Acessibilidade / Reportar erro

Composição florística e fitossociologia de macrófitas aquáticas em um banhado continental em Rio Grande, RS, Brasil

Floristic composition and phytosociology of aquatic macrophytes in a continental wetland in Rio Grande, Rio Grande do Sul state, Brazil

Resumo

Este trabalho teve como objetivo realizar estudo florístico e fitossociológico de macrófitas aquáticas em um banhado continental. Foram distribuídas, sistematicamente, 100 parcelas de 1 m2 (intervalos de 1 m), em 10 transectos (20 m), no Banhado 25. Mensalmente, durante um ano, as plantas foram observadas in situ, coletadas, identificadas e classificadas quanto ao hábito e forma biológica. Para cada espécie registrada foram calculadas cobertura e frequência absoluta e relativa, e o índice de valor de importância (IVI). Foi analisada a similaridade da composição florística (índice de Sorensen) e aplicada regressão linear. Foram levantadas 82 espécies de macrófitas aquáticas vasculares, distribuídas em 33 famílias. Em riqueza de espécies, Cyperaceae (16 táxons), seguida de Poaceae e Asteraceae (12 táxons cada), mostraram maior contribuição. O hábito herbáceo (88%) e a forma biológica anfíbia (94%) foram os mais representativos. Scirpus giganteus Kunth apresentou o maior IVI (27,58%). Maiores índices de cobertura desta espécie demonstraram diminuição significativa na riqueza das espécies (r2 = 0,503; p < 0,0001). A alteração na composição florística da margem em relação ao interior do banhado ficou evidenciada pela análise de similaridade, formando dois grupos, possivelmente separados pelo grau de umidade do substrato.

Palavras-chave:
flora macrofítica; ambientes úmidos; zona costeira; Rio Grande do Sul

Abstract

This work aimed to study the floristics and phytosociology of aquatic macrophytes in a continental wetland. A total of, 100 plots, (1 m2) were distributed systematically (intervals of 1 m), in 10 transects (20 m), in the Banhado 25 area (31°59'33"S; 52°17'32"O). Monthly collection data over a one-year period included observing plants "in loco", collecting, identifying and classifying the plants according to habit and life form. For each species recorded we calculated absolute and relative frequency and coverage and importance value index (IVI). We analyzed the floristic similarity (Sorensen's index) and applied linear regression. The survey yielded 82 species of vascular aquatic macrophytes, belonging to 33 families. In species richness, Cyperaceae (16 taxa), followed by Poaceae and Asteraceae (12 taxa each), showed greater contribution. The herbaceous habit (88%) and amphibious life form (94%) were the most representative. Scirpus giganteus Kunth had the highest IVI (27.58%). Higher coverage rates of this species showed a significant decrease in species richness (r2 = 0.503; p < 0.0001). The change in floristic composition between margin and interior of the wetland was evidenced by similarity analysis, forming two groups, possibly separated by humidity.

Key word:
macrophytic flora; wet environment; coastal zone

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

Referências

  • Amaral, M.C.E.; Bittrich, V.; Faria, A.D.; Anderson, L.O. & Aona, L.Y.S. 2009. Guia de campo para plantas aquáticas e palustres do estado de São Paulo. Holos, São Paulo. 452p.
  • Amato, C.G.; Sponchiado, M. & Schwarzbold, A. 2007. Estrutura de uma comunidade de macrófitas aquáticas em um açude de contenção (São Jerônimo, RS). Revista Brasileira de Biociências 5: 828-830.
  • APG III. 2009. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III. Botanical Journal of the Linnean Society 161:105-121.
  • Barbier, E.B.; Acreman, M. & Knowler, D. 1997. Economic valuation of wetlands: a guide for policy makers and planners. Ramsar Convention Bureau; Department of Environmental Economics and Environmental Management; University of York; IUCN-the World Conservation Union, Cambridge. 135p.
  • Batista, T.L.; Canteiro, R.C.A.; Dorneles, L.P.P. & Colares, I.G. 2007. Levantamento florístico das comunidades vegetais na Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde, Rio Grande, RS. Revista Brasileira de Biociências 5: 225-227.
  • Bertoluci, V.D.M.; Rolon, A.S. & Maltchik, L. 2004. Diversidade de macrófitas aquáticas em áreas úmidas do município de São Leopoldo, Rio Grande do Sul. Pesquisas, série Botânica 54: 187-199.
  • Bove, C.P.; Gil, A.S.B.; Moreira, C.B. & Anjos, R.F.B. 2003. Hidrófitas fanerogâmicas de ecossistemas aquáticos temporários da planície costeira do estado do Rio de Janeiro, Brasil. Acta Botanica Brasilica 17: 119-135.
  • Braun-Blanquet, J. 1979. Fitossociologia: bases para el estúdio de lãs comunidades vegetales. H. Blum e Ediciones, Madrid. 820p.
  • Burger, M.I. Situação e ações prioritárias para a conservação de Banhados e áreas úmidas da zona costeira. Disponível em <http://www.anp.gov.br/brasilrounds/round7/round7/guias_r7/sismica_r7/refere/Banhados.pdf> Acesso em Ago 2010.
    » http://www.anp.gov.br/brasilrounds/round7/round7/guias_r7/sismica_r7/refere/Banhados.pdf
  • Cabrera, A.L. & Fabris, H.A. 1948. Plantas acuaticas de la Provincia de Buenos Aires. Tomo v. 2. Publicaciones Tecnicas. 131p.
  • Carvalho, A.B.P. & Ozório, C.P. 2007. Avaliação sobre os banhados do Rio Grande do Sul, Brasil. Revista de Ciências Ambientais 1: 83-95.
  • Cervi, A.C.; Bona, C.; Moço, M.C.C. & Von Linsingen, L. 2009. Macrófita aquáticas do município de General Carneiro, Paraná, Brasil. Biota Neotropica 9: 1-8.
  • Cook, C.D.K. 1996. Aquatic plant book. SBP Academic Publishing, The Hague. 228p.
  • Cordazzo, C.V. & Seeliger, U. 1988. Guia ilustrado da vegetação costeira no extremo sul do Brasil. Ed. FURG, Rio Grande. 107p.
  • Costa, C.S.B.; Irgang, B.E.; Peixoto, A.R. & Marangoni, J.C. 2003. Composição florística das formações vegetais sobre uma turfeira topotrófica da planície costeira do Rio Grande do Sul, Brasil. Acta Botanica Brasilica 17: 203-212.
  • Esteves, F.A. 1998. Fundamentos de limnologia. Interciência, Rio de Janeiro. 602p.
  • Forzza, R.C. et al. 2010. Lista de espécies da flora do Brasil. Disponível em <http://floradobrasil.jbrj. gov.br/2010/>. Acesso em Set 2010.
    » http://floradobrasil.jbrj. gov.br/2010/
  • Getzner, M. 2002. Investigating public decisions about protecting wetlands. Journal of Environmental Management 64: 237-246.
  • Hammer, O.; Harper, D.A.T & Ryan, P.D. 2001. PAST: Paleontological statistics software package for education and data analysis. Palaeontologia Eletronica 4: 1-9. Disponível em <http://folk.uio.no/ohammer/past>. Acesso em Set 2010.
    » http://folk.uio.no/ohammer/past
  • Holland, M.M.; Risser, P.G. & Naiman, R.J. 1991. Ecotones: the role of landscape boundaries in the management and restoration of changing environment. Chapman & Hall, New York. 144p
  • Irgang, B.E. & Gastal Jr, C.V.S. 1996. Plantas aquáticas da planície costeira do Rio Grande do Sul. UFRGS, Porto Alegre. 290p.
  • Irgang, B.E.; Pedralli, G. & Waechter, J.L. 1984. Macrófitas aquáticas da Estação Ecológica do Taim, Rio Grande do Sul, Brasil. Roeesleria 6: 935-404.
  • Kandus, E. & Adamoli, J.M. 1993. Freshwater marsh vegetation response to flooding patterns in the lower delta of the Parana river. Wetlands Ecology and Management 2: 213-222.
  • Kita, K.K. & Souza, M.C. 2003. Levantamento florístico e fitofisionomia da lagoa Figueira e seu entorno, planície alagável do alto rio Paraná, Porto Rico, estado do Paraná, Brasil. Acta Scientiarum: Biological Sciences 25: 145-155.
  • Kozera, C.; Kuniyoshi, Y.S.; Galvão, F. & Curcio, G.R. 2009. Composição florística de uma mata pioneira com influência fluvial em Balsa Nova, Paraná, Brasil. Floresta 39: 309-322.
  • Krusche, N.; Saraiva, J.M.B & Reboita, M.S. 2002. Normas climatológicas de 1991 a 2000 para Rio Grande, RS. Universidade Federal de Santa Maria. 84p.
  • Lisbôa, F.F. & Gastal C.V.S. 2003. Levantamento das macrófitas aquáticas na beira do Lago Guaíba no município de Guaíba, RS/Brasil. Caderno de Pesquisa, série Biologia 15: 17-27.
  • Lima, F.P.; Schneider, A.A. & Matzenbacher, N.I. 2006. Nota sobre a ocorrência de Enydra sessilis (SW.) DC. (Asteraceae - Heliantheae) para o estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Pesquisas, série Botânica 57: 153-156.
  • Maltchik, L.; Rolon, A.S.; Guadagnin, D.L.; & Stenert, C. 2004. Wetlands of Rio Grande do Sul, Brazil: a classification with emphasis on plant communities. Acta Limnologica Brasiliensia 16: 137-151.
  • Matias, L.Q.; Amado, E.R. & Nunes, E.P. 2003. Macrófitas aquáticas da Lagoa de Jijoca de Jericoacoara, Ceará, Brasil. Acta Botanica Brasilica 17: 623-631.
  • Mauhs, J.; Marchioretto, M.S. & Budke, J.C. 2008. Riqueza e biomassa de macrófitas aquáticas em área úmida na planície costeira do Rio Grande do Sul, Brasil. Pesquisas, série Botânica 57: 289-302.
  • Moura-Junior, E.D.; Silva, S.S.L.; Lima, L.F.; Lima, P.B.; Almeida Jr., E.B.; Pessoa, M.L.; Santos-Filho, F.S.; Medeiros, D.P.W.; Pimentel, R.M.M. & Zickel, C.S. 2009. Diversidade de plantas aquáticas vasculares em açudes do parque estadual de Dois Irmãos (PEDI), Recife-PE. Revista de Geografia 26: 278-293.
  • Müeller-Dombois, D. & Ellenberg, H. 1974. Aims and methods of vegetation ecology. John Wiley, New York. 547p.
  • Neiff, J.J. 1997. El régimen de pulsos em ríos y grandes humedales de Sudamérica. In: Malvarez, A.I. & Kandus P. (eds.). Tópicos sobre grandes humedales sudamericanos. ORCYT-MAB (UNESCO), Montevideo. 106p.
  • Pivari, M.O.D.; Salimena, F.R.G.; Pott, V.J. & Pott, A. 2008. Macrófitas aquáticas da lagoa Silvana, Vale do Rio Doce, Minas Gerais, Brasil. Iheringia, Série Botânica 63: 321-327.
  • Pott, V.J.; Bueno, N.C.; Pereira, R.A.C.; De Salis, S.M. & Vieira, N.L. 1989. Distribuição de macrófitas aquáticas numa lagoa na fazenda Nhumirim, Nhecolândia, Pantanal, MS. Acta Botanica Brasilica 3: 153-168.
  • Ritter, M.R. & Baptista, L.R. de M. 2005. Levantamento florístico da família Asteraceae na "Casa de Pedra" e áreas adjacentes, Bagé, Rio Grande do Sul. Iheringia, Série Botânica 60: 5-10.
  • Rocha, C.G.; Resende, U.M. & Lugnani, J.S. 2007. Diversidade de macrófitas em Ambientes aquáticos do IPPAN na Fazenda Santa Emília, Aquidauana, MS. Revista Brasileira de Biociências 5: 456-458.
  • Rolon, A.S.; Homem, H.F. & Maltchik, L. 2010. Aquatic macrophytes in natural and managed wetlands of Rio Grande do Sul State, Southern Brazil. Acta Limnologica Brasiliensia 22: 133-146.
  • Schwarzbold, A. & Schäfer, A. 1984. Gênese e morfologia das lagoas costeiras do Rio Grande do Sul. Amazoniana 9: 87-104.
  • Seeliger, U.; Odebrecht, C. & Castello, J.P. 1998. Os ecossistemas costeiro e marinho do extremo sul do Brasil. Ecoscientia, Rio Grande. 326p.
  • Spellmeier, J.; Périco, E. & Freitas, E.M. 2009. Composição florística de um banhado no município de Estrela/Rio Grande do Sul. Pesquisas, série Botânica 60: 367-381.
  • Thomaz, S.M. 2002. Fatores ecológicos associados à colonização e ao desenvolvimento de macrófitas aquáticas e desafios de manejo. Planta Daninha 20: 21-34.
  • Thomaz, S.M. & Bini, L.M. 2003. Análise crítica dos estudos sobre macrófitas aquáticas desenvolvidos no Brasil. Thomaz, S.M. & Bini, L.M. (eds.). Ecologia e manejo de macrófitas aquáticas. EdUEM, Maringá. Pp. 19-38.
  • Thomaz, S.M.; Carvalho, P.; Padial, A.A. & Kobayashi, J.T. 2009. Temporal and spatial patterns of aquatic macrophyte diversity in the Upper Paraná River floodplain. Brazilian Journal of Biology 69: 617-625.
  • Tropicos W3. 2010. MOBOT - Missouri Botanical Garden. Disponível em <http://www.mobot.org>. Acesso em Set 2010.
    » http://www.mobot.org
  • Welker, C.A.D. & Longhi-Wagner, H.M. 2007. A família Poaceae no Morro Santana, Rio Grande do Sul, Brasil. Revista Brasileira de Biociências 5: 53-92.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Oct-Dec 2011

Histórico

  • Recebido
    15 Mar 2011
  • Aceito
    09 Ago 2011
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Rua Pacheco Leão, 915 - Jardim Botânico, 22460-030 Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Tel.: (55 21)3204-2148, Fax: (55 21) 3204-2071 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: rodriguesia@jbrj.gov.br