Acessibilidade / Reportar erro

Flora das cangas da Serra dos Carajás, Pará, Brasil: Pterobryaceae

Flora of the cangas of Serra dos Carajás, Pará, Brazil: Pterobryaceae

Resumo

Este estudo apresenta um tratamento taxonômico para Pterobryaceae registrada nas áreas de canga na Serra dos Carajás, no estado do Pará, incluindo a descrição detalhada, ilustração e comentários morfológicos sobre a espécie Orthorrhynchidium planifrons, única registrada na área de estudo.

Palavras-chave:
Brioflora; FLONA Carajás; musgos; taxonomia

Abstract

This study presents a taxonomic treatment for Pterobryaceae recorded in the areas of cangas in Serra dos Carajás, Pará state, including a detailed description, illustration and morphologic comment on the species Orthorrhynchidium planifrons, the only one recorded in the study area.

Key words:
Bryoflora; FLONA Carajás; mosses; taxonomy

Pterobryaceae

Pterobryaceae Kindb. reúne musgos pleurocárpicos representados por 10 gêneros e aproximadamente 35 espécies distribuídas no Neotrópico (Gradstein et al. 2001Gradstein SR, Churchill SP & Salazar-Allen N (2001) Guide to the Bryophytes of tropical America. Memoirs of the New York Botanical Garden 86: 1-577.). No Brasil, ocorrem 10 gêneros e 15 espécies (Vilas Bôas-Bastos & Bastos 2016Vilas Bôas-Bastos SB, Bastos CJP (2016) Pterobryaceae Kindb. (Bryophyta) do Brasil. Pesquisas, Botânica 69: 13-71.). Suas espécies são caracterizadas pelo hábito dendróide ou pendente, com filídios côncavos de costa simples, células fortemente porosas, presença de pseudoparáfilia unisseriada e gemas (Sharp et al. 1994Sharp AJ, Crum HA & Eckel PM (1994) The moss flora of Mexico. Memoirs of the New York Botanical Garden 69: 1-1113.; Gradstein et al. 2001Gradstein SR, Churchill SP & Salazar-Allen N (2001) Guide to the Bryophytes of tropical America. Memoirs of the New York Botanical Garden 86: 1-577.; Vilas Bôas-Bastos & Bastos 2016Vilas Bôas-Bastos SB, Bastos CJP (2016) Pterobryaceae Kindb. (Bryophyta) do Brasil. Pesquisas, Botânica 69: 13-71.). Nas cangas da Serra dos Carajás foi registrada uma espécie do gênero Orthorrhynchidium Renauld & Cardot.

1. Orthorrhynchidium Renauld & Cardot

É um gênero monoespecífico de distribuição pantropical (Vilas Bôas-Bastos & Bastos 2016Vilas Bôas-Bastos SB, Bastos CJP (2016) Pterobryaceae Kindb. (Bryophyta) do Brasil. Pesquisas, Botânica 69: 13-71.). As características que o separam dos demais gêneros da família são filídios conspicuamente complanados, sendo os laterais conduplicados (uma das margens dobrada sobre a lâmina) com o ápice galeado e cápsula exserta (Vilas Bôas-Bastos & Bastos 2016Vilas Bôas-Bastos SB, Bastos CJP (2016) Pterobryaceae Kindb. (Bryophyta) do Brasil. Pesquisas, Botânica 69: 13-71.).

1.1. Orthorrhynchidium planifrons (Renauld & Paris) Renauld & Cardot, Suppl. Prodr. F. Bryol. Madagascar 72. 16 f. 2. 1909.

Garovaglia planifrons Renauld & Paris, Revue Bryologique 29: 7. 1902.Fig. 1a-d

Figura 1
a-d. Orthorrhynchidium planifrons – a. hábito; b. filídios; c. esquema de um hábito; d. ápice do filídio.
Figure 1
a-d. Orthorrhynchidium planifrons – a. habit; b. leaf; c. scheme of a habit; d. leaf apex.

Plantas verde-amareladas, 2-6 cm de comprimento. Caulídio com ramos secundários eretos, simples ou irregularmente ramificados, até dendroide-flexuoso. Filídios complanados, côncavos, ovalado-lanceolados a oblongo-lanceolados, 0,8-1×0,2-0,3 mm, em geral conduplicados, com margem recurvada a dobrada até 2/3 do comprimento da lâmina, ápice galeado, agudo a curto-acuminado, costa simples, subpercurrente, 2/3-3/4 da lâmina, margens ±inteiras e fracamente serreadas perto do ápice. Células medianas lisas, porosas, longo-romboidais a fusiformes, 25-43 × 5-8 µm, células alares pouco diferenciadas.

Material examinado: Parauapebas, N2, 31.III.1993, C.S. Rosário & J.S. Ramos 880 (MG).

Essa espécie é reconhecida pelo hábito com ramo primário prostrado e ramos secundários simples a ramificados, com filídios visivelmente complanados. Orthorrhynchidium planifrons é um nome legitimado, antes a espécie era conhecida como Calyptothecium planifrons, registrada pela primeira vez na Amazônia brasileira por Reese (1985)Reese W (1985) Tropical lowland mosses disjunct between Africa and the Americas, including Calyptothecium planifrons (Ren. & Par.) Argent, new to the western hemisphere. Acta Amazônica 15: 115-121.. Essa espécie foi identificada por Moraes & Lisboa (2006)Moraes ENR & Lisboa RCL (2006) Musgos (Bryophyta) da Serra dos Carajás, estado do Pará, Brasil. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, série Ciências Naturais, Belém 1: 39-68., no município de Parauapebas, na canga da mina N2, na margem direita da mina de brita, sobre tronco vivo.

Pantropical. No Brasil: AL, MT, PA, PE, RO. Serra dos Carajás: Serra Norte: N2.

  • Lista de exsicatas
    Rosário CS & Ramos JS 880 (1.1), 826 (1.1).
  • Editor de área: Dr. Alexandre Salino

Agradecimentos

Agradecemos ao Museu Paraense Emílio Goeldi e Instituto Tecnológico Vale, a infraestrutura e demais apoios fundamentais para o desenvolvimento deste trabalho, assim como à Dra. Ana Maria Giulietti Harley e ao Dr. Pedro Viana, coordenadores do projeto conveniado MPEG/ITV/FADESP (01205.000250/2014-10) e ao projeto aprovado pelo CNPq (processo 455505/2014-4), o financiamento; ao ICMBio, em especial ao biólogo Frederico Drumond Martins, a licença de coleta concedida e suporte nos trabalhos de campo; ao CNPq, a bolsa de Iniciação Científica concedida ao primeiro autor e a bolsa de Produtividade em Pesquisa concedida à segunda autora.

Referências

  • Gradstein SR, Churchill SP & Salazar-Allen N (2001) Guide to the Bryophytes of tropical America. Memoirs of the New York Botanical Garden 86: 1-577.
  • Moraes ENR & Lisboa RCL (2006) Musgos (Bryophyta) da Serra dos Carajás, estado do Pará, Brasil. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, série Ciências Naturais, Belém 1: 39-68.
  • Reese W (1985) Tropical lowland mosses disjunct between Africa and the Americas, including Calyptothecium planifrons (Ren. & Par.) Argent, new to the western hemisphere. Acta Amazônica 15: 115-121.
  • Sharp AJ, Crum HA & Eckel PM (1994) The moss flora of Mexico. Memoirs of the New York Botanical Garden 69: 1-1113.
  • Vilas Bôas-Bastos SB, Bastos CJP (2016) Pterobryaceae Kindb. (Bryophyta) do Brasil. Pesquisas, Botânica 69: 13-71.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Sep 2017

Histórico

  • Recebido
    07 Abr 2017
  • Aceito
    27 Abr 2017
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Rua Pacheco Leão, 915 - Jardim Botânico, 22460-030 Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Tel.: (55 21)3204-2148, Fax: (55 21) 3204-2071 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: rodriguesia@jbrj.gov.br