Acessibilidade / Reportar erro

Gestão ambiental: uma crítica sistêmica e outras alternativas ao "otimismo verde"

Resumos

O presente artigo tem a intenção central de analisar a relação entre organizações modernas e o problema ambiental, elaborando os fundamentos de uma crítica e reavaliação das várias perspectivas de entendimento da questão ambiental e de seus pressupostos e limitações. Propõe-se alguns fundamentos para essa reavaliação, utilizando como recurso principal a teoria dos sistemas sociais, numa perspectiva neofuncionalista, e agregando também contribuições da discussão sociológica sobre as características do atual estágio de modernização da sociedade. O eixo que permite unir essas duas linhas teóricas é a relação entre confiança e risco social, discussão levada a termo por autores como Giddens (1991), Beck (1997) e Luhmann (1988; 1989). A idéia central deste artigo está na sugestão de que a gestão ambiental possui uma função muito mais relacionada às necessidades de legitimação das organizações envolvidas com a exploração e degradação ambiental do que com a efetiva conscientização e proteção ecológica.


The main purpose of this paper is to analyse aspects of the relation between modern organizations and ecological environment, specially some assumptions and limitations not considered in the ecological theoretical paradigms. We propose some foundations to develop a critical approach based on the social systems theory and other sociological frameworks related to the discussions about the reflexive modernity. Trust and social risk, as discussed by authors like Giddens (1991), Beck (1997) and Luhmann (1988; 1989) are the aspects that permit us to relate those different theoretical frameworks. The central suggestion of this paper is that the idea of environmental management has a key function to organizations whose production processes result in ecological damage: to build the necessary legitimacy to their actions, more than to develop a truly ecological conscience.


ARTIGOS / ARTICLES

Gestão ambiental: uma crítica sistêmica e outras alternativas ao "otimismo verde"

João Marcelo CrubellateI; Flávio Carvalho VasconcelosII

IProf. da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e EAESP/Fundação Getúlio Vargas

IIProf. Adjunto da EAESP/Fundação Getúlio Vargas

R ESUMO

O presente artigo tem a intenção central de analisar a relação entre organizações modernas e o problema ambiental, elaborando os fundamentos de uma crítica e reavaliação das várias perspectivas de entendimento da questão ambiental e de seus pressupostos e limitações. Propõe-se alguns fundamentos para essa reavaliação, utilizando como recurso principal a teoria dos sistemas sociais, numa perspectiva neofuncionalista, e agregando também contribuições da discussão sociológica sobre as características do atual estágio de modernização da sociedade. O eixo que permite unir essas duas linhas teóricas é a relação entre confiança e risco social, discussão levada a termo por autores como Giddens (1991), Beck (1997) e Luhmann (1988; 1989). A idéia central deste artigo está na sugestão de que a gestão ambiental possui uma função muito mais relacionada às necessidades de legitimação das organizações envolvidas com a exploração e degradação ambiental do que com a efetiva conscientização e proteção ecológica.

A BSTRACT

The main purpose of this paper is to analyse aspects of the relation between modern organizations and ecological environment, specially some assumptions and limitations not considered in the ecological theoretical paradigms. We propose some foundations to develop a critical approach based on the social systems theory and other sociological frameworks related to the discussions about the reflexive modernity. Trust and social risk, as discussed by authors like Giddens (1991), Beck (1997) and Luhmann (1988; 1989) are the aspects that permit us to relate those different theoretical frameworks. The central suggestion of this paper is that the idea of environmental management has a key function to organizations whose production processes result in ecological damage: to build the necessary legitimacy to their actions, more than to develop a truly ecological conscience.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text avaliable only in PDF.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALDRICH, Howard. Organizations evolving. London: SAGE, 1999.

BECK, Ulrich. O que é globalização? São Paulo: Paz e Terra, 1999.

BECK, Ulrich. Subpolitics: ecology and the disintegration of institutional power. Organization & Environment, 10 (1), p. 52-65, 1997.

BECK, Ulrich. World risk society as cosmopolitan society? Ecological questions in a framework of manufactured uncertainties. Theory, Culture & Society, 13 (4), p. 1-32, 1996.

EGRI, Carolyn; PINFIELD, Lawrence. Organizations and the biosphere: ecologies and environments. In: CLEGG, Stewart; HARDY, Cynthia e NORD, Walter (orgs). Handbook of organization studies. London: SAGE, p. 459-483, 1996.

FREUND, Julien. Sociologia de Max Weber. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2000.

GIDDENS, Anthony. As conseqüências da modernidade. São Paulo: Editora Unesp, 1991.

GIDDENS, Anthony; BECK, Ulrich; LASH, Scott. Modernização reflexiva. São Paulo: Editora Unesp, 1997.

GLADWIN, Thomas; KENNELLY, James; KRAUSE, Tara-Shelomith. Shifting paradigms for sustainable development: implications for management theory and research. Academy of Management Review, 20 (4), p. 874-907, 1995.

HAJER, Maarten. Ecological modernization as cultural politics. In: LASH, Scott; SZERSZYNSKI, Bronislaw; WYNNE, Brian (eds). Risk, environment & modernity: towards a new ecology. London: SAGE, p. 246-268, 1996.

HALL, Richard. Organizações: estrutura e processos. 3. ed. Rio de Janeiro: Prentice-Hall do Brasil, 1984.

JENNINGS, P. Devereaux; ZANDBERGEN, Paul. Ecologically sustainable organizations: an institutional approach. Academy of Management Review, 20 (4), p. 1015-1052, 1995.

KNODT, Eva. Foreword. In: LUHMANN, Niklas. Social systems. Stanford: Stanford University Press, 1995.

LANE, Christel; QUACK, Sigrid. The social dimensions of risk: bank financing of SMEs in Britain and Germany. Organization Studies, 20 (6), p. 987-1010, 1999.

LAWRENCE, Paul; LORSCH, Jay. As empresas e o ambiente. Petrópolis: Vozes, 1973.

LUHMANN, Niklas. Familiarity, confidence, trust: problems and alternatives. In: GAMBETTA, Diego (ed.). Trust: making and breaking cooperative relations. New York: Basil Blackwell, 1988.

LUHMANN, Niklas. Ecological communication. Chicago: The University of Chicago Press, 1989.

LUHMANN, Niklas. Social systems. Stanford: Stanford University Press, 1995.

ORTON, J. Douglas; WEICK, Karl. Loosely coupled systems: a reconceptualization. Academy of Management Review, 15 (2), p. 203-223, 1990.

PERROW, Charles. Normal accidents: living with high-risk technologies. New Jersey: Princeton University Press, 1999.

SCOTT, W. Richard. Introduction: institutional theory and organizations. In: SCOTT, W. Richard; CHRISTENSEN, Soren (eds). The institutional construction of organizations: international and longitudinal studies. Thousand Oaks: SAGE, p. xi – xxiii, 1995.

SHRIVASTAVA, Paul. Ecocentric management for a risk society. Academy of Management Review, 20 (1), p. 118-137, 1995.

THOMAZ, Keith. O homem e o mundo natural. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.

WEICK, Karl. The social psychology of organizing. London: Addison-Wesley Publishing, 1969.

  • ALDRICH, Howard. Organizations evolving London: SAGE, 1999.
  • BECK, Ulrich. O que é globalização? São Paulo: Paz e Terra, 1999.
  • BECK, Ulrich. Subpolitics: ecology and the disintegration of institutional power. Organization & Environment, 10 (1), p. 52-65, 1997.
  • BECK, Ulrich. World risk society as cosmopolitan society? Ecological questions in a framework of manufactured uncertainties. Theory, Culture & Society, 13 (4), p. 1-32, 1996.
  • EGRI, Carolyn; PINFIELD, Lawrence. Organizations and the biosphere: ecologies and environments. In: CLEGG, Stewart; HARDY, Cynthia e NORD, Walter (orgs). Handbook of organization studies. London: SAGE, p. 459-483, 1996.
  • FREUND, Julien. Sociologia de Max Weber 5. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2000.
  • GIDDENS, Anthony. As conseqüências da modernidade São Paulo: Editora Unesp, 1991.
  • GIDDENS, Anthony; BECK, Ulrich; LASH, Scott. Modernização reflexiva São Paulo: Editora Unesp, 1997.
  • GLADWIN, Thomas; KENNELLY, James; KRAUSE, Tara-Shelomith. Shifting paradigms for sustainable development: implications for management theory and research. Academy of Management Review, 20 (4), p. 874-907, 1995.
  • HAJER, Maarten. Ecological modernization as cultural politics. In: LASH, Scott; SZERSZYNSKI, Bronislaw; WYNNE, Brian (eds). Risk, environment & modernity: towards a new ecology. London: SAGE, p. 246-268, 1996.
  • HALL, Richard. Organizações: estrutura e processos. 3. ed. Rio de Janeiro: Prentice-Hall do Brasil, 1984.
  • JENNINGS, P. Devereaux; ZANDBERGEN, Paul. Ecologically sustainable organizations: an institutional approach. Academy of Management Review, 20 (4), p. 1015-1052, 1995.
  • KNODT, Eva. Foreword. In: LUHMANN, Niklas. Social systems Stanford: Stanford University Press, 1995.
  • LANE, Christel; QUACK, Sigrid. The social dimensions of risk: bank financing of SMEs in Britain and Germany. Organization Studies, 20 (6), p. 987-1010, 1999.
  • LAWRENCE, Paul; LORSCH, Jay. As empresas e o ambiente Petrópolis: Vozes, 1973.
  • LUHMANN, Niklas. Familiarity, confidence, trust: problems and alternatives. In: GAMBETTA, Diego (ed.). Trust: making and breaking cooperative relations. New York: Basil Blackwell, 1988.
  • LUHMANN, Niklas. Ecological communication Chicago: The University of Chicago Press, 1989.
  • LUHMANN, Niklas. Social systems Stanford: Stanford University Press, 1995.
  • ORTON, J. Douglas; WEICK, Karl. Loosely coupled systems: a reconceptualization. Academy of Management Review, 15 (2), p. 203-223, 1990.
  • PERROW, Charles. Normal accidents: living with high-risk technologies. New Jersey: Princeton University Press, 1999.
  • SHRIVASTAVA, Paul. Ecocentric management for a risk society. Academy of Management Review, 20 (1), p. 118-137, 1995.
  • THOMAZ, Keith. O homem e o mundo natural São Paulo: Companhia das Letras, 1988.
  • WEICK, Karl. The social psychology of organizing London: Addison-Wesley Publishing, 1969.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    04 Nov 2014
  • Data do Fascículo
    Abr 2003
Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia Av. Reitor Miguel Calmon, s/n 3o. sala 29, 41110-903 Salvador-BA Brasil, Tel.: (55 71) 3283-7344, Fax.:(55 71) 3283-7667 - Salvador - BA - Brazil
E-mail: revistaoes@ufba.br