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Eriosema (Leguminosae-Papilionoideae) no Sudeste do Brasil

Eriosema (Leguminosae-Papilionoideae) in Southeastern Brazil

Resumos

Eriosema, compreendendo 150 espécies, possui distribuição pantropical, e apresenta dois principais centros de diversidade, um na África e outro nas Américas. Atualmente 38 espécies são registradas para a região Neotropical, das quais 30 encontram-se no Brasil. O presente trabalho consiste no tratamento taxonômico das espécies de Eriosema na região Sudeste do Brasil onde foram registrados 26 táxons: Eriosema benthamianum, E. campestre var. campestre, E.campestre var. macrophyllum, E.congestum, E.crinitum, E.defoliatum, E. floribundum, E.glabrum, E. glaziovii, E.hatschbachii, E.heterophyllum, E.longiflorum, E.longifolium, E.obovatum, E.platycarpon, E.prorepens, E.pycnanthum, E.riedelii, E.rigidum, E.rufum var. macrostachyum, E.rufum var. rufum, E.simplicifolium, E.stenophyllum, E.strictum, E.tacuaremboense. e E. tozziae. Uma nova ocorrência é apresentada para o Sudeste, E. tacuaremboense, além da descoberta de duas espécies novas, E. hatschbachii e E. tozziae .

Cajaninae; Fabaceae; Rhynchosia; Taxonomia Vegetal


Eriosema, comprising about 150 species, has a pantropical distribution, with two main centres of diversity, one in Africa and the other in the Americas. Currently 38 species are recorded for the Neotropics, of which 30 occur in Brazil. This work consists of the taxonomic treatment of the species of Eriosema in Southeastern Brazil. In this study, 26 taxa were recorded: Eriosema benthamianum, E. campestre var. campestre, E.campestre var. macrophyllum, E.congestum, E.crinitum, E.defoliatum, E. floribundum, E.glabrum, E. glaziovii, E.hatschbachii, E.heterophyllum, E.longiflorum, E.longifolium, E.obovatum, E.platycarpon, E.prorepens, E. pycnanthum, E.riedelii, E.rigidum, E.rufum var. macrostachyum, E.rufum var. rufum, E.simplicifolium, E.stenophyllum, E.strictum, E.tacuaremboense and E. tozziae. A new occurrence is cited for southeastern Brazil, E. tacuaremboense, besides the discovery of two new species, E. hatschbachii and E. tozziae.

Cajaninae; Fabaceae; Rhynchosia; Plant Taxonomy


ARTIGOS ORIGINAIS ORIGINAL PAPERS

Eriosema (Leguminosae-Papilionoideae) no Sudeste do Brasil

Eriosema (Leguminosae-Papilionoideae) in Southeastern Brazil

Elisa Silva CândidoI,II; Ana Paula Fortuna-PerezI,II,IV,V; João Luiz Mazza Aranha FilhoI,III; Luísa Maria de Paula Alves BezerraI

IUniversidade Federal de Ouro Preto – UFOP, Campus Universitário Morro do Cruzeiro, Depto. Biodiversidade, Evolução e Meio Ambiente, Bauxita, 35400-000, Ouro Preto, MG, Brasil

IIUniversidade Estadual de Campinas – UNICAMP, Depto. Biologia Vegetal, Inst. Biologia, R. Monteiro Lobato 255, Cidade Universitária Zeferino Vaz, Barão Geraldo, 13083-862, Campinas, SP, Brasil

IIIPrefeitura Municipal de Mariana, Secretaria Municipal de Saúde, Setor de Vigilância Epidemiológica e Zoonoses, R. Dinamarca 37, Fonte da Saudade, 35420-000, Mariana, MG, Brasil

IVUniversidade Estadual Paulista - UNESP, Depto. Botânica, IBB, Distrito Rubião Junior s/n, 18618-970, C.P. 510, Botucatu, SP, Brasil

VAutor para correspondência: bio.fortuna@gmail.com

RESUMO

Eriosema, compreendendo 150 espécies, possui distribuição pantropical, e apresenta dois principais centros de diversidade, um na África e outro nas Américas. Atualmente 38 espécies são registradas para a região Neotropical, das quais 30 encontram-se no Brasil. O presente trabalho consiste no tratamento taxonômico das espécies de Eriosema na região Sudeste do Brasil onde foram registrados 26 táxons: Eriosema benthamianum, E. campestre var. campestre, E.campestre var. macrophyllum, E.congestum, E.crinitum, E.defoliatum, E. floribundum, E.glabrum, E. glaziovii, E.hatschbachii, E.heterophyllum, E.longiflorum, E.longifolium, E.obovatum, E.platycarpon, E.prorepens, E.pycnanthum, E.riedelii, E.rigidum, E.rufum var. macrostachyum, E.rufum var. rufum, E.simplicifolium, E.stenophyllum, E.strictum, E.tacuaremboense. e E. tozziae. Uma nova ocorrência é apresentada para o Sudeste, E. tacuaremboense, além da descoberta de duas espécies novas, E. hatschbachii e E. tozziae .

Palavras-chave: Cajaninae, Fabaceae, Rhynchosia, Taxonomia Vegetal.

ABSTRACT

Eriosema, comprising about 150 species, has a pantropical distribution, with two main centres of diversity, one in Africa and the other in the Americas. Currently 38 species are recorded for the Neotropics, of which 30 occur in Brazil. This work consists of the taxonomic treatment of the species of Eriosema in Southeastern Brazil. In this study, 26 taxa were recorded: Eriosema benthamianum, E. campestre var. campestre, E.campestre var. macrophyllum, E.congestum, E.crinitum, E.defoliatum, E. floribundum, E.glabrum, E. glaziovii, E.hatschbachii, E.heterophyllum, E.longiflorum, E.longifolium, E.obovatum, E.platycarpon, E.prorepens, E. pycnanthum, E.riedelii, E.rigidum, E.rufum var. macrostachyum, E.rufum var. rufum, E.simplicifolium, E.stenophyllum, E.strictum, E.tacuaremboense and E. tozziae. A new occurrence is cited for southeastern Brazil, E. tacuaremboense, besides the discovery of two new species, E. hatschbachii and E. tozziae.

Key words: Cajaninae, Fabaceae, Rhynchosia, Plant Taxonomy.

Introdução

O gênero Eriosema (DC) Desv. pertence à subtribo Cajaninae da tribo Phaseoleae e possui distribuição pantropical, apresentando dois principais centros de diversidade para as cerca de 150 espécies, um na África e outro nas Américas (Grear 1970). Pouco se conhece sobre as relações interespecíficas em Eriosema e até mesmo sobre sua precisa distinção com Rhynchosia Lour., gênero mais relacionado filogeneticamente (Bruneau et al. 1995; Doyle & Doyle 1993). No estudo de Bruneau et al. (1995), tais gêneros aparecem como monofiléticos, contudo não mais que duas espécies de cada gênero foram amostradas, fato este que não esclarece o monofiltetismo deles. O trabalho fenético realizado por Fortunato (2000) mostra uma relação de afinidade entre estes dois gêneros.

A distinção entre Eriosema e Rhynchosia é, basicamente, a localização do ponto de inserção do funículo da semente em relação ao hilo, sendo terminal em Eriosema e central, subcentral ou terminal em Rhynchosia. Contudo, este é um caráter inconsistente para separar estes gêneros, tendo em vista que o ponto de inserção do funículo em Rhynchosia pode ser central, subcentral ou terminal (Grear 1970). Alguns autores utilizaram também caracteres do hábito, forma do hilo e cor das flores para separar os dois gêneros (Grear 1970; Miotto 1988).

Eriosema pode ser caracterizado principalmente por possuir racemos axilares ou terminais usualmente com as flores congestas no ápice, sementes com hilo linear e funículo apical inserido na extremidade do hilo (Grear 1970). O gênero é bastante uniforme morfologicamente, dificultando a delimitação das espécies, que são circunscritas principalmente por caracteres foliares, que podem ser variáveis de acordo com condições ambientais, além de outros relativos aos indumentos (coloração), inflorescências e flores (Grear 1970; Fortunato 1993).

O mais recente e relevante tratamento taxonômico do gênero foi publicado por Grear (1970) que tratou as espécies americanas. Das 38 espécies ali ocorrentes, 30 ocorrem no Brasil (Fortunato 2014). Na Lista das Espécies da Flora do Brasil são citadas 19 espécies de Eriosema para a região Sudeste, ocorrendo em Cerrado, Campos rupestres, Caatinga e Mata Atlântica (Fortunato 2014).

Os estudos envolvendo o gênero Eriosema no Brasil são escassos, sendo os mais importantes aqueles que se restringem à descrição de novos táxons ou a estudos de floras regionais, como os de Lewis (1987), Lewis & Owen (1989), Cristaldo (2008), Rogalski & Miotto (2011), Fortuna-Perez et al. (2013) e Cândido et al. (2014).

Considerando a riqueza de táxons de Eriosema existentes no Brasil, a pouca descontinuidade entre os caracteres diagnósticos infragenéricos e a escassez de trabalhos taxonômicos recentes deste gênero, este trabalho teve como objetivo realizar o estudo taxonômico das espécies de Eriosema ocorrentes na região Sudeste do Brasil, fornecendo ilustrações, chave de identificação, descrições e breves comentários, além de dados de distribuição geográfica e ambiente preferencial das espécies.

Material e Métodos

O levantamento e a identificação dos táxons foram realizados através de análise morfológica de exsicatas de herbários nacionais e estrangeiros: BHCB, CEN, ESA, HUEFS, K, MBML, NY, OUPR, P, R, RB, SI, SP, SPF, UB, UEC, UFG, VIC, VIES (acrônimos de acordo com Thiers continamente atualizado). Além disso, foram realizadas expedições a campo nos anos de 2011, 2012 e 2013 e o material coletado foi depositado no Herbário OUPR. A identidade das espécies foi estabelecida através da comparação com suas diagnoses originais e com o material tipo ou com imagens de tipos nomenclaturais disponíveis on-line.

As abreviações dos nomes dos autores das espécies foram feitas de acordo com Brummitt & Powel (1992). A análise morfológica foi feita com base na metodologia clássica e com o auxílio de estereomicroscópio (Zeiss) com câmara clara acoplada e as medidas pertinentes tomadas com paquímetro. As descrições das espécies foram padronizadas e a terminologia para tal foi baseada em Kirkbride et al. (2003) para fruto e Hickey & Clive King (2000) para demais aspectos.

As informações sobre distribuição geográfica, ambiente preferencial, períodos de floração e frutificação das espécies foram obtidas nas etiquetas das exsicatas, das observações no campo e da literatura. A chave de identificação foi elaborada baseando-se em características morfológicas de fácil visualização. Todas as espécies encontradas foram ilustradas.

Resultados e Discussão

Na região Sudeste do Brasil, 26 táxons de Eriosema foram encontrados, distribuídos em 24 espécies. Dos estados desta região, Minas Gerais contou com o maior número de espécies, 23, e destas, somente E. platycarpon Micheli não foi registrada para o estado, seguido do estado de São Paulo com 10 espécies e Rio de Janeiro com uma espécie. Não foram encontradas espécies de Eriosema para o Espírito Santo. Através dos vários herbários visitados e dos empréstimos recebidos dos herbários já citados no item material e métodos não foram localizados exemplares do ES. Além disto, fotografias das exsicatas dos Herbários MBML e VIES citadas no speciesLink como sendo de Eriosema, na verdade pertenciam ao gênero Camptosema Hook. & Arn..

Eriosema tacuaremboense Arechav. é uma nova citação para o Sudeste, além da descoberta de duas espécies novas, E. hatschbachii Fort.-Perez & G.P.Lewis e E. tozziae Cândido & Fort.-Perez (ambas para Minas Gerais). Para o Brasil, a partir de agora, são citadas 32 espécies, acrescentando E. hatschbachii e Eriosema tozziae, além das 30 referidas por Fortunato (2014). Considerando o número de espécies para o Brasil, a região Sudeste (24), especialmente Minas Gerais (23), é um dos principais centros de diversidade de Eriosema no país.

Chave de identificação para as espécies de Eriosema ocorrentes no Sudeste do Brasil

1.

Folhas sempre unifolioladas.

2.

Estípulas livres; folíolos obovados... 13. Eriosema obovatum

2'.

Estípulas concrescidas, ou ocasionalmente livres até a metade; folíolos lineares, lanceolados, oblongos, oblongo-lanceolados, elípticos, ovados, oval-lanceolados, cordiformes, cordiforme-lanceolados, cordados.

3.

Folíolos lineares, raro lanceolados, base aguda, aspecto de um bastão rígido... 21. Eriosema stenophyllum

3'.

Folíolos lanceolados, oblongos, oblongo-lanceolados, elípticos, ovados, oval-lanceolados, cordiformes, cordiforme-lanceolados, cordados, base obtusa, arredondada a cordada.

4.

Estípulas decíduas; folíolos de tamanho e forma variados na mesma planta... 1. Eriosema benthamianum

4'.

Estípulas persistentes; folíolos de tamanho e forma uniformes na mesma planta.

5.

Subarbustos eretos ou ascendentes, glabros ou glabrescentes; folíolos rígido-coriáceos; racemos densamente albo-seríceos (raro pubescentes)... 18. Eriosema rigidum

5'.

Subarbustos prostrados, usualmente decumbentes a procumbentes, raramente eretos, pubescentes, seríceos; folíolos membranáceos, cartáceos a fino coriáceos; racemos glabrescentes a pubescentes.

6.

Racemos geralmente mais longos que as folhas... 10. Eriosema heterophyllum

6'.

Racemos geralmente mais curtos ou não ultrapassando as folhas maduras... 20. Eriosema simplicifolium

1'.

Folhas trifolioladas (ocasionalmente ocorrendo folhas com um folíolo na base da planta em E.floribundum).

7.

Racemos ultrapassando o nível das folhas quando totalmente expandidos.

8.

Ramos glabros ou glabrescentes; folíolos com três nervuras bem marcadas, as duas laterais marginais e convergindo para o ápice... 7. Eriosema glabrum

8'.

Ramos pubescentes ou pilosos, folíolos sem as três nervuras bem marcadas, quando com três nervuras, as duas laterais não convergindo para o ápice.

9.

Ramos procumbentes ou prostrados.

10.

Folíolos membranáceos, base aguda, ramos densamente hirsutos... 15. Eriosema prorepens

10'.

Folíolos fino coriáceos, base obtusa ou subcordada (raro aguda), ramos esparsamente pilosos 8. Eriosema glaziovii

9'.

Ramos eretos ou ascendentes.

11.

Folhas decíduas na antese... 5. Eriosema defoliatum

11'.

Folhas persistentes na antese

12.

Flores 10–13 mm compr... 24. Eriosema tozziae

12'.

Flores 21–30 mm compr.

13.

Folíolos obovados, argênteo-pilosos, contrastando com as nervuras rufo-pubescentes, base aguda ou obtusa... 17. Eriosema riedelii

13'.

Folíolos elípticos, amarelos a rufo-pubescentes, não contrastando com as nervuras, base usualmente cordada ou subcordada (raro)... 11. Eriosema longiflorum

7'.

Racemos não ultrapassando o nível das folhas quando totalmente expandidos.

14.

Folíolos geralmente menos que cinco vezes mais longos do que largos, elípticos, largo-elípticos, obovados, largo-obovados, ovados, lanceolados, largo-lanceolados, oblongos, oblongo-lanceolados, estreito-obovados, estreito-elípticos.

15.

Ramos glabrescentes, albos, cinéreos, prateados a alvacentos pubescentes.

16.

Subarbustos eretos com folhas somente próximas ao ápice na antese... 9. Eriosema hatschbachii

16'.

Subarbustos eretos com folhas espalhadas por toda a planta ou com folhas decíduas na antese.

17.

Folhas fortemente discolores... 14. Eriosema platycarpon

17'.

Folhas concolores.

18.

Estípulas decíduas; plantas com folhas decíduas na antese... 3. Eriosema congestum

18'.

Estípulas persistentes; plantas com folhas persistentes na antese... 6. Eriosema floribundum

15'.

Ramos amarelados, rufos ou ferrugíneos, pilosos ou pubescentes.

19.

Folíolos oblongo-lanceolados; nervuras paralelas... 16. Eriosema pycnanthum

19'.

Folíolos oblongos, estreito-oblongos, elípticos, estreito-elípticos, largo-elípticos, oblongo-elípticos, oblongo-ovados, obovados, largo-obovados, ovados, ovado-lanceolados, orbiculares, lanceolados, nervuras peninérvias.

20.

Subarbustos eretos, ramos densamente rufo-pilosos ou ferrugíneo-pubescentes... 19. Eriosema rufum

20'.

Subarbustos prostrados ou raramente eretos, ramos amarelo-pilosos ou alvacento-pilosos  2. Eriosema campestre

14'.

Folíolos geralmente mais que cinco vezes mais longos do que largos, lineares, linear-elípticos, linear-oblongos, estreitamente oblongos, elípticos, estreito-elípticos, lanceolados, ovais e obovado (exceção em algumas variedades de E. crinitum, que podem apresentar folíolos elípticos a largo-elípticos).

21.

Ramos prateados, alvacentos a cinéreos, pubescentes.

22.

Folíolos elípticos a estreito-elípticos; estandarte com ápice retuso... 23. Eriosema tacuaremboense

22'.

Folíolos lineares, lanceolados a estreito-elípticos (raro); estandarte com ápice apiculado... 22. Eriosema strictum

21'.

Ramos acastanhados, amarelos, ferrugíneos, rufo-pubescentes.

23.

Racemos com 4-5 flores, laxos... 4. Eriosema crinitum

23'. Racemos com mais de 8 flores, congestos... 12. Eriosema longifolium

Tratamento Taxonômico

Eriosema (DC.) Desv., Ann. Sci. Nat. (Paris) 9: 421. 1826. Tipo: Eriosema rufum (Kunth) G. Don., Gen. Hist. 2: 347. 1832.

Subarbustos, eretos ou prostrados, ascendentes, decumbentes a procumbentes. Raízes napiformes ou fusiformes. Xilopódio frequentemente presente. Caule simples ou ramificado. Folhas pinado-trifolioladas ou unifolioladas, sésseis ou curto-pecioladas; folíolos com glândulas punctiformes amarelas na face dorsal, raramente na ventral; estípulas concrescidas quase até o ápice, raro livres, caducas ou persistentes, com ou sem estipelas. Racemo, axilar ou terminal, laxo ou congesto, mais curto ou mais longo que as folhas, flores frequentemente agrupadas no ápice; brácteas caducas ou persistentes; bractéolas ausentes. Flores com pétalas amarelas, raro alaranjadas, às vezes com estrias violáceas ou vermelhas; cálice campanulado, lacínias 5; estandarte 2-auriculado; asas auriculadas ou não; peças da quilha falcadas, cuculadas; estames 10, diadelfos, anteras uniformes; ovário séssil ou subséssil, densamente viloso, estigma apical, subcapitado. Legumes retos, elasticamente deiscentes; sementes 2; hilo linear, alongado, funículo apical, inserido na extremidade do hilo; arilo esbranquiçado.Â

1. Eriosema benthamianum Mart. ex Benth., Linnaea 22: 521. 1849.

Fig. 1a-i


Subarbustos eretos, 0,5–1,5 m alt.; caule ramificado no ápice, com tricomas glandulares e não-glandulares, curtos, esparsamente entremeados com tricomas longos, canescentes, ramos amarelo-ferrugíneos, glabrescentes na base. Pecíolos 3-5 mm compr. Folhas unifolioladas, concolores, persistentes e espalhadas por toda a planta na antese; estípulas concrescidas ou ocasionalmente livres até a metade, 2,5–5 mm compr., lanceoladas, decíduas; estipelas nulas; folíolos de tamanho e forma variados na mesma planta, sem as três nervuras bem marcadas, quando com três nervuras, as duas laterais não convergindo para o ápice, nervuras peninérvias, pubescentes, 2–12 × 2–6 cm, ovados, elípticos ou oblongos, fino coriáceos, ápice agudo, base obtusa a cordada, glândulas punctiformes presentes. Racemos axilares, 3–7,5 cm compr., ultrapassando o nível das folhas quando totalmente expandidos, laxos, 3–5 flores, pubescentes; brácteas ovadas, decíduas, 4–5 mm compr. Flores 12–18 mm compr.; cálice 5–12 mm compr., lacínias lanceoladas, mais longas que o tubo calicino; estandarte 16–19 mm compr., obovado, com indumento lanoso externamente, ápice levemente retuso; alas 14–16 mm compr.; pétalas da quilha 13–16 mm compr. Legumes 11–18 × 6–10 mm, ovados a oblongos, rostrados, castanho-escuros, pubérulos; sementes 4–5,5 mm compr., elípticas, castanhas a negras.

Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Brasilândia de Minas, Fazenda Brejão, 30.VII.1999, fl. e fr., A.A. Azevedo 121 (BHCB); Curvelo, 05.IX.1972, fl. e fr., G. Hatschbach 26984 (UEC); Serra da Piedade, Divisa de Betim e Brumadinho, 08.VII.1994, fl. e fr., J. Evangelista de Oliveira 104 (BHCB, UB); São Roque de Minas, ao redor da Serra da Canastra, 23.IX.2007, fl. e fr., B.L. Merlin et al. 101 (ESA); Uberaba, 23 km N of Uberaba on BR-106, 07.VII.1967, fl. e fr., R. Goodland 3151 (UB). SÃO PAULO: Buritizal, 20º12'26.4"S, 47º45'22.7"W, 27.VII.1994, fl. e fr., K.D. Barretoet al.2724 (ESA, SPF); Cajuru, Fazenda Santa Carlota, 20.VIII.1989, fl., A. Sciamarelli & J.V.C. Nunes 209 (SPF); 24.III.1989, fl., A. Sciamarelli & J.V.C. Nunes 274 (SPF).

Esta espécie caracterizada por apresentar hábito ereto e ramificado no ápice, tricomas glandulares em toda a planta e os folíolos com tamanho e forma diferente no mesmo indivíduo. Semelhante à E. heterophyllum, mas esta possui hábito prostrado e os folíolos com tamanho e forma uniforme no mesmo indivíduo.

No Brasil ocorre no Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e em São Paulo (Bentham 1859; Grear 1970; Cristaldo 2008). Coletada com flores em março, junho, julho, agosto e setembro; e frutos de junho a setembro.

2. Eriosema campestre Benth., in Mart. Fl. Bras. 15(1): 212. 1859.

Subarbustos prostrados, raramente eretos, 0,2–1 m alt.; caule ramificado desde a base ou simples, com tricomas glandulares e não-glandulares, curtos, entremeados com tricomas longos, patentes, ramos pilosos, alvacentos a amarelados. Pecíolos 1–2 mm compr. Folhas trifolioladas, concolores ou levemente discolores, persistentes e espalhadas por toda a planta na antese; estípulas concrescidas ou ocasionalmente livres até a metade, posteriormente tornam-se livres, 0,2–2 cm compr., lanceoladas, persistentes; estipelas nulas; folíolos de tamanho e forma uniformes na mesma planta, sem as três nervuras bem marcadas, quando com três nervuras, as duas laterais não convergindo para o ápice , menos que cinco vezes mais longos do que largos, nervuras peninérvias, pubescentes, 2,5–8 × 1–4 cm, obovado a largo-obovado, elípticos a largo-elíptico, ovados, estreito-elípticos, lanceolados, raro oblongos, cartáceos, ápice obtuso, agudo, retuso a truncado, mucronado, base obtusa a subcordada, glândulas punctiformes presentes. Racemos axilares e terminais, 2,5–6,5 cm compr., não ultrapassando o nível das folhas quando totalmente expandidos, laxos, 2–7 flores, pubescentes; brácteas cimbiformes, decíduas, 4–5 mm compr. Flores 10–13 mm compr.; cálice 6–13 mm compr., lacínias estreito-triangulares, mais longas que o tubo calicino; estandarte 10–15 mm compr., obovado, denso-pubescente externamente, ápice levemente retuso; alas 9–11 mm compr.; pétalas da quilha 10–11 mm compr. Legumes 15–20 × 8–11 mm, ovados a oblongos, rostrados, castanho-escuros, levemente hirsuto; sementes ca. 5 mm compr., oblongas, castanhas a negras.

Chave para as variedades de Eriosema campestre

1.

Folíolos obovados a largo-obovados, elípticos a largo-elípticos ou ovados... 2.1 Eriosema campestre var. campestre

1'. Folíolos elípticos, estreito-elípticos a lanceolados... 2.2 Eriosema campestre var. macrophyllum

2.1 Eriosema campestre Benth. var. campestre, in Mart., Fl. Bras. 15(1):212. 1859.

Fig. 1j-r

Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Diamantina, Guinda, 05.XI.1937, fl., Mello Barreto 9460 (SP); Itabirito, Serra de Itabirito, ca. 45 km S.E. of Belo Horizonte, 09.II.1968, fl., H.S. Irwin et al. 19675 (UB); Sacramento, Parque Nacional da Serra da Canastra, Guarita de Sacramento, caminho para o Córrego dos Coelhos, 23.IX.1996, fl., R. Romero & J.N. Nakajima 3669 (OUPR); Ouro Preto, Próximo a Mina de Fábrica, 20º25'18"S, 43º50'41"W, 6.XI.2008, fl., S.G. Rezende 2855 (BHCB); Serra do Cabral, ca. 3 km W. of Cantoni, 09.III.1970, fr., H.S. Irwin et al. 27206 (UB). SÃO PAULO: Itapeva, Estação Ecológica de Itapeva, 18.VIII.1995, fl., V.C. Souza et al. 8724 (ESA); Itararé, Fazenda Santa Maria do Espinho e Saco Grande, 25.I.1996, fl., H. Longhi-Wagner et al. 3175 (SPF); Osasco, 09.XI.1913, fl. e fr., A.C. Brade 7287 (SP).

Material adicional examinado: BRASIL. GOIÁS: Alto Paraíso de Goiás, Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, Serra Pouso Alto, 13º51'-14º10'S (aprox.), 47º42'W (aprox.), 09.III.2012, fr., A.P. Fortuna-Perez et al. 1451 (OUPR).

Eriosemacampestre var. campestre diferencia-se de E. campestre var. macrophyllum por apresentar folíolos obovados a largo-obovados, elípticos a largo-elípticos ou ovados, medindo 2,5–8×1–4 cm e indumento amarelado, enquanto que E.campestre var. macrophyllum possuem os folíolos elípticos a estreito-elípticos, às vezes, lanceolados, e o indumento é piloso, alvacento.

Ocorre na Argentina, Paraguai e Brasil, no Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul (Grear 1970; Fortunato 2014). Coletada com flores em janeiro, fevereiro, agosto, setembro, novembro e dezembro; e com frutos nos meses de fevereiro, março e novembro.

2.2 Eriosema campestre var. macrophyllum (Grear) Fortunato, Kurtziana 27: 375. 1999.

Fig. 2a-i


Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Carmo do Rio Claro, 18.III.1920, fl., s.c., (SP 3691); Pedro Leopoldo, Lapa Vermelha, 17.X.1977, fl. e fr., P. Prous & J. Pedersoli 232 (BHCB). SÃO PAULO: Campinas, Campo Grande, 12.XII.1940, fr., A.P. Viegas & A.S. Lima (SP 48478); Itararé, Estrada para a Fazenda Santa Andréia, ca. de 1 km da Rodovia Itapeva-Itararé e do Rio Verde, 30.X.1993, fl., V.C. Souza 4511 (ESA); Pirassununga, Cerrado de Emas, 06.I.1993, fl. e fr., M.L.F. Salatino et al. 189 (SPF); 22º02'S, 47º30'W, 24.XI.1994, fl., S. Aragaki &Â M. Batalha 180 (SPF); Tatuí, Campo de Santa Cruz, 30.I.1918, fl., F.C. Hoehne (SP 1405).

Esta variedade ocorre principalmente em regiões de cerrado e campo rupestre (Grear 1970), e pode ser reconhecida principalmente por apresentar o indumento alvacento e conspicuamente piloso por toda a planta.

Ocorre no Paraguai e Brasil, em Minas Gerais, São Paulo e nos estados da região Sul.(Bentham 1859; Miotto 1988; Dubs 1998; Grear 1970; Cristaldo 2008). Coletada com flores em janeiro, fevereiro, março, outubro e novembro; e com frutos de outubro a dezembro.

3. Eriosema congestum Benth., in Mart., Fl. Bras. 15(1): 214. 1859.

Fig. 2j-r

Subarbustos eretos, 0,25–1 m alt., caule não ramificado, raro pouco ramificado, com tricomas não-glandulares curtos, entremeados com tricomas mais longos, ramos pubescentes, alvacentos. Pecíolos 1–3 mm compr. Folhas trifolioladas, concolores, decíduas na antese; estípulas livres, 2–5 mm compr., ovadas a lanceoladas, decíduas; estipelas nulas; folíolos de tamanho e forma uniformes na mesma planta, sem as três nervuras bem marcadas, quando com três nervuras, as duas laterais não convergindo para o ápice, menos que cinco vezes mais longos do que largos, nervuras peninérvias, pubescentes, 1,5–7 × 0,5–3 cm, elípticos ou estreito-elípticos, coriáceos, ápice acuminado a obtuso, base obtusa a subcordada, glândulas punctiformes presentes. Racemos axilares, 0,8–3,5 cm compr., não ultrapassando o nível das folhas quando totalmente expandidos, congestos, 5–15 flores, pubescentes,; brácteas cimbiformes, decíduas, 4–4,5 mm compr. Flores 10–13 mm compr.; cálice 6–13 mm compr., lacínias estreito-triangulares, mais longas que o tubo calicino; estandarte 17–19 mm compr., obovado a oblongo, lanoso externamente, ápice arredondado; alas 15–15,5 mm compr.; pétalas da quilha 14–14,5mm compr. Legumes 15–20 × 9–11 mm, ovados, rostrados, castanho-escuros, pubescentes; sementes ca. 5 mm compr., oblongas, castanhas a negras.

Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Araçaí, 22.IX.1955, fr., E.P. Heringer 4073 (UB); Jequitibá, 26.VII.1957, fl., E.P. Heringer 5665 (UB); Paraopeba, 13.VIII.1955, fl., E.P. Heringer 4004 (UB).

Material adicional examinado: BRASIL. DISTRITO FEDERAL: Brasília, 02.X.1980, fl., T.S.M. Grandi 425 (BHCB). GOIÁS: Cristalina, 10 km de Cristalina em direção à Unaí (GO-309), Serra dos Cristais, 10.IX.1998, fl., V.C. Souza et al. 21356 (ESA); Pirenópolis, cerca de 10 km de Pirenópolis em direção à Corumbá de Goiás, 15º55'42"S, 48º51'03"W, 14.VII.2000, fl. e fr., V.C. Souza et al. 23848 (BHCB); Serra Dourada, 29.X.2010, fr., A.P. Fortuna-Perez et al. 1516 (OUPR); São João da Aliança, Caminho para Serra Geral do Paranã, 16.VIII.2007, fl., A.P. Fortuna-Perez et al. 220 (UEC).

Eriosema congestum ocorre em cerrados, campos rupestres e bordas de mata seca. É facilmente reconhecida por apresentar os racemos curtos, sésseis ou subsésseis, com as flores numerosas e congestas na axila das folhas e estas decíduas na antese.

No Brasil, esta espécie ocorre nas regiões Nordeste, Centro-Oeste, e Sudeste (Grear 1970) com flores e frutos de agosto a outubro.

4. Eriosema crinitum (Kunth) G.Don, Gen. Hist. 2: 348. 1832.

Fig. 3a-r


Subarbustos eretos, 0,2–0,6 m alt.; caule simples a muito ramificado, com tricomas glandulares e não-glandulares, glabrescentes a pubescentes, entremeados com tricomas longos, canescentes, ramos com indumento acastanhado a amarelado. Pecíolos 1–4 mm compr. Folhas trifolioladas, concolores ou levemente discolores, persistentes e espalhadas por toda a planta na antese; estípulas concrescidas quase até o ápice, 3,5–15 mm compr., estreito-lanceoladas a lanceoladas, persistentes; estipelas nulas; folíolos de tamanho variados e forma uniforme na mesma planta, sem as três nervuras bem marcadas, quando com três nervuras, as duas laterais não convergindo para o ápice, mais que cinco vezes mais longos do que largos, nervuras peninérvias, pubescentes, 1,2–13 × 0,2–2 cm, linear-elípticos a linear-oblongos, estreito-elípticos, lanceolados, ovais e obovados, cartáceos, ápice acuminado ou agudo-mucronado, base aguda a arredondada e subcordada, glândulas punctiformes presentes. Racemos axilares e terminais, 0,5–3 cm compr., não ultrapassando o nível das folhas quando totalmente expandidos, laxos, 4–5 flores, glabrescentes a pubescentes; brácteas cimbiformes a ovadas, decíduas, 3–7 mm compr. Flores 6–12 mm compr.; cálice 5–8 mm compr., lacínias estreito-triangulares, mais longas ou não que o tubo calicino; estandarte 7–12 mm compr., obovado, esparsamente seríceo externamente, ápice arredondado; alas 7–10,5 mm compr.; pétalas da quilha 7–9,5 mm compr. Legumes 11–17 × 2–3 mm compr., oblongo-elípticos, rostrados, castanhos a enegrecidos, pubérulos a hirsutos; sementes 4–5 mm compr., oblongas a reniformes, marmoreadas, castanhas a negras.

Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Botumirim, Serra da Canastra, trilha para as Campinas do Bananal, 16º50'S, 43º00'W, 23.III.2000, fr., J.R. Pirani et al. 4607 (SPF); Diamantina, estrada Conselheiro Mata-Diamantina, Km 182, 29.I.1986, fl. e fr., N.L. Menezes (SPF 42648); Itutinga, Campo rupestre na beira da estrada entre Lavras e São João del Rey, 07.III.1995, fl. e fr., V.C. Souza et al. 7822 (ESA); Paraopeba, Fazenda do Chico Maurício, 07.II.1957, fl. e fr., E.P. Heringer 5487 (UB). RIO DE JANEIRO: XI.1879, fl., A. Glaziou 10518 (K); II.1882, fl., A. Glaziou13420 (K). SÃO PAULO: Campos do Jordão, estrada do Areal, vale do rio Coxim, 18.III.1964, fr., J. Correa Gomes Jr. 1660 (UB); Itirapina, estrada de Graúna, 07.II.1993, fl. e fr., F. de Barros 2597 (SP); Pedregulho, Parque Estadual das Furnas do Bom Jesus, 20º14'52"S, 47º27'37"W, 31.X.2003, fl. e fr., D. Sasaki &Â A.F. Sartori 773 (SPF); Pirassununga, Cerrado de Emas, 22º02'S, 47º30'W, 31.III.1995, fr., S. Aragaki & M. Batalha 312 (SP).

Material adicional examinado: BRASIL. GOIÁS: Mineiros, Parque Nacional das Emas, 18º6'23"S, 52º55'40"W, 09.IV.2011, fl. e fr., A.P. Fortuna-Perez et al. 1438 (OUPR); Silvânia, Floresta Nacional da Silvânia, 06.X.2012, fr., A.P. Fortuna-Perez et al. 1430 (OUPR); Teresina, 7 km by road S of Terezina, 17.III.1973, fl., W. R. Anderson 7333 (UB).

Devido ao polimorfismo existente entre os espécimes de E. crinitum variedades foram estabelecidas por diversos autores. Analisando o material de todo este complexo, especialmente E. crinitum var. discolor Fortunato, E. crinitum var. pulchellum (Kunth) G. Don, E. crinitum var. stipulare (Benth.) Fortunato e E. crititum var. fusiformis (Rusby) Grear foi possível observar que há um gradiente contínuo de muitas características morfológicas diagnósticas, mostrando que há sobreposição delas. Vale ressaltar, no entanto, que estudos adicionais deverão ser realizados para uma possível delimitação destes táxons e por isto, aqui foi adotada a posição de tratá-los sob E. crinitum senso amplo.

Esta espécie possui ampla distribuição nas Américas (Grear 1970). No Brasil pode ser encontrada nos estados do Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Bahia, Ceará, Maranhão, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul (Fortunato 2014). E. crinitum ocorre em cerrados, campos rupestres, em bordas de mata seca e áreas antropizadas com flores e frutos nos meses de janeiro, fevereiro, março, abril, outubro e novembro.

5. Eriosema defoliatum Benth., Linnaea 22: 524. 1849.

Fig. 4a-h


Subarbustos eretos a ascendentes, 0,35–1,2 m alt.; caule ramificado desde a base ou simples, com tricomas não-glandulares, longos, ramos alvacentos, pubescentes. Pecíolos 2–5 mm compr. Folhas trifolioladas, concolores ou levemente discolores, decíduas na antese; estípulas concrescidas quase até o ápice, posteriormente tornam-se livres, 0,2–2 cm compr., lanceoladas, decíduas; estipelas nulas; folíolos de tamanho e forma uniformes na mesma planta, sem as três nervuras bem marcadas, quando com três nervuras, as duas laterais não convergindo para o ápice, nervuras peninérvias, pubescentes, 2–6,5 × 1,5–3 cm, elípticos, coriáceos, ápice agudo a mucronado, base aguda a subcordada, glândulas punctiformes presentes. Racemos axilares, 5,5–15 cm compr., ultrapassando o nível das folhas quando totalmente expandidos, laxos, 25–60 flores, albo-tomentosos; brácteas cimbiformes, decíduas, 4–5 mm compr. Flores 5–18 mm compr.; cálice 10–11 mm compr., lacínias estreito-triangulares, mais longas que o tubo calicino; estandarte 15–20 mm compr., obovado, seríceo externamente, ápice arredondado ou levemente retuso; alas 11–12,5 mm compr.; pétalas da quilha 15–16 mm compr. Legumes 15–20 × 5–8 cm, ovalados a oblongos, rostrados, castanhos, pilosos; sementes 4–5,5 mm compr., oblongas, castanhas a negras.

Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Perdizes, Unidade de Conservação do Galheiro/CEMIG, 19º13'37"S, 47º09'24"W, 09.IX.1999, fl., J.A. Lombardi 3159 (BHCB); Estação Ambiental Galheiro, Céu do cavalo, 19º14'00.9"S, 47º09'36.1"W, fl. e fr., R. Arruda et al. 159 (UB).

Material adicional examinado: BRASIL. DISTRITO FEDERAL: Brasília, Reserva Biológica Chapada da Contagem. DF5, Reg. Palma, 15º33'S, 48º02"W, 29.VII.1980, fl., L. Fiedler & T.S.M. Grandi 329 (BHCB). GOIÁS: Anápolis, 21.VII.1952, fl., A. Macedo 3564 (SP); próximo ao complexo da Fazenda Extrema, 28.VI.2012, fl., J.P. Santos et al. 489 (OUPR).

Esta espécie é facilmente reconhecida pela longa inflorescência com indumento alvacento e suas folhas caducas quando em antese.

No Brasil, E. defoliatum ocorre no Distrito Federal, Goiás e Minas Gerais em áreas de cerrados, campos rupestres e bordas de mata seca (Grear 1970). Foi coletada com flores de junho a setembro e com frutos no mês de agosto.

6. Eriosema floribundum Benth., Linnaea 22: 524. 1849.

Fig. 4i-q

Subarbustos eretos, 0,2–1,2 m alt., caule simples ou ramificado desde a base, tricomas não-glandulares, longos, ramos alvacentos, pubescentes. Pecíolos 4–10 mm compr. Folhas trifolioladas, concolores, persistentes e espalhadas por toda planta na antese; estípulas concrescidas no ápice e livres na base, 0,4–2 cm compr., cimbiformes a lanceoladas, persistentes; estipelas nulas; folíolos de tamanho e forma uniformes na mesma planta, sem as três nervuras bem marcadas, quando com três nervuras, as duas laterais não convergindo para o ápice, menos que cinco vezes mais longos do que largos, nervuras peninérvias, pubescentes, 1,4–8 × 0,5–3,5 cm, elípticos ou estreito-elípticos, coriáceos, ápice agudo, acuminado a mucronado, base obtusa a arredondada, glândulas punctiformes presentes. Racemos terminais, 2,5–5,5 cm compr., não ultrapassando o nível das folhas quando totalmente expandidos, laxos, 5–15 flores, pubescentes a tomentosos, alvacentos; brácteas cimbiformes, decíduas, 6–7 mm compr. Flores 5–15 mm compr.; cálice 10–11,5 mm compr., lacínias estreito-triangulares, mais longas que o tubo calicino; estandarte, 12–17 mm compr., estreito-obovado, pubescente externamente, ápice arredondado-retuso; alas 10–16 mm compr.; pétalas da quilha 9–13 mm compr. Legumes 14–17 × 5–8 mm, ovados a oblongos, rostrados, castanho-escuros, pubescentes; sementes 4,5–5 mm compr., oblongas, negras.

Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Botumirim, contrafortes orientais da Serra da Canastra, na trilha do Cruzeiro a partir do posto de gasolina, 29.IX.1997, fl. e fr., A. Rapini et al. 355 (SP); Brejo das Almas (atualmente, Fancisco Sá), Serra do Catuny, 10.XI.1938, fl., F. Markgraf et al. 3304 (SP); Cristália, Fazenda Cabral, 17.VII.1991, fl., M.G.C. &Â S.T.S. 337 (BHCB); Diamantina, Fazenda da Glória-Merces, 25.XI.1937, fl. e fr., Mello Barreto 10036 (SP); Grão Mogol, estrada para o Rio Ventania, 16º32'S, 42º49'W, 13.XII.1989, fl., T.R.S. Silva et al. Â (SPF 67806); Joaquim Felício, Serra do Cabral, ca. 5,9 km da cidade, 17.7280ºS, 44.1850ºW, 13.X.2007, fl. e fr., J. Paula-Souza et al. 9393 (SPF); São Gonçalo do Rio Preto, Parque Estadual do Rio Preto, 18º06'34.6"S, 43º20'19.5"W, III.2012, fl. e fr., A.P. Fortuna-Perez et al. 1412 (OUPR).

Eriosema floribundum é facilmente reconhecida por apresentar hábito subarbustivo ereto, folhas espalhadas por toda a planta, folíolos trifoliolados, densamente albo-tomentosos.

Esta espécie ocorre no Brasil, em Minas Gerais (Grear 1970) em áreas de cerrados e campos rupestres. Coletada com flores nos meses de março, julho, setembro, outubro, novembro e dezembro; e frutos em março, setembro, outubro, novembro.

7. Eriosema glabrum Mart. ex Benth., Linnaea 22: 522. 1849.

Fig. 5a-i


Subarbustos eretos a ascendentes, 0,25–1,25 m alt., caule simples ou ramificado desde a base, ramos glabros ou glabrescentes. Pecíolos 4–6 mm compr. Folhas trifolioladas, concolores ou levemente discolores, persistentes e espalhadas por toda planta na antese; estípulas livres, 0,2–0,6 cm compr., lanceoladas, persistentes; estipelas nulas; folíolos de tamanho e forma uniformes na mesma planta, com três nervuras bem marcadas, as duas laterais marginais e convergindo para o ápice, nervuras peninérvias, glabros ou glabrescentes, 1,6–7×0,5–2,7 cm compr., estreito-elípticos ou oblongos, fino coriáceos, ápice agudo, acuminado a mucronado, base aguda, glândulas punctiformes presentes. Racemos axilares e terminais, 6–7 cm compr., ultrapassando o nível das folhas quando totalmente expandidos, laxos, 5–15 flores, glabros a glabrescentes; brácteas lanceoladas a cimbiformes, caducas, 4–5 mm compr. Flores 12–15 mm compr.; cálice 3–5 mm, lacínias estreito-triangulares, mais curtas que o tubo calicino; estandarte 12–14 mm compr., obovado a largo-obovado; alas 12–14 mm compr.; pétalas da quilha 9–12 mm compr. Legumes 15–18×6–7 mm, oblongos, rostrados, castanho-escuros, glabrescentes; sementes ca. 5 mm compr., oblongas, castanhas a negras.

Material examinado: BRASIL, MINAS GERAIS: Carrancas, Cachoeira da Fumaça, 07.X.1998, fl., L.S. Kinoshita et al. Â (OUPR 27198); Itabirito, Serra do Espinhaço, Serra do Itabirito, ca. 45 km S.E. of Belo Horizonte, 09.II.1968, fl., H.S. Irwin 19673 (UB); Montes Claros, Serra do Espinhaço, ca. 32 km of Montes Claros, road to Água Boa, 23.II.1969, fl. e fr., H.S. Irwin 23747 (UB); Ouro Preto, 09.I.1942, fl., Mello Barreto 11270 (BHCB); Paracatu, Serra da Anta, ca. 7 km of Paracatu, 04.II.1970, fr., H.S. Irwin et al. 26049 (UB).

Material adicional examinado: BRASIL. DISTRITO FEDERAL: Brasília, Brejo do Taquara, Reserva do IBGE, 28.I.2004, fr., A.P. Fortuna-Perez et al. 15 (UEC). GOIÁS: Alto Paraíso de Goiás, Parque Nacional Chapada dos Veadeiros, próximo à sede do parque, 13º51'-14º10'S (aprox.), 47º42'W, 10.III.2012, fl. e fr., A.P. Fortuna-Perez et al. 1455 (OUPR).

Eriosema glabrum é facilmente reconhecida por ser glabra ou glabrescente, apresentar três nervuras bem marcadas nos folíolos e as duas laterais marginais convergindo para o ápice.

Esta espécie ocorre na Argentina e no Brasil, no Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais e Paraná (Grear 1970; Fortunato 2014). Ocorre em cerrados e campos rupestres quartzíticos e foi coletada com flores em janeiro, fevereiro, março e outubro; e com frutos de janeiro a março.

8. Eriosema glaziovii Harms, Bot. Jahrb. 33 (Beibl. 72): 31. 1903.

Fig. 6 a-i


Subarbustos prostrados, 0,30–1 m alt., caule simples, ramos esparsamente pilosos. Pecíolos 1–6 mm compr.. Folhas trifolioladas, persistentes e espalhadas por toda planta na antese; estípulas livres, 0,6–1 cm compr., lanceoladas, persistentes; estipelas nulas; folíolos de tamanho e forma uniforme na mesma planta, esparsamente pilosos, amarelados, sem as três nervuras bem marcadas, quando com três nervuras, as duas laterais não convergindo para o ápice, nervuras peninérvias, 4–9×2,5–4 cm compr., elípticos, levemente obromboidais, fino coriáceos, ápice obtuso, base obtusa a subcordada, glândulas punctiformes presentes. Racemos axilares, 6–15 cm compr., ultrapassando o nível das folhas quando totalmente expandidos, laxos, 15–65 flores, pubescentes; brácteas lanceoladas a cimbiformes, persistentes, 5–7 mm compr.. Flores 12–15 mm compr.; cálice 5–9 mm, lacínias lanceoladas, mais longas que o tubo calicino; estandarte 12–14 mm compr., obovado a largo-obovado, ápice obtuso; alas 12–13 mm compr.; pétalas da quilha 12–14 mm compr.. Legumes 14–16×6–9 mm, oblongos, rostrados, castanho-escuros, pubescentes; sementes 4 mm compr., oblongas, negras.

Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Unaí, Região da ponte sobre o Rio Preto, a 29 km do entroncamento Brasília/Unaí/Palmital, na direção de Palmital, divisa DF/MG, 14.II.2002, fl., B.M.T. Walter 5093 (CEN). SÃO PAULO: Campos do Jordão, Estrada do Areal. Vale do rio Coxim, 22º48'0"S, 45º37'0"W, 18.III.1964, fl., J.Correa Gomes Jr. 1670 (UB).

Material adicional examinado: BRASIL. GOIÁS: Alto Paraíso de Goiás, Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, 10.II.2012, fr., A.P. Fortuna-Perez et al. 1457 (OUPR).

Esta espécie é semelhante à Eriosema prorepens, mas pode ser diferenciada pela espessura dos folíolos e o indumento dos ramos, em E. glaziovii os folíolos são fino coriáceos e os ramos esparsamente pilosos, enquanto que E. prorepens os folíolos são membranáceos e os ramos densamente pilosos, ferrugíneos a rufos.

No Brasil é encontrada nos estados de Goiás (Grear 1970), Minas Gerais e São Paulo. Eriosema glaziovii ocorre em áreas de cerrado e campo rupestre com flores em janeiro e fevereiro; e frutos em março.

9. Eriosema hatschbachii Fort.-Perez & G.P.Lewis, Kew Bulletin 68: 641-645. 2013. Iconografia: Fortuna-Perez et al. (2013); 642.

Subarbustos eretos, ca. 1 m alt.; caule pouco ramificado no ápice, com tricomas glandulares e não-glandulares, curtos, esparsamente entremeados com tricomas longos, canescentes, ramos cinéreos a prateados, densamente pubescentes. Pecíolos 2–3 mm compr. Folhas trifolioladas, concolores ou levemente discolores, parcialmente decíduas (folhas somente próximas ao ápice) na antese; estípulas livres, 3–6 mm compr., lanceoladas, persistentes; estipelas nulas; folíolos de tamanho e forma uniformes na mesma planta, sem as três nervuras bem marcadas, quando com três nervuras, as duas laterais não convergindo para o ápice, menos que cinco vezes mais longos do que largos, nervuras paralelas, pubescentes, 2–12×2–6 cm, ovados, elípticos, raro oblongos, fino coriáceos, ápice arredondado a agudo, mucronado, base aguda a cuneada, glândulas punctiformes presentes. Racemos 3–7,5 cm compr., terminais ou axilares, não ultrapassando o nível das folhas quando totalmente expandidos, congestos, mais que 25 flores, pubescentes a velutinos, alvacentos; brácteas ovadas a lanceoladas, persistentes, 5–12 mm compr. Flores 13–17 mm compr.; cálice 6–9 mm compr., lacínias triangulares a lanceoladas, mais longas que o tubo calicino; estandarte 15–22 mm compr., elíptico a obovado, pubescente internamente, ápice arredondado, obtuso a levemente retuso; alas 10–15 mm compr.; pétalas da quilha 10–13 mm compr. Legumes 15–18×9–10 mm, elípticos a oblongos, rostrados, castanho-escuros, albo-tomentosos; sementes 3,5–5 mm compr., levemente obovadas, negras.

Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Gouveia, Serra do Espinhaço, 06.IX.1971, fl., G. Hatschbach 27353 (K); Serra do Espinhaço, em direção à Diamantina na BR-259, ca. 1 km antes da Usina Eólica Experimental da CEMIG, 18.IX.2012, fl. e fr., A.P. Fortuna-Perez et al. 1401 (holótipo OUPR!; isótipos K!, UEC!).

Eriosema hatschbachii é morfologicamente semelhante à E. floribundum e E.pycnanthum Benth. var. pycnanthum, compartilhando com a última as numerosas nervuras secundárias paralelas nos folíolos (semelhante as espécies do gênero Tephrosia Pers.). Entretanto, E. hatschbachii possui folhas apenas próximas ao ápice, enquanto que as folhas de E. pycnantum var. pycnanthum e E. floribundum são persistentes e espalhadas por toda a planta na antese.

Esta espécie ocorre no Brasil, em Minas Gerais, no município de Gouveia (Fortuna-Perez et al. 2013) e foi coletada com flores e frutos em setembro.

10. Eriosema heterophyllum Benth., Linnaea 22: 520. 1849.

Fig. 5j-r

Subarbustos prostrados, usualmente decumbentes a procumbentes, 0,3–0,7 m alt.; caule simples a ramificados, com tricomas glandulares, curtos, entremeados com tricomas longos, seríceos, ramos pubescentes, alvacentos. Pecíolos 3–5 mm compr. Folhas unifolioladas, concolores ou levemente discolores, persistentes e espalhadas por toda a planta na antese; estípulas concrescidas, 3–10 mm compr., lanceoladas, persistentes; estipelas nulas; folíolos de tamanho e forma uniformes na mesma planta, sem as três nervuras bem marcadas, quando com três nervuras, as duas laterais não convergindo para o ápice, nervuras peninérvias, pubescentes, 1,5–9×1–5,5 cm compr., cordiformes a cordiforme-lanceolados, ovados a elípticos, cartáceos, ápice agudo-mucronado ou acuminado, base obtusa a arredondada, glândulas punctiformes presentes. Racemos axilares, 3,5–17 cm compr., ultrapassando o nível das folhas quando totalmente expandidos, laxos, 5–20 flores, glabrescentes; brácteas aciculadas, decíduas, 2,5–7 mm compr. Flores 13–16 mm compr.; cálice 7–10 mm compr., lacínias lanceoladas, mais longas que o tubo calicino; estandarte 10–16 mm compr., obovado a largo-obovado, pubescente externamente, ápice arredondado, levemente retuso; alas 6–15 mm compr.; pétalas da quilha 7–13 mm compr. Legumes 10–15×6–8 cm, oblongo-elípticos, rostrados, castanhos claros a escuros, pubescentes; sementes 4–5 mm compr., oblongas a largo-oblongas, castanhas com manchas negras.

Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Brasilândia de Minas, Fazenda Brejão, 30.VII.1999, fl. e fr., A.A. Azevedo 121 (BHCB); Itabirito, 40 km de Belo Horizonte, 18.VI.1964, fl. e fr., J.M. Pires 57936 (UB); Ituiutaba, Cerca de 7 km de Ituiutaba em direção à Prata, 13.VII.2000, fl., V.C. Souza et al. 23834 (ESA); Moeda, Serra da Moeda, 05.VI.1988, fl., A. de Souza (ESA 43701); Ouro Branco, Serra de Ouro Branco, próximo à torre, VII.2006, fl., F.A. Lemes 13 (VIC); Ouro Preto, 1967, fl., M. Pinheiro Sobrinho (BHCB 3964); São Roque de Minas, Parque Nacional da Serra da Canastra, estrada São Roque de Minas-Sacramento, próximo a Área de Desenvolvimento de Sacramento, 15.V.1999, fl., M.A. Farinaccio et al. 303 (SPF); São Sebastião do Paraíso, 20.XI.2008, fl., A.P. Fortuna-Perez et al. 453 (OUPR); 454 (OUPR); Tiradentes, Serra de Tiradentes, Águas Santas, 09.VII.1936, fl., Mello Barreto 4770 (BHCB). SÃO PAULO: Campos do Jordão, Morro do Ouro, 29.VII.1989, fl., A.M. Giulietti et al. 1059 (SPF); Itararé, Rod. SP-258 junto ao Rio Verde, s/d, fl. e fr., C.A. de M. Scaramuzza 384 (ESA); São José dos Campos, 30.VIII.1949, fl., M. Kuhlmann 1996 (SP).

Esta espécie é caracterizada por apresentar hábito prostrado e a inflorescência ultrapassando os folíolos. Assemelha-se a Eriosema benthamianum, mas esta possui hábito ereto e folíolos de tamanho e forma variados na mesma planta, enquanto E. heterophyllum possui o hábito prostrado e os folíolos uniformes.

No Brasil ocorre no Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Paraná (Fortunato 2014). Coletada com flores de maio a novembro e com frutos de junho a novembro.

11. Eriosema longiflorum Benth., Linnaea 22: 523. 1849.

Fig. 7a-i


Subarbustos eretos a ascendentes, 0,5–1,3 m alt.; caule ramificado desde a base, com tricomas glandulares, curtos, ramos amarelos ou rufos, pubescentes. Pecíolos 8–15 mm compr. Folhas trifolioladas, concolores ou levemente discolores, persistentes e espalhadas por toda planta na antese; estípulas livres, 8–9,5 mm compr., lanceoladas, decíduas; estipelas nulas; folíolos de tamanho e forma uniformes na mesma planta, sem as três nervuras bem marcadas, quando três nervuras, as duas laterais não convergindo para o ápice, nervuras peninérvias, pubescentes, com indumento amarelo a rufo, não contrastando com as nervuras, 2,5–9 × 1,3–4,5 cm, elípticos, fino coriáceos, ápice arredondado, mucronado, base usualmente cordada, raro subcordada, glândulas punctiformes presentes. Racemos terminais, 13–27 cm, ultrapassando o nível das folhas quando totalmente expandidos, laxos, 10–30 flores, pubescentes; brácteas ovadas a rômbicas, caducas, 5,5–6 mm compr. Flores 21–30 mm compr.; cálice 8–13,5 mm compr., lacínias lanceoladas a estreito-triangulares, mais longas que o tubo calicino; estandarte 20–28 mm compr., obovado, denso-pubescente externamente, ápice levemente retuso; alas 18–26 mm compr.; pétalas da quilha 20–25 mm compr. Legumes 20–30 × 10–15 mm compr., estreito-obovados a ovados, rostrados, castanho-escuros, pubescentes; sementes ca. 5 mm compr., oblongas, castanhas a negras.

Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Ibiá, ca. 8 km of the Araxá junction on Highway 262 to Belo Horizonte, 29.II.1976, fl. e fr., G. Davidse & W.G. D'Arcy10874 (SP); Perdizes, Fazenda Boa Vista (Ronan Afonso Borges), antiga estrada para Perdizes, 19º20'S, 47º16'W, 17.II.1996, fl., L.A. Martens (SPF 110205); Ituiutaba, Campos do Carmo, 06.III.1949, fl. e fr., A. Macedo 1757 (SP).

Material adicional examinado: BRASIL. GOIÁS: Leopoldo de Bulhões, s/d, fl., M. Silva 4025 (OUPR).

Esta espécie é caracterizada por apresentar umas das flores mais longas do gênero (21–30 mm compr.). Semelhante à Eriosema riedelii, mas são distintas pelo formato dos folíolos que são elípticos em E. longiflorum e obovados em E. riedelii.

No Brasil, E. longiflorum ocorre em Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais (Fortunato 2014). Foi coletada com flores e frutos em janeiro e fevereiro.

12. Eriosema longifolium Benth., Linnaea 22: 519. 1849.

Fig. 7j-s

Subarbustos eretos, 0,3–1,5 m alt.; caule simples, raro ramificados, com tricomas não-glandulares, curtos, entremeados com tricomas longos, patentes, ramos ferrugíneos ou rufos. Pecíolos 4–9 mm compr. Folhas trifolioladas, concolores ou levemente discolores, persistentes e espalhadas por toda a planta na antese; estípulas concrescidas quase até o ápice, 1,4–2,5 cm compr., lanceoladas, persistentes; estipelas nulas; folíolos de tamanhos variados e forma uniforme na mesma planta, sem as três nervuras bem marcadas, quando com três nervuras, as duas laterais não convergindo para o ápice, mais que cinco vezes mais longos do que largos, nervuras peninérvias, pubescentes, 5–17 × 0,4–1,5 cm, lineares, lanceolados, raro estreito-elípticos, cartáceos, ápice acuminado-mucronado, base acuminada a aguda, glândulas punctiformes ausentes. Racemos axilares, 2–5,5 cm compr., não ultrapassando o nível das folhas quando totalmente expandidos, congestos, mais que 8 flores, glabrescentes a pubescentes; brácteas lanceoladas, decíduas, 5,5–6 mm compr. Flores 6–11 mm compr.; cálice 6–10 mm compr., lacínias lanceoladas a estreito-triangulares, mais longas que o tubo calicino; estandarte 7,5–10 mm compr., obovado, pubescente a densamente-pubescente externamente, ápice levemente retuso; alas 6,5–10 mm compr.; pétalas da quilha 6,5–7,5 mm compr. Legumes 1–1,5 cm compr., oblongos-elípticos, rostrados, castanhos, pubérulos; sementes ca. 5 mm compr., oblongas, castanho-escuras a negras.

Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Datas, 5 km de Datas em direção à Diamantina - Km 469 da estrada, 18º25'25.8"S, 43º40'51.3"W, 13.III.1995, fr., V.C. Souza et al. 8500 (BHCB); Uberaba, 23 km N. of Uberaba on BR 106, 07.VII.1957, fr., R. Goodland 3153 (UB). SÃO PAULO: Itapeva, Estação Ecológica de Itapeva, 24º04'25"S, 49º03'09"W, 12.XI.1994, fl. e fr., V.C. Souza et al. 7046 (ESA); Itararé, Fazenda Ibiti – RIPASA, próximo à plantação de eucaliptos, 18.II.1993, fl. e fr., V.C. Souza et al. 2363 (ESA); Pirassununga, Cerrado de Emas, 22º02'S, 47º30'W, 13.IV.1994, fr., M. Batalha & W. Mantovani 16 (SP).

Material adicional examinado: BRASIL. GOIÁS: Mineiros, Parque Nacional das Emas, 18º6'23"S, 52º55'40"W, 09.IV.2011, A.P. Fortuna-Perez et al. 1437 (OUPR). RIO GRANDE DO SUL: Bom Jesus, Estrada de Bom Jesus em direção à São José dos Ausentes, 28º40'04"-28º43'5"S, 50º25'00"-50º25'59"W, 16.I.2011, fl. e fr., A.P. Fortuna-Perez et al. 1442 (OUPR).

Esta espécie é caracterizada por apresentar os racemos mais curtos que as folhas e estas lineares ou lanceoladas com até 17 cm compr. Semelhante a E. crinitum, que possui a inflorescência laxa pauciflora (4–5 flores), enquanto E. longifolium possui a inflorescência congesta com muitas flores (mais que 8 flores).

No Brasil, ocorre no Pará, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Paraná (Fortunato 2014). Foi coletada com flores nos meses de janeiro, fevereiro e novembro; e com frutos em janeiro, fevereiro, março, abril, julho e novembro.

13. Eriosema obovatum Benth., in Mart. Fl. Bras. 15(1): 325. 1859.

Fig. 8a-i


Subarbustos eretos, 0,15–0,2 m alt.; caule ramificado desde a base com tricomas glandulares, curtos, ramos ferrugíneos, pubescentes. Pecíolos 10–20 mm compr. Folhas unifolioladas, concolores ou levemente discolores, persistentes e espalhadas por toda a planta na antese; estípulas livres, 8–12 mm compr., estreito-lanceoladas, persistentes; estipelas nulas; folíolos de tamanho e forma uniformes na mesma planta, sem as três nervuras bem marcadas, quando com três nervuras, as duas laterais não convergindo para o ápice, nervuras peninérvias, 5–11 × 3–6 cm, obovados, ferrugíneo-pubescentes, membranáceos a cartáceos, ápice agudo a mucronado, base subcordada, glândulas punctiformes presentes. Racemos axilares, 3–4,5 cm compr., não ultrapassando o nível das folhas quando totalmente expandidos, laxos ou levemente congestos, 3–5 flores, pubescentes; brácteas lanceoladas, decíduas, 4–5 mm compr. Flores 11–12 mm compr.; cálice 8–11 mm compr., lacínias lanceoladas, mais longas que o tubo calicino; estandarte 11–12 mm compr., obovado, pubescente externamente, ápice arredondado, levemente obtuso; alas 11–11,5 mm compr.; pétalas da quilha 11,5–12 mm compr. Legumes 18–20 × 4–6 mm compr., elípticos a oblongos, rostrados, castanho-escuros, ferrugíneo-pilosos; sementes 4–5,5 mm compr., oblongas, castanhas a negras.

Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: São Gonçalo do Sapucaí, Rodovia Fernão Dias, Km 326, Posto Moinho, 05.IV.1978, fl. e fr., J.E. de Almeida et al. IZ-362 (UEC).

Material adicional examinado: BRASIL. MATO GROSSO: Primavera do Leste, BR-070, ca. 5-10 km entre Primavera do Leste em direção à Barra do Garça, 06.X.1988, fl. e fr., M.G.L. Wanderley & R. Kral 1210 (SP). PARANÁ: Ponta Grossa, XII.1969, fl., P.L. Krieger 8163 (RB).

Esta espécie é facilmente reconhecida por apresentar folha unifoliolada e o folíolo obovado.

Eriosema obovatum possui distribuição de Honduras a Colômbia (Grear 1970) e no Brasil ocorre no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Paraná (Fortunato 2014). Foi coletada com flores em abril e dezembro; e com frutos no mês de abril.

14. Eriosema platycarpon Micheli, Mém. Soc. Phys. Genève 28(7): 34. 1883.

Fig. 8j-q

Subarbustos eretos, 0,5–1,5 m alt.; caule ramificado no ápice, com tricomas não-glandulares, curtos, esparsamente entremeados com tricomas longos, ramos cinéreos a prateados, pubescentes, glabrescentes na base. Pecíolos 2–8 mm compr. Folhas trifolioladas, fortemente discolores, persistentes e espalhadas por toda a planta na antese; estípulas livres, 4–7 mm compr., ovadas a deltoides, decíduas; estipelas nulas; folíolos de tamanho e forma uniformes na mesma planta, sem as três nervuras bem marcadas, quando com três nervuras, as duas laterais não convergindo para o ápice, menos que cinco vezes mais longos do que largos, nervuras peninérvias, pubescentes, 4–7 × 2–3,5 cm, elípticos a estreito-elípticos, raro oblongos, cartáceos, ápice agudo a obtuso, base obtusa ou atenuada, glândulas punctiformes presentes. Racemos terminais, 3–5 cm compr., não ultrapassando o nível das folhas quando totalmente expandidos, laxos, 5–10 flores, pubescentes; brácteas ovadas a lanceoladas, decíduas, 3,5–4,5 mm compr. Flores 11–16 mm compr.; cálice 4–6,5 mm compr., lacínias triangulares, mais curtas que o tubo calicino; estandarte 10–16 mm compr., obovado a largo-obovado, seríceo externamente, ápice retuso; alas 9–14 mm compr.; pétalas da quilha 12–14 mm compr. Legumes 18–21 × 7–9 mm, ovados a oblongos, rostrados, negros, seríceos; sementes 5–6 mm compr., oblongas, castanhas a negras.

Material examinado: BRASIL. SÃO PAULO: Araraquara, boundary between municípios of Araraquara and Boa Esperança do Sul: at Rio Jacaré-Guaçu where crossed by Araraquara-Jaú road, 17.II.1964, fl., D.O. Norris 17 (UB); Novo Horizonte, Fazenda Rio Morto, setor Figueira Branca, 10.X.1989, fr., H.T. Sujuki (ESA 3976).

Material adicional examinado: BRASIL. DISTRITO FEDERAL: Brasília, Chapada da Contagem, Legume Garden, experimental station, campus of Universidade de Brasília, 04.II.1968, fl., H.S. Irwin et al. 19504 (RB).

Eriosema platycarpon pode ser reconhecida por apresentar os folíolos elípticos a estreito-elípticos, raro oblongos, fortemente discolores, estípulas livres e racemos quando totalmente expandidos não ultrapassando as folhas.

Ocorre na Argentina, Paraguai e Brasil, no Distrito Federal, Mato Grosso do Sul e São Paulo (Grear 1970; Dubs 1998; Cristaldo 2008). Foi coletada com flores em fevereiro e com frutos em outubro.

15. Eriosema prorepens Benth., Linnaea 22: 524. 1849.

Fig. 9a-h


Subarbustos procumbentes ou prostrados, 0,3–1 m alt.; caule não ramificado, com tricomas glandulares e não-glandulares, ramos densamente hirsutos, ferrugíneos a rufos. Pecíolo 3–6 mm compr. Folhas trifolioladas, concolores ou levemente discolores, persistentes e espalhadas por toda a planta na antese; estípulas livres, 8–15 mm compr., oval-lanceoladas, persistentes; estipelas nulas; folíolos de tamanho e forma uniformes na mesma planta, sem as três nervuras bem marcadas, quando com três nervuras, as duas laterais não convergindo para o ápice, nervuras peninérvias, ferrugíneos a rufo-pilosos, 6–10,5 × 1,1–2,2 cm, lanceolados a oblongo-lanceolados, membranáceos, ápice agudo, base aguda, glândulas punctiformes presentes. Racemos axilares, 10–21 cm compr., ultrapassando o nível das folhas quando totalmente expandidos, laxos, 5–10 flores, ferrugíneos a rufos, densamente hirsutos; brácteas lanceoladas, persistentes, 9–10 mm compr. Flores 18–20 mm compr.; cálice 14–15 mm compr., lacínias estreito-triangulares, mais longas que o tubo calicino; estandarte 19–20 mm compr., obovado, externamente piloso, ápice arredondado; alas 16–17 mm compr.; pétalas da quilha 15,5–16 mm compr. Legumes não vistos; sementes não vistas.

Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: São Roque de Minas, Parque Nacional da Serra da Canastra, estrada para a Fazenda do Fundão, 23.VIII.1997, fl., R. Romero et al. 4551 (VIC); estrada para Sacramento, entrada para a Garagem de Pedras, 16.X.1997, fl., R. Romero 4653 (VIC); trilha para a parte inferior da cachoeira Casca d'Anta, partindo do alto da serra, 30.IX.1999, fl., M.A. Farinaccio et al. 391 (HUEFS).

Esta espécie pode ser facilmente identificada por apresentar o indumento densamente rufo-piloso, o hábito prostrado e procumbente, a inflorescência mais longa que os folíolos e estípulas de 8 a 15 mm compr.

Ocorre em Goiás (Fortunato 2014) e Minas Gerais (Filardi et al. 2007). Foi coletada com flores de agosto a outubro e não foi coletada com frutos.

16. Eriosema pycnanthum Benth., in Mart. Fl. Bras. 15(1): 212. 1850.

Fig. 9i-q

Subarbustos eretos a ascendentes, 0,2–0,4 cm alt.; caule simples, com tricomas não-glandulares curtos, entremeados com tricomas mais longos, ramos amarelos ou rufos, pilosos. Pecíolos 4–7 mm compr. Folhas trifolioladas, concolores, persistentes e espalhadas por toda a planta na antese; estípulas concrescidas até a metade, 8–11 mm compr., lanceoladas, persistentes; estipelas ca. 2 mm compr.; folíolos de tamanho e forma uniformes na mesma planta, sem as três nervuras bem marcadas, quando com três nervuras, as duas laterais não convergindo para o ápice, menos que cinco vezes mais longos do que largos, nervuras paralelas, pubescentes, 2,5–7,5 × 0,5–2,5 cm, oblongo-lanceolados, raro estreito-obovados a estreito-elípticos, cartáceos, ápice agudo, mucronado, base aguda, glândulas punctiformes presentes. Racemos axilares e terminais, 3,5–6 cm compr., não ultrapassando o nível das folhas quando totalmente expandidos, laxos, mais que 20 flores, pubescentes; brácteas cimbiformes, decíduas, 6–8 mm compr. Flores 10–15 mm compr.; cálice 9–10,5 mm compr., lacínias triangulares, mais curtas que o tubo calicino; estandarte 10–14 mm compr., obovado, pubescente externamente, ápice obtuso; alas 9–14 mm compr.; pétalas da quilha 9,5–13,5 mm compr. Legumes 13–14 mm compr., oblongos a ovados, rostrados, castanho-escuros, pubérulos; sementes ca. 5 mm compr., oblongas, castanhas a negras.

Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Itabirito, Sítio da Largatixa, próximo a BR-040, 20º18'5.62"S, 43º55'58.42"W, 02.II.2007, fl. e fr., S.G. Rezende & M.S. Medens (BHCB); Moeda, Serra do Rola Moça, 20º18'47"S, 43º56'53.3"W, 22.IV.2006, fl. e fr., F. Marino & M. Alvim 57 (BHCB); Marinho da Serra/C2, 20º19'56.5"S, 43º56'15.1"W, 14.I.2008, fl., F.F. Carmo 1957 (BHCB); Serra da Moeda, entrada para Moeda, cerca de 33 km S de Belo Horizonte a partir do entroncamento do anel rodoviário com a BR-040, morros a esquerda da pista em direção a Moeda, cerca de 2 km após o entroncamento com a BR-040, 20º16'40.1"S, 43º57'23.2"W, 26.IV.2007, fl., J.A.N. Batista & C.A.N. Martins 2075 (BHCB); Santa Bárbara, Serra Gandarela, Projeto Mina Apolo, 20º02'50"S, 49º41'07"W, 24.I.2011, fl. e fr., T. Mansur et al. 198 (BHCB).

Esta espécie pode ser facilmente reconhecida por apresentar a maioria dos folíolos oblongo-lanceolados, com nervuras paralelas semelhantes aos folíolos de Tephrosia e folhas persistentes e espalhadas por toda a planta na antese.

Eriosema pycnanthum possui distribuição restrita à região do Quadrilátero Ferrífero em Minas Gerais em campo rupestre ferruginoso (canga). Foi encontrada na Serra da Moeda, Serra do Rola Moça, Serra do Gandarela e na região do município de Itabirito. De acordo com Grear (1970) a espécie Eriosema pycnanthum possui duas variedades, a típica acima descrita e E. pycnanthum var. veadeirense Grear, que ocorre em Goiás, na região da Chapada dos Veadeiros. Coletada com flores e frutos nos meses de janeiro, fevereiro e abril.

17. Eriosema riedelii Benth., Linnaea 22: 523. 1849.

Fig. 10a-i


Subarbustos eretos, ca. 60 cm alt.; caule não ramificado, com tricomas não-glandulares, longos, rufo-pilosos. Pecíolo 1–6 mm compr. Folhas trifolioladas, concolores ou levemente discolores, persistentes e espalhadas por toda a planta na antese; estípulas livres, 6–10 mm compr., lanceoladas a ovadas, caducas; estipelas nulas; folíolos de tamanho e forma uniformes na mesma planta, sem as três nervuras bem marcadas, quando com três nervuras, as duas laterais não convergindo para o ápice, nervuras peninérvias, argênteo-pilosos, contrastando com as nervuras rufo-pubescentes, 4–12 × 3–8 cm, obovados, fino coriáceos, ápice agudo ou obtuso, base aguda ou obtusa, glândulas punctiformes presentes. Racemos axilares, 14–27 cm compr., ultrapassando o nível das folhas quando totalmente expandidos, laxos, 5–10 flores, rufo-pubescentes; brácteas ovadas, decíduas, 6–7 mm compr. Flores 21–30 mm compr.; cálice 7–11 mm compr., lacínias lanceoladas a estreito-triangulares, mais longas que o tubo calicino; estandarte 20–26 mm compr., obovado a levemente elíptico, pubescente externamente, ápice levemente retuso; alas 15–24 mm compr.; pétalas da quilha 14–24 mm compr. Legumes 15–28 × 11–13 cm compr., elípticos, rostrados, castanho-escuros, pubescentes; sementes ca. 5 mm compr., oblongas, castanhas a negras.

Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Nova Ponte, Fazenda do Sr. Antonino, 30.III.1987, fr., Pedralli et al. (UEC 64695).

Material adicional examinado: BRASIL, MATO GROSSO: Chapada dos Guimarães, Alto da Lena, estrada da Chapada próximo ao entroncamento do Véu da Noiva, 02.X.1978, fl., M.M.D.A. Assumpção 915 (UEC).

Eriosema riedelii pode ser reconhecida por apresentar os folíolos obovados argênteo-pilosos contrastando com as nervuras rufo-pubescentes e racemos laxos. Possui flores grandes (21–30 cm compr.) quando comparado com todas as outras espécies do gênero, exceto E. longiflorum, que também possui flores grandes (21–30 cm compr.), mas esta diferencia-se de E. riedelii pelo indumento amarelo a rufo presente nos folíolos.

No Brasil ocorre em Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais (Fortunato 2014) e foi coletada com flores em outubro e frutos no mês de março.

18. Eriosema rigidum Benth., Linnaea 22: 522. 1849.

Fig. 10j-r

Subarbustos eretos ou ascendentes, 1–1,3 m alt.; caule simples ou pouco ramificado, glabros a glabrescentes. Pecíolos 3–7 mm compr. Folhas unifolioladas, concolores ou levemente discolores, persistentes e espalhadas por toda a planta na antese; estípulas concrescidas, 6–8 mm compr., lanceoladas, persistentes; estipelas nulas; folíolos de tamanho e forma uniformes na mesma planta, sem as três nervuras bem marcadas, quando com três nervuras, as duas laterais não convergindo para o ápice, nervuras peninérvias, pubescentes, 4–10 × 2–5,5 cm, ovados a cordados, rígido-coriáceos, ápice agudo a arredondado, base arredondada a cordada, glândulas punctiformes ausentes. Racemos axilares e terminais, 2–3 cm compr., não ultrapassando o nível das folhas quando totalmente expandidos, congestos, 5–10 flores, densamente seríceos a raro pubescentes, alvacentos; brácteas lanceoladas, decíduas, 5–5,5 mm compr. Flores 11–13 mm compr.; cálice 7,5–8 mm compr., lacínias triangulares, mais longas que o tubo calicino; estandarte 12–13 mm compr., largamente obovado, pubescente externamente, ápice levemente retuso; alas 11–12 mm compr.; pétalas da quilha 11–12 mm compr. Legumes 10–15 × 5–10 mm, ovados, levemente rostrados, castanhos, albo-pilosos; sementes 4–5 mm compr., ovadas, negras a castanho-escuras.

Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: s.loc., 22.VIII.1964, fl., H.S. Irwin & T.R. Soderstrom 5447 (UB); Capitólio, Represa Hidroelétrica de Furnas, 01.VII.1989, fl., H.F. Leitão-Filho et al. 21629 (UEC); Delfinópolis, Complexo do Claro, em campo rupestre próximo à Cachoeira do Claro, 10.VI.1999, fl., A.M. Filliettaz et al. 63 (UEC); Santana do Riacho, estrada Santana do Riacho-Lapinha, ca. 7 km após Santana do Riacho, 19º07'43.6"S, 43º41'51.4"W, 01.III.2002, fl. e fr., V.C. Souza et al. 28685-A (ESA). SÃO PAULO: Altinópolis, Reserva Estadual de S. Simão, 17.IX.1977, fr., H.F. Leitão-Filho & F.R. Martins 5919 (UEC).

Material adicional examinado: BRASIL. DISTRITO FEDERAL: Brasília, rodovia Brasília-Planaltina de Goiás (DF-128), Km 6, próximo à Estação Ecológica de Águas Emendadas, 15º32'53"S, 47º38'45"W, 29.VII.2000, fl. e fr., V.C. Souza et al. 24554 (ESA); Parque das Sucupiras, setor Sudoeste, 15º46'S, 47º55'W, 30.VII.2004, fl., C. Proença et al. 2942 (ESA).

Eriosemarigidum é semelhante a E. benthamianum, mas diferencia-se desta por apresentar ramos pouco ramificados, folhas de tamanho uniforme na planta e folíolos sem tricomas glandulares.

No Brasil esta espécie ocorre no Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais e São Paulo (Grear 1970; Fortunato 2014). Coletada com flores em março, junho, julho e agosto; e frutos em janeiro e setembro.

19. Eriosema rufum (Kunth) G. Don, Gen. Hist. 2: 347. 1832.

Subarbustos eretos, 0,8–1,5 m alt.; caule simples ou pouco ramificado, com tricomas não-glandulares, curtos, esparsamente entremeados com tricomas longos, ramos densamente rufo-pilosos ou ferrugíneos-pubescentes. Pecíolos 3–4 mm compr. Folhas trifolioladas, concolores, persistentes e espalhadas por toda a planta na antese; estípulas livres ou concrescidas até a metade, 6–10 mm compr., triangulares, lanceoladas, ovais, persistentes; estipelas nulas; folíolos de tamanho e forma uniformes na mesma planta, sem as três nervuras bem marcadas, quando com três nervuras, as duas laterais não convergindo para o ápice, menos que cinco vezes mais longos do que largos, nervuras peninérvias, densamente rufo-pilosas ou ferrugíneo-pubescentes, 2,5–9 × 1,4–3,5 cm, oblongos, estreito-oblongos, elípticos, estreito-elípticos, oblongos-elípticos, oblongo-ovados, ovado-lanceolados, orbiculares, membranáceos a cartáceos, ápice agudo ou mucronado, base subcordada a cuneada, obtusa ou arredondada, glândulas punctiformes presentes ou ausentes. Racemos axilares, 2–5 cm compr., não ultrapassando o nível das folhas quando totalmente expandidos, laxos, 5–12 flores, rufo-pubescentes; brácteas ovadas ou cimbiformes, decíduas, 3–5 mm compr. Flores 6–10 mm compr.; cálice 4–9 mm compr., lacínias triangulares, mais longas que o tubo calicino; estandarte 7–10 mm compr., obovado a largo-obovado, pubescente externamente, ápice arredondado a retuso; alas 7–9 mm compr.; pétalas da quilha 8–10 mm compr. Legumes 1–1,6 cm compr., ovais, rostrados, castanhos, rufo-pilosos; sementes ca. 5 mm compr., oblongas, negras ou castanho-escuras.

Chave para as variedades de Eriosema rufum

1.

Ramos rufo-pilosos; folíolos oblongos, elípticos, oblongo-elípticos ou oblongo-ovados e ausência de glândulas punctiformes; racemos até 3 cm compr... 19.1 Eriosema rufum var. rufum

1'. Ramos ferrugíneo-pubescentes; folíolos estreito-oblongos, estreito-elípticos a ovado-lanceolado e presença de glândulas punctiformes; racemos 3,5–9 cm compr... 19.2 Eriosema rufum var. macrostachyum

19.1 Eriosema rufum (Kunth) G. Don var. rufum, Gen. Hist. 2: 347. 1832.

Fig. 11j-r

Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: s.loc., s.d., fl., M.Claussen 901 (P); Corinto, ca. 12 km W. of Corinto, 04.III.1970, fl. e fr., H.S. Irwin et al. 26881 (UB); Jaboticatubas, São José da Serra, Cipó Camping Club, 01.III.1987, fl. e fr., M.F. Vieira & H.S. Reis 549 (OUPR). SÃO PAULO: Itirapina, 28.II.1920, fr., G. Gehrt 3680 (SP); Moji-Guaçu, Fazenda Campininha, perto de Padua Salles, 18.IV.1955, fl. e fr., O. Handro 478 (SP).

Material adicional examinado: BRASIL. GOIÁS: Alto Paraíso de Goiás, Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, descida para o Vale da Lua, 10.III.2012, fr., A.P. Fortuna-Perez et al. 1448 (OUPR).


Este táxon possui como principal característica diagnóstica o indumento rufo em toda a planta.

Possui ampla distribuição nas Américas, ocorrendo em cerrados, campos rupestres, bordas de mata seca e áreas antropizadas (Grear 1970). No Brasil, E. rufum var. rufum pode ser encontrada nos estados do no Pará, Bahia, Maranhão, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Groso, Distrito Federal, Minas Gerais e São Paulo (Fortunato 2014). Coletada com flores de janeiro a abril; e frutos nos meses de fevereiro a abril.

19.2 Eriosema rufum var. macrostachyum (DC.) G.Don, Gen. Hist. 2: 347. 1832.

Fig. 11a-i

Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: s.d., fl e fr., A. de Saint-Hilaire (P 758641). SÃO PAULO: Caieiras, 16.I.1946, fl., W. Hoehne (OUPR 26973); Jaraguá, 01.II.1907, fl. e fr., A. Usteri (SP 13451).

Eriosema rufum var. macrostachyum se diferencia de E. rufum var. rufum por apresentar, principalmente, racemos maiores (3,5–9 cm compr.), estípulas concrescidas até a metade, folíolos estreito-oblongos, estreito-elípticos a ovado-lanceolados e presença de glândulas punctiformes na face abaxial.

Este táxon ocorre na Bolívia, Argentina, Paraguai (Grear 1970). No Brasil ocorre nos estados do Maranhão, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Fortunato 2014). Coletada com flores em fevereiro e frutos em fevereiro e março.

20. Eriosema simplicifolium (Kunth) G. Don, Gen. Hist. 2: 348. 1832.

Fig. 12a-i


Subarbustos prostrados, usualmente decumbentes a procumbentes, raramente eretos, 0,4–1 m alt.; caule simples ou pouco ramificado, com tricomas não-glandulares, longos, ramos amarelados a rufos, seríceos ou pubescentes. Pecíolos 1,5–5 mm compr. Folhas unifolioladas, concolores ou levemente discolores, persistentes e espalhadas por toda a planta na antese; estípulas concrescidas ou ocasionalmente livres até a metade, 5–9 mm compr., oval-lanceoladas, persistentes; estipelas nulas; folíolos de tamanho e forma uniformes na mesma planta, sem as três nervuras bem marcadas, quando com três nervuras, as duas laterais não convergindo para o ápice, nervuras peninérvias, pubescentes, 2,5–10,5 × 1,3–3,5 cm, oval-lanceolados a oblongo-lanceolados, cartáceos, ápice acuminado, base levemente cordada a cordada ou arredondada, glândulas punctiformes presentes. Racemos terminais, 2–4,5 cm compr., geralmente não ultrapassando as folhas quando totalmente expandidos, laxos, 5–7 flores, glabrescentes; brácteas lanceoladas, caducas, ca. 4 mm compr. Flores 7–10 mm compr.; cálice 5–8 mm compr., lacínias lanceoladas, geralmente mais longas que o tubo calicino; estandarte 8–10 mm compr., obovado a largo-obovado, pubescente externamente, ápice arredondado, levemente retuso; alas 9–11 mm compr.; pétalas da quilha 11,5–12 mm compr. Legumes 1–2 cm compr., ovais a oblongos, rostrados, castanhos, rufo-pilosos; sementes 4–5 mm compr., oblongas, negras.

Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Santa Luzia, Lagoa Santa, 20.XI.1933, fr., Mello Barreto 5620 (BHCB); Franciso Sá, Serra do Espinhaço, ca. 30 km N.E. of Francisco Sá, road to Salinas, 10.II.1969, fl., H.S. Irwin et al. 22992 (UB); Passos, estrada entre Furnas e Passos, ca. de 16 km do Rio Turvo (em direção à Furnas). SÃO PAULO: Cajuru, Fazenda Santa Carlota, 18.III.1990, fl., A. Scimarelli & J.V.C. Nunes 556 (UEC); Moji-Guaçu, Pádua Sales, Reserva Biológica da Fazenda Campininha, 06.II.1980, fr., W. Mantovani 436 (SP).

Esta espécie pode ser reconhecida pelo hábito prostrado, usualmente procumbente a decumbente, por apresentar folhas unifolioladas, com folíolos lanceolados e racemos geralmente não ultrapassando as folhas.

Possui ampla distribuição nas Américas, ocorrendo em cerrados, usualmente em solos arenosos (Grear 1970). No Brasil ocorre nos estados do Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Tocantins, Maranhão, Pernambuco, Piauí, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais e São Paulo (Fortunato 2014). Coletada com flores em fevereiro, março e julho; e frutos em fevereiro e novembro.

21. Eriosema stenophyllum Harms, Bot. Jahrb. 33 (Beibl. 72): 31. 1903.

Fig. 12j-r

Subarbustos eretos ou ascendentes, até 0,8 m alt.; caule simples, pouco ramificados, ramos glabros ou glabrescentes. Pecíolos 6–8 mm compr. Folhas unifolioladas, concolores ou levemente discolores, persistentes e espalhadas por toda a planta na antese; estípulas concrescidas ou ocasionalmente livres até a metade, 8-13 mm compr., lanceoladas, caducas; estipelas nulas; folíolos de tamanho e forma uniformes na mesma planta, sem as três nervuras bem marcadas, quando com três nervuras, as duas laterais não convergindo para o ápice, nervuras peninérvias, glabros, 5–13 × 1–2 cm, lineares, raro lanceolados, rígido-coriáceos, ápice agudo, base aguda, aspecto de um bastão rígido, glândulas punctiformes ausentes. Racemos axilares, 2–4 cm compr., não ultrapassando as folhas quando totalmente expandidos, congestos, 5–7 flores, densamente albo-tomentosos; brácteas lanceoladas, persistentes, 7–8 mm compr. Flores 8–15 mm compr.; cálice 8–12 mm compr., lacínias lanceoladas, mais longas que o tubo calicino; estandarte 10–15 mm compr., obovado, pubescente externamente, ápice obtuso, levemente retuso; alas 7,5–9 mm compr.; pétalas da quilha 8–11 mm compr. Legumes 10–13 cm compr., ovais, rostrados, castanhos, albo-pilosos; sementes 5–5,5 mm compr., oblongas, negras.

Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Paracatu, Ramal entrando a NE da BR-040, 16º47'58"S, 47º34'0"W, 30.X.2000, fl. e fr., L.P. Queiroz et al. 15074 (HUEFS).

Material adicional examinado: BRASIL. GOIÁS: Cristalina, 6 km de Cristalina em direção a Unaí (GO-309), Serra dos Cristais, 10.IX.1998, fl., V.C. Souza et al. 21411 (ESA); Faz. Lopo Botelho, 07.VII.1963, fl., J.M. Pires & A. Mattos 9805 (UB).

Eriosema stenophyllum é facilmente reconhecida por apresentar folíolos que possuem a aparência de um bastão rígido, além dos racemos com pubescência densamente albo-sedosa.

Esta espécie ocorre em cerrados e campos rupestres (Grear 1970). No Brasilpode ser encontrada no Distrito Federal, Goiás e Minas Gerais (Fortunato 2014). Coletada com flores em abril, julho, setembro e outubro; e frutos em abril e outubro.

22. Eriosema strictum Benth., Linnaea 22: 519. 1849.

Fig. 13a-i


Subarbustos eretos, 0,3–1 m alt.; caule simples, com tricomas não-glandulares, longos, ramos alvacentos a prateados, pubescentes. Pecíolos 3–10 mm compr. Folhas trifolioladas, concolores ou levemente discolores, persistentes e espalhadas por toda a planta na antese; estípulas concrescidas até a metade, 0,4–1,2 cm compr., lanceoladas, persistentes; estipelas nulas; folíolos de tamanho e forma uniformes na mesma planta, sem as três nervuras bem marcadas, quando com três nervuras, as duas laterais não convergindo para o ápice, mais que cinco vezes mais longos do que largos, nervuras peninérvias, pubescentes, 2,1–9,2 × 0,3–0,5 cm, lineares, lanceolados, raro estreito-elípticos, cartáceos, ápice acuminado, raro mucronado, base aguda a acuminada, glândulas punctiformes ausentes. Racemos axilares, 0,9–1,3 cm compr., não ultrapassando o nível das folhas quando totalmente expandidos, laxos, 3–5 flores, albo-tomentosos; brácteas lanceoladas, caducas, 4–5,5 mm compr. Flores 7–18 mm compr.; cálice 8–11 mm compr., lacínias estreito-triangulares, mais longas que o tubo calicino; estandarte 11–12 mm compr., obovado, denso-pubescente externamente, ápice apiculado; alas 9–10 mm compr.; pétalas da quilha 7–9 mm compr. Legumes 11–13 × 6–10 mm compr., ovais, rostrados, castanho-escuros, pilosos; sementes 4–4,5 mm compr., oblongas, castanhas a negras.

Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Belo Horizonte, Serra do Taquaril, 16.VIII.1942, fl., J.E.de Oliveira 1063 (BHCB); Corinto, ca. 12 Km W. of Corinto, 04.III.1970, fr., H.S. Irwin et al. 26885 (UB); Joaquim Felício, Serra do Cabral, estrada Joaquim Felício-Várzea da Palma, ca. 24 km de Joaquim Felício, 17º42'08"S, 44º17'46"W, 10.VII.2001, fl., V.C. Souza et al. 25655 (ESA); Ouro Preto, Saramenha, 07.III.1984, fl. e fr., J. Badini (RB 384601); Poços de Caldas, aeroporto, 03.XI.1940, fl., Mello Barreto 10309 (UB).

Esta espécie é confundida muitas vezes com E. longifolium, mas pode ser diferenciada desta por apresentar ramos com indumento prateado, alvacentos a cinéreos-pubescentes. Já E. longifolium apresenta ramos com indumento acastanhados, amarelos, ferrugíneos a rufo-pubescentes. Além disso, E. strictum possui o estandarte com ápice apiculado, diferenciando de E. tacuaremboense com ápice retuso.Â

Eriosema strictum ocorre na Bolívia, no Paraguai e no Brasil, nos estados de Goiás, Minas Gerais e no Paraná (Grear 1970; Fortunato, 2014). Eriosemastrictum ocorre em cerrados e áreas campestres (Grear 1970). Coletada com flores em março, julho, agosto e novembro; e frutos no mês de março.

23. Eriosema tacuaremboense Arechav., Anales Mus. Hist. Nat. Montevideo 3: 397. 1901.

Fig. 13j-r

Subarbustos eretos ou ascendentes, até 0,5–1 m alt.; caule simples ou pouco ramificados, com tricomas não-glandulares, longos, alvacentos a prateados, pubescentes. Pecíolos 2–7 mm compr. Folhas trifolioladas, concolores ou levemente discolores, persistentes e espalhadas por toda a planta na antese; estípulas concrescidas até a metade, 7–11 mm compr., oblongas a triangulares, persistentes; estipelas nulas; folíolos de tamanho e forma uniformes na mesma planta, mais que cinco vezes mais longos do que largos, nervuras peninérvias, alvo-pubescentes, seríceos a hirsutos, 4–10 × 1–2 cm, elípticos a estreito-elípticos, cartáceos, ápice agudo, base aguda, obtusa, raro cuneada, glândulas punctiformes esparsamente presentes. Racemos axilares, 2–6 cm compr., não ultrapassando o nível das folhas quando totalmente expandidos, laxos a levemente congestos, 3–5 flores, albo-pubescentes; brácteas lanceoladas, caducas, 2–5 mm compr. Flores 6–12 mm compr.; cálice 7–12 mm compr., lacínias lanceoladas, mais longas que o tubo calicino; estandarte 6–10 mm compr., obovado, pubescente externamente, ápice retuso; alas 6–9 mm compr.; pétalas da quilha 6–8 mm compr. Legumes 12–16 × 6–10 cm, ovados a oblongos, rostrados, castanhos, albo-pilosos; sementes 3–5 mm compr., oblongas, negras.

Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Belo Horizonte, Estação Ecológica UFMG, 05.II.1991, fl., E.M. Bacariça 118 (BHCB).

Materail adicional examinado: BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: Bom Jesus, estrada de Bom Jesus em direção a São José dos Ausentes, 28º40'04"-28º43'5"S (aprox.), 50º25'00"-50º2'59"W (aprox.), 16.I.2011, fl. e fr., A.P. Fortuna-Perez et al. 1444 (OUPR); A.P. Fortuna-Perez et al.1443 (OUPR); Porto Alegre, 15.II.1937, fl., A.A. Araújo 331 (SP); Morro da Polícia, perto de Porto Alegre, 12.V.1933, fr., K. Enrich (SP 32357). SANTA CATARINA: Campos Novos, beira da Rodovia, 27º24'34.00"S, 51º13'11.00"W, 27.XI.2011, fl. e fr., L. Meyer et al. 121 (RB).

Eriosema tacuaremboense constitui-se em um novo registro para a região Sudeste do Brasil (estado de Minas Gerais). Pode ser reconhecida por apresentar caule simples ou pouco ramificado na base, folíolos elípticos a estreito-elípticos e com indumento alvacento a prateado.

Esta espécie ocorre na Argentina, Paraguai, Uruguai e Brasil nos estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Grear 1970). Coletada com flores em janeiro, fevereiro e novembro; e frutos nos meses de janeiro, maio e novembro.

24. Eriosematozziae Cândido & Fort.-Perez, Phytotaxa 178(3): 229-232. 2014. Iconografia: Cândido et al. (2014); 230.

Subarbustos eretos, até 0,5–1 m alt.; caule simples, pouco ramificados, com tricomas glandulares e não-glandulares, curtos e longos, ramos castanhos a amarelo-ferrugíneos, pubescentes. Pecíolos 2–3 mm compr. Folhas trifolioladas, concolores ou levemente discolores, persistentes e espalhadas por toda a planta na antese; estípulas livres, raro concrescidas até a metade, 8–13 mm compr., ovadas, rômbicas ou lanceoladas, decíduas; estipelas nulas; folíolos de tamanho e forma uniformes na mesma planta, sem as três nervuras bem marcadas, quando com três nervuras, as duas laterais não convergindo para o ápice, nervuras peninérvias, pubescentes, 1,5–2,5 × 2–4 cm, ovados, membranáceos, ápice geralmente mucronado, base ligeiramente cordada, glândulas punctiformes ausentes. Racemos axilares e terminais, 10–15 cm compr., ultrapassando o nível das folhas quando totalmente expandidos, laxos, mais que 22 flores, levemente pubescentes; brácteas ovadas a lanceoladas, persistentes, 6,5–8 mm compr. Flores 10–13 mm compr.; cálice 9–11 mm compr., lacínias lanceoladas, mais longas que o tubo calicino; estandarte 9–13 mm compr., largamente obovado, pubescente externamente, ápice arredondado, levemente retuso; alas 9–5 mm compr.; pétalas da quilha 10–5 mm compr. Legumes ca. 14 × 8 mm compr., elípticos, rostrados, castanhos, pubescentes; sementes não vistas.

Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Corinto, Ca. 15 km W. of Corinto, 02.III.1970, fl. e fr., H.S.Irwin et al. 26766 (holótipo UB!).

Esta espécie nova é semelhante à Eriosema defoliatum, mas difere principalmente pelas folhas que são persistentes durante o período reprodutivo e o tamanho da inflorescência, que é mais curta (10–13 cm compr.), em E. defoliatum as folhas são caducas durante o período reprodutivo, e a inflorescência tem 15–30 cm compr..

Restrita ao Brasil, ocorrendo no estado de Minas Gerais (Município de Corinto). Coletada com flores e frutos em março.

Agradecimentos

Os autores agradecem aos curadores dos Herbários (BHCB, CEN, ESA, HUEFS, K, MBML, NY, OUPR, P, R, RB, SI, SP, SPF, UB, UEC, UFG, VIC, VIES), o estudo e empréstimo das exsicatas, bem como ao curador do MBML, o envio de fotografias de exsicatas; à CAPES, a concessão da bolsa de mestrado; à primeira autora e FAPEMIG (Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de Minas Gerais – processo APQ-02323-12), o recurso destinado a este projeto.

Artigo recebido em 17/04/2014.

Aceito para publicação em 18/09/2014.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    07 Jan 2015
  • Data do Fascículo
    Dez 2014

Histórico

  • Recebido
    17 Abr 2014
  • Aceito
    18 Set 2014
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