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EDITORIAL V.29, N. 3 (2017)

Prezados leitores:

É com alegria sempre renovada que anunciamos o último número de nossa Revista em 2017. Fechamos este ano, como tem se tornado rotineiro, com muitos percalços, cumprindo tarefas infindáveis e ultrapassando dificuldades mul tiplicadas. Porém, em meio às lutas nos tornamos mais fortes, porque por um lado, florescem sempre boas parcerias e por outro, fortalecemos os vínculos já estabelecidos. Agradecemos a todos que tem insistido em construir trabalhos interessantes, consistentes, potentes e transformadores. Temos nos empenhado em manter este espaço de divulgação científica como forma de resistência, como já dissemos antes, e contamos sempre com um número grande de pro fissionais engajados e competentes, comprometidos com a produção e divulgação do conhecimento no campo dos estudos da subjetividade. Tanto autores quanto pareceristas - aqueles que podemos sempre contar - têm sido parceiros importantes para fazer deste campo frutífero, proliferando estudos que têm como marca a diversidade dos saberes e práticas. Celebramos também o fechamento deste número como uma grande vitória, uma vez que, no ano que vem, comemoraremos 30 anos de nossa Revista. Muitas são as produções científicas, histórias e pessoas que percorreram este longo caminho. Muitas são as apostas neste modo de fazer ciência e de construir um campo de saber reconheci do, sério e engajado. Muitas são as lutas em manter a produção de conhecimento apesar os desmontes. Muitas são as expectativas em tornar este conhecimento cada vez mais acessível a um número cada vez maior de brasileiros. Neste sentido - e apesar de saber da grande importância na divulgação de nossa produção - é fundamental dar visibilidade às produções feitas por nós e para nós. Neste nosso número, temos o artigo: “UNESCO, mulheres e biopoder no Brasil: alguns apontamentos”, no qual os autores interrogam as práticas da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) frente às mulheres brasileiras e opera uma analítica dos discursos racistas e utilitaris tas que promovem disciplina e regulações securitárias com base na educação e cultura. No artigo seguinte: “As vozes do escrito: sobre leitura e escrita”, os autores buscam responder a seguinte questão: o que pode a escrita fazer frente à voz? Para esse fim, pesquisam nas obras do filósofo alemão Walter Benjamin o conceito de origem para argumentar que a escrita ao mesmo tempo salva e aniquila a presença e a potência da voz. Em “A vida do livro e o livro da vida: escrita, leitura e biotecnologias” os autores analisam as tensões estabelecidas entre a linguagem e o poder em duas searas aparentemente distintas: a genômica e o livro. Partindo da relação entre corpo, texto e poder, tomam a história do livro e da genômica para estabelecer uma reflexão sobre a vontade de verdade e de ordem no seio da linguagem, a partir das imposições da melhor leitura do texto escrito e do código genético. A seguir temos o artigo: “Processos sub jetivos da depressão: construindo caminhos alternativos em uma aproximação cultural-histórica” em que são apre sentados processos subjetivos associados à depressão, apoiando-se em um estudo de caso. Neste sentido, colocou-se em discussão que considerar a pessoa deprimida em sua integralidade, incluindo suas concepções, vivências e formas de sociabilidade, é fundamental para fomentar reflexões e estratégias que não dissociem clínica, cultura e sociedade. Trata-se de situar o processo depressivo dentro de uma trama concreta de vida, não o contrário.

Em sequência, temos o artigo: “‘Mulher joga filho na lixeira’: mulher-mãe infanticida na mídia” em que as autoras partem de uma inquietação acerca dos dizeres que vêm se constituindo na mídia sobre a mulher em seu papel de mãe em nossa sociedade. Trabalhando na articulação entre a Análise do Discurso e a psicanálise lacaniana, em que o corpus de pesquisa constituiu-se de manchetes de notícias sobre abandono e infanticídio, divulgadas em portais eletrônicos. Quase findando nosso número, temos o artigo: “Organizações não-governamentais como dispositivos de poder: do bem-estar ao controle social” em que as autoras buscam construir reflexões sobre Organizações Não-Governamentais voltadas ao público infanto-juvenil como dispositivos de poder a partir de uma perspectiva da Psicologia Política e do referencial analítico foucaultiano. Por último, e para coroar esta nossa edição com mais um artigo de qualidade, temos: “Território e Subjetividade: narrativas de jovens em uma remoção urbana” no qual as autoras discutem neste a relação entre juventude e território, contrapondo o espaço ocupado ao ideal de cidade e subjetividade contido nas remoções urbanas. Para finalizar esta edição, temos ainda a tradução do artigo: “Lev Vigotski entre duas revoluções: sobre a questão da autodeterminação política do cientista”, traduzido por Zoia Prestes e Elizabeth Tunes e apresentado com a introdução intitulada: “Lev Vigotski, a Revolução de Outubro e a questão judaica: o nascimento da teoria históri co-cultural no contexto revolucionário”. Destaco ainda nesta edição a participação intensa das mulheres nos artigos apresentados, o que se caracteriza como uma espécie de boas novas para o ano vindouro, uma vez que fica evidente o papel político das mulheres nos espaços de produção de conhecimento em nosso país.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Dez 2017
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