Acessibilidade / Reportar erro

Floristics and life-forms along a topographic gradient, central-western Ceará, Brazil

Florística e formas de vida ao longo de um gradiente topográfico no centro-oeste do estado do Ceará, Brasil

Abstract

To test whether the flora is organized in discrete or continuous units along a topographic gradient, three physiognomies were assessed on different soil classes in a semi-arid region of northeastern Brazil: caatinga (xeric shrubland) at altitudes from 300 to 500 m, deciduous forest at altitudes from 500 to 700 m and carrasco (deciduous shrubland) at 700 m. In each physiognomy a species inventory was carried out, and plants were classified according to life- and growth-forms. Species richness was higher in the deciduous forest (250) than in the carrasco (136) and caatinga (137). The caatinga shared only a few species with the carrasco (6 species) and the deciduous forest (18 species). The highest species overlap was between the deciduous forest and the carrasco (62 species). One hundred and four species occurred only in the caatinga, 161 only in the deciduous forest and 59 only in the carrasco. Woody species predominated in physiognomies on sedimentary soils with latosol and arenosol: 124 species occurred in the deciduous forest and 68 in the carrasco. In the caatinga on crystalline basement relief with predominance of planosol, herbs showed the highest species richness (69). Comparing the biological spectrum of Brazilian plant life-forms, the caatinga stood out with higher proportion of therophytes and chamaephytes. Considering the flora of the three phytophysiognomies studied here, we can affirm that the caatinga is a discrete floristic unit.

Key words:
vegetation classification; biological spectrum; growth-form; phytoclimate; plant community

Resumo

Para verificar se a composição florística constitui unidades discretas ou contínuas ao longo de um gradiente topográfico foram analisadas três fitofisionomias (caatinga sobre altitudes de 300 a 500 m, floresta decídua sobre altitudes de 500 a 700 m e carrasco sobre atitudes de 700 m) sobre classes de solos distintas no semiárido setentrional do Nordeste do Brasil. Em cada fisionomia foi realizado o levantamento das espécies, as quais foram classificadas em formas de vida e de crescimento. A riqueza de espécies foi maior na floresta decídua (250) do que no carrasco (136) e na caatinga (137). A caatinga apresentou poucas espécies em comum com as fitofisionomias de carrasco ou de floresta decídua (6 e 18 espécies). A maior sobreposição de espécies ocorreu entre a floresta decídua e o carrasco, 62 espécies. Foram exclusivas da caatinga, floresta decídua e do carrasco, 104, 161 e 59 espécies, respectivamente. Quanto às formas de crescimento, nas fisionomias sobre relevo sedimentar com Latossolo e Arenosolo predominaram espécies lenhosas: 124 na floresta decídua e 68 no carrasco. Na caatinga sobre relevo do embasamento cristalino com predominância de Planossolo, a maior riqueza de espécies (69) foi de ervas. Na análise comparativa do espectro biológico com outras formações brasileiras, o de caatinga se destacou dos demais, constituindo uma unidade individualizada pela maior proporção de terófitos e caméfitos. Em relação à flora das três fisionomias, objeto deste estudo, pode-se afirmar que a da caatinga representa uma unidade discreta.

Palavras-chave:
classificação de vegetação; espectro biológico; forma de crescimento; fitoclima, comunidade vegetal

Full text available only in PDF format.

Texto completo disponível apenas em PDF.

References

  • Alcoforado-Filho, F.G.; Sampaio, E.V.S.B. & Rodal, M.J.N. 2003. Florística e fitossociologia de um remanescente de vegetação caducifólia espinhosa arbórea em Caruaru, Pernambuco. Acta Botanica Brasilica 17: 287-303.
  • Almeida Jr., E.B; Pimentel, R.M.M. & Zickel, C.S. 2007. Flora e formas de vida em uma área de restinga no litoral norte de Pernambuco, Brasil. Revista de Geografia 24: 19-34.
  • Andrade-Lima, D. 1981. The caatingas dominium. Revista Brasileira de Botânica 4: 149-153.
  • APG III. 2009. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III. Botanical Journal of the Linnean Society 161: 105-121.
  • Araújo, F.S. & Martins, F.R. 1999. Fisionomia e organização da vegetação do carrasco no planalto da Ibiapaba, estado do Ceará. Acta Botanica Brasilica 13: 1-14.
  • Araújo, F.S.; Martins, F.R. & Shepherd, G.J. 1999. Variações estruturais e florísticas do carrasco no planalto da Ibiapaba, estado do Ceará. Revista Brasileira de Biologia 59: 663-678.
  • Araújo, F.S.; Gomes, V.S.; Silveira, A.P.; Figueiredo, M.A.; Oliveirra, R.F.; Bruno, M.M.A.; Lima-Verde, L.W.; Silva, E.F.; Otutumi, A.T. & Ribeiro, K.A. 2007. Efeito da variação topoclimática na fisionomia e estrutura da vegetação da serra de Baturité, Ceará. In: Oliveira, T.S. & Araújo, F.S. (orgs.). Diversidade e conservação da biota da serra de Baturité, Ceará. Seri&A Gráfica, Fortaleza. Pp. 73-136.
  • Araújo, F.S.; Rodal, M.J.N.; Barbosa, M.R.V. & Martins, F.R. 2005. Repartição da flora lenhosa no domínio da caatinga. In: Araújo, F.S.; Rodal, M.J.N. & Barbosa M.R.V. (orgs.). Análise das variações da biodiversidade do bioma caatinga: suporte a estratégias regionais de conservação. Ministério do Meio Ambiente, Brasília. Pp. 15-33.
  • Araújo, F.S.; Sampaio, E.V.S.B.; Figueiredo, M.A.; Rodal, M.J.N. & Fernandes, A.G. 1998a. Composição florística da vegetação do carrasco, Novo Oriente, CE. Revista Brasileira de Botânica 21: 105-116.
  • Araújo, F.S.; Sampaio, E.V.S.B.; Rodal, M.J.N. & Figueiredo, M.A. 1998b. Organização comunitária do componente lenhoso de três áreas de carrasco em Novo Oriente - CE. Revista Brasileira de Biologia 58: 85-95.
  • Araújo, F.S.; Oliveira, R.F. & Lima-Verde, L.W. 2008. Composição, espectro biológico e síndromes de dispersão da vegetação de uma inselbergue no domínio da caatinga, Ceará. Rodriguésia 59: 659-671.
  • Austin, M.P. 2005. Vegetation and environment: discontinuities and continuities. In: Maarel, E.V.D. (ed.). Vegetation ecology. Blackwell Publishing, Oxford. Pp. 52-84.
  • Barroso, G.M.; Guimarães, E.F.; Ichaso, C.L.F.; Costa, C.G.; Peixoto, A.L. & Lima, H.C. 1978. Sistemática de angiospermas do Brasil. Vol. 1. EdUSP, São Paulo. 255p.
  • Barroso, G.M.; Guimarães, E.F.; Ichaso, C.L.F.; Costa, C.G.; Peixoto, A.L. & Lima, H.C. 1984. Sistemática de angiospermas do Brasil. Vol. 2. UFV, Viçosa. 377p.
  • Barroso, G.M.; Guimarães, E.F.; Ichaso, C.L.F.; Costa, C.G.; Peixoto, A.L. & Lima, H.C. 1986. Sistemática de angiospermas do Brasil. Vol. 3. UFV, Viçosa. 326p.
  • Batalha, M.A. & Martins, F.R. 2002. Life-form spectra of Brazilian cerrado sites. Flora 197: 452-460.
  • Batalha, M.A. & Martins, F.R. 2004. Floristic, frequency, and life-form spectra of a cerrado site. Brazilian Journal of Biology 64: 203-209.
  • Box, E.O. & Fujiwara, K. 2005. Vegetation types and their broad-scale distribution. In: Maarel, E.V.D. (eds.). Vegetation ecology. Blackwell Publishing, Oxford. Pp. 106-128.
  • Brasil. 1972. Mapa exploratório-reconhecimento de solos: estado do Ceará, escala 1:600.000. SUDENE.
  • Brumitt, R.K. & Powell, C.E. 1992. Authors of plant names. Richmond, Kew Royal Botanic Gardens. 732p.
  • Cain, S.A. 1950. Life forms and phytoclimate. Botanical Review 16: 1-32.
  • Cain, S.A.; Castro, G.M.O.; Pires, J.M. & Silva, N.T. 1956. Application of some phytosociological techniques to Brazilian rain forest. American Journal of Botany 43: 911-941.
  • Costa, R.C.; Araújo, F.S. & Lima-Verde, L.W. 2007. Flora and life-form spectrum in an area of deciduous thorn woodland (caatinga) in northeastern, Brazil. Journal of Arid Environments 68: 237-247.
  • Costa, K.C.; Lima, A.L.A.; Fernandes, C.F.M.; Silva, M.C.N.A.; Silva, A.C.B.L. & Rodal, M.J.N. 2009. Flora vascular e formas de vida em um hectare de caatinga no nordeste brasileiro. Revista Brasileira de Ciências Agrárias 4: 48-54.
  • Ferraz, E.M.N.; Rodal, M.J.N.; Sampaio, E.V.S.B. & Pereira, R.C.A. 1998. Variação florística ao longo de um gradiente altitudinal no alto vale do Pajeú, Pernambuco. Revista Brasileira de Botânica 21: 7-13.
  • Figueirêdo, L.S.; Rodal, M.J.N. & Melo, A.L. 2000. Florística e fitossociologia de uma área de vegetação arbustiva caducifólia espinhosa no município de Buíque - Pernambuco. Naturalia 25: 205-224.
  • Freire, C.V. 1983. Chaves analíticas para a determinação das famílias das plantas pteridófitas, gimnospermas e angiospermas brasileiras ou exóticas cultivadas no Brasil. v. CCC. Coleção Mossoroense, Mossoró. 366p.
  • Gomes, M.A.F. 1980. A vegetação dos Cariris Velhos, no estado da Paraíba. Vegetalia - escritos e documentos 14 (UNESP).
  • Jongman, R.H.G.; Ter Braak, C.J.F. & van Tongeren, O.F.R. 1995. Data analysis in community and landscape ecology. Cambrige University Press, Cambridge. 299p.
  • Kovács-Lang, E.; Kroel-Dulay, G.; Kertész, M.; Fekete, G.; Bartha, S.; Mika, J.; Dobi-Wantuch, I.; Redei, T.; Rajkai, K. & Hahn, I. 2000. Changes in composition of sand grasslands along a gradient in Hungary and implications for climate change. Phytocoenologia 30: 385-407.
  • Lemos, J.R. & Rodal, M.J.N. 2002. Fitossociologia do componente lenhoso de um trecho da vegetação de caatinga no parque nacional da Serra da Capivara, Piauí, Brasil. Acta Botanica Brasilica 16: 23-22.
  • Lima, J.R.; Sampaio, E.V.S.B.; Rodal, M.J.N. & Araújo, F.S. 2009. Composição florística da floresta estacional decídua montana da Serra das Almas, Ceará, Brasil. Acta Botanica Brasilica 23: 756-763.
  • Mamede, M.A. & Araújo, F.S. 2008. Effects of slash and burn practices on a soil seed bank of caatinga vegetation in Northeastern Brazil. Journal of Arid Environments 72: 458-470.
  • Meira Neto, J.A.A.; Souza A.L.; Lana, J.M. & Valente, G.E. 2005. Composição florística espectro biológico e fitofisionomia da vegetação de muçununga nos municípios de Caravelas e Mucurí, Bahia. Revista Árvore 29: 139-150.
  • Meira Neto, J.A.A.; Martins, F.R. & Valente, G.E. 2007. Composição florística espectro biológico na Estação Ecológica de Santa Bárbara, estado de São Paulo, Brasil. Revista Árvore 315: 907-922.
  • Mueller-Dombois, D. & Ellenberg, H. 1974. Aims and methods of vegetation ecology. John Willey and Sons, New York. 547p.
  • Pavón, N.P.; Hernandez-Trejo, H. & Rico-Gray, V. 2000. Distribution of life forms along an altitudinal gradient in the semi-arid valley of Zapotitlán, Mexico. Journal of Vegetation Science 11: 39-42.
  • Pereira, I.M.; Andrade, L.A.; Barbosa, M.R.V. & Sampaio, E.V.S.B. 2002. Composição florística e análise fitossociológica do componente arbustivoarbóreo de um remanescente florestal no agreste Paraibano. Acta Botanica Brasilica 16: 241-369
  • Raunkiaer, C. 1934. The life forms of plants and statistical plant geography. Clarendon Press, Oxford. 632p.
  • Rodal, M.J.N.; Andrade, K.V.A.; Sales, M.F. & Gomes, A.P.S. 1998. Fitossociologia do componente lenhoso de um refúgio vegetacional no município de Buíque, Pernambuco. Revista Brasileira de Biologia 58: 517-526.
  • Rodal, M.J.N.; Lins e Silva, A.C.B.; Pessoa, L.M. & Cavalcanti, A.D.C. 2005. Vegetação e flora fanerogâmica da área de Betânia, Pernambuco. In: Araújo, F.S.; Rodal, M.J.N. & Barbosa, M.R.V. (orgs.). Análise das variações da biodiversidade do bioma caatinga: suporte a estratégias regionais de conservação. Ministério do Meio Ambiente, Brasília . Pp. 91-119.
  • Rodal, M.J.N.; Nascimento, L.M. & Melo, A.L. 1999. Composição florística de um trecho de vegetação arbustiva caducifólia, no município de Ibimirim, PE, Brasil. Acta Botanica Brasilica 13: 1: 15-28.
  • Rougerie, G. 1988. Géographie de la biosphére. Armand Colin Editeur, Paris. 288p.
  • Sampaio, E.V.S.B. 1995. Overview of the Brazilian caatinga. In: Bullock, S.H.; Mooney, H.A. & Medina, E. Seasonally dry tropical forest. Cambridge University Press, Cambridge. Pp. 35-63.
  • Silva, R.A.; Santos, A.M.M. & Tabarelli, M. 2003. Riqueza e diversidade de plantas lenhosas em cinco unidades de paisagem da Caatinga. In: Leal, I.R.; Tabarelli, M. & Silva, J.M.C. (eds.). Ecologia e conservação da caatinga. Ed. Universitária da UFRPE, Recife. Pp. 337-365.
  • Spellerberg, I.F. & Sawyer, J.W.D. 1999. An introduction to applied biogeography. Cambridge University Press, Cambridge. 243p.
  • van Rooyen, M.W.; Theron, G.K. & Grobbelaar, N. 1990. Life forms and spectra of flora of Namaqualand, South Africa. Journal of Arid Environments 19: 133-145.
  • Vieira, S. 2004. Bioestatística, tópicos avançados - testes não-paramétricos, tabelas de contingência e análise de regressão. 2ed. Elsevier, Rio de Janeiro. 216p.
  • Whittaker, R.H. 1975. Communities and ecosytems. 2ed. Macmillan Publishing, New York. 385p.
  • Whittaker, R.H. 1978a. Approaches to classifying vegetation. In: Whittaker, R.H. (ed.). Classification of plant communities. Dr. W. Junk Publishers, The Hague. Pp 3-31.
  • Whittaker, R.H. 1978b. Dominace-types. In: Whittaker, R.H. (ed.). Classification of plant communities. Dr. W. Junk Publishers, The Hague. Pp. 65-79.
  • Williams, R.J.; Duff, G.A.; Bowman, D.M.J.S & Cook, G.D. 1996. Variation in the composition and structure of tropical savannas as a function of rainfall and soil texture along a large-scale climatic gradient and soil texture in the Northern Territory, Australia. Journal of Biogeography 23: 747-756.

Publication Dates

  • Publication in this collection
    Apr-Jun 2011

History

  • Received
    09 May 2010
  • Accepted
    18 Dec 2010
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Rua Pacheco Leão, 915 - Jardim Botânico, 22460-030 Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Tel.: (55 21)3204-2148, Fax: (55 21) 3204-2071 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: rodriguesia@jbrj.gov.br