Acessibilidade / Reportar erro

Florística e síndromes de dispersão de espécies arbóreas em remanescentes de Chaco de Porto Murtinho, Mato Grosso do Sul, Brasil1 1 Parte da monografia do primeiro autor.

Floristic and dispersion syndromes of trees in the fragment of Chaco in the Porto Murtinho, Mato Grosso do Sul, Brazil

RESUMO

O Chaco brasileiro se situa na borda oeste do estado de Mato Grosso do Sul, ocupando cerca de 7% da sub-região do Pantanal do Nabileque. O objetivo deste estudo foi efetuar o levantamento florístico de espécies arbóreas em remanescentes de Chaco no município de Porto Murtinho, investigando os tipos de frutos, a ocorrência e a distribuição das síndromes de dispersão. Foram amostrados 24 famílias, 40 gêneros e 49 espécies. As famílias mais representativas em número de espécies foram Leguminosae (21 espécies), seguida por Bignoniaceae (três espécies), Anacardiaceae, Myrtaceae e Sapindaceae (com duas espécies cada). Os tipos de frutos predominantes foram cápsulas, legume s.s. e drupóides. Quanto às síndromes de dispersão, a zoocoria (52%) foi a predominante, seguida pela anemocoria (26%) e a autocoria (22%). O estrato arbóreo mostrou-se bastante dependente da fauna para a dispersão, o que pode resultar em lacunas de distribuição caso seus dispersores se tornem raros ou extintos.

Palavras-chave:
formações chaquenhas; remanescentes florestais; dispersão; frutos; sementes

ABSTRACT

The Brazilian Chaco is situated in the west edge of the state of Mato Grosso do Sul, occupying around 7% of the Nabileque sub-region of the Pantanal. The objectives of this work were to do a floristic survey of the tree species occurring in the Chaco of Porto Murtinho and to describe the types of fruits and the occurrence and distribution of the dispersal syndromes. A total of 24 families, 40 genera and 49 species were found in the area. The family with highest species diversity was Leguminosae (21 spp.), followed by Bignoniaceae (3 spp.), Anacardiaceae, Myrtaceae and Sapindaceae (2 spp. each). The predominant types of fruit were capsules, legumes and drupe. Zoochory (52%) was the predominant dispersion syndrome, followed by anemochory (26%) and autochory (22%). The arboreal stratum was particularly dependent on animals for their dispersal. Dependence on animals for the transport of fruits and seeds can result in gaps in its dispersion when dispersal agents become rare or extinct. This highlights the need for protection of remaining with Brazilian Chaquenian formations.

Key words:
Chacoquenian formations; forest fragment; dispersion; fruits; seed

Texto completo disponível apenas em PDF.

  • 1
    Parte da monografia do primeiro autor.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à CAPES pela concessão de bolsa de mestrado à segunda autora e à FUNDECT pelo auxílio financeiro à pesquisa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  • Abraham de Noir, F.; Bravo, S. & Abdala, R. 2002. Mecanismos de dispersión de algunas especies de leñosas nativas del Chaco Occidental y Serrano. Revista de Ciencias Forestales - Quebracho 9: 140-150.
  • Almeida-Cortez, J. S. 2004. Dispersão e banco de sementes. In: Ferreira, A. G. & Borghetti, F. Germinação: do básico ao aplicado. Artmed, Porto Alegre. Pp 225-235.
  • APG II. 2003. An update of the angiosperm phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants: APG II. Botanical Journal of the Linnaean Society 141: 399-436.
  • Barroso, G. M.; Morim, M. P.; Peixoto, A. L. & Ichaso, C. L. F. 1999. Frutos e sementes: morfologia aplicada à sistemática de dicotiledôneas. Editora da Universidade Federal de Viçosa, Viçosa. 443 p.
  • Brasil. 1982. Projeto RADAMBRASIL. Ministério do Meio Ambiente, Rio de Janeiro. 412 p.
  • Duncal, R. S. & Chapman, C. A. 1999. Seed dispersal and potential forest succession in abandoned agriculture in Tropical Africa. Ecological Applications 9(3): 998-1008.
  • Howe, H. F. & Smallwood, J. 1982. Ecology of seed dispersal. Annual Review of Ecology and Systematics 13:201-228.
  • IBGE. 1992. Manual técnico da vegetação brasileira. Ser. Manuais técnicos em geociências I. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, Rio de Janeiro, 92p.
  • Janzen, D. H. 1970. Herbivore and the number of tree species tropical forests. American Naturalist 104: 501-529.
  • Jordano, P.; Galetti, M.; Pizo, M. A. & Silva, W. R. 2006. Ligando frugivoria e dispersão de sementes à biologia da conservação. In: Rocha, C. F. D.; Bergallo, H. G.; Van Sluys, M. & Alves, M. A. S. Biologia da conservação: essências. Editorial Rima, São Paulo. Pp 411-436.
  • Leal, I. R. 2003. Dispersão de sementes por formigas na caatinga. In: Leal, I. R.; Tabarelli, M. & Silva, J. M. C. (eds.). Ecologia e conservação da caatinga. Ed. Universitária da Universidade Federal de Pernambuco, Recife. Pp 593-624.
  • Lewis, J. P.; Pire, E. F.; Prado, D. E.; Stofella, S. L.; Franceschi, E. A. & Carnevale, N. L. 1990. Plant communities and phytogeographical position of a larger depression in the Great Chaco, Argentina. Vegetatio 86: 25-38.
  • Lewis, G. P.; Schire, B.; Mackinder, B. & Lock, M. 2005. Legumes of the world. The Royal Botanic Garden, Kew.
  • Mantovani, W. & Martins, F. R. 1988. Variações fenológicas das espécies do cerrado da Reserva Biológica de Moji Guaçu, estado de São Paulo. Revista Brasileira de Botânica 11:101-112.
  • Mikich, S. B. & Silva, S. M. 2001. Composição florística e fenologia das espécies zoocóricas de remanescentes de floresta estacional semidecidual no centro-oeste do Paraná, Brasil. Acta Botanica Brasilica 15(1):89-113.
  • Miranda, S. C.; Batista, A. B.; Faria Júnior, J. E. Q.; Carvalho, P. S. & Santos, M. L. 2005. Tipologia de frutos e síndromes de dispersão de uma comunidade de Campo Rupestre no Parque Estadual da Serra dos Pireneus, Goiás. In: III Seminário de Iniciação Científica. Universidade Estadual de Goiás.
  • Morellato, P. C. & Leitão-Filho, H. F. 1996. Reproductive phenology of climbers in a southeastern Brazilian forest. Biotropica 28(2):180-191.
  • Oliveira, P. E. A. M. & Moreira, A. G. 1992. Anemocoria em espécies de cerrado e mata de galeria de Brasília, DF. Revista Brasileira de Botânica 15(2):163-174.
  • Pennington, R. T.; Prado, D. E. & Pendry, C. A. 2000. Neotropical seasonally dry forest and quaternary vegetation changes. Journal of Biogeography 27: 261-273.
  • Pott, A. & Pott, V. J. 2003. Espécies de fragmentos florestais em Mato Grosso do Sul. In: Costa, R.B. Fragmentação florestal e alternativas de desenvolvimento rural na Região Centro-Oeste. UCDB, Campo Grande, MS. Pp 28-52.
  • Prado, D. E.; Gibbs, P. E.; Pott, A. & Pott, V. J. 1992. The Chaco - Pantanal transition in southern Mato Grosso, Brazil. In: Furley, P. A & Proctor, J. A. Nature and dynamics of forest savanna boundaries. Chapman & Hill, London. Pp 451-470.
  • Prado, D. E. 1993. What is the Gran Chaco vegetation in South America? A review. Contribution to the study of flora and vegetation of the Chaco. V. Candollea 48(1):145-172.
  • Primack, R. B. & Rodrigues, E. 2001. Biologia da Conservação. Editora Planta, Londrina.
  • Ramella, L. & Spichiger, L. 1989. Interpretación preliminar del médio físico y de la vegetación del Chaco Boreal. Contribución al estúdio de la flora y de la vegetación del Chaco. I. Candollea 44(2): 639-680.
  • Rocha, P. L. B.; Queiroz, L. P. & Pirani, J. R. 2004. Plant species and habitat structure in a sand dune field in the Brazilian Caatinga: a homogeneous habitat harbouring an endemic biota. Revista Brasileira de Botânica 27(4):739-755.
  • Saravy, F. P.; De Freitas, P. J.; Lage, M. A.; Leite, S. J.; Braga, L. F. & Sousa, M. P. 2003. Síndrome de dispersão em estratos arbóreos em um fragmento de floresta ombrófila aberta e densa em alta floresta - MT. Revista do Programa de Ciências Agro-Ambientais 2(1):1-12.
  • Silva, M. P.; Mauro, R.; Mourão, G. & Coutinho, M. 2000. Distribuição e quantificação de classes de vegetação do Pantanal através de levantamento aéreo. Revista Brasileira de Botânica 23:143-152.
  • Tálamo, A. & Caziani, S. M. 2003. Variation in wood vegetation among sites with different disturbance histories in the Argentine Chaco. Forest Ecology and Management 184:79-91.
  • van der Pijl, L. 1982. Principles of dispersal in higher plants. Springer-Verlag, Berlin, 214p.
  • Weiser, V. L. & Godoy, S. A. P. 2001. Florística em um hectare de cerrado stricto sensu na Arie-Cerrado Pé-de-Gigante, Santa Rita do Passa Quatro, SP. Acta Botanica Brasílica 15(2):201-212.
  • Willson, M. F. & Travesset, A. 2000. The ecology of seed dispersal. In: Fenner, M. Seeds: The Ecology of Regeneration of Plant Communities. 2 ed. CABI Publishing, Oxon. Pp 85-110.
  • Zar, J.H. 1999. Biostatistical analysis. 4th ed. Prentice Hall, New Jersey.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Apr-Jun 2009

Histórico

  • Recebido
    Abr 2008
  • Aceito
    Abr 2009
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Rua Pacheco Leão, 915 - Jardim Botânico, 22460-030 Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Tel.: (55 21)3204-2148, Fax: (55 21) 3204-2071 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: rodriguesia@jbrj.gov.br