Acessibilidade / Reportar erro

O panóptico digital nas organizações: espaço-temporalidade e controle no mundo do trabalho contemporâneo

Resumos

O presente ensaio teórico objetiva discutir as relações que se estabelecem entre espaço-temporalidade e controle, a partir de algumas das principais mudanças ocorridas no mundo do trabalho, notadamente sob o paradigma tecnológico, nos termos de Castells. Colocar a questão do espaço-temporalidade em análise implica ir além de seu registro empírico e da visibilidade de suas aparências, uma vez que o tempo atravessa as formas instituídas e os modos de (re)produzi-las, colocando-as sempre na condição de obras inacabadas. Implica, também, trazer à discussão a reconfiguração do trabalho que, para a renovação do capital, se tornou intelectual, afetivo, imaterial, conforme indicam Lazzarato e Negri (2001). Implica, ainda, tomar o novo paradigma como um dispositivo tecnológico de controle que age sem restringir o sujeito a espaços confinados. Hoje, a captura do sujeito independe da imobilidade que outrora lhe impunham as instituições totais, de forma que o controle pudesse ser exercido. Nesse contexto, a atual configuração que o espaço-temporalidade assume contribui para a passagem do sujeito de uma situação de controle por confinamento para a de autocontrole.


The present theoretical essay aims at discussing the relations that are established between space-temporality and control as from some of the main changes occurred in the labor world, notably under the technological paradigm in Castells' terms. To analyze the space-temporality issue implies going beyond its empirical record and the visibility of its appearances, since time goes through the instituted forms and ways of (re)producing them, by always putting them in the condition of unfinished works. It implies discussing the reconfiguration of labor, which, for the capital renewal, has become intellectual, affective, immaterial, as Lazzarato and Negri teach us. It implies taking the new paradigm as a technological control device that acts without restricting the subject to confined spaces. Today, the subject's capture does not depend on the immobility that the total institutions would impose to him so that the control could be exercised. The current configuration assumed by the space-temporality contributes to moving the subject of the control by confinement to the self-control subject.


ARTIGOS

O panóptico digital nas organizações: espaço-temporalidade e controle no mundo do trabalho contemporâneo

Vânia Gisele BessiI; Marco Vinício ZimmerII; Carmem Ligia Iochins GrisciIII

IDoutoranda do PPGA/EA/UFRGS e Profª da Universidade de Passo Fundo/RS

IIDoutorando do PPGA/EA/UFRGS e Prof. Faculdade de Administração de Brasília

IIIProfª PPGA/EA/UFRGS

RESUMO

O presente ensaio teórico objetiva discutir as relações que se estabelecem entre espaço-temporalidade e controle, a partir de algumas das principais mudanças ocorridas no mundo do trabalho, notadamente sob o paradigma tecnológico, nos termos de Castells. Colocar a questão do espaço-temporalidade em análise implica ir além de seu registro empírico e da visibilidade de suas aparências, uma vez que o tempo atravessa as formas instituídas e os modos de (re)produzi-las, colocando-as sempre na condição de obras inacabadas. Implica, também, trazer à discussão a reconfiguração do trabalho que, para a renovação do capital, se tornou intelectual, afetivo, imaterial, conforme indicam Lazzarato e Negri (2001). Implica, ainda, tomar o novo paradigma como um dispositivo tecnológico de controle que age sem restringir o sujeito a espaços confinados. Hoje, a captura do sujeito independe da imobilidade que outrora lhe impunham as instituições totais, de forma que o controle pudesse ser exercido. Nesse contexto, a atual configuração que o espaço-temporalidade assume contribui para a passagem do sujeito de uma situação de controle por confinamento para a de autocontrole.

ABSTRACT

The present theoretical essay aims at discussing the relations that are established between space-temporality and control as from some of the main changes occurred in the labor world, notably under the technological paradigm in Castells' terms. To analyze the space-temporality issue implies going beyond its empirical record and the visibility of its appearances, since time goes through the instituted forms and ways of (re)producing them, by always putting them in the condition of unfinished works. It implies discussing the reconfiguration of labor, which, for the capital renewal, has become intellectual, affective, immaterial, as Lazzarato and Negri teach us. It implies taking the new paradigm as a technological control device that acts without restricting the subject to confined spaces. Today, the subject's capture does not depend on the immobility that the total institutions would impose to him so that the control could be exercised. The current configuration assumed by the space-temporality contributes to moving the subject of the control by confinement to the self-control subject.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

  • ABBAGNANO, Nicola (2003). Dicionário de filosofia. São Paulo: Martins Fontes.
  • BAUMAN, Zygmunt (2001). Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.
  • CASTELLS, Manuel (1999). A sociedade em rede: a era da informação: economia, sociedade e cultura. Vol. 1. São Paulo: Paz e Terra.
  • ___ (2003). A galáxia da internet: reflexões sobre a internet, os negócios e a sociedade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.
  • CHRISTLIEB. Pablo Fernández (2000). El territorio instantáneo de la comunidad posmoderna. In: LINDÓN, Alicia (coord.). La vida cotidiana y su espacio-temporalidad. México: El Colegio Mexiquense Centro Reg. de Investigaciones Multidisciplinares (UNAM).
  • DELEUZE, Gilles (1998). Conversações: 1972-1990. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1998.
  • FOUCAULT, Michel (2004). Vigiar e punir. 29 ed. Petrópolis: Vozes.
  • GOFFMAN, Erving (1992). Manicômios, prisões e conventos. São Paulo: Editora Perspectiva.
  • LAZZARATO, Maurizio e NEGRI, Antonio (1991). Travail immatériel et subjectivité. Futur antérier, n.6, été, 1991.
  • ___ (2001). Trabalho imaterial: formas de vida e produção de subjetividade. Rio de Janeiro: DP&A.
  • PERROT, Michelle (1988). Os excluídos da história: operários, mulheres e prisioneiros. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
  • ROLNIK, Raquel (2001). O que é cidade. São Paulo: Brasiliense.
  • SILVA, Rosimeri C. (2003). Controle organizacional, cultura e liderança: evolução, transformações e perspectivas. Revista de Administração Pública. Rio de Janeiro, v. 37, n.4, p. 797-816, jul/ago.
  • VILLORIA, Alicia L. (2000). Del campo de la vida cotidiana y su espacio-temporalidad (una presentación). In: LINDÓN, Alicia (coord.). La vida cotidiana y su espaciotemporalidad. México: El Colegio Mexiquense Centro Reg. de Investigaciones Multidisciplinares (UNAM).
  • VIRILIO, Paul (1997). Velocidade e política. São Paulo: Estação Liberdade.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    23 Out 2014
  • Data do Fascículo
    Set 2007
Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia Av. Reitor Miguel Calmon, s/n 3o. sala 29, 41110-903 Salvador-BA Brasil, Tel.: (55 71) 3283-7344, Fax.:(55 71) 3283-7667 - Salvador - BA - Brazil
E-mail: revistaoes@ufba.br