Acessibilidade / Reportar erro

A família Orchidaceae na Serra do Japi, São Paulo, Brasil

The family Orchidaceae in the Serra do Japi, São Paulo, Brazil

RESUMO

Este estudo apresenta o inventário das espécies de orquídeas ocorrentes na Serra do Japi, no estado de São Paulo. A região é composta por áreas de floresta mesófila estacional semidecídua baixo montana e de altitude e afloramentos rochosos. A família está representada por 125 espécies, distribuídas em 61 gêneros. O gênero mais representativo é Epidendrum (10 spp.), seguido de Oncidium e Habenaria (9 spp. cada). A maioria das espécies (79 spp., 63,2%) é epífita, sendo que 40 espécies (32%) são terrícolas, 31 espécies. (24,8%) são rupícolas, duas são hemiepífitas e apenas uma é saprofítica. A floresta mesófila estacional semidecídua é o tipo de vegetação que abriga o maior número de espécies (88 spp., 70,9%). A maioria das espécies floresce no verão, entre dezembro e março. Duas espécies, Habenaria sp. e Acianthera sp. provavelmente são novas para a ciência. A Serra do Japi, por estar em uma zona de transição entre a as florestas ombrófilas (Serra do Mar) e as florestas estacionais semideciduais do planalto paulista, abriga espécies de ambas as formações. Apesar da grande diversidade de Orchidaceae na Serra do Japi, a região sofre com a intervenção humana. A preservação e o estudo integrado da Serra do Japi é uma urgente necessidade científica, com reflexos sociais, econômicos e preservacionistas.

Palavras-chave:
conservação; ecótono; floresta mesófila estacional semidecídua; levantamento florístico

ABSTRACT

This study reports the floristic survey of orchid species occurring in the Serra do Japi, State of São Paulo, Southeastern Brazil. The region is characterized mainly by semi-deciduous mesophytic lowland and altitude forests and rocky outcrops. The family is characterized by 125 species distributed among 61 genera. The most representative genus is Epidendrum (10 spp.), followed by Oncidium and Habenaria (both with 9 spp.). Most of the species (79 spp., 63.2%) occurs as epiphytes, while 40 species (32%) are terrestrial, 31 species (24.8%) are rupicolous, two are hemi-epiphytes and only one is a saprophyte. The semi-deciduous mesophytic forest has the highest occurrence of species of Orchidaceae, with 70.9% (88 spp.) of the species. The majority of species flower in summer, between December and March. Two species, Habenaria sp. and Acianthera sp. were not identified and are possibly new to science. The Serra do Japi is strategically placed in the transition between interior semi-deciduous mesophytic forests and the Atlantic forest, presenting species from both formations. Although the orchid diversity is high, the region is affected by anthropogenic disturbance. The preservation and the integrated study is an urgent necessity, with social, economic and preservationist reflexes.

Key words:
conservation; ecotone; floristic survey; semi-deciduous mesophytic forests

Texto completo disponível apenas em PDF.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a Fábio Pinheiro, João A.N. Batista e Wellington Forster pelo auxílio na identificação das espécies; Cássio van den Berg pelas valiosas sugestões; a Base Ecológica da Serra do Japi e Guarda Municipal de Jundiaí pela autorização concedida para realização dos trabalhos de campo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  • Ackerman, J. D. 1995. An orchid flora of Puerto Rico and the Virgin Islands. New York Botanical Garden, New York, 204p.
  • Atwood, J. T. 1986. The size of the Orchidaceae and the systematic distribution of epiphytic orchids. Selbyana 9(1): 171-186.
  • Barros, F. 1983. Flora Fanerogâmica da Reserva do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga (São Paulo, Brasil). 198-Orchidaceae. Hoehnea 10: 74-124.
  • ______. 1991. Orchidaceae. In: Melo, M. M. R. F.; Barros, F.; Wanderley, M. G. L.; Kirizawa, M.; Jung-Mendaçolli, S. L. & Chiea, S. A. C. (eds.). Flora fanerogâmica da Ilha do Cardoso: Caracterização geral da vegetação e listagem das espécies ocorrentes. Instituto de Botânica, São Paulo, 1: 142-152.
  • ______. 1996. Notas taxonômicas para espécies brasileiras dos gêneros Epidendrum, Platystele, Pleurothallis e Scaphyglottis (Orchidaceae). Acta Botanica Brasilica 10(1): 139-151.
  • Batista, J. A. N. & Bianchetti, L. B. 2003. Lista atualizada das Orchidaceae do Distrito Federal. Acta Botanica Brasilica 17(2): 183-201.
  • _____; Bianchetti, L. B. & Pellizzaro, K. F. 2005. Orchidaceae da Reserva Ecológica do Guará, DF, Brasil. Acta Botanica Brasilica 19(2): 221-232.
  • Cardoso, J. C. & Israel, M. 2005. Levantamento de espécies da família Orchidaceae em Águas de Sta. Bárbara (SP) e seu cultivo. Horticultura Brasileira 23(2): 169-173.
  • Chase, M. W.; Cameron, K. M.; Barrett, R. L. & Freudenstein, J. V. 2003. DNA data and Orchidaceae systematics: a new phylogenetic classification. In: Dixon, K. W.; Kell, S. P.; Barrett, R. L. & Cribb, P. J. (eds.). Orchid Conservation. Natural History Publications, Kota Kinabalu, Sabah. Pp. 69-89.
  • Christenson, E. A. 1988. Nomenclatural changes in neotropical Orchidaceae. Lindleyana 3(4): 221-223.
  • ______. 1996. Notes on neotropical Orchidaceae II. Lindleyana 11(1): 12-26.
  • Cogniaux, A. 1893-1896. Orchidaceae. In: Martius, C. F. P.; Eichler, A. G. & Urban, I. (eds.). Flora brasiliensis. Munique, F. Fleischer 3(4): 1-672.
  • ______. 1898-1902. Orchidaceae. In: Martius, C. F. P.; Eichler, A. G. & Urban, I. (eds.). Flora brasiliensis. Munique, R. Oldenbourg 3(5): 1-664.
  • ______. 1904-1906. Orchidaceae. In: Martius, C. F. P.; Eichler, A. G. & Urban, I. (eds.). Flora brasiliensis. Munique, R. Oldenbourg 3(6): 1-604.
  • Dean, W. 1995. A ferro e fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira. Companhia das Letras, São Paulo, 484p.
  • Dressler, R. L. 1993. Phylogeny and classification of the orchid family. Dioscorides Press, Portland, 314p.
  • Fraga, C. N. & Peixoto, A. L. 2004. Florística e ecologia das Orchidaceae da restinga do estado do Espírito Santo. Rodriguésia 55(84): 5-20.
  • Garay, L. A. 1977. Systematics of the Physurinae (Orchidaceae) in the new world. Bradea 2(28): 191-204.
  • ______. 1980. A generic revision of the Spiranthinae. Botanical Museum Leaflets Harvard University 28(4): 277-425.
  • Hágsater, E. 1993. Epidendrum anceps or Epidendrum secundum? Orquídea 13(1-2): 153-158.
  • Hoehne, F. C. 1940. Orchidaceas. In: Hoehne, F. C. (ed.). Flora Brasílica. Secretaria da Agricultura, Indústria e Comércio de São Paulo, São Paulo, 12(1): 1-254.
  • ______. 1942. Orchidaceas. In: Hoehne, F. C. (ed.). Flora Brasílica. Secretaria da Agricultura, Indústria e Comércio, São Paulo, 12(6): 1-218.
  • ______. 1945. Orchidaceas. In: Hoehne, F. C. (ed.). Flora Brasílica. Secretaria da Agricultura, Indústria e Comércio, São Paulo, 12(2): 1-389.
  • ______. 1949. Iconografia de orquidáceas do Brasil. S. A. Indústrias "Graphicars-f. Lanzara", São Paulo, 601p.
  • ______. 1953. Orchidaceas. In: Hoehne, F. C. (ed.). Flora Brasílica. Secretaria da Agricultura, Indústria e Comércio de São Paulo, São Paulo, 12(7): 1-397.
  • Ivanauskas, N. M.; Monteiro, R. & Rodrigues, R. R. 2000. Similaridade florística entre áreas de floresta Atlântica no estado de São Paulo. Brazilian Journal of Ecology 1(4): 71-81.
  • Kersten, R. A. & Silva, S. M. 2001. Composição florística e estrutura do componente epifítico vascular em floresta da planície litorânea na Ilha do Mel, Paraná, Brasil. Revista Brasileira de Botânica 24(2): 213-226.
  • Leitão Filho, H. F. 1992. A flora arbórea da Serra do Japi. In: Morellato, L. P. C. (org.). História natural da Serra do Japi: Ecologia e preservação de uma área florestal no sudeste do Brasil. Editora da Unicamp/Fapesp, Campinas, Pp. 40-62.
  • Mantovani, W. 1990. A dinâmica das florestas de encosta Atlântica. In: Anais do II Simpósio de Ecossistemas da Costa Sul e Sudeste Brasileira, São Paulo. Pp. 304-313.
  • ______. 1998. Dinâmica da Floresta Pluvial Atlântica. In: Anais do IV Simpósio de Ecossistemas Brasileiros. ACIESP, Águas de Lindóia. Pp. 1-20.
  • Menini Neto, L.; Assis, L. C. S. & Forzza, R. C. 2004a. A família Orchidaceae em um fragmento de floresta estacional semidecidual, no município de Barroso, Minas Gerais, Brasil. Lundiana 5(1): 9-27.
  • ______; Almeida, V.R. & Forzza, R. C. 2004b. A família Orchidaceae na Reserva Biológica da Represa do Gama - Descoberto, Minas Gerais, Brasil. Rodriguésia 55(84): 137-156.
  • Miller, D. & Warren, R. 1994. Orchids of the high mountain Atlantic rain forest in southeastern Brazil. Rio de Janeiro, Salamandra, 182p.
  • Morellato, L. P. C. 1992. História natural da Serra do Japi: Ecologia e preservação de uma área florestal no sudeste do Brasil. Editora da Unicamp/Fapesp, Campinas, 321p.
  • ______ & Haddad, C. F. B. 2000. Introduction: The Brazilian Atlantic Forest. Biotropica 32(4b): 786-792.
  • Nadkarni, N. M. 1986. An ecological overview and checklist of vascular epiphytes in the Monteverde cloud forest reserve, Costa Rica. Brenesia 24(1): 55-632.
  • Oliveira Filho, A. T. & Machado, J. M. N. 1993. Composição florística de uma floresta semidecídua montana na Serra de São José, Tiradentes, Minas Gerais. Acta Botanica Brasilica 7(2): 71-88.
  • ______; Scolforo, J. R. S. & Melo, J. M. 1994. Composição florística e estrutura comunitária de um remanescente de floresta semidecídua montana em Lavras, MG. Revista Brasileira de Botânica 17(2): 167-182.
  • ______ & Fontes, M. A. L. 2000. Patterns of floristic differentiation among Atlantic Forests in Southeastern Brazil, and the influence of climate. Biotropica 32(4b): 793-810.
  • Pabst, G. F. J. 1950. Notas sôbre "Polystachya estrellensis, Rchb. f.º". Orquidea (Rio de Janeiro) 12(1): 167-169.
  • ______. 1977. Orchidaceae Brasilienses. Vol. 2. Kurt Schmersow, Hildesheim, 418p.
  • ______ & Dungs, F. 1975. Orchidaceae Brasilienses. Vol. 1. Kurt Schmersow, Hildesheim, 408p.
  • Pansarin, E. R.; Bittrich, V. & Amaral, M. C. E. 2006. At daybreak - reproductive biology and isolating mechanisms of Cirrhaea dependens (Orchidaceae). Plant Biology 8(4): 494-502.
  • Pinto, H. S. 1992. O clima da Serra do Japi. In: Morellato, L. P. C. (org.). História natural da Serra do Japi: Ecologia e preservação de uma área florestal no sudeste do Brasil. Editora da Unicamp/Fapesp, Campinas. Pp. 30-38.
  • Ribeiro, J. E. 1992. Florística e padrões de distribuição da família Orchidaceae na planície litorânea do núcleo de desenvolvimento Picinguaba, município de Ubatuba, Parque Estadual da Serra do Mar, SP. Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 304p.
  • Scarano, F. R. 2002. Structure, function and floristic relationships of plant communities in stressful habitats marginal to the Brazilian Atlantic rainforest. Annals of Botany 90(4): 517-524.
  • Scudeller, V. V.; Martins, F. R. & Shepherd, G. J. 2001. Distribution and abundance of arboreal species in the Atlantic ombrophilous dense forest in Southeastern Brazil. Plant Ecology 152(2): 185-199.
  • Silva, M. F. F.; Silva, J. B. F.; Rocha, A. E. S.; Oliveira, F. P. M.; Gonçalves, L. S. B.; Silva, M. F. & Queiroz, O. H. A. 1995. Inventário da família Orchidaceae na Amazônia brasileira. Parte I. Acta Botanica Brasilica 9(1): 163-175.
  • Sprunger, S.; Cribb, P. & Toscano de Brito, A. L. V. 1996. João Barbosa Rodrigues - Iconographie des orchidées du Brésil. Vol. 1. The illustrations. Friedrich Reinhardt, Basle, 324p.
  • Toscano-de-Brito, A. L. V. & Cribb, P. 2005. Orquídeas da Chapada Diamantina. Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 400p.
  • van den Berg, C. & Chase, M. W. 2001. Nomenclatural notes on Laeliinae-II. Additional combinations and notes. Lindleyana 16(2): 109-112.
  • Waechter, J. L. 1986. Epífitos vasculares da mata paludosa do Faxinal, Torres, Rio Grande do Sul, Brasil. Iheringia, Série Botânica 34(1): 39-49.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan-Mar 2008

Histórico

  • Recebido
    Jun 2007
  • Aceito
    Out 2007
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Rua Pacheco Leão, 915 - Jardim Botânico, 22460-030 Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Tel.: (55 21)3204-2148, Fax: (55 21) 3204-2071 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: rodriguesia@jbrj.gov.br