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No aniversário de Wilhelm Reich: o que há para comemorar?

On Wilhelm Reich’s birthday: what to celebrate?

Resumo

Mais de cento e vinte anos se passaram desde o nascimento de Wilhelm Reich, em 1897, e mais de sessenta anos se passaram desde sua morte, em 1957, mas seu pensamento continua vivo e merece ser amplamente divulgado. Nisso, as Tecnologias da Informação e Comunicação, tão comuns na atualidade, têm papel determinante. Nesse sentido, este texto teve como objetivo identificar, com base nos vídeos disponíveis no Youtube, aqueles capazes de contribuir para a difusão deste autor, ainda tão pouco conhecido no Brasil. Por meio de pesquisa exploratória no site do Youtube, nos certificamos de que ao menos 10 dos vídeos coletados contribuem para que se tenha uma ideia inicial de quem foi esse autor. Ao organizar um banco de dados inicial, divulgando-o por meio desta pesquisa, esperamos contribuir para a difusão do pensamento deste autor, que muito tem a contribuir para a discussão de temas contemporâneos nas mais diferentes áreas do conhecimento.

Palavras-chave:
Wilhelm Reich; Tecnologias da Informação e Comunicação; Youtube

Abstract

More than one hundred and twenty years have passed since the birth of Wilhelm Reich in 1897 and more than sixty years have passed since his death in 1957, but his ideas remais alive and desserves to be disseminated. In this, Information and Communication Technologies, so common nowadays, have a determining role. In this sense, this text aimed to identify, based on the vídeos available on Youtube, those capable of contributing to the dissemination of this author, still so unknown in Brazil. Through exploratory research on the Youtube website, we make sure that at least 10 of the collected vídeos contribute for an initial idea of who this author was. By organizing an initial database, disseminating it through this research, we hope to contribute to the dissemination of the ideas of this author who has a lot to contribute to the discussion of contemporary themes in the most differents areas of knowledge.

Keywords:
Wilhelm Reich; Information and Communication Technologies; Youtube

Mais de cento e vinte anos se passaram desde o nascimento de Wilhelm Reich, em 24 de março de 1897, e mais de sessenta anos se passaram desde sua morte, em 3 de novembro de 1957.

Primogênito de uma família de origem judaica, ainda que não ortodoxa, nasceu em finais do século XIX em uma cidade do então Império Austro-húngaro, não tardando a ganhar o mundo para ser reconhecido, perseguido e seguido como o foi ao se tornar Wilhelm Reich.

Para muitos, entretanto, esse ainda continua sendo o nome de um ilustre desconhecido, mesmo que, médico de formação, logo tenha se enveredado pelos meandros da Psicanálise, pautado, nada mais nada menos, nos ensinamentos de Sigmund Freud, de quem anos depois se distanciou completamente - física e teoricamente.

Das marcas que ficaram registradas em sua história anos e anos após a sua morte, não se esquecem as expulsões, das quais foi alvo entre 1933 e 1934, quando deixou de ser membro do Partido Comunista e da Associação Psicanalítica Internacional, apesar das intensas contribuições prestadas a ambas as instituições a partir de 1927 e 1920, respectivamente.

Também é preciso lembrar que Reich viveu numa época ímpar na história da humanidade, impossível de ser esquecida: o período entre guerras. Na primeira, tinha apenas 17 anos, o que lhe valeu o alistamento voluntário no exército austríaco. Logo depois, seguiu a carreira médica ao ingressar, em 1918, na Faculdade de Medicina da Universidade de Viena, tornando-se um dos jovens psicanalistas próximos a Freud e que, sem hesitar, atendia os pacientes conferidos pelo mestre ao mesmo tempo em que publicava inúmeros textos em revistas tais como: Zeitschrift für Sexualwissenschaft [Revista de Ciência Sexual] e Internationale Zeitschrift für Psychoanalyse [Revista Internacional de Psicanálise], a partir de 1920 (MATTHIESEN, 2007MATTHIESEN, Sara Quenzer. Organização bibliográfica da obra de Wilhelm Reich: base para o aprofundamento em diferentes áreas do conhecimento. São Paulo: Annablume/Fapesp, 2007.), quando publicou seu primeiro texto, isto é, Über einen Fall von Durchbruch der Inzestschranke [Sobre um caso de transgressão da barreira do incesto] (REICH, 1920/1975REICH, Wilhelm. A case of pubertal breaching of the incest taboo (1920). In: REICH, Wilhelm. Early Writings. Tradução de Philip Schmitz. New York: Farrar, Straus and Giroux, 1975. v. 1, p. 65-72. ). Na Segunda Guerra já era conhecido e, como outros, fora alvo dos ataques preconceituosos e vorazes contra os judeus, enaltecido pelo fato de ser psicanalista e integrante do Partido Comunista.

Talvez por isso seja preciso lembrar que ao mesmo tempo em que se encantou com as idéias de Malinowski, expondo-as, em 1932, no livro Irrupção da moral sexual repressiva (REICH, 1932/1980REICH, Wilhelm. Irrupção da moral sexual repressive (1932) . Tradução de Silvia Montarroyos e J. S. Dias. São Paulo: Martins Fontes, 1980. ), Reich assombrava-se com os avanços do fascismo, revelando, em 1933, em Psicologia de massas do fascismo (REICH, 1933/2001REICH, Wilhelm. Psicologia de massas do fascismo (1933). Tradução de Maria da Graça M. Macedo. São Paulo: Martins Fontes , 2001.), sua compreensão acerca do envolvimento e aceitação das massas em relação a princípios e normas que deveriam ser rejeitados sem hesitação.

De Berlim, mediante as drásticas consequências do fascismo que o forçaram a deixar para trás tudo o que havia construído no campo da clínica terapêutica e do trabalho social junto aos trabalhadores, retornou a Viena e logo seguiu para a Dinamarca e, depois, Suécia e Noruega, onde intensificou suas pesquisas laboratoriais na Universidade de Oslo por volta de 1934.

Nesse período, as mudanças foram tantas quanto as idéias e pesquisas que afloraram de seu pensamento. Da clínica com base na “Análise do caráter”, entre 1926 e 1934, oriunda de sua experiência psicanalítica relatada em livro de mesmo nome em 1933, Reich desenvolveu pouco a pouco a “Vegetoterapia carátero-analítica”, revelando, cada vez mais, a importância do corpo no processo terapêutico e da função do orgasmo em livros como: A função do orgasmo: problemas econômico-sexuais da energia biológica, o primeiro de seus escritos a ser traduzido para o inglês, em 1942REICH, Wilhelm. A função do orgasmo: problemas econômico-sexuais da energia biológica (1942). 10. ed. Tradução de Maria da Glória Novak. São Paulo: Brasiliense, 1984., e para o português, em 1975 (MATTHIESEN, 2007MATTHIESEN, Sara Quenzer. Organização bibliográfica da obra de Wilhelm Reich: base para o aprofundamento em diferentes áreas do conhecimento. São Paulo: Annablume/Fapesp, 2007.).

Mas isso não foi tudo! Como muitos intelectuais de sua época, atravessou o Atlântico, em direção aos Estados Unidos da América; intensificou seus estudos nos campos biológico e físico, o que lhe valeu a descoberta da energia orgone; avançou nas pesquisas contra o câncer, criando, em 1940, o acumulador de orgone para fins terapêuticos, sem saber que esse viria a ser o alvo principal das acusações que sofrera nos anos finais rumo aos seus 60 anos.

Mas foi em seus primeiros anos na América, onde viveu entre 1939 e 1957, que Reich encontrou um espaço amplo para o desenvolvimento de seu trabalho. Para além do atendimento clínico e intensas pesquisas laboratoriais, Reich ainda lecionava em uma das Universidades de Nova York - a New School for Social Research -, entre 1940 e 1941.

Morando em Forest Hills, em Nova York, não demorou para que conhecesse e se apaixonasse pela bela região de Rangely, no Maine, para lá se transferindo, definitivamente, no início da década seguinte. Em Orgonon, nome dado à propriedade por ele adquirida nesse município, transformada pouco a pouco num centro de referência em pesquisa orgonômica, Reich e seus colaboradores delineavam contornos nítidos para a Orgonomia publicando suas descobertas em periódicos tais como o extinto Orgone Energy Bulletin [Boletim e Energia Orgone].

Entretanto, o tempo, que foi insuficiente para que Reich construísse todas as instalações que pretendia em Orgonon, não o foi para a publicação, em 1947, de artigos difamatórios a seu respeito, como os de Mildred Edie Brady “The new cult of sex and anarchy”, na Harper’s Magazine, e “The strange case of Wilhelm Reich”, na New Republic, colocando em risco seu trabalho e integridade, sufocados, pouco a pouco, por uma campanha difamatória que se nutria de acusações infundadas em relação à sua vida e obra, em plena era Macarthista (MATTHIESEN, 2007MATTHIESEN, Sara Quenzer. Organização bibliográfica da obra de Wilhelm Reich: base para o aprofundamento em diferentes áreas do conhecimento. São Paulo: Annablume/Fapesp, 2007.).

Alvo de incriminações sórdidas, incapazes de acompanhar os avanços de seu pensamento, Reich foi condenado a dois anos de prisão, após um processo longo e difícil nos Estados Unidos da América. As consequências, talvez, não pudessem ser outras que não um ataque cardíaco que o levou à morte em 3 de novembro de 1957, pouco tempo depois do registro de seu testamento,1 1 Sobre o assunto ver: Matthiesen (2001). em 8 de março desse mesmo ano.

A morte física, entretanto, não provocou a morte de suas ideias, embora muitos tenham tentado sufocá-las ao longo dos tempos, incinerando, por exemplo, seus livros e artigos em momentos distintos. Felizmente outros, ainda hoje, resistem ao aniquilamento de suas contribuições, fazendo-as aflorar em debates, vídeos, textos e produções científicas, como fruto da interface com os mais diferentes campos do conhecimento; afinal, até 2008, eram 11 as áreas do conhecimento que concentravam as produções acadêmicas relacionadas ao pensamento reichiano em Programas de Pós-Graduação de diferentes universidades brasileiras (MATTHIESEN, 2012MATTHIESEN, Sara Quenzer. Wilhelm Reich e a produção acadêmica brasileira entre 1979 e 2008. Psicologia: Ciência e Profissão, Brasília, v. 32, n. 1, p. 52-65, 2012. https://doi.org/10.1590/S1414-98932012000100005
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).

Mas uma coisa é fato: Reich foi intenso nas análises que fez e árduo defensor da possibilidade de um mundo melhor. Daí sua aposta na possibilidade de prevenção das neuroses, preocupação não apenas de ordem médica, mas de ordem social e, portanto, inevitavelmente atrelada à educação (ALBERTINI, 1994ALBERTINI, PAULO. Reich: história das idéias e formulações para a educação. São Paulo: Agora, 1994.; MATTHIESEN, 2005MATTHIESEN, Sara Quenzer. A educação em Wilhelm Reich: da psicanálise à pedagogia econômico-sexual. São Paulo: UNESP, 2005.).

Se esses dados, dentre tantos outros, merecem ser aqui registrados, há tantos outros que merecem ser lembrados e que nos levam a questionar: o que há para se comemorar em seu aniversário? Ora, se o bolo ainda é pequeno se comparado à grandeza das ideias desse ilustre pensador, é fato que hoje já são muitos os brasileiros que se debruçam sobre suas preocupações, dando-lhe o devido valor e aprofundamento em dissertações de mestrado e teses de doutorado que o colocam no palco científico, como lhe é merecido, hoje chegando a mais de uma centena de produções científicas.

Na clínica terapêutica, embora ainda não sejam tantos os terapeutas reichianos quanto talvez se pudesse haver, não há dúvidas dos benefícios provenientes do trabalho de abordagem corporal, para o qual sua teoria da economia sexual propicia caminhos tão nítidos. Talvez esse número pudesse ser ainda mais crescente se fosse dada a devida atenção às suas ideias nos cursos de graduação, especialmente de Psicologia, para além do esforço incansável de centros de formação que se dedicam a oferecer essa oportunidade àqueles que reconhecem a importância dessa perspectiva, a exemplo do Centro de Formação Reichiana, de Curitiba; do Ligare, em Americana; do Instituto Lúmen, em Ribeirão Preto; do Núcleo de Psicoterapia Reichiana, do Rio de Janeiro; entre tantos outros.

Mas talvez o que haja para comemorar seja o fato de se poder falar e investigar suas ideias abertamente e sem medo, lembrando que foram elas que o levaram preso e à morte em uma penitenciária americana em finais dos anos de 1950, vitimado por um ataque cardíaco fulminante. Hoje, como constatado por Matthiesen (2007MATTHIESEN, Sara Quenzer. Organização bibliográfica da obra de Wilhelm Reich: base para o aprofundamento em diferentes áreas do conhecimento. São Paulo: Annablume/Fapesp, 2007.), alguns de seus livros podem ser lidos em português, sendo que muitos deles, a exemplo de Análise do caráter (REICH, 1933/1995REICH, Wilhelm. Análise do caráter (1933). 2. ed. Tradução de Maria Lizette Branco e Maria Manuela Pecegueiro. São Paulo: Martins Fontes , 1995.) e Escute Zé Ninguém! (REICH, 1948/1998REICH, Wilhelm. Escute Zé Ninguém! (1948). Tradução de Waldéa Barcelllos. São Paulo: Martins Fontes , 1998.) tiveram seu conteúdo revisto, evitando-se imprecisões dispensáveis de edições mais antigas.

Se divulgar informações dessa natureza é tarefa obrigatória de todo e qualquer reichiano, contar com o auxílio das Tecnologias da Informação e Comunicação, em especial da internet, parece ser algo irrefutável. Dentre as possibilidades - quase inesgotáveis - de divulgação e difusão deste e de tantos outros conteúdos, uma “rede social estruturada” pode “ter suas mensagens disseminadas com velocidade e força suficiente para gerar grandes mudanças” (CAPPRA, 2013CAPPRA, Ricardo. A rede social que mudou o mundo [online], 2013. Disponível em: Disponível em: https://cappra.com.br/2013/03/10/a-rede-social-que-mudou-o-mundo /. Acesso em: 11 jan. 2014.
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), favorecendo pesquisas rápidas e/ou aprofundadas ou disponibilizando vídeos, textos e debates promovidos por interessados na difusão de conhecimentos, ainda que cuidados rigorosos quanto à veracidade do conteúdo não devam ser dispensados, mas confrontados - como o foram neste artigo - com fontes bibliográficas seguras de especialistas na área e/ou do próprio Reich, evitando-se aqueles que, de forma perniciosa, denigrem sua imagem e ideias, também na internet.

Iniciando uma reflexão sobre as contribuições das Tecnologias da Informação e Comunicação na difusão do pensamento reichiano

Se são amplas as possibilidades de utilização das Tecnologias da Informação para a difusão do pensamento reichiano, iniciamos essa reflexão pautando-nos nas constatações de Bessani e Matthiesen (2015BESSANI, Gabriela Grimaldi; MATTHIESEN, Sara Quenzer . Possibilidades de difusão do pensamento reichiano com base nas TIC’S: sobre as publicações online em português. In: VOLPI, Sandra Mara (Org.). CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICOTERAPIAS CORPORAIS, 20., 2015, Curitiba. Anais... Curitiba: Centro Reichiano, 2015. Disponível em: Disponível em: http://www.centroreichiano.com.br/artigos/Anais_2015/BESSANI-Gabriela-Grimaldi.-Possibilidades.pdf . Acesso em: 13 ago. 2019.
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), que iniciaram uma busca pela identificação de conteúdos da internet publicados ou traduzidos para o português relacionados à vida e à obra de Wilhelm Reich, estabelecendo um elo - até então, pouco explorado - de ligação entre Wilhelm Reich e as Tecnologias da Informação e Comunicação. Isso demonstra que, mais do que textos dedicados a registrar dados marcantes da vida deste ilustre pensador, na intenção de difundir esse conhecimento como o fez Matthiesen (2007MATTHIESEN, Sara Quenzer. Organização bibliográfica da obra de Wilhelm Reich: base para o aprofundamento em diferentes áreas do conhecimento. São Paulo: Annablume/Fapesp, 2007.), vídeos da internet, a exemplo dos disponíveis no Youtube, dão conta - e de forma certamente mais rápida e dinâmica -, de divulgar amplamente, mundo afora, quem foi Reich, afinal!

É fato que o Youtube tornou possível, a qualquer usuário de computador, postar na internet vídeos passíveis de serem vistos por milhares de pessoas em poucos minutos. Assim, a grande variedade de tópicos cobertos por esse portal tornou o compartilhamento de vídeos uma das mais importantes partes da cultura da internet (PELLEGRINI et al., 2010PELLEGRINI, Deyse Pereira et al. Youtube: Uma nova fonte de discursos. Biblioteca Online de Ciências da Comunicação, 2010. Disponível em: Disponível em: http://www.bocc.ubi.pt/~boccmirror/pag/bocc-pelegrini-cibercultura.pdf . Acesso em: 20 jun. 2015.
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).

No que se refere às publicações on-line sobre Wilhelm Reich, Bessani (2016BESSANI, Gabriela Grimaldi. As Tecnologias da Informação e Comunicação a serviço da difusão da vida e obra de Wilhelm Reich. 2016. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Humano e Tecnologias) - Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2016.) identificou que 42% do que se encontra na internet está disponível no site do Youtube, registrando as facilidades de se localizar/acessar informações sobre um determinado conteúdo, como fizemos neste texto.

Por meio de pesquisa exploratória no site do Youtube, utilizando filtros e recursos de organização, a exemplo dos termos: “Wilhelm Reich”, “pensamento reichiano” e “terapia reichiana”, chegou-se a vídeos que nos remetem, de imediato, às informações sobre aspectos concernentes à vida e à obra de Reich, como é o caso de “Wilhelm Reich -Man’s Right to Know”, “Quem tem medo de Wilhelm Reich?”, “The Strange Case of Wilhelm Reich”, “Wilhelm Reich and the Orgone Energy”, “Wilhelm Reich”, “Quem foi Wilhelm Reich”, “O orgone e Wilhelm Reich”, “Wilhelm Reich parte 1 El Comienzo”, “Wilhelm Reich, Orgonomia e Educação Parte 1”, “Wilhelm Reich: Teoria da Personalidade”, “Wilhelm Reich: imagens de uma vida em movimento”, cujas sinopses aqui registradas visam motivar o leitor à sua apreciação (Quadro 1).

Quadro 1:
Alguns dos vídeos sobre Wilhelm Reich disponibilizados na internet.

Selecionados os vídeos dentre aqueles que consideramos, com base em referências tais como Matthiesen (2005MATTHIESEN, Sara Quenzer. A educação em Wilhelm Reich: da psicanálise à pedagogia econômico-sexual. São Paulo: UNESP, 2005.; 2007MATTHIESEN, Sara Quenzer. Organização bibliográfica da obra de Wilhelm Reich: base para o aprofundamento em diferentes áreas do conhecimento. São Paulo: Annablume/Fapesp, 2007.), serem fieis às informações concernentes à vida e obra de Reich, agrupamos esse material de forma que, ao terem acesso a essas informações, outros possam conhecer um pouco - de forma introdutória e fidedigna - o pensamento desse importante autor.

O fato é que esses são apenas exemplos que ilustram possibilidades de aproximação, ou melhor, de utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação como aliadas para a divulgação e difusão de aspectos concernentes à vida e à obra de Reich. Ou seja, a internet tem muito a contribuir neste processo, constituindo-se em um ganho contemporâneo, sem precedentes, para a difusão do pensamento reichiano, se bem aproveitada (BESSANI, 2016BESSANI, Gabriela Grimaldi. As Tecnologias da Informação e Comunicação a serviço da difusão da vida e obra de Wilhelm Reich. 2016. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Humano e Tecnologias) - Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2016.), desde que preservada das especulações e difamações que rondam o universo reichiano também nesse meio e que podem, por outro lado, contribuir para a difusão de ideias equivocadas a seu respeito e acerca de sua obra.

Registrando essa possibilidade própria das circunstâncias atuais de vincular a divulgação e difusão do pensamento reichiano aos desígnios das tecnologias, evidenciamos serem muitos os benefícios dela decorrentes quando leais às informações fidedignas sobre a temática, as quais poderão ser exploradas por todos aqueles que intencionam investigar, conhecer e/ou dialogar sobre Reich.

O final de um bom começo

Mesmo que esta se revele como uma pesquisa preliminar sobre um tema tão promissor, que aproxima Reich das Tecnologias da Informação e Comunicação, sugerimos ao leitor um acesso imediato ao material - leia-se vídeos - que integra a Figura 1, de modo a compartilhar desta discussão.

Por ora, e com base no exposto, só nos resta, em mais esse aniversário de Wilhelm Reich, dar-lhe os parabéns. Parabéns, Reich! Parabéns pela coragem, pela astúcia e pela hombridade de ter defendido suas ideias tão intensamente, registrando-as em uma obra tão vasta, fazendo com que hoje possamos seguir seus ensinamentos - também com apoio da internet -, nos mais diferentes campos do conhecimento, com paixão, porém não sem crítica.

Parabéns por ter entusiasmado outros a prosseguirem com seu trabalho, difundindo e aprofundando suas ideias, em busca de uma vida mais digna.

Parabéns por manter-se presente nas discussões acerca da sexualidade, da liberdade, da vida em si e que hoje, com auxílio das Tecnologias da Informação e Comunicação, em especial da internet, ganham mais espaço e oportunidades para serem - mais rapidamente - conhecidas ou, como prefere a geração atual, “curtidas”.

Referências

  • ALBERTINI, PAULO. Reich: história das idéias e formulações para a educação. São Paulo: Agora, 1994.
  • BESSANI, Gabriela Grimaldi. As Tecnologias da Informação e Comunicação a serviço da difusão da vida e obra de Wilhelm Reich. 2016. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Humano e Tecnologias) - Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2016.
  • BESSANI, Gabriela Grimaldi; MATTHIESEN, Sara Quenzer . Possibilidades de difusão do pensamento reichiano com base nas TIC’S: sobre as publicações online em português. In: VOLPI, Sandra Mara (Org.). CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICOTERAPIAS CORPORAIS, 20., 2015, Curitiba. Anais... Curitiba: Centro Reichiano, 2015. Disponível em: Disponível em: http://www.centroreichiano.com.br/artigos/Anais_2015/BESSANI-Gabriela-Grimaldi.-Possibilidades.pdf Acesso em: 13 ago. 2019.
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    » https://cappra.com.br/2013/03/10/a-rede-social-que-mudou-o-mundo
  • MATTHIESEN, Sara Quenzer. Último desejo e testamento de Wilhelm Reich. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, v. 17, n. 3, p. 207-210, 2001. https://doi.org/10.1590/S0102-37722001000300002
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  • MATTHIESEN, Sara Quenzer. Organização bibliográfica da obra de Wilhelm Reich: base para o aprofundamento em diferentes áreas do conhecimento. São Paulo: Annablume/Fapesp, 2007.
  • MATTHIESEN, Sara Quenzer. Wilhelm Reich e a produção acadêmica brasileira entre 1979 e 2008. Psicologia: Ciência e Profissão, Brasília, v. 32, n. 1, p. 52-65, 2012. https://doi.org/10.1590/S1414-98932012000100005
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  • REICH, Wilhelm. Irrupção da moral sexual repressive (1932) . Tradução de Silvia Montarroyos e J. S. Dias. São Paulo: Martins Fontes, 1980.
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  • REICH, Wilhelm. Análise do caráter (1933). 2. ed. Tradução de Maria Lizette Branco e Maria Manuela Pecegueiro. São Paulo: Martins Fontes , 1995.
  • REICH, Wilhelm. Escute Zé Ninguém! (1948). Tradução de Waldéa Barcelllos. São Paulo: Martins Fontes , 1998.
  • REICH, Wilhelm. Psicologia de massas do fascismo (1933). Tradução de Maria da Graça M. Macedo. São Paulo: Martins Fontes , 2001.
  • 1
    Sobre o assunto ver: Matthiesen (2001)MATTHIESEN, Sara Quenzer. Último desejo e testamento de Wilhelm Reich. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, v. 17, n. 3, p. 207-210, 2001. https://doi.org/10.1590/S0102-37722001000300002
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    .
  • 2
    Os dados completos das autoras encontram-se ao final do artigo.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    20 Jul 2020
  • Data do Fascículo
    May-Aug 2020

Histórico

  • Recebido
    30 Jan 2017
  • Revisado
    05 Ago 2017
  • Revisado
    27 Jan 2020
  • Aceito
    09 Mar 2020
Universidade Federal Fluminense, Departamento de Psicologia Campus do Gragoatá, bl O, sala 334, 24210-201 - Niterói - RJ - Brasil, Tel.: +55 21 2629-2845 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
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