Acessibilidade / Reportar erro

Aspectos anatômicos de espécies simpátridas de Mandevilla (Apocynaceae) ocorrentes em inselbergues de Pernambuco - Brasil1 1 Trabalho de Iniciação Científica da primeira autora premiado com a menção honrosa no Concurso Prêmio Verde (2004), pela Sociedade Botânica do Brasil (SBB).

Anatomical aspects of sympatric species of Mandevilla (Apocynaceae) from inselbergs in Pernambuco - Brazil

RESUMO

Foram estudadas três espécies simpátridas de Mandevilla buscando enriquecer o conhecimento da biota dos inselbergues e identificar estruturas anatômicas possivelmente relacionadas com o ambiente heliófilo. Em seção transversal caulinar e vista paradérmica são comuns aos táxons estudados os seguintes aspectos: epiderme unisseriada; estômatos paracíticos; tricomas tectores simples; hipoderme unisseriada com compostos fenólicos e sistema vascular bicolateral. A medula é ampla em M. dardanoi e reduzida nas demais. Em seção transversal e vista paradérmica foliar as espécies apresentam epiderme unisseriada; cutícula estriada; estômatos paracíticos, unidade vascular central bicolateral e mesofilo dorsiventral.Mandevilla scabra é anfihipoestomática e as demais hipoestomáticas. O colênquima angular ocorre na região da nervura central em ambas as faces em M. dardanoi e M. scabra. O mesofilo é dorsiventral. Alguns aspectos anatômicos, principalmente foliares, encontrados nas espécies de Mandevilla aqui estudadas são freqüentemente indicados como estratégias que podem atuar na resistência a condições de alta temperatura e luminosidade e também estresse hídrico. Entre essas estruturas destacam-se a cutícula estriada, a hipoderme com compostos fenólicos, mesofilo compacto, além de cristais prismáticos e drusas. Os dados anatômicos fornecerem subsídios para futuras abordagens taxonômicas e ecológicas em Mandevilla.

Palavras-chave:
anatomia; ecologia; órgãos vegetativos; subsídios taxonômicos

ABSTRACT

Three sympatric species of Mandevilla were studied with the aim to increase the knowledge about the biota of inselbergs and to identify anatomical features that could be related to a high-insolation environment. Aspects common to all studied species that can be observed in transverse section and frontal view of the stems are: uniseriate epidermis; paracytic stomata; unicellular trichomes; uniseriate hypodermis with phenolic compounds and bicollateral vascular bundles. The medulla is broad in M. dardanoi and narrow in M. scabra and M. tenuifolia. Uniseriate epidermis with cuticular ridges and paracytic stomata were observed in transverse section and frontal view of the leaves. Mandevilla scabra is hypoamphistomatic and the other two hypostomatic. Angular collenchyma under both surfaces along the midrib occurs in M. dardanoi and M. scabra. The mesophyll is dorsiventral. Some of the anatomical aspects studied, particularly in the leaves of the studied species, are frequently associated with strategies that could have a role in protection against high temperatures, light levels and water stress. Among these structures, the striate cuticle, hypodermis with phenolic compounds, compact mesophyll, and prismatic crystals and druses can be listed. The anatomical data obtained provide subsidies for future research with taxonomic and ecological approaches in Mandevilla.

Key words:
anatomy; ecology; vegetative organs; subsidies for taxonomy

Texto completo disponível apenas em PDF.

  • 1
    Trabalho de Iniciação Científica da primeira autora premiado com a menção honrosa no Concurso Prêmio Verde (2004), pela Sociedade Botânica do Brasil (SBB).

AGRADECIMENTOS

Ao CNPq pela bolsa concedida a primeira autora; à Dra. Angela Maria Miranda Freitas pelo auxílio na identificação das espécies; à Dra. Arlete Sales pela bibliografia indicada e aos membros do Laboratório de Morfo-Taxonomia Vegetal pela colaboração nas coletas e preciosas sugestões para o enriquecimento do trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  • Alquimi, Y.; Bona, C.; Boeger, M. R. T.; Costa, C. V. & Barros, C. F. 2006. Epiderme. In: Appezzato-da-Glória, B. & Carmello-Guerreiro, S. M. (eds.). Anatomia vegetal. UFV, Viçosa. Pp. 87-108.
  • Alves, M. & Oliveira, A. S. 1992. Contribuição ao estudo dos aspectos morfológicos de Mandevilla fragans (Stadelm.) Woodson. Atas da Sociedade Botânica do Brasil 3(13): 101-106.
  • ______ & Estelita, M. E. M. 1995. Caracteres anatômicos da propagação vegetativa de Mandevilla illustris (Vell.) Woodson e de M. velutina (Mart. ex Stadelm.) Woodson - Apocynaceae. Anais do 9º Congresso da Sociedade Botânica de São Paulo: 5-13.
  • ______ & ______. 1997. Laticifer systems in Mandevilla illustris and M. velutina Apocynaceae. Acta Societatis Botanicorum Poloniae 66(3-4): 301-306.
  • ______ & ______. 2000. The developmental anatomy of the subterranean system in Mandevilla illustris (Vell.) Woodson and M. velutina (Mart. ex Stadelm.) Woodson (Apocynaceae). Revista Brasileira de Botânica 23(1): 27-35.
  • Appezzato-da-Glória, B. & Estelita-Teixeira, M. E. 1992. Anatomia do sistema aéreo vegetativo de Mandevilla pohliana (Stadelm.) A. Gentry (Apocynaceae). Hoehnea 19(1/2): 39-50.
  • Barros, C. F. 1986/88. Himatanthus lancifolius (Muell. Arg.) Woodson (Apocynaceae). Anatomia foliar. Rodriguésia 64/66(38/40): 25-31.
  • Bathlott, W; Gröger, A. & Porembski, S. 1993. Some remarks on the vegetation of tropical inselbergs: diversity and ecological differentiation. Biogeographica 69(3): 105-124.
  • Berlyn, G. & Miksche, J. 1976. Botanical microtechnique and cytochemistry. The Iowa State University Press. Ames, 326p.
  • Calixto, J. B.; Nicolau, M.; Trebien, H.; Henrique, M. G. O.; Weg, V. B.; Cordeiro, R. S. B. & Yunes, R. A. 1986. Antiedematogenic actions of a hydroalcoholic crude wateralcohol extract of Mandevilla velutina Brazilian Journal of Medical and Biology Research 19(4-5): 575A.
  • Carlquist, S. 1991. Anatomy of vines and liana stems: a survey and sinthesis. In: The biology of vines. Cambridge University Press, Cambridge. Pp. 53-71.
  • Castro, M. M. & Machado, S. R. 2006. Células e tecidos secretores. In: Appezzato-da-Glória, B. & Carmello-Guerreiro, S. M. (eds.). Anatomia vegetal. UFV, Viçosa. Pp. 179-204.
  • Demarco, D.; Kinoshita, L. S. & Castro, M. M. 2006. Laticíferos articulados anastomosados - novos registros para Apocynaceae. Revista Brasileira de Botânica 29(1): 133-144.
  • Dickison, W. 2000. Integrative Plant Anatomy. Harcourt Academic Press, San Diego, 533p.
  • Elias, S. R. M.; Assis, R. M.; Stacciarini-Seraphin, E. & Rezende, M. H. 2003. Anatomia foliar em plantas jovens de Solanum lycocarpum A.St.-Hil. (Solanaceae). Revista Brasileira de Botânica 26(2): 169-174.
  • Fahn, A. & Cutler, D. 1992. Xerophytes. Gebrüder Borntraeger, Berlin, 176p.
  • Farrell, B. D.; Dussourd, D. E. & Mitter, C. 1991. Escalation of plant defense: do latex/resin canals spur plant diversification? American Naturalist 138(4): 881-900.
  • Ferraz, C. L. A. & Soares, R. V. 1988. Anatomia foliar de Mandevilla funiformes (Vell.) K. Schum (Apocynaceae). Bradea 5(12): 136-148.
  • ______ & Pimenta, I. S. M. 1988. Anatomia foliar de Aspidosperma pyricollum Müll. Arg. (Apocynaceae). Bradea 10(5): 108-124.
  • Fjeell, I. 1983. Anatomy of the xeromorphic leaves of Allamanda nerifolia, Thevetia peruviana and Vinca minor (Apocynaceae). Nordic Journal of Botany 3(3): 383-392.
  • França, F.; Melo, E. & Santos, C. C. 1997. Flora de inselbergs da região de Milagres, Bahia, Brasil: I. Caracterização da vegetação e lista de espécies de dois inselbergues. Scitientibus 17(1): 163-184.
  • Franklin, G. 1945. Preparation of thin sections of synthetic resins and wood - resin composites and a new macerating method for wood. Nature 155(39): 51.
  • Gröger, A. & Barthlott, W. 1996. Biogeography and diversity of the inselbergs (Laja) vegetation of southern Venezuela. Biodiversity Letters 3(1): 165-179.
  • Hegarty, E. E. 1989. The climbers - lianes and vines. In: H. Lieth & M. J. A. Werger (eds.). Tropical rain forest ecossystems. Elsevier, Amsterdam. Pp. 339-353.
  • Hickey, L. J. 1973. Classification of the architecture of dicotyledons leaves. American Botany 60(1): 17-33.
  • Johansen, D. 1940. Plant microtechnique. McGraw-Hill, New York, 523p.
  • Klotz, L. H. Observations on diameters of vessels in stem of Palms. 1978. Principes 22(3): 99-106.
  • Kraus, J. & Arduin, M. 1997. Manual básico de métodos em morfologia vegetal. EDUR, Rio de Janeiro, 198p.
  • Löhne, C.; Machado, I. C.; Porembski, S.; Erbar, C. & Leins, P. 2004. Pollination biology of a Mandevilla species (Apocynaceae), characteristic of NE-Brazilian inselbergs vegetation. Botanische Jahrbücher für Systematik 125(1): 229-243.
  • Meirelles, S. T.; Pivello, V. R. & Joly, C. A. 1999. The vegetation of granite rock outcrops in Rio de Janeiro, Brazil, and the need for its protection. Environmental Conservation 26(1): 10-20.
  • Metcalfe, C. & Chalk, L. 1950. Anatomy of the dicotyledons. v. II. Claredon Press, Oxford, 1500p.
  • Metcalfe, C. & Chalk, L. 1979. Anatomy of the dicotyledons. v. I. Claredon Press, Oxford, 276p.
  • Morales, J. F. 1998. A synopsis of the genus Mandevilla (Apocynaceae) in Mexico and Central America. Brittonia 50(2): 214-232.
  • Morretes, B. L. 1967. Contribuição ao estudo da anatomia das folhas de plantas do cerrado II. Boletim da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo 243(16): 7-70.
  • Morretes, B. L. 1969. Contribuição ao estudo da anatomia das folhas de plantas do cerrado III. Boletim da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São Paulo 331(24): 9-31.
  • Porembski, S.; Martinelli, G.; Ohlemüller, R. & Barthlott, W. 1998. Diversity and ecology of saxicolous vegetation mats on inselbergs in the Brazilian Atlantic rainforest. Diversity and Distributions 4(3): 107-119.
  • Purvis, M.; Collier, D. & Walls, D. 1964. Laboratory techniques in botany. Butterworths, London, 371p.
  • Rodal, M. J. N.; Sales, M. F.; Silva, M. J. & Silva, A. G. 2005. Flora de um brejo de Altitude na escarpa oriental do planalto da Borborema, Pernambuco, Brasil. Acta Botanica Brasílica 19(4): 843-858.
  • Sales, M. F. 1993. Estudos taxonômicos de Mandevilla Lindley subgênero Mandevilla (Apocynaceae) no Brasil. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 412p.
  • ______; Kinoshita, L. S. & Simões, A. 2006. Eigth new species of Mandevilla Lindley (Apocynaceae: Apocynoideae) from Brazil. Novon 16(1): 112-128.
  • Santos, M. D. & Blatt, C. T. T. 1998. Teor de flavonóides e fenóis totais em folhas de Pyrostegia venusta Miers. de mata e de cerrado. Revista Brasileira de Botânica 21(2): 135-140.
  • Sass, J. 1951. Botanical microtechnique. The Iowa State College Press, Ames, 391p.
  • Silva, I. V.; Meira, R. M. S. A.; Azevedo, A. A. & Euclydes, R. M. A. 2006. Estratégias anatômicas foliares de treze espécies de Orchidaceae ocorrentes em um campo de altitude no Parque Estadual da Serra do Brigadeiro (PESB) - MG, Brasil. Acta Botanica Brasilica 20(3): 741-750.
  • Simões, A. O.; Endress, M. E.; Niet, ven der T.; Kinoshita, L. S. & Conti, E. 2004. Tribal and intergeneric relationships of Mesechiteae (Apocynoideae, Apocynaceae): evidence from three noncoding plastid DNA regions and morphology. American Journal of Botany 91(9): 1409-1418.
  • Simpson, M. G. 2006. Plant systematics. Elsevier Academic Press, California, 590p.
  • Souza, V. C. & Lorenzi, H. 2005. Botânica sistemática: Guia ilustrado para identificação das famílias de Angiospermas da flora brasileira, baseado em APG II. Instituto Plantarum, Nova Odessa, 640p.
  • Stevens, P. F. 2001 onwards. Angiosperm Phylogeny Website. Versão 7. Acessado em 15/02/2008 <http://www.mobot.org/MOBOT/research/Apweb>.
    » http://www.mobot.org/MOBOT/research/Apweb
  • Szarzynski, J. 2000. Xeric Islands: Environmental conditions on Inselbergs. In: Porembisk, S. & Bathlott, W. (eds.). Inselbergs: biotic diversity of isolated rock outcrops in tropical and temperate regions. Ecological studies 146(1): 37-47.
  • Varanda, E. M.; Ricci, C. V. & Brasil, I. M. 1998. Espécies congenéricas da mata e do cerrado: teor de proteínas e compostos fenólicos. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 17(1): 25-30.
  • Woodson, R. E. 1933. Studies in the Apocynaceae IV. The American genera of Echitoideae. Annals of Missouri Botanical Garden 20(4): 605-627.
  • Zanenga-Godoy, R. & Costa, C. G. 2003. Anatomia foliar de quatro espécies do gênero Cattleya Lindl. (Orchidaceae) do Planalto Central Brasileiro. Acta Botanica Brasilica 17(1): 101-118.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Apr-Jun 2008

Histórico

  • Recebido
    Out 2007
  • Aceito
    Maio 2008
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Rua Pacheco Leão, 915 - Jardim Botânico, 22460-030 Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Tel.: (55 21)3204-2148, Fax: (55 21) 3204-2071 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: rodriguesia@jbrj.gov.br