Resumos
O Cariri Paraibano, situado numa depressão do Planalto da Borborema na Paraíba, é considerado uma das áreas prioritárias para a conservação da Caatinga. O presente trabalho teve como objetivo realizar o levantamento e caracterização das espécies de Rubiaceae presentes no Cariri Paraibano, visando contribuir com a taxonomia da família e com os estudos florísticos na região. Foram identificados 15 gêneros (Borreria, Chiococca, Cordiera, Coutarea, Diodella, Guettarda, Leptoscella, Manettia, Mitracarpus, Oldenlandia, Randia, Richardia, Spermacoce, Staelia e Tocoyena,) e 21 espécies de Rubiaceae na área. Apresenta-se uma chave para identificação das espécies bem como descrições, ilustrações e comentários sobre as espécies estudadas.
caatinga; flora; semiárido
The Cariri region of Paraíba, situated in a depression of the Borborema plateau, is considered to be a priority area for caatinga conservation. The objective of this study was to survey the Rubiaceae of the Cariri region of Paraíba, thus contributing to our knowledge of the region's flora. Fifteen genera (Borreria, Chiococca, Cordiera, Coutarea, Diodella, Guettarda, Leptoscella, Manettia, Mitracarpus, Oldenlandia, Randia, Richardia, Spermacoce, Staelia and Tocoyena) comprising 21 species were found and identified. The study also includes a key to species and descriptions, illustrations and comments of each species studied.
caatinga; flora; semiarid
ARTIGOS ORIGINAIS
A família Rubiaceae Juss. no Cariri Paraibano1 1 Parte da Dissertação de Mestrado da primeira autora 2 Autora para correspondência: mariadoceoster@gmail.com
The family Rubiaceae Juss. in the Cariri region of Paraíba
Maria do Céo Rodrigues PessoaI,2 1 Parte da Dissertação de Mestrado da primeira autora 2 Autora para correspondência: mariadoceoster@gmail.com ; Maria Regina de V. BarbosaII
IPrograma de Pós-Graduação em Biologia Vegetal, Universidade Federal de Pernambuco, Depto. Botânica, CCB, R. Prof. Nelson Chaves, s/n, Cidade Universitária, 50670-901, Recife, PE, Brasil
IIUniversidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências Exatas e da Natureza, Depto. Sistemática e Ecologia, C.P. 5065, 58051-970, João Pessoa, PB, Brasil
RESUMO
O Cariri Paraibano, situado numa depressão do Planalto da Borborema na Paraíba, é considerado uma das áreas prioritárias para a conservação da Caatinga. O presente trabalho teve como objetivo realizar o levantamento e caracterização das espécies de Rubiaceae presentes no Cariri Paraibano, visando contribuir com a taxonomia da família e com os estudos florísticos na região. Foram identificados 15 gêneros (Borreria, Chiococca, Cordiera, Coutarea, Diodella, Guettarda, Leptoscella, Manettia, Mitracarpus, Oldenlandia, Randia, Richardia, Spermacoce, Staelia e Tocoyena,) e 21 espécies de Rubiaceae na área. Apresenta-se uma chave para identificação das espécies bem como descrições, ilustrações e comentários sobre as espécies estudadas.
Palavras-chave: caatinga, flora, semiárido.
ABSTRACT
The Cariri region of Paraíba, situated in a depression of the Borborema plateau, is considered to be a priority area for caatinga conservation. The objective of this study was to survey the Rubiaceae of the Cariri region of Paraíba, thus contributing to our knowledge of the region's flora. Fifteen genera (Borreria, Chiococca, Cordiera, Coutarea, Diodella, Guettarda, Leptoscella, Manettia, Mitracarpus, Oldenlandia, Randia, Richardia, Spermacoce, Staelia and Tocoyena) comprising 21 species were found and identified. The study also includes a key to species and descriptions, illustrations and comments of each species studied.
Key words: caatinga, flora, semiarid.
Introdução
Rubiaceae, considerada uma das principais famílias da flora brasileira, está presente em todos os domínios fitogeográficos no país, nos quais são reconhecidos 118 gêneros e 1.347 espécies (Barbosa et al. 2010). Na Região Nordeste a família é citada entre as mais diversas e está representada por 66 gêneros e 309 espécies (Barbosa et al. 2006). Contudo, o conhecimento sobre a riqueza de Rubiaceae na Caatinga é ainda incipiente, sendo as informações oriundas principalmente de listas florísticas. Barbosa & Zappi (2002) citam 53 taxa de Rubiaceae para o bioma, os quais variam de endêmicas (16 spp.) até predominantemente também em outros tipos de vegetação.
Na Paraíba, a família Rubiaceae foi estudada por Barbosa (1995, 1997), Pereira (1996), Pereira & Barbosa (2004, 2006) e Melo & Barbosa (2007), principalmente em áreas de Mata Atlântica. O conhecimento sobre a diversidade de Rubiaceae nas áreas de Caatinga paraibana é ainda restrito, apesar da reconhecida importância deste bioma que ocupa 72% do território estadual (SUDEMA 1992).
O presente trabalho teve como objetivo realizar o tratamento taxonômico das espécies da família Rubiaceae presentes em uma das regiões mais ameaçadas na Caatinga paraibana, contribuindo dessa forma para o conhecimento de sua diversidade no estado e no bioma, fornecendo subsídios para a conservação e uso sustentável da vegetação do Cariri Paraibano.
Material e Métodos
Área de Estudo
O Cariri Paraibano possui uma área de aproximadamente 11.689 Km², localizada numa depressão do planalto da Borborema, no centro-sul do estado da Paraíba (Moreira 1988). É considerado uma das áreas prioritárias para a conservação da Caatinga, dado o seu elevado grau de instabilidade e insuficiência de conhecimento científico (Velloso et al. 2002).
Seu relevo é bastante heterogêneo, dividido basicamente em duas unidades, terrenos dissecados e o nível da Borborema, ca. 500 m alt. (Lima & Melo 1985). O clima é quente e semiárido com temperatura média anual de 26ºC e umidade relativa do ar não ultrapassando 75% (Carvalho et al. 2000). Uma das principais características da região é a irregularidade pluviométrica, com chuvas concentradas e a ocorrência de secas prolongadas, podendo ocorrer médias anuais extremas de 350 mm/ano, os mais baixos índices pluviométricos do Brasil (Moreira, 1988; Carvalho et al. 2000). A vegetação é predominantemente de caatinga, podendo ser considerada, em áreas bem preservadas, diversa e rica em espécies (Barbosa et al. 2007).
Assim como em todo o bioma Caatinga, o Cariri apresenta poucas Unidades de Conservação, principalmente as de proteção integral (SUDEMA 1992), e as áreas remanescentes de vegetação nativa em bom estado de conservação são cada vez mais escassas.
Metodologia
O trabalho de campo teve início em julho de 2007 e se estendeu até julho de 2008. Nesse período foram realizadas observações e coletas mensais de material botânico fértil para posterior estudo e registro em herbário, abrangendo tanto a estação seca quanto a chuvosa. As coletas foram realizadas, de forma aleatória e direcionadas aos espécimes da família, em nove municípios do Cariri Paraibano (Cabaceiras, Camalaú, Caturité, Monteiro, São João do Cariri, São João do Tigre, São José dos Cordeiros, Serra Branca e Sumé), priorizando áreas que apresentassem remanescentes de vegetação em bom estado de conservação e/ou que fossem Unidades de Conservação. O material coletado foi herborizado e depositado no herbário Lauro Pires Xavier (JPB), com duplicatas no herbário Geraldo Mariz (UFP).
A identificação dos taxa foi efetuada após a análise morfológica detalhada do material botânico, com o auxílio da literatura especializada (revisões e/ou estudos taxonômicos), consulta às descrições originais das espécies, bem como a tipos e/ou fotografias dos tipos e coleções históricas de outros herbários. Foram consultados os herbários CEPEC, EAN, HRB, HUEFS, IPA, JPB, PEUFR, RB, UESC e UFP, a fim de verificar a distribuição geográfica das espécies, dados acerca da floração e frutificação, bem como informações complementares sobre o habitat e forma de vida das espécies.
As descrições, chave e o tratamento taxonômico foram baseados exclusivamente no material coletado no Cariri Paraibano, com exceção de Manettia cordifolia Mart. e Randia armata Müll. Arg. que tiveram suas descrições complementadas com auxílio da literatura (Macias 1998; Schumann 1889, Jung-Mendaçolli & Anunciação 2007), e Guettarda sericea cuja descrição contemplou material adicional de outra área. Para a confecção das pranchas foram selecionados e utilizados caracteres diagnósticos ou diferenciais dos táxons. A terminologia utilizada nas descrições morfológicas baseou-se, principalmente em Radford et al. (1974).
Resultados e Discussão
Foram identificadas no Cariri Paraibano 21 espécies pertencentes a 15 gêneros. Borreria G. Mey. e Mitracarpus Zucc. foram os gêneros que apresentaram maior riqueza de espécies (três cada), seguidos por Guettarda L. e Tocoyena Aubl. (duas cada).
Dentre as espécies estudadas, de acordo com Barbosa & Zappi (2002), são endêmicas com distribuição ampla na caatinga: Guettarda angelica Mart. ex Müll. Arg., G. sericea Müll. Arg., Leptoscela ruellioides Hook. f. e Oldenlandia tenuis K. Schum.. Mitracarpus baturitensis Sucre é predominantemente de caatinga, mas ocorre em outros tipos de vegetação (Souza et al. 2010). Borreria scabiosoides Cham. & Schltdl., Coutarea hexandra (Jacq.) K. Schum., Diodella apiculata (Willd. ex Roem. & Schult.) Delprete, Mitracarpus frigidus (Willd. ex Roem. & Schult.) K. Schum., Richardia grandiflora (Cham. & Schltdl.) Steud., Staelia virgata (Link ex Roem. & Schult.) K.Schum., Tocoyena formosa (Cham. & Schltdl.) K. Schum. e T. sellowiana (Cham. & Schltdl.) K. Schum., ainda de acordo com Barbosa & Zappi (2002), são espécies predominantemente de outros tipos de vegetação, mas que também ocorrem na caatinga. As demais espécies (Borreria brownii (Rusby) Standl., B. verticillata (L.) G. Mey., Chiococca alba (L.) Hitchc., Cordiera rigida (K. Schum.) Kuntze, Manettia cordifolia Mart., Mitracarpus salzmaniannus DC., Randia armata (Sw.) DC. e Spermacoce tenuior L.), apesar de não terem sido referidas por Barbosa & Zappi (2002) para a Caatinga, embora predominantemente de outros tipos de vegetação, também ocorrem no bioma.
Quanto ao status de conservação nenhuma das espécies estudadas foi considerada como ameaçada, de acordo com os critérios da IUCN (2001).
Tratamento Taxonômico
Rubiaceae Juss.
Árvores, arvoretas, arbustos, subarbustos escandentes ou não, ou ervas, dioicas ou monoicas, armadas ou inermes, caules e ramos cilíndricos ou angulosos, lisos ou estriados. Estípulas interpeciolares, inteiras ou fimbriadas, livres ou unidas formando uma bainha, persistentes ou caducas. Folhas simples, opostas, sésseis ou pecioladas, lineares, elípticas, lanceoladas, oblongo-lanceoladas, obovado-lanceoladas, oblongas, ovadas ou obovadas, com ou sem domácias. Inflorescências sésseis ou pedunculadas, racemosas ou cimosas, terminais, subterminais ou axilares, com ou sem brácteas. Flores (3)46-meras, andróginas ou unissexuais, sésseis ou pediceladas, actinomorfas, raro zigomorfa (Coutarea) com prefloração valvar, imbricada ou contorta; cálice subulado, cupuliforme, truncado, campanulado, persistente ou caduco; corola tubulosa, clavado-tubulosa, infundibuliforme, hipocrateriforme ou campanulada, branca, alvo-amarelada, rubra, lilás, rosada, ou vinácea. Estames exsertos ou inclusos, alternos aos lobos da corola, epipétalos. Ovário ínfero, bi-multilocular, um a muitos óvulos por lóculo, estilete inteiro ou trífido, exserto ou incluso; estigma capitado, capitado-bilobado, bilobado, bífido, bifurcado-sagitado ou bilamelado. Frutos deiscentes ou não, bagas, drupas, cápsulas ou esquizocarpos.
Chave para identificação das espécies de Rubiaceae presentes no Cariri Paraibano
Árvores, arvoretas, arbustos ou subarbustos eretos ou escandentes; estípulas livres ou conatas apenas na base, triangulares ou deltoides
Arbustos ou subarbustos escandentes
Flores 4-meras, corola clavado-tubulosa, estigma bífido, lóculos do ovário pluriovulados; cápsulas septicidas, oblongas ......... 11. Manettia cordifolia
Flores 5-meras, corola campanulada, estigma bilobado, lóculos do ovário uniovulados; drupas orbiculares ............................... 4. Chiococca alba
Árvores, arvoretas ou arbustos eretos.
Plantas dioicas; flores unissexuadas.
Arvoreta ou arbusto com ramos armados no ápice (4 espinhos); pecíolo 57 mm compr. ..................................... 16. Randia armata
Arbusto inerme; pecíolo 0,33 mm compr. .............. 5. Cordiera rigida
Plantas monoicas; flores andróginas.
Corola campanulada ou infundibuliforme; fruto comprimido dorsiventralmente.
Corola infundibuliforme, maior do que 3 cm compr., tubo geralmente curvo; cápsula loculicida ......... 6. Coutarea hexandra
Corola campanulada, até 1 cm compr., tubo não curvo; drupa ............................................................... 4. Chiococca alba
Corola tubulosa ou hipocrateriforme; fruto não comprimido dorsiventralmente.
Cimas dicotômicas; ovário tetralocular, uniovulado; drupas oblongas ou globosas
Flores 4-meras, estames inseridos na porção mediana do tubo; drupa oblonga .......................... 9. Guettarda sericea
Flores 56 meras, estames inseridos junto à fauce; drupa globosa .......................................... 8. Guettarda angelica
Dicásios; ovário bilocular, pluriovulado; bagas.
Folhas com indumento em ambas as faces; estípulas caducas ................................................... 20. Tocoyena formosa
Folhas glabras, lustrosas em ambas as faces; estípulas persistentes ................................ 21. Tocoyena sellowiana
Ervas ou subarbustos eretos, decumbentes ou prostrados; estípulas conatas formando uma bainha fimbriada
Lóculos do ovário pluriovulados
Cápsula loculicida com deiscência apical ............... 15. Oldenlandia tenuis
Cápsula septicida ......................................... 10. Leptoscela ruellioides
Lóculos do ovário uniovulados.
Ovário trilocular, estilete trífido; esquizocarpos com três mericarpos ................................................................. 17. Richardia grandiflora
Ovário bilocular, estilete inteiro; esquizocarpos com dois mericarpos ou cápsulas septicidas.
Esquizocarpos com dois mericarpos ................... 7. Diodella apiculata
Cápsulas septicidas.
Corola ciatiforme; sementes com numerosos sulcos tranversais .............................................................. 1. Borreria brownii
Corola infundibuliforme, hipocrateriforme ou tubulosa; sementes sem sulcos transversais
Cápsulas com deiscência circuncisa ou transverso-oblíqua.
Frutos com deiscência transverso-oblíqua, separando-se por duas valvas apicais .................... 19. Staelia virgata
Frutos com deiscência circuncisa, separando-se por uma porção apical em forma de mitra.
Sementes com depressão ventral em forma de "Y" invertido .................. 14. Mitracarpus salzmanianus
Sementes com depressão ventral em forma de "X".
Erva ereta, 840 cm alt.; cápsula globosa ........................... 12. Mitracarpus baturitensis
Subarbusto 0,41 m alt.; cápsula obcônica ................................. 13. Mitracarpus frigidus
Cápsulas com deiscência longitudinal.
Erva palustre; caule inflado .............. 2. B. scabiosoides
Erva ou subarbusto terrestre; caule não inflado.
Estigma bilobado; fruto separando-se em dois mericarpos, ambos deiscentes no ápice ......................................... 3. Borreria verticillata
1. Borreria brownii (Rusby) Standl., Publ. Field Mus. Nat. Hist., Bot. Ser. 7: 333. 1931. Fig.1a-c
Erva, ereta, 2035 cm alt., ramificada; caule anguloso, verde, pubescente. Bainha estipular 34,3 mm compr., fimbriada, pubérula ou pubescente, 79(11)-laciniada, lacínios 3,34 mm compr., glandulosos. Folhas opostas, sésseis; lâmina 67 × 2,52,8 cm, elíptica ou lanceolada, ápice agudo a cuspidado, base atenuada, margem serreada a serrilhada, membranácea, face superior com tricomas longos e esparsos, face inferior estrigosa ao longo das nervuras; nervura principal proeminente, nervuras secundárias 46 pares. Glomérulos terminais ou subterminais, sésseis, paucifloros; 2 brácteas foliáceas. Flores andróginas, 4-meras, subsésseis; botões florais com ápice agudo. Cálice subulado, 4-laciniado, lacínios subiguais 0,71,6 mm compr. ou desiguais dois a dois, os maiores 0,71,6 mm compr., os menores ca. 0,8 mm compr., glabro, ápice agudo, margem pectinado-ciliada; hipanto ca. 2,3 mm compr., turbinado, piloso no terço superior. Corola ciatiforme, prefloração valvar, branca, externamente pubérulo-papilosa, internamente pubérula com anel de tricomas moniliformes junto à fauce; tubo estreito, 1,51,7 mm larg.; lobos 0,81 mm compr., oblongos. Estames exsertos, inseridos junto à fauce; filetes 0,30,4 mm compr.; anteras ca. 0,4 mm compr. Ovário bilocular, lóculo uniovulado; estilete 1,82 mm compr., inteiro, exserto, glabro; estigma capitado-bilobado; disco inconspícuo, bilobado, glabro. Cápsula septicida, ca. 3 mm compr., elipsoide, pilosa no terço superior, carpelos unidos na base, deiscentes no ápice; lobos do cálice persistentes. Sementes 1,62 mm compr., oblongas, exotesta fovéolo-reticulada, face dorsal com numerosos sulcos transversais, face ventral com sulco longitudinal amplo, parcialmente coberto por estrofíolo.
Material selecionado: PARAÍBA: Monteiro, Serra de Jabitacá, 12.VI.2008, fl. e fr., M.C. Pessoa et al. 437 (JPB). Serra do Perú, 21.V.2008, fl. e fr., M.C. Pessoa & P.C. Gadelha-Neto 386 (JPB). São João do Tigre, 17.V.2008, fl. e fr., M.C. Pessoa & J.R. Lima 360 (JPB).
Borreria brownii está inserida na Serie Laeves a qual reúne espécies com sementes transversalmente sulcadas, podendo variar o número de sulcos. Ocorre no México, Guatemala, Costa Rica, Venezuela, Brasil, Bolívia e Argentina (Cabral & Bacigalupo 1999). No Brasil tem referência para o Cerrado e a Caatinga. No Cariri paraibano foi coletada apenas na caatinga sensu stricto. Floresce e frutifica de maio a julho. Distingue-se facilmente das demais espécies de Borreria que ocorrem no Cariri, por apresentar corola ciatiforme com tubo muito estreito na base e os tricomas no ápice dos lobos.
2. Borreria scabiosoides Cham. & Schltdl., Linnaea 3: 318. 1828.
Erva palustre, ereta ou decumbente, 0,81,5 m alt., ramificada; caule cilíndrico, vináceo ou verde-avermelhado, inflado na região dos nós, glabro. Bainha estipular 68 mm compr., fimbriada, glabra, 48 laciniada, lacínios 5,36 mm compr., não-glandulosos. Folhas opostas, sésseis, lâmina 68 × 0,50,8 cm, linear a lanceolada, ápice agudo, base atenuada, margem revoluta, cartácea, escabra em ambas as faces; nervura principal proeminente e com dentículos na face inferior, nervuras secundárias 34 pares. Glomérulos axilares ou terminais, sésseis, multifloros; 2 brácteas foliáceas. Flores andróginas, 4-meras, sésseis; botões florais com ápice obtuso. Cálice subulado, 4-laciniado, lacínios iguais entre si, 22,5 mm compr., pubérulo a escabro, margem ciliada; hipanto 2,5 mm compr., oblongo, piloso no ápice. Corola infundibuliforme, prefloração valvar, branca, lilás no ápice dos lobos, externamente pubérulo-papilosa, internamente com um anel delgado de tricomas no terço inferior do tubo; tubo 2,54 mm compr.; lobos 22,3 mm compr., triangulares. Estames exsertos, inseridos à fauce; filetes 12 mm compr., glabros; anteras 11,2 mm compr. Ovário bilocular, lóculo uniovulado; estilete 57 mm compr., inteiro, exserto, glabro; estigma capitado-bilobado; disco bipartido, glabro. Cápsula septicida 34 mm compr., oblonga, pubérula a escabra, 2 mericarpos, deiscentes do ápice até a região mediana ou totalmente deiscentes; lobos do cálice persistentes. Sementes ca. 2,3 mm compr., lineares a oblongas, exotesta foveolada, sulcos transversais ausentes, sulco longitudinal coberto por estrofíolo.
Material examinado: PARAÍBA: Monteiro, 11.VI.2008, fl. e fr., M.C. Pessoa et al. 406 (JPB).
Borreria scabiosoides tem distribuição neotropical (Andersson 1992; Lorence 1999). É uma espécie comumente encontrada em ambientes úmidos na Mata Atlântica, Floresta Amazônica, Caatinga e Cerrado. No Cariri foi encontrada uma população às margens de uma lagoa temporária, florida e frutificada, no mês de junho. É fácil diferenciá-la das demais espécies do gênero Borreria que ocorrem na região por ser a única espécie palustre.
3. Borreria verticillata (L.) G. Mey., Prim. Fl. Esseq. 83. 1818.
Erva ou subarbusto ereto, 1560 cm alt., ramificada; caule anguloso, tetrangular, verde, verde-amarelado a castanho, fistuloso, pubérulo, glabrescente próximo à base, denticulado ao longo dos ângulos. Bainha estipular, 1,63,3 mm compr., fimbriada, pubérula a pilosa, 710 laciniada, lacínios 38 mm compr., glandulosos. Folhas opostas, sésseis; lâmina foliar 2,28,3 × 0,52 cm, estreitamente elíptica, elíptica ou lanceolada, ápice apiculado, agudo a acuminado, base atenuada, margem denticulada, membranácea a cartácea, face superior escabra a estrigosa, face inferior esparsamente estrigosa, ligeiramente pilosa ao longo da nervura principal; nervura principal bastante proeminente na face inferior, nervuras secundárias 23(6) pares. Glomérulos axilares ou terminais, sésseis ou subsésseis, multifloros; 24 brácteas foliáceas. Flores andróginas, 4-meras, sésseis ou subsésseis; botões florais com ápice obtuso. Cálice subulado, 24-laciniado, lacínios subiguais 1,22,5 mm compr., ou desiguais dois a dois, os maiores ca. 2 mm compr., os menores ca. 1,2 mm compr., pubescentes, margem longo-laciniada; hipanto 12 mm compr., oblongo, pubérulo. Corola infundibuliforme, prefloração valvar, branca, externamente glabra ou papilosa, internamente com um anel de tricomas na fauce; tubo 0,51,8 mm compr., lobos 0,71,7 mm compr., triangulares.. Estames exsertos, inseridos junto à fauce; filetes 0,61,3 mm compr., glabros; anteras 0,51,2 mm compr. Ovário bilocular, lóculo uniovulado; estilete 1,53,8 mm compr., inteiro, exserto, glabro; estigma bilobado; disco bipartido, papiloso. Cápsula septicida, 1,83 mm compr., elipsoide, pubérula a escabra, carpelos unidos na base, deiscentes no ápice; lobos do cálice persistentes. Sementes 11,5 mm compr., oblongas a elipsoides, exotesta foveolada, sulco transversal ausente, sulco longitudinal amplo coberto por estrofíolo.
Material selecionado: PARAÍBA: São João do Tigre, APA das Onças, 17.V.2008, fl. e fr., M.C. Pessoa & J. R. Lima 359 (JPB); 13.VI.2008, fl. e fr., M.C. Pessoa et al. 443 (JPB).
Borreria verticillata é uma espécie ruderal de distribuição neotropical (Andersson 1992). No Cariri paraibano foi coletada apenas no município de São João do Tigre, em áreas perturbadas. É conhecida popularmente como vassourinha-de-botão. Caracteriza-se pelas inflorescências bracteadas, e frutos capsulares com deiscência septicida, separando-se em duas porções deiscentes.
4. Chiococca alba (L.) Hitch., Annual Rep. Missouri Bot. Gard. 4: 94. 1893.
Arbusto ereto ou escandente, 11,5 m alt.; ramos cilíndricos, espessos nos nós, estriados, castanho-acinzentados, glabros a glabrescentes. Estípulas 26,5 mm compr., inteiras, triangulares, ápice agudo a aristado, glabrescentes ou pubérulas externamente, glabras internamente, com coléteres. Folhas opostas; lâmina 46,5 × 23,6 cm, oblongo-ovada, ápice agudo, base atenuada, margem inteira, membranácea, face superior glabra, face inferior pubescente; nervura principal pouco proeminente, nervuras secundárias 35 pares; pecíolo 1,32 mm compr., pubescente. Racemos axilares, 36 flores dispostas unilateralmente; pedúnculo 0,52 cm compr., glabro a pubescente. Flores andróginas, 5-meras, pedicelo 1,22,5 mm compr., glabro a pubescente; botões florais com ápice agudo. Cálice subulado, 5-laciniado, lacínios 11,5 mm compr., hirsuto, margem longo-ciliada; hipanto 1,52 mm compr., globoso, glabro. Corola campanulada, prefloração imbricada, amarelada, glabra externamente e internamente com um anel de tricomas no terço inferior; tubo 4,55 mm compr., lobos 1,22,2 mm compr., triangulares. Estames inclusos, inseridos na base do tubo, filetes 22,5 mm compr., viloso; anteras 3,5 mm compr. Ovário bilocular, lóculo uniovulado, comprimido dorsiventralmente; estilete 46 mm compr., inteiro, cilíndrico, exserto, glabro; estigma bilobado, ligeiramente anguloso; disco bipartido, glabro. Drupa, 4,85,7 mm compr., orbicular, comprimida dorsiventralmente, glabra; lobos do cálice persistentes. Sementes 44,6 mm compr., elípticas, comprimidas dorsiventralmente, lisas a papilosas.
Material examinado: PARAÍBA: Monteiro, 21.V.2008, fl. e fr., M.C. Pessoa & P.C. Gadelha-Neto 390 (JPB).São João do Tigre, 13.06.2008, fl. e fr., M.C. Pessoa et al. 440 (JPB).
Chiococca alba está presente nas Américas do Norte, Central e do Sul (Andersson 1992). No Brasil, ocorre desde Pernambuco até o Rio Grande do Sul (Zappi & Stannard 1995; Barbosa 1996; Jung-Mendaçolli 1999), em quase todos os domínios fitogeográficos (Barbosa et al. 2010). No Cariri paraibano ocorre na caatinga sensu stricto. Foi encontrada com flores e frutos em junho e julho. Caracteres diagnósticos importantes de Chiococca alba são os racemos axilares, pedunculados, dispostos unilateralmente e os frutos comprimidos dorsiventralmente, alvos na maturação.
5. Cordiera rigida (K. Schum.) Kuntze, Rev. Gen. Pl. 1: 279. 1891. Fig. 1d-f
Arbusto dioico, 1,55,7 m alt.; ramos cilíndricos, tortuosos, castanho-acinzentados, glabros, com exsudado resinoso no ápice. Estípulas imbricadas no ápice, 1,43 mm compr., inteiras, triangulares, com ápice aristado, pubescentes a escabras. Folhas opostas, lâmina 29(11) × 1,75,3(6) cm, oblongo-lanceolada a elíptica, raro orbicular, ápice agudo a obtuso, base aguda a obtusa, margem ligeiramente crenada, coriácea, glabra ou pubérula em ambas as faces; nervura principal proeminente, nervuras secundárias 57 pares; pecíolo 0,33 mm compr., escabro a pubescente na base. Dicásios terminais congestos, subsésseis, paucifloros. Flores masculinas sésseis ou subsésseis, 3(711), 45 meras; botões florais com ápice agudo. Cálice truncado, 0,60,8 mm compr., escabro; hipanto 0,50,7 mm compr., cupuliforme, pubérulo-papiloso a escabro. Corola tubulosa, prefloração contorta, vinácea, glabra internamente, escabra a verrucosa externamente; tubo 59 mm compr., lobos 1,82,5 mm compr., suborbiculares a deltoides, ápice agudo, pubérulo-papiloso, revoluto. Estames inclusos, inseridos na porção mediana do tubo, sésseis a subsésseis; anteras 45 mm compr.; estilete 2,84,3 mm compr., inteiro, incluso; estigma bifurcado-sagitado; disco inteiro, glabro. Flores femininas 13, 45 meras, sésseis; botões florais com ápice agudo-arredondado. Cálice cupuliforme, 0,61 mm compr., escabro; hipanto ca. 2 mm compr., turbinado, pubérulo-papiloso a escabro. Corola tubulosa, prefloração contorta, vinácea, glabra internamente, escabra a verrucosa externamente; tubo ca. 3 mm compr., lobos 11,3 mm compr., suborbiculares a deltoides. Estames inclusos, inseridos na porção mediana do tubo, sésseis a subsésseis; anteras 25 mm compr. Ovário bilocular, lóculo biovulado; estilete 33,5 mm compr., inteiro, incluso; estigma 1,22,3 mm compr., bifurcado-sagitado; disco inteiro, glabro. Baga, 45 mm compr., globosa, glabra a pubérulo-papilosa; lobos do cálice persistentes. Sementes 3,64,5 4 mm compr., subcilíndricas a discoides, planas, exotesta estriada.
Material selecionado: PARAÍBA: Cabaceiras, 20.III.2008, fl. e fr., M.C. Pessoa & J.R. Lima 288 (JPB).Caturité, 12.VII.2008, M.C. Pessoa & J.R. Lima 510 (JPB). São José dos Cordeiros, RPPN Fazenda Almas, 03.XII.2007, fr., M.C. Pessoa & J.R. Lima 248 (JPB). Serra Branca, 17.X.2007, fl., M.C. Pessoa et al. 233 (JPB).
Cordiera rigida é endêmica do Brasil, ocorrendo no Cerrado e na Caatinga (Barbosa et al. 2010). No Cariri paraibano, ocorre na caatinga sensu stricto, nas margens de rios e lajedos. Diferencia-se das demais espécies de Rubiaceae encontradas no Cariri por apresentar flores unissexuadas, com corola carnosa, vinácea.
6. Coutarea hexandra (Jacq.) K. Schum., Fl. Bras. 6(6): 196. 1889. Fig. 1g-i
Arvoreta 24 m alt.; ramos cilíndricos, espessos nos nós, estriados, castanho-acinzentados a acinzentados, lenticelados, principalmente no ápice, glabros. Estípulas 23 mm compr., inteiras, triangulares, ápice agudo, ciliadas na margem, internamente pilosas; coléteres presentes. Folhas opostas; lâmina foliar 4,57,5 × 2,54,4 cm, lanceolado-ovada a ovada, ápice acuminado, base atenuada, margem revoluta, cartácea, face superior glabra, face inferior pubescente; nervura principal proeminente na face inferior, nervuras secundárias 35 pares; pecíolo 0,50,1 cm compr., hirsuto. Cimas axilares ou terminais, paucifloras, 13 flores; pedúnculo 1,73 cm compr., glabro a pubescente. Flores andróginas, 6-meras, pedicelo 0,30,5 cm compr., glabro; botões florais com ápice agudo, geralmente com tubo curvo. Cálice subulado, 6-laciniado, lacínios subiguais, 4,55 mm compr., pubérulo a escabro externamente, internamente tomentoso, com coléteres; hipanto 34 mm compr., infundibuliforme, pubescente. Corola infundibuliforme, prefloração imbricada, alvo-rosada, pubérula internamente, escabra a pubérula externamente; tubo 2,83 cm compr., geralmente curvo, lobos 78 mm compr., triangulares. Estames exsertos, inseridos na base da corola; filetes ca. 2 cm compr., pubérulos mais próximo da base; anteras 0,91 cm compr. Ovário bilocular, lóculo pluriovulado; estilete ca. 2,6 cm compr., inteiro, exserto, filiforme, espiralado, ligeiramente estriado, glabro; estigma bífido; disco inteiro, glabro. Cápsula loculicida, 1,42,8 × 1,11,5 mm, obovada, comprimida dorsiventralmente, pubescente, lenhosa, com estrias proeminentes, lenticeladas; lobos do cálice persistentes. Sementes 0,50,8 cm compr., oblongas, aladas, alas inteiras, membranáceas.
Material selecionado: PARAÍBA: Cabaceiras, 13.VII.2008, fr., M.C. Pessoa et al. 534 (JPB). Monteiro, 22.V.2008, fr., M.C. Pessoa & P.C. Gadelha-Neto 400 (JPB).
Material adicional: PARAÍBA: Sousa, 05.II.1993, fl., P.C. Gadelha-Neto 363 (JPB).
Coutarea hexandra tem distribuição neotropical, ocorrendo no México, América Central e do Sul (Andersson 1992, Lorence 1999). No Brasil ocorre em todos os domínios fitogeográficos exceto no Pampa (Barbosa et al. 2010). No Cariri paraibano ocorre na caatinga stricto sensu. Floresce e frutifica de fevereiro a julho. Caracteriza-se por apresentar ramos lenticelados, corola infundibuliforme, com tubo curvo e frutos lenhosos comprimidos dorsiventralmente. É conhecida popularmente como "quina-quina".
7. Diodella apiculata (Willd. ex Roem. & Schult.) Delprete, Fl. Ilustr. Catarinense 1: 169. 2004.
Erva ereta, 0,101 m alt., ramificada; caule anguloso, verde, levemente estriado, hirsuto. Bainha estipular 1,24,5 mm compr., fimbriada, hirsuta, 79 laciniada, lacínios 3,76,8 mm compr., não glandulosos. Folhas opostas, sésseis; lâmina 1,74,5 × 0,30,8 cm, linear-lanceolada, ápice agudo, mucronado, base atenuada, margem revoluta, membranácea, face superior escabra, com tricomas longos e brilhantes, face inferior escabra, hirsuta ao longo da nervura principal; nervura principal proeminente, nervuras secundárias 24 pares. Glomérulos axilares, 13 (4) flores, sésseis; 2 brácteas foliáceas. Flores andróginas, 4meras, subsésseis; botões florais com ápice agudo. Cálice subulado, 4-laciniado, lacínios subiguais, 1,52 mm compr., pubérulo ou escabro, margem ciliada; hipanto 1,32,5 mm compr., turbinado, densamente piloso. Corola infundibuliforme, prefloração valvar, branca a lilás, externamente pubérula, internamente com anel de tricomas na base; tubo 2,54 mm compr., lobos 1,53 mm compr., ovado-triangulares. Estames exsertos, inseridos juntos à fauce; filetes 0,50,6 mm compr., glabros; anteras 0,50,7 mm compr.. Ovário bilocular, lóculo uniovulado; estilete 34 mm compr., inteiro, exserto, glabro; estigma capitado; disco inteiro, glabro. Esquizocarpo 33,5 mm compr., subobovado a obovado, 2 mericarpos indeiscentes, híspidos; persistentes. Sementes 1,51,8 cm compr., obovadas, plano-convexas, exotesta estriada, sulcadas ao redor do estrofíolo.
Material selecionado: PARAÍBA: Cabaceiras, 22.IX.2007, fl. e fr., M.C. Pessoa et al. 212 (JPB).Camalaú, 16.V.2008, fl. e fr., M.C. Pessoa & J.R. Lima 347 (JPB). Caturité, 16.V.2008, fl. e fr., M.C. Pessoa & J.R. Lima 342 (JPB). Monteiro, 11.VI.2008, fl. e fr., M.C. Pessoa et al. 413 (JPB). São João do Cariri, 26.XI.2007, fr., M.C. Pessoa & J.R. Lima 221 (JPB). São João do Tigre, 17.V.2008, fl. e fr., M.C. Pessoa & J. R. Lima 352 (JPB). São José dos Cordeiros, 16.IV.2008, fl. e fr., M.C. Pessoa & J.R. Lima 309 (JPB); Serra Branca, 28.IV.2008, fl. e fr., M.C. Pessoa & J.R. Lima 314 (JPB).
Diodella Small diferencia-se de Diodia L. pela corola infundibuliforme (vs. hipocrateriforme), estigma capitado (vs. bífido), frutos esquizocárpicos com mericarpos caducos (vs. frutos indeiscentes e persistentes) (Cabral & Bacigalupo 2005; Bacigalupo & Cabral 2006). Diodella apiculata tem ampla distribuição na região neotropical, do México até o Paraguai (Andersson 1992). No Brasil ocorre em todas as regiões. No Cariri paraibano foi coletada na caatinga sensu stricto, em áreas ciliares e sobre lajedos. Floresce e frutifica de abril a outubro. Caracteriza-se pelas folhas com ápice mucronado e por apresentar esquizocarpos subobovados.
8. Guettarda angelica Mart. ex Müll. Arg., Flora 58 : 450. 1875. Fig. 2a
Arbusto, 0,64,5 m alt.; ramos cilíndricos, castanho-acinzentados, lenticelados, glabros, hirsutos quando jovens. Estípulas livres, persistentes, 28 mm compr., inteiras, triangulares, caudadas, externamente pubérula ou hirsuta, internamente com coléteres. Folhas opostas; lâmina 1,812 × 1,34 cm, lanceolada, ápice agudo, base aguda raro obtusa, margem crenada, papirácea a cartácea, discolor, face superior pubérula, face inferior serícea; nervura principal proeminente, nervuras secundárias 79(11) pares; pecíolo 0,52 cm compr., hirsuto. Cimas dicotômicas axilares, 79(12) flores; pedúnculo 0,65,5 cm compr., hirsuto. Flores andróginas, 56 meras, sésseis; botões florais com ápice obtuso. Cálice truncado, 1,53 mm compr., com 1 lobo 030,8 mm compr., arredondado, velutino; hipanto 12 mm compr., globoso, velutino. Corola hipocrateriforme, prefloração imbricada, alvo-amarelada, tomentosa a serícea externamente e glabra a pubérula internamente; tubo 4,918 mm compr., lobos 24,5 mm compr., oblongos. Estames inclusos, inseridos junto à fauce, sésseis; anteras 1,82,3 mm compr. Ovário tetralocular, uniovulado, óvulos pêndulos; estilete 815 mm compr., inteiro, incluso, pubérulo; estigma capitado; disco inteiro, piloso. Drupa 36 mm compr., globosa, vilosa; pirênio globoso. Sementes 2,55 mm compr., oblongas.
Material selecionado: PARAÍBA: Cabaceiras, 15.IV.2008, fl., M.C. Pessoa & J.R. Lima 296 (JPB). Caturité, 12.VII.2008, fr., M.C. Pessoa & J.R. Lima 509 (JPB). Monteiro, 22.V.2008, fr., M.C. Pessoa & P.C. Gadelha-Neto 401 (JPB). São José dos Cordeiros, 16.IV.2008, fr., M.C. Pessoa & J.R. Lima 307 (JPB).
Guettarda angelica, conhecida popularmente como Angélica, é facilmente reconhecida no campo pelas inflorescências em cimas dicotômicas e pelas drupas globosas. É endêmica da caatinga, ocorrendo em toda a Depressão Sertaneja (Barbosa et al. 2010). No Cariri paraibano é frequente nas áreas ciliares e sobre lajedos. Floresce de janeiro a abril frutifica de abril a agosto.
9. Guettarda sericea Müll. Arg., Flora 58: 450. 1875. Fig. 2b
Arbusto, ca. 2,5 m alt.; ramos cilíndricos, estriados, castanho-avermelhados ou acinzentado, lenticelados, glabros, seríceos quando jovens. Estípulas 57 mm compr., inteiras, triangulares, ápice aristado, externamente hirsuta, internamente com coléteres. Folhas opostas; lâmina 3,57,5 × 14 cm, oblonga ou raro elíptica, ápice agudo, base arredondada, margem revoluta, papirácea a cartácea, face superior pubescente, face inferior serícea, discolores; nervura principal proeminente, nervuras secundárias 69 pares; pecíolo 38 mm compr., seríceo. Cimas dicotômicas axilares, 57 flores; pedúnculo 1,53,2 cm compr., seríceo. Flores andróginas, 4-meras, sésseis; botões florais com ápice obtuso; Cálice truncado, 22,8 mm compr., com 1 lobo ca. 1 mm compr., arredondado, velutino a tomentoso; hipanto ca. 1 mm compr., globoso, tomentoso. Corola hipocrateriforme, prefloração imbricada, alvo-amarelada, tomentosa externamente e glabra internamente; tubo 510 mm compr., lobos 35 mm compr., oblongos. Estames inclusos, inseridos na porção mediana do tubo, subsésseis; anteras 1,83 mm compr. Ovário tetraloculado, lóculo uniovulado, óvulos pêndulos; estilete 2,54 mm compr., inteiro, incluso, anguloso pubescente; estigma capitado; disco inteiro, hirsuto a piloso. Drupa 5,512 mm compr., oblonga, vinácea, velutina; pirênio 410 mm compr., oblongo, fibroso. Sementes ca. 4,5 mm compr., oblongas.
Material examinado: PARAÍBA: Monteiro, 12.VI.2008, fr., M.C. Pessoa et al. 423 (JPB).
Material adicional: PARAÍBA: Sousa, 27.VI.1993, fl., P. C. Gadelha-Neto 46 (JPB).
G. sericea é endêmica da Caatinga, com referência para todo o Nordeste brasileiro (Barbosa et al. 2010). No Cariri foi coletada apenas no município de Monteiro, em áreas ciliares. Floresce e frutifica de abril a junho. G. sericea difere de G. angelica por apresentar frutos oblongos e folhas seríceas. É conhecida popularmente como Veludo.
10. Leptoscela ruellioides Hook. f., Hooker's Icon. Pl. 14: t. 1149. 1873. Fig. 2c-d
Subarbusto ereto, 0,51 m alt.; ramos cilíndricos ou ligeiramente angulosos, estriados, verdes, glabros a glabrescentes. Bainha estipular 0,71,6 mm compr., longo-fimbriada, vilosa, 1214-laciniada, lacínios 1,33 mm compr., glandulosos. Folhas opostas, lâmina 23 × 0,51 cm, elíptico-lanceolada, ápice acuminado, base cuneada, margem inteira, ciliada, cartácea, face superior escabra a pubescente, face inferior pubescente a híspida, hirsuta ao longo das nervuras; nervura principal proeminente na face inferior, nervuras secundárias 35 pares; pecíolo 11,5 cm compr., pubescente a hirsuto. Monocásio escorpioide, axilar, multifloro; pedúnculo 1,54 cm compr., glabro. Flores andróginas, 5-mera, sésseis; botões florais com ápice obtuso. Cálice subulado, 5-laciniado, lacínios subiguais 11,8 mm compr., glabro, margem longo-ciliada; hipanto 0,61 mm compr., glabro. Corola infundibuliforme, prefloração valvar, lilás, externamente glabra, internamente pilosa com tricomas glandulosos longos formando um anel na base dos estames; tubo 3,34 mm compr., lobos ca. 5 mm compr., triangulares. Estames inclusos, inseridos na porção mediana do tubo, subsésseis; anteras 11,2 mm compr.. Ovário bilocular, lóculo pluriovulado, óvulos aglomerados formando uma massa; estilete 56 mm compr., inteiro, incluso, pubérulo-papiloso; estigma bífido; disco inteiro, glabro. Cápsula septicida denticulada no ápice, 3,65,8 mm compr., glabra; lobos do cálice persistentes. Sementes 0,71 mm compr., ovadas a suborbiculares, exotesta fovéolada, papilosas, bissulcadas.
Material selecionado: PARAÍBA: Cabaceiras, 13.VII.2008, fl. e fr., M.C. Pessoa & J.R. Lima 522 (JPB). Monteiro, 12.VI.2008, fl. e fr., M.C. Pessoa et al 427 (JPB). São João do Tigre, 17.V.2008, fl. e fr., M.C. Pessoa & J.R. Lima 367 (JPB). São José dos Cordeiros, 16.IV.2008, fl. e fr., M.C. Pessoa & J.R. Lima 304 (JPB)
Leptoscela ruellioides é uma espécie endêmica do Brasil, que ocorre em áreas de Caatinga e Cerrado da região Nordeste. É referida até o momento para a Paraíba, Pernambuco, Bahia, Alagoas e Sergipe (Jardim 2010). No Cariri paraibano foi encontrada apenas nos lajedos. Floresce e frutifica de abril a julho. Destaca-se pela inflorescência em monocásio, tipo escorpioide, e frutos capsulares denticulados no ápice.
11. Manettia cordifolia Mart., Königl. Akad. Wissensch. München 9: 95, t. 7. 1824. Fig. 2e-g
Subarbusto escandente; ramos cilíndricos, verdes a castanhos, pubérulos. Estípulas 1,82,4 mm compr., triangulares, invaginantes, com ápice agudo, reflexo, 0,20,5 mm compr., pilosa, com coléteres na margem. Folhas opostas; lâmina 710 × 2,85 cm, ovado-lanceolada, raro suborbicular, ápice cuspidado a acuminado, base atenuada a cuneada, raro rotunda, margem ciliada, membranácea, face superior glabrescente, face inferior pubescente, nervura principal pouco evidente, nervuras secundárias 56 pares; pecíolo 0,51,5 cm compr., piloso. Fascículos ou flores isoladas axilares ou terminais, sésseis, paucifloros, 13 flores. Flores andróginas, 4-meras, pedicelo 4,55 cm compr., pubérulo; botões florais com ápice obtuso. Cálice subulado, 4laciniado, lacínios subiguais 0,81 cm compr., interna e externamente glabro a glabrescente, ciliados; hipanto 35 mm compr., cupuliforme, glabro a glabrescente; Corola clavado-tubulosa, prefloração valvar, rubra, glabra externamente, internamente lanosa, com um anel de tricomas na base; tubo 3,75 cm compr., lobos 56 mm compr., triangulares. Estames inclusos, inseridos na fauce, subsésseis; anteras 56 mm compr. Ovário bilocular, lóculo pluriovulado; estilete 3,65,5 cm compr., inteiro, incluso ou exserto, glabro; estigma bífido, espatulado; disco inteiro, glabro. Cápsula septicida, oblonga, 11,218 mm compr. cálice persistente e marcescente (Macias 1998). Sementes aladas, 3,24,4 mm compr., oblongas (Macias 1998).
Material examinado: PARAÍBA: São João do Tigre, 13.VI.2008, fl., M.C. Pessoa 449 (JPB).
Manettia cordifolia ocorre no Peru, Bolívia, Paraguai, Uruguai, Argentina e Brasil (Andersson 1992). Neste último está presente na Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica ( Barbosa et al. 2010). No Cariri, foi coletada apenas no município de São João do Tigre, em área aberta. Flores e frutos foram observados nos meses de junho e julho. Destaca-se por sua corola clavado-tubulosa, rubra, e hábito escandente.
12. Mitracarpus baturitensis Sucre, Rodriguésia 26(38): 255. 1971. Fig. 3a-c
Erva ereta, 840 cm alt., ramificada; caule tetrangular a subtetrangular, verde ou verde-amarelado, glabrescente ou pubérulo. Bainha estipular 0,55 mm compr., fimbriada, glabra ou pilosa, lacínios 58, ca. 1 mm compr., não glandulosos. Folhas opostas, sésseis; lâmina 16,5 × 0,10,7 cm, estreito-elípticas a elípticas, ápice agudo, base atenuada, margem revoluta, membranácea ou cartácea, face superior escabra ou pubescente apenas nas nervuras, face inferior glabra, pubescente ao longo das nervuras; nervura principal proeminente, nervuras secundárias 23 pares. Glomérulos axilares e terminais, sésseis, multifloros; 24 brácteas foliáceas. Flores andróginas, 4-meras, sésseis a subsésseis; botões florais com ápice obtuso. Cálice subulado, 4-laciniado, lacínios desiguais dois a dois, os maiores 1,62 mm compr., maculados na porção central, os menores 1,31,5 mm compr., glabro, hialinos, paleáceos, margem ciliada; hipanto 0,62 mm compr., obovado, glabro. Corola hipocrateriforme, prefloração valvar, alva, externamente pubérulo-papilosa, internamente glabrescente com um anel de tricomas no terço inferior; tubo 12 mm compr., lobos 0,71,3 mm compr., ovados. Estames sub-inclusos a exsertos, inseridos junto à fauce, sésseis a subsésseis; filetes 0,20,3 mm compr., anteras 0,81 mm compr. Ovário bilocular, lóculo uniovulado; estilete 13 mm compr., inteiro, incluso ou exserto, glabro; estigma bífido; disco inteiro, glabro. Cápsula circuncisa, 0,81 mm compr., globosa, glabra a pubescente na porção opercular, glabra na porção basal; lobos do cálice persistentes. Sementes 0,50,8 mm compr., oblongas ou globosas, plano-convexas, exotesta fovéolo-reticulada, face dorsal com depressão cruciforme impressa, face ventral com depressão em forma de "X", prolongando-se lateralmente, coberta por estrofíolo.
Material selecionado: PARAÍBA: Cabaceiras, 22.IX.2007, fl., M.C. Pessoa et al. 209 (JPB). Caturité, 16.V.2008, fl., M.C. Pessoa & J.R. Lima 344 (JPB).Monteiro, 12.VI.2008, fl., M.C. Pessoa et al. 438 (JPB).Serra Branca, 29.VII.2007, fl., M.C. Pessoa et al. 180 (JPB). São João do Cariri, 12.VII.2008, fl. e fr., M.C. Pessoa & J.R. Lima 515 (JPB). São João do Tigre, 17.V.2008, fl., M.C. Pessoa & J. R. Lima 354 (JPB). São José dos Cordeiros, 16.VIII.2007, fl. e fr., M.C. Pessoa et al. 185 (JPB).
É uma espécie com distribuição geográfica restrita ao Brasil, ocorrendo na Caatinga e Cerrado, no Distrito Federal e nos estados do Piauí, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Goiás e Mato Grosso (Souza et al. 2010). No Cariri paraibano, foi encontrada principalmente sobre os lajedos, ocorrendo também na caatinga sensu stricto e em áreas ciliares. Floresce e frutifica de abril a setembro. Suas sementes são parecidas com as de Mitracarpus frigidus Willd. ex Roem. & Schult.), mas M. baturitensis se distingue por outros caracteres, como porte herbáceo (vs. subarbustivo), e folhas estreito-elípticas a elípticas (vs. folhas lanceoladas a linear-lanceoladas).
13. Mitracarpus frigidus (Willd. ex Roem. & Schult.) K. Schum., Fl. Bras. 6(6): 81. 1888. Fig. 3d-e
Subarbusto ereto, 0,41m alt.; ramos angulosos, estriados, castanho-avermelhado ou castanho-acinzentado, glabros ou pubérulos. Bainha estipular 1,62,9 mm compr., fimbriada, pilosa, 812-laciniada, lacínios 4,67 mm compr., glandulosos. Folhas opostas, sésseis; lâmina 36 × 0,61 cm, lanceoladas a linear-lanceoladas, ápice agudo-mucronado, base atenuada, margem revoluta, cartácea, face superior glabra ou estrigosa, face inferior glabra ou hirsuta principalmente sobre a nervura principal; nervura principal proeminente, nervuras secundárias 3 pares. Glomérulos terminais, sésseis, multifloros; 24 brácteas foliáceas, geralmente reflexas. Flores andróginas, 4-meras, sésseis; botões florais com ápice arredondado. Cálice subulado, 4-laciniado, lacínios desiguais dois a dois, os maiores 34 mm compr., os menores 1,42 mm compr., subentendidos por lacínios glandulosos inconspícuos, margem longo-ciliada; hipanto 11,5 mm compr., turbinado, pubérulo. Corola hipocrateriforme, prefloração valvar, branca, externamente pubérulo-papilosa até a metade do tubo, internamente com um anel de tricomas delgado no terço inferior; tubo 45,5 mm compr., lobos 22,4 mm compr., triangulares. Estames exsertos, inseridos junto à fauce; filetes 0,51 mm compr., glabros; anteras 1,52 mm compr. Ovário bilocular, lóculo uniovulado; estilete 2,53 mm compr., inteiro, exserto, pubescente; estigma bífido; disco inteiro, papiloso. Cápsula circuncisa, 23 mm compr., obcônica, pubescente na porção opercular, glabra na porção basal; lobos do cálice persistentes. Sementes 11,5 mm compr., oblongas ou raro globosas, plano-convexas, exotesta foveolado-reticulada, face dorsal com depressão cruciforme profunda, face ventral com depressão em forma de "X", prolongando-se dorsalmente em duas depressões apical-laterais semi-circulares, cobertas por estrofíolo.
Material selecionado: PARAÍBA: Serra Branca, 29.VII.2007, fl., M.C. Pessoa et al. 178 (JPB). 17.X.2007, fl. e fr., M.C. Pessoa et al. 237 (JPB).
Mitracarpus frigidus ocorre na Colômbia, Venezuela, Guiana Francesa e Brasil (Souza et al. 2010). No Brasil ocorre desde o estado de Roraima, Amazonas até Santa Catarina (Delprete et al. 2005), com preferência por solos arenosos e afloramentos rochosos. No Cariri foi observada apenas no município de Serra Branca, em afloramentos rochosos. Floresce e frutifica junho a outubro. Mitracarpus frigidus é uma espécie bastante variável, apresenta características semelhantes a M. baturitensis, contudo pode ser diferenciada facilmente pelo porte subarbustivo (vs. herbáceo).
14. Mitracarpus salzmannianus DC., Prodr. 4: 571. 1830. Fig. 3f-g
Erva ereta, 0,151 m alt., ramificada; caule tetrangular, verde, híspido ou hirsuto. Bainha estipular 1,63 mm compr., fimbriada, pilosa, 912-laciniada, lacínios 2,43,4 mm compr., não glandulosos. Folhas opostas, sésseis; lâmina 34(6) × 0,71,3(2,5) cm, elíptica a estreitamente elíptica, ápice agudo, base atenuada, margem ciliada, membranácea a cartácea, face superior densamente estrigosa, face inferior estrigosa; nervura principal proeminente, nervuras secundárias 5 pares. Glomérulos axilares ou terminais, sésseis, multifloros; 24 brácteas foliáceas. Flores andróginas, 4-meras; pedicelo 0,51 mm compr.; botões florais com ápice obtuso. Cálice subulado, 4-laciniado, hirsuto, lacínios 23 mm compr. ou desiguais dois a dois, os maiores 23 mm compr., verdes, e os menores 12 mm compr., hirsuto, hialinos, pilosos na margem, subentendidos por lacínios glandulosos inconspícuos; hipanto ca. 1 mm compr., turbinado, glabro. Corola hipocrateriforme, prefloração valvar, branca ou lilás, externamente pubérulo-papilosa, desde o terço superior até o terço médio, glabra no terço inferior, internamente com um anel de tricomas moniliformes no terço inferior; tubo 2,54,5 mm compr., lobos 11,2 mm compr., triangulares. Estames sub-inclusos a exsertos, inseridos junto à fauce; filetes 0,3 mm compr., glabros; anteras 0,60,7 mm compr. Ovário bilocular, lóculo uniovulado, óvulos presos ao septo. estilete 2,85,5 mm compr., inteiro, incluso ou exserto, glabro; estigma bífido; disco inteiro, papiloso. Cápsula circuncisa, ca. 1 mm compr., obovoide, pubescente na porção opercular, glabra na porção basal; lobos do cálice persistentes. Sementes 0,70,8 mm compr., oblongas, raro globosas, plano-convexas, exotesta fovéolo-reticulada, face dorsal sem depressões, face ventral com depressão em forma de "Y" invertido, sem prolongamentos dorsais, coberta por estrofíolo.
Material examinado: PARAÍBA: Cabaceiras, 13.VII.2008, fl. e fr., M.C. Pessoa & J.R. Lima 520 (JPB).Monteiro, 22.V.2008, fl., M.C. Pessoa & P.C. Gadelha-Neto 399 (JPB). São João do Cariri, 12.VII.2008, fl., M.C. Pessoa & J.R. Lima 514 (JPB). São José dos Cordeiros, 14.VII.2008, fl. e fr., M.C. Pessoa & J.R. Lima 536 (JPB).
Mitracarpus salzmannianus é uma espécie amplamente distribuída no Brasil, Guiana, Suriname e Guiana Francesa. No Brasil, pode ser encontrada desde o nível do mar até 930 m de altitude, em ambientes de savana, restingas, tabuleiros costeiros e campos rupestres. (Souza et al. 2010). No Cariri paraibano foi encontrada em lajedos, ambientes ciliares e na caatinga sensu stricto. Floresce e frutifica de maio a julho. Diferencia-se das demais espécies de Mitracarpus presentes no Cariri paraibano pelas sementes com face dorsal sem depressões e face ventral com depressão em forma de "Y" invertido.
15. Oldenlandia tenuis K. Schum., Fl. bras. 6(6): 273. 1889. Fig. 3h-j
Erva ereta ou decumbente, 515 cm alt., ramificada; caule sub-tetrangular, delgado, verde, pubescente na base, glabro a glabrescente na porção apical. Bainha estipular ca. 0,5 mm compr., curto-fimbriada, pilosa na base, lacínios inúmeros, minúsculos, não glandulosos. Folhas opostas, sésseis; lâmina foliar, 310,8 × 0,41,3 mm, linear a lanceolada, ápice agudo, base atenuada, margem serreada na base, cartácea, glabra em ambas as faces; nervura principal proeminente, nervuras secundárias inconspícuas. Fascículo ou flores isoladas, axilares ou terminais, sésseis, paucifloros, 12 flores. Flores andróginas, 34 meras; pedicelo 47 mm compr., glabro; botões florais com ápice obtuso. Cálice subulado, 4-laciniado, lacínios 1,11,5 mm compr., glabro, margem denticulada; hipanto ca. 0,2 mm compr., cupuliforme, comprimido lateralmente, glabro a pubescente. Corola tubulosa, prefloração valvar, branca, glabra externamente, internamente com uma faixa de tricomas na base dos lobos; tubo 0,51,2 mm compr., lobos 0,81 mm compr., triangulares a suborbiculares. Estames inclusos, inseridos junto à fauce, subsésseis; anteras ca. 0,5 mm compr. Ovário bilocular, lóculo pluriovulado, óvulos formando uma massa; estilete 0,40,6 mm compr., inteiro, incluso, glabro; estigma bilobado disco inconspícuo, inteiro, inteiro, glabro. Cápsula loculicida com deiscência apical, 11,8 mm compr., subglobosa, glabra; lobos do cálice persistentes. Sementes ca. 1 mm compr., piramidais, exotesta foveolada.
Material examinado: PARAÍBA: Cabaceiras, 13.VII.2008, fl. e fr., M.C. Pessoa & J.R. Lima 529 (JPB). Serra Branca, 16.VI.2008, fl. e fr., M.C. Pessoa et al. 480 (JPB).
Ocorre na Guiana, Suriname, Guiana Francesa, Brasil, e no Noroeste da Venezuela (Andersson 1992; Steyermark 1988). No Brasil ocorre na Amazônia (Rondônia) e na Caatinga (Barbosa et al. 2010). No Cariri paraibano foi encontrada sobre lajedos. Floresce e frutifica nos meses de junho e julho.
16. Randia armata (Sw.) DC., Prodr. 4: 387. 1830. Fig. 4a
Arvoreta ou arbusto dioico, 1,63 m alt; ramos cilíndricos, estriados, castanho-avermelhados, espinescentes no ápice (4 espinhos), lenticelados. Estípulas livres, persistentes, 47 mm compr., inteiras, triangulares, ápice agudo, glabras externamente, internamente, com coléteres. Folhas opostas; lâmina 1116 × 4,58cm, obovada ou largamente lanceolada, ápice agudo, base atenuada, margem ligeiramente ondulada, ciliada, membranácea, face superior escabra, face inferior pubérula, pubescente a hirsuta ao longo das nervuras; nervura principal proeminente na face inferior, nervuras secundárias 69 pares; pecíolo 57 mm compr., hirsuto. Fascículos, terminal; pedúnculo delgado, muitas vezes piloso; 5 ou mais-flora, brácteas subuladas, às vezes tripartidas; cálice 34 partido, lacínios subulados, externamente glabro ou pubérulos; corola hipocrateriforme, lacínios obtuso-oblíquos, glabros externamente. Estames inseridos na porção mediana do tubo; anteras brevemente apiculadas; estilete um pouco maior que o tubo, ápice espessado; estigma oblongo. Baga, ca. 1,8 cm compr., subglobosa, ligeiramente estriado, lobos do cálice persistentes. Sementes 11,3 cm compr., elípticas.
Material examinado: PARAÍBA: Monteiro, 12.VI.2008, fr., M.C. Pessoa et al. 422 (JPB).
Randia armata é encontrada desde o México, Guianas, Venezuela, Colômbia, Peru, Brasil até o Paraguai e também nas Índias Ocidentais. No Brasil ocorre na Amazônia, Caatinga, Cerrado e na Mata Atlântica (Barbosa et al. 2010). No Cariri está presente na caatinga sensu stricto e em áreas ciliares. Difere das demais espécies de Rubiaceae presentes no Cariri por apresentar ramos espinescentes no ápice. Foi encontrada com fruto, apenas uma vez, no mês de junho.
17. Richardia grandiflora (Cham. & Schltdl.) Steud., Nomencl. Bot. (ed. 2) 2: 459. 1841. Fig. 3b-d
Erva ou subarbusto prostrado, raro ereto, 3060 cm alt., ramificado; caule tetrágono, verde, hirsuto. Bainha estipular ca. 3,3 mm compr., fimbriada, hirsuta, 68 lacíniada, lacínios ciliados, 3,812 mm compr., não glandulosos. Folhas opostas, lâmina 26,8 × 22,8 cm, lanceolada, ápice agudo, base atenuada, margem inteira, membranácea, escabra ou híspida em ambas as faces; nervura principal proeminente, nervuras secundárias 35 pares; pecíolo 56 mm compr., hirsuto. Flores andróginas, 56-meras, sésseis; botões florais com ápice obtuso ou semi-circular; Glomérulos terminais, sésseis, multifloros; 4 brácteas foliáceas. Cálice subulado, 6-laciniado, lacínios 67 mm compr., acuminados, longo-ciliados, híspidos ou escabros; hipanto 1,2 mm compr., papiloso, glabro. Corola infundibuliforme, prefloração valvar, rósea; glabra externamente, internamente com um anel de tricomas no terço inferior; tubo 812 mm compr., lobos 46 mm compr., triangulares. Estames exsertos, inseridos junto à fauce; filetes ca. 1 mm compr.; anteras 1,21,5 mm compr. Ovário trilocular, lóculo uniovulado; estilete 1012 mm compr., trífido no ápice, exserto, pubescente; estigma cocleariforme; disco inteiro, glabro. Esquizocarpo 1,82 mm compr., oblongo, 3 mericarpos, indeiscentes, muricado-papilosos na face dorsal. Sementes 11,7 mm compr., plano-convexas, semi-cilíndricas, exotesta muricada, sulcadas na face ventral.
Material selecionado: PARAÍBA: Cabaceiras, 21.IX.2007, fl. e fr., M.C. Pessoa et al. 199 (JPB).Caturité, 12.VII.2008, fl., M.C. Pessoa & J.R. Lima 512 (JPB). Monteiro, 22.V.2008, fl., M.C. Pessoa & Gadelha-Neto 398 (JPB). São João do Cariri, 12.VII.2008, fl., M.C. Pessoa & J. R. Lima 517 (JPB). São João do Tigre, 17.V.2008, fl., M.C. Pessoa & J.R. Lima 358 (JPB). São José dos Cordeiros, 16.VII.2007, fl., M.C. Pessoa & J.R. Lima 188 (JPB).
Richardia grandiflora tem distribuição neotropical (Andersson 1992). No Brasil, é uma espécie ruderal frequente em todas as regiões. No Cariri paraibano é comum nos ambientes ciliares e na caatinga sensu stricto. Floresce e frutifica de abril a novembro. Caracteriza-se por apresentar inflorescências capitadas terminais, com brácteas involucrais, ovário trilocular, estilete trífido e frutos separando-se em três mericarpos muricados.
18. Spermacoce tenuior L., Sp. Pl. 1: 102. Fig. 4e-k
Erva ereta, até 1 m alt., ramificada; caule tetrangular, verde-amarelado, barbelado ao longo dos ângulos. Bainha estipular 1,43 mm compr., longo fimbriada, pilosa, lacínios 511(15), 1,38,6 mm compr., glandulosos. Folhas opostas; lâmina 3,29,5 × 0,84 cm, elíptica, ovada-lanceolada a lanceolada, ápice agudo a acuminado, base atenuada, margem serrilhada, membranácea, face superior estrigosa a escabra, face inferior barbada ao longo das nervuras; nervura principal proeminente, nervuras secundárias 68 pares; pecíolo canaliculado 0,41,5 cm compr. Glomérulos axilares ou terminais, sésseis, paucifloros; 24 brácteas foliáceas. Flores andróginas, 4-meras, sésseis a subsésseis; botões florais com ápice obtuso. Cálice subulado, 4-laciniado, lacínios desiguais, um maior 1,61,8 mm compr., e os demais subiguais 1,21,4 mm compr., pubérulo-papiloso, margem ciliada; hipanto 1,82,3 mm compr., com um tufo de pêlos longos e densos, concentrado em um dos lados na porção apical. Corola tubulosa, prefloração valvar, branca, papilosa externamente, internamente com tricomas longos e densos, moniliformes, no 2/3 superior do tubo, base do tubo e lobos glabros; tubo 11,5 mm compr., lobos 0,71 mm compr., triangulares. Estames inclusos, inseridos na base do tubo, subsésseis; anteras 0,10,2 mm compr. Ovário bilocular, lóculo uniovulado; estilete ca. 0,2 mm compr., muito curto, inteiro, incluso, papiloso; estigma capitado; disco inteiro, papiloso. Cápsula septicida 23 mm compr., elipsoide, com um tufo de tricomas longos e densos, concentrado em um dos lados na porção apical, carpelos unidos na base, um mericarpo indeiscente, e outro deiscente, abrindo-se parcialmente do ápice até a região mediana; lobos do cálice persistentes. Sementes 1,52 mm compr., oblongas a ovadas, exotesta fovéolo-reticulada, sulcos transversais ausentes, sulco ventral coberto pelos estrofíolos.
Material selecionado: PARAÍBA: Camalaú, 14.VI.2008, fl. e fr., M.C. Pessoa & J.R. Lima 538 (JPB).Caturité, 16.V.2008, fl. e fr., M.C. Pessoa & J.R. Lima 346 (JPB). Monteiro, 22.V.2008, fl. e fr., M.C. Pessoa et al. 403 (JPB).
Spermacoce tenuior está presente em toda a América Tropical e Subtropical. No Brasil ocorre na Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica (Barbosa et al. 2010). No Cariri paraibano, ocorre apenas em áreas ciliares. Floresce e frutifica de maio a julho. Diferencia-se das demais espécies presentes na região pelo tipo de deiscência do fruto, com uma porção indeiscente e outra parcialmente deiscente, abrindo-se do ápice até a região mediana.
19. Staelia virgata (Link ex Roem. & Schult.) K. Schum., Fl. Bras. 6(6): 76. 1889. Fig. 4l
Erva ou subarbusto, ereto ou prostrado, 10-50 cm alt., ramificado; ramos tetrágonos, cilíndricos na base, estriados, verdes a amarelo-esverdeados, pubescentes a vilosos. Bainha estipular 1,62,5 mm compr., fimbriada, pubérula ou hirsuta, lacínios 712, 13 mm compr., glandulosos. Folhas opostas, sésseis; lâmina 1,84,5 × 0,20,5 cm, linear a estreitamente elíptica, ápice agudo, base atenuada, margem revoluta, membranácea, face superior glabra ou glabrescente, pilosa próximo a base, face inferior estrigosa ou escabra nas nervuras; nervura principal evidente, nervuras secundárias 23 pares. Glomérulos axilares, raro terminais, sésseis, multifloros,; 2(3) brácteas foliáceas. Flores andróginas, 4-meras, sésseis; botões florais com ápice obtuso. Cálice subulado, 2-laciniado, lacínios 1,32 mm compr., com 2 dentículos glandulosos interpostos, pubérulo a escabro, margem ciliada; hipanto ca. 1 mm compr., turbinado, estrigoso ou viloso. Corola infundibuliforme, prefloração valvar, branca ou lilás, externamente pubérula, internamente com um anel de tricomas no terço inferior; tubo 36 mm compr., lobos 12,8 mm compr., ovados. Estames exsertos, inseridos junto à fauce; filetes 1,21,52 mm compr.; anteras 0,81 mm compr. Ovário bilocular, lóculo uniovulado, óvulos presos ao septo; estilete 48 mm compr., inteiro, exserto, glabro; estigma bífido; disco inteiro, glabro. Cápsula septicida, deiscência transverso-oblíqua, 12 mm compr., oblonga ou obovada, pilosa no ápice; lobos do cálice persistentes. Sementes 11,8 mm compr., obovadas, plano-convexas, exotesta fovéolo-papilada, face ventral sulcada ao redor do estrofíolo.
Material selecionado: PARAÍBA: Serra Branca, 29.VII.2007, M.C. Pessoa et al. 183 (JPB). São João do Tigre, 17.V.2008, M.C. Pessoa & J.R. Lima 353 (JPB).
Staelia virgata tem distribuição ampla, ocorrendo em parte do território do Peru, Bolívia, Paraguai, até o norte da Argentina (Andersson 1992). No Brasil ocorre em todos os domínios fitogeográficos, exceto no Pampa (Souza & Sales 2004; Barbosa et al. 2010). No Cariri paraibano é bastante frequente sobre os lajedos. Seu fruto é característico, com deiscência tranverso-oblíqua, caráter que pode ser utilizado para diferenciá-la das demais espécies de Rubiaceae no Cariri Paraibano. Floresce e frutifica de abril a agosto.
20. Tocoyena formosa (Cham. & Schltdl.) K. Schum., Fl. bras. 6(6): 347. 1889.
Árvore ou arvoreta 27 m alt.; ramos cilíndricos, estriados, castanho-avermelhados a acinzentados, lenticelados, glabros, tomentosos no ápice. Estípulas 3,58,5 mm compr., inteiras, triangulares, ápice agudo a ligeiramente falcado, glabrescente a pubescente externamente, internamente com coléteres. Folhas opostas; lâmina 7,518 × 48 cm, largamente lanceolada a oblongo-lanceolada, ápice agudo, base atenuada a aguda, margem revoluta, cartácea a subcoriácea, pubescente na face superior, lanosa a denso-tomentosa na face inferior; nervura principal proeminente na face inferior, nervuras secundárias 79 pares; pecíolo 12 mm compr., tomentoso. Dicásios terminais, sésseis ou curto pedunculados, 48 flores; pedúnculo ca. 4 mm, tomentoso. Flores andróginas, 5-meras, sésseis; botões florais com ápice agudo a acuminado. Cálice campanulado, com ápice denticulado, 13 mm compr., tomentoso, internamente com coléteres; hipanto 6,89 mm compr., obovado, tomentoso. Corola hipocrateriforme, prefloração contorta, amarela, tomentosa externamente e glabra internamente, vilosa apenas na fauce; tubo 612 cm compr., lobos 1,42 cm compr., oblongos a obovados. Estames exsertos, inseridos à fauce; filetes ca. 12 mm compr., glabros; anteras 57 mm compr. Ovário bilocular, lóculo pluriovulado, óvulos presos no septo; estilete 912,5 cm compr., inteiro, exserto, glabro; estigma bilamelado; disco inteiro, glabro. Baga 2,65 cm compr., globosa a subglobosa, pubérula a híspida; persistentes. Sementes 0,71 cm compr., discoides, dispostas horizontalmente.
Material selecionado: PARAÍBA: Cabaceiras, 21.IX.2007, fr., M.C. Pessoa et al. 205 (JPB). São José dos Cordeiros, 06.II.2007, fl., M.C. Pessoa & J.R. Lima 109 (JPB). Serra Branca, 17.X.2007, fr., M.C. Pessoa et al. 241 (JPB).
Tocoyena formosa tem distribuição neotropical, ocorrendo amplamente na América do Sul (Delprete 2008). No Cariri Paraibano, é encontrada em lajedos, na caatinga sensu stricto e em áreas ciliares. Floresce de fevereiro a abril e frutifica em setembro e outubro. Os frutos permanecem na planta de um ano para o outro, sendo frequentemente observada predação dos mesmos. Tocoyena formosa difere de Tocoyena sellowiana por apresentar folhas com indumento e estípulas caducas, enquanto que na última as folhas são glabras e as estípulas persistentes.
21. Tocoyena sellowiana (Cham. & Schltdl.) K. Schum., Fl. bras. 6(6): 349. 1889.
Arvoreta 25,5 m alt.; ramos cilíndricos, acinzentados, castanho-avermelhados, estriados, os mais jovens, glabros, lenticelados na porção apical. Estípulas persistentes, 47 mm compr., inteiras, triangulares, ápice agudo a ligeiramente falcado, glabras externamente, internamente apresentando coléteres. Folhas opostas; lâmina 1116 × 4,58 cm, obovada a largamente lanceolada, ápice agudo ou falcado, base ligeiramente atenuada a aguda, margem revoluta, cartácea, glabra, lustrosa na face superior; nervura principal proeminente na face inferior, nervuras secundárias 69 pares; pecíolo 11,8 mm compr., glabro. Dicásios terminais, sésseis ou pedunculados, 68 flores; pedúnculo 410 mm compr., glabro, lenticelado. Flores andróginas, 5-meras, sésseis; botões florais com ápice agudo a acuminado. Cálice campanulado, com ápice denticulado, 12 × 35 mm, glabro; hipanto 46 mm compr., obovado, glabro. Corola hipocrateriforme, prefloração contorta, amarela, glabra externamente e internamente vilosa apenas na fauce; tubo 10,512,5 cm compr., lobos 1,42 cm compr., oblongos a rotundos. Estames exsertos, inseridos na fauce, sésseis a subsésseis; anteras ca. 8 mm compr. Ovário bilocular, lóculo pluriovulado, estilete 1114 cm compr., inteiro, exserto, glabro; estigma bilamelado; disco inteiro, glabro. Baga 2,75,6 cm, compr., globosa a subglobosa, glabra; lobos do cálice persistentes. Sementes 0,71 cm compr., discoides, dispostas horizontalmente.
Material selecionado: PARAÍBA: Cabaceiras, 15.IV.2008, fl. e fr., M .C. Pessoa 291 (JPB). São José dos Cordeiros, 16.II.2008, fl. e fr., M.C. Pessoa 275 (JPB).Serra Branca, 17.II.2008, fl., M.C. Pessoa 279 (JPB).
Tocoyena sellowiana tem distribuição neotropical, e ocorre amplamente no Brasil (Andersson 1992). No Cariri paraibano ocorre sobre lajedos e áreas ciliares. Floresce de fevereiro a abril e frutifica em setembro e outubro. Caracteriza-se por apresentar folhas glabras lustrosas e estípulas persistentes, caracteres que a diferenciam de T. formosa.
Agradecimentos
Ao CNPq/Pesquisas Ecológicas de Longa Duração Caatinga, a bolsa de mestrado de M.C.R. Pessoa e de produtividade de M.R.V. Barbosa, e o apoio financeiro através do Projeto PELD - Caatinga. Aos curadores dos Herbários visitados, a presteza durante a consulta das coleções. Aos proprietários da RPPN Fazenda Almas, da RPPN Fazenda Santa Clara, do Lajedo do Pai Mateus, e do Refúgio da Serra a autorização de estudos em suas respectivas áreas. Ao Dr. William Wayt Thomas a revisão do Abstract, e aos dois revisores ad hoc que contribuíram para a melhoria do manuscrito original.
Artigo recebido em 21/07/2011.
Aceito para publicação em 14/05/2012.
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
15 Mar 2013 -
Data do Fascículo
Dez 2012
Histórico
-
Recebido
21 Jul 2011 -
Aceito
14 Maio 2012