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Flora das cangas da Serra dos Carajás, Pará, Brasil: Cyperaceae

Flora of the cangas of the Serra dos Carajás, Pará, Brasil: Cyperaceae

Resumo

Foram confirmadas 45 espécies de Cyperaceae, distribuídas em 12 gêneros: Rhynchospora (12 espécies), Cyperus (9), Eleocharis (7), Scleria (4), Bulbostylis (4), Fimbristylis (2), Kyllinga (2), Becquerelia (1), Hypolytrum (1), Lagenocarpus (1), Lipocarpha (1) e Pycreus (1). Eleocharis ayacuchensis está sendo registrada pela primeira vez no Brasil. Bulbostylis lagoensis e Eleocharis endounifascis são novos registros para o estado do Pará. São fornecidas chaves analíticas de identificação para gêneros e espécies, descrições morfológicas, pranchas ilustrativas das espécies, além de comentários taxonômicos, de distribuição geográfica e habitats preferenciais dos táxons estudados.

Palavras-chave:
afloramentos de rochas de ferro; Amazônia; FLONA Carajás

Abstract

We found 45 species of the Cyperaceae, belonging to 12 genera: Rhynchospora (12 species), Cyperus (9), Eleocharis (7), Scleria (4), Bulbostylis (4), Fimbristylis (2), Kyllinga (2), Becquerelia (1), Hypolytrum (1), Lagenocarpus (1), Lipocarpha (1) and Pycreus (1). Eleocharis ayacuchensis is being recorded for the first time in Brazil. Bulbostylis lagoensis and Eleocharis endounifascis are new records to Pará state. Identification keys are provided at genera and species levels, as well as morphological descriptions, illustrations of species, and taxonomic comments, geographical distribution and preferred habitats of the studied taxa.

Key words:
Amazon; ironstone outcrops; FLONA Carajás

Cyperaceae

Cyperaceae Juss. é uma familia cosmopolita (Govaerts et al. 2007González-Elizondo, M.S. & Reznicek, A. 1998. Eleocharis. In: Berry, P.E.; Yatskievych, K. & Holst, B.K. (eds.). Flora of the Venezuelan Guayana. Vol. 4. Missouri Botanical Garden Press, Saint Louis. Pp. 486-663.; Heywood et al. 2007Hefler, S.M. 2007. Cyperus L. Subgen. Cyperus (Cyperaceae) na Região Sul do Brasil. Tese de Doutorado. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. 188p.), com aproximadamente 5430 espécies agrupadas em 98 gêneros (Stevens 2001Rosen, D.J. 2006. A systematic study of select species complexes of Eleocharis Subgenus Limnochloa (Cyperaceae). Tese de Doutorado. Texas A&M University, College Station, Baytown. 212p.). Frequente em diversas regiões do mundo, Cyperaceae distribui-se principalmente na região pantropical, mas com ocorrência nas regiões subtropical e temperadas (Naczi & Ford 2008Luceño, M.; Alves, M. & Mendes, A.P. 1997. Catálogo florístico y claves de identificación de lãs Cyperaceae de los estados de Paraíba y Pernambuco (Nordeste de Brasil). Anales del Jardín Botánico de Madrid 55: 67-100.). As espécies da família ocupam quase todos os ambientes terrestres, caracterizam ambientes hídricos (Gil & Bove 2004Gil, A.S.B. & Bove. C.P. 2004. O gênero Eleocharis R. Br. (Cyperaceae) nos ecossistemas aquáticos temporários da planície costeira do estado do Rio de Janeiro. Arquivos Museu Nacional, 62: 131-150.; Rosen 2006Ribeiro, A.R.O.; Alves, M.; Prata, A.P.N.; Oliveira, O.F.; Sousa, L.O.F. & Oliveira, R.C. 2015. The genus Cyperus (Cyperaceae) in Rio Grande do Norte state, Brazil. Rodriguésia 66: 571-597.; Govaerts et al. 2007González-Elizondo, M.S. & Reznicek, A. 1998. Eleocharis. In: Berry, P.E.; Yatskievych, K. & Holst, B.K. (eds.). Flora of the Venezuelan Guayana. Vol. 4. Missouri Botanical Garden Press, Saint Louis. Pp. 486-663.), mas há representantes com preferência a locais secos (Prata 2004Naczi, F.C. & Ford, B.A. 2008. Sedges: uses, diversity and systematics of the Cyperaceae. Missouri Botanical Gardens Press, Saint Louis. 298p.). Para o Brasil são aceitas 673 espécies distribuídas em 39 gêneros de Cyperaceae (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Nas cangas da Serra dos Carajás foram registradas 45 espécies distribuídas em 12 gêneros. A delimitação genérica utilizada está de acordo com Goetghebeur (1998)Goetghebeur, P. 1998. Cyperaceae. In: Kubitzki, K. (ed.). The families and genera of vascular plants. Monocotyledons. Vol. 4. Springer, Hamburg. Pp. 141-190..

    Chave de identificação dos gêneros de Cyperaceae das cangas da Serra dos Carajás
  • 1. Folha reduzida a bainha, sem lâminas; inflorescência espiciforme única sobre escapo.......................................................................................................................................................................4. Eleocharis

  • 1'. Folhas com bainhas e lâminas desenvolvidas (exceto em Cyperus haspan L.); inflorescências anteloides, capituliformes, umbeliformes a paniculiformes

    • 2. Espiguetas unissexuadas

      • 3. Folhas em rosetas basais; hipogínio ausente; aquênio castanho-escuro.......8. Lagenocarpus

      • 3'. Folhas desenvolvidas ao longo do escapo; hipogínio presente; aquênio branco

        • 4. Lígulas e/ou contralígulas presentes...............................................................12. Scleria

        • 4'. Lígulas e contra-lígulas ausentes..............................................................1. Becquerelia

    • 2'. Espiguetas bissexuadas

      • 5. Glumas dísticas

        • 6. Estigmas trífidos; aquênios trígonos...............................................................3. Cyperus

        • 6'. Estigmas bífidos; aquênios lenticulares

          • 7. Inflorescências umbeliformes; espiguetas plurifloras...........................10. Pycreus

          • 7'. Inflorescências capituliformes; espiguetas unifloras..............................7. Kyllinga

      • 5'. Glumas espiraladas

        • 8. Estilopódio persistente

          • 9. Estigmas trífidos; aquênios trígonos; estilopódio tuberculiforme......2. Bulbostylis

          • 9'. Estigmas bífidos ou indivisos; aquênios biconvexos a globosos; estilopódio triangular, piramidal, deltoide.....................................................11. Rhynchospora

        • 8'. Estilopódio caduco

          • 10. Folhas plicadas; aquênios rugosos....................................................6. Hypolytrum

          • 10'. Folhas planas; aquênios pontuados, tuberculados ou com células em fileiras longitudinais

            • 11. Bráctea involucral inferior ascendente a patente; inflorescências em antelódios terminais, pediceladas; espiguetas plurifloras...........................5. Fimbristylis

            • 11'. Bráctea involucral inferior ereta, parecendo uma continuação do escapo; inflorescências espiciformes laterais, sésseis; espiguetas unifloras....................................................................................................................9. Lipocarpha

1. Becquerelia Brongn.

Becquerelia caracteriza-se principalmente por apresentar espiguetas unissexuadas, presença de hipogínio e aquênios brancos (Kearns 1998Kearns, D.M. 1998. Lipocarpha. In: Berry, P.E.; Yatskievych, K. & Holst, B.K. (eds.). Flora of the Venezuelan Guayana. Vol. 4. Missouri Botanical Garden Press, Saint Louis. Pp. 486-663.). O gênero compreende ca. 14 espécies e distribui-se na Nicarágua, Costa Rica, Panamá, Colômbia, Venezuela, Trindade, Guiana, Suriname, Guiana Francesa, Equador, Peru e Brasil (Kearns 1998Kearns, D.M. 1998. Lipocarpha. In: Berry, P.E.; Yatskievych, K. & Holst, B.K. (eds.). Flora of the Venezuelan Guayana. Vol. 4. Missouri Botanical Garden Press, Saint Louis. Pp. 486-663.). No Brasil são aceitas quatro espécies para o gênero (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Para as cangas da Serra dos Carajás foi registrada apenas uma espécie de Becquerelia.

1.1. Becquerelia cymosa Brongn., Voy. Monde 11: 161. 1833. Fig. 1a-b

Figura 1
a-b. Becquerelia cymosa - a. inflorescência; b. aquênio (J.P Silva 146). c-d. Bulbostylis lagoensis - c. espigueta; d. aquênio (C.S. Nunes et al. 24). e-f. Bulbostylis sp. 2 - e. espigueta; f. aquênio (P.L. Viana et al. 3361). g-h. B. conifera - g. espigueta; h. aquênio (C.S. Nunes et al. 72). i-j. Bulbostylis sp. 1 - i. inflorescência; j. aquênio (R. Secco & O. Cardoso 677) (Ilustração: Me. João Silveira).
Figure 1
a-b. Becquerelia cymosa - a. inflorescence; b. achene (J.P Silva 146). c-d. Bulbostylis lagoensis - c. spikelets; d. achene (C.S. Nunes et al. 24). e-f. Bulbostylis sp. 2 - e. spikelets; f. achene (P.L. Viana et al. 3361). g-h. B. conifera - g. spikelets; h. achene (C.S. Nunes et al. 72); i-j. Bulbostylis sp. 1 - i. inflorescence; j. achene (R. Secco & O. Cardoso 677) (Illustration: Me. João Silveira).

Ervas perenes, ca. 1 m alt., rizomatosas. Folhas 7-11 × 4-5 cm; bainhas 2-4 cm compr.; lâminas foliares 5-7 cm compr., basilares e caulinares, cartáceas, verdes, três nervuras proeminentes, nervura central e margens antrorsamente escabrosas, faces adaxiais e abaxiais glabras. Escapo ca. 85 cm compr., trígono, canaliculado. Brácteas involucrais 6,7-11 × 1-1,8 cm, lanceoladas, verdes, nervura central e margens inermes. Inflorescência paniculada composta terminal e lateral; espiguetas masculinas pediceladas; glumas masculinas 2-4 × 1-2 mm; espiguetas femininas curto pediceladas, ovoides; glumas femininas 4-6 × 2-5 mm, ovadas, ápice recurvado; hipogínio rugoso, bordo inteiro, branco. Aquênios ca. 3-3,5 × 2 mm, globosos, brancos, superfície transversalmente rugosa.

Material examinado: Parauapebas, N5, 27.X.1994, fl. e fr., J.P. Silva 146 (HCJS).

Becquerelia cymosa caracteriza-se principalmente por suas inflorescências paniculadas compostas, terminais e laterais, espiguetas unissexuadas, glumas com ápice recurvado, aquênio branco transversalmente rugoso.

Possui distribuição Neotropical (Kearns 1998Kearns, D.M. 1998. Lipocarpha. In: Berry, P.E.; Yatskievych, K. & Holst, B.K. (eds.). Flora of the Venezuelan Guayana. Vol. 4. Missouri Botanical Garden Press, Saint Louis. Pp. 486-663.). No Brasil ocorre em todas as regiões, na região Centro-Oeste apenas no estado do Mato Grosso (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Serra dos Carajás: Serra Norte: N5.

2. Bulbostylis Kunth

O gênero Bulbostylis caracteriza-se por apresentar folhas setáceas, ápice da bainha com tricomas longos, inflorescência monocéfala ou em antelódio simples ou composto, estilopódio persistente tuberculiforme. Assemelha-se a outros dois gêneros, Abildgaardia Vahl (que não ocorre na área de estudo) e Fimbristylis Vahl, diferenciando-se principalmente pela presença de tricomas no ápice da bainha e estilopódio persistente no aquênio (Goetghebeur 1998Goetghebeur, P. 1998. Cyperaceae. In: Kubitzki, K. (ed.). The families and genera of vascular plants. Monocotyledons. Vol. 4. Springer, Hamburg. Pp. 141-190.; Bruhl 1995Bruhl, J.J. 1995. Sedge genera of the world: relationships and a new classification of the Cyperaceae. Australian Systematic Botany 8: 125-305.; Prata 2004Naczi, F.C. & Ford, B.A. 2008. Sedges: uses, diversity and systematics of the Cyperaceae. Missouri Botanical Gardens Press, Saint Louis. 298p.). Bulbostylis compreende ca. 150 espécies, com distribuição nas regiões tropicais a subtropicais, podendo chegar até áreas temperadas. Tem como centros de diversidade a África e o Brasil (López 1996Larridon, I.; Reynders, M.; Huygh, W.; Bauters, K.; Vrijdaghs, A.; Leroux, O.; Muasya, A.M. & Goetghebeur, P. 2011c. Taxonomic changes in C3 Cyperus (Cyperaceae) supported by molecular phylogenetic data, morphology, embryography, ontogeny and anatomy. Plant Ecology and Evolution 144: 327-356.; Prata 2004Naczi, F.C. & Ford, B.A. 2008. Sedges: uses, diversity and systematics of the Cyperaceae. Missouri Botanical Gardens Press, Saint Louis. 298p.). Para o Brasil são aceitas 59 espécies (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Para as cangas das Serra dos Carajás foram registradas quatro espécies de Bulbostylis.

    Chave de identificação das espécies de Bulbostylis das cangas da Serra dos Carajás
  • 1. Inflorescências espiciformes e capituliformes

    • 2. Caudex ausente; ápice da bráctea involucral arrendondada; inflorescência espiciforme...................................................................................................................................2.1. Bulbostylis conifera

    • 2'. Caudex presente; ápice da bráctea involucral longo apiculada; inflorescência capituliforme..................................................................................................................................2.3. Bulbostylis sp. 1

  • 1'. Inflorescências anteloides

    • 3. Brácteas involucrais com margens escabrosas; glumas pubescentes; estilopódio com ápice cuspidado................................................................................................2.2. Bulbostylis lagoensis

    • 3'. Brácteas involucrais com margens inermes; glumas glabras; estilopódio com ápice truncado................................................................................................................................2.4. Bulbostylis sp. 2

2.1. Bulbostylis conifera (Kunth) C.B. Clarke, Symb. Antill. 2: 86. 1990.

Isolepis conifera Kunth, Enum. Pl. 2: 206. 1837. Figs. 1g-h; 9a

Figura 2
a-b. Cyperus distans - a. espigueta; b. aquênio (A.S.L. da Silva & N.A. Rosa 1982). c-d. C. haspan - c. espigueta; d. aquênio (C.S. Nunes et al. 38). e-f. C. laxus - e. espigueta; f. aquênio (C.S. Nunes et al. 53). g-h. C. sphacelatus - g. espigueta; h. aquênio (C.S. Nunes et al. 22 MG). i-j. C. aggregatus -i. espigueta; j. aquênio (C.S. Nunes et al. 23). k-l. C. luzulae - k. espigueta; l. aquênio (P.P. Chaves et al. 14). m-o. C. surinamensis - m. detalhe do escapo; n. aquênio; o. espigueta (D. C. Daly & R. Callejas 1998). p. Cyperus sp. 2 - inflorescência (P.L. Viana et al. 3362). q. Cyperus sp. 1 - inflorescência (P.L. Viana et al. 3454) (Ilustração: Silvia Cordeiro).
Figure 2
a-b. Cyperus distans - a. spikelets; b. achene (A.S.L. da Silva & N.A. Rosa 1982). c-d. C. haspan - c. spikelets; d. achene (C.S. Nunes et al. 38). e-f. C. laxus - e. spikelets; f. achene (C.S. Nunes et al. 53). g-h. C. sphacelatus - g. spikelets; h. achene (C.S. Nunes et al. 22 MG). i-j. C. aggregatus - i. spikelets; j. achene (C.S. Nunes et al. 23). k-l. C. luzulae - k. spikelets; l. achene (P.P. Chaves et al. 14). m-o. C. surinamensis - m. scape detail; n. achene; o. spikelets (D. C. Daly & R. Callejas 1998). p. Cyperus sp. 2 - inflorescence (P.L. Viana et al. 3362). q. Cyperus sp. 1 - inflorescence (P.L. Viana et al. 3454) (Illustration: Silvia Cordeiro).

Figura 3
a-c. Eleocharis ayacuchensis - a. bainha; b. espigueta; c. aquênio (C.S. Nunes et al. 65). d-f. E. geniculata - d. bainha; e. espigueta; f. aquênio (J.P. Silva 767). g-i. E. flavescens - g. bainha; h. espigueta; i. aquênio (P.L. Viana et al. 3431). j-l. E. pedrovianae - j. espigueta; k. espigueta sem escapo; l. aquênio (C.S. Nunes et al. 35). m-o. E. plicarhachis - m. bainha; n. espigueta; o. aquênio (C.S. Nunes et al. 41). p-r. E. acutangula - p. bainha; q. espigueta; r. aquênio (A.J. Arruda et al. 1080). s-u. E. endounifascis - s. detalhe interno do escapo; t. espigueta; u. aquênio (M.O. Pivari et al. 1594) (Ilustração: Me. João Silveira).
Figure 3
a-c. Eleocharis ayacuchensis - a. sheath; b. spikelets; c. achene (C.S. Nunes et al. 65). d-f. E. geniculata - d. sheath; e. spikelets; f. achene (J.P. Silva 767). g-i. E. flavescens - g. sheath; h. spikelets; i. achene (P.L. Viana et al. 3431). j-l. E. pedrovianae 1 - j. spikelets; k. scapeless; l. achene (C.S. Nunes et al. 35). m-o. E. plicarhachis - m. sheath; n. spikelets; o. achene (C.S. Nunes et al. 41). p-r. E. acutangula - p. sheath; q. spikelets; r. aquênio (A.J. Arruda et al. 1080). s-u. E. endounifascis - s. detalhe interno do escapo; t. spikelets; u. achene (M.O. Pivari et al. 1594) (Illustration: Me. João Silveira).

Figura 4
a-c. Fimbristylis miliacea - a. inflorescência; b. espigueta; c. aquênio (C.S. Nunes et al. 76). d-f. F. dichotoma - d. inflorescência; e. espigueta; f. aquênio (C.S. Nunes et al. 77). g-i. Hypolytrum paraense - g. catáfilos; h. parte da inflorescência; i. aquênio (N.F.O. Mota et al. 3384). j-k. Kyllinga odorata - j. espigueta; k. aquênio (P.L. Viana et al. 3426). l-m. K. pumilla - l. espigueta; m. aquênio (D.C. Daly & R. Callejas 1989) (Ilustração: Me. João Silveira).
Figure 4
a-c. Fimbristylis miliacea - a. inflorescence; b. spikelets; c. achene (C.S. Nunes et al. 76). d-f. F. dichotoma - d. inflorescence; e. spikelets; f. achene (C.S. Nunes et al. 77). g-i. Hypolytrum paraense - g. cataphylls; h. part of the inflorescence; i. achene (N.F.O. Mota et al. 3384). j-k. Kyllinga odorata - j. spikelets; k. achene (P.L. Viana et al. 3426). l-m. K. pumilla - l. spikelets; m. achene (D.C. Daly & R. Callejas 1989) (Illustration: Me. João Silveira).

Figura 5
a-c. Lagenocarpus verticillatus - a. espigueta masculina; b. espigueta feminina; c. aquênio (L.C. Lobato et al. 4418). d-e. Lipocarpha micrantha - d. inflorescência; e. aquênio (A.J. Arruda et al. 883). f-g. Pycreus polystachyos - f. espigueta; g. aquênio (C.S. Nunes et al. 14) (Ilustração: Me. João Silveira).
Figure 5
a-c. Lagenocarpus verticillatus - a. spikelets male; b. spikelets female; c. achene (L.C. Lobato et al. 4418). d-e. Lipocarpha micrantha - d. inflorescence; e. achene (A.J. Arruda et al. 883). f-g. Pycreus polystachyos - f. spikelets; g. achene (C.S. Nunes et al. 14) (Illustration: Me. João Silveira).

Figura 6
a-b. Rhynchospora acanthoma - a. inflorescência; b. aquênio (C.S. Nunes et al. 45). c-d. R. corymbosa - c. parte da inflorescência; d. aquênio (M.F.F. da Silva et al. 2458). e-f. R. barbata - e. inflorescência; f. aquênio (C.S. Nunes et al. 58). g-h. R. holoschoenoides - g. inflorescência; h. aquênio (A.J. Arruda et al. 442). i-k. R. candida - i. estolões; j. inflorescência; k. aquênio (A. Gil et al. 524). l-m. R. pubera - l. inflorescência; m. aquênio (L.V. Silva et al. 951) (Ilustração: Me. João Silveira).
Figure 6
a-b. Rhynchospora acanthoma - a. inflorescence; b. achene (C.S. Nunes et al. 45). c-d. R. corymbosa - c. part of inflorescence; d. achene (M.F.F. da Silva et al. 2458). e-f. R. barbata - e. inflorescence; f. achene (C.S. Nunes et al. 58). g-h. R. holoschoenoides - g. inflorescence; h. achene (A.J. Arruda et al. 442). i-k. R. candida - i. stolon; j. inflorescence; k. achene (A. Gil et al. 524). l-m. R. pubera - l. inflorescence; m. achene (L.V. Silva et al. 951) (Illustration: Me. João Silveira).

Figura 7
a-b. Rhynchospora divaricata - a. parte da inflorescência; b. aquênio (A.K. Koch 790). c-d. R. rugosa - c. inflorescência; d. aquênio (C.S. Nunes et al. 10). e-f. Rhynchospora sp. 1 - e. inflorescência; f. aquênio (C.S. Nunes et al. 71). g-h. R. eximia - g. inflorescência; h. aquênio (C.S. Nunes et al. 19). i-j. Rhynchospora sp. 2 - i. inflorescência; j. aquênio (C.S. Nunes et al. 56). k-l. R. cf. filiformis - k. parte da inflorescência; l. aquênio (C.S. Nunes et al. 68) (Ilustração: Me. João Silveira).
Figure 7
a-b. Rhynchospora divaricata - a. part of inflorescence; b. achene (A.K. Koch 790). c-d. R. rugosa - c. inflorescence; d. achene (C.S. Nunes et al. 10). e-f. R. eximia - e. inflorescence; f. achene (C.S. Nunes et al. 71). g-h. Rhynchospora sp. 2 - g. inflorescence; h. achene (C.S. Nunes et al. 19). i-j. Rhynchospora sp. 2 - i. inflorescence; j. achene (C.S. Nunes et al. 56). k-l. R. cf. filiformis - k. part of inflorescence; l. achene (C.S. Nunes et al. 68) (Illustration: Me. João Silveira).

Figura 8
a-c. Scleria cyperina - a. contra-lígula; b. inflorescência; c. aquênio (C.S. Nunes et al. 46). d-e. S. verticillata - d. inflorescência; e. aquênio (C.S. Nunes et al. 33). f-i. S. microcarpa - f. contra-lígula; g. inflorescência; h. parte da inflorescência; i. aquênio (C.S. Nunes et al. 13). j-m. S. secans - j. lígula e contra-lígula; k. margem da folha; l. parte da inflorescência. m. aquênio (A. Gil et al. 526) (Ilustração: Me. João Silveira).
Figure 8
a-c. Scleria cyperina - a. contraligule; b. inflorescence; c. achene (C.S. Nunes et al. 46). d-e. S. verticillata - d. inflorescence; e. achene (C.S. Nunes et al. 33). f-i. S. microcarpa - f. contraligule; g. inflorescence; h. part of inflorescence; i. achene (C.S. Nunes et al. 13). j-m. S. secans - j. ligule and contraligule; k. leaf margin; l. part of inflorescence. m. achene (A. Gil et al. 526) (Illustration: Me. João Silveira).

Figura 9
a. Bulbostylis conifera - detalhe da inflorescência (Foto: Nara Mota). b. Cyperus haspan - detalhe da inflorescência (Foto: Climbiê Hall). c. Cyperus luzulae - detalhe da inflorescência (Foto: Climbiê Hall). d. Cyperus surinamensis (Foto: Clebiana Nunes). e-f. Eleocharis flavescens - e. espigueta; f. apêndice hialino no ápice da bainha (Foto: Climbiê Hall). g. Hypolytrum paraense - detalhe da inflorescência (Foto: Nara Mota). h . Kyllinga odorata - detalhe da inflorescência (Foto: André Simões).
Figure 9
a. Bulbostylis conifera - detalhe da inflorescence (Photo: Nara Mota). b. Cyperus haspan - detail of inflorescence (Photo: Climbiê Hall). c. Cyperus luzulae - detail of inflorescence (Photo: Climbiê Hall). d. Cyperus surinamensis (Photo: Clebiana Nunes). e-f. Eleocharis flavescens - e. spikelets; f. appendix hyaline in sheath apex (Photo: Climbiê Hall). g. Hypolytrum paraense - detail of inflorescence (Photo: Nara Mota). h . Kyllinga odorata - detail of inflorescence (Photo: André Simões).

Figura 10
a-b. Rhynchospora acanthoma - a. habito caracterizando canga nodular; b. inflorescência (Foto: Pedro Viana). c. Rhynchospora barbata - detalhe da inflorescência (Foto: André Gil). d. Rhynchospora candida - detalhe da inflorescência. e. Rhynchospora holoschoenoides - detalhe da inflorescência (Foto: Climbiê Hall). f. Rhynchospora cf. filiformis - detalhe da inflorescência (Foto: Climbiê Hall). g. Scleria cyperina - detalhe da inflorescência (Foto: Climbiê Hall). h. Scleria microcarpa - detalhe da inflorescência (Foto: Climbiê Hall).
Figure 10
a-b. Rhynchospora acanthoma - a. habit characterizing nodular canga; b. detail of inflorescence (Photo: Pedro Viana). c. Rhynchospora barbata - detail of inflorescence (Photo: André Gil). d. Rhynchospora candida - detail of inflorescence (Photo: Climbiê Hall). e. Rhynchospora holoschoenoides - detail of inflorescence (Photo: Climbiê Hall). f. Rhynchospora cf. filiformis - detail of inflorescence (Photo: Climbiê Hall). g. Scleria cyperina - detail of inflorescence (Photo: Climbiê Hall). h. Scleria microcarpa - detail of inflorescence (Photo: Climbiê Hall).

Ervas anuais, 7,5-43 cm alt., cespitosas, caudex ausente. Folhas ca. 2,5-25 × 0,2 cm; bainhas 0,5-4 cm compr., tricomas alvos; lâminas foliares 2-21 cm compr., nervura central inerme, margens escabrosas. Escapo ca. 7-41,7 × 0,5 mm, cilíndrico, glabro. Brácteas involucrais 1-2, castanhas, glumáceas, glabras a pubescentes, carenadas, ápice arredondado, margens ciliadas. Inflorescência espiciforme, terminal, única; espiguetas 4-15 × 1,5-3 mm, ovoides, longo-ovoides a coniformes; glumas decíduas, 1,5-4,5 × 1-2 mm, oblongas, ferrugíneas a vináceas com carena castanha, coriáceas, glabras, ápice arredondado a levemente obtuso, margem glabra; estames 3; estilete indiviso. Aquênios 0,8-1,3 × 0,6-1 mm, trígonos, obovoides, castanho-claros, negros quando maduros, brilhosos, superfície transversalmente rugosa, base atenuada; estilopódio cilíndrico, castanho-escuro, ápice obtuso.

Material selecionado: S/ Município, N1, 13.XII.1981, fl. e fr., 5°54'S, 50°27'W, D.C. Daly & R. Callejas 1985 (MG, INPA, IAN, NY); Canaã dos Carajás, Corpo D, 29.IV.2015, fl. e fr., C.S. Nunes et al. 54 (MG); Serra do Tarzan, 1.V.2015, fl. e fr., C.S. Nunes et al. 72 (MG); Parauapebas [Marabá], N4, 19.III.1984, fl. e fr., A.S.L. da Silva & N.A. Rosa 1880 (MG); N5, 28.IV.2015, fl. e fr., C.S. Nunes et al. 25 (MG); N7, 6°75'00"S, 50°10'26"W, 25.III.2012, fl. e fr., P.L. Viana et al. 5327 (BHCB, MG); N8, 6°10'01"S, 50°09'29"W, 18.III.2015, fl. e fr., L.C.B. Lobato et al. 4341 (MG).

Bulbostylis conifera é caracterizada por sua inflorescência espiciforme terminal única, ovoide a coniforme, ferrugínea a vinácea. Kral & Strong (1999)Kral, R. & Strong, M.T. 1999. Eigth Novelities in Abildgaardia and Bulbostylis (Cyperaceae) from South American. Sida 18: 837-859. publicaram B. carajana Kral & M. Strong com base apenas no material-tipo (Sperling et al. 5649 - INPA, NY e VDB). Após análise de ca. 36 exsicatas previamente identificadas como B. carajana, coletadas nas cangas da Serra dos Carajás e observações de muitos indivíduos no campo, notou-se que a espécie apresenta elevada plasticidade, principalmente quanto ao indumento das folhas e escapos, e brilho e rugosidade do aquênio. Apesar de serem bastante variáveis, estes caracteres foram utilizados por Kral & Strong (1999)Koyama, T. 2004. A taxonomic revision of genus Lagenocarpus (Cyperaceae) materials for a Cyperaceae monograph of the Flora Neotropica. Part. II. Makinoa N.S. 4:1-73. como diagnósticos na efetivação e validação de B. carajana Kral & M. Strong. Desta forma, optou-se por tratar todos os exemplares examinados provenientes da Serra dos Carajás como B. conifera, havendo ainda a necessidade de efetivação deste novo sinônimo (Nunes et al. em preparo).

Espécie possui distribuição nas Guianas, Venezuela e Brasil (Prata 2004Naczi, F.C. & Ford, B.A. 2008. Sedges: uses, diversity and systematics of the Cyperaceae. Missouri Botanical Gardens Press, Saint Louis. 298p.). No Brasil ocorre nas regiões Norte (AM, AP, PA, RO, RR, TO), Nordeste (AL, BA, CE, MA, PB, PE, PI, RN, SE), Centro-Oeste (GO, MS, MT), Sudeste e Sul (PR) (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Serra dos Carajás: Serra Norte: N1, N2, N4, N5, N7, N8; Serra Sul: S11D; Serra do Tarzan. Espécie muito frequente nas áreas de cangas, podendo caracterizar a fitofisionomia canga nodular.

2.2. Bulbostylis lagoensis (Boeckeler) Prata & M.G. López, Kew Bull. 56(4): 1008. 2001.

Scirpus lagoensis Boeckeler, Beit. Cyper. 2: 15. 1890. Fig. 1c-d

Ervas anuais, 2,5-14 cm alt., cespitosas, caudex ausente. Folhas ca. 3-11,5 × 0,1 cm; bainhas ca. 1 cm compr., tricomas alvos; lâminas foliares 2-11 cm compr., nervura central e margens inermes. Escapo ca. 8-45 × 0,3-0,4 mm, trígono, glabro. Brácteas involucrais ca. 7, verdes, foliáceas, glabras, carenas ausentes, ápice agudo, margens escabrosas. Inflorescência 7-9 × 8-10 mm, em antelódio, composta; espiguetas 6-11, 2-4 × 1-2 mm, oblongiformes; glumas persistentes, ca. 3-4 × 1,5 mm, ovadas a oblongas, castanho-claras com carena esverdeada a castanho-escura, membranáceas, pubescentes, ápice agudo, margem ciliada; estames 3; estilete trífido. Aquênios ca. 0,9 × 0,5 mm, oblongos a obovoides, trígonos, castanho-claros, brilhosos, superfície pontuada, base estipitada; estilopódio cilíndrico, castanho-escuro, ápice cuspidado.

Material selecionado: Canaã dos Carajás, S11A, 6°20'55"S, 50°27'11"W, 9.XII.2007, fl. e fr., N.F.O. Mota et al. 1155 (BHCB); Corpo D, 29.IV.2015, fl. e fr., C.S. Nunes et al 57 (MG); Serra do Rabo, 6°18'36"S, 49°53'5"W, 14.XII.2007, fl. e fr., N.F.O. Mota et al. 1187 (BHCB); Serra do Tarzan, 1.V.2015, fl. e fr., C.S. Nunes et al. 79 (MG); Parauapebas, N4, 9.I.2010, fl. e fr., L.C.B. Lobato et al. 3768 (MG); N5, 27.IV.2015, fl. e fr., C.S. Nunes et al. 24 (MG).

Bulbostylis lagoensis caracteriza-se por suas espiguetas oblongiformes, glumas ovadas a oblongas, castanho-claras, carenas castanhas, superfície pubescente, aquênios obovoides, trígonos com superfície pontuada. Assemelha-se a Bulbostylis sp. 2 por apresentar inflorescência em antelódio, mas difere-se pelas espiguetas oblongiformes (vs. ovoide-lanceoloides a elipsoides), glumas castanho-claras com carena esverdeada a castanho-escura (vs. castanho-escuras a vináceas com carena verde), superfície pubescente (vs. glabra) e estilopódio com ápice cuspidado (vs. truncado). Primeiro registro da espécie para o estado do Pará.

Espécie distribuida na Bolívia e Brasil (Prata et al. 2001; Jorgensen et al. 2014Jorgensen, P.M.; Nee, M.H. & Beck, S.G. 2014. Catálogo de las plantas vasculares de Bolivia. Missouri Botanical Garden 127: i-viii, 1-1744). No Brasil ocorre nas regiões Norte (PA, TO), Nordeste (BA), Centro-oeste (DF, GO, MT) e Sudeste (MG, SP) (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Serra dos Carajás: Serra Norte: N4, N5; Serra Sul: S11A, S11D; Serra do Tarzan; Serra da Bocaina (Serra do Rabo). Espécie comum sobre vegetação rupestre, campos graminosos e menos frequente em campos brejosos.

2.3. Bulbostylis sp. 1 Fig. 1i-j

Ervas perenes, 10-48 cm alt., cespitosas, caudex presente. Folhas ca. 28-32 × 0,5 cm; bainhas 1,5-3,5 cm compr., tricomas castanhos; lâminas foliares 26,5-28,5 cm compr., nervura central e margens antrorsamente escabrosas. Escapo 9-46,2 × 0,3-0,4 mm, cilíndrico, glabro, antrorsamente escabroso proximal a inflorescência. Brácteas involucrais 1-2, castanhas, glumáceas, glabras, carenadas, ápice longo-apiculado, margens ciliadas. Inflorescência 7-9 × 8-10 mm, capituliforme, terminal, única; espiguetas ca. 5, 4-7 × 2-3 mm, ovoides; glumas persistentes, ca. 3-4 × 1,5 mm, ovadas a lanceoladas, castanhas com carena castanho-clara, membranáceas, glabras, ápice agudo, margem lacerada; estames 3; estilete trífido. Aquênios ca. 1 × 1 mm, obovoides, trígonos, castanho-claros, brilhosos, superfície transversalmente rugosa, base pouco atenuada; estilopódio cilíndrico, castanho-escuro, ápice obtuso.

Material examinado: Canaã dos Carajás, Corpo A, 6°23'33"S, 50°22'22"W, 12.X.2008, fl., L.V. Costa et al. 597 (BHCB); Serra do Tarzan, 14.X.2008, fl., L.V. Costa et al. 639 (BHCB); Parauapebas, Serra Norte, 6°S, 50°15'W, 11.X.1977, fl., C.C. Berg & A.J. Henderson 463 (MG); N1, 30.X.1985, fl. e fr., R. Secco & O. Cardoso 677 (MG).

Bulbostylis sp. 1 caracteriza-se pela presença de caudex coberto por bainhas senescentes persistentes. Assemelha-se a Bulbostylis medusae Prata, Reynders & Goetguebeur pelas inflorescências capituliformes, espiguetas ovoides e glumas ovadas com margens laceradas, porém, diferenciam-se por Bulbostylis sp. 1 apresentar ápice da bainha com tricomas castanhos, espiguetas glabras na base e aquênios obovoides, enquanto B. medusae, possui o ápice da bainha com tricomas alvos, base das espiguetas lanuginosos e aquênios cordiformes.

Serra dos Carajás: Serra Norte: N1; Serra Sul: S11A; Serra do Tarzan. A espécie ocorre principalmente sobre campo rupestre e canga couraçada.

2.4. Bulbostylis sp. 2. Fig. 1e-f

Ervas anuais, 5,5-23,5 cm alt., cespitosas, caudex ausente. Folhas ca. 5,5-24 × 0,05 cm; bainhas 0,5-3,5 cm compr., tricomas alvos; lâminas foliares 5-20 cm compr., nervura central e margens inermes. Escapo 4,5-10,3 × 0,3-0,4 mm, trígono, glabro. Brácteas involucrais ca. 7, foliáceas, glabras, carenas ausentes, ápice agudo, margens inermes. Inflorescência 7-12 × 8-15 mm, em antelódio, composta; espiguetas 6-10, ca. 2,5-4 × 1,5 mm, ovoide-lanceoloides a elipsoides; glumas persistentes, ca. 3-4 × 1,5 mm, ovadas, castanho-escuras a vináceas com carenas verdes, membranáceas, glabras, ápice arredondado, margem levemente lacerada; estames 2; estilete trífido. Aquênios ca. 0,8 × 0,5 mm, oblongos a obovoides, trígonos, castanho-claros, brilhosos, superfície pontuada, base estipitada; estilopódio cilíndrico, castanho, ápice truncado.

Material examinado: S/ Município, N5, 31.X.1985, fl. e fr., R. Secco & O. Cardoso 694 (MG); Canaã dos Carajás, Serra Sul, 7.XII.2007, fl. e fr., 6°23'17"S, 50°20'57"W, P.L. Viana et al. 3361 (BHCB); Corpo D, 11.X.2008, fl., 6°23'59"S, 50°19'38"W, L.V. Costa et al. 529 (BHCB).

Bulbostylis sp. 2 caracteriza-se por sua inflorescência em antelódio, espiguetas ovoide-lanceoloides a elipsoides, glumas ovadas, castanho-escuras a vináceas com carenas verdes. Assemelha-se a Bulbostylis lagoensis (ver comentário de B. lagoensis).

Serra dos Carajás: Serra Norte: N5; Serra Sul: S11D. Espécie ocorre na beira de lagoas e lagos temporários e perenes.

3. Cyperus L.

O gênero Cyperus caracteriza-se principalmente por suas folhas dispostas em rosetas, escapos trígonos, inflorescência terminal, glumas dispostas disticamente, estiletes trífidos e aquênios trígonos (Goetghebeur 1998Goetghebeur, P. 1998. Cyperaceae. In: Kubitzki, K. (ed.). The families and genera of vascular plants. Monocotyledons. Vol. 4. Springer, Hamburg. Pp. 141-190.; Hefler 2007Guaglione, R. 2001. Contribuición al Studio del Genero Rhynchospora (Cyperaceae) V. Sección Longirostres Em America Austral. Darwiniana 39: 278-342.; Costa 2013Costa, S.M. 2013. Cyperus L. In: Prata, A.P.; Amaral, M.C.E.; Farias, M.C.V. & Alves, M.V (org.). Flora de Sergipe. Vol. 1. Gráfica e Editora Triunfo, Aracaju. Pp 140-158.; Ribeiro et al. 2015Prata, A.P.N.; López, M.G. & Simpson, D.A. 2011. New combinations in Bulbostylis (Cyperaceae) from South America. Kew Bulletin 56: 1008-2001.). Filogenias recentes (Larridon et al. 2011aLarridon, I.; Huygh, W.; Reynders, M.; Muasya, A.M.; Govaerts, R.; Simpson D.A. & Goetghebeur, P. 2011a. Nomenclature and typification of names of genera and subdivisions of genera in Cypereae (Cyperaceae): 2. Names of subdivisions in Cyperus. Taxon 60: 868-884.; 2011bLarridon, I.; Reynders, M.; Huygh, W.; Bauters, K.; Van de Putte, K.; Muasya, A.M.; Boeckx, P.; Simpson, D.A.; Vrijdaghs, A. & Goetghebeur, P. 2011b. Affinities in C3 Cyperus lineages (Cyperaceae) revealed using molecular phylogenetic data and carbon isotope analysis. Botanical Journal of the Linnean Society 167: 19-46.; 2011cLarridon, I.; Reynders, M.; Huygh, W.; Bauters, K.; Vrijdaghs, A.; Leroux, O.; Muasya, A.M. & Goetghebeur, P. 2011c. Taxonomic changes in C3 Cyperus (Cyperaceae) supported by molecular phylogenetic data, morphology, embryography, ontogeny and anatomy. Plant Ecology and Evolution 144: 327-356.; 2013Larridon, I.; Bauters, K.; Reynders, M.; Huygh, W.; Muasya, A.M.; Simpson, D.A. & Goetghebeur, P. 2013. Towards a new classification of the giant paraphyletic genus Cyperus. Botanical Journal of the Linnean Society 172: 106-126.) indicam Cyperus monofilético com a inclusão Kyllinga Rottb., Lipocarpha R. Br., Pycreus Beauv. e outros nove gêneros de Cyperaceae. No entanto, algumas atualizações nomenclaturais ainda não foram efetivadas, logo optamos por tratar os gêneros distintamente como em Goetghebeur (1998)Goetghebeur, P. 1998. Cyperaceae. In: Kubitzki, K. (ed.). The families and genera of vascular plants. Monocotyledons. Vol. 4. Springer, Hamburg. Pp. 141-190.. Cyperus compreende ca. 550 espécies, de distribuição cosmopolita, com elevada representatividade nos trópicos (Goetghebeur 1998Goetghebeur, P. 1998. Cyperaceae. In: Kubitzki, K. (ed.). The families and genera of vascular plants. Monocotyledons. Vol. 4. Springer, Hamburg. Pp. 141-190.). Para o Brasil são aceitas ca. 101 espécies para o gênero (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Nas cangas da Serra dos Carajás foram registradas 9 espécies de Cyperus.

    Chave de identificação das espécies de Cyperus das cangas da Serra dos Carajás
  • 1. Folhas reduzidas a bainhas, escapo trígono de lados côncavos..............................3.3. Cyperus haspan

  • 1'. Folhas desenvolvidas, escapo trígono de lados planos a convexos

    • 2. Escapos escabrosos................................................................................3.7. Cyperus surinamensis

    • 2'. Escapos inermes

      • 3. Espiguetas com 2-3 glumas..............................................................3.1. Cyperus aggregatus

      • 3'. Espiguetas com mais de 3 glumas

        • 4. Glumas suborbiculares com ápices aristados.....................................3.4. Cyperus laxus

        • 4'. Glumas ovadas, elípiticas ou lanceoladas com ápices obtusos, agudos ou mucronados

          • 5. Espiguetas ovoides; glumas quase perpendiculares à ráquis na maturidade.............................................................................................................3.5. Cyperus luzulae

          • 5'. Espiguetas lineares a lanceoloides; glumas perpendiculares a quase paralelas à ráquis na maturidade

            • 6. Inflorescência laxa, raios da inflorescência conspícuos

              • 7. Glumas castanho-claras, com máculas de castanhas a vináceas; aquênios obovoides, castanho-claros a pardos, superfície lisa..........................................................................................................3.6. Cyperus sphacelatus

              • 7'. Glumas castanhas a vináceas, máculas ausentes; aquênios lanceoloides, castanho-escuros, superfície reticulada...................3.2. Cyperus distans

            • 6'. Inflorescência congesta, raios da inflorescência inconspícuos

              • 8. Brácteas involucrais 5-7 mm larg. na base; glumas com ápices agudos......................................................................................3.8. Cyperus sp. 1

              • 8'. Brácteas involucrais 1-2 mm larg. na base; glumas com ápices mucronadas..................................................................3.9. Cyperus sp. 2

3.1. Cyperus aggregatus (Willd.) Endl., Cat. Horti Vindob. 1: 93. 1842.

Mariscus aggregatus Willd., Enum. Pl. 1: 70. 1809. Fig. 2i-j

Ervas perenes, 12-39 cm alt., rizomatosas. Folhas 7-29 × 0,2-0,6 cm; bainhas 2-5,6 cm compr.; lâminas foliares 5-23,4 cm compr., faces adaxiais e abaxiais glabras, margem inerme a levemente escabrosa. Escapo 10-35,5 cm compr., inerme. Brácteas involucrais 5-6, de tamanhos desiguais; bráctea maior: 10-20 × 0,1-0,7 cm, faces adaxiais e abaxiais glabras, nervura central inerme, margem inerme a levemente escabrosa. Inflorescência de 1-2 ordens; 1ª ordem em glomérulos hemisféricos sésseis ou subsésseis; 2ª ordem em espigas; raios da inflorescência ausentes ou raramente presentes ocultos pelas espiguetas; espiguetas 1,5-3 × 0,5-1 mm, ovoide-lanceoloides, verdes; glumas 2-3, ca. 2,5 × 0,9 mm de compr., ovadas, verdes com linhas verticais vináceas, carena verde-escura, paralelas à ráquis na maturidade, ápice agudo; estames 3. Aquênios ca. 1,5-2 × 1,7 mm, obovoides, castanhos, brilhosos, superfície pontuada, ápice mucronado.

Material selecionado: S/ Município, N1, 13.XII.1981, fl. e fr., D.C. Daly & R. Callejas 1984 (MG); Canaã dos Carajás, Corpo C, 29.IV.2015, fl. e fr., C.S. Nunes et al. 51 (MG); S11D, 6°23'30"S, 50°21'2"W, 18.II.2010, fl. e fr., M.O. Pivari et al. 1493 (BHCB); Parauapebas, N5, 27.IV.2015, fl. e fr., C.S. Nunes et al. 23 (MG); Serra da Bocaina, 6°18'54"S, 49°54'34.5"W, 15.XII.2010, fl. e fr., N.F.O. Mota et al. 1860 (BHCB).

Cyperus aggregatus pode alcançar um porte robusto, sendo reconhecida por suas inflorescências agrupadas em glomérulos hemisféricos sésseis a subsésseis ou nas pontas de raios conspícuos, espiguetas com 2-3 glumas, esverdeadas.

Espécie com ampla distribuição Neotropical (Tucker 1998Tucker, C.G. 1984. A revision of genus Kyllinga (Cyperaceae) in Mexico and Central America. Rhodora 86: 507-538.; Adams 1994Adams, C.D. 1994. Cyperaceae. In: Davidse, G.; Sousa, M. & Chater, A.O. (eds). Flora Mesoamericana. Cidade Do Universidad Nacional Autónoma de México, México-DF. Pp. 404-485.). No Brasil ocorre em todos os estados e Distrito Federal (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Serra dos Carajás: Serra Norte: N1, N5; Serra Sul: S11C, S11D; Serra da Bocaina. Espécie ocorre em vegetação rupestre ferruginosa, mata baixa e em campos brejosos.

3.2. Cyperus distans L. f., Suppl. Pl. 103. 1782. Fig. 2a-b

Ervas perenes, 65-74 cm alt., rizomatosas. Folhas ca. 26-47 x 1 cm; bainhas 12-19 cm compr.; lâminas foliares 14-28 cm compr., margens levemente escabrosas. Escapo 56-64 cm compr., inerme. Brácteas involucrais ca. 6, de tamanhos desiguais; bráctea maior 15-31 × 0,5-1 cm, faces adaxiais e abaxiais glabras, nervura central inerme, margens escabrosas. Inflorescência de 3 ordens; 1ª e 2ª ordens em antelódios, 3ª ordem em espiga; raios da inflorescência 4,5-6 cm compr.; prófilos ca. 1,5 mm compr., ápice acuminado a longo-acuminado; espiguetas ca. 10-25 × 1 mm, linear-lanceoloides, castanhas; glumas 10-20, ca. 1,8-2 × 1 mm, ovadas, castanhas a vináceas, carenas verdes, quase paralelas à ráquis na maturidade, ápice obtuso; estame 1. Aquênios ca. 1,5 × 0,3 mm, lanceoloides, castanho-escuros, superfície reticulada, ápice mucronado.

Material examinado: S/ Município, Serra do Norte, 19.10.1977, fl. e fr., C.C. Berg & A.J. Henderson BG640 (MG). Parauapebas [Marabá], N4, 19.III.1984, fl. e fr., A.S.L. da Silva & N.A. Rosa 1892 (MG); N3, 6°6'2"S, 50°13'8"W, 22.VI.2012, fl. e fr., L.V.C. Silva et al. 1294 (BHCB).

Cyperus distans apresenta inflorescências em antelódios, com espigas linear-lanceoloides, laxas. Quando maduras, as glumas são totalmente caducas, permanecendo somente a ráquis, o que deixa as amostras com aspecto diferente, dificultando a identificação.

Espécie com distribuição Pantropical (Tucker 1998Tucker, C.G. 1998. Cyperus. In: Berry, P.E.; Yatskievych, K. & Holst, B.K. (eds.). Flora of the Venezuelan Guayana. Vol. 4. Missouri Botanical Garden Press, Saint Louis. Pp. 486-663.; Adams 1994Adams, C.D. 1994. Cyperaceae. In: Davidse, G.; Sousa, M. & Chater, A.O. (eds). Flora Mesoamericana. Cidade Do Universidad Nacional Autónoma de México, México-DF. Pp. 404-485.). No Brasil ocorre em todos os estados e Distrito Federal (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Serra dos Carajás: Serra Norte: N3, N4. Espécie ocorre em áreas de mata baixa e de transição de canga e floresta.

3.3. Cyperus haspan L., Sp. Pl. 1: 45. 1753. Figs. 2c-d; 9b

Ervas perenes, 19-56 cm alt., cespitosas. Folhas reduzidas a bainhas; bainhas 1-8 cm compr. Escapo 15-51 cm compr., inerme. Brácteas involucrais ca. 3; bráctea maior 2,5-4,5 × 0,1-0,4 cm, faces adaxiais e abaxiais glabras, margens inermes. Inflorescência de 2-3 ordens; 1ª ordem em antelódio, 2ª e 3ª ordem em antelódio ou em grupos de espiguetas digitadas e subdigitadas; raios da inflorescência 2-5 cm compr.; prófilos ca. 3 mm compr., ápices acuminados; espiguetas ca. 3-5 × 1 mm de compr., digitadas, verdes com máculas vináceas; glumas 10-21, ca. 1 × 1 mm, lanceoladas, esverdeadas, máculas vináceas nas margens, carenas verdes, quase paralelas à ráquis na maturidade, ápice agudo; estames 3. Aquênios ca. 0,4-0,6 × 0,3 mm, ovoide, castanho-claros, superfície lisa, ápice mucronado.

Material selecionado: Canaã dos Carajás, S11B, 6°21'0"S, 50°24'59"W,14.II.2010, fl. e fr., A. J. Arruda et al. 192 (BHCB); S11C, 6°22'37"S, 50°23'9"W, 13.II.2010, fl. e fr., M.O. Pivari et al. 1465 (BHCB); Serra da Bocaina, 6°18'52"S, 49°54'16"W, 15.XII.2010, fl. e fr., L.V.C. Silva et al. 1054 (BHCB); Parauapebas, N1, 28.IV.2015, fl. e fr., C.S. Nunes et al. 38 (MG); N2, 28.IV.2015, fl. e fr., C.S. Nunes et al. 31 (MG); N3, 27.IV.2015, fl. e fr., C.S. Nunes et al. 8 (MG); N4, 9.I.2010, fl. e fr., L.C.B. Lobato et al. 3771 (MG); N5, 30.IV.2015, fl. e fr., C.S. Nunes et al. 69 (MG); N8, 6°10'52"S, 50°8'24"W, 23.III.2012, fl. e fr., A.J. Arruda et al. 792 (BHCB).

Cyperus haspan é reconhecida principalmente pela ausência das lâminas foliares, reduzidas a bainhas, caráter que pode ser bastante variável nos espécimes (Luceño et al.1997López, M.G. 1996. Una nueva espécie de Bulbostylis (Cyperaceae). Bonplandia 9: 29-33.; Araújo & Longhi-Wagner 1996Araújo, A.C. & Longhi-Wagner, H.M. 1996. Levantamento Taxonômico de Cyperus L. subg. Anosporum (Nees) C.B. Clarke (Cyperaceae - Cypereae) No Rio Grande do Sul, Brasil. Acta Botanica Brasilica 10: 153-192.; Ribeiro et al. 2015Prata, A.P.N.; López, M.G. & Simpson, D.A. 2011. New combinations in Bulbostylis (Cyperaceae) from South America. Kew Bulletin 56: 1008-2001.), entretanto, essa variação não foi observada nas espécies analisadas, além dos escapos trígonos com lados côncavos e espiguetas digitadas, verdes a vináceas.

Espécie com distribuição tropical e subtropical (Adams 1994Adams, C.D. 1994. Cyperaceae. In: Davidse, G.; Sousa, M. & Chater, A.O. (eds). Flora Mesoamericana. Cidade Do Universidad Nacional Autónoma de México, México-DF. Pp. 404-485.). No Brasil ocorre em todos os estados e Distrito Federal (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Serra dos Carajás: Serra Norte: N1, N2, N3, N4, N5, N8; Serra Sul: S11B, S11C, S11D; Serra da Bocaina. Espécie ocorre em campos brejosos e bordas de lagoas temporárias e vegetação rupestre ferruginosa.

3.4. Cyperus laxus Lam., Tabl. Encycl. 1: 146. 1791. Fig. 2e-f

Ervas perenes, 41-67 cm alt., rizomatosas. Folhas 6-32 × 1-1,3 cm; bainhas 4-9,8 cm compr.; lâminas foliares 2-22 cm compr., margem escabrosa. Escapo 33-58 cm compr., inerme. Brácteas involucrais ca. 7-8; bráctea maior 15-30 × 0,7-1,3 cm, faces adaxiais e abaxiais retrorsamente escabrosas, nervura central e margem escabrosas. Inflorescência de 2 ordens; 1ª ordem em antelódio, 2ª ordem em grupos de espiguetas digitadas e subdigitadas; raios da inflorescência 5-11 cm compr.; prófilos 1-2 cm compr., ápice obtuso; espiguetas ca. 5-11 × 1,8-2,3 mm, lanceoloides, verdes; glumas 10-15, ca. 2 × 2 mm, suborbiculoides, verdes com carenas verdes, quase paralelas à ráquis na maturidade, ápice aristado; estames 3. Aquênios ca. 1,2-1,8 × 1 mm, obovoides, castanho-escuros, superfície pontuada, ápice mucronado.

Material selecionado: S/ Município, N1, 6.XII.1981, fl. e fr., D.C. Daly & R. Callejas 1769 (MG); Canaã dos Carajás, S11A, 6°19'4"S, 50°27'8"W, 15.II.2010, fl. e fr., M.O. Pivari et al. 1482 (BHCB); S11B, 29.IV.2015, fl. e fr., C.S. Nunes et al. 53 (MG); S11D, 6°23'41"S, 50°20'56"W, 18.II.2010, fl. e fr., F.D. Gontijo et al. 120 (BHCB); Serra do Tarzan, 1.VI.2015, fl. e fr., C.S. Nunes et al. 74 (MG); Parauapebas, Serra da Bocaina, 6°17'41"S, 49°54'53"W, 17.XII.2010, fl. e fr., N.F.O. Mota et al. 1939 (BHCB, IAN).

Cyperus laxus é reconhecida por suas longas brácteas involucrais, inflorescência em antelódio, laxa, com um grupo de espiguetas digitadas no ápice dos raios e glumas suborbiculadas com ápices aristados.

Espécie com distribuição desde o México ao Paraguai (Tucker 1998Tucker, C.G. 1984. A revision of genus Kyllinga (Cyperaceae) in Mexico and Central America. Rhodora 86: 507-538.). No Brasil ocorre em todos os estados e Distrito Federal (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Serra dos Carajás: Serra Norte: N1; Serra Sul: S11 A, S11B, S11D; Serra do Tarzan; Serra da Bocaina. Espécie ocorre em vegetação rupestre ferruginosa.

3.5. Cyperus luzulae (L.) Rottb. ex Retz., Observ. Bot. 4: 11. 1786.

Scirpus luzulae L., Syst. Nat. (ed. 10) 2: 868. 1759. Figs. 2k-l; 9c

Ervas perenes, 25,5-52 cm alt., cespitosas. Folhas ca. 3-23,5 × 0,5 cm; bainhas 2-5 cm compr.; lâminas foliares 1-18,5 cm compr., margem inerme. Escapo 23,5-47 cm compr., inerme. Brácteas involucrais ca. 7, de tamanhos desiguais; bráctea maior 16-32,5 × 0,3-0,7 cm, faces adaxiais e abaxiais glabras, nervura central e margem escabrosas. Inflorescência de 1a ordem em glomérulos hemisféricos; raios da inflorescência inconspícuos, 2-2,8 cm compr.; prófilos 0,5-0,7 mm compr., ápice obtuso; espiguetas ca. 2-3 × 1 mm, ovoides, esbranquiçadas; glumas 10-14, ca. 1,4-1,8 × 0,5 mm, elípticas, esverdeadas quando imaturas, esbranquiçadas quando maduras, quase perpendiculares à ráquis na maturidade, ápice agudo; estame 1. Aquênios ca. 1-1,3 × 0,5 mm, elipsoides a lanceoloides, castanhos a raramente castanho-claros, brilhosos, superfície pontuada, ápice mucronado.

Material examinado: S/ Município, N5, 27.II.2013, fl. e fr., P.P. Chaves et al. 14 (MG, IAN); Canaã dos Carajás, Serra do Tarzan, 1.V.2015, fl. e fr., C.S. Nunes et al. 75 (MG); Parauapebas, N2, 28.IV.2015, fl. e fr., C.S. Nunes et al. 26 (MG).

Cyperus luzulae é uma planta robusta que apresenta inflorescências esverdeadas, espiguetas ovoides agrupadas em glomérulos, característica que a confunde com C. surinamensis, entretanto, diferem-se por C. luzulae ter os escapos inermes e espiguetas esbranquiçadas (maduras e, por vezes, imaturas), enquanto C. surinamensis apresenta escapos escabrosos e espiguetas esverdeadas.

Espécie distribui-se desde os Estados Unidos a Argentina (Tucker 1998Tucker, C.G. 1984. A revision of genus Kyllinga (Cyperaceae) in Mexico and Central America. Rhodora 86: 507-538.). No Brasil ocorre em todos os estados e Distrito Federal (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Serra dos Carajás: Serra Norte: N2, N5; Serra do Tarzan. Espécie ocorre em vegetação rupestre ferruginosa e campos brejosos.

3.6. Cyperus sphacelatus Rottb., Descr. Pl. Rar. 21. 1772. Fig. 2g-h

Ervas perenes, 18-41 cm alt., cespitosas. Folhas ca. 5,5-20 × 0,3 cm; bainhas 3-6 cm compr.; lâminas foliares 2,5-14 cm compr., margem levemente escabrosa. Escapo 12-32 cm compr., inerme. Brácteas involucrais ca. 5, de tamanhos similares; bráctea maior 4-10 × 0,5-1 cm, faces adaxiais e abaxiais glabras, nervura central e margens escabrosas. Inflorescência de 2 ordens; 1ª ordem em antelódio, 2ª ordem em espiga; raios da inflorescência 2-8 cm compr.; prófilos 5-20 mm compr., ápice biacuminado; espiguetas ca. 0,8-2,2 × 1,8 mm, estreito-elipsoides, verdes com uma linha de máculas vináceas no centro da espigueta; glumas 10-15, ca. 2,5 × 1,5 mm, ovadas, castanho-claras, carenas verdes, margem com uma mácula vinácea, paralelas à ráquis na maturidade, ápice agudo; estames 3. Aquênios ca. 1-1,2 × 0,6 mm, obovoides, castanho-claros a pardos, superfície lisa, ápice mucronado.

Material examinado: S/ Município, N1, 13.XII.1981, fl. e fr., D.C. Daly & R. Callejas 1988 (MG); Canaã dos Carajás, Corpo A, 29.IV.2015, fl. e fr., C.S. Nunes et al. 52 (MG); Parauapebas [Marabá], Serra Norte, 14.V.1982, fl. e fr., R.S. Secco et al. 149 (MG); N3, 27.IV.2015, fl. e fr., C.S. Nunes et al. 22 (MG); N4, 6°06'8"S, 50°11'9"W, 20.IV.2012, fl. e fr., A. J. Arruda et al. 970 (BHCB).

Cyperus sphacelatus é reconhecida por suas inflorescências castanho-claras com glumas de máculas vináceas nas margens, formando uma linha longitudinal na região central da espigueta.

Espécie distribui-se desde os Estados Unidos a Bolívia (Adams 1994Adams, C.D. 1994. Cyperaceae. In: Davidse, G.; Sousa, M. & Chater, A.O. (eds). Flora Mesoamericana. Cidade Do Universidad Nacional Autónoma de México, México-DF. Pp. 404-485.; Tucker 1998Tucker, C.G. 1984. A revision of genus Kyllinga (Cyperaceae) in Mexico and Central America. Rhodora 86: 507-538.). No Brasil ocorre em todos os estados e Distrito Federal (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Serra dos Carajás: Serra Norte: N1, N3, N4; Serra Sul: S11A. Espécie comum em campos rupestres ferruginosos.

3.7. Cyperus surinamensis Rottb., Descr. Pl. Rar. 20. 1772. Figs. 2m-o; 9d

Ervas perenes, 24-59 cm alt., cespitosas. Folhas 9,5-19 × 0,3-0,6 cm; bainhas 3-8 cm compr.; lâminas foliares 6,5-11 cm compr., margem levemente escabrosa. Escapo 19,5-49 cm compr., retrorsamente escabroso. Brácteas involucrais ca. 5-7, de tamanhos desiguais; bráctea maior 7-15 × 0,4-0,6 cm, faces adaxiais e abaxiais glabras, nervura central inerme, margens escabrosas. Inflorescência de 3 ordens; 1ª ordem em antelódio, 2ª ordem em antelódios ou glomérulos e 3a ordem em uma série de fascículos; raios da inflorescência, algumas vezes, inconspícuos, 1-4,5 cm compr.; prófilos ca. 8 mm compr., ápice agudo; espiguetas ca. 3-4 × 2 mm, oblongiformes, verdes; glumas 16-29, ca. 1,4 × 0,5 mm, ovadas, verdes e hialinas, por vezes, castanhas, carenas verde-escuras, quase perpendiculares à ráquis na maturidade, ápice agudo; estame 1. Aquênios 0,6-0,8 × 0,2-0,4 mm, lanceoloides, castanho-claros, superfície lisa, ápice mucronado.

Material examinado: S/ Município, N1, 13.XII.1981, fl. e fr., D.C. Daly & R. Callejas 1998 (MG); Canaã dos Carajás, S11D, 4.VIII.2011, fl. e fr., 6°23'50"S, 50°20'58"W, L.V.C. Silva et al. 1001 (BHCB).

Cyperus surinamensis caracteriza-se por seus escapos escabrosos e espiguetas verdes agrupadas em glomérulos. Assemelha-se a C. luzulae (ver comentário de C. luzulae).

Espécie com distribuição Neotropical (Tucker 1998Tucker, C.G. 1998. Cyperus. In: Berry, P.E.; Yatskievych, K. & Holst, B.K. (eds.). Flora of the Venezuelan Guayana. Vol. 4. Missouri Botanical Garden Press, Saint Louis. Pp. 486-663.; Adams 1994Adams, C.D. 1994. Cyperaceae. In: Davidse, G.; Sousa, M. & Chater, A.O. (eds). Flora Mesoamericana. Cidade Do Universidad Nacional Autónoma de México, México-DF. Pp. 404-485.). No Brasil ocorre em todos os estados e Distrito Federal (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Serra dos Carajás: Serra Norte: N1; Serra Sul: S11D. Espécie ocorre em vegetação rupestre ferruginosa.

3.8. Cyperus sp. 1. Fig. 2q

Ervas perenes, 15-20 cm alt., rizomatosas, com rizomas curtos. Folhas 4,5-9 × 0,6-0,8 cm; bainhas 1-2,5 cm compr.; lâminas foliares 3,5-6,5 cm compr., margem inerme. Escapo 1,5-18 cm compr., inerme. Brácteas involucrais ca. 4, de tamanhos desiguais; bráctea maior 4,5-9,5 × 0,5-0,7 cm, faces adaxiais e abaxiais glabras, nervura central inerme, margens escabrosas. Inflorescência de 11 ordem em glomérulo; raios da inflorescência inconspícuos; espiguetas 1-1,5 cm de compr., lineares, verdes; glumas 10-16, ca. 2,3-3 × 0,7 mm, lanceoladas, verdes e hialinas, carenas verde-escuras, quase paralelas à ráquis na maturidade, ápice agudo; estames 3. Aquênios ca. 1,5 × 0,3 mm, lanceoloides, castanho-claros, brilhosos, superfície pontuada, ápice agudo.

Material examinado: Canaã dos Carajás, Serra Sul, 6°23'17"S, 50°20'57", 7.XII.2007, fl. e fr., P.L. Viana et al. 3362 (BHCB, MG).

Cyperus sp. 1 caracteriza-se por sua inflorescência congesta com raios inconspícuos. Apesar de o único exemplar apresentar-se maduro e com todas as características taxonômicas relevantes no gênero, não foi possível obter sua identificação, tratando-se de um táxon, realmente, distinto. Mais coletas e estudos são necessários para a determinação exata deste espécime (ver comentário de Cyperus sp. 2).

Encontrada, até o momento, apenas para a Serra Sul. Restrita das cangas da Serra dos Carajás: Serra Sul: S11D. Espécie em vegetação rupestre ferruginosa.

3.9. Cyperus sp. 2. Fig. 2p

Ervas perenes, 13,5-30 cm alt., cespitosas. Folhas 3-12 × 0,2-0,3 cm; bainhas 1-4 cm compr.; lâminas foliares 2-8 cm compr., margem esparsamente escabrosa. Escapo 11,5-27,5 cm compr., inerme. Brácteas involucrais ca. 6; bráctea maior 13-17 × 0,1-0,2 cm, faces adaxiais e abaxiais glabras, nervuras centrais inermes, margem escabrosa. Inflorescência de 1-2 ordens; 1ª ordem em antelódio e 2ª ordem em espiga; raios da inflorescência inconspícuos; espiguetas 1-1,2 cm compr., lineares, castanhas; glumas 10-20, ca. 1,8 × 0,6 mm, lanceoladas, castanhas a vináceas com margens hialinas, carenas castanhas, quase paralelas à ráquis na maturidade, ápice mucronado; estames 3. Aquênios ca. 1,8-2,1 × 0,3 mm, lanceoloides, castanhos, brilhosos, superfície pontuada, ápice agudo.

Material examinado: Parauapebas, Serra do Tarzan, 6°19'14"S, 50°05'58", 15.XII.2007, fl. e fr., P.L. Viana et al. 3454 (BHCB).

Cyperus sp. 2 caracteriza-se por sua inflorescência congesta e raios inconspícuos, entretanto, diferencia-se de Cyperus sp. 1, por suas brácteas involucrais apresentarem ca. 1-2 mm larg. e glumas com ápices agudos (vs. brácteas involucrais 4-6 mm larg. e glumas com ápices mucronados). Também não foi possível chegar a determinação deste espécime, mas claramente se trata de outro táxon distinto para o gênero, necessitando de maiores estudos e coletas para precisar sua identidade.

Restrito as cangas da Serra dos Carajás: Serra do Tarzan. Espécie em vegetação rupestre ferruginosa.

4. Eleocharis R. Br.

O gênero Eleocharis distingui-se dos demais gêneros da família Cyperaceae por apresentar folhas reduzidas às bainhas, sem lâminas, ausência de brácteas involucrais, inflorescência constituída de uma única espigueta sobre o escapo e estilopódios persistentes nos aquênios (Svenson 1929Strong, M.T. 2006. Taxonomy and distribution of Rhynchospora (Cyperaceae) in the Guianas, South America. Contributions from the United States National Herbarium 53: 1-225.; González-Elizondo 1994González-Elizondo, M.S. 1994. Eleocharis. In: Davidse, G.; Sousa, M. &. Chater, A.O, (eds.). Flora Mesoamericana. Vol. 6. Universidad Nacional Autónoma de México, Cidade do México. Pp. 458-464.; Gil 2004Gil, A.S.B. 2004. Eleocharis R. Br. (Cyperaceae) no estado do Rio de Janeiro. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 108p.; Trevisan 2005Trevisan, R. & Boldrini, I.I. 2010. Novelties in Eleocharis Ser. Tenuissimae (Cyperaceae) and a key to the species of the series occurring in Brazil. Systematic Botany 35: 504-511.). Possui habitat associado a ambientes úmidos (Trevisan & Boldrini 2010Trevisan, R. & Boldrini, I.I. 2010. Novelties in Eleocharis Ser. Tenuissimae (Cyperaceae) and a key to the species of the series occurring in Brazil. Systematic Botany 35: 504-511.) como: brejos, lagos, lagoas, margens de rios e locais abertos, podendo ser emergentes a raramente submersas (Faria 1998Faria, A. 1998. O gênero Eleocharis R. Br. (Cyperaceae) no estado de São Paulo. Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo, São Paulo. 150p.). Eleocharis compreende ca. 200 espécies com distribuição nas regiões tropicais e subtropicais da América (Gonzalez-Elizondo & Tena-Flores 2000González-Elizondo, M.S & Tena-Flores, J.A. 2000. Eleocharis (Cyperaceae) in the New World. In: Wilson, K.L. & Morrison, D.A. (eds.). Monocots: Systematics and Evolution. Csiro, Melbourne. Pp. 637-641.; Goetghebeur 1998Goetghebeur, P. 1998. Cyperaceae. In: Kubitzki, K. (ed.). The families and genera of vascular plants. Monocotyledons. Vol. 4. Springer, Hamburg. Pp. 141-190.). Para o Brasil são aceitas ca. 69 espécies (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Para as cangas da Serra dos Carajás são registradas sete espécies de Eleocharis.

    Chave de identificação das espécies de Eleocharis das cangas da Serra dos Carajás
  • 1. Espiguetas cilíndricas; glumas cartilaginosas a subcartilaginosas.

    • 2. Escapos de secção transversal triangular; gluma inferior fértil............4.1. Eleocharis acutangula

    • 2'. Escapos de secção transversal circular; gluma inferior estéril.

      • 3. Escapos ocos, septados, com um feixe vascular central contínuo..............................................................................................................................................4.3. Eleocharis endounifascis

      • 3'. Escapos cheios, não septados, sem feixe vascular central..........4.6. Eleocharis plicarhachis

  • 1'. Espiguetas ovoides, elipisoides, globosas, lanceoloides a longo-lanceoloides; glumas membranáceas.

    • 4. Duas glumas inferiores estéreis; estiletes bífidos

      • 5. Escapos sulcados; apêndice apical da bainha hialino rugoso ausente; espiguetas globosas; aquênios negros..............................................................................4.5. Eleocharis geniculata

      • 5'. Escapos não sulcados; apêndice apical da bainha hialino rugoso presente; espiguetas ovoides; aquênios castanho-claros a verdes..................................................4.4. Eleocharis flavescens

    • 4'. Uma gluma inferior estéril; estiletes trífidos

      • 6. Erva curto-rizomatosa; espiguetas basais sem escapo ausentes; glumas com ápices emarginados..............................................................................4.2. Eleocharis ayacuchensis

      • 6'. Erva longo-estolonífera; espiguetas basais sem escapo presentes; glumas com ápices obtusos......................................................................................................4.7. Eleocharis pedrovianae

4.1. Eleocharis acutangula (Roxb.) Schult., Mant. 2: 91. 1824.

Scirpus acutangulus Roxb., Fl. Ind. 1: 216. 1820. Fig. 3p-r

Ervas perenes, 59‒100 cm alt., cespitosas, estoloníferas. Bainhas 17‒22 cm compr., ápices acuminados, apêndices apicais ausentes. Escapo 57-93 cm compr., secção transversal triangular, formando ângulos côncavos, cheio, septos transversais ausentes, sulcos ausentes. Espiguetas 0,5‒3 × 0,8-0,35 cm, oblongiformes, cilíndricas, verdes a castanho-claras, ápice agudo, base arrendondada; espiguetas basais sem escapo ausentes; glumas 3-4,5 × 2-3 mm, ovadas, verde-claras a castanho-claras, cartilaginosas, ápice obtuso, margem hialina, uma gluma inferior fértil; estames 3; estiletes trífidos. Cerdas perigoniais 6, castanho-claras, retrorsamente escabrosas. Aquênios 2‒2,5 × 1‒1,5 mm, obovoides, trígonos, verde-claros, superfície com fileiras longitudinais de células retângulares, ápice com colo; estilopódio cônico, triangular, comprimido, castanho-claro a escuro.

Material selecionado: Canaã dos Carajás, S11B, 6°21'19"S, 50°23'19"W, 19.III.2009, fl. e fr., P.L. Viana et al. 4153 (BHCB); S11D, 6°24'28"S, 50°21'50"W, 24.IV.2012, fl. e fr., A.J. Arruda et al. 1080 (MG, BHCB); Parauapebas [Marabá], N4, 17.III.1984, fl. e fr., A.S.L. da Silva & N.A. Rosa. 1853 (MG); N1, 28.IV.2015, fl. e fr., C.S. Nunes et al. 42 (MG); Serra da Bocaina, 6°19'44"S, 49°55'56"W, 11.III.2012, fl. e fr., N.F.O. Mota et al. 2619 (BHCB).

Eleocharis acutangula é uma espécie robusta, facilmente identificada pelo escapo com secção transversal triangular de faces côncavas. Grande parte das amostras de E. acutangula depositadas nos herbários consultados estavam identificadas como Eleocharis mutata (L.) Roem. & Schult. (espécie não encontrada na área de estudo), possivelmente, por também apresentar porte robusto, escapo com secção transversal triangular, espiguetas cilíndricas e glumas cartilaginosas. Entretanto diferem-se por, E. acutangula ter um colo entre o corpo do aquênio e o estilopódio e gluma inferior fértil, e E. mutata apresentar uma dilatação anelar entre o corpo do aquênio e o estilopódio e gluma inferior estéril.

Espécie com distribuição nos Trópicos e subtrópicos (Svenson 1929Strong, M.T. 2006. Taxonomy and distribution of Rhynchospora (Cyperaceae) in the Guianas, South America. Contributions from the United States National Herbarium 53: 1-225.; González-Elizondo 1994González-Elizondo, M.S. 1994. Eleocharis. In: Davidse, G.; Sousa, M. &. Chater, A.O, (eds.). Flora Mesoamericana. Vol. 6. Universidad Nacional Autónoma de México, Cidade do México. Pp. 458-464.). No Brasil ocorre em todos os estados e Distrito Federal (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Serra dos Carajás: Serra Norte: N1, N4; Serra Sul: S11B, S11D; Serra da Bocaina. Espécie ocorre em campos brejosos, circundando margens de lagoas temporárias, associadas a outras espécies do gênero como E. endounifascis Hinchliff & Roalson.

4.2. Eleocharis ayacuchensis S. González & Reznicek, Novon 6(4): 358. 1996. Fig. 3a-c

Ervas anuais(?), 4‒12 cm alt., cespitosas, rizomatosas. Bainhas ca. 1 cm compr., ápice oblíquo, apêndices apicais ausentes. Escapo 3,6-11,3 cm compr., secção transversal circular, cheio, septos transversais ausentes, sulcos presentes. Espiguetas 0,3‒0,5 × 0,2-0,4 cm, ovoides a elípticas, subcilíndricas, castanhas, ápice agudo, base arrendondada; espiguetas basais sem escapo ausentes; glumas ca. 0,9-1,5 × 1 mm, oblongas a elípticas, castanho-claras, castanhas e hialinas na margem, membranáceas, ápice emarginado, uma gluma inferior estéril; estames 2; estiletes trífidos. Cerdas perigoniais 6, castanho-claras, retrorsamente escabrosas. Aquênios 0,7‒0,9 × 0,3‒0,4 mm, obovoides, subcilíndricos, amarelados a castanho-claros, superfície com fileiras longitudinais de células retângulares, ápice com colo; estilopódio deltoide, cônico, castanho-claro.

Material selecionado: Canaã dos Carajás, Corpo D, 29.IV.2015, fl. e fr., C.S. Nunes et al. 50 (MG); Serra da Bocaina, 6°18'51"S, 49°54'43"W, 15.XII.2010, fl. e fr., L.V.C. Silva et al. 1049 (BHCB); Serra Tarzan, 6°20'15"S, 50°9'6"W, 14.III.2009, fl. e fr., V.T. Giorni et al. 149 (BHCB); Parauapebas [Marabá], N4, 15.III.1984, fl. e fr., A.S.L. da Silva & N.A. Rosa. 1814 (MG); N1, 6°00'49"S, 50°17'51"W, 19.IV.2012, fl. e fr., A.J. Arruda et al. 913 (BHCB, MG); N2, 28.IV.2015, fl. e fr., C.S. Nunes et al. 33 (MG); N5, 30.IV.2015, fl. e fr., C.S. Nunes et al. 65 (MG).

Eleocharis ayacuchensis apresenta porte pequeno, não alcançando mais de 13 cm alt., e aquênio com o menor tamanho dentre as espécies do gênero para a área de estudo. Pode ser confundida com Eleocharis pedrovianae C.S. Nunes, A. Gil & R. Trevis. pelo porte pequeno, escapos sulcados e espiguetas castanhas, mas diferem-se, principalmente, por E. ayacuchensis ser rizomatosa e não ter espiguetas basais sem escapo, e E. pedrovianae ser estolonífera, e apresentar espiguetas basais sem escapo. Eleocharis ayacuchensis é um novo registro para o Brasil.

Espécie distribuída na Venezuela (González-Elizondo & Reznicek 1996González-Elizondo, M.S.; Reznicek, A. 1996. New Eleocharis (Cyperaceae) from Venezuela. Novon 6: 356-365 ) e Brasil (Pará). Serra dos Carajás: Serra Norte: N1, N2, N4, N5; Serra Sul: S11D; Serra do Tarzan; Serra da Bocaina. Espécie ocorre em campos brejosos e áreas alagadas.

4.3. Eleocharis endounifascisHinchliff & Roalson, Phytotaxa 7: 20. 2010Heywood, V.H.; Brummitt, R.K.; Culham, A. & Seberg, O. 2007. Flowering plant families of the world. Richmond Surrey, Royal Botanic Gardens, Kew. 424p.. Figs. 3s-u

Ervas perenes, 41‒102 cm alt., cespitosas, estoloníferas. Bainhas 11‒29 cm compr., ápice agudo a acuminado, apêndices apicais ausentes. Escapo 38,5-97 cm compr., secção transversal circular, ocos e com um feixe vascular central interno, septos transversais presentes, sulcos ausentes. Espiguetas 1,5‒4 × 0,3-0,5 cm, cilíndricas, verdes a amareladas, ápice agudo, base arrendondada; espiguetas basais sem escapo ausentes; glumas 2,8‒4,5 × 2‒3 mm, sub-obovadas, castanho-claras no ápice e na base, cartilaginosas, ápice obtuso, margem membranácea hialina, uma gluma inferior estéril; estames 3; estiletes bifídos ou trífidos. Cerdas perigoniais ca. 7, castanho-claras a escuras, retrorsamente escabrosas. Aquênios 1‒1,5 × 0,8‒1,3 mm, obovoides, lenticulares, castanho-claros, superfície com fileiras longitudinais de células retângulares bem evidentes, ápice com colo; estilopódio cônico, triangular, comprimido lateralmente, castanho-escuro a negro.

Material selecionado: BRASIL. PARÁ: Canaã dos Carajás, S11B, 6°21'19"S, 50°23'19"W, 19.III.2009, fl. e fr., P.L. Viana et al. 4151 (BHCB); S11C, 6°22'18"S, 50°23'5"W, 8.XII.2007, fl. e fr., P.L. Viana et al. 3411 (BHCB); Parauapebas, N1, 25.V.2010, fl. e fr., M.O. Pivari et al. 1594 (BHCB); Serra Bocaina, 6°17'41"S, 49°54'52"W, 8.III.2012, fl. e fr., N.F.O. Mota et al. 2557 (BHCB).

Eleocharis endounifascis é robusta, podendo alcançar um pouco mais de 1 m de altura e caracteriza-se por seus escapos ocos, com secção transversal circular, transversalmente septados, com a presença de um feixe vascular central, espiguetas cilíndricas, glumas cartilaginosas, única gluma inferior estéril e aquênios obovoides, com células retângulares transversais evidentes. Confundida com E. interstincta (Vahl) Roem. & Schult. (espécie não encontrada na área de estudo) nas coleções dos herbários consultados, principalmente, por apresentar escapos septados, o qual difere-se basicamente, pela ausência do feixe vascular central, conspícuo em E. endounifascis. A espécie é um novo registro para o estado do Pará.

Espécie com distribuição no Sudeste da Venezuela, Guianas e Brasil (Hinchliff et al. 2010Heywood, V.H.; Brummitt, R.K.; Culham, A. & Seberg, O. 2007. Flowering plant families of the world. Richmond Surrey, Royal Botanic Gardens, Kew. 424p.). No Brasil ocorre nas regiões Norte (PA), Nordeste (CE, PE, SE), Sudeste (RJ, SP) e Centro-Oeste (MS) (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Serra dos Carajás: Serra Norte: N1; Serra Sul: S11B, S11C; Serra da Bocaina. Espécie ocorre em áreas brejosas, dentro de lagoas temporárias formando densas populações.

4.4. Eleocharis flavescens (Poir.) Urb., Symb. Antill. 4(1): 116. 1903.

Scirpus flavescens Poir., Encycl. 6(2): 756. 1805. Figs. 3g-i; 9e-f

Ervas perenes, 10‒42 cm alt., cespitosas, estoloníferas. Bainhas 1‒6 cm compr., ápice truncado com um mucron, apêndice apical hialino rugoso. Escapo 9-38,5 cm compr., cilíndrico, cheio, septos transversais ausentes, sulcos ausentes. Espiguetas 0,4‒1,5 × 0,3‒0,7 cm, ovoides, subcilíndricas, verdes a castanho-amareladas, ápice obtuso, base arrendondada; espiguetas basais sem escapo ausentes; glumas 2‒5,5 × 2‒4,5 mm, ovadas a oblongas, castanho-claras, membranáceas, ápice agudo a obtuso, margem hialina, duas glumas inferiores estéreis; estames 3; estiletes bífidos. Cerdas perigoniais ca. 7, castanho-claras, retrorsamente escabrosas. Aquênios ca. 1 × 0,5 mm, obovoides a suborbiculoides, lenticulares, castanho-claros, raramente verdes, lustrosos, superfície reticulada, ápice com colo; estilopódio cônico, deltoide a discoide, verde a castanho-claro.

Material selecionado: Canaã dos Carajás, S11A, 6°6'18"S, 50°27'40"W, 20.VII.2012, fl. e fr., A.J. Arruda et al. 1191 (BHCB); S11B, 6°21'8"S, 50°23'34"W, 20.III.2012, fl. e fr., A.J. Arruda et al. 732 (BHCB); S11D, 10.XII.2007, 6°24'10"S, 50°18'24"W, fl. e fr., P.L. Viana et al 3431 (BHCB); Parauapebas, N1, 6°0'49"S, 50°17'51"W, 19.IV.2012, fl. e fr., A.J. Arruda et al. 914 (BHCB); N4, 6°06'36"S, 50°11'11"W, 23.IV.2012, fl. e fr., A.J. Arruda et al. 1064 (BHCB, MG); Serra da Bocaina, 6°19'41"S, 49°56'1.9"W, 17.XII.2010, fl. e fr., N.F.O. Mota et al. 1930 (BHCB).

Eleocharis flavescens caracteriza-se por apresentar ápice da bainha com apêndice hialino rugoso, característica também de Eleocharis sellowiana Kunth (não encontrada na área de estudo), e, por este motivo, a maioria das amostras analisadas apresentavam identificações equivocadas. Diferem-se por, E. flavescens ter espiguetas de verdes a castanho-amareladas, aquênios castanho-claros a verdes e estilopódios cônicos, deltoides a discoides, enquanto que E. sellowiana apresenta espiguetas castanho-escuras ou avermelhadas, aquênios oliváceos e estilopódios cônicos comprimidos lateralmente.

Espécie com distribuição Neotropical (González-Elizondo 1994González-Elizondo, M.S. 1994. Eleocharis. In: Davidse, G.; Sousa, M. &. Chater, A.O, (eds.). Flora Mesoamericana. Vol. 6. Universidad Nacional Autónoma de México, Cidade do México. Pp. 458-464.). No Brasil ocorre nas regiões Norte (PA), Nordeste (BA, CE, PB, PE), Sudeste (MG, RJ, SP) e Sul (PR, RS, SC) (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Serra dos Carajás: Serra Norte: N1, N4; Serra Sul: S11A, S11B, S11D; Serra da Bocaina. Espécie ocorre em campo brejoso e na borda de lagoas temporárias.

4.5. Eleocharis geniculata (L.) Roem. & Schult., Syst. Veg. 2: 150. 1817.

Scirpus geniculatus L., Sp. Pl. 48: 1753. Fig. 3d-f

Ervas perenes, 3‒19 cm alt., cespitosas. Bainhas 1‒2,5 cm compr., ápice apiculado, apêndices apicais ausentes. Escapo 2,8-17,8 cm compr., secção transversal circular, cheio, septos transversais ausentes, sulcos presentes. Espiguetas 0,2-0,5 × 0,1‒0,5 cm, globosas, castanhas; espiguetas basais sem escapo ausentes; glumas ca. 1‒1,5 × 0,5 mm, ovadas, marrons, carenas castanho-claras a levemente esverdeadas, membranáceas, ápice arrendondado, margem levemente hialina, duas glumas inferiores estéreis; estames 3; estiletes bífidos. Cerdas perigoniais ca. 7, castanho-claras, retrorsamente escabrosas. Aquênios 0,5‒1 × 0,5‒0,8 mm, obovoides, biconvexos, negros e lustrosos, superfície lisa, ápice com colo presente; estilopódio cônico, discoide, levemente achatado, castanho-claro a esbranquiçado.

Material examinado: Parauapebas, N5, 21.III.1990, fl. e fr., J.P. Silva 767 (HCJS, IAN).

Eleocharis geniculata difere das demais espécies do gênero por apresentar espiguetas globosas castanhas, duas glumas inferiores estéreis e aquênios negros. As cerdas perigoniais de E. geniculata são bastante variáveis quanto ao tamanho (Gonzalez-Elizondo 1994González-Elizondo, M.S. 1994. Eleocharis. In: Davidse, G.; Sousa, M. &. Chater, A.O, (eds.). Flora Mesoamericana. Vol. 6. Universidad Nacional Autónoma de México, Cidade do México. Pp. 458-464.; Faria 1998Faria, A. 1998. O gênero Eleocharis R. Br. (Cyperaceae) no estado de São Paulo. Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo, São Paulo. 150p.) podendo ser até ausentes (Trevisan & Boldrini 2008Trevisan, R. & Boldrini, I.I. 2008. O gênero Eleocharis R. Br. (Cyperaceae) no Rio Grande do Sul, Brasil. Revista Brasileira de Biociências 6: 7-67.).

Espécie com distribuição nos Trópicos e subtrópicos (González-Elizondo 1994González-Elizondo, M.S. 1994. Eleocharis. In: Davidse, G.; Sousa, M. &. Chater, A.O, (eds.). Flora Mesoamericana. Vol. 6. Universidad Nacional Autónoma de México, Cidade do México. Pp. 458-464.). No Brasil ocorre em todas as regiões, sendo que no Norte foi registrada apenas para os estados do Pará, Roraima e Tocantins (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Serra dos Carajás: Serra Norte: N5. Espécie ocorre em vegetação rupestre ferruginosa.

4.6. Eleocharis pedrovianae C.S. Nunes, A. Gil & R. Trevis, Phytotaxa 265(1): 86. 2016. Fig. 3j-l

Ervas aparentemente anuais, 3‒12,7 cm alt., estoloníferas. Bainhas 1‒3 cm compr., ápice agudo a longo acuminado, apêndices apicais ausentes. Escapo 1,5‒12,5 cm compr., secção transversal circular, cheio, verde, septos transversais ausentes, sulcos presentes. Espiguetas 3‒18 × 3-4 mm, lanceoladas, às vezes ovoides, marrom-escuras a avermelhadas, ápice agudo, base cuneada; espiguetas basais sem escapo presentes; glumas persistentes, 1,5-2 × 1-1,2 mm, elípticas, lanceoladas a ovadas, vináceas a verdes, margem hialina, carena castanho-clara, membranáceas, ápice obtuso; uma gluma inferior estéril; estames 2; estiletes trífidos. Cerdas perigoniais ca. (4-)5, mais curtas que o aquênio, retrorsamente escabrosas, castanho-claras. Aquênios 1‒1,2 × 0,4-0,5 mm, elípticos a obovoides, castanho-claros, superfície reticulada, ápice com colo ausente; estilopódio piramidal, agudo a acuminado, marrom-escuro.

Material selecionado: Canaã dos Carajás, S11A, 6°20'00"S, 50°27'90"W, 21.III.2012, fl. e fr., P.B. Meyer et al. 1140 (BHCB); Corpo D, 6°24'31"S, 50°21'5"W, 18.V.2010, fl. e fr., M.O.Pivari et al. 1517 (BHCB); Parauapebas, N1, 06º01'59"S, 50º16'58"W, 28.IV.2015, fl. e fr., C.S. Nunes et al. 35 (MG); N4, 15.IV.2010, fl. e fr., L.C.B. Lobato et al. 3902 (MG); N8, 6°11'80"S, 50°07'56"W, 23.III.2012, fl. e fr., P.B.Meyer et al.1179 (BHCB).

Eleocharis pedrovianae caracteriza-se por ser estolonífera com escapos férteis parcialmente emergentes e estéreis submersos flutuantes, (4-)5 cerdas perigoniais, presença de espiguetas basais sem escapo, com morfologia diferente das espiguetas dos ápices dos escapos férteis. Os aquênios de ambos os tipos de espiguetas são semelhantes.

Serra dos Carajás: Serra Norte: N1, N3, N4, N8; Serra Sul: S11A, S11D. Espécie ocorre em margens de lagoas temporárias.

4.7. Eleocharis plicarhachis (Griseb.) Svenson, Rhodora 31: 158. 1929Strong, M.T. 2006. Taxonomy and distribution of Rhynchospora (Cyperaceae) in the Guianas, South America. Contributions from the United States National Herbarium 53: 1-225..

Scirpus plicarhachis Griseb., Cat. Pl. Cub. 239. 1866. Fig. 3m-o

Ervas perenes, 25,5‒77 cm alt., cespitosas, estoloníferas. Bainhas 21‒47 cm compr., ápice agudo e acuminado, apêndices apicais ausentes. Escapo 24-74,5 cm compr., secção transversal circular, cheio, septos transversais ausentes, sulcos presentes. Espiguetas ca. 1,1‒2 × 0,3 cm, longo-lanceoloides, verde-claras a amareladas, ápice agudo, base arredondada; espiguetas basais sem escapo ausentes; glumas 2,5‒5 × 2‒4 mm, oblongas, castanho-claras a marrom-claras, cartilaginosas, ápice levemente emarginado a arrendondado, margem hialina, uma gluma inferior estéril; estames 3; estiletes bífidos. Cerdas perigoniais 5‒6, castanho-claras, retrorsamente escabrosas. Aquênios ca. 1,7‒2 × 1 mm, obovoides, biconvexos, castanho-claros, superfície reticulada, com fileiras longitudinais de células, ápice com colo; estilopódios cônicos, longo-apiculados, marrom-escuros.

Material examinado: Parauapebas, N1, 28.IV.2015, fl. e fr., C.S. Nunes et al. 41 (MG).

Eleocharis plicarhachis caracteriza-se pelos escapos finos e longos, espiguetas longo-lanceoloides, agudas, com glumas oblongas, cartilaginosas, de ápice levemente emarginado e margem hialina.

Espécie distribui-se desde o México a Argentina (González-Elizondo & Reznicek 1998González-Elizondo, M.S. & Reznicek, A. 1998. Eleocharis. In: Berry, P.E.; Yatskievych, K. & Holst, B.K. (eds.). Flora of the Venezuelan Guayana. Vol. 4. Missouri Botanical Garden Press, Saint Louis. Pp. 486-663.). No Brasil ocorre nas regiões Norte (AM, AP, PA), Centro-oeste (DF, MS, MT), Sudeste (SP) e Sul (PR) (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Serra dos Carajás: Serra Norte: N1. Espécie ocorre em campos brejosos e em lagos, em simpatria com outras espécies do gênero como E. acutangula.

5. Fimbristylis Vahl

O gênero Fimbristylis caracteriza-se pelo estilete bífido ou trífido, achatado ou circular, fimbriado, papilado ou raramente liso, cerdas perigoniais e estilopódios ausentes. Semelhante morfologicamente a Bulbostylis (ver comentário de Bulbostylis) . Fimbristylis compreende ca. 300 espécies, com distribuição tropical e subtropical, tendo como centro de diversidade o sudoeste do continente Africano (Goetghebeur 1998Goetghebeur, P. 1998. Cyperaceae. In: Kubitzki, K. (ed.). The families and genera of vascular plants. Monocotyledons. Vol. 4. Springer, Hamburg. Pp. 141-190.). No Brasil são aceitas 15 espécies para o gênero (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Para as cangas da Serra dos Carajás foram registradas duas espécies de Fimbristylis.

    Chave de identificação das espécies de Fimbristylis das cangas da Serra dos Carajás
  • 1. Plantas perenes; espiguetas de oblongiformes a lanceoloides; estiletes bífidos; aquênios 1 mm compr., obovoides.....................................................................................................5.1. Fimbristylis dichotoma

  • 1'. Plantas anuais; espiguetas de ovoides a globosas; estiletes trífidos; aquênios 0,5 mm compr., elípticos...............................................................................................................................5.2. Fimbristylis miliacea

5.1. Fimbristylis dichotoma (L.) Vahl, Enum. Pl. 2: 287. 1805.

Scirpus dichotomus L. Sp. Pl. 1: 50. 1753 Fig. 4d-f

Ervas perenes, 7-23 cm alt., rizomatosas. Folhas 1‒15,3 × 0,1‒0,3 cm; bainhas 1‒3,5 cm de compr., fibrosas; lâminas foliares lineares, ápice oblíquo a obtuso, margem escabrosa. Escapo 8,5‒20 cm compr., trígono, glabro. Brácteas involucrais 1‒3, a inferior ultrapassando a inflorescência, faces adaxial e abaxial glabras, margens escabrosas. Inflorescência anteloide terminal, 1‒4 cm compr.; espiguetas ca. 3‒5 × 2 mm, fasciculadas, oblongiformes a lanceoloides, castanhas; glumas 1,8‒2,4 × 1‒1,5 mm, lanceoladas a obovadas, castanhas, membranáceas, carenadas, ápice mucronado; estames 2; estiletes bífidos, com margem fimbriada, base alargada e achatada. Aquênios ca. 1 × 1 mm, obovoides, biconvexos, castanho-claros, opacos, superfície horizontalmente tuberculada, base estipitada.

Material examinado: Canaã dos Carajás, Serra do Tarzan, 1.V.2015, fl. e fr., C.S. Nunes et al. 77 (MG).

Fimbristylis dichotoma caracteriza-se por sua inflorescência anteloide e espiguetas oblongiformes a lanceoloides. Semelhante a Fimbristylis annua (All.) Roem. & Schult. (não registrada na área de estudo), por também apresentar as características supracitadas. Diferem-se por, F. dichotoma ser perene e apresentar aquênios com superfície transversalmente reticulada, e F. annua ser anual e apresentar aquênios com superfície verrugosa.

Espécie com distribuição nos trópicos e subtrópicos (Kral 1998Kral, R. 1998. Fimbristylis. In: Berry, P.E.; Yatskievych, K. & Holst, B.K. (eds.). Flora of the Venezuelan Guayana. Vol. 4. Missouri Botanical Garden Press, Saint Louis. Pp. 486-663.). No Brasil ocorre em todos os estados e Distrito Federal (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Serra dos Carajás: Serra do Tarzan. Espécie ocorre em vegetação rupestre sobre canga couraçada.

5.2. Fimbristylis miliacea (L.) Vahl, Enum. Pl. 2: 287. 1805.

Scirpus miliaceus L. Syst. Nat. (ed. 10) 2: 868. 1759. Fig. 4a-c

Ervas anuais, 13‒38,5 cm alt., cespitosas. Folhas 4‒14,5 × 0,1‒0,3 cm; bainhas 1‒7,2 cm de compr., não fibrosas; lâminas foliares lineares, ápice truncado. Escapo 10‒30 cm compr., quadrangular, faces côncavas. Brácteas involucrais ca. 4, não ultrapassando a inflorescência, subtendendo cada fascículo de espiguetas, faces adaxial e abaxial glabras. Inflorescência anteloide terminal, 2,5‒6,3 cm compr.; espiguetas ca. 2 × 1,8 mm, fasciculadas, ovoides a globosas, marrom-escuras; glumas ca. 1 × 0,7 mm, ovoides, castanhas, membranáceas, ápice obtuso; estames 2; estiletes trífidos, margem fimbriada, base alargada e achatada. Aquênios ca. 0,5 × 0,5 mm, elíptico-obovoides, biconvexos, brancos, brilhosos, superfície com conspícuas fileiras longitudinais de células, com presença de espínulas, células retangulares horizontalmente, base estipitada achatada.

Material examinado: Canaã dos Carajás, Serra do Tarzan, 1.V.2015, fl. e fr., C.S. Nunes et al. 76 (MG).

Fimbristylis miliacea é facilmente reconhecida por suas inflorescências em antelódios e espiguetas ovoides a globosas, marrom-escuras. Confundida com F. quinquangularis (Vahl) Kunth (não registrada na área de estudo), por serem plantas anuais, terem inflorescência anteloide, fasciculada e aquênio obovoide, com superfície papilosa a verrugosa, diferem-se por F. miliacea apresentar espiguetas amplamente ovoides a globosas, marrom-escuras e glumas sem uma carena evidente, enquanto que em F. quinquangularis as espiguetas são ovoides a lanceoladas agudas, marrom-avermelhadas e glumas com carenas proeminentes curvadas.

Espécie com distribuição Pantropical (Kral 1998Kral, R. 1998. Fimbristylis. In: Berry, P.E.; Yatskievych, K. & Holst, B.K. (eds.). Flora of the Venezuelan Guayana. Vol. 4. Missouri Botanical Garden Press, Saint Louis. Pp. 486-663.). No Brasil ocorre em todos os estados e Distrito Federal (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Serra dos Carajás: Serra do Tarzan. Espécie ocorre em vegetação sobre canga couraçada.

6. Hypolytrum Rich. ex Pers.

O gênero Hypolytrum caracteriza-se por apresentar inflorescências complexas, do tipo espicoides, também conhecidas como sinflorescências, com duas brácteas florais conatas a livres e uma bráctea da espigueta, apresenta ainda, cerdas perigoniais e estilopódios ausentes. Hypolytrum encontra-se associado, principalmente, a florestas úmidas e áreas sazonalmente inundadas (Goetghebeur 1998Goetghebeur, P. 1998. Cyperaceae. In: Kubitzki, K. (ed.). The families and genera of vascular plants. Monocotyledons. Vol. 4. Springer, Hamburg. Pp. 141-190.; Alves 2003Alves, M.V. 2003. Hypolytrum Rich. Cyperaceae nos Neotrópicos. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo. 163p.). O gênero compreende ca. 60 espécies, com distribuição nas regiões pantropicais, tendo o centro de diversidade no Neotrópico (Alves et al. 2002Alves, M.V.; Thomas, W.W. & Wandereley, M.G.L. 2002. New species of Hypolytrum Rich. (Cyperaceae) From the Neotropics. Brittonia 54:124-135.; Govaerts et al. 2007González-Elizondo, M.S. & Reznicek, A. 1998. Eleocharis. In: Berry, P.E.; Yatskievych, K. & Holst, B.K. (eds.). Flora of the Venezuelan Guayana. Vol. 4. Missouri Botanical Garden Press, Saint Louis. Pp. 486-663.). Para o Brasil, são aceitas 27 espécies para o gênero. Para as cangas da Serra dos Carajás foi registrada apenas uma espécie para o gênero, sendo esta endêmica da área.

6.1. Hypolytrum paraense M. Alves & W. W. Thomas, Brittonia 54(2): 133. 2002Alves, M.V.; Thomas, W.W. & Wandereley, M.G.L. 2002. New species of Hypolytrum Rich. (Cyperaceae) From the Neotropics. Brittonia 54:124-135.. Figs. 4g-i; 9g

Ervas perenes, 35‒90 cm alt., rizomatosas, cespitosas; catáfilos e pseudoescapos trígonos presentes. Folhas 15‒80 × 0,7‒0,9 cm, basais; bainhas castanho-avermelhadas, membranáceas; lâminas foliares tricostadas, plicadas, esverdeadas a castanhas, subcoriáceas, ápice agudo, margem escabra. Escapos 30‒40 cm × 1,8‒2 mm, únicos por planta, trígonos, com ângulos escabrosos. Brácteas involucrais 4,5‒16 × 9,5‒27 cm, lineares, verdes. Inflorescência paniculiforme, composta, terminal, ramificada, eixo principal 5‒8 cm de compr.; prófilos 2; espiguetas ca. 5‒7 × 2 mm, sésseis, elipsoides; glumas da espigueta ca. 1,5‒1,7 × 1 mm, castanho-amareladas, membranáceas, ápice obtuso; glumas pistiladas 3, ca. 1,8‒2 × 1 mm compr., ápice agudo, carena alada, fortemente escabrosa; estames 3; estiletes bífidos. Aquênios 2‒2,2 × 1,1‒1,3 mm, globosos e contraídos no ápice e na base, biconvexos, verde-amarelados, rugosos.

Material examinado: Parauapebas, N1, 6°00'S, 50°17'W, 31.VIII.2015, fl. e fr., P.L. Viana et al. 5772 (MG); N2, 6°03'20"S, 50°15'14"W, 23.XI.2015, fl. e fr., N.F.O. Mota et al. 3384 (MG).

Hypolytrum paraense é caracterizada pela presença de catáfilos e pseudoescapos trígonos na base da planta, lâminas foliares plicadas, inflorescências paniculiformes castanho-amareladas e aquênios rugosos.

Restrita a Serra dos Carajás: Serra Norte: N1, N2. Espécie ocorre nas cangas, mais frequentemente em áreas de transição e mata baixa sobre canga.

7. Kyllinga Rottb.

O gênero Kyllinga apresenta inflorescência capituliforme, ráquis cilíndrica ou cônica; espiguetas unifloras, glumas dísticas, carenadas, escabras ou lisas; cerdas perigoniais e estilopódios ausentes; estigmas bífidos e aquênios lenticulares (Adams 1994Adams, C.D. 1994. Cyperaceae. In: Davidse, G.; Sousa, M. & Chater, A.O. (eds). Flora Mesoamericana. Cidade Do Universidad Nacional Autónoma de México, México-DF. Pp. 404-485.; Luceño et al. 1997López, M.G. 1996. Una nueva espécie de Bulbostylis (Cyperaceae). Bonplandia 9: 29-33.). Kyllinga compreende ca. 60 espécies, com distribuição pantropical, tendo seu centro de diversidade na África Oriental e Madagascar (Tucker 1984Trevisan, R. 2005. O gênero Eleocharis R. Br. (Cyperaceae - Eleocharidae) no Rio Grande do Sul. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. 105p.; Goetghebeur 1998Goetghebeur, P. 1998. Cyperaceae. In: Kubitzki, K. (ed.). The families and genera of vascular plants. Monocotyledons. Vol. 4. Springer, Hamburg. Pp. 141-190.). No Brasil são aceitas sete espécies para o gênero (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Para as cangas da Serra dos Carajás foram registradas duas espécies.

    Chave de identificação das espécies de Kyllinga das cangas da Serra dos Carajás
  • 1. Ervas perenes; glumas com as carenas inermes, esbranquiçadas; aquênios pretos e castanho-claros.................. ...................................................................................................................................................7.1. Kyllinga odorata

  • 1'. Ervas anuais; glumas com as carenas escabrosas, esverdeadas; aquênios verdes...............7.2. Kyllinga pumila

7.1. Kyllinga odorata Vahl, Enum. Pl. 2: 382. 1805. Figs. 4j-k; 9h

Ervas perenes, 15-40 cm alt., cespitosas. Folhas 4-12 × 0,1-0,3 cm; bainhas 2-6 cm compr., membranáceas, margem hialina; lâminas foliares lanceoladas, verdes, faces adaxial e abaxial glabras, margens escabrosas. Escapo ca. 8-40 × 0,1 cm, trígono, verde. Brácteas involucrais 3-4, 0,5-10 cm compr., desiguais em comprimento, verdes, margens escabrosas. Inflorescência capituliforme, globosa; espiguetas 2-3 × 0,8-1 mm, lanceoladas; glumas 2, 2-3 × 1,5-2 mm, elípticas a lanceoladas, esbranquiçadas, linhas submarginais longitudinais presentes, carenas inermes; estames 1-2. Aquênios 1-1,5 × 0,7-0,9 mm, obovoides, pretos a castanho-claros, brilhosos, superfície pontuada.

Material examinado: Canaã dos Carajás, Serra Sul, 6°24'10"S, 50°18'24"W, 10.XII.2007, fl. e fr., P.L. Viana et al. 3426 (BHCB).

Kyllinga odorata caracteriza-se por apresentar glumas com carenas inermes e esbranquiçadas. Assemelha-se a Kyllinga pumila por apresentarem inflorescências globosas, mas difere-se por K. pumila apresentar glumas com carenas densamente escabrosas e esverdeadas.

Espécie com distribuição Pantropical (Tucker 1998Tucker, C.G. 1998. Cyperus. In: Berry, P.E.; Yatskievych, K. & Holst, B.K. (eds.). Flora of the Venezuelan Guayana. Vol. 4. Missouri Botanical Garden Press, Saint Louis. Pp. 486-663.). No Brasil ocorre em todos os estados e Distrito Federal (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Serra dos Carajás: Serra Sul: S11D. Espécie ocorre em campos brejosos e vegetação rupestre arbustiva.

7.2. Kyllinga pumila Michx., Fl. Bor.-Amer. 1: 28-29. 1803. Fig. 4l-m

Ervas aparentemente anuais, 9-35 cm alt., cespitosas. Folhas 3-15 × 0,3-0,4 cm; bainhas 1,5-5 compr., verdes a vináceas, membranáceas, margem hialina; lâminas foliares lanceoladas, verdes, faces adaxial e abaxial glabras, margens escabrosas. Escapo ca. 5-32 × 0,1 cm, trígono, verde. Brácteas involucrais (3-)4, 0,5-10 cm compr., desiguais em comprimento, verdes, margens esparsamente escabrosas. Inflorescência capituliforme, ovoide; espiguetas ca. 3 × 1 mm, lanceoloides a elipsoides; glumas 2, ca. 3 × 1 mm, obovadas a lanceoladas, esverdeadas, linhas submargnais longitudinais presentes, carenas densamente escabrosas; estames 2. Aquênios ca. 1-1,3 × 0,7 mm, oblongo-obovoides, verdes, brilhosos, superfície pontuada.

Material examinado: S/ Município, N1, 5°54'S, 50°37'W, 13.XII.1981, fl. e fr., D.C. Daly & R. Callejas 1989 (MG); Canaã dos Carajás, S11D, 6°27'11"S, 50°20'10"W, 10.XII.2012, fl. e fr., M.O. Pivari et al. 1681 (BHCB); Parauapebas, N5, 31.X.1985, fl. e fr., D.C. Daly & R. Callejas 1982 (MG).

Kyllinga pumila caracteriza-se por sua inflorescência globosa e glumas com carenas escabrosas. Assemelha-se a K. odorata (ver comentário de K. odorata).

Espécie com distribuição nos Trópicos e subtrópicos da África e América (Tucker 1998Tucker, C.G. 1998. Cyperus. In: Berry, P.E.; Yatskievych, K. & Holst, B.K. (eds.). Flora of the Venezuelan Guayana. Vol. 4. Missouri Botanical Garden Press, Saint Louis. Pp. 486-663.). No Brasil ocorre em todos os estados e Distrito Federal (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Serra dos Carajás: Serra Norte: N1, N5; Serra Sul: S11D. Espécie ocorre em vegetação sobre canga couraçada e vegetação ferrífera.

8. Lagenocarpus Nees

O gênero Lagenocarpus caracteriza-se por apresentar folhas basais e/ou caulinares, inflorescências paniculadas, em fascículos ou umbeliformes, espiguetas unissexuais, masculinas inseridas proximalmente e femininas distalmente (Goetghebeur 1998Goetghebeur, P. 1998. Cyperaceae. In: Kubitzki, K. (ed.). The families and genera of vascular plants. Monocotyledons. Vol. 4. Springer, Hamburg. Pp. 141-190.; Koyama 2004Kears, D.M. 1998. Becquerelia. In: Berry, P.E.; Yatskievych, K. & Holst, B.K. (eds.). Flora of the Venezuelan Guayana. Vol. 4. Missouri Botanical Garden Press, Saint Louis. Pp. 486-663.). A circunscrição e delimitação intergenérica e interespecífica de Lagenocarpus e Cryptangium é bastante controversa. Koyama (2004)Kears, D.M. 1998. Becquerelia. In: Berry, P.E.; Yatskievych, K. & Holst, B.K. (eds.). Flora of the Venezuelan Guayana. Vol. 4. Missouri Botanical Garden Press, Saint Louis. Pp. 486-663. tratou as espécies de Cryptangium em Lagenocarpus e Vitta (2005)Vitta, F. 2005. Revisão taxonômica e estudos morfológicos e biossistemáticos em Cryptangium Schrad. ex Nees e Lagenocarpus Nees (Cyperaceae: Cryptangieae). Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 294p. defendeu a distinção dos dois gêneros, com base em análises morfológicas e ontogênicas. Lagenocarpus compreende ca. 16 espécies, com distribuição na América Central a Sul, exceto região Andina, tendo como centro de diversidade o Brasil (Vitta 2005Vitta, F. 2005. Revisão taxonômica e estudos morfológicos e biossistemáticos em Cryptangium Schrad. ex Nees e Lagenocarpus Nees (Cyperaceae: Cryptangieae). Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 294p.). Para o Brasil são registradas 16 espécies do gênero (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Para as cangas da Serra dos Carajás foi registrada uma única spécie de Lagenocarpus.

8.1. Lagenocarpus verticillatus (Spreng.) T. Koyama & Maguire, Mem. New York Bot. Gard. 12(3): 49. 1965.

Fuirena verticillata Spreng. Novi Provent. 47. 1818 (1819). Fig. 5a-c

Ervas perenes, 60-134 cm alt., rizomatosas, formando touceiras. Folhas 8-34 × 0,2-0,4 cm, basais, rosuladas; bainhas 1-3 cm compr., castanhas; lâminas foliares linear-lanceoladas, face adaxial glabra a pubescente, face abaxial glabra, margens ciliadas na base. Escapo ca. 57-130 × 0,1 cm, glabro. Brácteas involucrais ausentes. Inflorescência 32-64 cm compr.; espiguetas dispostas em fascículos; paracládios masculinos verticilados, proximais, ramos de até 4ª ordem; paracládios femininos verticilados, distais, ramos de até 3ª ordem; espiguetas masculinas, 4-4 × 0,5-0,7 mm, ovoides, glumas 6-7, espiraladas, ovadas, castanhas, mucronadas; estames 2; espiguetas femininas 3-4 × 1 mm, ovoides, glumas ca. 3, de tamanhos desiguais, espiraladas, ovoides, castanhas, hialinas, aristadas; estiletes trífidos. Aquênios 2-2,2 × 1-1,2 mm, tricostados, obovoides a oblongiformes, castanho-escuros, superfície pontuada, base estipitada, com três cavidades.

Material examinado: Canaã dos Carajás, Serra Sul, 6°22'17"S, 50°23'04"W, 23.III.2015, fl. e fr., L.C. Lobato et al. 4418 (MG).

Lagenocarpus verticillatus é reconhecida por seus paracládios dispostos em verticilos, aquênios com superfície pontuada e base estipitada, com três cavidades. Foi tratada como Cryptangium verticillatus por Vitta (2005)Vitta, F. 2005. Revisão taxonômica e estudos morfológicos e biossistemáticos em Cryptangium Schrad. ex Nees e Lagenocarpus Nees (Cyperaceae: Cryptangieae). Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 294p., por apresentar espiguetas ovoides, glumas espiraladas, dois estames e glumas basais férteis.

Espécie distribui-se na Bolívia, Guiana, Venezuela, Suriname e Brasil (Vitta 2005Vitta, F. 2005. Revisão taxonômica e estudos morfológicos e biossistemáticos em Cryptangium Schrad. ex Nees e Lagenocarpus Nees (Cyperaceae: Cryptangieae). Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 294p.). No Brasil ocorre nas regiões Norte (AM, AP, PA, RO, RR, TO), Nordeste (AL, BA, MA, PI, SE), Centro-oeste (DF, GO, MS, MT) e Sudeste (ES, MG, RJ, SP) (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Serra dos Carajás: Serra Sul: S11C. Espécie ocorre em vegetação rupestre sobre canga.

9. Lipocarpha R. Br.

O gênero Lipocarpha caracteriza-se por suas espécies anuais, raramente perenes, com inflorescências espiciformes laterais, sésseis, subtendidas por uma bráctea continua com o escapo, espiguetas unifloras, ovoides, com brácteas glumiformes subtendendo a flor, cerdas perigoniais e estilopódios ausentes (Prata & López 2013Prata, A.P.N. & Lopéz, M.G. 2013. Lipocarpha R. Br. In: Prata, A.P.; Amaral, M.C.E.; Farias, M.C.V. & Alves, M.V (org.). Flora de Sergipe. Vol. 1. Gráfica e Editora Triunfo, Aracaju. Pp.185-187.). Lipocarpha compreende ca. 35 espécies, com distribuição Pantropical e em regiões temperadas (Goetghebeur & Van den Borre 1989Goetghebeur, P. & Van den Borre, A. 1989. Studies in Cyperaceae 8. A revision of Lipocarpha, including Hemicarpha and Rikliella. Vol. 89. Wageningen Agricultural University Papers, Wageningen. Pp. 1-87.). Para o Brasil são registradas quatro espécies do gênero (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Para as cangas da Serra dos Carajás foi registrada uma única espécie de Lipocarpha.

9.1. Lipocarpha micrantha (Vahl) G.C. Tucker, J. Arnold Arbor. 68(4): 410. 1987.

Scirpus micranthus Vahl, Enum. Pl. 2: 254. 1805.

Fig. 5d-e

Ervas anuais, ca. 12 cm alt., cespitosas. Folhas ca. 10-15 × 0,5 mm; bainhas 3-9 mm compr., ápice obtuso a agudo; lâminas foliares lineares, esverdeadas, faces adaxial e abaxial glabras. Escapo ca. 80 × 0,5 mm, longitudinalmente sulcados. Bráctea involucral inferior única, ereta, continua com o escapo, longitudinalmente sulcada, levemente escabrosa. Inflorescências espiciformes laterais, curto-pediceladas; espiguetas 2-3, ca. 2-3 × 1,5 mm, ovoides, castanhas; brácteas glumiformes ca. 1 × 0,4 mm, obovadas, castanhas a vináceas, com carenas esverdeadas, mucronadas; estame 1; estiletes bífidos. Aquênios ca. 0,5-0,8 × 0,4 mm, obovoides a oblanceoloides, trígonos, castanho-claros, brilhosos, superfície levemente pontuada, ápice apresentando um leve múcron.

Material examinado: Parauapebas, Serra Norte, 6°02'44"S, 50°13'08"W, 27.III.2012, fl. e fr., A.J. Arruda et al. 883 (BHCB).

Liporcarpha micrantha é uma planta de porte pequeno, facilmente identificada por sua inflorescência composta, pseudolateral, com a bráctea inferior continua com o escapo.

Espécie com distribuição Neotropical e África Tropical (Kearns 1998Kearns, D.M. 1998. Lipocarpha. In: Berry, P.E.; Yatskievych, K. & Holst, B.K. (eds.). Flora of the Venezuelan Guayana. Vol. 4. Missouri Botanical Garden Press, Saint Louis. Pp. 486-663.). No Brasil ocorre em todos os estados e Distrito Federal (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Serra dos Carajás: Serra Norte: N3. Espécie ocorre em vegetação rupestre ferrífera.

10. Pycreus P. Beauv.

O gênero Pycreus caracteriza-se por suas inflorescências umbeliformes, espiguetas plurifloras, aquênios lenticulares, estigmas bífidos, cerdas perigoniais e estilopódios ausentes (Costa 2013Costa, S.M. 2013. Cyperus L. In: Prata, A.P.; Amaral, M.C.E.; Farias, M.C.V. & Alves, M.V (org.). Flora de Sergipe. Vol. 1. Gráfica e Editora Triunfo, Aracaju. Pp 140-158.; Alves et al. 2009Alves, M.; Araújo, A.C.; Prata, A.P.; Vitta, F.; Hefler, S.; Trevisan, R.; Gil, A.S.B.; Martins, S. & Thomas, W. 2009. Diversity of Cyperaceae in Brazil. Rodriguésia 60: 771-782.). De um modo geral, é bastante semelhante ao gênero Cyperus, porém este apresenta estiletes trífidos e aquênios trígonos (ver comentário de Cyperus). Pycreus compreende ca. 100 espécies, com distribuição Pantropical (Goetghebeur 1998Goetghebeur, P. 1998. Cyperaceae. In: Kubitzki, K. (ed.). The families and genera of vascular plants. Monocotyledons. Vol. 4. Springer, Hamburg. Pp. 141-190.). Para o Brasil são registradas 15 espécies do gênero (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Para as cangas da Serra dos Carajás foi registrada uma única espécie de Pycreus.

10.1. Pycreus polystachyos (Rottb.) P. Beauv., Fl. Oware 2: 48. 1816.

Cyperus polystachyos Rottb., Descr. Pl. Rar. 21. 1772. Fig. 5f-g

Ervas perenes, 44‒82 cm alt., cespitosas. Folhas 7-15 × 0,1-0,3 cm; bainhas 1-3 cm compr., castanhas, membranáceas; lâminas foliares lanceoladas, verdes, membranáceas, faces adaxial e abaxial glabras, margens inermes. Escapo 40‒75 × 0,2 cm, trígono, verde, glabro. Brácteas involucrais 3-5, 3-7 cm compr., desiguais em comprimento, verdes, membranáceas, faces adaxial e abaxial glabras, ápice agudo, margens escabrosas. Inflorescência umbeliforme congesta, esverdeada; espiguetas 2-3 × 0,8-1 mm, linear-lanceoloides; glumas ca. 2 × 1 mm, todas férteis, lanceoladas, verdes, membranáceas, ápice agudo; estame 1. Aquênios ca. 1-1,5 × 0,5 mm, oblongiformes, lenticulares, castanho-claros a esverdeados, brilhosos, superfície pontuada.

Material selecionado: Canaã dos Carajás, Corpo C, 11.X.2008, fl. e fr., 6°23'28"S, 50°22'17"W, L.V. Costa et al. 549 (BHCB); Parauapebas, N3, 28.III.2015, fl. e fr., A.P.O. Cruz et al. 29 (MG); N4, 27.IV.2015, fl. e fr., C.S. Nunes et al. 14 (MG).

Pycreus polystachyos caracteriza-se por apresentar inflorescência umbeliforme congesta, esverdeada, espiguetas numerosas, lanceoladas e aquênio lenticular, oblongo.

Espécie com distribuição nos trópicos e subtrópicos (Adams 1994Adams, C.D. 1994. Cyperaceae. In: Davidse, G.; Sousa, M. & Chater, A.O. (eds). Flora Mesoamericana. Cidade Do Universidad Nacional Autónoma de México, México-DF. Pp. 404-485.). No Brasil ocorre em todos os Estados e Distrito Federal (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Serra dos Carajás: Serra Norte: N3, N4; Serra Sul: S11C. Espécie ocorre principalmente em áreas de campos brejosos.

11. Rhynchospora Vahl

O gênero Rhynchospora caracteriza-se pelas inflorescências corimbiformes a capituliformes, glumas espiraladas, aquênios biconvexos a globosos, estilopódios persistentes, geralmente triangulares a deltoides (Thomas 1998Svenson, H.K. 1929. Monographic studies in the genus Eleocharis. Rhodora 31:121135, 152-163, 167-191, 199-219, 224-242.; Strong 2006Stevens, P.F. 2001 (em diante). Angiosperm phylogeny website. Versão 12, Julho 2012. Disponível em <http://www.mobot.org/MOBOT/research/APweb/>. Acesso em 15 agosto 2015
http://www.mobot.org/MOBOT/research/APwe...
). Rhynchospora compreende ca. 300 espécies, com distribuição em quase todos os continentes, sendo seu centro de diversidade as Américas, principalmente o sudeste dos Estados Unidos e os Neotrópicos (Strong 2006). Para o Brasil são aceitas 147 espécies para o gênero (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Nas cangas da Serra dos Carajás foram registradas 11 espécies de Rhynchospora.

    Chave de identificação das espécies de Rhynchospora das cangas das Serra dos Carajás
  • 1. Glumas brancas

    • 2. Brácteas involucrais com margens glabras; glumas coriáceas; estilopódio com 2 lóbulos.........................................................................................................................11.3. Rhynchospora candida

    • 2'. Brácteas involucrais com margens ciliadas; glumas membranáceas; estilopódio com 4 lóbulos.... ..............................................................................................................11.9. Rhynchospora pubera

  • 1'. Glumas castanho-claras, castanho-escuras, castanho-avermelhadas e alaranjadas

    • 3. Inflorescência única no ápice do escapo

      • 4. Brácteas involucrais glumáceas, ápice aristado; aquênios sem margens involutas, ápice espinulado.............................................................................11.1. Rhynchospora acanthoma

      • 4'. Brácteas involucrais foliáceas, ápice agudo; aquênios com margens involutas, ápice inerme

        • 5. Espiguetas com ápice vináceo; glumas coriáceas; aquênios com margens dentadas...... ................................................................................................11.11. Rhynchospora sp. 1

        • 5'. Espiguetas com ápice castanho a alaranjado; glumas membranáceas; aquênios com margens inteiras..................................................................11.2. Rhynchospora barbata

    • 3'. Inflorescências duas ou mais terminais e/ou laterais

      • 6. Cerdas perigoniais presentes

        • 7. Espiguetas agrupadas em estruturas esféricas; estilopódio linear lanceolado...............................................................................................11.8. Rhynchospora holoschoenoides

        • 7'. Espiguetas agrupadas em estruturas sub-hemisféricas; estilopódio triangular a longo triangular

          • 8. Aquênios papilosos; estilopódio não confluente com o corpo do aquênio, margens inermes...................................................................11.4. Rhynchospora corymbosa

          • 8'. Aquênios transversalmente rugosos; estilopódio confluente com o corpo do aquênio, margens antrorsamente escabrosas.............................11.10. Rhynchospora rugosa

      • 6'. Cerdas perigoniais ausentes

        • 9. Espiguetas dispostas laxamente; glumas de ápice agudo; estilopódio com 2 lóbulos

          • 10. Lâminas foliares de margens planas; bainhas pilosas; inflorescência com raios arqueados.................................................................11.5. Rhynchospora divaricata

          • 10'. Folhas laminares de margem involutas; bainhas glabras; inflorescência com raios retos..............................................................................11.6. Rhynchospora eximia

        • 9'. Espiguetas dispostas congestamente; glumas de ápice mucronado a longo mucronado; estilópodio sem lóbulos evidentes

          • 11. Espiguetas 2,4-4,5 × 0,5-1 mm de compr.; aquênios com superfície transversalmente rugosa.............................................................................11.12. Rhynchospora sp. 2

          • 11'. Espiguetas ca. 9-14 × 2 mm de compr.; aquênios com superfície transversalmente reticulada..............................................................11.7. Rhynchospora cf. filiformis

11.1. Rhynchospora acanthoma A.C. Araújo & Longhi-Wagner, Kew Bull. 63(2): 303-304, 306, f. 2, t. 1. 2008Araújo, A.C.; Longhi-Wagner, H.M. & Thomas, W.W. 2008. Taxonomic novelties in Rhynchospora (Cyperaceae) from South America. Kew Bull. 63: 301-307.. Figs. 6a-b; 10a-b

Ervas anuais, 10-55 cm alt., cespitosas. Folhas 6-27 × 0,3-0,4 cm; bainhas 2-4 cm compr., glabras; lâminas foliares 4-21 cm compr., faces adaxial e abaxial glabras, nervura central inerme, margens involutas, glabras e inermes. Escapo 7-48,5 cm compr., trígono a tetracostado, glabro, margens inermes. Brácteas involucrais 4, glumáceas, ovadas a obovadas, castanho-escuras, faces adaxial e abaxial glabras, ápice aristado, nervura central inerme, margens ciliadas. Inflorescência capituliforme, única no ápice do escapo; espiguetas 5-8 × 1,2-1,9 mm, lanceoloides; glumas 2-5 × 1,5-2 mm, oval-lanceoladas, não dobradas longitudinalmente, castanhas a castanho-claras, coriáceas, glabras; estames 2; estigmas bífidos. Cerdas perigoniais 5, castanho-claras, plumosas, margens antrorsamente escabrosas. Aquênios ca. 1,5-2,5 × 1 mm, obovoides, castanhos, superfície lisa, ápice com um colo espinulado, margens sem alas; estilopódio piramidal, marrom a preto, não confluente com o corpo do aquênio.

Material selecionado: Parauapebas, N1, 28.IV.2015, fl. e fr., C.S. Nunes et al. 45 (MG); N3, 6°2'30"S, 50°12'28"W, 27.III.2012, fl. e fr., A.J. Arruda et al. 897 (BHCB); N4, 11.I.2010, L.C.B. Lobato et al. 3786 (MG); N6, 6°07'50"S, 50°10'27"W, 25.III.2012, A.J. Arruda et al. 840 (BHCB, MG); Serra da Bocaina, 6°18'12"S, 49°53'56"W, 8.III.2012, fl. e fr., A.J. Arruda et al. 641 (BHCB).

Rhynchospora acanthoma caracteriza-se por sua inflorescência capituliforme única no ápice do escapo, espiguetas lanceoloides, glumas castanhas a castanho-claras e cerdas perigoniais plumosas. Assemelha-se a R. globosa (Kunth) Roem. & Schult. (não registrada na área de estudo) principalmente por sua inflorescência globosa, mas, difere-se por ser cespitosa, apresentar brácteas involucrais lanceoladas com margens ciliadas, inflorescência com 5-10 espiguetas e aquênios com ápice espinuloso, enquanto R. globosa é rizomatosa, apresenta brácteas involucrais ovadas com margens glabras, inflorescências com 15-30 espiguetas e aquênios com ápice inerme.

Espécie com distribuição nas Guianas e no Brasil (Araújo et al. 2008Araújo, A.C.; Longhi-Wagner, H.M. & Thomas, W.W. 2008. Taxonomic novelties in Rhynchospora (Cyperaceae) from South America. Kew Bull. 63: 301-307.), nos estados do Pará e Tocantins (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Serra dos Carajás: Serra Norte: N1, N3, N4, N6; Serra da Bocaina. Espécie muito comum em campo rupestre ferruginoso, caracterizando campos sobre canga nodular, e menos frequente em campos brejosos.

11.2. Rhynchospora barbata (Vahl) Kunth, Enum. Pl. 2: 290. 1837.

Schoenus barbatus Vahl, Eclog. Amer. 2: 4. 1798. Figs. 6e-f; 10c

Ervas perenes, 10-60 cm alt., cespitosas. Folhas 5-43 × 0,3-0,5 cm; bainhas 1-7,5 cm compr., hirsutas; lâminas foliares 4-35 cm compr., faces adaxial e abaxial hirsutas, nervura central inerme, margens ciliadas e inermes. Escapo 8,2-56 cm compr., trígono, verde, pubescente, margens inermes. Brácteas involucrais 3-4, foliáceas, longo-lanceoladas, verdes, ápice agudo, nervura central inerme, margens ciliadas. Inflorescência capituliforme globosa, única no ápice do escapo; espiguetas 3-6 × 0,7-1,5 mm, elipsoides a lanceoloides, raramente ovoide-lanceoloides; glumas ca. 2,5-4 × 1 mm, oval-lanceoladas a elípticas, não dobradas longitudinalmente, castanhas a alaranjadas, membranáceas, glabras; estames 3; estigma indiviso. Cerdas perigoniais 4, castanho-escuras, antrorsamente barbadas na base. Aquênios 1,5-2 × 1-1,5 mm, obovoides a elipsoides, marrons, superfície papilada, ápice sem colo, margens aladas, involutas, inteiras, castanho-claras; estilopódio de textura semelhante a das alas, confluente com o corpo do aquênio.

Material selecionado: S/ Município, N5, 13.III.1982, fl. e fr., C.R. Sperling & R. Secco 5622 (MG); Canaã dos Carajás, S11A, 6°21'0"S, 50°0'30"W, 13.II.2010, fl. e fr., F.M. Costa et al. 99 (BHCB); S11B, 6°20'35"S, 50°25'28"W, 19.V.2010, fl. e fr., M.O. Pivari et al. 1528 (BHCB); Corpo D, 29.IV.2015, fl. e fr., C.S. Nunes et al. 48 (MG); S11C, 29.IV.2015, fl. e fr., C.S. Nunes et al. 58 (MG); Parauapebas [Marabá], N4, 15.III.1984, fl. e fr., A.S.L. da Silva & N.A. Rosa 1843 (MG); N1, 6°2'9"S, 50°17'7"W, 10.X.2008, fl. e fr., L.V.C. Silva et al. 717 (BHCB); N2, 28.IV.2015, fl. e fr., C.S. Nunes et al. 29 (MG); N6, 6.III.2010, fl. e fr., L.C.B. Lobato et al. 3875 (MG); N8, 6°10'01"S, 50°09'29"W, 18.III.2015, fl. e fr., L.C.B. Lobato et al. 4351 (MG); Serra da Bocaina, 6°19'44"S, 49°55'56"W, 11.III.2012, fl. e fr., A.J. Arruda et al. 689 (BHCB).

Rhynchospora barbata é facilmente identificada por suas inflorescências globosas, com glumas de cores castanhas a alaranjadas, e principalmente, aquênios com margens aladas e involutas. Esta espécie possui uma ampla distribuição nas áreas de cangas na Serra dos Carajás, ocorrendo em quase todos os platôs, sendo a espécie melhor amostrada, com o maior número de exemplares examinados.

Espécie com distribuição Neotropical (Strong 2006Stevens, P.F. 2001 (em diante). Angiosperm phylogeny website. Versão 12, Julho 2012. Disponível em <http://www.mobot.org/MOBOT/research/APweb/>. Acesso em 15 agosto 2015
http://www.mobot.org/MOBOT/research/APwe...
). No Brasil ocorre nas regiões Norte (AM, AP, PA, RO, RR, TO), Nordeste (AL, BA, CE, MA, PB, PE, PI, RN, SE), Centro-oeste (DF, GO, MT) e Sudeste (MG) (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Serra dos Carajás: Serra Norte: N1, N2, N3, N4, N5, N8; Serra Sul: S11A, S11B, S11C, S11D; Serra do Tarzan; Serra da Bocaina. Espécie ocorre em campo rupestre sobre canga nodular, vegetação rupestre ferruginosa e circundando margens de lagoas temporárias.

11.3. Rhynchospora candida (Nees) Boeckeler, Linnaea 37: 605. 1873.

Psilocarya candida Nees in Martius, Fl. Bras. 2(1): 117. 1842. Figs. 6i-k; 10d

Ervas perenes, 25-37 cm alt., rizomas longos, escamosos. Folhas ca. 15-28 × 0,3 cm; bainhas 1-7 cm compr., glabras a esparsamente hirsutas; lâminas foliares 14-21 cm compr., nervura central inerme, margens glabras e inermes. Escapo 22-31 cm compr., trígono, glabro, margens inermes. Brácteas involucrais 1-3, foliáceas, lanceoladas, verdes, ápice agudo, nervura central e margens glabras e inermes. Inflorescência corimbiforme, duas ou mais terminais e/ou laterais; espiguetas 6-12 × 5-10 mm, ovoides; glumas 4-8 × 4-6 mm, ovadas a oval-lanceoladas, não dobradas longitudinalmente, brancas, coriáceas, glabras; estames 3; estigmas bífidos. Cerdas perigoniais ausentes. Aquênios 2-2,5 × 1-1,5 mm, ovoides, castanho-claros, superfície transversalmente rugosa, ápice sem colo, margem sem ala; estilopódio triangular, lunado, marrom, não confluentes com o corpo do aquênio.

Material examinado: Parauapebas [Marabá], N5, 29.I.1985, fl. e fr., O.C. Nascimento & R.P. Bahia 1064 (MG); N3, 6°03'69"S, 50°12'37"W, 22.VI.2015, fl. e fr., J.R. Trindade et al. 227 (MG); N6, 6°07'51"S, 50°10'33"W, 3.IX.2015, fl. e fr., A. Gil et al. 524 (MG).

Rhynchospora candida é uma espécie facilmente identificada pela presença de rizomas longos escamosos, escapos verdes, espiguetas brancas e glumas coriáceas.

Espécie distribui-se na América Central e Madagascar (Strong 2006Stevens, P.F. 2001 (em diante). Angiosperm phylogeny website. Versão 12, Julho 2012. Disponível em <http://www.mobot.org/MOBOT/research/APweb/>. Acesso em 15 agosto 2015
http://www.mobot.org/MOBOT/research/APwe...
). No Brasil ocorre nas regiões Norte (AM, AP, PA), Nordeste (PI) e Centro-oeste (MT) (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Serra dos Carajás: Serra Norte: N3, N5, N6. Espécie ocorre em margens de campos brejosos e lagoas temporárias.

11.4. Rhynchospora corymbosa (L.) Britton, Trans. New York Acad. Sci. 11: 84. 1892.

Scirpus corymbosus L., Cent. Pl. 2: 7. 1756. Fig. 6c-d

Ervas perenes, 90-120 cm alt., rizomatosas. Folhas 45-58 × 0,7-1,2 cm; bainhas 6-23 cm compr., glabras; lâminas foliares 39-35 cm compr., nervura central e margens escabrosas. Escapo 86-114 cm compr., trígono, glabro, margens escabrosas. Brácteas involucrais numerosas, foliáceas, lanceoladas, verdes a castanho-claras, ápice truncado, nervura central e margens escabrosas. Inflorescências corimbiformes, duas ou mais terminais e/ou laterais; espiguetas 5-7 × 1-1,7 mm, ovoides a lanceoloides; glumas ca. 2-6 × 2 mm, ovadas a elípticas, não dobradas longitudinalmente, marrom-avermelhadas, sub-membranáceas, glabras; estames 3; estigmas indivisos. Cerdas perigoniais 4-6, castanhas, subuladas. Aquênios ca. 3-4 × 2 mm, obovoides, marrom-escuros, superfície papilosa, ápice sem colo, margem sem ala; estilopódio triangular, marrom, não confluente com o corpo do aquênio.

Material selecionado: Canaã dos Carajás, S11C, 6°22'17"S, 50°23'13"W, 23.V.2010, fl. e fr., L.V.C. Silva at al. 922 (BHCB); S11D, 6°23'28"S, 50°19'4"W, 26.I.2012, fl. e fr., A.J. Arruda at al. 477 (BHCB); Parauapebas, N2, 28.V.1987, fl. e fr., M.F.F. da Silva et al 2458 (MG); N4, 9.I.2010, fl. e fr., L.C.B. Lobato, et al. 3772 (MG).

Rhynchospora corymbosa é robusta, apresenta inflorescência corimbosa, ramificada, espiguetas avermelhadas e aquênios papilados. Esta espécie apresenta grande variação quanto a ramificação da inflorescência, tamanho dos fascículos, espiguetas e aquênios (Guaglione 2001Guaglianone, E.R.; Marchesi, E.; Marticorena, C.; Araújo, A.C.; Mereles, F.; Alves, M.; Dhooge, S.; González-Elizondro, M.S.; Hefler, S.; López-Sepúlveda, M.G.; Trevisan, R. & Wheeler, G. 2008. Cyperaceae. In: Zuloaga, F.O.; Morrone, O. & Belgrano, M.J. (eds.). Catálogo de las plantas vasculares del Cono Sur - I: Pteridophyta, Gymnospermae, Monocotyledoneae. Monographs in Systematic Botany from the Missouri Botanical Garden 107. Vol. 1. Missouri Botanical Gardens Press, Saint Louis. Pp. 302-400.), variações notadas nos espécimes analisados.

Espécie com distribuição Pantropical (Strong 2006Stevens, P.F. 2001 (em diante). Angiosperm phylogeny website. Versão 12, Julho 2012. Disponível em <http://www.mobot.org/MOBOT/research/APweb/>. Acesso em 15 agosto 2015
http://www.mobot.org/MOBOT/research/APwe...
). No Brasil ocorre em todos os estados e Distrito Federal. Serra dos Carajás: Serra Norte: N4, N2; Serra Sul: S11C, S11D. Espécie ocorre em vegetação rupestre ferruginosa e também em áreas de campos brejosos.

11.5. Rhynchospora divaricata (Ham.) M.T. Strong, Contr. U. S. Natl. Herb. 52: 343. 2005.

Fimbristylis divaricata Ham., Prodr. Pl. Ind. Occid. 14. 1825. Fig. 7a-b

Ervas anuais, 10-21 cm alt., cespitosas. Folhas ca. 13-20 × 0,1 cm; bainhas 4,5-5,8 cm compr., pilosas; lâminas foliares 8,5-14,2 cm compr., nervura central e margens inermes. Escapo 4,5-9 cm de compr., trígono, piloso, margens inermes. Brácteas involucrais numerosas, foliáceas, lanceoladas, verdes, ápice agudo, nervura central glabra, margens pilosas, hialinas. Inflorescência duas ou mais terminais e/ou laterais; espiguetas ca. 2-2,5 × 3 mm, ovoides; glumas 1,5-2 × 1-1,4 mm, orbiculadas a ovadas, não dobradas longitudinalmente, castanho-avermelhadas, sub-membranáceas, glabras; estames 3; estigmas bífidos. Cerdas perigoniais ausentes. Aquênios ca. 1 × 1 mm, orbiculares, castanho-claros, superfície transversalmente rugosa, ápice sem colo, margem sem ala; estilopódio triangular, lunado, marrom, com dois lóbulos, não confluente com o corpo do aquênio.

Material examinado: Parauapebas, N7, 6°10'03"S, 50°09'39"W, 19.IV.2016, fl. e fr., A.K. Koch et al. 790 (MG).

Rhynchospora divaricata caracteriza-se principalmente por apresentar inflorescência terminais e laterais, com os raios arqueados, espiguetas ovoides, aquênios orbiculoides e estilopódio triangular, lunado com dois lóbulos evidentes.

Espécie com distribuição na America Central (Honduras, Nicarágua, Panamá, Trindade e Costa Rica) e na América do Sul (Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname, Guiana Francesa e Brasil) (Strong 2006Stevens, P.F. 2001 (em diante). Angiosperm phylogeny website. Versão 12, Julho 2012. Disponível em <http://www.mobot.org/MOBOT/research/APweb/>. Acesso em 15 agosto 2015
http://www.mobot.org/MOBOT/research/APwe...
). No Brasil ocorre no Norte (AM, AP, PA), Centro-Oeste (GO, MT) e no Sudeste (MG) (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Serra dos Carajás: Serra Norte: N7. Espécie ocorre em campo graminoso sobre canga.

11.6. Rhynchospora eximia (Nees) Boeckeler, Linnaea. 37: 601. 1873.

Spermodon eximius Nees, Bot. Voy. Herald. 222. 1854. Fig. 7g-h

Ervas perenes, 26-49 cm alt., rizomatosas. Folhas ca. 15-29 × 0,3 cm; bainhas 4-14 cm compr., glabras; lâminas foliares 11-15 cm compr., nervura central e margens inermes. Escapo 20,7-41 cm compr., trígono, glabro, margens inermes. Brácteas involucrais numerosas, foliáceas, lineares, verdes, ápice agudo, nervura central e margens inermes. Inflorescências corimbiformes, duas ou mais terminais e/ou laterais paniculadas; espiguetas ca. 4-7 × 2 mm, lanceoloides a ovoides; glumas ca. 3-4 × 2 mm, ovadas a lanceoladas, não dobradas longitudinalmente, castanho-escuras, membranáceas, glabras; estames 3; estigmas bífidos. Cerdas perigoniais ausentes. Aquênios ca. 1-1,2 × 1 mm, obovoides a suborbiculoides, marrons a castanho-claros, superfície transversalmente rugosa, ápice com colo, margem sem ala; estilopódio triangular, preto, não confluente com o corpo do aquênio.

Material examinado: Canaã dos Carajás, Serra do Tarzan, 6°20'15"S, 50°9'6"W, 14.III.2009, fl. e fr., Giorni, V.T. et al. 134 (BHCB); Parauapebas, N3, 27.IV.2015, fl. e fr., C.S. Nunes et al. 19 (MG); N5, 30.IV.2015, fl. e fr., C.S. Nunes et al. 62 (MG); N4, 8.I.2010, fl. e fr., L.C.B. Lobato et al. 3767 (MG); N7, 6°09'26"S, 50°10'19"W, 19.III.2015, fl. e fr., L.C.B. Lobato et al. 4369 (MG); Serra Bocaina, 6°18'27"S, 49°53'22"W, 8.III.2012, fl. e fr., A.J. Arruda et al. 653 (BHCB).

Rhynchospora eximia caracteriza-se por sua inflorescência corimbiforme terminal e lateral, espiguetas ovoides castanho-escuras, aquênios obovoides a suborbiculoides, transversalmente rugosos, estilopódios triangulares, pretos. Assemelha-se a Rhynchospora spruceana C.B. Clarke, por sua inflorescência corimbiforme e espiguetas castanho-escuras, mas difere-se pelo estilopódio longo-triangular com dois lóbulos (vs. estilopódio raso, não lobulado em R. spruceana).

Espécie com distribuição Neotropical (Adams 1994Adams, C.D. 1994. Cyperaceae. In: Davidse, G.; Sousa, M. & Chater, A.O. (eds). Flora Mesoamericana. Cidade Do Universidad Nacional Autónoma de México, México-DF. Pp. 404-485.). No Brasil ocorre no Norte (PA, RR), Nordeste (BA, MA, PB, PE, PI, RN), Centro-Oeste (GO, MS), Sudeste (MG, SP) e Sul (PR) (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Serra dos Carajás: Serra Norte: N3, N4, N5, N7; Serra do Tarzan; Serra da Bocaina. Espécie ocorre em campos graminosos e campos brejosos.

11.7. Rhynchospora cf. filiformis Vahl, Enum. Pl. 2: 232. 1805. Fig. 7k-l; 10f

Ervas perenes, 10-42 cm alt., rizomatosas. Folhas ca. 5-27 × 0,2 cm; bainhas 2-6 cm compr., glabras; lâminas foliares 3-21 cm compr., nervura central inerme, margens inermes na porção basal e levemente escabrosas na porção apical. Escapo 7-39 cm de compr., tricostado, glabro, margens inermes. Brácteas involucrais numerosas, foliáceas, lanceoladas, verdes, ápice agudo, nervura central inerme, margens glabras e inermes, hialinas na porção basal. Inflorescência corimbiforme, duas ou mais terminais e/ou laterais; espiguetas ca. 9-14 × 2 mm, elipisoides; glumas 4-9 × 2-2,5 mm, oval-lanceoladas a elípticas, não dobradas longitudinalmente, castanho-claras, membranáceas, glabras; estames 3; estigmas bífidos. Cerdas perigoniais ausentes. Aquênios 1,3-2 × 0,5-0,8 mm, elipsoides a obovoides, castanho-escuros, superfície reticulada, ápice com colo truncado, margem sem ala; estilopódio triangular, marrom a preto, não confluente com o corpo do aquênio.

Material selecionado: Canaã dos Carajás, S11A, 6°18'57"S, 50°26'43"W, 21.III.2012, fl. e fr., A.J. Arruda et al. 744 (BHCB, MG); S11C, 6°22'40"S, 50°23'59"W, 22.V.2010, fl. e fr., M.O. Pivari et al. 1563 (BHCB); S11D, 6°24'13"S, 50°18'39"W, 18.II.2010, fl. e fr., M.O. Pivari et al. 1497 (BHCB); Serra da Bocaina, 6°18'54"S, 49°54'41"W, 15.XII.2010, fl. e fr., L.V.C. Silva et al. 1046 (BHCB); Serra do Tarzan, 6°20'11"S, 50°9'50"W, 24.V.2010, fl. e fr., M.O. Pivari et al. 1575 (BHCB); Parauapebas [Marabá], N3, 13.III.1985, fl. e fr., R.S. Secco et al. 429 (MG); [Marabá], N4, 19.III.1984, fl. e fr., A.S.L. da Silva & N.A. Rosa 1884 (MG); [Marabá], N7, 4.II.1985, fl. e fr., O.C. Nascimento & R.P. Bahia 1157 (MG); N1, 6°1'59"S, 50°16'59"W,25.V.2010, fl. e fr., L.V.C. Silva et al. 970 (BHCB, MG, IAN); N2, 28.IV.2015, fl. e fr., C.S. Nunes et al. 27 (MG); N5, 30.IV.2015, fl. e fr., C.S. Nunes et al. 68 (MG).

Após análise das exsicatas provenientes da Serra dos Carajás notou-se que esses exemplares apresentavam aquênios com alguns caracteres marcantes (aquênio, quase sempre, elipsóide, sem colo proeminente e curto-estipitado) diferentes de R. filiformis, fato que nos levou a tratar a espécie como R. cf. filiformis, já que tradicionalmente R. filiformis possui aquênio, quase sempre, obovoide, com colo proeminente e longo-estipitado.

Espécie com distribuição Neotropical (Strong 2006Stevens, P.F. 2001 (em diante). Angiosperm phylogeny website. Versão 12, Julho 2012. Disponível em <http://www.mobot.org/MOBOT/research/APweb/>. Acesso em 15 agosto 2015
http://www.mobot.org/MOBOT/research/APwe...
). No Brasil ocorre em todos os estados e Distrito Federal (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Serra dos Carajás: Serra Norte: N1, N2, N3, N4, N5, N7; Serra Sul: S11A, S11B, S11C, S11D; Serra da Bocaina; Serra do Tarzan. Espécie ocorre com mais frequência em áreas brejosas e com menos frequência em vegetação rupestre.

11.8. Rhynchospora holoschoenoides (Rich.) Herter, Revista Sudamer. Bot. 9: 157. 1953. Schoenus holoschoenoides Rich., Actes Soc. Hist. Nat. Paris 1:106. 1792. Figs. 6g-h; 10e

Ervas perenes, 45-92 cm alt., rizomatosas. Folhas 15-69 × 0,5-0,9 cm; bainhas 7-22 cm compr., glabras; lâminas foliares 8-47 cm compr., nervura central inerme, margens escabrosas. Escapo 37,8-85 cm, trígono, glabro, margens escabrosas. Brácteas involucrais numerosas, foliáceas, lanceoladas, verdes a castanho-claras, ápice agudo, nervura central inerme, margens escabrosas. Inflorescência em capítulos esféricos, um capítulo séssil e demais dispostos em raios conspícuos de margens escabras; espiguetas ca. 4 × 1-1,5 mm, ovoide-elipisoides; glumas ca. 3-5 × 2 mm, oval-lanceoladas, longitudinalmente dobradas, castanho-avermelhadas, membranáceas, glabras; estames 2 ou 3; estigma indiviso. Cerdas perigoniais ca. 4, margem antrorsamente escabrosa, castanho-claras. Aquênios ca. 3 × 1-1,2 mm, obovoides, castanho-claros, superfície transversalmente rugosa, ápice com colo, margem sem ala; estilopódio linear-lanceoloide, castanho-claro, 4-angulado, margens escabrosas, não confluente com o corpo do aquênio.

Material selecionado: Canaã dos Carajás, S11A, 6°19'4"S, 50°27'8"W, 15.II.2010, fl. e fr., M.O. Pivari et al. 1479 (BHCB); S11B, 6°20'26"S, 50°25'12" W 20.V.2010, fl. e fr.,, M.O. Pivari et al. 1537 (BHCB); S11D, 6°23'28"S, 50°21'45"W, 24.I.2012, fl. e fr., A.J. Arruda et al. 442 (BHCB); Serra do Tarzan, 6°20'15"S, 50°9'6"W, 14.III.2009, fl. e fr., V. T. Giorni et al. 135 (BHCB); Parauapebas, N1, 6°0'58"S, 50°18'21"W, 13.X.2008, fl. e fr., L.V.C. Silva et al. 635 (BHCB); N4, 15.I.2010, fl. e fr., L.C.B. Lobato et al. 3827 (MG); N6, 6.III.2010, fl. e fr., L.C.B. Lobato et al. 3874 (MG); Serra da Bocaina, 6°17'41"S, 49°54'52"W, 8.III.2012, fl. e fr., A.J. Arruda et al. 627 (BHCB).

Rhynchospora holoschoenoides caracteriza-se por apresentar inflorescências em capítulos esféricos, sendo um séssil e os demais nas pontas de raios conspícuos. Confundida nas identificações dos herbários consultados com Oxycaryum cubense (Poepp. & Kunth) Palla (não registrada na área de estudo), por também apresentar inflorescência com unidades capitado-esféricas.

Espécie com distribuição Neotropical, Sul da África e Madagascar (Strong 2006Stevens, P.F. 2001 (em diante). Angiosperm phylogeny website. Versão 12, Julho 2012. Disponível em <http://www.mobot.org/MOBOT/research/APweb/>. Acesso em 15 agosto 2015
http://www.mobot.org/MOBOT/research/APwe...
). No Brasil ocorre em todos os estados e Distrito Federal (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Serra dos Carajás: Serra Norte: N1, N4, N6; Serra Sul: S11A, S11B, S11D; Serra do Tarzan; Serra da Bocaina. Espécie ocorre nas vegetações rupestres ferríferas, circundando áreas de campos brejosos e lagoas temporárias.

11.9. Rhynchospora pubera (Vahl) Boeckeler, Linnaea 37: 528. 1872.

Dichromena pubera Vahl, Enum. Pl. 2: 241. 1805. Fig. 6l-m

Ervas perenes, 4-12 cm alt., cespitosas. Folhas 2-6 × 0,2-0,4 cm; bainhas 1-2 cm compr., puberulentas; lâminas foliares 1-4 cm compr., nervura central inerme, margens ciliadas na porção basal e esparsamente ciliadas na porcão apical. Escapo 3-10 cm compr., trígono, glabro, margens esparsamente escabrosas. Brácteas involucrais 3-6, foliáceas, lanceoladas, verdes, ápice agudo, nervura central inerme, margens ciliadas. Inflorescência capituliforme, única no ápice do escapo; espiguetas ca. 5 × 3-4 mm, ovoides, comprimidas lateralmente; glumas ca. 3-4 × 1,5 mm, oval-lanceoladas, longitudinalmente dobradas, brancas, membranáceas, glabras; estames 3; estigmas bífidos. Cerdas perigoniais ausentes. Aquênios ca. 1,5-2 mm, largo-elipsoides, castanho-claros, superfície transversalmente rugosa, ápice sem colo, margem sem ala; estilopódio triangular, com 4 lóbulos, castanho-escuro, não confluente com o corpo do aquênio.

Material examinado: Canaã dos Carajás, Serra do Tarzan, 6°19'57"S, 50°9'42"W, 25.V.2010, fl. e fr., L.V.C. Silva et al. 951 (BHCB, IAN).

Rhynchospora pubera é uma planta de pequeno porte, que apresenta escapos puberulentos ou pubescentes, glumas brancas, aquênios transversalmente rugosos e estilopódios triangulares curtos com quatro lóbulos.

Espécie distribui-se na Colômbia, Venezuela, Guiana, Bolívia e Brasil (Strong 2006Stevens, P.F. 2001 (em diante). Angiosperm phylogeny website. Versão 12, Julho 2012. Disponível em <http://www.mobot.org/MOBOT/research/APweb/>. Acesso em 15 agosto 2015
http://www.mobot.org/MOBOT/research/APwe...
). No Brasil ocorre e todas as regiões, sendo que na região Sul apenas no estado do Paraná (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Serra dos Carajás: Serra do Tarzan. Espécie ocorre em áreas perturbadas de canga.

11.10. Rhynchospora rugosa (Vahl) Gale, Rhodora 46: 275. 1944.

Schoenus rugosus Vahl, Eclog. Amer. 2: 5. 1798. Fig. 7c-d

Ervas perenes, 32-77 cm alt., cespitosas. Folhas ca. 20-27 × 0,2 cm; bainhas 8-11 cm compr., glabras; lâminas foliares 12-16 cm compr., nervura central inerme, margens inermes. Escapo 28-70 cm compr., trígono, verde, glabro, margens inermes. Brácteas involucrais 2-3, foliáceas, lineares, verdes, ápice agudo, margens glabras e inermes. Inflorescência paniculada, duas ou mais terminais e/ou laterais; espiguetas ca. 3-4 × 1 mm, ovoide-lanceoloides; glumas ca. 2,5-3,5 × 1 mm, elípticas, não dobradas longitudinalmente, castanho-avermelhadas, membranáceas, glabras; estames 3; estigmas bífidos. Cerdas perigoniais 5-6, margem antrorsamente escabrosa, castanhas. Aquênios ca. 2-3 × 1,5 mm, obovoides a largo-elipisoides, castanho-claros, superfície transversalmente rugosa, ápice sem colo, margem sem ala; estilopódio triangular, castanho-claro, com margens escabras, confluente com o corpo do aquênio.

Material selecionado: Canaã dos Carajás, S11D, 6°23'47"S, 50°20'8"W, 11.X.2008, fl. e fr., L.V.C. Silva et al. 553 (BHCB); Parauapebas [Marabá], N2, 14.III.1986, fl. e fr., R.S. Secco & O.M. Barth 435 (MG); N3, 27.IV.2015, fl. e fr., C.S. Nunes et al. 10 (MG).

Rhynchospora rugosa caracteriza-se por suas inflorescências paniculadas, glumas castanho-avermelhadas, aquênios obovoides a largo-elipisoides, com superfície transversalmente rugosa, estilopódio triangular com margens antrorsamente escabrosas.

Espécie com distribuição Neotropical (Strong 2006Stevens, P.F. 2001 (em diante). Angiosperm phylogeny website. Versão 12, Julho 2012. Disponível em <http://www.mobot.org/MOBOT/research/APweb/>. Acesso em 15 agosto 2015
http://www.mobot.org/MOBOT/research/APwe...
). No Brasil ocorre em todos os estados e Distrito Federal (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Serra dos Carajás: Serra Norte: N2, N3; Serra Sul: S11D. Espécie ocorre em áreas de campos brejosos e buritizais.

11.11. Rhynchospora sp. 1 Fig. 7e-f

Ervas anuais, 8-39 cm alt., cespitosas. Folhas 3,5-24 × 0,2-0,3 cm; bainhas 2-9 cm compr., glabras; lâminas foliares 1,5-15 cm compr., nervura central e margens inermes. Escapo 4-30 cm compr., trígono, glabro. Brácteas involucrais 2-4, foliáceas, lineares, verdes, ápice agudo, nervura central inerme, margens longo-ciliadas na base. Inflorescência capituliforme, única no ápice do escapo; espiguetas 4-7 × 1,3-2 mm, elipisoides; glumas 2-4 × 1-2 mm, elípticas a lanceoladas, não dobradas longitudinalmente, castanho-claras na porção basal e vináceas na porção apical, coriáceas, glabras; estames 3; estigma indiviso. Cerdas perigoniais ca. 5, margem antrorsamente escabrosa, com a porção basal ciliada, castanho-claras. Aquênios ca. 4-5 × 1 mm, oblongiformes, castanho-claros, superfície lisa, ápice sem colo, com margens aladas, involutas, dentadas; estilopódio longo triangular, castanho-claro, de textura semelhante ao corpo do aquênio, margens antrorsamente escabrosas, confluente com o corpo do aquênio.

Material selecionado: Parauapebas, Serra da Bocaina, 6°19'44"S, 49°55'56"W, 11.III.2012, fl. e fr., A.J. Arruda et al. 688 (BHCB); Serra do Tarzan, 1.V.2015, fl. e fr., C.S. Nunes et al. 71 (MG).

Rhynchospora sp. 1 caracteriza-se principalmente por sua inflorescência capituliforme única no ápice do escapo e aquênios com margens involutas dentadas, características que a assemelha com R. trichochaeta C.B. Clarke. Diferem-se principalmente por Rhynchospora sp. 1 apresentar de 5-9 espiguetas na inflorescência (vs. 5-23 espiguetas), glumas castanho-claras com a porção apical vinácea (vs. glumas castanho-claras a amareladas) e estilopódio com ca. 2 mm compr. (vs. estilopódio com 1-1,5 mm compr.).

Restrita as cangas da Serra dos Carajás: Serra do Tarzan; Serra da Bocaina. Espécie ocorre sobre canga e campos brejosos.

11.12. Rhynchospora sp. 2 Fig. 7i-j

Ervas perenes, 14-39 cm alt., rizomatosas. Folhas 6-30 × 0,2-0,3 cm; bainhas 4-11 cm compr., glabras; lâminas foliares 2-19 cm compr., nervura central inerme, margens inermes a levemente escabrosas. Escapo 12-35 cm compr., trígono, glabro, margens inermes. Brácteas involucrais numerosas, foliáceas, lineares, verdes, ápice agudo, nervura central e margens inermes. Inflorescência fasciculada, duas ou mais terminais e/ou laterais; espiguetas 2,4-4,5 × 0,5-1 mm, elipisoides; glumas 1,2-2 × 0,5-1,2 mm, obovadas a elípticas, castanho-claras, membranáceas, glabras; estames 3; estigmas bífidos. Cerdas perigoniais ausentes. Aquênios ca. 1 × 0,7 mm, obovoides a orbiculoides, marrons a castanho-claros, superfície transversalmente rugosa, ápice com colo; estilopódio curto triagular, preto, não confluente com o corpo do aquênio.

Material selecionado: Canaã dos Carajás, S11A, 6°20'55"S, 50°27'11"W, 8.XII.2007, fl. e fr., N.F.O. Mota et al. 1131 (BHCB); S11C, 20.IV.2016, fl. e fr., N1, C.S. Nunes et al. 56 (MG); S11D, 6°24'30"S, 50°21'6"W, 27.I.2012, fl. e fr., L.V.C. Silva et al. 1136 (BHCB); Serra do Tarzan, 6°19'56"S, 50°85'70"W, 24.V.2010, fl. e fr., M.O. Pivari et al. 1590 (BHCB, MG); Parauapebas, N1, 28.IV.2015, fl. e fr., C.S. Nunes et al. 36 (MG); N2, 28.IV.2015, fl. e fr., C.S. Nunes et al. 28 (MG); N3, 27.IV.2015, fl. e fr., C.S. Nunes et al. 21 (MG); N4, 6°05'23"S, 50°11'33"W, 13.III.2015, fl. e fr., L.C.B. Lobato et al. 4316 (MG); N5, 30.IV.2015, fl. e fr., C.S. Nunes et al. 63 (MG); N6, 10.III.2010, fl. e fr., L.C.B. Lobato et al. 3876 (MG); Serra da Bocaina, 6°19'22"S, 49°55'41"W, 11.III.2012, fl. e fr., A.J. Arruda et al. 683 (BHCB).

Rhynchospora sp. 2 caracteriza-se por suas inflorescências fasciculadas castanho-claras, aquênios obovoides a orbiculoides, marrons a castanho-claros, transversalmente rugosos e estilópodios triangulares. É morfologicamente semelhante a Rhynchospora tenuis Willd ex Link. (não registrada na área de estudo) quanto a inflorescência fasciculada, duas ou mais terminais e/ou laterais, espiguetas elipsoides, glumas obovadas a elípticas e castanho-claras, entretanto, Rhynchospora sp. 2 difere-se pelos aquênios obovoides a orbiculoides, marrons a castanho-claros, ápice com colo, estilopódio curto triagular, sem lóbulos evidentes, já R. tenuis apresenta aquênios obovoides, marrom-avermelhados, estilopódio com lóbulos que se estendem ao longo do colo do aquênio.

Serra dos Carajás: Serra Norte: N1, N2, N3, N4, N5, N6; Serra Sul: S11A, S11C, S11D; Serra da Bocaina; Serra do Tarzan. Espécie ocorre com mais frequência em campos brejosos e vegetação rupestre sobre canga.

12. Scleria P. J. Bergius

O gênero Scleria caracteriza-se pela frequente presença de lígula e conta-lígula no ápice da bainha, aquênio globoso, rígido, com superfície crustosa e cerdas perigoniais ausentes. Apresenta ainda, espiguetas variando quanto a sexualidade, muitas vezes unixessuadas, raramente bixessuadas, hipogínio ausente ou presente (Camelbeke & Goetghebeur 2002Camelbeke, K.; Goetghebeur, P. 2002. The Genus Scleria (Cyperaceae) in Colômbia. An updated checklist. Caldasia 24: 259-268). É muito conhecida por suas folhas serem fortemente escabrosas e cortantes (Affonso et al. 2015Affonso, R.; Zanin, A.; Brummitt, N.A. & Araujo, A.C. 2015. Diversity of Scleria (Cyperaceae) in Santa Catarina, Brazil. Rodriguésia 66: 571-597.). Scleria compreende ca. 200 a 250 espécies (Goetghebeur 1998; Camelbeke et al. 2003Goetghebeur, P. 1998. Cyperaceae. In: Kubitzki, K. (ed.). The families and genera of vascular plants. Monocotyledons. Vol. 4. Springer, Hamburg. Pp. 141-190.), que distribuem-se nas áreas tropicais e subtropicais, com centro de diversidade na região neotropical (Guaglianone et al. 2008Govaerts, R.; Simpson, D.A.; Goetghebeur, P.; Wilson, K. L.; Egorova, T. & Bruhl, J. 2007. World checklist of Cyperaceae. The board of trustees of the Royal Botanic Gardens, Kew. Kew Publishing, London. 780p.). Para o Brasil são registradas ca. 82 espécies para o gênero (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Nas cangas da Serra dos Carajás foram registradas quatro espécies de Scleria.

    Chave de identificação das espécies de Scleria das cangas da Serra dos Carajás
  • 1. Laminas foliares 0,8‒1,9 cm de larg.; aquênios com superfície levemente rugulosa.............................. ...............................................................................................................................12.1. Scleria cyperina

  • 1'. Laminas foliares 0,1‒0,5 cm de larg., aquênios com superfície lisa ou alveolada.

    • 2. Ervas escandentes; lígulas presentes................................................................12.3. Scleria secans

    • 2'. Ervas eretas; lígulas ausentes

      • 3. Margens foliares escabras; hipogínio presente; aquênios lisos, brilhantes.............................. ..........................................................................................................12.2. Scleria microcarpa

      • 3'. Margens foliares inermes; hipogínio ausente; aquênios alveolados, opacos .......................... ...........................................................................................................12.4. Scleria verticillata

12.1. Scleria cyperina Willd. ex Kunth, Enum. Pl. 2: 345. 1837. Figs. 8a-c; 10g

Ervas perenes, 39‒112 cm alt., eretas. Folhas 13,5‒39 × 0,8‒1,9 cm; bainhas 10,5‒18 cm compr., margens inermes, aladas; lígulas ausentes; contra-lígulas com ápice arredondado, apêndices membranáceos no ápice ausentes; lâminas foliares 3-21 cm compr., faces adaxial e abaxial glabras, margens escabras. Escapo 33‒101,5 × 0,2‒0,7 cm, trígono, amarelado a verde, glabro, margens escabrosas. Brácteas involucrais 5,5‒13,5 × 1,8‒2,8 cm, nervura central e margens inermes; bractéolas ausentes. Inflorescência paniculada terminal, 4,5‒9 × 3‒5 cm; espiguetas masculinas pediceladas, lanceoloides, glumas 2,4‒4 × 1‒2 mm; estames 3; espiguetas femininas sésseis, ovoide-lanceoloides, glumas 4-8 × 2-5 mm, lanceoladas, castanhas, ápice levemente apiculado; hipogínio rugoso, bordo trilobado, castanho-claro. Aquênios ca. 2‒3 × 2 mm, orbiculoides, brancos, raramente castanho-claros, superfície levemente estriada e pilosa, ápice inerme, estilete caduco.

Material selecionado: Canaã dos Carajás, S11A, 29.IV.2015, fl. e fr., C.S. Nunes et al. 46 (BHCB).

Scleria cyperina distingue-se das demais espécies na Serra dos Carajás por não apresentar lígulas, e possuir três brácteas de tamanhos variados, inflorescências paniculadas e aquênios globosos com superfícies estriadas. Confundida com Scleria stipularis Nees (não registrada na área de estudo) em todas as amostras analisadas depositadas nos herbários consultados, por sua inflorescência única paniculada terminal. Diferem-se por suas laminas foliares apresentarem 5-8 cm larg. (vs. 25-40 cm larg. em S. stipularis) e brácteas 1,8-2,8 cm larg. (vs. 20-40 cm larg. em S. stipularis).

Espécie distribui-se pela América Central, Colômbia, Guianas e Brasil (Camelbeke & Goetghebeur 1998Goetghebeur, P. 1998. Cyperaceae. In: Kubitzki, K. (ed.). The families and genera of vascular plants. Monocotyledons. Vol. 4. Springer, Hamburg. Pp. 141-190.). No Brasil ocorre em todos os estados e Distrito Federal (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Serra dos Carajás: Serra Sul: S11A. Espécie ocorre em vegetação rupestre ferrífera, áreas de campos brejosos, próximo de lagoas temporárias.

12.2. Scleria microcarpa Nees ex Kunth, Enum. Pl. 2: 341. 1837. Figs. 8f-i; 10h

Ervas perenes, 82‒143 cm alt., eretas, rizomatosas. Folhas ca. 18‒30 × 0,5 cm; bainhas 5‒9 cm compr., margens escabras, trialadas; lígulas ausentes; contra-lígulas castanhas, com ápice falciforme, apêndices membranosos no ápice ausentes; lâminas foliares 13-21 cm compr., margens levemente escabrosas. Escapo 81,5‒119,8 × 0,3‒0,7 cm, trígono, esverdeado a castanho, glabro, margens escabrosas. Brácteas involucrais ca. 5‒23 × 0,5 cm, lanceoladas, castanho-claras, nervura central inerme, margens levemente escabrosas; bractéolas presentes. Inflorescências paniculadas, terminais e axilares, 2,5‒19 cm compr.; espiguetas masculinas pediceladas, ovoides, glumas 2‒3 × 1‒2 mm; estames 3; espiguetas femininas sésseis, ovoides, glumas 1,7‒2,5 × 1‒2 mm, oval-lanceoladas, castanhas, ápice apiculado; hipogínio anular, bordo inteiro, ciliado, castanho-claro. Aquênios 1,8‒2 × 1,9‒2 mm, ovoides, brancos, brilhantes, superfície lisa e glabros, ápice inerme, estilete persistente.

Material selecionado: Canaã dos Carajás, S11A, 6°19'27"S, 50°27'8"W, 16.II.2010, fl. e fr., L.V.C. Silva et al. 771 (BHCB); S11D, 6°23'47"S, 50°20'7"W, 10.X.2008, fl. e fr., L.V.C. Silva et al. 730 (BHCB); Serra do Tarzan, 6°19'8"S, 50°6'3"W, 19.II.2010, fl. e fr., L.V.C. Silva et al. 820 (BHCB); Parauapebas, N1, 6°1'41"S, 50°17'31"W, 22.IV.2012, fl. e fr., A.J. Arruda et al. 1042 (BHCB); N3, 27.IV.2015, fl. e fr., C.S. Nunes et al. 13 (MG); N5, 30.IV.2015, fl. e fr., C.S. Nunes et al. 64 (MG); N8, 6°10'01"S, 50°09'29"W, 18.III.2015, fl. e fr., L.C.B. Lobato et al. 4338 (MG); Serra da Bocaina, 6°18'54"S, 49°54'34"W, 15.XII.2010, fl. e fr., N.F.O. Mota et al. 1857 (BHCB, IAN).

Scleria microcarpa caracteriza-se pela bainha trialada, contra-lígula com ápice falciforme, hipogínio com bordo inteiro e ciliolado, aquênio branco, liso, brilhante, com o estilete persistente no ápice.

Espécie com distribuição desde México ao Paraguai (Camelbeke et al. 2003Camelbeke, K.; Spruyt, K. & Goetghebeur. P. 2003. The genus Scleria (Cyperaceae) in Bolivia. Revista de la Sociedad Boliviana de Botânica 4: 139-170.). No Brasil ocorre em todos os estados e Distrito Federal (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Serra dos Carajás: Serra Norte: N1, N3, N5, N8; Serra Sul: S11A, S11D; Serra Tarzan; Serra da Bocaina. Espécie ocorre em áreas de campos brejosos e lagoas onde formam grandes populações.

12.3. Scleria secans (L.) Urb., Symb. Antill. 2(2): 169. 1900.

Schoenus secans L., Syst. Nat. 10: 865. 1759. Fig. 8j-m

Ervas perenes, ca. 5 m alt., escandentes, rizomas tuberosos. Folhas 15‒45 × 0,2‒0,4 cm; bainhas 4-26 cm compr., margens escabrosas, sem alas; lígulas presentes; contra-lígulas castanhas, ápice obtuso, apêndices membranosos no ápice presentes nas plantas jovens e caducos nas plantas maduras, ficando apenas uma margem hialina e fibrosa; lâminas foliares 11-19 cm compr., margens densamente escabrosas. Escapo ca. 4,5 × 2‒5 mm, trígono, castanho, faces adaxial e abaxial glabrescentes, margens escabrosas. Brácteas involucrais 4‒22 × 0,4-0,5 cm, nervura central e margens escabrosas; bractéolas presentes. Inflorescências paniculadas, 3‒6 cm compr., terminais e axilares; espiguetas masculinas pediceladas, lanceoloides, glumas 3‒4 × 1‒1,5 mm; estames 2; espiguetas femininas sésseis, ovoides, glumas ca. 4‒5 × 2 mm, ovadas a oval-lanceoladas, lados castanhos a vináceos, carenas verdes, ápice apiculado; hipogínio orbicular, castanho, bordo dentado. Aquênios ca. 2,5 × 1,5 mm, ovoides, brancos, lustrosos, superfície lisa, glabros a raramente pubescentes, tricomas hialinos presentes, ápice inerme, estilete persistente.

Material examinado: Canaã dos Carajás, S11A, 6°18'32"S, 50°27'25"W, 21.V.2010, fl. e fr., L.V.C. Silva et al. 905 (BHCB); S11B, 6°22'52"S, 50°23'35"W, 20.V.2010, fl. e fr., L.L. Giacomin et al. 1167 (BHCB); S11D, 6°23'49"S, 50°20'57"W, 6.XII.2007, fl. e fr., P.L. Viana et al. 3338 (BHCB); Parauapebas, N6, 3.IX.2015, fl. e fr., 6°07'51"S, 50°10'33"W, A. Gil et al. 526 (MG); Serra da Bocaina, 6°18'38"S, 49°54'9"W, 11.III.2012, fl. e fr., N.F.O. Mota et al. 2616 (BHCB).

Scleria secans pode atingir ca. 5 m ou mais de altura, escandentes em árvores. Possuem as margens das lâminas foliares fortementes escabrosas, cortantes, o que dificulta a coleta do material, contra-lígula membranácea hialina e lígula ausente.

Espécie distribui-se desde o México ao Paraguai Camelbeke et al. 2003Camelbeke, K.; Spruyt, K. & Goetghebeur. P. 2003. The genus Scleria (Cyperaceae) in Bolivia. Revista de la Sociedad Boliviana de Botânica 4: 139-170.. No Brasil ocorre em todos os estados e Distrito Federal (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Serra dos Carajás: Serra Norte: N6; Serra Sul: S11A, S11B, S11D; Serra da Bocaina. Espécie ocorre nas bordas de mata e de vegetação sobre canga couraçada.

12.4. Scleria verticillata Muhl. ex Willd., Sp. Pl. 4(1): 317. 1805. Fig. 8d-e

Ervas anuais, 31‒46 cm alt., eretas, rizomas fibrosos. Folhas 4‒25 × 0,1‒0,15 cm; bainhas 1‒4,5 cm compr., margens inermes, sem alas; lígulas ausentes; contra-lígulas castanhas, ápice arrendondado, sem apêndices membranosos no ápice; lâminas foliares 3-20,5 cm compr., margens inermes. Escapo 27‒32 × 0,1‒0,2 cm, trígono, esverdeado, glabro, margens inermes. Brácteas involucrais 6,5‒15,5 × 1-3 mm, nervura central e margens lisas; bractéolas ausentes. Inflorescência espiciforme, 1‒3 ramificações, com 1‒2 glomérulos subtendidos por uma pequena bractéola de 3‒13 cm compr.; espiguetas masculinas sésseis, localizadas internamente as espiguetas femininas, lanceoloides, glumas ca. 2‒3 × 1 mm; estames 2; espiguetas femininas sésseis e pediceladas, ovoides, glumas 2‒3 × 1‒1,5 mm, ovadas a lanceoladas, verdes com manchas vináceas, ápice apiculado; hipogínio ausente. Aquênios 1‒1,5 × 1‒1,2 mm, obovoides a cordiformes, brancos, opacos, superfície alveolada, glabros, ápice mucronado, às vezes, levemente emarginados, estilete caduco.

Material examinado: Canaã dos Carajás, S11B, 6°20'39"S, 50°25'20"W, 16.II.2010, fl. e fr., L.V.C. Silva et al. 780 (BHCB); Serra do Tarzan, 6°20'15"S, 50°9'6"W, 14.III.2009, fl. e fr., V.T. Giorni et al. 147 (BHCB); Parauapebas, N3, 28.IV.2015, fl. e fr., C.S. Nunes et al. 33 (MG); Serra da Bocaina, 6°18'53"S, 49°54'42"W, 8.III.2012, fl. e fr., A.J. Arruda et al. 630 (BHCB).

Scleria verticillata apresenta pequeno porte quando comparadas às demais espécies do gênero, conta com inflorescências espiciformes simples, com espiguetas sésseis, agrupadas em glomérulos, aquênios brancos, obovados com superfícies alveolados.

Espécie distribui-se desde o sul dos Estados Unidos ao Brasil (Camelbeke & Goetghebeur 1998Camelbeke, K. & Goetghebeur, P. 1998. Scleria. In: Berry, P.E.; Yatskievych, K. & Holst, B.K. (eds.). Flora of the Venezuelan Guayana. Vol. 4. Missouri Botanical Garden Press, Saint Louis. Pp. 486-663.). No Brasil ocorre nas regiões Norte (RR, TO), Nordeste (BA, MA, PI, SE), Centro-Oeste (GO) e Sudeste (MG) (BFG 2015BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Serra dos Carajás: Serra Norte: N3; Serra Sul: S11B; Serra do Tarzan; Serra da Bocaina. Espécie ocorre em vegetação rupestre ferrífera e campos brejosos.

Lista de exsicatas

  • Almeida, T.E. 2459 (12.3), 2461 (12.3); Arruda, A.J. 192 (3.3), 440 (2.1), 442 (11.6), 477 (11.4), 611 (2.2), 627 (11.6), 628 (2.1), 630 (12.4), 641 (11.1), 653 (11.11), 655 (2.2), 683 (11.9), 688 (11.10), 689 (11.2), 698 (11.11), 732 (4.4), 740 (12.1), 744 (11.5), 744 (11.5), 792 (3.3), 840 (11.1), 840 (11.1), 878 (2.1), 883 (9.1), 897 (11.1), 908 (11.11), 908 (11.11), 911 (4.7), 911 (4.7), 913 (4.2), 913 (4.2), 914 (4.4), 939 (11.1), 969 (11.2), 970 (3.6), 1014 (11.11), 1025 (2.1), 1032 (4.7), 1042 (12.2), 1047 (4.7), 1064 (4.4), 1064 (4.4), 1068 (4.7), 1080 (4.1), 1087 (4.7), 1087 (4.7), 1089 (4.4), 1091 (4.7), 1115 (4.7), 1191 (4.4), 1197 (4.4), 1254 (3.3), 1381 (11.11); Bastos, M.N.C. 488 (11.1); Berg, C.C. 463 (2.3), 506 (2.1); Carreira, L.M.M. 1056 (4.7), 1065 (4.3); Cavalcante, P.B. 2130 (11.2), 2612 (11.1); Chaves, P.P. 14 (3.5), 24 (2.2); Costa, F.M. 99 (11.2); Costa, L.V.C 529 (2.4), 549 (10.1), 597 (2.3), 639 (2.3), 970 (11.5), 99 (11.2); Cruz, A.P.O. 22 (11.10), 29 (10.1); Daly, D.C. 1766 (2.1), 1769 (3.3), 1972 (11.2), 1974 (11.1), 1977 (11.5), 1979 (11.5), 1982 (7.2), 1984 (3.1), 1985 (2.1), 1988 (3.6), 1989 (7.2), 1996 (11.6), 1999 (3.3), 2000 (3.1); Giacomin, L.L. 1167 (12.3); Gil, A. 470 (4.7), 524 (11.3), 526 (12.3); Giorni, V.T. 87 (4.2), 96 (11.2), 103 (3.6), 135 (11.6), 147 (12.4), 149 (4.2), 150 (11.9), 201 (2.1), 1473 (4.4); Gontijo, F.D. 120 (3.4.); Harley, R.M. 57128 (4.7), 57144 (11.11); Lobato, L.C.B. 3767 (11.11), 3768 (2.2), 3770 (2.1), 3771 (3.3), 3772 (11.4), 3785 (4.4), 3786 (11.1), 3787 (11.5), 3827 (11.6), 3828 (3.3), 3829 (4.4), 3874 (11.6), 3875 (11.2), 3876 (11.9), 3902 (4.7), 4316 (11.9), 4322 (11.2), 4338 (12.2), 4341 (2.1), 4351 (11.2), 4369 (11.11), 4374 (11.2), 4407 (2.1), 4418 (8.1), 4424 (12.1); Mayer, P.B. 1137 (12.2), 1140 (4.7), 1156 (3.3), 1159 (11.9), 1160 (11.9), 1174 (2.1), 1179 (4.7), 1188 (4.4), 1247 (11.8), 1589 (2.1); Mota, N.F.O. 1131 (11.9), 1141 (12.1), 1155 (2.2), 1187 (2.2), 1855 (11.6), 1857 (12.2), 1860 (3.1), 1862 (3.3), 1864 (2.2), 1875 (11.1), 1878 (2.2), 1892 (2.1), 1911 (11.11), 1930 (4.4), 1937 (3.3), 1939 (3.4.), 1940 (3.1), 2013 (11.1), 2014 (2.1), 2547 (11.5), 2555 (4.2), 2557 (4.3), 2572 (4.4), 2616 (12.3), 2619 (4.1), 2620 (4.4); Nascimento, O.C. 962 (11.2), 1060 (11.11),1061 (3.1), 1064 (11.3), 1157 (11.5); Nunes, C.S. 8 (3.3), 9 (4.7), 11 (11.11), 13 (12.2), 15 (11.11), 17 (3.3), 18 (3.3), 19 (11.11), 21 (11.9), 22 (3.6), 23 (3.1), 24 (2.2), 25 (2.1), 26 (3.5), 27 (11.5), 28 (11.9), 30 (3.3), 31 (3.3), 33 (12.1), 33 (4.2), 34 (4.2), 35 (4.7), 36 (11.9), 37 (3.3), 38 (3.3), 41 (3.6), 42 (4.1), 45 (11.1), 45 (11.1), 46 (12.1), 47 (11.5), 49 (11.9), 50 (4.2), 51 (3.1), 52 (3.6), 53 (3.3), 54 (2.1), 56 (11.9), 57 (2.2), 59 (3.1), 62 (11.11), 63 (11.9), 64 (12.2), 65 (4.2), 66 (11.9), 68 (11.5), 69 (3.3), 71 (11.10), 72 (2.1), 74 (3.3), 75 (3.5), 76 (5.2), 77 (5.1), 79 (2.2); Pivari, M.O. 1465 (3.3), 1473 (4.4), 1479 (11.6), 1481 (11.5), 1482 (3.4.), 1490 (2.2), 1491 (11.9), 1493 (3.1), 1497 (11.5), 1505 (11.5), 1517 (4.7), 1528 (11.2), 1537 (11.6), 1563 (11.5), 1575 (11.5), 1590 (11.9), 1590 (11.9), 1594 (4.3), 1681 (7.2); Ribeiro, R.D. 1322 (11.2), 1341 (3.3); Rocha, J.B.P. 751 (4.4); Rosa, N.A. 4693 (11.9); Santos, R.S. 126 (11.2), 127 (2.1); Secco, R.S. 149 (3.6), 150 (2.1), 154 (11.2), 190 (3.1), 231 (11.9), 249 (4.4), 253 (11.5), 429 (11.5), 427 (11.1), 435 (11.2), 435 (11.8), 532 (4.3), 694 (2.4), 596 (2.1), 677 (2.3); Silva, A.S.L. da 644 (2.1), 714 (2.1), 835 (2.1), 837 (2.1), 1814 (4.2), 1843 (11.2), 1845 (11.9), 1853 (4.1), 1857 (4.4), 1858 (10.1), 1880 (2.1), 1884 (11.5), 1903 (11.9), 1918 (4.2), 1997 (11.1, holótipos, isótipos); Silva, J.P. 687 (11.5), 767 (3.5); Silva, L.V.C. 553 (11.8), 553 (11.8), 554 (11.4), 576 (11.2), 578 (4.4), 606 (12.1), 635 (11.6), 678 (11.2), 717 (11.2), 730 (12.2), 766 (12.1), 771 (12.2), 780 (12.4), 808 (11.10), 820 (12.2), 823 (11.2), 839 (11.1), 905 (12.3), 922 (11.4), 951 (11.7), 970 (11.5), 971 (11.2), 1001 (3.7), 1046 (11.5), 1049 (4.2), 1050 (11.5), 1054 (3.3), 1095 (2.2), 1136 (11.9), 1236 (4.7), 1294 (3.2); Silva, M.F.F. da 2458 (11.4); Silva, M.G. da 2905 (11.2), 3020 (11.1); Sperling, C.R. 5615 (11.9), 5622 (11.2), 5646 (11.9), 5649 (2.1), 5830 (4.7), 6169 (3.3); Trindade, J.R. 227 (11.3); Viana, P.L. 3338 (12.3), 3361 (2.4), 3362 (3.8), 3365 (3.3), 3368 (2.1), 3370 (11.2), 3370 (11.2), 3372 (11.5), 3383 (12.2), 3384 (11.4), 3408 (4.4), 3411 (4.3), 3418 (11.6), 3426 (7.1), 3431 (4.4), 3451 (11.10), 3454 (3.9), 3790 (2.1), 4036 (11.2), 4041 (4.4), 4043 (11.10), 4044 (11.9), 4081 (2.1), 4084 (11.2), 4114 (4.4), 4151 (4.3), 4153 (4.1), 5305 (2.1), 5310 (11.1), 5327 (2.1), 5613 (11.1), 5614 (2.1), 5616 (11.5), 5640 (2.1), 5650 (11.10), 5684 (12.2).

Agradecimentos

Agradecemos ao Museu Paraense Emílio Goeldi e ao Instituto Tecnologico Vale, a estrutura e o apoio fundamental ao desenvolvimento desse trabalho. Ao CNPq, a bolsa de Pós Graduação e Programa de Capacitação Institucional (MPEG/MCTI) concedida à primeira autora. Aos curadores dos herbários BHCB, IAN, INPA, MG e RB, o acesso aos materiais examinados. Ao ICMBio, especialmente ao senhor Frederico Drumond Martins, a licença de coleta concedida e as importantes informações fornecidas. Ao projeto objeto do convenio MPEG/ITV/FADESP (01205.000250/2014-10) e ao projeto aprovado pelo CNPq (processo 455505/2014-4), o financiamento. Ao Dr. Aluísio Fernandes Jr., a contribuição no manuscrito Ao Me. João Silveira e a Silvia Cordeiro, a confecção das ilustrações.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    2016

Histórico

  • Recebido
    05 Maio 2016
  • Aceito
    31 Out 2016
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