Acessibilidade / Reportar erro

Epífitas da floresta seca da Reserva Ecológica Estadual de Jacarepiá, sudeste do Brasil: relações com a comunidade arbórea

Epiphytes from the dry forest of the Jacarepiá State Ecological Reserve, southeastern Brazil: interactions with the arboreal community

RESUMO

Investigamos a vegetação arbórea e a comunidade epífita da floresta seca para responder às seguintes perguntas: i) como a abundância e riqueza de epífitas ocorrem sobre os indivíduos das espécies arbóreas? ii) a abundância de forófitos depende do número de indivíduos das espécies arbóreas? iii) a abundância e riqueza de epífitas dependem do número e tamanho dos forófitos? iv) espécies arbóreas são selecionadas por espécies epifíticas? Nesta floresta, as espécies arbóreas mais abundantes é que hospedam a maioria das epífitas. Quatorze espécies arbóreas foram especialmente propensas a apresentar muitos grupos epifíticos e nove propícias a possuir várias espécies de epífitas mas não em alta abundância. O número de indivíduos arbóreos foi um bom parâmetro para estimar a abundância de forófitos e seu número foi considerado um bom parâmetro para estimar a riqueza de epífitas a ocorrerem nesta floresta seca. Quatro espécies arbóreas foram especialmente preferidas pelas duas espécies epífitas de maior abundância e freqüência na área, onde ocorreram com alta abundância. Entretanto, não houve seletividade de nenhuma espécie arbórea por epífitas raras que ocorreram na área.

Palavras-chave:
mata atlântica; restinga; comensalismo; redes de interação

ABSTRACT

We investigated the arboreal vegetation and epiphytic community of a 'restinga' dry forest to answer the following questions: i) how does epiphyte abundance and richness occur on arboreal species? ii) does phorophyte abundance depend on the abundance of tree species? iii) does epiphyte abundance and richness depend on the size and abundance of phorophytes? iv) are arboreal species selected by epiphyte species? The most abundant arboreal species host most of the epiphytes. Fourteen arboreal species were especially prone to hosting many epiphyte groups and nine arboreal species were especially prone to hosting only high epiphyte richness. The abundance of arboreal species was a good surrogate to predict the number of phorophytes, and the number of phorophytes was a good surrogate to predict epiphyte abundance and epiphyte richness. Four arboreal species were especially preferred by the most abundant epiphyte species. Nevertheless, no rare epiphyte species had high abundance on any tree species.

Key words:
Atlantic rainforest; restinga vegetation; commensalism; interaction networks

Texto completo disponível apenas em PDF.

  • 1
    Parte da dissertação de mestrado, desenvolvida na Universidade Federal do Rio de Janeiro, Programa de Pós Graduação em Ecologia.

AGRADECIMENTOS

O financiamento para a realização deste trabalho foi fornecido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o apoio de campo foi fornecido pelo Projeto Restinga (Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro). Agradecemos também ao auxílio prestado no campo por Jorge Caruso, Cecília Amorim de Freitas, Fernando Tatagiba, Gina Cardinott e Eduardo Amado. Agradecimentos especiais devem ser reconhecidos a Cyl Farney Catarino de Sá, Dorothy Sue Dunn de Araujo e Fábio Scarano que forneceram auxílio incomensurável para o início e desenvolvimento deste trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  • Alves, T. F. 2005. Distribuição geográfica, forófitos e espécies de bromélias epífitas nas matas e plantações de cacau da região de Una, Bahia. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 84p.
  • Bascompte, J.; Jordano, P.; Melián, C. J. & Olesen, J. M. 2003. The nested assembly of plant-animal mutualistic networks. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America 100: 9383-9387.
  • Begon, M.; Townsend, C. R. & Harper, J. L. 2006. Ecology. From individuals to ecosystems. 4th ed. Blackwell Publishing, Malden, 738p.
  • Bennet, B. C. 1987. Spatial distribution of Catopsis and Guzmania (Bromeliaceae) in southern Florida. Bulletin of the Torrey Botanical Club 114: 265-271.
  • Benzing, D. H. 1990. Vascular epiphytes. General biology and related biota. Cambridge Unversity Press, Cambridge, 376p.
  • Blüthgen, N.; Menzel, F.; Hovestadt, T.; Fiala, B. & Blüthgen, N. 2007. Specialization, constraints, and conflicting interests in mutualistic networks. Current Biology 1: 341-346.
  • Borgo, M. & Silva, S. M. 2003. Epífitos vasculares em fragmentos vasculares em floresta ombrófila mista, Curitiba, Paraná, Brasil. Revista Brasileira de Botânica 26: 391-401.
  • Breier, T. B. 1999. Florística e ecologia de epífitos vasculares em uma floresta costeira do sul do Brasil. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 83p.
  • Breier, T. B. 2005. O epifitismo vascular em florestas do Sudeste do Brasil. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 139p.
  • Bronstein, J. L. 1994. Our understanding of mutualism. The Quarterly Review of Biology 69: 31-51.
  • Burns, K. C. 2007. Network properties of an epiphyte metacommunity. Journal of Ecology 95: 1142-1151.
  • Callaway, R. M.; Reinhart, K. O.; Moore, G. W.; Moore, D. J. & Pennings, S. C. 2002. Epiphyte host preferences and host traits: mechanisms for species-specific interactions. Oecologia 132: 221-230.
  • Cardelús, C. L.; Colwell, R. K. & Watkins, J. E. 2006. Vascular epiphyte distribution patterns: explaining the mid-elevation richness peak. Journal of Ecology 94: 144-156.
  • Carlsen, M. 2000. Structure and diversity of the vascular epiphyte community in the overstory of a tropical rain forest in Surumoni, Amazonas state, Venezuela. Selbyana 21: 7-10.
  • Cirne, P.; Zaluar, H. L. T. & Scarano, F. R. 2003. Plant diversity, interspecific associations, and postfire resprouting on a sandy spit in a Brazilian coastal plain. Ecotropica 9: 33-38.
  • Cottam, G. & Curtis, J. T. 1956. The use of distance measures in phytosociological sampling. Ecology 37: 451-460.
  • Cox, G. W. & Ricklefs, R. E. 1977. Species diversity and ecological release in Caribbean land bird faunas. Oikos 28: 113-122.
  • Fontoura, T.; Sylvestre, L. S.; Vaz, A. M. S. F. & Vieira, C. M. 1997. Epífitas vasculares, hemiepífitas e hemiparasitas da Reserva Ecológica de Macaé de Cima. In: Lima, H. C. & Guedes-Bruni, R. R. (eds.). Serra de Macaé de Cima: diversidade florística e conservação em Mata Atlântica. Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Pp. 89-101.
  • Galindo-González, J.; Guevara, S. & Sosa, V. J. 2000. Bat- and bird-generated seed rains at isolated trees in pastures in a tropical rainforest. Conservation Biology 14: 1693-1703.
  • Gaston, K. J. 1994. Rarity. Chapman & Hall, London.
  • Geβler, A.; Duarte, H. M.; Franco, A. C.; Lüttge. U.; Mattos, E. A.; Nahm, M.; Scarano, F. R.; Zaluar, H. L. T. & Rennenberg, H. 2005. Ecophysiology of selected tree species in different plant communities at the periphery of the Atlantic Forest of SE-Brazil II. Spatial and ontogenetic dynamics in Andira legalis, a deciduous legume tree. Trees 19: 510-522.
  • Gentry, A. & Dodson, C. H. 1987. Diversity and biogeography of Neotropical vascular epiphytes. Annals of the Missouri Botanical Garden 74:205-233.
  • Gonçalves, C. N. & Waechter, J. L. 2002. Epífitos vasculares sobre espécimes de Ficus organensis isolados no norte da planície costeira do Rio Grande do Sul: padrões de abundância e distribuição. Acta Botanica Brasilica 16: 429-441.
  • Gonçalves, C. N. & Waechter, J. L. 2003. Aspectos florísticos e ecológicos de epífitos vasculares sobre figueiras isoladas no norte da planície costeira do Rio Grande do Sul. Acta Botanica Brasilica 17: 89-100.
  • Greenberg, R. 1996. Managed forest patches and the diversity of birds in southern Mexico. In: Schelhas, J.; Greenberg, R. (eds.). Forest patches. Island Press, Washington D. C. Pp. 59-90.
  • Guimarães Jr., P. R.; Machado, G.; Aguiar M. A. M.; Jordano, P.; Bascompte, J.; Pinheiro A. & Reis, S. F. 2007. Build-up mechanisms determining the topology of mutualistic networks. Journal of Theoretical Biology 249: 181-189.
  • Hietz, P. & Hietz-Seifert, U. 1995. Structure and ecology of epiphyte communities of a cloud forest in central Veracruz, Mexico. Journal of Vegetation Science 6: 719-728.
  • Ingram, S. & Nadkarni, N. M. 1993. Composition and distribution of epiphytic organic matter in a Neotropical cloud forest, Costa Rica. Biotropica 25: 370-383.
  • Jordano, P. 1987. Patterns of mutualistic interactions in pollination and seed dispersal: connectance, dependence asymmetries, and coevolution. The American Naturalist 129: 657-677.
  • Kersten, R. A. & Silva, S. M. 2001. Composição florística e estrutura do componente epifítico vascular em floresta da planície litorânea na Ilha do Mel, Paraná, Brasil. Revista Brasileira de Botânica 24:231-226.
  • Kersten, R. A. & Silva, S. M. 2002. Florística e estrutura do componente epifítico vascular em floresta ombrófila mista aluvial do rio Barigüi, Paraná, Brasil. Revista Brasileira de Botânica 25: 259-267.
  • Lewinsohn T. M.; Prado, P. I.; Jordano, P.; Bascompte, J. & Olesen, J. M. 2006. Structure in plant animal interaction assemblages. Oikos 113: 174-184.
  • Migenis, L. E. & Ackerman, J. D. 1993. Orchid-phorophyte relationships in a forest watershed in Puerto Rico. Journal of Tropical Ecology 9: 231-240.
  • Mooney, K. A. 2007. Tritrophic effects of birds and ants on a canopy food web, tree growth, and phytochemistry. Ecology 88: 2005-2014.
  • Moran, R. C.; Klimas, S. & Carlsen, M. 2003. Lowtrunk ferns on tree ferns versus angiosperms in Costa Rica. Biotropica 35: 48-56.
  • Olesen, J. M. & Jordano, P. 2002. Geographic patterns in plant-pollinator mutualistic networks. Ecology 83: 2416-2424.
  • Perry, D. R. 1978. A method of access into the crowns of emergent and canopy trees. Biotropica 10: 155-157.
  • Rabinowitz, D.; Cairns, S. & Dillon, T. 1986. Seven forms of rarity and their frequency in the flora of the British Isles. In: Soulé, M. E. (ed.). Conservation biology. The science of scarcity and diversity. Sinauer Associates, Sunderland. Pp. 182-204.
  • Richards, P. W. 1996. The tropical rain forest. 2nd ed. Cambridge University Press, Cambridge, 600p.
  • Sá, C. F. C. 1992. A vegetaçäo da restinga de Ipitangas, Reserva Ecológica Estadual de Jacarepiá, Saquarema (RJ) fisionomia e listagem das angiospermas. Arquivos do Jardim Botânico Rio de Janeiro 31: 87-102.
  • Sá, C. F. C. 2002. Regeneração de um trecho de floresta de restinga na Reserva Ecológica Estadual de Jacarepiá, Saquarema, estado do Rio de Janeiro: II - Estrato arbustivo Rodriguésia 53: 5-23.
  • Sá, C. F. C. & Araújo, D. S. D. 2009 Estrutura de uma floresa de restinga em Ipitangas, Saquarem, RJ. Rodriguésia 60: 00-00.
  • Scudeller, V. V. 2002. Análise fitogeográfica da Mata Atlântica - Brasil. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 204p.
  • Stewart, A. J. A. 1996. Interspecific competition reinstated as an important force structuring insect herbivore communities. Trends in Ecology and Evolution 11: 233-234.
  • Ter Steege, H. & Cornelissen, J. H. C. 1989. Distribution and ecology of vascular epiphytes in lowland rain forest of Guyana. Biotropica 21: 331-339.
  • Waechter, J. L. 1980. Estudo fitossociológico das orquidáceas da mata paludosa do Faxinal, Torres, Rio Grande do Sul. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 104p.
  • Waechter, J. L. 1998. Epifitismo vascular em uma floresta de restinga do Brasil subtropical. Ciência & Natura 20: 43-66.
  • Zotz, G. & Vollrath, B. 2003. The epiphyte vegetation of the palm Socratea exorrhiza - correlations with tree size, tree age and briophyte cover. Journal of Tropical Ecology 19: 81-90.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan-Mar 2009

Histórico

  • Recebido
    Maio 2008
  • Aceito
    Fev 2009
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Rua Pacheco Leão, 915 - Jardim Botânico, 22460-030 Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Tel.: (55 21)3204-2148, Fax: (55 21) 3204-2071 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: rodriguesia@jbrj.gov.br