Acessibilidade / Reportar erro

Fenologia de Paratecoma peroba (Bignoniaceae) em uma floresta estacional semidecidual do norte fluminense, Brasil

Phenology of Paratecoma peroba (Bignoniaceae) in a seasonal semideciduous forest of Northeastern Rio de Janeiro, Brazil

Resumo

Estudos fenológicos auxiliam na compreensão do comportamento das espécies em resposta a alterações no ambiente e são também importantes para a conservação e manejo das mesmas. A fenologia de Paratecoma peroba (Record & Mell) Kuhlm. foi estudada no período de outubro/2005 a dezembro/2007 na Mata do Carvão (Estação Ecológica Estadual de Guaxindiba), São Francisco do Itabapoana, RJ. As observações foram realizadas mensalmente, exceto durante a fase de floração que ocorreram em intervalos quinzenais. Acompanharam-se 42 indivíduos que apresentaram comportamento fenológico sazonal, com a senescência foliar ocorrendo no início da estação seca e a queda foliar entre meados e final desta mesma estação. O brotamento de novas folhas ocorreu no início da estação chuvosa. As percentagens de Fournier encontradas para as fenofases reprodutivas foram baixas e somente indivíduos com DAP > 16 cm apresentaram botões florais. No final da estação seca de 2005, os indivíduos apresentaram fenofases reprodutivas, com a floração ocorrendo na transição da estação seca para chuvosa e a frutificação foi longa (cerca de um ano) tendo início na estação chuvosa (novembro), com os frutos dispersando as sementes aladas no início da estação chuvosa seguinte. Nos anos seguintes, 2006 a 2008, não foi observado evento de floração. A espécie foi caracterizada como decídua, apresentando periodicidade de floração supra-anual.

Palavras chave:
brotamento; botões florais; fenologia; Mata atlântica; senescência

Abstract

Phenological studies help the understanding of species behavior as a result to environmental changes and are also important for species conservation and management. The phenology of Paratecoma peroba (Record & Mell) Kuhlm. was studied from October/2005 to December/2007 in Mata do Carvão (Guaxindiba Ecological Station), São Francisco do Itabapoana, RJ. The observations were done in one-month intervals, except the floweringthat was done at two weekintervals. Forty two individuals were systematically observed. They showed phenological pattern characterized by the seasonal occurrence of the phenophases, with leaf senescence occurring at the beginning of the dry season and the leaf fall between the middle and the end of this season. New leaves were flushed at the beginning of the wet season. Fournier intensity values were low for reproductive phenophases and only trees with diameter at breast height (dbh) > 16 cm sprouted flowers. Reproductive phenophases started at the end of dry season of 2005, with flowering occurring in the transition of the dry to the wet season. Fruiting was long (one year), starting at the beginning of the wet season (November) with dispersion of the anemocoric seeds occurring at the beginning of the following wet season. However, in the following years (2006-2008), flowering did not occur. This species was classified as deciduous, with a supra-annual flowering period.

Key words:
flushing; flower buds; phenology; Atlantic forest; shedding

Texto completo disponível apenas em PDF.

  • 2
    Bolsista de Iniciação Científica, CNPq.

Referências

  • Addicott, F.T. 1978. Abscission strategies in the behavior of tropical trees. In: Tomlinson, P.B. & Zimmerman, M.H. (eds.). Tropical trees as living systems. Cambridge University Press, Cambridge. Pp. 381-398.
  • Alcantara, S. & Lohmann, L.G. 2010. Evolution of floral morphology and pollination system in Bignonieae (Bignoniaceae). American Journal of Botany 97: 1-15.
  • Andreis, C.; Longhi, S.J.; Brun, E.J.; Wojciechowski, J.C.; Machado, A.A.; Vaccaro, S. & Cassal, C.Z. 2005. Estudo fenológico em três fases sucessionais de uma Floresta Estacional Decidual no município de Santa Tereza, RS, Brasil. Revista Árvore 29: 55-63.
  • Bawa, K.S. & Webb, C.J. Flower. 1984. Fruit and seed abortion in tropical forest trees: implications for the evolution of paternal and maternal reproductive patterns. American Journal of Botany 71: 736-751.
  • Bencke, C.S.C. & Morellato, L.P.C. 2002a. Estudo comparativo da fenologia de nove espécies arbóreas em três tipos de floresta atlântica no sudeste do Brasil. Revista Brasileira de Botânica 25: 237-248.
  • Bencke, C.S.C. & Morellato, L.P.C. 2002b. Comparação de dois métodos de avaliação de fenologia de plantas, sua interpretação e representação. Revista Brasileira de Botânica 25: 269-275.
  • Borchert, R. 1999. Climatic periodicity, phenology and cambium activity in tropical dry forest trees. IAWA Journal 20: 239-247.
  • d´Eça-Neves, F.F. & Morellato, L.P.C. 2004. Métodos de amostragem e avaliação utilizados em estudos fenológicos de florestas tropicais. Acta Botanica Brasilica 18: 99-108.
  • Dias, H.C.T. & Oliveira-Filho, A.T. 1996. Fenologia de quatro espécies arbóreas de uma Floresta Estacional Semidecídua Montana em Lavras, MG. Cerne 2: 66-88.
  • Díaz, M.; Møller, A.P. & Pulido, F.J. 2003. Fruit abortion, developmental selection and developmental stability in Quercus ilex. Oecologia 135: 378-385.
  • dos Santos, G. & Miller, R.B.. 1992. Wood anatomy of Tecomeae. In: Gentry, A.H. (ed.). Flora Neotropica Monograph. 25. New York Botanical Garden, Bronx. Pp. 336-358.
  • Engel, V.L. 2001. Estudo fenológico de espécies arbóreas de uma floresta tropical em Linhares, ES. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas, Campinas.
  • Ferraz, D.K.; Artes, R.; Mantovani, W. & Magalhães, L.M. 1999. Fenologia de árvores em fragmento de mata em São Paulo, SP. Revista Brasileira de Biologia 59: 305-317.
  • Frankie, G.W.; Baker, H.G. & Opler, P.A. 1974. Comparative phenological studies of trees in tropical wet and dry forests in the lowlands of Costa Rica. Journal Ecology 62: 881-913.
  • Gentry, A.H. 1974. Flowering phenology and diversity in tropical Bignoniaceae. Biotropica 6: 64-68.
  • Gentry, A.H. 1980. Bignoniaceae - Part I: Crescentieae and Tourrettieae. Flora Neotropica Monograph 25. New York Botanical Garden, Bronx.
  • Gentry, A.H. 1992. A synopsis of Bignoniaceae ethnobotany and economic botany. Annals of the Missouri Botanical Garden 79: 53-64.
  • Janzen, D.H. 1967. Synchronization of Sexual reproduction of trees within the dry season in Central America. Evolution 21: 620-637.
  • Justiniano, M.J. & Fredericksen, T.S. 2000. Phenology of trees species in Bolivian Dry Forests. Biotropica 32: 276-281.
  • Köppen, W. 1948. Climatologia: com um estúdio de los climas de La tierra. Fondo de Cultura Económica, México. 479p.
  • Lorenzi, H. 2000. Árvores Brasileiras: Manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. 3ª ed. Vol. 2. Instituto Plantarum de Estudos da Flora, Nova Odessa. 352p.
  • Mantovani, M.; Ruschel, A.R.; Reis, M.S.S.; Puchalski, A. & Nodari, R.O. 2003. Fenologia reprodutiva de espécies arbóreas em uma formação secundária da floresta atlântica. Revista Árvore 27: 451-458.
  • Morellato, L.P.C.; Rodrigues, R.R.; Leitão Filho, H.F. & Joly, C.A. 1989. Estudo comparativo da fenologia de espécies arbóreas de floresta de altitude e floresta mesófila semidecídua na Serra do Japi, Jundiaí, São Paulo. Revista Brasileira de Botânica 12: 85-98.
  • Morellato, L.P.C. & Leitão Filho, H.F. 1990. Estratégias fenológicas de espécies arbóreas em Floresta Mesófila na Serra do Japi, Jundiaí, São Paulo. Revista Brasileira de Biologia 50: 163-173.
  • Nascimento, M.T. & Silva, F.L. 2003. Avaliação da taxa de desmatamento no período de 1986 a 2002 na Estação Ecológica Estadual de Guaxindiba (Mata do Carvão), São Francisco do Itabapoana, RJ. In: Anais do VI Congresso de Ecologia do Brasil, Fortaleza. Pp. 127-128.
  • Nascimento, M.T. & Lima, H.C. 2008 Floristic and Structural Relationships of a Tabuleiro Forest in Northeastern Rio de Janeiro, Brazil. In: Thomas, E. The Atlantic Coastal Forest of Northeastern Brazil. Memoirs of the New York Botanical Garden 100: 395-416.
  • Newstrom. L.E.; Frankie, G.W. & Baker, H.G. 1994. A new classification for plant phenology based on flowering patterns in Lowland Tropical Rain Forest trees at La Selva, Costa Rica. Biotropica 26: 141-159.
  • Nunes, Y.R.F.; Fagundes, M.; Santos, R.M.; Domingues, E.B.S.; Almeida, H.S. & Gonzaga, A.P.D. 2005. Atividades fenológicas de Guazuma ulmifolia Lam. (Malvaceae) em uma floresta estacional decidual no norte de Minas Gerais. Lundiana 6: 99-105.
  • Oliveira, V.P.S. 1996. Avaliação do sistema de irrigação por sulco da fazenda do Alto em Campos, RJ. Tese de Mestrado. Universidade Estadual Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes.
  • Olmstead, R.G.; Zjhra, M.L.; Lohmann, L.G.; Grose, S.O. & Eckert, A.J. 2009. A molecular phylogeny and classification of Bignoniaceae. American Journal of Botany 96: 1731-1743.
  • Palioto, G.F.; Sugioka, D.K.; Coda, J.; Zampar, R.; Lazarin, M.O.; Loyola, M.B.P. & Rubin Filho, C.J. 2007. Fenologia de espécies arbóreas no campus da Universidade Estadual de Maringá. Revista Brasileira de Biociências 5: 441-443.
  • Palleiro, N.; Mandujano, M.C. & Golubov, J. 2006. Aborted fruits of Opuntia microdasys (Cactaceae): insurance against reproductive failure. American Journal of Botany 93: 505-511.
  • Pedroni, F.; Sanchez, M. & Santos, F.A.M. 2002. Fenologia da copaíba (Copaifera langsdorfii Desf. - Leguminosae, Caesalpinioideae) em uma floresta semidecídua no sudeste do Brasil. Revista Brasileira de Botânica 25: 183-194.
  • Reys, P.; Galetti, M.; Morellato, L.P.C. & Sabino, E.J. 2005. Fenologia reprodutiva e disponibilidade de frutos de espécies arbóreas em mata ciliar no rio Formoso, Mato Grosso do Sul. Biota Neotropica 5: 1-6.
  • Rizzini, C.T. 1979. Tratado de Fitogeografia do Brasil. HUCITEC, São Paulo. 747p.
  • Sampaio, E.S. de & Almeida, A.A. de. 1995. Morfologia floral e biologia reprodutiva de Pyrostegia venusta (Bignoniaceae) na região urbana de Curitiba, Paraná. Acta Biológica Paranaense 24: 25-38.
  • Santos, D.L. & Takaki, M. 2005. Fenologia de Cedrela fissilis Vel. (Meliaceae) na região rural de Itirapina, SP, Brasil. Acta Botanica Brasilica 19: 625-632.
  • Scudeller, V.V.; Vieira, M.F. & Carvalho-Okano, R.M. de. 2008. Distribuição espacial, fenologia da floração e síndrome floral de espécies de Bignonieae (Bignoniaceae). Rodriguésia 59: 297-307.
  • Silva, G.C. & Nascimento, M.T. 2001. Fitossociologia de um remanescente de mata sobre tabuleiros no norte do estado do Rio de Janeiro (Mata do Carvão). Revista Brasileira de Botânica 24: 51-62.
  • Spironello, W.R.; Sampaio, P.T.B. & Ronchi-Teles B. 2004. Produção e predação de frutos em Aniba rosaeodora Ducke var. amazonica Ducke (Lauraceae) em sistema de plantio sob floresta de terra firme na Amazônia Central. Acta Botanica Brasilica 18: 801-807.
  • Talora, D.C. & Morellato, P.C. 2000. Fenologia de espécies arbóreas em floresta de planície litorânea do sudeste do Brasil. Revista Brasileira de Botânica 23:13-26.
  • Villela, D.M.; Nascimento, M.T.; Aragão, L.E.O.C. & Gama, D. M. 2006. Effect of selective logging on forest structure and nutrient cycling in a seasonally dry Brazilian Atlantic forest. Journal of Biogeography 33: 506-516.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Sep 2010

Histórico

  • Recebido
    27 Abr 2009
  • Aceito
    18 Maio 2010
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Rua Pacheco Leão, 915 - Jardim Botânico, 22460-030 Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Tel.: (55 21)3204-2148, Fax: (55 21) 3204-2071 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: rodriguesia@jbrj.gov.br