Acessibilidade / Reportar erro

FENOLOGIA E BIOLOGIA FLORAL DE NEOGLAZIOVIA VARIEGATA (BROMELIACEAE) NA CAATINGA PARAIBANA1 1 Monografia de conclusão de curso do primeiro autor.

Phenology and floral biology of Neoglaziovia variegata (Bromeliaceae) in the Paraíba State's 'caatinga'

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo conhecer o padrão fenológico e a biologia floral de N. variegata. Foram realizadas observações em três populações na fazenda Aragão, município de Campina Grande, PB, no período de maio/ de 2004 a abril de 2005. Foram registrados dados de intensidade e duração das fenofases brotamento, floração e frutificação, e a morfologia das flores, seqüência e duração da antese, concentração e volume de néctar. O comportamento dos visitantes foi descrito através de observações diretas no campo. Neoglaziovia variegata possui flores autocompatíveis e a estratégia de floração é do tipo explosiva. O volume de néctar acumulado foi de 5µl, com concentração média de açúcares de 39%. O beija-flor Chlorostilbon aureoventris foi considerado o polinizador efetivo desta espécie. A ornitofilia em Bromeliaceae tem sido interpretada como possível mecanismo de evolução paralela entre bromélias e beija-flores. Neoglaziovia variegata caracteriza-se como mais um exemplo desta estreita relação.

Palavras-chave:
ornitofilia; polinização; biologia reprodutiva

ABSTRACT

This study subject to investigate the phenological patterns and floral biology of N. variegate. Observations were accomplished in three populations in Fazenda Aragão, Campina Grande, PB, since May/2004 until April/ 2005. They had been registered data about intensity and duration of phenophases, leaf flushing, flowering and fruiting, and flower morphology, sequence and anthesis duration, concentration and nectar volume. The visitor's behavior was described through direct observations in the field. Neoglaziovia variegata has selfcompatible flowers and the flowering strategy is explosive. The accumulated nectar volume was 5µl, and the concentration is 39%. Chlorostilbon aureoventris is considered effective pollinator specie. The ornitophilous in Bromeliaceae has been possible interpreted as mechanism of parallel evolution between Bromeliaceae and hummingbirds. Neoglaziovia variegata is characterized as one more example of this narrow relationship.

Key words:
ornitophilous; pollination; reproductive biology

Texto completo disponível apenas em PDF.

  • 1
    Monografia de conclusão de curso do primeiro autor.

AGRADECIMENTOS

A José Roberto Lima (Herbário UFP) pela organização do material testemunho. Aos revisores anônimos pelas sugestões ao manuscrito.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  • Araújo, A. C.; Fischer, E. A. & Sazima, M. 1994. Floração seqüencial e polinização de três espécies de Vriesea (Bromeliaceae) na região de Juréia, Sudeste do Brasil. Revista Brasileira de Botânica 17: 113-118.
  • Baker, H. G. 1975. Sugar concentration in nectars from hummingbird flowers: Biotropica 7: 37-41.
  • Baker, H. G. & Baker, I. 1990. The predictive value of nectar chemistry to the recognition of pollinator types. Israel Journal of Botany 39: 157-166.
  • Benzing, D. T. 1980. The biology of the bromeliads. Mad River Press, California, 305p.
  • Benzing, D. H. 2000. Bromeliaceae: Profile of an adaptative radiation. Cambridge University Press, Cambridge, 690 p.
  • Benzing, D. H.; Luther, H. E. & Bennett, B. 2000. Reproduction and life history. In: Benzing, D. H. (ed). Bromeliaceae: Profile of an adaptative radiation. Cambridge University Press, Cambridge. Pp. 245-328.
  • Buzato, S.; Sazima, M. & Sazima, I. 2000. Hummingbird-pollinated floras at three Atlantic forest sites. Biotropica 2: 824-841.
  • Cocucci, A. & Sérsic, A. 1998. Evidence of rodent pollination in subtropical South America : Owens, S. J. & Rundall, P. J. (eds). Reproductive biology. Royal Botanical Gardens, Kew. Pp. 113-121.
  • Faegri, K. & Pijl, V. D. 1979. The principles of pollination ecology. Pergamon Press, Oxford, New York, 244p.
  • Feliciano, M. L. M. & Mélo, R. B. 2003. Atlas do estado da Paraíba: Informação para Gestão do Patrimônio Natural. SEPLAN/ IDEME, João Pessoa, 58p.
  • Feinsinger, P. & Colwell, R. K. 1978. Community organization among neotropical nectar-feeding birds. American Zoologist 18: 779-775.
  • Fischer, E.A. 1996. Polinização por beija-flores Anais do V Congresso Brasileiro de Ornitologia, Campinas, p.85-90
  • Fischer, E. & Araujo, A. C. 1996. The bromeliad flora of the Rio Verde estuary (Juréia, São Paulo): a comparison with other neotropical communities. Journal of the Bromeliad Society 3: 19-25.
  • Frisch, J. D. & Frisch, C. A. D. 1995. O jardim dos beija-flores. Dalgas-Ecoltec Ecologia técnica, São Paulo, 272p.
  • Galen, C. & Plowright, R. C. 1987. Testing the accuracy of using peroxidase activity to indicate stigma receptivy: Canadian Journal of Botany 65: 107-111.
  • Gentry, A. H. 1974. Flowering phenology and diversity in tropical Bignoniaceae. Biotropica 6(1): 64-68.
  • Leal, F. C.; Lopes, A. V. & Machado, I. C. 2006. Polinização por beija-flores em uma área de caatinga no Município de Floresta, Pernambuco, Nordeste do Brasil. Revista Brasileira de Botânica 29(3): 379-389.
  • Luther, H. E. 2006. An alphabetical list of bromeliad binomials. Bromeliad Society International, Sarasota, 119p.
  • Machado, I. C. & Lopes, A. V. 2003. Recursos florais e sistemas de polinização e sexuais em Caatinga Leal, I. R.; Tabarelli, M. & Da Silva, J. M. C. (eds.). Ecologia e conservação da caatinga. Ed. Universitária da Universidade Federal de Pernambuco, Recife. Pp. 515-559.
  • Martinelli, G. 1997. Biologia reprodutiva de Bromeliaceae na Reserva Ecológica de Macaé de Cima. Lima, H. C. & Guedes-Bruni, R. R. (org.). Serra de Macaé de Cima: diversidade florística e conservação em Mata Atlântica. Instituto de Pesquisas do Jardim Botânico, Rio de Janeiro. Pp. 213-250.
  • McWilliams, E. L. 1974. Evolutionary ecology. In: Smith, L. B. & Downs, R. J. (eds). Bromeliaceae (Pitcairnioideae): Flora Neotropica. Monograph 14. Hafner Press, New York. Pp 40-55
  • Morellato, L. P. C. & Leitão-Filho, H. F. 1990. Estratégias fenológicas de espécies arbóreas em floresta mesófila na Serra do Japi. Revista Brasileira de Biologia 50: 163-173.
  • Nara, A. K. 1998. Biologia floral e polinização de quatro espécies de Bromeliaceae em vegetação de baixio na Amazônia Central. Dissertação de Mestrado. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, 82p.
  • Nara, A. K. & Webber, A. C. 2002. Biologia floral e polinização de Aechmea beeriana (Bromeliaceae) em vegetação de baixo na Amazônia Central. Acta Amazônica 32(4): 571-588.
  • Newstrom, L. E.; Frankie, G. W. & Baker, H. G. 1994. A new classification for plant phenology based on flowering patterns in Lowland Tropical Rain Forest Trees at La Selva, Costa Rica: Biotropica 26(2): 141-159.
  • Pereira, D. D. 2003. O Caroá Neoglaziovia variegata Mez no Cariri paraibano: ocorrência, antropização e possibilidades de manejo no assentamento Estrela D'Alva. Dissertação de Mestrado. Prodema/ UFPB-UEPB, João Pessoa, 282p.
  • Ramirez, R; Chi-May, F.; Carnevali, G.; May-Pat, F. & Chuc-Puc, G. 2000. Portraits of Bromeliaceae from the Mexican Yucatán Peninsula - I: Hechtia schottii Baker ex Hemsley. Journal of the Bromeliad Society 50(1): 20-24.
  • Reitz, R. 1953. Uma Aechmea de flores noturnas. Anais Botânicos do Herbário Barbosa Rodrigues 5: 253-255.
  • Ruschi, A. A. 1982. Beija-flores do Estado do Espírito Santo. Editora Rios LTDA. 263p.
  • Sampaio, E. V. S. B.; Pareyn, F. G. C.; Figueirôa, J. M. & Santos Jr, A. G. 2005. Espécies da flora nordestina de importância econômica potencial. Vol. 700. Associação Plantas do Nordeste, Recife, 331p.
  • Sazima, I. & Sazima, M. 1989. Mamangavas e aripuás (Hymenoptera, Apoidea): visitas, interações e conseqüências para a polinização do maracujá (Passifloraceae). Revista Brasileira de Entomologia 33: 109-118.
  • ______; Buzato, S. & Sazima, M. 1995. The saw-billed hermit Ramphodon naevius and its flowers in southeastern Brazil. Journal für ornithologie 36:195-206.
  • ______; Vogel, S.; Sazima, M. 1989. Bat pollination of Encholirium glaziovii, a terrestrial bromeliad. Plant Systematics and Evolution 168: 167-179.
  • Sazima, M.; Buzato, S. & Sazima, I. 1995. Bat pollination of Vriesea in Southeastern Brazil. Bromelia 2: 29-37.
  • ______; Buzato, S. & Sazima, I. 1999. Batpollinated flower assemblages and bat visitors at two Atlantlic Forest sites in Brazil. Annals of Botany 83: 705-712.
  • ______; Buzato, S. & Sazima, S. & SAZIMA, I. 2000. Polinização por beija-flores em Nidularium e gêneros relacionados. In Leme E.M.C. Nidularium: Bromélias da Mata Atlântica. Sextante Artes, Rio de Janeiro, 188-195.
  • Silva, M. A. V.; Braga, C. C.; Aguiar, M. J. N.; Nietzche, M. H. & Silva, B. B. 1987. Atlas climatológico do estado da Paraíba. 2a ed. Universidade Federal da Paraíba, Núcleo de Meteorologia Aplicada, Campina Grande, 132p.
  • Siqueira-Filho, J. A. & Leme, E. M. C. 2002. An addition to the genus Canistrum: a new combination for an old species from Pernambuco and a new species from Alagoas, Brazil. Journal of the Bromeliad Society 52: 105-121.
  • ______. 2006. Fragmentos de Mata Atlântica do Nordeste: biodiversidade, conservação e suas bromélias. Andrea Jakobsson Estúdio, Rio de Janeiro, 416p.
  • ______ & Machado, I. C. 1998. Biologia floral de Hohenbergia ridleyi (Baker) Mez (Bromeliaceae). Bromélia 5: 1-13.
  • ______. 2001. Biologia reprodutiva de Canistrum aurantiacum E. Morren (Bromeliaceae) em remanescente da Floresta Atlântica, Nordeste do Brasil. Acta Botanica Brasilica 15(3): 497-443.
  • ______. 2004. Síndromes de polinização de uma comunidade de Bromeliaceae e biologia floral de Vriesea psittacina (Hoker) Lindley (Bromeliaceae) em Brejos dos Cavalos, Caruaru, Pernambuco. In: Brejos de Altitude em Pernambuco e Paraíba. História natural, ecologia e conservação. Porto, K. P.; Cabral, J. J. P. & Tabarelli, M. (orgs.). Ministério do Meio Ambiente, Brasília. Pp. 227-284.
  • ______. 2006. Floração e polinização das bromélias da Mata Atlântica nordestina. In: Siqueira-Filho, J. A. & Leme, M. C. Fragmentos de Mata Atlântica do Nordeste - Biodiversidade, Conservação e suas Bromélias. Andrea Jakobsson Estúdio, Rio de Janeiro. Pp. 158-189.
  • ______ & Tabarelli, M. 2006. Bromeliad species of the Atlantic forest of north-east Brazil: Losses of critical populations of endemic species. Oryx 40(2): 218-224.
  • Smith, L. B. & Downs, R. J. 1979. Bromelioideae (Bromeliaceae). Flora Neotropica Monograph 14(3): 1493-2141.
  • Van Schaik, C. P.; Terborgh, J. W. & Wright, S. J. 1993. The phenology of forests: Adaptative significance and consequences for primary consumers. Review of Ecology and Systematics 24: 353-337.
  • Varassin, I. G. & Sazima, M. 2000. Recursos de Bromeliaceae utilizados por beija-flores e borboletas em Mata Atlântica do sudeste Pereira, F. R. L. & Quirino, Z. G. M. do Brasil. Boletim Museu de Biologia Mello Leitão 11/12: 57-70.
  • Veloso, P. H.; Rangel-Filho, A. L. R. E.; Lima, J. C. A. 1991. Classificação da vegetação brasileira adaptada a um sistema universal. IBGE, Rio de Janeiro, 92p.
  • Vogel, S. 1969. Chiropterophilie in der neotropischen Flora. Neue mitteilungen III Flora abseiling 158: 89-323.
  • Vogel, S. 1990. Radiación adaptativa del síndrome floral en las famílias neotropicales. Boletim de la Academia Nacional de Ciências. Córdoba 59: 5-13.
  • Vosguertchian, S. B. & Buzato, S. 2006. Reprodução sexuada de Dyckia tuberosa (Vell.) Berr (Bromeliaceae, Pitcairnioideae) e a interação planta-animal. Revista Brasileira de Botânica 29(3): 433-442.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Oct-Dec 2008

Histórico

  • Recebido
    Mar 2007
  • Aceito
    Out 2008
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Rua Pacheco Leão, 915 - Jardim Botânico, 22460-030 Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Tel.: (55 21)3204-2148, Fax: (55 21) 3204-2071 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: rodriguesia@jbrj.gov.br