Acessibilidade / Reportar erro

Diversidade em quatro áreas de campos rupestres na Chapada Diamantina, Bahia, Brasil: espécies distintas, mas riquezas similares1 1 Parte da Tese de Doutorado do primeiro autor.

Diversity of four sites on 'campos rupestres' in the Chapada Diamantina, Bahia, Brasil: different compositions but similar richness

RESUMO

O presente estudo teve como objetivo revelar padrões de diversidade nos campos rupestres, gerando informações úteis à conservação. O estudo desenvolvido em quatro locais na Chapada Diamantina, todos eles em topos de serras e morros, incluiu dois tipos principais de fisionomias abertas: uma mais campestre e contínua (habitat entremeio) e outra mais arbustiva e insular (habitat afloramento). A vegetação foi amostrada em cada um dos quatro locais por quatro parcelas aleatórias simples de 10 × 10 m. Além dessas 16 parcelas, mais 16 foram estratificadas ao habitat afloramento, quatro em cada local. Foram analisadas as riquezas em espécies, famílias, criptógamas vasculares, eudicotiledôneas, monocotiledôneas, além das estimativas das áreas de coberturas das plantas vasculares (vegetação) e dos liquens. Do total de 202 espécies, 11 foram criptógamas vasculares e 191 foram angiospermas (97 monocotiledôneas, 93 eudicotiledôneas e uma Piperaceae). Foi verificado aumento do número de espécies conforme os aumentos de área de vegetação e de inclinação até 13º. A variação da área de vegetação entre os locais não foi significativa, assim como as riquezas em espécies, em famílias, em espécies de eudicotiledôneas e monocotiledôneas, sugerindo a existência de certa estabilidade, apesar do dendrograma de similaridade demonstrar que a composição de espécies entre os locais varia. Diferenças significativas entre as áreas de liquens e o número de espécies criptógamas vasculares indicam algumas distinções entre os locais, provavelmente decorrentes de fatores como umidade e isolamento.

Palabras chave:
campo rupestre; Cadeia do Espinhaço; florística; riqueza; vegetação em montanha

ABSTRACT

This study aims at detecting patterns of diversity on 'campos rupestres', providing useful information to conservation strategies. Four sites in the Chapada Diamantina´s summits were studied, including two kinds of open physiognomies, one more grassy and homogenous (continuous habitat) and the other more shrubby and heterogeneous (insular habitat). The vegetation in each one of the four sites was sampled by four simple random 10 × 10 m units. Besides these 16 units, more 16 were stratified to the insular habitat, four in each site. The number of species, families, vascular cryptogams, eudicots, and monocots, besides coverage areas estimations of vascular plants (vegetation) and lichens were analyzed. The total number of species was 202, 11 vascular cryptogams and 191 flowering plants (97 monocots, 93 eudicots, and one Piperaceae). The number of species increases with vegetation area and slope up to 13º. Similarity cluster shows that species compositions are different among the sites studied. Nevertheless, vegetation area between them did not show significant differences, like species richness, family richness, mono and eudicot richness, suggesting a relative steady system. The areas of lichens and vascular cryptogams were different among sites, which is probably affected by different humidity and insulation.

Key words:
campo rupestre; Espinhaço Range; floristic; richness; mountain vegetation

Texto completo disponible sólo en PDF.

  • 1
    Parte da Tese de Doutorado do primeiro autor.
  • Financiamento FAPESP 99/05322-7

AGRADECIMENTOS

À Fapesp pela bolsa de doutorado, ao Ibama pela permissão de coleta no Parque Nacional e às sugestões de J. A. N. Conceição.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  • Alves, R. J. V. & Kolbek, J. 1993. Penumbral rock communities in campo rupestre sites in Brazil. Journal of Vegetation Science 4: 357-366.
  • Andrade, P. M.; Gontijo, T. A. & Grandi, T. S. M. 1986. Composição florística e aspectos estruturais de uma área de "campo rupestre" do Morro do Chapéu, Nova Lima, Minas Gerais. Revista Brasileira de Botânica 9: 13-21.
  • Ayensu, E. S. 1973. Biological and morphological aspects of the Velloziaceae. Biotropica 5(3): 135-149.
  • Barthlott, W. & Porembski, S. 2000. Vascular plants on inselbergs: systematic overview. In: Porembski, S. & Barthlott, W. Inselbergs. Ecological Studies. Vol. 146. Springer-Verlag, Heidelberg. Pp. 103-116.
  • Biedinger, N.; Porembski, S. & Barthlott, W. 2000. Vascular plants on inselbergs: vegetative and reproductive strategies. In: Porembski, S. & Barthlott, W. Inselbergs. Ecological Studies. Vol. 146. Springer-Verlag, Heidelberg. Pp. 117-142.
  • Burrows, C. J. 1990. Processes of vegetation change. Urwin Hyman, London, 551p.
  • Callegari-Jacques, S. M. 2003. Bioestatística: princípios e aplicações. Artmed, Porto Alegre, 255p.
  • Conceição, A. A. 2000. Alerta para a conservação da biota na Chapada Diamantina. Revista Ciência Hoje 27(159): 54-56.
  • ______. 2003. Ecologia da vegetação em afloramentos rochosos na Chapada Diamantina, Bahia, Brasil. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo, São Paulo.
  • ______. 2006. Plant ecology in 'campos rupestres' of the Chapada Diamantina, Bahia. In: Queiroz, L. P.; Rapini, A. & Giulietti, A. M. Towards greater knowledge of the brazilian semi-arid biodiversity. Ministério da Ciência e Tecnologia, Brasília. Pp. 63-67.
  • ______ & Giulietti, A. M. 2002. Composição florística e aspectos estruturais de campo rupestre em dois platôs do Morro do Pai Inácio, Chapada Diamantina, Bahia, Brasil. Hoehnea 29(1): 37-48.
  • ______ & Pirani, J. R. 2005. Delimitação de habitats em campos rupestres na Chapada Diamantina: substratos, composição florística e aspectos estruturais. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 23(1): 85-111.
  • ______; Rapini, A.; Pirani, J. R.; Giulietti, A. M; Harley, R. M.; Silva, T. R.; Santos, A. K.; Correia, C.; Andrade, I. M.; Costa, J. A. S.; Souza, L. R. S.; Andrade, M. J. G.; Funch, R. R.; Freitas, T. A.; Freitas, A. M. M. & Oliveira, A. A. 2005. Campos Rupestres. In: Juncá, F. A.; Funch, L. & Rocha, W. Biodiversidade e Conservação da Chapada Diamantina. Ministério do Meio Ambiente, Brasília. Pp. 153-180.
  • Gaff, D. F. 1977. Desiccation tolerant vascular plants of Southern Africa. Oecologia 31: 95-109.
  • Giulietti, A. M.; Menezes, N. L.; Pirani, J. R.; Meguro, M. & Wanderley, M. G. L. 1987. Flora da Serra do Cipó, Minas Gerais: caracterização e lista das espécies. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 9: 1-151.
  • ______ & Pirani, J. R. 1988. Paterns of geographic distribution of some plant species from the Espinhaço Range, Minas Gerais and Bahia, Brazil. In: Vanzolini, P. E. & Heyer, W. R. Proceedings of a workshop on neotropical distribution patterns. Academia Brasileira de Ciências, Rio de Janeiro. Pp. 39-69.
  • ______; Pirani, J. R. & Harley, R. M. 1997. Espinhaço Range Region, Eastern Brazil. In: Davis, S. D.; Heywood, V. H.; Herrera-Macbryde, O.; Villa-Lobos, J. & Hamilton, A. C. Centres of plant diversity. A guide and strategy for their conservation. Vol. 3. The Americas. IUCN Publication Unity, Cambridge. Pp. 397-404.
  • ______; Queiroz, L. P. & Harley, R. M. 1996. Vegetação e flora da Chapada Diamantina, Bahia. Anais 4a reunião especial da SBPC, Feira de Santana. Pp. 144-156.
  • Gröger, A. 2000. Flora and vegetation of inselbergs of venezuelan guayana. In: Porembski, S. & Barthlott, W. Inselbergs. Ecological Studies. Vol. 146. Springer-Verlag, Heidelberg. Pp. 291-314.
  • Guedes, M. L. S. & Orge, M. D. R. 1998. Check-list das espécies vasculares do Morro do Pai Inácio (Palmeiras) e da Serra da Chapadinha (Lençóis), Chapada Diamantina, Bahia, Brasil. Universidade Federal da Bahia, Salvador, 69p.
  • Harley, R. M. 1995. Introduction. In: Stannard, B. L. Flora of the Pico das Almas, Chapada Diamantina, Brazil. Royal Botanic Gardens, Kew. Pp. 1-42.
  • ______ & Simmons, N. A. 1986. Florula of Mucugê, Chapada Diamantina - Bahia, Brazil. Royal Botanic Gardens, Kew, 227p.
  • Kluge, M. & Brulfert, J. 2000. Ecophysiology of vascular plants on inselbergs. In: Porembski, S. & Barthlott, W. Inselbergs. Ecological Studies. Vol. 146. Springer-Verlag, Heidelberg. Pp. 143-174.
  • MacArthur, R. H. & Wilson, E. O. 1967. The theory of island biogeography. Princeton University Press, Princeton, 203p.
  • Meguro, M.; Joly, C. A. & Bittencourt, M. M. 1977. Stress hídrico e alguns aspectos do comportamento fisiológico em Xerophyta plicata Spreng. - Velloziaceae. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 5: 27-42.
  • ______; Pirani, J. R.; Giulietti, A. M. & Mello-Silva, R. 1994. Phytophysiognomy and composition of the vegetation of Serra do Ambrósio, Minas Gerais, Brazil. Revista Brasileira de Botânica 17(2): 149-166.
  • Meirelles, S. T.; Mattos, E. A. & Silva, A. C. 1997. Potential desiccation tolerant vascular plants from Southeastern Brazil. Polish Journal of Environmental Studies 6(4): 17-21.
  • ______; Pivello, V. R. & Joly, C. A. 1999. The vegetation of granite rock outcrops in Rio de Janeiro, Brazil, and the need for its protection. Environmental Conservation 26(1): 10-20.
  • Mello-Silva, R. 1996. Revisão das Vellozia tubifloras (Vellozia sect. Radia) e caracteres para o aprimoramento da filogenia de Velloziaceae. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo, São Paulo.
  • Menezes, N. L. 1984. Características anatômicas e a filogenia, na família Velloziaceae. Tese Livre de Docência, Universidade de São Paulo, São Paulo.
  • Moreira, A. A. N. & Camelier, C. 1977. Relevo. In: Geografia do Brasil: Região Nordeste. Vol.2. Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Rio de Janeiro, 454p.
  • Nimer, N. 1989. Climatologia do Brasil. 2a ed. IBGE, Rio de Janeiro, 421p.
  • Pereira, M. C. 1994. Estrutura das comunidades vegetais de afloramentos rochosos dos campos rupestres do Parque Nacional da Serra do Cipó, MG. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
  • Pinto, G. C.; Bautista, H. P. & Lima, J. C. 1990. A Chapada Diamantina, sua fitofisionomia e peculiaridades florísticas. In: Anais do 35º Congresso Nacional de Botânica. Sociedade Botânica do Brasil, Brasília. Pp. 256-295.
  • Pirani, J. R.; Giulietti, A. M.; Mello-Silva, R. & Meguro, M. 1994. Checklist and patterns of geographic distribution of the vegetation of Serra do Ambrósio, Minas Gerais, Brazil. Revista Brasileira de Botânica 17(2): 133-147.
  • Prance, G. T. 1994. The use of phytogeographic data for conservation planning. In: Forey, P. I.; Humphries, C. J. & Vane-Wright, R. I. Systematics and Conservation Evaluation. Systematics Association Special. Vol. 50. Clarendon Press, Oxford. Pp. 145-163.
  • Ribeiro, K. T. & Medina, B. M. O. 2002. Estrutura, dinâmica e biogeografia das ilhas de vegetação sobre rocha do Planalto do Itatiaia, RJ. Boletim do Parque Nacional do Itatiaia 10: 11-82.
  • Rosenzweig, M. L. 1995. Species diversity in space and time. Cambridge University Press, Cambridge, 436p.
  • Simberloff, D. 1976. Species turnover and equilibrium island biogeography. Science 194: 572-578.
  • Stannard, B. L. 1995. Flora of the Pico das Almas, Chapada Diamantina, Brazil. Royal Botanic Gardens, Kew, 853p.
  • Torquato, J. R. & Fogaça, A. C. C. 1981. Correlação entre o supergrupo Espinhaço no Brasil, o grupo Chela em Angola e as formações Nasib e Khoabendus da Namíbia. In: Anais do simpósio sobre o Craton do São Francisco e suas faixas marginais. Sociedade Brasileira de Geologia, Núcleo da Bahia, Coordenação da Produção Mineral. Pp.87-99.
  • Townsend, C. R.; Begon, M & Harper, J. L. 2006. Fundamentos em Ecologia. Artmed, Porto Alegre, 592p.
  • Tryon, R. M. & Tryon, A. F. 1982. Ferns and allied plants with special reference to Tropical America. Springer-Verlag, New York, 857p.
  • Vitta, F. A. 1995. Composição florística e ecologia de comunidades campestres na Serra do Cipó, Minas Gerais. Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo, São Paulo.
  • Ware, S. 1990. Adaptation to substrate-and lack of it-in rock outcrop plants: Sedum and Arenaria American Journal of Botany 77(8): 1095-1100.
  • Westhoff, V. & Maarel, E. van der. 1978. The Braun-Branquet Approach. In: Whittaker, R. H. Classification of plant communities. Dr W. Junk, Boston. Pp. 287-399.
  • Whittaker, R. H. 1977. Evolution of species diversity in land communities. In: Hecht, M. K.; Steere, W. C. & Wallace, B. Evolutionary biology. Vol. 10. Plenum Press, New York. Pp. 1-67.
  • Whittaker, R. J.; Willis, K.J. & Field, R. 2001. Scale and species richness: towards a general hierarchical theory of species diversity. Journal of Biogeography 28: 453-470.
  • Zappi, D. C.; Lucas, E.; Stannard, B. L.; Niclughadha, E.; Pirani, J. R.; Queiroz, L. P.; Atkins, S.; Hind, D. J. N.; Giulietti, A. M.; Harley, R. M. & Carvalho, A. M. 2003. Lista das plantas vasculares de Catolés, Chapada Diamantina, Bahia, Brasil. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 21(2): 345-398.

Fechas de Publicación

  • Publicación en esta colección
    Jan-Mar 2007

Histórico

  • Recibido
    Jul 2006
  • Acepto
    Dic 2006
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Rua Pacheco Leão, 915 - Jardim Botânico, 22460-030 Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Tel.: (55 21)3204-2148, Fax: (55 21) 3204-2071 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: rodriguesia@jbrj.gov.br