Balanophoraceae
Balanophoraceae Rich. é uma família de plantas herbáceas, carnosas, aclorofiladas, parasitas de raízes. Inclui 44 espécies em 14 gêneros, com distribuição tropical, ocasionalmente subtropical, raramente alcançando regiões temperadas (Hansen 1980; Delprete 2004; Cardoso et al. 2011; Cardoso & Braga 2015; Pelser et al. 2014; Su et al. 2015).
No Brasil ocorrem seis gêneros e 14 espécies de Balanophoraceae, com registros para quase todos os estados, exceto Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte (BFG 2015; Cardoso 2016). Para o estado do Pará, são registradas duas espécies Helosis cayennensis (Sw.) Spreng. e Langsdorffia hypogaea Mart. (Cardoso 2016), as mesmas que ocorrem nas Serras de Carajás.
Chave de identificação dos gêneros de Balanophoraceae das cangas de Carajás
1. Planta monoica; inflorescências jovens cobertas por brácteas peltadas, hexagonais, flores imersas em paráfises (tricomas filiformes), estiletes 2................................................................................1. Helosis
1'. Planta dioica; inflorescências sem brácteas peltadas, flores não imersas em paráfises, estilete 1.....................................................................................................................................................2. Langsdorffia
1 . Helosis Rich.
Helosis pertence a subfamília Scybalioideae , tribo Helosieae e inclui três espécies, sendo duas delas neotropicais: H. antillensis L.J.T.Cardoso & J.M.A.Braga, endêmica de algumas ilhas do Caribe e H. cayennensis (Sw.) Spreng amplamente distribuída, e uma espécie asiática: H. ruficeps (Ridl.) Eberwein. O gênero é caracterizado por formar uma túbera central subterrânea, no ponto de contato com a raiz parasitada, de onde se desenvolvem estruturas rizomiformes em todas as direções. Dessas, emergem as inflorescências jovens cobertas pelas brácteas hexagonais (Hansen 1980). As plantas são monóicas, e em cada inflorescência as flores estaminadas e as pistiladas com dois estiletes, ocorrem imersas em tricomas filiformes (paráfises, de acordo com Cardoso & Braga 2015).
1.1. Helosis cayennensis (Sw.) Spreng. Syst. Veg. (ed. 16) 3: 765. 1826. Fig. 1a

Erva carnosa, 17,2-25 cm alt., monóica. Folhas ausentes. Inflorescência espadiciforme, pedúnculo 14-18 cm compr., cilíndrico, 2-4 escamas basais; espádice 3,2-3,5 × 1,8-2,3 cm, elipsoide a ovoide. Flores estaminadas não vistas. Flores pistiladas 1,5-3 mm compr., parcialmente imersas nas paráfises, sésseis, perianto aderido ao ovário, ca. 1 mm compr., estiletes 2, 0,5-2 mm compr., exsertos acima das paráfises, estigmas capitados. Frutos 1-2 × 1 mm.
Material selecionado: Canaã dos Carajás, S11B, 6°22'49"S, 50°23'55"W, 20.V.2010, L.L. Giacomin et al. 1166 (BHCB); S11D, 29.I.2012, L.F.A. Paula 509 (BHCB); Serra do Tarzan, 6°19'59"S, 50°08'43"W 14.III.2009, P.L. Viana et al. 4050 (BHCB); Parauapebas, [Marabá], Serra Norte, N1, 6°02'14"S, 50°15'55"W, 14.II.2012, A. Salino et al. 15200 (BHCB); rodovia PA-275, 10 km do acampamento, Núcleo Carajás, 5.VIII.1982, U.N. Maciel et al. 757 (MG); "12 km west of camp ECB on the ferrovia", 5°35'S, 49°15'W, 27.VI.1982, C.R. Sperling et al. 6385 (MG).
Helosis cayennensis ocorre desde a América do Norte até a Argentina e tem como espécie mais similar a recentemente descrita H. antillensis endêmica de algumas ilhas do Caribe (Cardoso & Braga 2015). Na Serra dos Carajás, H. cayennensis foi coletada nas Serras Norte: N1, Serra Sul: S11B, S11D e na Serra do Tarzan, em capões de mata, sobre solos rochosos próximo a córregos intermitentes e na mata de terra firme sobre solo argiloso, florescendo de janeiro a agosto.
2. Langsdorffia Mart.
Langsdorffia pertence a subfamília Balanophoroideae (Hansen 1980) e inclui quatro espécies distribuídas em diferentes continentes da região tropical. No continente americano ocorrem Langsdorffia hypogaea Mart. e a recentemente descrita L. heterotepala L.J.T.Cardoso, R.J.V.Alves & J.M.A.Braga; no continente africano, em Madagascar, ocorre L. malagasica (Fawc.) B.Hansen e; no continente asiático em Papua Nova Guiné, L. papuana Geesink (Cardoso et al. 2011). O gênero é caracterizado formar túbera rizomiforme, cilíndrica e alongada, geralmente ramificada, engrossada no ponto de contato com a raiz parasitada. Dessas, emergem as inflorescências com volva basal (Hansen 1980). As plantas são dioicas, e as inflorescências estaminadas são cilíndricas e pistiladas hemisféricas, com flores com estilete único (Hansen 1980; Cardoso 2011).
2.1. Langsdorffia hypogaea Mart. J. Brasil. 2: 179, t. 5. 1818. Fig. 1b
Erva carnosa, 2-10 cm alt., dioica. Ramo florífero estaminado 3-7 × 0,5-2 cm, cilíndrico, longitudinalmente sulcado, volva basal 5-8 lobada, folhas escamiformes, 0,5-2 × 0,3-0,6 cm, espiraladas, glabras, sésseis, castanhas. Flores estaminadas bracteadas, pedicelo 0,3-0,7 mm compr.; tépalas 3, 1,8-2 mm compr., cuculadas; estames 3, unidos em sinândrio, anteras ca.1 mm compr. Flores pistiladas sem brácteas, ca. 1,5 mm compr., tépalas 3, estilete 1, 0,2-0,5 mm compr., excertos. Frutos não vistos.
Material selecionado: Parauapebas [Marabá], N1, 21.IV.1970, M. Silva 2661 (MG); N3, 17.III.1985, R.S. Secco et al. 489 (MG).
Langsdorffia hypogaea é amplamente distribuída, ocorrendo em diversos tipos de florestas e em cerrados desde o México, passando pela América Central até a América do Sul, onde foi coletada na Colômbia, Guiana, Equador, Bolívia e Brasil (Hansen 1980). No Brasil ocorre em todas as regiões, atingindo os estados do Paraná e Santa Catarina na região sul, ocorrendo em campo rupestre, cerrado e diversos tipos de florestas (Cardoso 2016). A outra espécie que ocorre no Brasil é L. heterotepala, endêmica do país e restrita aos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro, na região sudeste e Santa Catarina (região sul), onde ocorre apenas na Floresta Atlântica. (Cardoso et al. 2011).
Nas cangas da Serra dos Carajás, L. hypogaea ocorre na Serra Norte: N1, N3. Foi coletada em vegetação de canga e em florestas sobre morros, e de terra firme com solo humoso, florescendo de março a dezembro.