Flora das cangas da Serra dos Carajás, Pará, Brasil: Lindsaeaceae

Flora of the cangas of Serra dos Carajás, Pará, Brazil: Lindsaeaceae

Resumo

Este estudo trata os táxons de Lindsaeaceae registrados nas cangas da Serra dos Carajás, estado do Pará, com descrições, ilustração, distribuição geográfica e comentários. Na área estudada apenas Lindsaea lancea foi registrada.

Palavras-chave:
Amazônia; Lindsaea; rocha ferruginosa; samambaias; taxonomia

Abstract

This study treats Lindsaeaceae taxa recorded on cangas of Serra dos Carajás, Pará state, with descriptions, illustration, geographical distribution, and comments. In the study area only Lindsaea lancea was recorded.

Key words:
Amazonia; Lindsaea; ironstone; ferns; taxonomy

Lindsaeaceae

Lindsaeaceae C.Presl ex M.R.Schomb. é uma família monofilética, com sete gêneros e cerca de 234 espécies (PPG I 2016), possui distribuição pantropical, com algumas espécies estendendo-se à regiões subtropicais na América do Sul, leste da Ásia e Nova Zelândia (Lehtonen et al. 2010). São plantas terrícolas ou menos comumente rupícolas; caule curto a longo-reptante, geralmente protostélico, ocasionalmente solenostélico, com escamas ou tricomas; lâmina 1-3-pinada ou mais decomposta, quase sempre glabra; venação geralmente livre, eventualmente anastomosada; soros marginais ou submarginais, com indúsio extrorso (Smith et al. 2006). No Brasil ocorre apenas um gênero (já que Lonchitis L. está sendo tratado em Lonchitidaceae Doweld; vide PPG I 2016) e 30 espécies (Prado et al. 2015).

1. Lindsaea Dryand. ex Sm.

Plantas terrícolas, raramente rupícolas. Caule curto a longo-reptante, com escamas. Pecíolo paleáceo, esverdeado, castanho ou avermelhado, glabro, comumente quadrangular. Lâmina 1-2-pinada, segmentos frequentemente dimidiados, venação livre, raramente anastomosada, sem falsas vênulas. Soros submarginais, em linhas contínuas ou interrompidas, paráfises comumente presentes. Gênero pantropical, monofilético (Lehtonen et al. 2010), com cerca de 180 espécies (PPG I 2016). Das 30 espécies conhecidas no Brasil, 25 ocorrem na região norte do país (Prado et al. 2015). Na Serra dos Carajás foram registradas quatro espécies (Arruda 2014), das quais apenas uma ocorre em formações rupestres de canga.

1.1. Lindsaea lancea (L.) Bedd., Suppl. Ferns S. Ind. 6. 1876.

Adiantum lancea L., Sp. Pl., ed. 2, 1557. 1763. Fig. 1

Figura 1
Lindsaea lancea – hábito (Pietrobom et al. 6584).
Figure 1
Lindsaea lancea. – habit (Pietrobom et al. 6584).

Plantas terrícolas ou rupícolas. Caule curto a longo-reptante, com escamas lanceoladas. Frondes monomorfas, eretas, 15-45 cm compr.; pecíolo paleáceo, esverdeado ou castanho, quadrangular, glabro; lâmina 1-2-pinada, pinas ou pínulas dimidiadas, comumente subtrapeziformes, eventualmente semilunadas, glabras, segmento terminal hastado, margens inteiras a levemente onduladas; venação livre, furcada. Soros submarginais, contínuos; indúsio membranáceo.

Material selecionado: Canaã dos Carajás, S11D, 06°23'28"S, 50°19'04"W, 610 m, 26.I.2012, A.J. Arruda et al. 484 (BHCB). Parauapebas, Águas Claras, 06°10'23"S, 50°21'08"W, 423 m, 26.III.2012, A.J. Arruda et al. 867 (BHCB).

Material adicional examinado: BRASIL. PARÁ: Melgaço/Portel, Floresta Nacional de Caxiuanã, grade do PPBio, 01°58'41"S, 51°31'48"W, 14.I.2007, M.R. Pietrobom et al. 6584 (MG).

Dentre as espécies congenéricas que ocorrem na Serra dos Carajás, Lindsaea lancea pode ser confundida com L. divaricata Klotzsch, contudo, L. lancea possui raque e pecíolo paleáceos, esverdeados ou castanhos, enquanto L. divaricata possui raque e pecíolo fortemente avermelhados.

Espécie com distribuição neotropical, ocorrendo nas Antilhas, Belize, Bolívia, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Equador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Suriname, Trindade e Tobago e Venezuela (Mickel & Smith 2004). No Brasil está amplamente distribuída, ocorrendo em todos os estados (Prado et al. 2015). Serra dos Carajás: Serra Sul, Águas Claras. Na Serra dos Carajás, foi colatada na Serra Sul: S11D e no córrego de Águas Claras. Ocorre no interior e na borda da mata, em encostas e barrancos, comumente associada à solos encharcados, entre 400-750 m de altitude.

• Lista de exsicatas
  Arruda AJ 484 (1.1); 576 (1.1); 621 (1.1); 669 (1.1); 867 (1.1); 964 (1.1). Pietrobom MR 6584 (1.1).
• Editora de área: Dra. Thaís Almeida

Agradecimentos

Agradecemos ao CNPq, a bolsa DTI-B concedida a J. Pallos (proc. 380559/2016-1), a bolsa PCI-DB concedida a L.A.A. Góes-Neto (proc. 300008/2017-1), bem como a bolsa de Produtividade a A. Salino (proc. 306868/2014-8). A Carlos Alvarez, a confecção da ilustração. Ao projeto objeto do convênio MPEG/ITV/FADESP (proc. 01205.000250/2014-10) e ao projeto aprovado pelo CNPq (proc. 455505/2014-4), o financiamento.

Referências

• Arruda AJ (2014) Samambaias e licófitas das serras ferruginosas da Floresta Nacional de Carajás, Pará, Brasil. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. 224p.
• Lehtonen S, Tuomisto H, Rouhan G & Christenhusz MJM (2010) Phylogenetics and classification of the pantropical fern family Lindsaeaceae. Botanical Journal of the Linnean Society 163: 305-359.
• Mickel JT & Smith AR (2004). Lindsaea. In: Mickel JT & Smith AR (eds.) The Pteridophytes of Mexico. Memoirs of The New York Botanical Garden, New York. Pp. 364-368.
• PPG I (2016) A community-derived classification for extant lycophytes and ferns. Journal of Systematics and Evolution 54: 563-603.
• Prado J, Sylvestre LS, Labiak PH, Windisch PG, Salino A, Barros ICL, Hirai RY, Almeida TE, Santiago ACP, Kieling-Rubio MA, Pereira AFN, Øllgaard B, Ramos CGV, Mickel JT, Dittrich VAO, Mynssen CM, Schwartsburd PB, Condack JPS, Pereira JBS & Matos FB (2015) Diversity of ferns and lycophytes in Brazil. Rodriguésia. 66: 1073-1083.
• Smith AR, Pryer KM, Schuettpelz E, Korall P, Schneider H & Wolf PG (2006) A classification for extant ferns. Taxon 55: 705-731.

Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  Jul-Sep 2017

Histórico

• Recebido
  30 Mar 2017
• Aceito
  04 Maio 2017