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Oficinas terapêuticas em saúde mental: pesquisando COM a Teoria Ator-Rede

Therapeutic workshops in mental health: researching WITH the Actor-Network Theory

Talleres terapéuticos en salud mental: investigando con la Teoria-Actor-Red

Resumo

O objetivo deste artigo é apresentar uma descrição de experiência, fruto de uma Oficina Terapêutica desenvolvida em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), um dispositivo fundamental para a Reforma Psiquiátrica e para o cuidado em Saúde Mental pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Utilizamos, para este estudo, as formulações teórico-metodológicas da Teoria Ator-Rede (TAR), as proposições do termo PesquisarCOM, além dos registros em diários de campo que, por sua vez, engendram essa escrita, possibilitando que as afetações que a forjaram sejam evidenciadas nesta investigação. Ensejamos que o presente texto amplie as possibilidades de atuação do psicólogo nas pesquisas e nas práticas de cuidado em saúde. Concluímos que, com as atividades propostas, os encontros contribuíram para o enlaçamento social dos sujeitos, promovendo o autocuidado e levando-os a lidar com o próprio tratamento de maneira criativa, apresentando-se como um espaço de acolhimento com potencial importante para a produção de sujeitos mais autônomos.

Palavras-chave:
oficinas terapêuticas; saúde mental; Teoria Ator-Rede; pesquisarCOM

Abstract

The objective of this article is to present a description of an experience, the result of a Therapeutic Workshop developed in a Psychosocial Care Center (CAPS), a key device for the Psychiatric Reform and for Mental Health care through the Brazilian Unified Health System (SUS). We used, for this study, the theoretical and methodological formulations of the Actor-Network Theory (ANT), the propositions of the term ResearchWITH, besides the records in the field diaries, which, in turn, engender this writing, enabling the affections that forged it to be evidenced in this investigation. We hope that this text may expand the possibilities of the psychologist’s work in research and in health care practices. We conclude that, with the proposed activities, the meetings contributed to the social bonding of the subjects, promoting self-care and leading them to deal with their own treatment in a creative way, presenting itself as a welcoming space with important potential for the production of more autonomous subjects.

Keywords:
therapeutic workshops; mental health; Theory Actor-Network; searchCOM

Resumen

El objetivo de este artículo es presentar una descripción de la experiencia, resultado de un Taller Terapéutico desarrollado en un Centro de Atención Psicosocial (CAPS), dispositivo fundamental para la Reforma Psiquiátrica y para la atención en Salud Mental por el Sistema Único de Salud (SUS). Para este estudio se utilizaron las formulaciones teórico-metodológicas de la Teoría Actor-Red (TAR), las proposiciones del término ResearchCOM, además de los registros en diarios de campo que, a su vez, engendran este escrito, posibilitando las afectaciones que forjaron destacó en esta investigación. Esperamos que este texto amplíe las posibilidades del papel del psicólogo en la investigación y en las prácticas sanitarias. Concluimos que, con las actividades propuestas, los encuentros contribuyeron a la vinculación social de los sujetos, promoviendo el autocuidado y llevándolos a afrontar su propio trato de forma creativa, presentándose como un espacio acogedor con importante potencial para la producción de sujetos más autónomos.

Palabras clave:
talleres terapéuticos; salud mental; Teoría Actores-Red; buscarCOM

Introdução

A temática que envolve este escrito perpassa a Reforma Psiquiátrica, a Saúde Mental, bem como as propostas para o atendimento de sua clientela adotadas pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2004BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Saúde Mental no SUS: os centros de atenção psicossocial. Brasil, MS: 2004.), as quais buscam evitar a internação indiscriminada, transformando-a em um recurso eventualmente necessário. Pretende-se, com este trabalho, apresentar uma descrição de experiência advinda de uma Oficina Terapêutica (OT), dispositivo utilizado com frequência nos serviços substitutivos, os CAPS.

A Saúde Mental, como um descritor em Ciências da Saúde, significa o “bem-estar emocional, psicológico e social de um indivíduo ou grupo” (BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAÚDE, 2018BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAÚDE. DeCS/MeSH. Descritores em Ciências da Saúde [online]. 29 jun. 2018. Disponível em: Disponível em: https://decs.bvsalud.org/ths/resource/?id=28451&filter=ths_termall&q=Sa%C3%BAde%20Mental . Acesso em: 22 abr. 2020.
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), e discutimos, junto com as autoras Franken, Coutinho e Ramos (2012FRANKEN, Ieda; COUTINHO, Maria da Penha de Lima; RAMOS, Maria Natália Pereira. Representações sociais, saúde mental e imigração internacional. Psicologia: Ciência e Profissão [online], v. 32, n. 1, p. 202-219, 2012. https://doi.org/10.1590/S1414-98932012000100015
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), que esse estado de bem-estar pode dizer respeito, também, à possibilidade de o indivíduo ser capaz de perceber as próprias habilidades, bem como criar meios para lidar com os estresses comuns da vida. Sendo capaz de trabalhar e interagir mais produtivamente, pode ampliar a aptidão e contribuir com sua comunidade. Assim, entendemos que a saúde é bem mais do que a ausência de doença.

Nos CAPS, os usuários recebem uma assistência que abarca o tratamento clínico e atividades que favoreçam o exercício da cidadania e a inclusão social. No campo da saúde mental, as oficinas terapêuticas surgiram no final da década de 80 e são compreendidas como “atividades que visam à integração social e ressocialização das pessoas com sofrimento mental, nos contextos familiar e social; e ainda, estimular e desenvolver o potencial individual” (MONTEIRO, R., 2007MONTEIRO, Rachel Lira. O Refresco da cabeça: qualidade de oficinas terapêuticas segundo os usuários. 2007. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) - Escola de Enfermagem Anna Nery, Rio de Janeiro, 2007., p. 12).

As OTs combinam aspectos sociais e subjetivos, uma vez que são orientadas “[...] por uma perspectiva que articula clínica e política” (RANGEL, 2006RANGEL, Flavia Corpas. O manejo das oficinas terapêuticas em saúde mental. 2006. Dissertação (Mestrado em Psiquiatria e Saúde Mental) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006., p. 55). Assim, apostamos nas oficinas como uma possibilidade de cuidado que não exclui o sujeito do corpo social e dos atos da sociabilidade. Posto isso, o objetivo desse texto é descrever os efeitos das oficinas terapêuticas efetuadas em um CAPS II1 1 O CAPS II é um serviço de saúde mental que atende a uma população adstrita, de segunda à sexta-feira, das 8h às 17h. Atende pessoas em intenso sofrimento psíquico decorrente de transtornos mentais graves e persistentes, incluindo aqueles relacionados ao uso de substâncias psicoativas, e outras situações clínicas que impossibilitem estabelecer laços sociais e realizar projetos de vida. De acordo com a Portaria nº 3.088, de 23 de dezembro de 2011, o CAPS II é indicado para municípios ou regiões de saúde com população acima de setenta mil habitantes. na cidade do Rio de Janeiro, bem como apresentar como as pesquisadoras forjaram um corpo mais sensível ao campo de pesquisa.

De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2004BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Saúde Mental no SUS: os centros de atenção psicossocial. Brasil, MS: 2004.), as oficinas terapêuticas são uma das principais formas de tratamento oferecido nos CAPS. As OTs são atividades realizadas em grupo que podem ser definidas através do interesse dos usuários, das possibilidades, dos técnicos do serviço, das necessidades, tendo em vista a maior integração social e familiar, a manifestação de sentimentos e problemas, o desenvolvimento de habilidades corporais, a realização de atividades produtivas, o exercício coletivo da cidadania (BRASIL, 2004BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Saúde Mental no SUS: os centros de atenção psicossocial. Brasil, MS: 2004., p. 20).

No interior dos CAPS, atuamos com o intuito de promover o autocuidado e outras formas de existência, estimando que, desse modo:

[...] as oficinas, o trabalho e a arte possam funcionar como catalisadores da construção de territórios existenciais (inserir ou reinserir socialmente os “usuários”, torná-los cidadãos...), ou de “mundos” nos quais os usuários possam reconquistar ou conquistar seu cotidiano... Está se falando não de adaptação à ordem estabelecida, mas de fazer com que trabalho e arte se reconectem com o primado da criação, ou com o desejo ou com o plano de produção da vida (RAUTER, 2000RAUTER, Cristina. Oficinas para quê? Uma proposta ético-estético-política para oficinas terapêuticas. In: AMARANTE, Paulo (Org.). Ensaios: subjetividade, saúde mental, sociedade. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2000. p. 267-277., p. 271).

Desta feita, Rangel (2006RANGEL, Flavia Corpas. O manejo das oficinas terapêuticas em saúde mental. 2006. Dissertação (Mestrado em Psiquiatria e Saúde Mental) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006., p. 58) destaca que as oficinas terapêuticas são atividades que podem colaborar com o objetivo da Reforma Psiquiátrica, isto é, dar à problemática da loucura outra resposta social, aquela que possibilite a inclusão social do sujeito. Sendo assim, seu objetivo é possibilitar “[...] novos arranjos subjetivos através das práticas oferecidas visando o espaço social, e não propriamente na direção de restituir um estado de equilíbrio perdido ou perturbado pela doença, como se entende no uso corrente do termo”.

Síntese dos dados ou métodos

Durante as oficinas terapêuticas, os encontros foram registrados em diários de campo, que se apresentam como um exercício de registro descritivo das experiências e afetações. De acordo com Latour (2006LATOUR, Bruno. Changer de société: réfaire de la sociologie. Paris: La Découverte, 2006.), o texto é o equivalente funcional de um laboratório. É nele que pensamos a pesquisa e onde decisões metodológicas são produzidas em um diálogo com o campo. Diante disso, é possível compreender o texto-laboratório como o local onde ensaiamos testes de torção dispostos (TSALLIS; RIZO, 2010TSALLIS, Alexandra Cleopatre; RIZO, Gabriela. Teoria Ator-Rede: um olhar sobre o trabalho de campo em psicologia. In: FERREIRA, Arthur Arruda Leal et al. (Org.). Teoria Ator-Rede e Psicologia. Rio de Janeiro: Nau, 2010. p. 222-232.).

Esse modo de fazer ciência engloba, no texto-laboratório, as relações estabelecidas entre diversos elementos, apresentando para o estudo sentidos de articulação de elementos como mediadores de formas de expressão. Nesse momento, destacamos as contribuições da Teoria do Ator-Rede (TAR) desenvolvidas por Latour (2006LATOUR, Bruno. Changer de société: réfaire de la sociologie. Paris: La Découverte, 2006.), Stengers, (2002STENGERS, Isabelle. A invenção das ciências modernas. São Paulo: Editora 34, 2002.) e Nathan (2001NATHAN, Tobie. Nous ne sommes pas seuls au monde. Paris: Les empêcheurs de penser en rond, Seuil, 2001.) como nosso referencial teórico-metodológico. A TAR destaca a importância de seguir e descrever os atores - actantes em termos laturianos - em ação, observar os vínculos firmados e os efeitos que produzem (LATOUR, 2001LATOUR, Bruno. Esperança de Pandora: ensaios sobre a realidade dos estudos científicos. Bauru: EDUSC, 2001.). Assim, humanos e não-humanos têm a mesma importância no campo de pesquisa.

Estamos envolvidos em um método etnográfico, que destaca a “multiplicidade” das figurações de objeto em ciência, conduzindo-nos, simultaneamente, para uma etnografia dos fluxos e diferenças, que abarcam a ontologia e que “[...] exigem uma integral recomposição das fronteiras em ciência” (MOL, 2002, apud QUINTAIS, 2008QUINTAIS, Luís. [Recensão a] Mol, Annemarie. 2002. The body multiple: ontology in medical practice. Antropologia Portuguesa. 2008. v. 24/25. http://dx.doi.org/10.14195/2182-7982_25_13
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, p. 192). Nesse cenário, o pesquisador não aparece neutro em seu campo de pesquisa; pensamos essa oferta clínica e assumimos a frente de sua execução. Como pesquisadoras, nos dedicamos à produção de um corpo sensível, capaz de se conhecer e se modificar a partir da experiência com o outro. Moraes et al. (2014MORAES, Marcia et al. Corpo, memória e testemunho: cheiros que deixam marcas. In: PRESTELO Eleonora Torres; QUADROS, Laura Cristina de Toledo (Org.). O tempo e a escuta da vida: configurações gestálticas e práticas contemporâneas. Rio de Janeiro: Quartet, 2014. p. 51-73.) afirmam que pesquisar envolve ter um corpo, não um corpo qualquer, mas um corpo presente, que se permite ser afetado pelo encontro com o campo de pesquisa.

Latour (2007LATOUR, Bruno. Como falar do corpo? A dimensão normativa dos estudos sobre a ciência. In: NUNES, João Arriscado; ROQUE, Ricardo (Org.). Objetos impuros: experiências em estudos sociais da ciência. Porto: Afrontamento, 2007. p. 40-61., p. 39) afirma que para se estar vivo é preciso ter um corpo, e é com esse corpo que nos relacionamos com o mundo. O autor destaca que “ter um corpo é aprender a ser afetado, ou seja, efectuado, movido, posto em movimento por outras entidades, humanas ou não-humanas” (grifos do autor). Logo, ter um corpo envolve um processo de aprendizagem, e pesquisar não se limita a testar hipóteses ou colher narrativas (MORAES et al., 2014MORAES, Marcia et al. Corpo, memória e testemunho: cheiros que deixam marcas. In: PRESTELO Eleonora Torres; QUADROS, Laura Cristina de Toledo (Org.). O tempo e a escuta da vida: configurações gestálticas e práticas contemporâneas. Rio de Janeiro: Quartet, 2014. p. 51-73.), mas a se constituir um, a partir da relação com muitos.

A partir das proposições de Latour (2007LATOUR, Bruno. Como falar do corpo? A dimensão normativa dos estudos sobre a ciência. In: NUNES, João Arriscado; ROQUE, Ricardo (Org.). Objetos impuros: experiências em estudos sociais da ciência. Porto: Afrontamento, 2007. p. 40-61.), compreendemos que o corpo não é uma substância, algo dado, antes é efeito, é processo. Não há corpo sem afecção. Não faz sentido falar em corpo sem considerar a relação que este estabelece com o mundo. O corpo que construímos é experiência encarnada. Por isso, trazemos esta experiência de um lugar onde o corpo das pesquisadoras estava articulado ao fazer; portanto, de maneira que tecemos uma prática de pesquisa que testemunha e multiplica mundos.

Posto isso, vale destacar a articulação entre pesquisa, corpo e testemunho, proposta por Moraes et. al. (2014MORAES, Marcia et al. Corpo, memória e testemunho: cheiros que deixam marcas. In: PRESTELO Eleonora Torres; QUADROS, Laura Cristina de Toledo (Org.). O tempo e a escuta da vida: configurações gestálticas e práticas contemporâneas. Rio de Janeiro: Quartet, 2014. p. 51-73.). Nas palavras dos autores,

Por um lado, perguntamos pela relação entre corpo e testemunho, no sentido de uma certa inscrição da memória no corpo, memória que é acionada, instaurada e colocada em movimento, por certos elementos.... Por outro lado, interessa-nos investigar o papel e o lugar do pesquisador como aquele que leva adiante a palavra do outro e que, para isso, há que suportar o que se ouviu (MORAES et. al., 2014MORAES, Marcia et al. Corpo, memória e testemunho: cheiros que deixam marcas. In: PRESTELO Eleonora Torres; QUADROS, Laura Cristina de Toledo (Org.). O tempo e a escuta da vida: configurações gestálticas e práticas contemporâneas. Rio de Janeiro: Quartet, 2014. p. 51-73., p. 53).

Como pesquisadoras, somos responsáveis pela escrita deste texto. Tal responsabilidade se materializa em uma postura política, isto é, optamos pelo que damos visibilidade e pelo que fazemos morrer com a nossa escrita. Que mundo produzimos com nossas pesquisas? Escutar e narrar são ações que fazem parte de uma política ontológica (MOL, 2008MOL, Annemarie. Política ontológica: algumas ideias e várias perguntas. In: NUNES, João Arriscado; ROQUE, Ricardo (Org.). Objectos impuros: experiências em estudos sociais da ciência. Porto: Afrontamento, 2008. p. 63-73.), ou seja, nossas práticas performam realidades.

Ressaltamos que fomos afetadas por esse campo, e aqui damos voz às afetações que nos constituíram como corpo capaz de testemunhar.

Narrar e testemunhar se conectam. Pesquisar é verbo. [...] Nas narrativas de campo, de algum modo, estas palavras do outro precisam aparecer [...] Conectar-se com as muitas outras versões de histórias que apostam nas reinvenções da vida. É apenas aceitando e enfrentando este desafio que podemos efetivamente afirmar que, neste caso, o conhecimento é situado: um conhecimento que parte de algum lugar e fala de (COM) alguém (MORAES et al., 2014MORAES, Marcia et al. Corpo, memória e testemunho: cheiros que deixam marcas. In: PRESTELO Eleonora Torres; QUADROS, Laura Cristina de Toledo (Org.). O tempo e a escuta da vida: configurações gestálticas e práticas contemporâneas. Rio de Janeiro: Quartet, 2014. p. 51-73., p. 68).

A constituição de um corpo-pesquisador capaz de testemunhar não faz sentido se desconsiderarmos aqueles com os quais pesquisamos. A expressão PesquisarCOM (MORAES, 2010MORAES, Marcia. PesquisarCOM: política ontológica e deficiência visual. In: MORAES, Marcia; KASTRUP, Virginia (Org.). Exercícios de ver e não ver: arte e pesquisa com pessoas com deficiência visual. Rio de Janeiro: Nau, 2010. p. 26-51.) indica que, para sabermos o que é uma oficina terapêutica, é preciso acompanhá-la em ação. Pesquisar requer compreender o outro não como alvo das nossas intervenções, mas como um sujeito que pode fazer existir outras coisas, ele é um expert (MORAES, et al, 2014MORAES, Marcia et al. Corpo, memória e testemunho: cheiros que deixam marcas. In: PRESTELO Eleonora Torres; QUADROS, Laura Cristina de Toledo (Org.). O tempo e a escuta da vida: configurações gestálticas e práticas contemporâneas. Rio de Janeiro: Quartet, 2014. p. 51-73.).

PesquisarCOM nos permite averiguar em que medida as OTs têm contribuído para o acolhimento, para a constituição de uma rede de conversação e para o estabelecimento do laço social. Nesse modo de atuar, o pesquisador “vai para o campo” para compreender a organização social de um determinado grupo ou cultura, e normalmente desenvolve um profundo compromisso, sustentado pelo engajamento com os participantes (PISTRANG; BARKER, 2012PISTRANG, Nancy; BARKER, Chris. Varieties of qualitative research: A pragmatic approach to selecting methods. In: COOPER, Harris et al. (Org.). APA handbook of research methods in Psychology. Washington DC: American Psychological Association, 2012. v. 2, p. 5-18., tradução nossa). Assim, ensaiamos uma prática de pesquisa que considere o outro como um parceiro.

E foi com o apoio dos autores citados e suas reflexões teórico-metodológicas que observamos e participamos dos desdobramentos e efeitos das oficinas terapêuticas, tanto nos usuários quanto em nós mesmas, pesquisadoras. A OT na qual atuamos constava como uma das ofertas clínicas de um CAPS II, serviço de saúde que oferece cuidados clínicos à população em sofrimento psíquico, constituída por 15 usuários, aproximadamente. As oficinas tinham início às 9 horas, com frequência semanal e duração de duas horas, por um período de seis meses: de outubro de 2016 a abril de 2017. As atividades eram facilitadas por nós, pesquisadoras, uma em ação e as outras se dedicando à escrita deste texto-laboratório e da supervisão do dispositivo clínico. Na oficina, uma psicóloga trabalhava em parceria com um profissional agente de cuidados, ficando ambos responsáveis por apresentar as propostas da oficina aos usuários do serviço que chegavam, convidando-os a fazer o que desejassem. Os materiais disponíveis para aquele encontro eram expostos, abrindo livremente as possibilidades para o trabalho.

O grupo dos participantes compunha-se, basicamente, de pessoas recém-chegadas ao CAPS, precisando de acolhimento e observação; pessoas que apresentavam interesse na proposta das oficinas, o desejo de interagir com lápis, papel, canetas, cola, desenhos e cores, e ainda aquelas que tinham afinidade com atividades subjetivas e não se incomodavam com aglomerações, por se tratar de uma atividade coletiva.

As OTs compunham a oferta de cuidados clínicos do CAPS com as seguintes especificações: espaço para o acolhimento e trabalho subjetivo de pessoas que se interessassem, a partir de uma atividade criativa, em poder dizer algo de si mesmas. Ou apenas conviver, colocar sua opinião, simplesmente ouvir. Tínhamos um lugar que possibilitava à palavra circular através de inúmeros atores, humanos e não-humanos: desenho, pintura, mandala, origami, conversas e silêncios.

O tema das oficinas era livre, mas muitas giraram em torno de temáticas específicas do cotidiano institucional e da vida em sociedade. Quando da inauguração do serviço, por exemplo, trabalhamos na decoração, fazendo flores de papel, uma exposição com mandalas e cartazes de boas-vindas; já na proximidade dos “aniversariantes do mês” geramos um cartaz decorado com os nomes deles, dentre outras propostas conectadas com a dimensão do tempo, do cotidiano institucional e da cidade. Logo, pontuamos como o dispositivo “oficina terapêutica” pode ser vasta de sentidos, articulando ofício, aprendizado, arte, estudo e trabalho prático.

Utilizamos alongamentos inspirados em exercícios da Medicina Tradicional Chinesa e Aromaterapia para iniciar as OTs. Na Aromaterapia, utilizamos basicamente o Óleo Essencial (OE) de Lavandula officinalis, no qual encontramos o acolhimento que desejávamos para compor os encontros. Este actante agenciou uma atmosfera pacífica, segura e conciliadora, incentivando a ternura e amorosidade. A lavanda é utilizada na Aromaterapia como relaxante geral (MACHADO; FERNANDES JUNIOR, 2011MACHADO, Bruna Fernandes Murbach Teles; FERNANDES JUNIOR, Ary. Óleos essenciais: aspectos gerais e usos em terapias naturais. Cadernos Acadêmicos, Tubarão, SC, v. 3, n. 2, p. 105-127, nov. 2011. Disponível em: Disponível em: https://repositorio.unesp.br/handle/11449/137219 . Acesso em: 8 set. 2016.
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). Pela amplitude de sua ação, o OE é considerado o “Rescue da Aromaterapia”. Rescue, em inglês, quer dizer “resgate”, tem um sentido de SOS, algo para ser usado em qualquer emergência.

Em um dos encontros, uma usuária do serviço de aproximadamente 60 anos, muito emagrecida e cuja avaliação apontou a necessidade de seguimento do cuidado no CAPS, chegou à oficina bastante “desconfiada” de todos, dizendo: “Eu não quero fazer nada não”, sendo acolhida em sua demanda. Aos poucos fomos circulando a fala no coletivo acerca da Aromaterapia e dos efeitos da lavanda, sendo o frasco do OE passado de mão em mão. Ela ficou bastante tempo com ele, cheirando. Em determinado momento, falou: “Doutora, preciso levar esse cheirinho pro meu filho em casa. Eu senti esse cheirinho e minha dor de cabeça passou, fiquei menos nervosa na hora! Ele tá precisando muito disso, tá muito estressado!” Nesse momento, duas gotas do óleo foram pingadas em suas mãos, a orientação era para friccioná-las e aspirar o cheiro. Na semana seguinte, ela trouxe o filho para experimentar os efeitos do “tal óleo”. Por isso, apostamos que o aroma suave característico, bem como seus efeitos, tenha facilitado a sua aceitação pela usuária.

Nas primeiras oficinas, a equipe à frente do trabalho tanto apresentou suas propostas quanto recolheu as sugestões de cada um sobre as preferências acerca do que fazer. Alguns gostavam de desenhar partindo do papel em branco, outros de escrever, outros de colorir algum desenho previamente pronto; foi aí que surgiu uma forte predileção do grupo pelas mandalas, uma representação gráfica em formato circular.

Geralmente, no início de cada oficina, após acender o difusor de aromas, explanávamos com os usuários sobre as propriedades terapêuticas aromacológicas, buscando saber quais lembranças o cheiro evocava, quem gostava ou quem não gostava do cheiro. Na sequência, o grupo era convidado a participar dos exercícios de alongamento, para quem os desejasse. Ali se podia fazer de tudo, inclusive não fazer nada.

Os actantes lápis, papel, desenhos para colorir, dentre outros, eram ofertados de acordo com as afinidades dos usuários, que falavam o que queriam fazer naquele momento. O objetivo dessas interações era fazer a palavra circular. As produções eram destinadas a finalidades elencadas por cada um deles. Alguns queriam levar suas produções para presentear os familiares, para colorir em outros momentos, para jogar fora ou guardar. Nesse movimento, o fazer gerava falas que remetiam às trajetórias pessoais e ao funcionamento psíquico dos participantes.

Em certo encontro, chegou à oficina um jovem de aproximadamente 18 anos, com diagnóstico de esquizofrenia. Ao ver o grupo colorindo as mandalas, pediu para colorir um desenho do piu-piu e frajola, pois assistia muito a esse desenho quando criança. Ao processo de colorir o desenho, observamos marcante angústia, o jovem meneava a cabeça, respirava fundo, franzia a testa, levantava da cadeira, desistia de desenhar --“Não sei fazer nada direito”, disse ele. Daí começou a contar que não avançou nos estudos porque não conseguia aprender. Escrevia o próprio nome com dificuldade. Esse elemento conectou no grupo parte de sua história de vida.

A referida questão foi compartilhada, o que, por sua vez, fez os membros do grupo pontuarem o quanto o desenho dele ficou bom, bonito, que o colorido que ele fizera estava “direito”: “Não tá feio não, R., você pintou direito sim!”, diziam. Questionamos se ele não estaria sendo muito exigente consigo mesmo, pois todo o grupo havia gostado do seu colorido. O jovem sorriu com essa devolutiva do grupo. Então, com o incentivo dos demais, conseguiu finalizar sua produção, com a qual presenteou a sua mãe.

Com o tempo, as explanações da Aromaterapia foram cada vez mais empoderadas pelos usuários e, aos poucos, eles explicavam uns para os outros sobre o funcionamento do difusor de aromas, as propriedades dos óleos essenciais, favorecendo o exercício do laço social. Na medida em que eram afetados, tornavam-se mais autônomos na gestão do espaço. No momento do fazer, a fala circulava no coletivo, afetos constituíam participantes e pesquisadores, construindo corpos sensíveis a partir de uma coletividade composta de elementos humanos e não humanos.

Latour (2007LATOUR, Bruno. Como falar do corpo? A dimensão normativa dos estudos sobre a ciência. In: NUNES, João Arriscado; ROQUE, Ricardo (Org.). Objetos impuros: experiências em estudos sociais da ciência. Porto: Afrontamento, 2007. p. 40-61., p. 39) utiliza a palavra aprender quando se refere aos afetos; para o autor, “[...] ter um corpo é aprender a ser afectado, ou seja, <<efectuado>>, movido, posto em movimento por outras entidades, humanas ou não-humanas”. O grupo tornou-se, de alguma forma, sensível ao aroma do OE, aprendendo, se permitindo ser afetado e agregando essa experiência ao corpo.

A proposta de Latour (2007LATOUR, Bruno. Como falar do corpo? A dimensão normativa dos estudos sobre a ciência. In: NUNES, João Arriscado; ROQUE, Ricardo (Org.). Objetos impuros: experiências em estudos sociais da ciência. Porto: Afrontamento, 2007. p. 40-61., p. 40) não é criar uma teorização sobre o corpo, mas compreender “[...] as diversas formas como o corpo é envolvido nos relatos daquilo que faz”. O autor prossegue a discussão destacando um nariz que fora treinado por uma indústria de perfumes e, como resultado, forjou um nariz hábil para discriminar os mais variados odores, dos mais abruptos aos mais suaves. Para além de uma parte do corpo em seu sentido tradicional, os narizes dos participantes das OTs certamente constituem corpos que aprenderam a ser afetados e efetuados pelo suave aroma do óleo essencial de lavanda.

Discussão e resultados

No contexto da nova rede de assistência em saúde mental, o uso das oficinas terapêuticas, reguladas em legislação no contexto brasileiro, figura como um valioso recurso no tratamento clínico e na reabilitação psicossocial. Desta feita, o trabalho desenvolvido nas OTs deixou de ser uma forma de passatempo ou entretenimento para se transformar em práticas de cuidado diante do sofrimento psíquico, tal como em justificativas para novas pesquisas e trabalhos.

Neste estudo compreendemos o “fazer oficina” como um lugar de possibilidades, de construções de novas formas de ser e estar no mundo, assim como de corpos sensíveis e articulados e, por isso, mais autônomos. Isso porque um sujeito articulado é alguém que aprende a ser afetado pelos outros (LATOUR, 2007LATOUR, Bruno. Como falar do corpo? A dimensão normativa dos estudos sobre a ciência. In: NUNES, João Arriscado; ROQUE, Ricardo (Org.). Objetos impuros: experiências em estudos sociais da ciência. Porto: Afrontamento, 2007. p. 40-61.).

Há um encontro com a dimensão da clínica nesses dispositivos. O acolhimento das singularidades é algo que pode ser feito a partir da construção do caso clínico, em uma “[...] prática feita por muitos” (MONTEIRO, C., 2005MONTEIRO, Cleide Pereira. A clínica das psicoses e a prática analítica nas instituições públicas de saúde mental. 2005. Dissertação (Mestrado em Psicologia) - Universidade Católica de Pernambuco, Recife, 2005., p. 119). Nesse cenário, somos convocados a pensar em outras práticas possíveis no que tange à cronificação dos serviços em saúde mental. É essencial que nossas práticas não reproduzam a lógica manicomial em sua dimensão excludente e massificante. Estamos convictos de que nossas práticas compõem subjetividades e, por isso, somos lançados na dimensão de uma responsabilidade social e política para com o outro.

Ao apontar a intenção de seguir os rastros das inúmeras interações que formam os fatos, os sujeitos e os objetos, a TAR nos permite trilhar o caminho que faz ver como esses são fabricados (TSALLIS et al, 2006TSALLIS, Alexandra Cleopatre et al. O que nós psicólogos podemos aprender com a Teoria Ator-Rede? Interações, São Paulo, v. 12, n. 22, p. 57-86, jul./dez. 2006. Disponível em: Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=35402204 . Acesso em: 1 set. 2016.
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). É importante, para nós, pesquisadores, percorrer os vestígios, os efeitos que os actantes: óleo essencial, desenho do piu-piu, mandalas, cores, acarretam a esse trabalho eminentemente coletivo e em rede.

Nesse momento, vale ressaltar a fluidez das redes, fluxo que também acontece pela observação e atuação do pesquisador, que não entra como um elemento neutro no campo que pretende investigar, antes age como um fabricante. Pesquisar é entendido aqui como um processo criador de versões, criações que advêm do emaranhado de relações que perpassam as redes e que agem também nas escolhas do próprio pesquisador (VIÉGAS; TSALLIS, 2011VIÉGAS, Marcelo Nuñez; TSALLIS, Alexandra Cleopatre. O encontro do pesquisador com seu campo de pesquisa: de janelas a versões. Pesquisas e Práticas Psicossociais, São João del-Rei, v. 6, n. 2, p. 298-304, ago./dez. 2011. Disponível em: Disponível em: https://ufsj.edu.br/portal2-repositorio/File/revistalapip/volume6_n2/Viegas_&_Tsallis.pdf . Acesso em: 31 ago. 2016.
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). Tais elementos nos instigam a repensar os modos de fazer pesquisas no campo psi e as práticas efetuadas no âmbito da saúde mental.

Considerações finais

A noção de rede tem se estabelecido como conceito-chave para a compreensão das dinâmicas sociais contemporâneas, conquistando cada vez mais espaço nas pesquisas acadêmicas e articulando diversos campos do saber (PEDRO, 2010PEDRO, Rosa. Sobre redes e controvérsias: ferramentas para compor cartografias psicossociais. In: FERREIRA, Arthur Arruda Leal et al. (Org.). Teoria Ator-Rede e Psicologia. Rio de Janeiro: Nau, 2010. p. 78-96.). Dessa maneira, compreendemos melhor o sentido do PesquisarCOM, onde “o trabalho de campo é um tecido rico em tramas, de narrativas que se conectam, de história de corpos que se modificam, universos cognitivos que se produzem” (MORAES; MONTEIRO, A., 2010MORAES, Marcia; MONTEIRO, Ana Cristina Lopes. O corpo que nós fazemos: a deficiência visual em ação. In: FERREIRA, Arthur Arruda Leal et al. (Org.). Teoria Ator-Rede e Psicologia. Rio de Janeiro: Nau, 2010. p. 98-114., p. 104).

Destacamos que a oficina terapêutica pode constituir-se, uma vez que articulada em rede, como ferramenta potente de cuidado clínico e de programas de reabilitação psicossocial, caracterizando-se como serviço de referência diante da proposição historicamente delineada de uma nova forma de tratar e acolher a loucura. É possível performar práticas que favoreçam a inserção social, respeitando as possibilidades individuais e os princípios de cidadania, minimizando o estigma e promovendo o protagonismo de cada usuário frente à sua vida.

Nessa perspectiva, as citadas OTs expressaram ricas possibilidades quanto à proliferação de versões sobre o seu sentido, as práticas psi efetuadas e a constituição de corpos-pesquisadores forjados pelos desafios, singularidade e COM as afetações que compuseram esse coletivo.

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  • 1
    O CAPS II é um serviço de saúde mental que atende a uma população adstrita, de segunda à sexta-feira, das 8h às 17h. Atende pessoas em intenso sofrimento psíquico decorrente de transtornos mentais graves e persistentes, incluindo aqueles relacionados ao uso de substâncias psicoativas, e outras situações clínicas que impossibilitem estabelecer laços sociais e realizar projetos de vida. De acordo com a Portaria nº 3.088, de 23 de dezembro de 2011, o CAPS II é indicado para municípios ou regiões de saúde com população acima de setenta mil habitantes.
  • 2
    Os dados completos das autoras encontram-se ao final do artigo.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    11 Fev 2022
  • Data do Fascículo
    Sep-Dec 2021

Histórico

  • Recebido
    21 Dez 2017
  • Revisado
    04 Abr 2020
  • Revisado
    13 Out 2021
  • Aceito
    13 Out 2021
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