Acessibilidade / Reportar erro

Anatomia comparada do lenho de Caryocar brasiliense (Caryocaraceae) em fisionomias de cerradão e cerrado sensu stricto1 1 Parte da dissertação de Mestrado da primeira autora. Programa de Pós-graduação em Botânica, Universidade Federal do Paraná, C.P. 19031, 81531-990, Curitiba, PR.

Comparative wood anatomy of Caryocar brasiliense Camb. (Caryocaraceae) occurring in “cerradão” and “cerrado” sensu stricto formations

Resumo

Este trabalho verificou a influência das condições ambientais na estrutura do xilema secundário da espécie Caryocar brasiliense Camb. (pequizeiro) através de um estudo anatômico comparado do lenho de árvores procedentes de fisionomias de cerradão e cerrado s.s., no município de Santa Rita do Passa Quatro, SP. As características do lenho foram analisadas qualitativa e quantitativamente, sendo as últimas comparadas pela análise de variância, bem como por análises multivariadas de agrupamentos e componentes principais. A análise de variância demonstrou existir diferenças significativas para oito das dezesseis variáveis analisadas, bem como uma grande variação entre árvores da mesma localidade, aspecto corroborado pela análise de agrupamentos. A matriz de correlação entre variáveis indicou, de modo geral, relações inversas entre dimensões longitudinais e radiais dos elementos anatômicos. Pode-se inferir pela variabilidade significativa entre árvores que a diferenciação das fisionomias ocorre de forma gradual, não se observando um conjunto de características anatômicas suficientemente marcantes que tipifiquem as fisionomias estudadas.

Palavras-chave:
anatomia ecológica; pequi; tendências ecológicas; xilema secundário

Abstract

This study aimed to verify the influence of ambient conditions on the structure of secondary xylem of Caryocar brasiliense Camb. (“pequizeiro”) through a comparative anatomical study of two populations belonging to “cerradão” and “cerrado s. s.” (Brazilian savannas), in the city of Santa Rita do Passa Quatro, São Paulo. The wood was described qualitatively, and quantitative data were analyzed using analysis of variance, as well as multivariate and principal components analysis. The analysis of variance showed significant differences for eight out of sixteen anatomical parameters, as well as great variation between trees of the same locality, an aspect corroborated by multivariate analysis. The correlation matrix showed generally inverse correlations between longitudinal and radial measurements of the anatomical characters. Based on the significant variability found between trees we can infer that the differentiation of the formations occurs gradually, since a marked set of anatomical characters that would individualize each type of vegetation was not observed.

Key words:
ecological anatomy; “pequi”; ecological trends; secondary xylem

Texto completo disponível apenas em PDF.

  • 1
    Parte da dissertação de Mestrado da primeira autora. Programa de Pós-graduação em Botânica, Universidade Federal do Paraná, C.P. 19031, 81531-990, Curitiba, PR.

Referências

  • Alves, E.S. & Angyalossy-Alfonso, V. 2000. Ecological trends in the wood anatomy of some Brazilian species. 1. Growth rings and vessels. Iawa Journal 20: 3-30.
  • Alves, E.S. & Angyalossy-Alfonso, V. 2002. Ecological trends in the wood anatomy of some Brazilian species. 2. Axial parenchyma, rays and fibres. Iawa Journal 23: 391-418.
  • Alvim, P.T. & Araújo, W.A. 1952. El suelo como factor ecológico en el desarrolo de la vegetación en el centrooeste del Brasil. Turrialba 2: 153-160.
  • Araujo, P.A.M. & Mattos, A. 1973. Estrutura das madeiras de Caryocaraceae. Arquivos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro 19: 5-47.
  • Arens, K. 1958a. Considerações sobre as causas do xeromorfismo foliar. Separata de Boletim Botânica 224: 23-56.
  • Arens, K. 1958b. O cerrado como vegetação oligotrófica. Separata de Boletim Botânica 224: 57-77.
  • Baas, P. 1973. The wood anatomical range in Ilex (Aquifoliaceae) and its ecological and phylogenetic significance. Blumea 21: 193-258.
  • Baas, P. & Carlquist, S. 1985. A comparison of the ecological wood anatomy of the floras of Southern California and Israel. Iawa Bulletin 6: 141-159.
  • Baas, P. & Schweingruber, F.H. 1987. Ecological trends in the wood anatomy of trees, schrubs and climbers from Europe. Iawa Bulletin 8: 245-274.
  • Baas, P; Werker, E.E. & Fahn, A. 1983. Some ecological trends in vessel characters. Iawa Bulletin 4: 141-159.
  • Barajas-Morales, J. 1985. Wood structural differences between trees of two tropical forests in Mexico. Iawa Bulletin 6: 355-364.
  • Braun, H.J. 1984. The significance of accessory tissues of the hydrosystem for osmotic water shifting as the second principle of water ascent, with some thoughts concerning the evolution of trees. Iawa Bulletin 5: 275-294.
  • Carlquist, S. 1975. Ecological strategies in xylem evolution. University of California Press, Berkeley. 259p.
  • Carlquist, S. 1988. Comparative wood anatomy: systematic, ecological and evolutionary aspects of dicotyledon wood. Springer-Verlag, Berlin. 436p.
  • Carlquist, S. & Hoekman, D.A. 1985. Ecological wood anatomy of woody Southern Californian flora. Iawa Bulletin 6: 319-347.
  • Ceccantini, G.C.T. 1996. Anatomia ecológica do lenho de espécies de cerrado e mata: Casearia sylvestris Sw. e Machaerium villosum Vog. Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo, São Paulo. 117p.
  • Chalk, L. 1989. The effect of ecology conditions on wood anatomy. In: Metcalfe, C.R. & Chalk, L. Anatomy of the dicotyledons. Vol. 2. Oxford Science, Oxford. Pp. 126-152.
  • Comision Panamericana de Normas Técnicas - COPANT. 1974. Método para la descripción de las características generales, macroscópicas y microscópicas de la madera angiospermas dicotiledóneas 30: 1-19.
  • Coutinho, L.M. 2008. Cerrado. Disponível em <http://eco.ib.usp.br/cerrado/>. Acesso em 20 fevereiro 2008.
    » http://eco.ib.usp.br/cerrado/
  • Dickison, W. C. 2000. Integrative plant anatomy. Harcourt Academic Press, San Diego. 533p.
  • Fahn, A.; Werker, E. & Baas, P. 1986. Wood anatomy and identification of trees and shrubs from Israel and Adjacent Regions. The Israel Academy of Sciences and Humanities, Jerusalem. 221p.
  • Franco, A.C. & Lüttge, U. 2002. Midday depression in savanna trees: coordinated adjustments in photochemical, efficiency, photorespiration, CO2 assimilation and water use efficieny. Oecologia 131: 356-365.
  • Haridasan, M. 2005. Competição por nutrientes em espécies arbóreas do cerrado. In: Scariot, A.; Sousa-Silva, J. C. & Felfili, J. M. (org.). Cerrado: ecologia, biodiversidade e conservação. Ministério do Meio Ambiente, Brasília. Pp. 167-178.
  • IAWA Committee. 1989. Iawa list of microscopic features for hardwood identification. IAWA Bulletin 10: 219-332.
  • Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA. 1992. Normas de procedimentos em estudos de anatomia da madeira: I Angiospermae. II Gimnospermae. Diretoria de incentivo à pesquisa e divulgação/Laboratório de Produtos Florestais, Brasília.
  • Jacobsen, A.L.; Ewers, F.W.; Pratt, R.B.; Paddock III, W.A. & Davis, S.D. 2005. Do xylem fibers affect Vessel Cavitation Resistance? Plant Physiology 139:546-556.
  • Köppen, W. 1948. Climatologia. Fondo de Cultura Económica, México. 479p.
  • Läuchli, A. 1972. Translocation of organic solutes. Annual Review Plant Physiology and Plant Molecular Biology 23: 197-218.
  • Levitt, J. 1972. Responses of plants to environmental stresses. Academic Press, New York. 697p.
  • Lindorf, H. 1994. Eco-anatomical wood features of species from a very dry tropical forest. Iawa Journal 15: 361-376.
  • Luchi, A.E. 2004. Anatomia do lenho de Croton urucurana Baill. (Euphorbiaceae) de solos com diferentes níveis de umidade. Revista Brasileira de Botânica 27: 271-280.
  • Luchi, A.E.; Silva, L.C.P. & Moraes, M.A. 2005. Anatomia comparada do lenho de Xylopia aromática (Lam.) Mart. em áreas de cerrado e de plantação de Pinus elliottii Engelm. Revista Brasileira de Botânica 28: 809-820.
  • Marcati, C.R.; Angyalossy-Alfonso, V. & Benetati, L. 2001. Anatomia comparada do lenho de Copaifera langsdorffii Desf. (Leguminosae-Caesalpinoideae) de floresta e cerradão. Revista Brasileira de Botânica 24: 311-320.
  • Mello, E.C. 1970. Estudo anatômico das madeiras do gênero Caryocar Linn. Brasil Florestal 1: 54-62.
  • Melo Júnior, J.C.F. 2003. Anatomia ecológica da folha e do lenho de Copaifera langsdorffii Desf. (Leguminosae) do Parque Estadual do Cerrado, Jaguariaíva - PR. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Paraná, Curitiba. 73p.
  • Mina-Rodriges, E.M.C. 1986. Estudo morfo-anatômico dos órgãos vegetativos de Pera glabrata Baill. (Euphorbiaceae), em material procedente de mata mesófila semidecídua e de cerrado. Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual Paulista, Rio Claro. 103p.
  • Naves-Barbiero, C.C.; Franco, A.C.; Bucci, S.J. & Goldstein, G. 2000. Fluxo de seiva e condutância estomática de duas espécies lenhosas sempre-verdes no campo sujo e cerradão. Revista Brasileira de Fisiologia Vegetal 12: 119-134.
  • Pereira, B.A.S. 1990. Estudo morfo-anatômico da madeira, casca e folha de duas variedades vicariantes de Sclerolobium paniculatum de mata e cerrado. Dissertação de Mestrado. Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba. 209p.
  • Perez, S.C.J.G.A & Moraes, J.A.P.V. 1991. Determinação do potencial hídrico, condutância estomática e potencial osmótico em espécies dos estratos arbóreos, arbustivo e herbáceo de um cerradão. Revista Brasileira de Fisiologia Vegetal 3: 27-37.
  • Plomion, C; Leprovost, G. & Stokes, A. 2001. Wood formation in trees. Plant Physiology 127: 1513-1523.
  • Ratter, J.A.S.; Bridgewater, S., Atkins, R. & Ribeiro, J.F. 1996. Analysis of floristic composition of the Brazilian cerrado vegetation. II. Comparison of the woody vegetation of 98 areas. Edinburgh Journal of Botany 53: 153-180.
  • Rawitscher, F. & Ferri, M.G. 1943. Profundidade dos solos e vegetação em campos cerrados do Brasil meridional. Anais da Academia Brasileira de Ciências 15: 267-298.
  • Ribeiro, J.F. & Walter, B.M.T. 1998. Fitofisionomias do bioma Cerrado. In: Sano, S.M. & Almeida, S.P. Cerrado: ambiente e flora. EMBRAPA-CPAC, Planaltina. Pp. 89-152.
  • Rizzini, C.T. 1976. Tratado de fitogeografia do Brasil: aspectos ecológicos. Hucitec, São Paulo. 327p.
  • Rolim, G.S. & Sentelhas, P. C. 2008. Balanços hídricos climatológicos de quinhentas localidades brasileiras. Disponível em <http://ce.esalq.usp.br/departamentos/lce/bhbrasil/Saopaulo>. Acesso em 20 julho 2008.
    » http://ce.esalq.usp.br/departamentos/lce/bhbrasil/Saopaulo
  • Ruggiero, P.G.C.; Batalha, M.A.; Pivello, V.R. & Meirelles, S.T. 2002. Vegetation-soil relationships in cerrado (Brazilian savanna) and semideciduous forest, Southeastern Brazil. Plant Ecology 160: 1-16.
  • Ruggiero, P.G.C. & Pivello, V.R. 2005. O solo e a comunidade vegetal. In: Pivello, V.R. & Varanda, E.M. (org.). O cerrado Pé-de-Gigante (Parque Estadual da Vassununga, São Paulo) - ecologia e conservação. Secretaria de Estado do Meio Ambiente, São Paulo. Pp. 173-188.
  • Ruggiero, P.G.C.; Pivello, V.R.; Spavorek, G.; Teramoto, E. & Pires Neto, A.G. 2006. Relação entre solo, vegetação e topografia em área de cerrado (Parque Estadual de Vassununga, SP): como se expressa em mapeamentos? Acta Botanica Brasilica 20: 383-394.
  • Silva Júnior, M.C. 2005. Guia de campo: 100 árvores do cerrado. Ed. Rede de Sementes do Cerrado, Brasília. 278p.
  • Steel, R.G.D.; Torrie, J.H. & Dickey, D.A. 1997. Principles and procedures of statistics: a biometrical approach. McGraw Hill Book, New York. 666p.
  • Taiz, L. & Zeiger, E. 2004. Fisiologia vegetal. Artmed, Porto Alegre. 690p.
  • Warming, E. 1908. Lagoa Santa: contribuição para a geographia phytobiologica. Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais, Bello Horizonte.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Oct-Dec 2010

Histórico

  • Recebido
    14 Out 2009
  • Aceito
    28 Set 2010
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Rua Pacheco Leão, 915 - Jardim Botânico, 22460-030 Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Tel.: (55 21)3204-2148, Fax: (55 21) 3204-2071 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: rodriguesia@jbrj.gov.br