Acessibilidade / Reportar erro

Flora das cangas da Serra dos Carajás, Pará, Brasil: Ophioglossaceae

Flora of the canga of Serra dos Carajás, Pará, Brazil: Ophioglossaceae

Resumo

Este estudo trata dos táxons de Ophioglossaceae encontrados nas formações ferríferas da Serra dos Carajás, estado do Pará, com descrições, ilustrações, distribuição geográfica e comentários. Na área estudada foi registrada apenas Ophioglossum nudicaule. Este constitui o primeiro registro de Ophioglossaceae para o estado do Pará.

Palavras-chave:
Palavras-chave:; Amazônia; flora; Ophioglossum; samambaias eusporangiadas; taxonomia

Abstract

This study addressed the Ophioglossaceae species recorded in the ferruginous formations of the Serra dos Carajás, Pará state, with descriptions, illustrations, geographical distribution, and comments. In the studied area only one species was registered: Ophioglossum nudicaule. This is the first record of Ophioglossaceae for the state of Pará.

Key words:
Amazonia; flora; Ophioglossum; eusporangiate ferns; taxonomy

Ophioglossaceae

Plantas terrícolas, rupícolas ou epífitas. Caule ereto ou reptante, carnoso, glabro ou com escamas no ápice. Folhas contínuas com o caule, eretas ou pendentes, vernação conduplicada, hemidimorfas; lâmina dividida em porção estéril e porção fértil, glabras ou pubescentes; porção estéril inteira, palmatilobada ou 2-pinado-pinatífida a 3-pinado-pinatífida com venação livre ou anastomosada; porção fértil inserida na base do pecíolo ou na base da lâmina, inteira a 3-4-pinada; esporângios sésseis ou subsésseis, em duas fileiras, com paredes espessas, ligados lateralmente formando um sinângio; ânulo ausente; esporos triletes, globosos a tetraédricos, aclorofilados. Ophioglossaceae é uma família de samambaias eusporangiadas, cosmopolita, e formada por 10 gêneros e 112 espécies (PPG I 2016PPG I - The Pteridophyte Phylogeny Group (2016) A community-derived classification for extant lycophytes and ferns. Journal of Systematics and Evolution 54: 563-603.). No Brasil ocorrem quatro gêneros e seis espécies (Prado et al. 2015Prado J, Sylvestre LS, Labiak PH, Windisch PG, Salino A, Barros ICL, Hirai RY, Almeida TE, Santiago ACP, Kieling-Rubio MA, Pereira AFN, Øllgaard B, Ramos CGV, Mickel JT, Dittrich VAO, Mynssen CM, Schwartsburd PB, Condack JPS, Pereira JBS & Matos FB (2015) Diversity of ferns and lycophytes in Brazil. Rodriguésia 66: 1073-1083.) e apenas uma espécie no Pará, aqui registrada pela primeira vez para o estado.

1. Ophioglossum L.

Plantas terrícolas ou rupícolas. Raízes suculentas, espessadas, sem ramificação, ou raramente com ramificações prolíferas. Caule ereto ou curto-reptante, globoso ou cilíndrico, glabro. Frondes solitárias ou poucas por caule, glabras; porção estéril séssil ou curto-peciolada, inteira com nervuras anastomosadas; porção fértil uma por fronde, e inserida na base da porção estéril, constituída por um pedicelo e por esporângios ligados lateralmente formando uma espiga sinangial. Ophioglossum é um gênero cosmopolita com 41 espécies (PPG I 2016PPG I - The Pteridophyte Phylogeny Group (2016) A community-derived classification for extant lycophytes and ferns. Journal of Systematics and Evolution 54: 563-603.), das quais três ocorrem no Brasil (Prado et al. 2015Prado J, Sylvestre LS, Labiak PH, Windisch PG, Salino A, Barros ICL, Hirai RY, Almeida TE, Santiago ACP, Kieling-Rubio MA, Pereira AFN, Øllgaard B, Ramos CGV, Mickel JT, Dittrich VAO, Mynssen CM, Schwartsburd PB, Condack JPS, Pereira JBS & Matos FB (2015) Diversity of ferns and lycophytes in Brazil. Rodriguésia 66: 1073-1083.) e uma no Pará.

1.1. Ophioglossum nudicaule L.f., Suppl. Pl. 443. 1782. Fig. 1

Figura 1
Ophioglossum nudicaule - frondes (N.F.O. Mota 1909).
Figure 1
Ophioglossum nudicaule - fronds (N.F.O. Mota 1909).

Plantas terrícolas; caule 2-3mm diâm, cilíndrico, ereto. Frondes 3,3-5,3 cm compr., eretas, 1-5 por caule; pecíolo 0,3-1,5 cm compr., paleáceo; porção estéril da lâmina 0,35-1 × 0,25-0,6 cm., patente ou ascendente, papirácea a cartácea, elíptica a ovada, ápice agudo a acuminado, base cuneada a atenuada, margem inteira a ondulada; nervuras com aréolas primárias e secundárias, as primárias oblongas com vênulas livres inclusas; porção fértil 2,9-4,6 cm compr., excedendo a altura da lâmina; espiga sinangial 0,24-0,9 cm compr.

Material examinado: Parauapebas, Serra do Rabo - Leste, 6°17'03''S, 49°55'02''W, 725 m, 16.XII.2010, N.F.O. Mota et al. 1909 (BHCB).

Ophioglossum nudicaule difere das demais espécies de Ophioglossum ocorrentes no Brasil pelas nervuras formando aréolas primárias e secundárias. A ocorrência de O. nudicaule na Serra de Carajás constitui o primeiro registro de Ophioglossaceae para o estado do Pará.

Sudeste dos Estados Unidos, México, América Central, Cuba, Haiti, República Dominicana, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname, Guiana Francesa, Equador, Peru, Bolívia, Brasil, Argentina, África, Ásia tropical, Austrália e Havaí (Clausen 1938Clausen RT (1938) A monograph of the Ophioglossaceae. Memoirs of the Torrey Botanical Club 19: 1-177.; Mickel & Smith 2004Mickel JT & Smith AR (2004) The pteridophytes of Mexico. Memoirs of the New York Botanical Garden 88: 1-1054.). Brasil: AC, BA, DF, GO, MG, MS, PB, PR, RJ, RS, SC, SP (Prado et al. 2015Prado J, Sylvestre LS, Labiak PH, Windisch PG, Salino A, Barros ICL, Hirai RY, Almeida TE, Santiago ACP, Kieling-Rubio MA, Pereira AFN, Øllgaard B, Ramos CGV, Mickel JT, Dittrich VAO, Mynssen CM, Schwartsburd PB, Condack JPS, Pereira JBS & Matos FB (2015) Diversity of ferns and lycophytes in Brazil. Rodriguésia 66: 1073-1083.). Serra de Carajás: Serra da Bocaina. Ocorre em campo úmido na canga, a 725 m de altitude.

  • Lista de exsicatas
    Mota NFO 1909 (1.1).
  • Editora de área: Dra. Thaís Almeida

Agradecimentos

Ao CNPq, a bolsa de Produtividade para A. Salino (proc. 306868/2014-8). Ao MPEG/ITV/FADESP (01205.000250/2014-10) e ao CNPq (processo 455505/2014-4), os financiamentos. A Lucas Lima, a elaboração da ilustração.

Referências

  • Clausen RT (1938) A monograph of the Ophioglossaceae. Memoirs of the Torrey Botanical Club 19: 1-177.
  • Mickel JT & Smith AR (2004) The pteridophytes of Mexico. Memoirs of the New York Botanical Garden 88: 1-1054.
  • Prado J, Sylvestre LS, Labiak PH, Windisch PG, Salino A, Barros ICL, Hirai RY, Almeida TE, Santiago ACP, Kieling-Rubio MA, Pereira AFN, Øllgaard B, Ramos CGV, Mickel JT, Dittrich VAO, Mynssen CM, Schwartsburd PB, Condack JPS, Pereira JBS & Matos FB (2015) Diversity of ferns and lycophytes in Brazil. Rodriguésia 66: 1073-1083.
  • PPG I - The Pteridophyte Phylogeny Group (2016) A community-derived classification for extant lycophytes and ferns. Journal of Systematics and Evolution 54: 563-603.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan-Mar 2018

Histórico

  • Recebido
    05 Jun 2017
  • Aceito
    24 Out 2017
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Rua Pacheco Leão, 915 - Jardim Botânico, 22460-030 Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Tel.: (55 21)3204-2148, Fax: (55 21) 3204-2071 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: rodriguesia@jbrj.gov.br