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Editorial

Editorial

Uma das metas visadas pela reestruturação e aperfeiçoamento de processos desse periódico é a redução do tempo entre submissão e publicação. Essa redução é necessária inclusive para evitar a desatualização do que nele é publicado, mas não é suficiente para garantir sua atualidade.Ainda que sejam diminuídos os tempos dos processosde avaliação e publicação, a velocidade de uma mídiacientífica dificilmente será comparável à velocidade das mídias em geral, nem muito menos das redes sociais.A comparação entre, por um lado, as mídias comuns, populares, também chamadas de sociais, e, por outro lado, as mídias particularmente voltadas para a publicação científica, por mais absurda que possa parecer à primeira vista, revela alguns desafios que se apresentam para periódicos científicos.

Diversos setores de comunicação e notadamente o jornalismo passam por uma crise. Em revistas e jornais de massasão passíveis de questionamento a verificação de fatos e fontes e o papel da editoria, face à alternativa de difusão imediata de notícias através das redes sociais. O questionamento recai não naverdade das notícias difundidas pelos referidos meios de comunicação, mas na curadoria editorial como certificação necessária para a credibilidade dessas notícias. O que é questionado é em que medida os emissores e também receptores de notícias difundidas nas redes sociais são mais ou menos confiáveis de que os emissores profissionais vinculados às revistas e aos jornais impressos, audiovisuais e digitais, voltados para os mesmos públicos.

No campo científico, poderíamos argumentar que essa crise não nos afeta porque a produção científica segue outra temporalidade e sua confiabilidade é garantida pela avaliação por pares, avaliação essa frequentemente cega quando poderia ser identificada, declarada e mais ainda transparente. Poderíamos mesmo sugerir que os trabalhos acadêmicos fossem escritos visando o retardamento de sua atualização, ao incorporar objetos, temas, abordagens e metodologias que não perdessem sua relevância no curto, médio e longo prazo. Desse ponto de vista, se o cientista desejar pronunciar-se sobre temas atuais urgentes, melhor seria procurar divulgar suas ideias em mídias e redes sociais.

De certa forma, observamos um pouco disso durante as manifestações de junho de 2013 que ocorreram em várias cidades brasileiras. Poucos eventos atraíram tantos intelectuais para a mídia em geral, e de forma correlata, poucas oportunidades surgiram anteriormente quelevaram a um aquecimento da demanda por intelectuais das humanidades. Filósofos, sociólogos, cientistas políticos, economistas, psicanalistas e pesquisadores de Estudos Organizacionais foram escutados. Houve também uma onda de novos livros, escritos e distribuídos por editoras de renome em poucas semanas. Em pouco tempo, observamos falas, réplicas e tréplicas através dos meios de comunicação de massa: intelectuais que pouco se citavam através de seus artigos acadêmicos, estavam lendo atentamente seus pares e ao mesmo tempo, observados por parcelas importantes de formadores de opinião na sociedade brasileira.

Se as temporalidadesdas mídias científicas e das mídias e redes sociais são distintas, perguntamos como Organizações e Sociedade, O&S,com o status de periódico científico reconhecidamente qualificado,podecontribuir para esse debate e outros debates atuais e relevantes não apenas para comunidade científica, mas para a sociedade em geral, com interesses que podem extrapolar os limites nacionais e alcançar o âmbito internacional.

Mônica de Aguiar Mac-Allister da Silva

Editora-Chefe

Charles Kirschbaum

Avaliador e Autor

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    14 Abr 2014
  • Data do Fascículo
    Mar 2014
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