Acessibilidade / Reportar erro

O gradiente rio-barragem do reservatório de Sobradinho afeta a composição florística, riqueza e formas biológicas das macrófitas aquáticas?

Are floristic composition, richness and life forms of aquatic macrophytes affected by the dam-river gradient of the Sobradinho Reservoir?

Resumo

O presente estudo teve por objetivo avaliar a riqueza, formas biológicas e composição florística de macrófitas aquáticas ao longo do eixo rio-barragem de um reservatório no Nordeste do Brasil. Foram estabelecidas seis estações de amostragem ao longo de suas regiões lótica, de transição e lêntica. As coletas ocorreram nos meses de junho e julho de 2008 (período de estiagem), e em janeiro e fevereiro de 2009 (período chuvoso). Foram coletados indivíduos em estagio fértil ou vegetativo, tendo as espécies sido categorizadas quanto às formas biológicas e os percentuais de frequência de ocorrência. A similaridade florística entre os pontos de amostragem foi calculada utilizando-se o índice de Jaccard. Foram identificadas 43 espécies, das quais 18 estiveram presentes na região lótica, 16 na de transição e 25 na lêntica. Salvinia auriculata Aubl. e Paspalum repens P.J. Bergius ocorreram em 100% das unidades amostrais. As regiões lótica e de transição contemplaram, predominantemente, espécies anfíbias e emergentes, diferindo da região lêntica, onde espécies flutuantes, emergentes e submersas foram mais evidentes. A similaridade entre os ecossistemas lótico e de transição foi maior que 50%, enquanto que entre esses ambientes e a região lêntica foi menor que 25%.

Palavras-chave:
florística; hábito; reservatórios; similaridade

Abstract

This study aimed to evaluate aquatic-macrophyte richness, life forms and floristic composition along the longitudinal axis of Sobradinho Reservoir - Bahia. Six sampling stations were selected along the lotic, transition and lentic stretches. Sampling was conducted in June and July 2008 (drought season), and in January and February 2009 (rainy season). Individuals in both fertile and vegetative stages were sampled and the species were classified according to life form and occurrence frequency. Floristic similarity among sampling stations was expressed by the Jaccard index. Forty-three species were recorded, 21 of these being present in the lotic stretch, 21 in the transition stretch and 30 in the lentic stretch. Salvinia auriculata Aubl. and Paspalum repens P.J. Bergius occurred in 100% of the sampling units. The lotic and transition regions were predominantly colonized by emergent and amphibious macrophytes, whereas the lentic region was colonized by plants with floating and submersed habits. The analysis showed a high similarity (> 50%) between lotic and transition stretches, and low similarity (< 25%) between these and the lentic stretch.

Key-words:
floristics; habit; reservoirs; similarity

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

Referências

  • Agostinho, A.A.; Thomaz, S.M. & Gomes, L.C. 2005. Conservation of the biodiversity of Brazil's inland waters. Conservation Biology 19: 646-652.
  • APG II - Angiosperm Phylogeny Group. 2003. An update of the angiosperm phylogeny group classification of the orders and families of flowering plants: APG II. Botanical Journal of the Linnean Society 141: 399-436.
  • Balian, E.V.; Segers, H.; Lévèque, C. & Martens, K. 2008. The freshwater animal diversity assessment: an overview of the results. Hydrobiologia 595: 627-637.
  • Bini, L.M.; Oliveira, L.G.; Souza, D.C.; Carvalho, P & Pinto, M.P. 2005. Patterns of the aquatic macrophyte cover in Cachoeira Dourada Reservoir (GO-MG). Brazilian Journal of Biology 65: 19-24.
  • Buck, W.R. & Goffinet, B. 2000. Morphology and classification of mosses. In: Shaw, J.A. & Goffinet, B. (eds.). Bryophyte Biology. Cambridge University Press, Cambridge. Pp. 72-124.
  • Clarke, K.R.; Gorley, R.N. 2006. PRIMER Plymouth routines in multivariate ecological research. Ver. 6: User Manual/Tutorial. PRIMER-E, Plymout. 190p.
  • Costa, B.D.F. 2004. Caracterização ambiental e dimensionamento da capacidade de aproveitamento do Reservatório de Sobradinho para a instalação de tanques-rede. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife. 64p.
  • Esteves, F.A. 1998. Fundamentos de limnologia. 2ed. Interciência, Rio de Janeiro. 602p.
  • Ferreira, F.A.; Mormul, R.P.; Pedralli, G.; Pott, V.J.; Pott, A. 2010. Estrutura da comunidade de macrófitas aquáticas em três lagoas do Parque Estadual do Rio Doce, Minas Gerais, Brasil. Hoehnea 37: 43-52.
  • Ferreira, F.A.; Mormul, R.P.; Thomaz, S.M.; Pott, A. & Pott, V.J. 2011. Macrophytes in the upper Paraná river floodplain: checklist and comparison with other large South American wetlands. Revista de Biologia Tropical 59: 541-556.
  • Fidalgo, O. & Bononi, V.R.L. 1984. Técnicas de coleta, preservação e herborização de material botânico. Instituto de Botânica, São Paulo. 62p.
  • França, F.; Melo, E.; Neto, A.G.; Araújo, D.; Bezerra, M.; Ramos, H.M.; Castro, I. & Gomes, D. 2003. Flora vascular de açudes de uma região do semi-árido da Bahia, Brasil. Acta Botanica Brasilica 17: 549-559.
  • Godinho, A.L. & Godinho, H.P. 2003. Breve visão do São Francisco. In: Godinho, H.P. & Godinho, L.A. (eds.). Águas, peixes e pescadores do São Francisco das Minas Gerais. PUC-Minas, Belo Horizonte. Pp. 15-24.
  • Goetghebeur, P. 1998. Cyperaceae. In: Kubitzki, K. (ed.). The families and genera of vascular plants. Springer, Berlin. Pp. 141-190.
  • Govaerts, R.; Simpson, D.; Bruhl, J.; Egorova, T.; Goetghebeur, P. & Wilson, K. 2007. World checklist of Cyperaceae - Sedges. Royal Botanic Gardens, Kew. 765p.
  • Henry-Silva, G.G. & Camargo, A.F.M. 2005. Interações ecológicas entre as macrófitas aquáticas flutuantes Eichhornia crassipes e Pistia stratiotes Hoehnea 32: 445-452.
  • Henry-Silva, G.G.; Moura, R.S.T. & Dantas, L.L.O. 2010. Richness and distribution of aquatic macrophytes in Brazilian semi-arid aquatic ecosystems. Acta Limnologica Brasiliensia 22: 147-156.
  • Irgang, B.E.; Pedralli, G. & Waechter, J.I. 1984. Macrófitos aquáticos da Estação Ecológica do Taim, Rio Grande do Sul, Brasil. Roessleria 6: 395-404.
  • Julio-Jr, H.F.; Thomaz, S.M.; Agostinho, A.A. & Latini, J.D. 2005. Distribuição e caracterização dos reservatórios. In: Rodrigues, L.; Thomaz, S.M.; Agostinho, A.A. & Gomes, L.C. Biocenoses em reservatórios: padrões espaciais e temporais. Rima, São Carlos. Pp. 1-16.
  • Magurran, A.E. 2004. Measuring biological diversity. Blackwell Publishing, Malden. 256p.
  • Manly, B.F.J. 1997. Randomization, bootstrap and Monte Carlo methods in biology. 2ed. Chapman and Hall, London. 399p.
  • Marcondes, D.A.S.; Mustafá, A.F. & Tanaka, R.H. 2003. Estudos para manejo integrado de plantas aquáticas no reservatório de Jupiá. In: Thomaz, M.S. & Bini, M.L. Ecologia e manejo de macrófitas aquáticas. Eduem, Maringá. Pp. 299-318.
  • Mateucci, S.D. & Colma, A. 1982. La Metodologia para el Estudo de la Vegetacion. Collecion de Monografias Cientificas; Série Biologia 22: 1-168.
  • Moran, R.C. 1995. Salviniaceae. In: Davidse, G.; Sousa, M. & Knapp, S. (eds.). Flora Mesoamericana. Vol. 1. Universidad Nacional Autónoma de México, Ciudad de México. Pp. 1-395.
  • Mormul, R.P.; Ferreira, F.A.; Carvalho, P.; Michelan, T.S.; Silveira, M.J. & Thomaz, S.M. 2010. Aquatic macrophytes in the large, sub-tropical Itaipu Reservoir. Revista de Biologia Tropical 58: 1437-1452.
  • Moura-Júnior, E.G; Silva, S.S.L.; Lima, L.F.; Lima, P.B.; Almeida-Jr., E.B.; Pessoa, L.M.; Santos-Filho, F.S.; Medeiros, D.P.W.; Pimentel, R.M.M. & Zickel, C.S. 2009. Diversidade de plantas aquáticas vasculares em açudes do Parque Estadual de Dois Irmãos (PEDI), Recife-PE. Revista de Geografia 26: 178-293.
  • Moura-Júnior, E.G.; Abreu, M.C.; Severi, W. & Lira, G.A.S.T. 2010. Macroflora aquática do Reservatório Sobradinho - BA, trecho sub-médio do Rio São Francisco. In: Moura, A.M.; Araújo, E.L.; Bittencourt-Oliveira, M.C.; Pimentel, R.M.M. & Albuquerque, U.P. (eds.). Reservatórios do Nordeste do Brasil: biodiversidade, ecologia e manejo. Nuppea, Recife. Pp. 189-212.
  • Murphy K.J.; Dickinson, G.; Thomaz, S.M.; Bini, L.M.; Dick, K.; Greaves, K.; Kennedy, M.P.; Livingstone, S.; Mcferran, H.; Milne, J.M; Oldroyd, J. & Wingfield R.A. 2003. Aquatic plant communities and predictors of diversity in a sub-tropical river floodplain: the upper Rio Paraná, Brazil. Aquatic Botany 77: 257-276.
  • Neiff, J.J. 1975. Fluctuaciones anuales en la composition fitocenotica y biomassa de la hidrofitia en lagunas islenas del Paraná Medio. Ecosur 2: 153-183
  • Neiff, J.J. 1978. Fluctuaciones de la vegetacion acuatica em ambientes del valle de inundacion del Paraná medio. Physis 38: 41-53.
  • Neves, E.L.; Leite, K.R.B.; França, F. & Melo, E. 2006. Plantas aquáticas vasculares em uma lagoa de planície costeira no município de Candeias, Bahia, Brasil. Sitientibus, Série Ciências Biológicas 6: 24-29.
  • Pegorini, E.S.; Carneiro, C. & Andreoli, C.V. 2005. Mananciais de abastecimento público. In: Andreoli, C.V. & Carneiro, C. (eds.). Gestão integrada de mananciais de abastecimento eutrofizados. Sanepar/ Finep, Curitiba. Pp. 1-500.
  • Pereira, S.M.B.; Nascimento, P.R.F.; Sampaio, E.V.B.; Moura-Jr., A.M. & Oliveira-Carvalho, M.F. 2008. Monitoramento e manejo da macrófita aquática Egeria densa Planchon no nordeste brasileiro - Estudo de caso. In: Moura, A.N.; Araújo, E.L. & Albuquerque, U.P. (eds.). Biodiversidade, potencial econômico e processos eco-fisiológicos em ecossistemas nordestinos. Comunigraf, Recife. Pp. 209-234.
  • Pivari, M.O.D.; Salimena, F.R.G.; Pott, V.J. & Pott, A. 2008. Macrófitas aquáticas da Lagoa Silvana, Vale do Rio Doce, Minas Gerais, Brasil. Iheringia 63: 321-327.
  • Pompêo, M.L.M. 1999. Perspectivas da limnologia no Brasil. Gráfica e Editora União, São Luís. 191p.
  • Pompêo, M.L.M. & Moschini-Carlos. 2003. Macrófitas aquáticas e perifíton, aspectos ecológicos e metodológicos. Rima, São Carlos. 130p.
  • Pompêo, M.L.M. Monitoramento e manejo de macrófitas aquáticas. 2008. Oecologia Brasiliensis 12: 406-424.
  • Pott, V.J. & Pott, A. 2000. Plantas aquáticas do Pantanal. Embrapa, Brasília. 404p.
  • Pott, V.J. & Pott, A. 2003. Dinâmica da vegetação aquática do Pantanal. In: Thomaz, S.M. & Bini, L.M. (eds.). Ecologia e manejo de macrófitas aquáticas. Vol. 1. Eduem, Maringá. Pp. 145-162.
  • Santos, A.M. & Thomaz, S.M. 2007. Aquatic macrophytes diversity in lagoons of a tropical floodplain: the role of connectivity and water level. Austral Ecology 32: 177-190.
  • Silva, S.S.L. & Zickel, C.S. 2010. Macrófitas aquáticas: conceitos e metodologia para os reservatórios nordestinos. In: Moura, A.M.; Araújo, E.L.; Bittencourt-Oliveira, M.C.; Pimentel, R.M.M.; Albuquerque, U.P. (eds.). Reservatórios do Nordeste do Brasil: biodiversidade, ecologia e manejo. Nuppea, Recife. Pp. 71-186.
  • Smith, A.R.; Pryer, K.M.; Schuettpelz, E.; Korall, P.; Schneider, H. & Wolf, P.G. 2006. A classification for extant ferns. Taxon 55: 705-731.
  • Sobral-Leite, M.; Campelo, M.J.A.; Siqueira-Filho, J.A. & Silva, S.I. 2010. Checklist das macrofitas vasculares de Pernambuco: riqueza de especies, formas biologicas e consideracoes sobre distribuicao. In: Albuquerque, U.P.; Moura, A.N. & Araujo, E.L. (eds.). Biodiversidade, potencial econômico e processos ecofisiológicos em ecossistemas nordestinos. Vol. 2. Nuppez, Recife. Pp. 253-280.
  • Sousa, W.T.Z.; Thomaz, S.M. & Murphy, K.J. 2010. Response of native Egeria najas Planch. and invasive Hydrilla verticillata (L.f.) Royle to altered hydroecological regime in a subtropical river. Aquatic Botany 92: 40-48.
  • Ter Braak, C.J.F & Smilauer, P. 2002. CANOCO Reference and CanoDraw for Windows user's guide: Software for canonical community ordination. Microcomputer Power, Ithaca.
  • Thomaz, S.M.; Bini, L.M.; Souza, M.C.; Kita, K.K. & Camargo, A.F.M. 1999. Aquatic macrophytes of Itaipu Reservoir, Brazil: survey of species and ecological considerations. Brazilian Archives of Biology and Technology 42: 15-22.
  • Thomaz, S.M.; Souza, D.C. & Bini, L.M. 2003. Species richness and beta diversity of aquatic macrophytes in a large subtropical reservoir (Itaipu Reservoir, Brazil): the influence of limnology and morphometry. Hydrobiologia 505: 119-128.
  • Thomaz, S. M.; Carvalho, P.; Padial, A.A. & Kobayashi, J.T. 2009. Temporal and spatial patterns of aquatic macrophyte diversity in the Upper Paraná River floodplain. Brazilian Journal of Biology 69: 617-625.
  • Thomaz, S.M. & Cunha, E.R. 2010. The role of macrophytes in habitat structuring in aquatic ecosystems: methods of measurement, causes and consequences on animal assemblages' composition and biodiversity. Acta Limnologica Brasiliensia 22: 218-236.
  • Thornton, K.W. 1990. Perspectives on reservoir limnology. In: Thornton, K.W.; Kimmel, B.L. & Payne, F.E. (eds.). Reservoir limnology: ecological perspectives. Wiley-Interscience, New York. Pp. 1-13.
  • Tundisi, J.G. 2007. Exploração do potencial hidrelétrico da Amazonia. Estudos Avançados 21: 109-117.
  • Tundisi, J.G. & Tundisi, T.M. 2008. Limnologia. Oficina de Texto, São Paulo. 632p.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Oct-Dec 2011

Histórico

  • Recebido
    17 Jun 2011
  • Aceito
    02 Set 2011
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Rua Pacheco Leão, 915 - Jardim Botânico, 22460-030 Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Tel.: (55 21)3204-2148, Fax: (55 21) 3204-2071 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: rodriguesia@jbrj.gov.br