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Apresentação

APRESENTAÇÃO

Antes de iniciar esta Apresentação de praxe, temos a imensa satisfação de comunicar a todos leitores, pareceristas e autores que publicam seus artigos neste nosso periódico, bem como toda a comunidade de Administração e áreas conexas que a O&S foi aceita para fazer parte da SciELO. Isso nos enche de orgulho ao tempo que aumenta a nossa responsabilidade. Assim, gostaríamos de compartilhar essa grande notícia com todos que têm acreditado na O&S ao longo de sua trajetória.

Chegar a um número redondo sempre dá uma sensação de atingir uma meta, superar um obstáculo, tal qual em uma corrida. Ao chegar ao número 60 com quase 20 anos de existência, a O&S se sente orgulhosa de estar contribuindo para a geração de conhecimento no Brasil na área de Administração e conexas.

Assim, trazemos ao leitor e à comunidade mais uma pletora de artigos convergentes com esse objetivo. Começamos exatamente com um artigo que diz respeito à inserção da Universidade na sociedade. Ana Silvia Rocha Ipiranga e Priscila Corrêa da Hora Almeida abordam a questão do desenvolvimento da pesquisa no âmbito da Universidade e o passo seguinte das dificuldades de sua transformação em inovação. A contribuição do artigo reside em identificar o tipo de pesquisas desenvolvidas e compreender as formas de cooperação entre universidade, governo e setor produtivo, no âmbito da inserção da Rede Nordeste de Biotecnologia (Renorbio). Os resultados apontam para vantagens, mas reconhecendo limitações e desafios nas relações cooperativas sob análise, em particular a necessidade da construção de agendas de pesquisa básica inspirada pelo uso, contemplando a empresa e o mercado.

Na seqüência, a revista alberga um artigo da lavra de Marcelino José Jorge, Frederico A. de Carvalho e Marina Filgueiras Jorge, ainda no mesmo campo de conhecimento e ação, que visa a avaliar a estratégia de expansão do Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas da Fundação Oswaldo Cruz - IPEC/FIOCRUZ, para promover a pesquisa através de ações integradas (PAIs) na área de doenças infecciosas. O esforço de pesquisa debruçou-se sobre oito PAIs no período 2002/08, recorrendo à Análise Envoltória de Dados - DEA para calcular uma fronteira eficiente e indicar os planos de operação necessários para elevar as PAIs ineficientes à fronteira. A hipótese markoviana foi utilizada na análise da transição das PAIs entre os estados de eficiência e ineficiência no longo prazo. O estudo aporta as seguintes conclusões relevantes: a PAI é uma estrutura factível e eficiente de produção conjunta de assistência, ensino e pesquisa; é possível guiar as escolhas de curto-prazo dos gerentes, quantificando a mudança do mix de produtos que resultaria da estratégia pró-eficiência; alertando, ainda para o fato de que, no longo prazo, a proporção de PAIs ineficientes poderá aumentar, caso não sejam adotadas medidas gerenciais adequadas.

Prossegue a edição 60 da O&S com a contribuição de Ana Luisa Schulz Walber, Adriana Schujmann, Débora Azevedo e Ângela Beatriz Scheffer Gary cobrindo a temática de Representações sociais de RH a partir de um recorte de um estudo exploratório com alunos de graduação. Partem as autoras das mudanças ocorridas na área de RH no mundo globalizado, enunciando a problemática de posicionamento do RH como parceiro estratégico nas organizações. Tradicionalmente definido como um executor de tarefas operacionais, este papel se contrapõe, na prática, ao discurso estratégico apregoado na teoria. O presente artigo vale-se dos resultados obtidos em uma pesquisa conduzida com 264 alunos da graduação do curso de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), objetivando a identificação e discussão das Representações Sociais, a partir do conceito de Guareschi (2007), desses alunos em relação ao RH. Os resultados, obtidos pela análise de conglomerados, sinalizam a identificação de grupos com percepções distintas sobre o papel do RH, revelando que a maioria dos alunos não demonstra clareza sobre as atribuições e implicações de alinhamento do RH com as estratégias do negócio.

Abriga, no seqüenciamento, a revista, o artigo de Carolina Lescura, Mozar José de Brito, Mônica Carvalho Alves Cappelle e Alex Fernando Borges que direcionam o olhar para a questão da dinâmica Família-Empresa, usando, para tanto, uma aplicação do método historiográfico e da técnica do genograma e, assim, apreender a dinâmica entre família e empresa, bem com a interação entre elas. Na percepção dos autores, a principal contribuição do trabalho reside no plano metodológico ao construir um desenvolvimento de pesquisa qualitativa que poderá ser trilhado por outros pesquisadores interessados em organizações dessa natureza. O resultado produzido, esperam os autores, pode vir a contribuir para o avanço do conhecimento sobre as empresas familiares, especialmente no que diz respeito às sinergias e conflitos gerados com base nas relações entre membros da família e da organização.

Hospeda, ainda, a O&S nesta edição a contribuição de João Marques Teixeira, Evandro Luiz Lopes e Sérgio Luiz do Amaral Moretti. Os autores analisam a relação entre o valor de compra hedônico ou utilitário com a satisfação, boca a boca e intenção de recompra, por meio de um modelo desenvolvido para este fim. A motivação para o estudo brotou do crescente debate sobre a influência do ambiente de loja na satisfação dos clientes. As hipóteses foram testadas por meio de um survey de 400 entrevistas com compradores nas lojas de uma rede de materiais para construção civil na capital paulista. Os resultados indicaram que o valor de compra utilitário influenciou positivamente todas as variáveis de resultado do varejo, enquanto o valor de compra hedônico influenciou apenas o boca a boca e a intenção de recompra. Os resultados apontaram para o fato da influência do valor de compra utilitário sobre a satisfação, boca a boca e intenção de recompra ser maior do que a influência do valor de compra hedônico. Essas descobertas podem indicar, mesmo não sendo uma garantia, que um portfólio de boa variedade, pronta disponibilidade de mercadorias, boa localização, horários adequados e preços competitivos resultam em clientes satisfeitos e leais.

O caráter anti-mainstream, apontado por muitos, da O&S pode ser constatado ao trazer o artigo de Cristiano de Oliveira Maciel que investiga a relação entre padrões estruturados de cognição e práticas estratégicas, tomando como objeto empírico 60 congregações de uma igreja evangélica, um tipo de organização não convencional nas investigações acadêmicas. A Análise de Cluster, usada no tratamento dos dados, apontou dois grupos que diferem em seus valores e Estratégia de Produto, mas não na Estratégia de Relacionamento. Esses clusters foram denominados Tradicionalistas Reativos e Contemporâneos Prospectivos. O primeiro grupo preza pela qualidade, reputação e tradição da igreja e é menos ativo em suas iniciativas de Estratégia de Produto. O segundo cluster dá maior atenção a valores mais modernos e próximos da lógica instrumental da gestão empresarial, e este grupo é mais agressivo nas práticas que estruturam sua Estratégia de Produto. O artigo apresenta ainda as implicações de tais achados.

A sessão de artigos da O&S prossegue com uma contribuição de Diógenes de Souza Bido, Cesar Alexandre de Souza, Dirceu da Silva, Arlinda Schmidt Godoy e Rosane Rivera Torres que se voltaram para o objetivo de avaliar a qualidade da descrição dos procedimentos metodológicos de artigos que utilizaram a modelagem em equações estruturais (MEE), incluindo a análise fatorial confirmatória e a path analysis. Para cumprir este objetivo, os autores valeram-se de uma base de dados de artigos publicados na RAE, RAUSP, REAd, O&S, RAC e RAE-eletrônica, entre 2001 e 2010, que atinge um total de 68 artigos. A partir da revisão da literatura metodológica, foi elaborado um check list para avaliar as treze etapas da MEE, sendo validado com 33 especialistas. A investigação aporta como principais resultados: a impossibilidade de replicar os estudos devido à falta de informações e o uso de estratégias exploratórias sem a posterior validação. Por outro lado, a justificativa do método utilizado e a explicação das implicações teóricas dos resultados são aspectos que têm sido atendidos plenamente. O check list foi um importante subproduto desta pesquisa ao permitir gerar novas linhas de investigação e, até mesmo, seu uso como ferramenta didática.

Encerramos esta edição da O&S com o artigo de Ciro Campos Christo Fernandes, Luiz Antonio Jóia e André Andrade que fazem um esforço de investigação sobre a resistência à implantação de sistemas de folha de pagamento na administração pública. Partindo da constatação de que fatores individuais, técnicos, sociais e políticos têm gerado resistência à implantação de sistemas informatizados, no contexto da administração pública, o artigo investiga, por meio de um estudo de caso múltiplo, a implantação de sistema de folha de pagamento de servidores públicos, a respectiva reação dos usuários, em seu contexto organizacional, bem como a aceitação ou não do citado sistema. Como objeto empírico, o artigo toma dois casos em administrações estaduais distintas: o poder executivo de um estado brasileiro (caso A) e o tribunal de justiça de outro estado (caso B), dado que um mesmo sistema foi contratado nos dois casos, propiciando a comparação entre as duas experiências. Enquanto, no caso A, o sistema estava em curso final de implantação, superadas resistências com relativo sucesso, no caso B, a implantação foi suspensa, permanecendo pendente a sua efetiva aceitação. A análise vale-se de um referencial teórico que integra fatores geradores de resistência relacionados com as dimensões individual (pessoas) e técnica (sistema), e com a interação social e política entre os usuários do sistema e o âmbito da organização. O artigo contribui com o conhecimento do tema ao identificar diversos tipos de comportamento de resistência, sua inter-relação e transformação ao longo da trajetória de implementação dos sistemas, e os desfechos contrastantes ocorridos nos dois casos.

O menu de artigos aqui exposto mostra não só a vitalidade da área de Administração como também os diferenciados objetos de pesquisa da nossa Academia, confirmando a existência de uma sociedade submetida às diversas clivagens.

Encerramos esta Apresentação, ao contrário de sua abertura, com uma notícia triste, o falecimento do nosso colega Prof. Marcelo Milano Vieira, da EBAPE-FGV. Além de um entusiasta da O&S, era um parecerista rigoroso e criterioso, sempre preocupado com a qualidade acadêmica. Vai fazer muita falta a todos nós.

Saudações,

José Antonio Gomes de Pinho

Editor

Índice de Endogenia desta edição (artigos por docentes/discentes da instituição: Escola de Administração/NPGA/CIAGS) - zero (em 8): zero

Índice de Endogenia acumulado (calculado desde o número 42): 11,0%

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    21 Jun 2012
  • Data do Fascículo
    Mar 2012
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