Acessibilidade / Reportar erro

Flora das cangas da Serra dos Carajás, Pará, Brasil: Lygodiaceae

Flora of the cangas of the Serra dos Carajás, Pará, Brazil: Lygodiaceae

Resumo

Este estudo trata dos táxons de Lygodiaceae encontrados nas formações ferríferas da Serra dos Carajás, estado do Pará, com descrições, ilustrações, distribuição geográfica e comentários. Na área estudada foi registrada apenas Lygodium venustum.

Palavras-chave:
Amazônia; flora; Lygodium; Samambaias; taxonomia

Abstract

This study addressed the Lygodiaceae taxa recorded in ferruginous formations of Serra dos Carajás, Pará state, with descriptions, illustrations, geographical distribution, and comments. In the study area only one species was recorded: Lygodium venustum.

Key words:
Amazonia; flora; Lygodium; ferns; taxonomy

Lygodiaceae

Família Pantropical formada por apenas um gênero, Lygodium (Smith et al. 2006Smith, A.R.; Pryer, K.M.; Schuettpelz, E.; Korall, P.; Schneider, H. & Wolf, P.G. 2006. A classification for extant ferns. Taxon 55: 705-731.), que é composto por plantas terrícolas, com caules reptantes, com tricomas; frondes monomorfas a levemente dimorfas, escandentes, com crescimento indeterminado; pecíolo cilíndrico, às vezes pubescente; raque volúvel, lâmina geralmente 2-pinada, pinas pseudodicotomicamente ramificadas e com uma gema na axila, alternas, inteiras ou palmatilobadas; venação livre ou anastomosada; esporângios piriformes, solitários, dispostos em duas séries sobre lobos marginais nos últimos segmentos, e pseudo-indúsio formando pela margem da lâmina modificada.

1. Lygodium Sw.

Lygodium possui distribuição pantropical com aproximadamente 25 espécies (Mickel & Smith 2004Mickel, J.T. & Smith, A.R. 2004. The Pteridophytes of Mexico. Memoirs of the New York Botanical Garden 88: 1-1055.). Duek (1978)Duek, J.J. 1978. A Taxonomical revision of Lygodium (Filicinae) in America. Feddes Repertorium 89: 411-423 cita a ocorrência de quatro espécies no Brasil, no entanto, publicações mais recentes citam duas espécies (Prado et al. 2015Prado, J.; Sylvestre, L.S.; Labiak, P.H.; Windisch, P.G.; Salino, A.; Barros, I.C.L.; Hirai, R.Y.; Almeida, T.E.; Santiago, A.C.P.; Kieling-Rubio, M.A.; Pereira, A.F.N.; Øllgaard, B.; Ramos, C.G.V.; Mickel, J.T.; Dittrich, V.A.O.; Mynssen, C.M.; Schwartsburd, P.B.; Condack, J.P.S.; Pereira, J.B.S. & Matos, F.B. 2015. Diversity of ferns and lycophytes in Brazil. Rodriguésia 66: 1073-1083.) ou ainda duas espécies e um híbrido (Rabelo & Schwartsburd 2016) para o país. No estado do Pará ocorrem duas espécies (Prado et al. 2015Prado, J.; Sylvestre, L.S.; Labiak, P.H.; Windisch, P.G.; Salino, A.; Barros, I.C.L.; Hirai, R.Y.; Almeida, T.E.; Santiago, A.C.P.; Kieling-Rubio, M.A.; Pereira, A.F.N.; Øllgaard, B.; Ramos, C.G.V.; Mickel, J.T.; Dittrich, V.A.O.; Mynssen, C.M.; Schwartsburd, P.B.; Condack, J.P.S.; Pereira, J.B.S. & Matos, F.B. 2015. Diversity of ferns and lycophytes in Brazil. Rodriguésia 66: 1073-1083.) e na Serra dos Carajás foi registrada apenas uma espécie (Arruda 2014Arruda, A.J. 2014. Samambaias e Licófitas das Serras Ferruginosas da Floresta Nacional de Carajás, Pará, Brasil. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. 224p.).

1.1. Lygodium venustum Sw., J. Bot. (Schrad.) 1801(2): 303. 1803. Fig. 1

Figura 1
Lygodium venustum - pínula fértil mostrando nervuras e soros marginais (A.J. Arruda 525).
Figure 1
Lygodium venustum - fertile pinnule showing veins and marginal sori (A.J. Arruda 525).

Plantas terrícolas. Caule curto-reptante, recoberto por tricomas castanhos. Frondes subdimorfas (pinas férteis com segmentos mais curtos e estreitos), geralmente atingindo muitos metros de comprimento. Lâmina 2-pinada, pubescente; pinas com uma gema na base, na região de junção de duas pinas, pecioluladas, opostas; pínulas curto-pecioluladas, alternas, base palmada, ápice arredondado, obtuso ou agudo, margem crenada a finamente serreada; cóstula e nervuras pubescentes em ambas as faces. Nervuras livres, simples ou 1-furcadas, proeminentes; pseudo-indúsio pubescente.

Material selecionado: Canaã dos Carajás, Serra Sul, acesso Racha Placa, 28.I.2012, A.J. Arruda et al. 525 (BHCB); Serra Sul, corpo D, 21.II.2010, T.E. Almeida et al. 2278 (BHCB); Serra da Bocaina, 20.XII.2010, N.F.O. Mota 2018 (BHCB).

Lygodium venustum caracteriza-se pelo hábito escandente, com frondes 2-pinadas, de crescimento indeterminando, geralmente atingindo muitos metros de comprimento.

Neotropical. Brasil: AC, AL, AM, BA, CE, DF, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PB, PE, PI, PR, RJ, RN, RS, SC, SE, SP, TO (Prado et al. 2015Prado, J.; Sylvestre, L.S.; Labiak, P.H.; Windisch, P.G.; Salino, A.; Barros, I.C.L.; Hirai, R.Y.; Almeida, T.E.; Santiago, A.C.P.; Kieling-Rubio, M.A.; Pereira, A.F.N.; Øllgaard, B.; Ramos, C.G.V.; Mickel, J.T.; Dittrich, V.A.O.; Mynssen, C.M.; Schwartsburd, P.B.; Condack, J.P.S.; Pereira, J.B.S. & Matos, F.B. 2015. Diversity of ferns and lycophytes in Brazil. Rodriguésia 66: 1073-1083.). Serra de Carajás: Serra da Bocaina e Serra Sul: S11-D. Floresta Ombrófila Densa, em áreas de borda de floresta, a margem de trilhas ou em clareiras em ambientes mais secos e pedregosos, entre 275 e 720 m de altitude.

Lista de exsicatas

  • Almeida, T.E. 2278 (1.1); Arruda, A.J. 525 (1.1); Mota, N.F.O. 2018 (1.1).

Agradecimentos

Ao CNPq, a bolsa de Iniciação Científica (Protax - Proc. 440474/2015-9) concedida ao primeiro autor e a bolsa de Produtividade para A. Salino (proc. 306868/2014-8). À CAPES, a bolsa de Mestrado concedida a A.J. Arruda. Ao projeto objeto do convênio MPEG/ITV/FADESP (01205.000250/2014-10) e ao projeto aprovado pelo CNPq (processo 455505/2014-4), o financiamento. A Belkiss Almeri, a preparação da ilustração.

Referências

  • Arruda, A.J. 2014. Samambaias e Licófitas das Serras Ferruginosas da Floresta Nacional de Carajás, Pará, Brasil. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. 224p.
  • Duek, J.J. 1978. A Taxonomical revision of Lygodium (Filicinae) in America. Feddes Repertorium 89: 411-423
  • Mickel, J.T. & Smith, A.R. 2004. The Pteridophytes of Mexico. Memoirs of the New York Botanical Garden 88: 1-1055.
  • Prado, J.; Sylvestre, L.S.; Labiak, P.H.; Windisch, P.G.; Salino, A.; Barros, I.C.L.; Hirai, R.Y.; Almeida, T.E.; Santiago, A.C.P.; Kieling-Rubio, M.A.; Pereira, A.F.N.; Øllgaard, B.; Ramos, C.G.V.; Mickel, J.T.; Dittrich, V.A.O.; Mynssen, C.M.; Schwartsburd, P.B.; Condack, J.P.S.; Pereira, J.B.S. & Matos, F.B. 2015. Diversity of ferns and lycophytes in Brazil. Rodriguésia 66: 1073-1083.
  • Smith, A.R.; Pryer, K.M.; Schuettpelz, E.; Korall, P.; Schneider, H. & Wolf, P.G. 2006. A classification for extant ferns. Taxon 55: 705-731.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    2016

Histórico

  • Recebido
    12 Maio 2016
  • Aceito
    27 Ago 2016
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Rua Pacheco Leão, 915 - Jardim Botânico, 22460-030 Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Tel.: (55 21)3204-2148, Fax: (55 21) 3204-2071 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: rodriguesia@jbrj.gov.br