Acessibilidade / Reportar erro

Sebastiania singularis (Euphorbiaceae): um novo sinônimo para Phyllanthus chacoensis (Phyllanthaceae)

Sebastiana singularis (Euphorbiaceae): a new synonym for Phyllanthus chacoensis (Phyllanthaceae)

Resumos

É proposta a transferência de Sebastiania singularis Rizzini para o gênero Phyllanthus sob o binônimo P.chacoensis Morong.

Euphorbiaceae; Phyllanthaceae; semiárido; sinonímia; taxonomia vegetal


The transfer of Sebastiania singularis Rizzini to the genus Phyllanthus under binomy P.chacoensis Morong is proposed.

Euphorbiaceae; Phyllanthaceae; semiarid; synonymy; plant taxonomy


NOTA CIENTÍFICA

Sebastiania singularis (Euphorbiaceae): um novo sinônimo para Phyllanthus chacoensis (Phyllanthaceae)1 1 Parte da tese de Doutorado do primeiro autor desenvolvida pelo Programa de Pós-graduação em Botânica (PPGB) da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).

Sebastiana singularis (Euphorbiaceae): a new synonym for Phyllanthus chacoensis (Phyllanthaceae)

André Laurênio de MeloI; Marcos José da SilvaII; Margareth Ferreira de SalesIII

IUniversidade Federal Rural de Pernambuco, Unidade Acadêmica de Serra Talhada, Fazenda Saco s/n, 56900-000, Serra Talhada, PE, Brasil. andrelaurenio@yahoo.com.br

IIUniversidade Federal de Goiás, Inst. Ciências Biológicas, Depto. Biologia Geral, CP 131, Goiânia, 74001-970, GO, Brasil. marcos_agrorural@hotmail.com

IIIUniversidade Federal Rural de Pernambuco, Depto. Biologia, Área de Botânica, R. D. Manoel de Medeiros s/n., 52171-900. mfsales65@hotmail.com

RESUMO

É proposta a transferência de Sebastiania singularis Rizzini para o gênero Phyllanthus sob o binônimo P.chacoensis Morong.

Palavras-chave: Euphorbiaceae, Phyllanthaceae, semiárido, sinonímia, taxonomia vegetal.

ABSTRACT

The transfer of Sebastiania singularis Rizzini to the genus Phyllanthus under binomy P.chacoensis Morong is proposed.

Key words: Euphorbiaceae, Phyllanthaceae, semiarid, synonymy, plant taxonomy.

Introdução

Até recentemente Euphorbiaceae sensu lato possuía uma circunscrição mais ampla que englobava de 7500 a 8000 espécies, arranjadas em cinco subfamílias: Phyllanthoideae, Oldfieldioideae, Acalyphoideae, Crotonoideae e Euphorbioideae (Webster 1994). No entanto, estudos filogenéticos moleculares (Chase et al. 2002; APG II 2003, 2009; Davis & Wurdack 2004; Davis et al. 2007) apontaram para o parafiletismo desta familia, relação com Rafflesiaceae e consecutiva necessidade de desmembramento. Assim, apesar de ainda ser preciso uma delimitação filogenética mais precisa para Euphorbiaceae sensu stricto, as filogenias acima corroboram que Phyllanthaceae e Putranjivaceae, táxons restabelecidos a partir de Euphorbiaceae, são bastante distintos filogeneticamente de Euphorbiaceae, a qual deve abranger apenas os gêneros com lóculos do ovário uniovulados.

Após esta reformulação, Euphorbiaceae passou a compreender 245 gêneros e aproximadamente 6300 espécies reconhecidas, principalmente pela presença de látex, ovário com lóculos uniovulados e sementes frequentemente carunculadas, além de flores unissexuadas e frutos capsulares (Wurdack et al. 2005).

Em uma revisão taxonômica feita para Sebastiania Spreng., Melo (2006) a partir de estudos de coleções herborizadas, provenientes de herbários nacionais e internacionais, incluindo todas as coleções-tipo, reconheceu para o gênero 17 espécies.

Rizzini (1974) descreveu Sebastianiasingularis, baseado na coleção F. B. Ramalho 190, proveniente de áreas de caatinga da Bahia, e a posicionou em Sebastiania sect. Sarothrostachys por apresentar sépalas das flores estaminadas iguais entre si e espigas axilares. Entretanto, o autor a considerou uma espécie anômala no gênero por apresentar cálice com quatro sépalas e quatro estames, ao passo que as demais espécies de Sebastiania têm geralmente três sépalas e três estames. Recentemente, Melo (2006) verificou que o táxon descrito por Rizzini (1974) tratava-se na verdade de um representante de Phyllanthus, por possuir ramos filantóideos, flores em tirsos caulifloros, frutos drupáceos, ausência de látex e glândulas nas identações da margem foliar, características não presentes nas espécies de Sebastiania.

Após análise da coleção F. B. Ramalho 190, é aqui proposta a transferência de Sebastiania singularis Rizzini para o gênero Phyllanthus sob o binômio Phyllanthus chacoensis Morong, haja vista a mesma possuir flores tetrâmeras com quatro estames, ovário bicarpelar e frutos drupáceos, caracteres estes não encontrados em Sebastiania e únicos para P.chacoensis entre as espécies americanas de Phyllanthus.

Phyllanthus chacoensis Morong, Ann. New York Acad. Sci VII: 218. 1892. Tipo: PARAGUAI. Prope Concepcion, 9.1801, fl. e fr., Hassler 7161 (Holótipo B!; Isótipo P!). Sebastiania singularis Rizzini, Leandra 3-4(4-5): 7. 1974. Tipo: BRASIL. Bahia. Casa Nova: crescit in caatinga ad Casa Nova, F.B. Ramalho 190 (Holótipo RB!; Isótipo PEUFR!). Syn. nov. Iconografia: Silva & Sales (2007: 94, figs. 19-25).

Até o ano de 2007, de acordo com a literatura, Phyllanthus chacoensis possuía distribuição restrita à América do Sul (Argentina, Brasil e Paraguai) até ser citado pela primeira vez por Silva & Sales (2007) para o Nordeste do Brasil, onde ocorre nos estados da Bahia e de Pernambuco, habitando a vegetação ripária das margens do rio São Francisco. É reconhecido pelas flores tetrâmeras, estames em número de quatro, inflorescências caulifloras, ovário bicarpelar e frutos drupáceos e elipsóides, caracteres estes não encontrados em Sebastiania.

Agradecimentos

À CAPES, a bolsa de doutorado concedida ao primeiro autor e aos herbários B, P PEUFR, RB, os empréstimo das coleções.

Artigo recebido em 27/05/2012

Aceito para publicação em 20/08/2012

  • APG II. 2003 (Angiosperm Phylogeny Group). An update of the Angiosperms Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG II. Botanical Journal of the Linnean Society 141:399-436.
  • APG III. 2009. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG II. Botanical Journal of the Linnean Society 161:105-121
  • Chase, M.W.; Zmarzty, S.; Lledó, M.D.; Wurdack, K.J.; Swensen, S.M. & Fay, M.F. 2002. When in doubt, put it Flacourtiaceae: a molecular phylogenetic analysis based on plastid rbcL DNA sequences. Kew Bulletin 57:141-181.
  • Davis, C.C. & Wurdack, K.J. 2004. Host-to-parasite gene transfer in flowering plants: phylogenetic evidence from Malpighiales. Science 305:676-678.
  • Davis, C.C.; Latvis M.; Nickrent D.L.; Wurdack, K.J. & Baum, D.A. 2007. Floral gigantism in Rafflesiaceae. Science 315:1812.
  • Melo, A.L. 2006. Revisão de Sebastiania Spreng. sensu stricto (Euphorbiaceae - Hippomaneae). Tese de Doutorado. Universidade Federal Rural de Pernambuco. 117p.
  • Silva, M.J. & Sales, M.F. 2007. Phyllanthus L. (Phyllanthaceae) em Pernambuco, Brasil. Acta Botanica Brasilica 21:79-98.
  • Rizzini, C.T. 1974. Plantas novas da Bahia. Leandra 3-4:5-30.
  • Webster, G.L. 1994. Systematics of the Euphorbiaceae. Annals of the Missouri Botanical Garden 81:1-144.
  • Wurdack, K.J.; Hoffmann, P. & Chase, M.W. 2005. Molecular phylogenetic analysis of uniovulate Euphorbiaceae (Euphorbiaceae sensu stricto) using plastid rbcL and trnL-F DNA sequences. American Journal of Botany 92:1397-1420.
  • 1
    Parte da tese de Doutorado do primeiro autor desenvolvida pelo Programa de Pós-graduação em Botânica (PPGB) da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      11 Nov 2013
    • Data do Fascículo
      Set 2013

    Histórico

    • Recebido
      27 Maio 2012
    • Aceito
      20 Ago 2012
    Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Rua Pacheco Leão, 915 - Jardim Botânico, 22460-030 Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Tel.: (55 21)3204-2148, Fax: (55 21) 3204-2071 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
    E-mail: rodriguesia@jbrj.gov.br