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Poesia na Pesquisa em Administração

Resumo

A poesia pode contribuir para o avanço da pesquisa em administração. Para refletir sobre a poesia como caminho para regenerar a pesquisa em administração, vamos entender sobre os modos de pesquisar e a constituição do(a) pesquisador(a). A poesia é uma forma de iniciar a construção de sentido e, ao mesmo tempo, um mecanismo de enfrentamento, enquanto forma de reexistir para não dexistir . A representação poética de vidas não constitui um fim em si mesma. O objetivo é político: mudar a maneira como pensamos as pessoas e suas vidas nas organizações, usando o formato poético. O pesquisador-poeta torna o mundo visível a partir de novas perspectivas e entendimentos, evidenciando uma responsabilidade ético-política no que diz respeito ao poético. A poesia pode ultrapassar as formas prescritas de leitura, escrita, de compreender e ‘fazer’ organizações e administração, conectando-se a considerações éticas de voz e dinâmicas de poder.

poesia; poética; pesquisa; ética

Abstract

Poetry can contribute to advance management research. Reflecting on poetry as a path to regenerate management research lets us understand the ways of researching and the constitution of the researcher. Poetry is a way to start the construction of meaning and, at the same time, a coping mechanism, a way of re-existing not to de-exist. The poetic representation of lives is not an end in itself. The goal is political: to change the way we think about people and their lives in organizations using the poetic format. The researcher-poet makes the world visible from new perspectives and understandings, evidencing a political-ethical responsibility regarding the poetic. Poetry can move beyond prescribed ways of reading, writing, understanding, and ‘doing’ organizations and management, connecting itself to ethical considerations of voice and power dynamics.

poetry; poetics; research; ethics

Introdução

Quando meus pés

abrandarem na marcha,

por favor,

não me forcem.

Caminhar para quê?

Deixem-me quedar,

deixem-me quieta,

na aparente inércia.

Nem todo viandante

anda estradas,

há mundos submersos,

que só o silêncio

da poesia penetra.

( Evaristo, 2017Evaristo, C. (2017). Poemas da recordação e outros movimentos. Rio de Janeiro, RJ: Malê. , p. 18)

A poesia tem feito parte da pesquisa em administração há algum tempo. Ela vem sendo analisada de diversas maneiras: (a) como meio de melhorar a prática organizacional e gerencial (Morgan, Lange, & Buswick, 2010), (b) como forma de compreender organizações, gestão e empreendedorismo ( Darmer, 2000Darmer, P. (2000). The subject(ivity) of management. Journal of Organizational Change Management, 13(4), 334-351. doi:10.1108/09534810010339022
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; Kostera, 1997Kostera, M. (1997). Personal performatives: collecting poetic definitions of management. Organization, 4(3), 345-353. doi:10.1177/135050849743003
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; Smith, 2015)Smith, R. (2015). Entrepreneurship and poetry: analyzing an aesthetic dimension. Journal of Small Business and Enterprise Development, 22(3), 450-472. doi:10.1108/JSBED-09-2012-0103
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, (c) como maneira de injetar criatividade nas organizações e na gestão ( Grisoni, 2008)Grisoni, L. (2008). Poetry. In M. Broussine (Ed.), Creative methods in organizational research (pp. 108-127). Los Angeles: Sage Publications. , (d) como recurso para compreender e/ou desenvolver pesquisa sobre organizações e gestão ( Darmer, 2006)Darmer, P. (2006). Poetry as a way to inspire (the management of) the research process. Management Decision, 44(4), 551-560. doi:10.1108/00251740610663072
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, (e) e como caminho para instigar a aprendizagem e a prática educacional da administração ( Gallos, 1997Gallos, J. V. (1997). On poetry and the soul of management education. Journal of Management Education, 21(3), 281-283. Retrieved from https://bit.ly/3HOKRet
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; Bilimoria, 1999,Bilimoria, D. (1999). Management education's neglected charge: inspiring passion and poetry. Journal of Management Education, 23(5), 464-466. doi:10.1177/105256299902300502 , Höpfl, 1994)Höpfl, H. (1994). Learning by heart: the rules of rhetoric and the poetics of experience. Management Learning, 25(3), 463-474. doi:10.1177/135050769402500305
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. Apesar de não ser assunto novo, entendemos que a poesia pode estimular e sofisticar a prática de pesquisa em administração. Como forma especial de narrativa, a poesia permanece nas margens da administração ( Darmer & Grisoni, 2011)Darmer, P., Grisoni, L. (2011). The opportunity of poetry: report about poetry in organizing and managing. Tamara: Journal for Critical Organization Inquiry, 9(1-2), 5-13. Retrieved from https://bit.ly/3Lyy02r
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. Entretanto, assim como a poesia e a linguagem poética, as margens expressam poderes persuasivos e rompedores da ordem vigente ( Kristeva, 1984Kristeva, J. (1984). Revolution in poetic language. New York: Columbia University Press. ; Höpfl, 1994)Höpfl, H. (1994). Learning by heart: the rules of rhetoric and the poetics of experience. Management Learning, 25(3), 463-474. doi:10.1177/135050769402500305
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.

Neste editorial, apostamos no poder da poesia para a regeneração das organizações, mas, principalmente, para o avanço na pesquisa em administração. Poesia requer comprometimento, afeto, intuição e imaginação do seu autor, pois deve fazer sentido para os leitores não somente em termos de palavras, mas também para além delas, em termos de metáforas e musicalidade. Ela nos convida a reinventar ou, pelo menos, repensar nossos modelos, na medida em que inclui a dúvida, o paradoxo e a contradição, transformando-os em ideias lindas sobre a existência humana ( Bachani, 2021Bachani, J. (2021). Poetry for organizing. organizational Aesthetics, 10(1), 1-8. Retrieved from https://bit.ly/3gKQYEW
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). Com efeito, pesquisadores poéticos exploram como o uso vibrante da linguagem (metáforas, histórias, ironia, imaginação etc.) proporciona a construção de experiências e sentidos compartilhados ( Cunliffe, 2002Cunliffe, A. L. (2002). Social poetics as management inquiry: a dialogical approach. Journal of Management Inquiry, 11(2), 128-146. doi:10.1177/10592602011002006
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).

Modos de pesquisar, existir e criar

Para refletir sobre a poesia como caminho para regenerar a pesquisa em administração, vamos entender sobre os modos de pesquisar e a constituição do(a) pesquisador(a). Uma dissertação, um doutorado, uma história, uma vida, um projeto de pesquisa e até um país precisam ser instaurados para existirem minimamente. Intensificando a existência e a presença, essas instaurações requerem trabalho do(a) pesquisador(a), que se entrega à responsabilidade decorrente delas. Um modo de existência “é uma maneira de fazer existir um ser em um dado plano” ( Lapoujade, 2017Lapoujade, D. (2017). As existências mínimas. São Paulo, SP: N-1 edições. , p. 14). Instaurar não é representar para nós mesmos aonde queremos chegar e, posteriormente, mero ato de mobilização dos meios e recursos pelos quais esse fim poderá ser realizado. Instaurar refere-se à maneira como se conquista algo paulatinamente (Souriau 2021). Presenças e existências precisam ser conquistadas, pouco a pouco.

Por que a instauração? Cada existência consiste em um gesto que ela instaura, se entendemos a instauração como o ato, imanente ao acontecimento, de trazer um modo à existência ( Lapoujade, 2017Lapoujade, D. (2017). As existências mínimas. São Paulo, SP: N-1 edições. ), pois nossas experiências únicas, íntimas, imediatas e diretas é o que temos à nossa disposição ( Souriau, 2015Souriau, É. (2015). The different modes of existence. Minneapolis: Univocal Publishing. ). Ao passo que o termo fazer refere-se à instância na qual, por meio de nossa energia pessoal, assumimos a responsabilidade pelo vir a ser, pelo vir a existir, pela instauração de algo tão concreto e pleno quanto for possível. Habitualmente, o fazer é assolado por uma espécie de assombração, a da obra a-ser-feita, outra presença fundamental. Na pós-graduação, algumas das nossas assombrações podem ser a dissertação, a tese, uma linha de pesquisa. Para fazer pesquisa, pesquisadores precisarão instaurar, suficientemente, o próprio caminho. A instauração é a chave das existências, pois remete à incompletude existencial de tudo ( Souriau, 2015Souriau, É. (2015). The different modes of existence. Minneapolis: Univocal Publishing. ).

A ideia de inconclusão da vida exige um ato de responsabilização pelo mundo. Ou seja, exige uma responsabilização pelo fazer a obra por fazer, pelo ato mesmo de instaurar. Nada existe por si, tudo precisa ser completado. “Nada nos é dado, nem nós mesmos, senão sob uma espécie de meia-luz, uma penumbra na qual apenas a incompletude pode ser compreendida, onde nada possui presença plena ou realização” ( Souriau, 2015Souriau, É. (2015). The different modes of existence. Minneapolis: Univocal Publishing. , p. 220). Instauração e inacabamento são duas forças que se manifestam concomitantemente em favor da criação de pensamento. Por esse motivo, a discussão estética sobre criação e afirmação de modos de existência, por remeter à responsabilidade diante da instauração de mundos, é indissociável de uma problematização, simultaneamente, política e ética, inclusive em nossos modos de pesquisar.

Como a ciência consegue dar conta de tudo e o conhecimento deriva do agir ético, estético e político do(a) pesquisador(a), dizer conhecer algo não expressa que sabemos tudo acerca do que se constitui objeto. Todavia, o ato de conhecer também nasce das fissuras e inquietações que sentimos, encarnadas em nossas questões de pesquisa ( Fonseca, 2019Fonseca, T. M. G. (2019). A psicologia em tempos extremos. Polis e Psique, 9, 171-179. doi:10.22456/2238-152X.98741
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). Uma ética da escuta, da atenção e da coexistência nos remete à noção de sujeito à ação e não mais de sujeito da ação. Dessa forma, será a obra a-ser-feita quem sujeita a pessoa que se põe a instaurá-la ( Jacques, 2019Jacques, R. (2019). O trabalho de instauração sob a esfinge da obra a-ser-feita na floresta dos virtuais: uma introdução à filosofia de Étienne Souriau. Gesto, Imagem e Som – Revista de Antropologia, 4(1), 337-353. doi:10.11606/issn.2525-3123.gis.2019.151822
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), intensificando o significado de responsabilidade, no duplo sentido, de corresponsabilidade e responsividade no ato de pesquisar.

Trata-se de uma renovação da metáfora arte-vida. Isso quer dizer que uma tese, uma dissertação ou uma pesquisa não será a obra acabada, mas parte dessa jornada. O trabalho de instauração da obra a-ser-feita é o mesmo trabalho de instauração da vida a-ser-vivida. Então, quando falamos de uma trajetória acadêmica não estamos falando apenas de escolhas teóricas, do campo empírico, metodologias de trabalho, mas também de instaurar um caminho relacionado a modos de vida. A arte, tomada por seu empreendimento (trabalho) de instauração (da obra), se faz aqui metáfora viva da vida. E, se a obra é a própria jornada, podemos dizer que certas obras tomam toda uma vida ( Souriau, 2015Souriau, É. (2015). The different modes of existence. Minneapolis: Univocal Publishing. ).

As provocações de ordem filosófica de Souriau (2015)Souriau, É. (2015). The different modes of existence. Minneapolis: Univocal Publishing. nos conduzem a um campo profícuo de pensar e operar criticamente outras modalidades de pensamento investigativo, colocando em pauta as possibilidades de pesquisar com nuances diferentes da ideia fundante e balizadora de cisão entre sujeito e objeto, ciências e natureza. Ao problematizarmos a pesquisa no campo da administração, considerando os modos de existência, permitimo-nos outros processos instaurativos de pesquisa. Assim, passamos a nos interrogar como conferimos existência aos nossos problemas de investigação, e tomamos o problema em seu modo de existir, sua historicidade, temporalidade e espacialidade. No território específico da pesquisa em administração, compreendido como um ato inventivo e poético de criação, a instauração de um problema de investigação é precedida pela instauração de um modo de pensamento, que implica uma espécie de criação estética, germinando o encontro pulsante do(a) pesquisador(a) enquanto artista do pensamento com sua pesquisa-obra ( Ribeiro, 2020Ribeiro, C. R. (2020). “Modos de existência” como dispositivo teórico-conceitual: contribuições de Michel Foucault e Étienne Souriau à pesquisa educacional. Educação Temática Digital, 22(4), 912-930. doi:10.20396/etd.v22i4.8655333
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).

A poesia no processo de pesquisa

A arte habita há séculos uma grande variedade de campos acadêmicos. Filósofos de diversas tradições, pensadores que trabalham com estética, estudiosas feministas, escritores etnográficos, ativistas e artistas, todos podem, em suas diversas e distintas formas de expressão, contribuir para pensarmos a arte e a estética no campo dos estudos organizacionais. De uma forma geral, métodos baseados em artes na pesquisa qualitativa são entendidos como um processo de incorporação das artes criativas para abordar questões de pesquisa e, em última instância, produzir alguma forma de representação artística na conclusão do estudo ( Bhattacharya, 2017Bhattacharya, K. (2017). Fundamentals of qualitative research: a practical guide. New York: Taylor & Francis. ). Pesquisadores de diferentes disciplinas usam essa abordagem durante todas as fases da pesquisa social, para geração de dados, análise e representação ( Leavy, 2015Leavy, P. (2015). Method meets art: arts-based research practice. New York: Guilford Publications. ).

Estudiosos que incorporam as artes em seu trabalho de pesquisa afirmam que esses métodos oferecem uma abordagem mais holística para investigação e que permitem aos pesquisadores lidar com as incertezas e o paradoxo da experiência ( Moxley, 2013Moxley, D. P. (2013). Incorporating art-making into the cultural practice of social work. Journal of Ethnic and Cultural Diversity in Social Work, 22(3-4), 235-255. doi:10.1080/15313204.2013.843136
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; Moxley & Feen, 2015Moxley, D. P., Feen, H. (2015). Arts-inspired design in the development of helping interventions in social work: implications for the integration of research and practice. The British Journal of Social Work, 46(6), 1690-1707. doi:10.1093/bjsw/bcv087 ). Métodos baseados nas artes oferecem a possibilidade de nos movimentarmos em múltiplas direções epistêmicas, produzindo conhecimento multidimensional ( Bhattacharya, 2013)Bhattacharya, K. (2013). Voices, silences, and telling secrets: the role of qualitative methods in arts-based research. International Review of Qualitative Research, 6(4), 604-627. doi:10.1525/irqr.2013.6.4.604
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e multivocal. Ao conectar os mundos cognitivo e afetivo dos participantes da pesquisa e do(a) pesquisador(a), os métodos baseados em arte permitem que os pesquisadores se familiarizem com aqueles que procuram conhecer (Furman, Langer, & Davis, 2007).

Na história, em particular de alguns povos, é perceptível o incremento e incentivo à ânsia de consumo do que é material e da natureza, dilapidando as subjetividades, que também se tornam objetos de mero consumo. Pensar em ampliar nosso horizonte existencial implica enriquecermos nossas subjetividades, pelo menos sermos capazes de manter nossas subjetividades, nossas visões, nossas poéticas sobre a existência. Então, podemos pensar como alternativa de resistência, entre outras, a capacidade de sustentar uma visão poética da existência ( Krenak, 2019Krenak, A. (2019). Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo, SP: Companhia das Letras. ). Atentos à provocação de Krenak, nosso enfoque recai sobre as potencialidades da poesia e da poética para nos permitir repensar e instaurar processos acadêmicos em relação à criação de pesquisa enquanto produção de um conhecimento relacional (Meriläinen, Salmela, & Valtonen, 2021).

O nosso tempo é especialista em criar ausências ( Santos, 2002Santos, B. S. (2002). Para uma sociologia das ausências e uma sociologia das emergências. Revista Crítica de Ciências Sociais, 63, 237-280. doi:10.4000/rccs.1285
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). Especialista em criar ausência de subjetividade ( Krenak, 2019Krenak, A. (2019). Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo, SP: Companhia das Letras. ), silenciamentos e invisibilizações como estratégia de aniquilamento. Mantermos nossas visões e nossas poéticas nos leva a pensar em uma nova relação da pesquisa com a poesia, não com o intuito de obter respostas definitivas às questões relacionadas às inúmeras crises econômicas e socioambientais em curso, mas, ao menos, para pensarmos na direção do que pode ser feito, pensar em instaurações ( Krenak, 2019Krenak, A. (2019). Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo, SP: Companhia das Letras. ; Souriau, 2015Souriau, É. (2015). The different modes of existence. Minneapolis: Univocal Publishing. ). Como instaurar verdades não mais universais que exterminam mundos considerados ilusórios (ausentes, invisíveis), mas que reconheçam a pluralidade de modos de existir e negociem a participação de novos atores em sua fabricação? Como pensar em uma nova relação da pesquisa no campo dos estudos organizacionais com a poesia, que não se reduza à reflexão poética minimalista, mas que possa vir a (re)fazer o mundo? Para responder, ao menos parcialmente, essas indagações, vamos refletir com Dias e Oliveira:

Vem, escuta, as linhas são infinitas e suas ecologias sempre futuras, alegremente imprevisíveis. Seus modos de estar junto são múltiplos e estão sempre se fazendo e desfazendo, com coisas vindas de qualquer lugar. Coisas que vêm sempre com seus fios soltos e pedem para seguir: ora desmanchar, ora entrecruzar, ou continuar em trançados inusitados. A cada passagem as coisas pedem para avançar numa profusão de conexões e direções. Seguir as linhas é sempre passar de uma coisa a outra, dos artigos ao tear, do tear ao poema, do poema ao livrinho, do livrinho à fala, da fala à teia, da teia à dança, da dança à fotografia, da fotografia ao altar, do altar ao bordado, do bordado à escultura, da escultura à escrita… Num incessante experimentar a arte de existir no relançamento entrelinhas e aprender a escutar as vibrações de um tear sensível que há entre as coisas-seres-dos-mundos, sempre aberto, inconcluso e em constante transmutação. ( Dias & Oliveira, 2019Dias, S. O., Oliveira, T. (2019). Da vida por um fio ao mundo como um infinito tecer(-se). In S. O. Dias, S. Wiedemann, A. C. R. Amorim (Orgs.), Conexões: Deleuze e Cosmopolíticas e Ecologias Radicais e Nova Terra e… (pp. 221-233). Campinas, SP: ALB. , p. 224)

A poesia tem sido reconhecida em relação à poiese, ‘fazer’ no sentido souriano, refazer ou, até mesmo, revolução ( Threadgold, 1997Threadgold, T. (1997). Feminist poetics: poiesis, performance, histories. London: Routledge. ). Poiesis também pode significar trazer à luz, um limiar de devir, um verbo que dá vida ( Whitehead, 2003Whitehead, D. (2003). Poiesis and art-making: a way of letting-be. Contemporary Aesthetics, 1, 1-5. Retrieved from https://bit.ly/3BkOzKt
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). É uma forma de iniciar a construção de sentido e, ao mesmo tempo, um mecanismo de enfrentamento enquanto forma de reexistir para não dexistir . “Portanto, re-existir é um gesto político cuja ética busca uma mudança social tanto menos ambiciosa quanto mais sensível” ( Arruda & Fonseca, 2018Arruda, M.A.P., & Fonseca, T.M.G. (2018). Existência enquanto re-existência em tempos de medo. Mnemosine, 14(2), 206-218. Retrieved from https://bit.ly/3GNLFz2
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, p. 217). Essa prática evidencia a relacionalidade do como fazer com, do pesquisar com e para as pessoas ( Haraway, 2016)Haraway, D. (2016). Staying with the trouble: making Kin in the Chthulucene. Durham: Duke University Press. . A poesia no resgate da sensibilidade tem suas próprias qualidades, acomodando-se à matéria e ao tempo, ao humano e a outros não humanos.

Poesia como pesquisa? Sim, isso mesmo! A representação poética de vidas não constitui um fim em si mesma. O objetivo é político: mudar a maneira como pensamos as pessoas e suas vidas, usando o formato poético-performativo. O poeta torna o mundo visível a partir de novas perspectivas e entendimentos, indo além do que a escrita científica nem sempre permite ( Denzin, 2017Denzin, N. K. (2017). The pragmatics of publishing the experimental text. In P. Leavy (Ed.), Handbook of arts-based research (pp. 673-688). New York: Guilford Press. ), evidenciando uma responsabilidade ético-política do(a) pesquisador(a) no que diz respeito ao poético.

Poesia como via de estimular a reflexividade e visão crítica

Entre as inúmeras modalidades e vertentes, um dos segmentos de pesquisa baseada na arte tem como proposta uma abordagem crítica. Esse tipo de método, que preza pela visão crítica, domina nossa imaginação, apodera-se de nossas almas e, descaradamente, se esforça para afetar nossos próprios modos de viver, ser e coexistir, como pesquisadores(as), como cientistas sociais, como pessoas. Transforma nossas identidades e oferece novas maneiras de expressá-las ( Finley, 2018Finley, S. (2018). Critical arts-based inquiry: performances of resistance politics. In N. K. Denzin, Y. S. Lincoln (Eds.), The Sage Handbook of qualitative research (pp. 561-575). Los Angeles: Sage Publications. ). Uma pesquisa deliberadamente transformadora nos inspira à reflexão e nos conduz à ação ética e política necessária para iniciar uma mudança positiva em nossas interações sociais. A arte é um aspecto essencial da cultura, muitas vezes utilizada como um mecanismo de sobrevivência para aqueles que sofrem opressão. Pode trazer visibilidade para as condições que criam opressão, tornando-as estratégias valiosas para desafiar desigualdades sociais ( Moxley, 2013Moxley, D. P. (2013). Incorporating art-making into the cultural practice of social work. Journal of Ethnic and Cultural Diversity in Social Work, 22(3-4), 235-255. doi:10.1080/15313204.2013.843136
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, Corley, 2020Corley, N. (2020). Exploring poetry as method: “Representing faithfully” the narratives of African American high school students and their mothers. Qualitative Social Work, 19(5-6), 1022-1039. doi:10.1177/1473325019888010
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). As pesquisas críticas baseadas em artes fazem uso intencional da imaginação ( Faulkner, 2017Faulkner, S. L. (2017). Poetry is politics: an autoethnographic poetry manifesto. International Review of Qualitative Research, 10(1), 89-96. doi:10.1525/irqr.2017.10.1.89
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; Corley, 2020Corley, N. (2020). Exploring poetry as method: “Representing faithfully” the narratives of African American high school students and their mothers. Qualitative Social Work, 19(5-6), 1022-1039. doi:10.1177/1473325019888010
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; Prince, 2021Prince, C. (2021). Experiments in methodology: sensory and poetic threads of inquiry, resistance, and transformation. Qualitative Inquiry, 28(1), 94-107. doi:10.1177/10778004211014611
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). Revela-se como uma metodologia de pesquisa performativa que se estrutura na noção de possibilidade de uma tradição de pesquisa pós-colonial, pluralista, ética e transformadora.

A investigação poética é uma forma de método de expressão narrativa baseada nas artes, com presença crescente na pesquisa qualitativa ( Krahn, 2018Krahn, E. (2018). Storytelling, poetry, writing, and the art of metaphor. In T. Heinonen, D. Halonen, E. Krahn (Eds.), Expressive arts for social work and social change (pp. 76-104). New York: Oxford University Press. ), que auxilia os pesquisadores a mergulharem em profundidade e no emaranhado das complexidades das realidades que pesquisam. É uma forma alternativa de representar o material de pesquisa que combina a arte de fazer poesia com os princípios da pesquisa qualitativa. A natureza condensada e evocativa dos poemas pode ampliar nossa lente subjetiva e ajudar a chamar a atenção para a compreensão dos outros com mais clareza ( Colby & Bodily, 2018Colby, S.R., & Bodily, B.H. (2018). Poetic possibilities: exploring texts with Ricoeur's hermeneutics. International Review of Qualitative Research, 11(2), 162-177. doi:10.1525/irqr.2018.11.2.162 ). Uma característica valiosa das representações poéticas é sua capacidade de envolver leitores em análises reflexivas – a prática de examinar e documentar criticamente a posição fluida e as experiências do pesquisador dentro da pesquisa ( Boylorn, 2011Boylorn, R.M. (2011). Gray or for colored girls who are tired of chasing rainbows: Race and reflexivity. Cultural Studies Critical Methodologies, 11(2), 178-186. doi:10.1177/1532708611401336
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; Moxley & Feen, 2015)Moxley, D. P., Feen, H. (2015). Arts-inspired design in the development of helping interventions in social work: implications for the integration of research and practice. The British Journal of Social Work, 46(6), 1690-1707. doi:10.1093/bjsw/bcv087 . A reflexão da escrita modifica a relação sujeito/objeto. A escrita é imanente ( Deleuze, 2013)Deleuze, G. (2013). Conversações (3rd ed.). São Paulo, SP: Editora 34. ao invés de transcendente. A escrita é a modificação do texto simultânea à sua criação e destruição.

A poesia como um método baseado nas artes pode ser empregada isoladamente ou em combinação com outros métodos de investigação como um ato de resistência criativa, para habitar o entre, oferecendo vozes alternativas para as narrativas dominantes, comunicadas por instituições de poder interconectadas ( Prince, 2021Prince, C. (2021). Experiments in methodology: sensory and poetic threads of inquiry, resistance, and transformation. Qualitative Inquiry, 28(1), 94-107. doi:10.1177/10778004211014611
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). Poesia, em suas muitas formas e articulações, pode ultrapassar as formas prescritas de leitura, escrita, de compreender e ‘fazer’ organizações e administração. Como tal, também está conectada a considerações éticas de voz e dinâmicas de poder.

Qual é o futuro da poesia na pesquisa futura em administração?

Desde o início da crise sanitária, vários periódicos nacionais e internacionais têm procurado inserir em seus editoriais e publicações discussões acerca de como as pesquisas podem buscar fazer a diferença no contexto de crise. Buscam ampliar a compreensão do impacto da pesquisa, referindo-se ao impacto acadêmico, prático, social, político ou educacional. O enfoque recai em agendas de pesquisa que contribuam para os desafios que a sociedade vem enfrentando. Dessa forma, no campo da administração, com uma orientação para o que se constitui importante e para problemas relacionados às questões sociais, administradores(as) e estudiosos(as) da administração estão sendo convocados(as) pela sociedade para conferirem atenção a amplas questões de justiça social, mudança climática, migração e, mais recentemente, a desigualdades sociais amplificadas por uma pandemia global.

Consequentemente, lançamos duas reflexões: (a) por que a instauração? e (b) por que poesia como pesquisa? A expectativa é de provocar e instigar o uso da poesia na pesquisa em administração como uma possibilidade concreta de aproximação e coexistência com práticas mais tradicionais de investigação acadêmica. Falamos de uma pesquisa que instaure novos modos de existência, que influencie por meio de formas e canais multifacetados como as pessoas e as organizações pensam, sentem e realizam. Evidentemente, a poesia é livre e não se prende a um único propósito ou segue um só conceito ou pensamento. A poesia sempre se torna maior do que o propósito para o qual foi concebida.

O uso da poesia na pesquisa em administração pode sugerir, equivocadamente, a ideia de impossibilidade de definir método, dado que ela é um fluxo de singularidades que coexistem. Entretanto, nesse fluxo de singularidades, guardadas as devidas proporções, carregam consigo, acreditamos, potências para lidar com certas liberdades em demanda de uma forma de pensar e pesquisar mais empática, criativa, inovadora, generosa e potente. Certamente exigirá atrevimento e desprendimento para extravasar conceitos por fissuras talhadas no tecido do pensamento tradicional. Por outro lado, esse modo de pesquisar pode abrir infinitos poros, rasgos, brechas e lançar luz no tecido social invisibilizado ou silenciado. Se fizermos isso, possivelmente estaríamos falando sobre e constituindo o conhecimento inclusivo. Como vimos anteriormente, presenças e existências precisam ser conquistadas pela obra a-ser-feita.

Qual é o futuro da poesia na pesquisa em administração? Essa questão pode ser respondida com outra questão: quais são suas práticas de pesquisar e de fazer mudar o mundo?

Deserto da língua

Esquadrinhei . . . escavei . . . e escavei . . .

Me afoguei no mar de palavras

Sons, sonoridades

Voz muda

Silêncios ruidosos

O céu caiu sobre meus ombros

Dobras, Entre tudo, entre tanto, entre linhas, nos entres

Emaranhei entrevidas

. . . salva pelas magias,

agora respirando graças às bruxas e feitiçarias que habitam meus gestos e existências

Vespa e orquídea

Sigamos presença, instaurando.

(Antonello, 2022, original para este editorial)

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    16 Maio 2022
  • Data do Fascículo
    Apr-Jun 2022
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