):1207-19. DOI: 10.1590/1807-57622014.1093 , 4747. Santos DA, Almeida ERP, Silva FF, Andrade LHC, Azevêdo LA, Neves NMBC. Reflexões bioéticas sobre a eutanásia a partir de caso paradigmático. Rev. bioét. (Impr.) [Internet]. 2014 [acesso 22 jul 2015];22(2):367-72. DOI: 10.1590/1983-80422014222018 . Duarte, Almeida e Popim 4646. Duarte AC, Almeida DV, Popim RC. A morte no cotidiano da graduação: um olhar do aluno de medicina. Interface Comun Saúde Educ [Internet]. 2015 [acesso 17 jun 2017];19(55):1207-19. DOI: 10.1590/1807-57622014.1093 , em estudo qualitativo de 2015 com alunos do quarto e sexto ano de medicina, constataram que a rejeição ao tema foi dominante nas respostas. Na opinião dos estudantes, o tema é pouco discutido na formação, sendo necessário, além do conhecimento, o aprendizado de habilidades de relacionamento e afetividade.

Sobre o sentimento de despreparo ao vivenciar a morte em serviço de urgência, cerca de 60% dos sextanistas sentem-se despreparados ou têm dúvidas sobre como enfrentar a situação ( p =0,3594). A porcentagem é bastante significativa, considerando que os estudantes estão no final do curso. Dessa forma, cabe indagar: como esses futuros médicos vão enfrentar aspectos bioéticos? Segundo Dias 4848. Dias GT. Comunicação de más notícias no departamento de emergência: uma análise comparativa entre as percepções de médicos residentes, pacientes e familiares [dissertação] [Internet]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2015 [acesso 25 jul 2017]. Disponível: https://bit.ly/2pj8QPL
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, os serviços de urgência têm dinâmica única e natureza crítica e desordenada, dado o cenário de primeiro contato médico-paciente isento de vínculo preestabelecido.

Quando perguntados se se sentem muito incomodados quando veem a morte de paciente jovem, a maioria dos concluintes se diz totalmente de acordo com a afirmação ( p <0,0001). No estudo de Andrade e colaboradores 3535. Andrade SC, Deus JA, Barbosa ECH, Trindade EMV. Avaliação do desenvolvimento de atitudes humanísticas na graduação médica. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2011 [acesso 2 nov 2015];35(4):517-25. DOI: 10.1590/S0100-55022011000400011 , cerca de 70% dos estudantes também mencionaram desconforto. A morte de pessoa jovem é considerada inaceitável, pois sugere falha e traz à tona o senso comum de que a finitude não pode fazer parte da juventude.

Também foi pesquisado o posicionamento dos estudantes sobre a humanização na assistência em saúde e os cuidados paliativos. A maioria respondeu que daria suporte emocional para pacientes terminais (97,3%); conversaria com eles sobre a doença (98,2%); esclareceria para os pacientes terminais quanto tempo viveriam (65,8%); informaria o diagnóstico verdadeiro nesses casos (98,2%); concorda que os cuidados paliativos aumentam a qualidade de vida do paciente (93,7%); e adotaria o cuidado paliativo (97,3%) ( Tabela 1 ). Essas respostas revelam avanço no ensino de competências na relação médico-paciente, especialmente quanto à terminalidade da vida, apesar dos entraves, uma vez que o assunto tem sido bastante discutido pela sociedade em geral, mesmo fora do ambiente acadêmico.

Tabela 1
Posicionamento dos estudantes sobre humanização da assistência em saúde e cuidados paliativos para pacientes terminais

Os dados corroboram a pesquisa de Oliveira e colaboradores 4545. Oliveira FT, Flávio DA, Marengo MO, Silva RHA. Bioética e humanização na fase final da vida: visão de médicos. Rev. bioét. (Impr.) [Internet]. 2011 [acesso 20 nov 2015];19(1):247-58. Disponível: https://bit.ly/2OOMSim
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, em que quase todos os entrevistados disseram dar suporte emocional ao paciente (90%) e conversar sobre a patologia, informando o diagnóstico real aos que estão em fase terminal (70%). Quanto à assistência paliativa, Barclay e colaboradores 4949. Barclay S, Whyte R, Thiemann P, Benson J, Wood DF, Parker RA, Quince T. An important but stressful part of their future work: medical students’ attitudes to palliative care throughout their course. J Pain Symptom Manage [Internet]. 2015 [acesso 24 jul 2017];49(2):231-42. DOI: 10.1016/j.jpainsymman.2014.06.004 constataram em 2015 o conhecimento de tais cuidados por parte dos estudantes de medicina; e Moraes e Kairalla 5050. Moraes SAF, Kairalla MC. Assessing knowledge of medical undergraduate students on palliative care in end-stage disease patients. Einstein [Internet]. 2010 [acesso 15 jul 2017];8(2):162-7. Disponível: https://bit.ly/2qk7pBc
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, em artigo de 2010, identificaram que alunos concluintes estão cientes da importância do tratamento paliativo, mesmo não enfrentando essa experiência durante a vida acadêmica, o que é confirmado pelo presente trabalho.

Em relação aos itens “concorda que a discussão aberta sobre questões de vida e morte não fere os pacientes nessa situação e que, na realidade, eles gostam dessa franqueza”, “usaria aparelhos para prolongar a vida de seus pacientes” e “acha que altas tecnologias se tornam complicador na humanização de pacientes terminais”, os estudantes responderam de modo variado, sugerindo incerteza. Isso ocorre porque os avanços e o êxito na terapêutica de patologias voltaram a medicina inteiramente para a cura, prolongando a vida e supostamente eliminando a possibilidade de morte 5151. Oliveira MZPB, Barbas S. Autonomia do idoso e distanásia. Rev. bioét. (Impr.) [Internet]. 2013 [acesso 29 jul 2017];21(2):328-37. DOI: 10.1590/S1983-80422013000200016 .

Outra pergunta que os alunos responderam foi: “o que você entende sobre eutanásia, distanásia e ortotanásia?”. Dos 111 participantes, 25% referiram desconhecer o termo “eutanásia”, 53% “ortotanásia” e 56% “distanásia”. Ademais, 23% dos discentes desconheciam os três termos. Para Junges e colaboradores 5252. Junges JR, Cremonese C, Oliveira EA, Souza LL, Backes V. Reflexões legais e éticas sobre o final da vida: uma discussão sobre a ortotanásia. Rev. bioét. (Impr.) [Internet]. 2010 [acesso 23 jul 2015];18(2):275-88. Disponível: https://bit.ly/2MieJpk
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, a diferença entre esses conceitos muitas vezes é desprezada, dificultando sua compreensão e a formação de opinião. Em 2008, no Sudão, Ahmed e Kheir 5353. Ahmed AM, Kheir MM. Attitudes towards euthanasia among final-year Khartoum University medical students. East Mediterr Health J [Internet]. 2008 [acesso 18 jun 2017];12(3-4):391-7. Disponível: https://bit.ly/2ISWjJB
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também constataram que 87,9% dos estudantes não estavam familiarizados com a definição de eutanásia. Em contraste, no trabalho de Leppert e colaboradores, realizado na Polônia em 2013 55. Leppert W, Gottwald L, Majkowicz M, Kazmierczak-Lukaszewicz S, Forycka M, Cialkowska-Rysz A et al. A comparison of attitudes toward euthanasia among medical students at two Polish universities. J Cancer Educ [Internet]. 2013 [acesso 24 jul 2017];28(2):384-91. DOI: 10.1007/s13187-012-0414-4
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, 79,59% dos estudantes demonstraram compreender o conceito. Essas diferenças demonstram como o foco da formação influencia a forma como a terminalidade é percebida e entendida nas diferentes sociedades.

A nuvem de palavras ( Figura 2 ) criada a partir da resposta dos participantes sobre eutanásia confirma estudo de Felix e colaboradores 2727. Felix ZC, Costa SFG, Alves AMPM, Andrade CG, Duarte MCS, Brito FM. Eutanásia, distanásia e ortotanásia: revisão integrativa da literatura. Ciênc Saúde Coletiva [Internet]. 2013 [acesso 22 jul 2015];18(9):2733-46. DOI: 10.1590/S1413-81232013000900029 , que constatou ser o termo pouco conhecido, embora a conduta que denota seja amplamente praticada. Em outro estudo, realizado em São Paulo, estudantes de medicina também mostraram desconhecer o conceito 5454. Pinheiro A, Nakazone MA, Leal FS, Pinhel MAS, Souza DRS, Cipullo JP. Medical students’ knowledge about end-of-life decision-making. Rev Bras Educ Méd [Internet]. 2011 [acesso 18 jun 2017];35(2):171-6. DOI: 10.1590/S0100-55022011000200005 .

Figura 2
Nuvem de palavras gerada pelo programa Iramuteq

As palavras mais relacionadas à eutanásia foram “paciente” e “vida”, seguidas de “morte”, “desconhecer” e “terminal”. Pode-se depreender que a maior ocorrência dos primeiros termos é dicotômica, já que, etimologicamente, “eutanásia” significa “boa morte”. Já em relação à ortotanásia, a expressão “desconhecer” foi prevalente, seguida de “paciente”, “morte”, “natural” e “vida”. O conceito se define justamente pela morte natural, a chamada “morte digna”, quando não há possibilidade de cura 1111. Santos LRG, Menezes MP, Gradvohl SMO. Conhecimento, envolvimento e sentimentos de concluintes dos cursos de medicina, enfermagem e psicologia sobre ortotanásia. Ciênc Saúde Coletiva [Internet]. 2013 [acesso 23 jul 2015];18(9):2645-51. Disponível: https://bit.ly/2OQWsRU
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, 2727. Felix ZC, Costa SFG, Alves AMPM, Andrade CG, Duarte MCS, Brito FM. Eutanásia, distanásia e ortotanásia: revisão integrativa da literatura. Ciênc Saúde Coletiva [Internet]. 2013 [acesso 22 jul 2015];18(9):2733-46. DOI: 10.1590/S1413-81232013000900029 .

Considerações finais

No presente estudo, mais de um terço dos estudantes do sexto ano de medicina relatou dificuldade em comunicar a morte à família do paciente, cerca de 60% sentem-se despreparados ou têm dúvidas sobre como agir em caso de falecimento em serviço de urgência, e a maioria diz se sentir “muito incomodada quando vê a morte de paciente jovem”.

Apesar dessas falhas na formação, a maior parte dos discentes afirma que acataria e praticaria procedimentos relacionados à humanização da relação médico-paciente: 97,3% dariam suporte emocional para pacientes terminais; 98,2% conversariam com o enfermo sobre a doença; 65,8% revelariam a expectativa de vida do indivíduo; 98,2% informariam o diagnóstico verdadeiro em caso de estado terminal; 93,7% concordam que os cuidados paliativos melhoram a qualidade de vida; e 97,3% aplicariam esses cuidados em sua prática médica. Em contrapartida, os alunos se revelaram adeptos da obstinação terapêutica, ou “distanásia”, ao concordar que usariam aparelhos para prolongar a vida de seus pacientes (56,9%). Nos itens sobre tecnologia e discussões sobre o viver e morrer, as respostas foram variadas, o que sugere indefinição e incerteza sobre o tema. Por fim, com relação à pergunta aberta, foram observados dados preocupantes quanto ao desconhecimento dos termos “eutanásia”, “distanásia” e “ortotanásia”, o que evidencia a necessidade de abordar melhor esses conceitos nos cursos de medicina.

Portanto, fica claro que há lacunas no conhecimento dos formandos em medicina sobre terminalidade da vida. É preciso que escolas médicas adotem métodos e práticas pedagógicas que aprofundem o tema, pois o profissional deve estar preparado para lidar com a tendência demográfica de envelhecimento. Junto com essas mudanças que afetam a graduação cabe destacar também a importância de políticas públicas de adequação ao novo contexto.

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Disponibilidade de dados

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    10 Jan 2020
  • Data do Fascículo
    Oct-Dec 2019

Histórico

  • Recebido
    3 Nov 2018
  • Revisado
    31 Maio 2019
  • Aceito
    18 Jun 2019
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