Acessibilidade / Reportar erro

Flora das cangas da Serra dos Carajás, Pará, Brasil: Orchidaceae

Flora of the canga of the Serra dos Carajás, Pará, Brazil: Orchidaceae

Resumo

Foram encontrados 22 gêneros e 26 espécies de Orchidaceae nas cangas da Serra de Carajás, Pará, Brasil. São apresentados neste estudo descrições, comentários e ilustrações das espécies.

Palavras-chave:
Amazônia; FLONA Carajás; orquídea; taxonomia

Abstract

Twenty two genera and 26 species of Orchidaceae were found in the canga of the Serra dos Carajás, Pará State, Brazil. Descriptions, comments and illustrations of the species are presented.

Key words:
Amazônia; FLONA Carajás; orchid; taxonomy

Orchidaceae

Orchidaceae Juss. é uma das maiores famílias de angiospermas com aproximadamente 28.000 espécies, distribuídas em 736 gêneros que se encontram alocados em cinco subfamílias: Apostasioideae, Cypripedioideae, Vanilloideae, Orchidoideae e Epidendroideae (Chase et al. 2015Chase MW, Cameron KM, Freudenstein JV, Pridgeon AM, Salazar G, van den Berg C & Schuiteman A (2015) An updated classification of Orchidaceae. Botanical Journal of the Linnean Society 177: 151-174.; The Plant List 2017The Plant List (2017) Version 1.1. Publicado na Internet. Disponível em <http://www.theplantlist.org/> Acesso em 25 setembro 2017.
http://www.theplantlist.org/...
). Espécies de Orchidaceae são herbáceas, com as mais variadas formas de crescimento, tamanho, coloração e ornamentações de labelo (Dressler 1993Dressler RL (1993) Phylogeny and classification of the orchid Family Dioscorides Press, Portland. 316p.; Pridgeon et al. 1999Pridgeon AM, Cribb PJ, Chase MW & Rasmussen FN (1999) Genera Orchidacearum. Vol. 1. General introduction, Apostasioideae, Cypripedioideae. Oxford University Press Inc., Oxford. 240p., 2001Pridgeon AM, Cribb PJ, Chase MW & Rasmussen FN (2001) Genera Orchidacearum. Vol. 2. Orchidoideae (Part I). Oxford University Press Inc., Oxford. 464p., 2003Pridgeon AM, Cribb PJ, Chase MW & Rasmussen FN (2003) Genera Orchidacearum. Vol. 3. Orchidoideae (Part II), Vanilloideae. Oxford University Press Inc., Oxford. 400p., 2005Pridgeon AM, Cribb PJ, Chase MW & Rasmussen FN (2005) Genera Orchidacearum. Vol. 4. Epidendroideae (Part I). Oxford University Press Inc., Oxford. 696p., 2010). A família possui distribuição cosmopolita não habitando apenas áreas dos pólos e desertos (Govaerts et al. 2017Govaerts R, Bernet P, Kratochvil K, Gerlach G, Carr G, Alrich P, Pridgeon AM, Pfahl J, Campacci MA, Baptista DH, Tigges H, Shaw J, Cribb P, George A, Kreuz K & Wood J (2017) World checklist of Orchidaceae. Facilitated by the Royal Botanic Gardens, Kew. Disponível em <http://apps. kew.org/wcsp/> Acesso em 23 setembro 2017.
http://apps. kew.org/wcsp/...
; Tropicos 2017Tropicos (2017) Missouri Botanical Garden. Disponível em <http://www.tropicos.org>. Acesso em 25 setembro 2017.
http://www.tropicos.org...
). No Brasil, encontra-se representada por 221 gêneros e 2.497 espécies, distribuídas por todas as formações vegetacionais do país (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Atualmente, para o estado do Pará, são registradas 411 espécies e 106 gêneros (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Para a Serra dos Carajás Silveira et al. (1995)Silveira EC, Cardoso ALR, IIlkiu-Borges AL & Atzingen N (1995) Flora Orquidológica da Serra dos Carajás, estado do Pará. Boletim Museu Paraense Emilio Goeldi, série Botânica 11: 75-87. registraram 55 gêneros e 118 espécies, abrangendo todas as fitofisionomias presentes na FLONA, entretanto, grande parte destes materiais não foram localizados nas coleções consultadas. Também, alguns espécimes, mesmo que presentes nas coleções consultadas não foram considerados neste tratamento devido ao estado de conservação deteriorado das flores, não sendo possível a confirmação das espécies. Contudo, no presente trabalho, registra-se 22 gêneros e 26 espécies de Orchidaceae para as cangas da Serra dos Carajás.

    Chave de identificação dos gêneros de Orchidaceae das cangas da Serra dos Carajás
  • 1. Plantas terrícolas ou rupícolas.......................................................................................................... 2

    • 2....................................................................................................... Cauloma espessado em pseudobulbo.............. 3

      • 3............................................................................................................................ Inflorescência lateral.............. 4

        • 4.......................................................................... Inflorescência 26,5-65,5 cm compr.; 6-flora.............. 2. Catasetum

        • 4'............................................................................. Inflorescência 93-98 cm compr.; 18-flora.............. 4. Cyrtopodium

      • 3'....................................................................................................................... Inflorescência terminal.............. 7. Epidendrum

    • 2'............................. Cauloma não espessado em pseudobulbo ou com pseudobulbos inconspícuos.............. 5

      • 5................................................................................................................................... Flores calcaradas.............. 9. Habenaria

      • 5'............................................................................................................................... Flores ecalcaradas.............. 6

        • 6................................................................................................................................. Plantas áfilas.............. 22. Uleiorchis

        • 6'........................................................................................................................... Plantas foliosas.............. 7

          • 7..................................... Folhas lanceoladas; 60-160 cm compr.; flores ressupinadas.............. 20. Sobralia

          • 7'................................. Folhas obovadas; 9,6-22 cm compr.; flores não ressupinadas.............. 8

            • 8................................................... Bractéolas lineares; âmbito do labelo obovado.............. 3. Cranichis

            • 8'........................................ Bractéolas truladas; âmbito do labelo oblanceolado.............. 13. Mesadenella

  • 1'. Plantas epifíticas................................................................................................................................. 9

    • 9.................................................................................................................................................. Plantas áfilas.............. 1. Campylocentrum

    • 9'....................................................................................................................................... Plantas com folhas.............. 10

      • 10...................................................................................................................... Inflorescência terminal.............. 11

        • 11.................................................................... Labelo não adnato às margens do ginostêmio.............. 17. Polystachya

        • 11'........................................................................... Labelo adnato às margens do ginostêmio.............. 12

          • 12.......................................................................... Mais de duas folhas por pseudobulbo.............. 7. Epidendrum

          • 12'. ............................................................................... Até duas folhas por pseudobulbo.............. 13

            • 13.............................................. Pseudobulbos elipsoides; bractéolas lanceoladas.............. 11. Laelia

            • 13'. Pseudobulbos ovoides a lanceoloides; bractéolas triangulares a largo-triangulares 14

              • 14. Folhas elípticas; flores inteiramente alvo-esverdeadas com máculas vinosas 18. Prosthechea

              • 14'............. Folhas lineares; flores castanho-esverdeadas com labelo alvo.............. ................................................................................................... 6. Encyclia

    10'........................................................................................................................ Inflorescência lateral.............. 15

    • 15................................................................................... Cauloma espessado em pseudobulbo.............. 16

      • 16............................................................................................... Pseudobulbos superpostos.............. 19. Scaphyglottis

      • 16'. Pseudobulbos nunca superpostos.................................................................... 17

        • 17............................................................... Inflorescência ereta ou arqueada, laxa.............. 18

          • 18................................................... Flores amarelas com máculas castanhas.............. 21. Trichocentrum

          • 18'................................................................................................ Flores vinosass.............. 14. Mormodes

        • 17'...................................................................... Inflorescência pendente, congesta.............. 19

          • 19....................................................... Pseudobulbos com mais de uma folha.............. 16. Peristeria

          • 19'..................................................................... Pseudobulbos com uma folha.............. 20

            • 20............................ Labelo com âmbito deltoide, calo com 3 quilhas.............. 15. Notylia

            • 20.................................... Labelo com âmbito obovado, calo bilobado.............. 10. Ionopsis

    • 15'.................. Cauloma não espessado em pseudobulbo ou pseudobulbos inconspícuos.............. 21

      • 21........................................................... Folhas dísticas; âmbito do labelo ancoriforme.............. 5. Dichaea

      • 21'................................ Folhas equitantes; âmbito do labelo ovado ou oblanceolado.............. 22

        • 22..................... Inflorescência subereta; brácteas triangulares; flores amarelas.............. 8. Erycina

        • 22'. Inflorescência pendente; brácteas lanceoladas; flores rosa-esverdeadas translúcidas com máculas roxas..................................................................................... 12. Macroclinium

1. Campylocentrum Benth.

As plantas deste gênero são epífitas de crescimento monopodial, com ou sem folhas, inflorescências laterais, com muitas flores de coloração variando entre alva, amarela ou esverdeada e calcar proeminente na base do labelo que é séssil (Carnevali & Ramírez-Morillo 2003aCarnevali G & Ramírez-Morillo IM (2003a) Campylocentrum. : Steyermark JA, Berry P, Holst B & Yatskievich K (eds.) Flora of the Venezuelan Guayana. Timber Press, Portland. Pp. 256-260.; Dressler 2003Dressler RL (2003) Campylocentrum. : Hammel BE, Grayum MH, Herrera C & Zamora N (eds.) Manual de plantas de Costa Rica. Missouri Botanical Garden Press, St. Louis. Pp. 38-41. ).

É composto por cerca de 70 espécies distribuídas desde o sul dos Estados Unidos até o Brasil e Bolívia (Govaerts et al. 2017Govaerts R, Bernet P, Kratochvil K, Gerlach G, Carr G, Alrich P, Pridgeon AM, Pfahl J, Campacci MA, Baptista DH, Tigges H, Shaw J, Cribb P, George A, Kreuz K & Wood J (2017) World checklist of Orchidaceae. Facilitated by the Royal Botanic Gardens, Kew. Disponível em <http://apps. kew.org/wcsp/> Acesso em 23 setembro 2017.
http://apps. kew.org/wcsp/...
; Tropicos 2017). No Brasil ocorrem 42 espécies que se encontram distribuídas por praticamente todo o país, não sendo registrada apenas para o estado do Piauí (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Destas espécies, oito ocorrem no Pará (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Para a Serra dos Carajás, Silveira et al. (1995)Silveira EC, Cardoso ALR, IIlkiu-Borges AL & Atzingen N (1995) Flora Orquidológica da Serra dos Carajás, estado do Pará. Boletim Museu Paraense Emilio Goeldi, série Botânica 11: 75-87., registraram C. amazonicum Cogn., C. micranthum (Lindl.) Rolfe e C. pachyrhizum (Rchb.f.) Rolfe, todas em floresta. Neste estudo, registra-se a ocorrência de C. fasciola (Lindl.) Cong. nas áreas de canga.

1.1. Campylocentrum fasciola (Lindl.) Cogn., Fl. Bras. 3(6): 520. 1906. Figs. 1a; 2a-b

Figura 1
Orchidaceae das cangas da Serra dos Carajás. a. Campylocentrum fasciola. b. Catasetum discolor - flor masculina. c. Cyrtopodium andersonii. d. Dichaea panamensis. e. Encyclia randii. f. Epidendrum amblostomoides. g. Epidendrum nocturnum. h. Epidendrum purpurascens. i-j. Erycina pusilla - i. hábito; j. peças florais. k. Habenaria ludibundiciliata. l. Habenaria aff. nuda. m-n. Ionopsis utricularioides - m. flor; n. peças florais. o. Laelia marginata. Ilustração: Climbiê F. Hall.
Figure 1
Orchidaceae from the canga of the Serra dos Carajás. a. Campylocentrum fasciola. b. Catasetum discolor - male flower. c. Cyrtopodium andersonii. d. Dichaea panamensis. e. Encyclia randii. f. Epidendrum amblostomoides. g. Epidendrum nocturnum. h. Epidendrum purpurascens. i-j. Erycina pusilla - i. habit; j. floral parts. k. Habenaria ludibundiciliata. l. Habenaria aff. nuda. m-n. Ionopsis utricularioides - m. flower; n. floral parts. o. Laelia marginata. Illustration: Climbiê F. Hall.

Figura 2
Orchidaceae das cangas da Serra dos Carajás. a-b. Campylocentrum fasciola - a. hábito; b. inflorescências. c-e. Catasetum discolor - c. hábito; d. flor feminina; e. flor masculina. f. Cyrtopodium andersonii. g. Dichaea panamensis. h-i. Encyclia randii - h. hábito; i. flores. j-k. Epidendrum nocturnum - j. hábito; k. flor. l. Epidendrum purpurascens. Fotos: i. A.K. Koch; j,l. A. Simões; a, g, k. C.F. Hall; b, d, e, f. N.F.O. Mota; c, h. P.L. Viana.
Figure 2
Orchidaceae from the canga of the Serra dos Carajás. a-b. Campylocentrum fasciola - a. habit; b. inflorescence. c-e. Catasetum discolor - c. habit; d. female flower; e. male flower. f. Cyrtopodium andersonii. g. Dichaea panamensis. h-i. Encyclia randii - h. habit; i. flowers. j-k. Epidendrum nocturnum - j. habit; k. flower. l. Epidendrum purpurascens. Photos: i. A.K. Koch; j,l. A. Simões; a, g, k. C.F. Hall; b, d, e, f. N.F.O. Mota; c, h. P.L. Viana.

Epífita, 3,5-9,4 cm compr. Caule inconspícuo, raízes fotossintetizantes. Folhas ausentes. Inflorescência 3,5-9,4 cm compr., lateral, racemo, 12-18-flora, ereta, congesta; brácteas 4-6 × 2-3 mm, triangulares; bractéolas 1-2 × 1-2 mm, triangulares. Flores creme, não ressupinadas, pediceladas, calcaradas; pedicelo+ovário 1-2 mm compr.; sépala dorsal ca. 2 × 1 mm, ovada, ápice acuminado; sépalas laterais, ca. 2 × 1 mm, elípticas a ovadas, ápice acuminado; pétalas 2 × 1 mm, elípticas a ovadas, ápice acuminado; labelo trilobado, ca. 2 × 2 mm, âmbito obovado, ápice acuminado, lobo mediano ca. 1 × 1 mm, triangular; lobos laterais ca. 1 × 1 mm, triangulares; ginostêmio ca. 1 mm compr. Fruto não visto.

Material examinado: Paraupebas, FLONA de Carajás, Serra dos Carajás, trilha da lagoa da mata, acesso da trilha próximo a portaria do N5, 2.IX.2015, fl., A. Gil et al. 510 (MG).

Campylocentrum fasciola distingue-se das demais Orchidaceae encontradas nas áreas de canga da Serra dos Carajás por ser áfila e pelas flores de coloração creme com pequeno calcar na base do labelo.

Esta espécie apresenta distribuição neotropical (Pessoa & Alves 2016Pessoa EM & Alves M (2016) Taxonomical revision of Campylocentrum sect. Dendrophylopsis Cogn. (Orchidaceae-Vandeae-Angraecinae). Phytotaxa 286: 131-152.). No Brasil, pode ser encontrada nos estados do Amazonas, Mato Grosso, Pará, Pernambuco e Roraima, habitando áreas de Campinarana e Florestas (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Na Serra dos Carajás foi coletada na Serra Norte: N5.

2. Catasetum Rich. ex Kunth

Catasetum é caracterizado por apresentar dimorfismo sexual entre as flores masculinas e femininas e por possuir um mecanismo de disparo do polinário (Romero 1992Romero GA (1992) Non-functional flowers in Catasetum orchids (Catasetinae, Orchidaceae). Botanical Journal of Linnean Society 109: 305-313.). Além disso, apenas as flores masculinas fornecem características morfológicas suficientes para a determinação correta das espécies (Petini-Benelli 2012Petini-Benelli A (2012) Orquídeas de Mato Grosso, genus Catasetum L.C. Rich ex Kunth. PoD Editora, Rio de Janeiro. 130p.).

Apresenta distribuição Neotropical com ocorrência desde o México até o norte da Argentina e é composto por cerca de 170 espécies (Pridgeon et al. 2009Pridgeon AM, Cribb PJ, Chase MW & Rasmussen FN (2009) Genera Orchidacearum. Vol. 5. Epidendroideae (Part II). Oxford University Press Inc., Oxford. 664p; Govaerts et al. 2017Govaerts R, Bernet P, Kratochvil K, Gerlach G, Carr G, Alrich P, Pridgeon AM, Pfahl J, Campacci MA, Baptista DH, Tigges H, Shaw J, Cribb P, George A, Kreuz K & Wood J (2017) World checklist of Orchidaceae. Facilitated by the Royal Botanic Gardens, Kew. Disponível em <http://apps. kew.org/wcsp/> Acesso em 23 setembro 2017.
http://apps. kew.org/wcsp/...
). No Brasil, Catasetum encontra-se representado por 113 espécies, das quais 36 ocorrem no estado do Pará (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Na Serra dos Carajás, Silveira et al. (1995)Silveira EC, Cardoso ALR, IIlkiu-Borges AL & Atzingen N (1995) Flora Orquidológica da Serra dos Carajás, estado do Pará. Boletim Museu Paraense Emilio Goeldi, série Botânica 11: 75-87. registraram sete espécies do gênero: C. albovirens Barb.Rodr., C. discolor (Lindl.) Lindl., C. galeritum Rchb.f., C. macrocarpum Rich. ex Kunth, C. multifidum F.E.L. Miranda, C. planiceps Lindl. e C. pulchrum N.R.Br. Destas, apenas C. discolor foi encontrada nas áreas de canga.

2.1. Catasetum discolor (Lindl.) Lindl., Edwards Bot. Reg. 27, t.34, 1841. Figs. 1b; 2c-e

Terrícola, 38,5-40 cm alt. Cauloma espessado em pseudobulbo; pseudobulbo 6,7-13,7 × 1,2-2,6 cm, oblongo a ovado. Folhas 2 por pseudobulbo, 9,3-24,5 × 2,5-6,5 cm, nervuras evidentes, elípticas, base atenuada, ápice agudo a acuminado. Inflorescência 26,5-65,5 cm compr., lateral, racemo, 6-flora, ereta, laxa; brácteas ca. 1,2 × 1 cm, largo-triangulares; bractéolas 0,7-1,2 × 0,2-0,3 cm, lanceoladas. Flores esverdeadas, verde-acastanhadas a verde-amareladas, ressupinadas, pediceladas, ecalcaradas; pedicelo+ovário ca. 1,2 cm compr.; sépala dorsal ca. 1,5 × 0,5 cm, oblanceolada, ápice acuminado; sépalas laterais, ca. 1,2 × 0,5 cm, elípticas, falcada, ápice acuminado; pétalas ca. 1,5 × 0,6 cm, obovadas, ápice agudo; labelo ca. 2,3 × 2,4 cm, trilobado, âmbito orbicular, calceolado, ápice arredondado, lobo mediano ca. 1,2 × 0,6 cm, oblongo, lobos laterais 1-1,2 × 0,6-1,2 cm, sub-orbiculares a oblongos; ginostêmio ca. 0,7 cm compr. Fruto não visto.

Material selecionado: Canaã dos Carajás, FLONA de Carajás, Serra Sul, S/SW do corpo A, 15.II.2010, fl., F.D. Gontijo 78 (BHCB); S11D, 30.III.2015, fl., A. Cardoso et al. 2024 (MG); Serra da Bocaina, 8.III.2012, fl., N.F.O. Mota et al. 2562 (BHCB); Serra do Tarzan, 13.III.2009, fl., P.L. Viana et al. 4035 (BHCB). Parauapebas [Marabá], Serra Norte, clareira N1, 20.IV.1970, fl., P. Cavalcante & M. Silva 2673 (MG); N2, 21.III.2016, fl., J. Meirelles et al. 930 (MG); Arredores do lago N4, 1985, fl., N.A. Rosa et al. 5163 (MG); N8, 27.III.2015, fl., A. Cardoso et al. 1948 (MG).

Catasetum discolor diferencia-se das outras espécies de Orchidaceae da área de estudo por apresentar pseudobulbos alongados e fusiformes, geralmente encobertos pelas bainhas das folhas que são numerosas e, principalmente, pela forma de crescimento rupícola. Na época da floração perde todas as folhas e emite sua inflorescência a partir da base do pseudobulbo. As flores masculinas variam de verde-amarronzadas a verde-amareladas e possuem margem do labelo largo-ciliada, as femininas são totalmente verdes, com a margem do labelo denticulada. Quando em fruto, o labelo é persistente.

No Brasil pode ser encontrada nas regiões Norte (AM, PA, RO, RR), Nordeste (AL, BA, CE, MA, PB, PE, RN, SE), Centro-oeste (MT) e Sudeste (ES, RJ), ocorrendo em áreas abertas com formações xéricas (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Na Serra dos Carajás foi encontrada nas Serra Norte: N1, N2, N4, N8, Serra Sul: S11A, S11D, Serra da Bocaina e Serra do Tarzan.

3. Cranichis Sw.

Cranichis apresenta espécies terrícolas, com uma ou muitas folhas membranáceas, pecioladas, geralmente dispostas em roseta, além disso, apresentam inflorescência em racemo ereto com flores alvas às vezes pintalgadas de verde (Pridgeon et al. 2003Pridgeon AM, Cribb PJ, Chase MW & Rasmussen FN (2003) Genera Orchidacearum. Vol. 3. Orchidoideae (Part II), Vanilloideae. Oxford University Press Inc., Oxford. 400p.).

Cranichis é composto por 53 espécies distribuídas desde o Sul da Flórida até a Argentina (Govaerts et al. 2013Govaerts R, Bernet P, Kratochvil K, Gerlach G, Carr G, Alrich P, Pridgeon AM, Pfahl J, Campacci MA, Baptista DH, Tigges H, Shaw J, Cribb P, George A, Kreuz K & Wood J (2017) World checklist of Orchidaceae. Facilitated by the Royal Botanic Gardens, Kew. Disponível em <http://apps. kew.org/wcsp/> Acesso em 23 setembro 2017.
http://apps. kew.org/wcsp/...
). No Brasil, o gênero encontra-se representado por cinco espécies, distribuídas pelos estados do Amazonas, Distrito Federal, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Das cinco espécies, apenas C. muscosa Sw. ocorre no Pará (Hall et al. 2013Hall CF, Koch AK, Francener A & Barros F (2013) The first record of the genus Cranichis Sw. (Orchidaceae) for the state of Pará, Brazil. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Ciências Naturais 9: 233-236.), sendo também, a única registrada para a Serra dos Carajás.

3.1. Cranichis muscosa Sw., Prodr. 120. 1788.

Rupícola, 9,6-22 cm alt. Cauloma não espessado em pseudobulbo. Folhas 2-5 por cauloma, conduplicadas, 7,1-13,2 × 2,6-4,8 cm, ovadas a elípticas, base atenuada, ápice agudo. Inflorescência 8,5-20,5 cm compr., lateral, racemo, 22-40-flora, ereta, congesta; brácteas ca. 0,8 × 0,5 cm, obovadas; bractéolas 0,3-0,4 × 0,1 cm, lineares. Flores alvas, não ressupinadas, pediceladas, ecalcaradas; pedicelo+ovário 0,5-0,6 cm compr.; sépala dorsal ca. 0,4 × 0,1 cm, rômbica, ápice agudo; sépalas laterais, ca. 0,3 × 0,1 cm, lanceoladas, ápice agudo; pétalas ca. 0,3 × 0,1 cm, oblanceoladas, ápice agudo; labelo inteiro, ca. 0,3 × 0,2 cm, cocleado, âmbito obovado, ápice arredondado, adnato a coluna; ginostêmio ca. 0,1 cm. Fruto não visto.

Material examinado: Canaã dos Carajás, FLONA dos Carajás, Serra Sul, 14.II.2010, fl., D.T. Souza et al. 1085 (BHCB).

Cranichis muscosa é uma espécie de hábito rupícola que difere das demais Orchidaceae desse trabalho por apresentar folhas membranáceas, pecioladas e dispostas em roseta, inflorescência ereta com flores pequenas e alvas. Ocorre desde o sul da Flórida até o sul do Brasil (Govaerts et al. 2017Govaerts R, Bernet P, Kratochvil K, Gerlach G, Carr G, Alrich P, Pridgeon AM, Pfahl J, Campacci MA, Baptista DH, Tigges H, Shaw J, Cribb P, George A, Kreuz K & Wood J (2017) World checklist of Orchidaceae. Facilitated by the Royal Botanic Gardens, Kew. Disponível em <http://apps. kew.org/wcsp/> Acesso em 23 setembro 2017.
http://apps. kew.org/wcsp/...
). No Brasil, pode ser encontrada no Amazonas, Pará, Paraná e São Paulo (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.).

Esta espécie foi recentemente registrada para o Pará por Hall et al. (2013)Hall CF, Koch AK, Francener A & Barros F (2013) The first record of the genus Cranichis Sw. (Orchidaceae) for the state of Pará, Brazil. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Ciências Naturais 9: 233-236. com base em material coletado no sul do estado. Neste trabalho, tem sua distribuição no estado ampliada, sendo também registrada pela primeira vez para a Serra dos Carajás. Apesar de ser caracterizada como terrícola, na Serra dos Carajás foi encontrada na Serra Sul, como rupícola.

4. Cyrtopodium R.Br.

Cyrtopodium pode apresentar plantas epifíticas, rupícolas e terrícolas (maioria), onde estas últimas ocupam os mais variados ambientes, incluindo áreas rochosas (Batista & Bianchetti 2005Batista JAN & Bianchetti LB (2005) Two new taxa in Cyrtopodium (Orchidaceae) from Southern Brazil. Harvard Papers in Botany 13: 189-206.).

Inclui aproximadamente 45 espécies distribuídas deste o sul da Flórida até norte da Argentina (Romero-Gonzáles 2003aRomero-Gonzáles GA (2003a) Cyrtopodium. : Steyermark JA, Berry P, Holst B & Yatskievich K (eds.) Flora of the Venezuelan Guayana. Timber Press, Portland. Pp 296-298.; Batista & Bianchetti 2008Batista JAN, Silva JBF & Bianchetti LB (2008) The genus Habenaria (Orchidaceae) in the Brazilian Amazon. Revista Brasileira de Botânica 31: 105-134.). No Brasil, encontra-se representado por 39 espécies, distribuídas em todos os estados com exceção do Acre, ocorrendo nos mais variados ambientes e, no Pará, registra-se a ocorrência de nove espécies (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Para a Serra dos Carajás, Silveira et al. (1995)Silveira EC, Cardoso ALR, IIlkiu-Borges AL & Atzingen N (1995) Flora Orquidológica da Serra dos Carajás, estado do Pará. Boletim Museu Paraense Emilio Goeldi, série Botânica 11: 75-87. registraram apenas C. andersonii (Lamb. ex Andrews) R.Br. o qual também foi encontrada neste estudo, ocorrendo em áreas de canga.

4.1. Cyrtopodium andersonii (Lamb. ex Andrews) R.Br., Hort. Kew 5: 216. 1813. Figs. 1c; 2f

Rupícola, 58,1-96 cm alt. Cauloma espessado em psedobulbo; pseudobulbo 14,2-33,3 × 1,1-2 cm, oblongo. Folhas 7 por pseudobulbo, nervuras evidentes, 14,8-37,5 × 0,8-1,8 cm, lineares a estreito-elípticas, base com bainha amplexicaule, ápice agudo. Inflorescência 93-98 cm compr., lateral, panícula, 18-flora, ereta, laxa; brácteas 3,9-5 × 1,9 cm, obovadas; bractéolas 1,7-4 × 0,6-0,9 cm, lanceoladas. Flores com sépalas amarelo-esverdeadas com margem castanha, pétalas e labelo amarelos, ressupinadas, pediceladas, ecalcaradas; pedicelo+ovário ca. 2 cm compr.; sépala dorsal ca. 1,4 × 0,7 cm, rômbica, ápice arredondado; sépalas laterais, ca. 1,3 × 0,7 cm, ovadas, levemente falcadas, ápice acuminado; pétalas ca. 1,3 × 0,6 cm, rômbicas, ápice agudo; labelo ca. 1,4 × 1,7 cm, trilobado, âmbito ovado, ápice emarginado, calos na região central, lobo mediano ca. 0,8 × 0,9 cm, obovado, lobos laterais ca. 0,8 × 0,4 cm, oblongos,; ginostêmio ca. 0,6 cm compr. Fruto 6-7 × 2,4 cm, elíptico a obovado.

Material examinado selecioando: Canaã dos Carajás, FLONA de Carajás, Serra do Tarzan, no platô, 1.IX.2015, fl., R.M. Harley et al. 57337 (MG). Parauapebas [Marabá], Carajás, Serra Norte, N1, 31.V.1983, fl., M.F.F. Silva et al. 1380 (MG); Rio Gelado, aeroporto, 29.III.1984, fl., J.B.F. Silva & M.R. Santos 98 (MG).

Cyrtopodium andersonii diferencia-se das outras espécies de Orchidaceae da área de estudo por apresentar grandes pseudobulbos oblongos encobertos pelas bainhas das folhas, crescimento rupícola e pelas flores com sépalas amarelo-esverdeadas com margem castanha, e pétalas e labelo amarelos.

Esta espécie pode ser encontrada na Colômbia, no Brasil, Guiana, Guiana Francesa, Suriname e Venezuela (Romero-Gonzáles 2003aRomero-Gonzáles GA (2003a) Cyrtopodium. : Steyermark JA, Berry P, Holst B & Yatskievich K (eds.) Flora of the Venezuelan Guayana. Timber Press, Portland. Pp 296-298.). No Brasil ocorre nas regiões Norte (AM, AP, PA, RO, RR), Nordeste (MA) e Centro-Oeste (MT), habitando áreas de cerrado, de floresta ombrófila, restingas, e vegetações sobre afloramentos rochosos (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Na Serra de Carajás foi a única espécie do gênero registrada, corroborando Silveira et al. (1995)Silveira EC, Cardoso ALR, IIlkiu-Borges AL & Atzingen N (1995) Flora Orquidológica da Serra dos Carajás, estado do Pará. Boletim Museu Paraense Emilio Goeldi, série Botânica 11: 75-87., ocorrendo na Serra Norte: N1, e Serra do Tarzan.

5. Dichaea Lindl.

Dichaea é caracterizado principalmente por apresentar crescimento monopodial com caule alongado, encoberto por folhas dísticas, pela inflorescência simples e flores com labelo em forma de âncora (Dressler 1993Dressler RL (1993) Phylogeny and classification of the orchid Family Dioscorides Press, Portland. 316p.; Whitten et al. 2003; Davies & Stpiczynska 2008Davies KL & Stpiczynska M (2008) Labellar micromorphology of two euglossine-pollinated orchid genera; Scuticaria Lindl. and Dichaea Lindl. Annals of Botany 102: 805-824.; Neubig et al. 2009Neubig KM, Williams NH, Whitten WM & Pupulin F (2009) Molecular phylogenetics and evolution of fruit and leaf morphology of Dichaea (Orchidaceae: Zygopetalinae). Annals of Botany 104: 457-467.).

É o maior gênero da subtribo Zygopetalinae com aproximadamente 100 espécies de distribuição Neotropical (Chase et al. 2003Chase MW, Freudenstein JV, Cameron KM, Barrett RL, Dixon KW, Kell SP & Cribb PJ (2003) DNA data and Orchidaceae systematics: a new phylogenetic classification, Orchid conservation. Kota Kinabalu Natural History Publications. Pp. 69-89.; Neubig et al. 2009Neubig KM, Williams NH, Whitten WM & Pupulin F (2009) Molecular phylogenetics and evolution of fruit and leaf morphology of Dichaea (Orchidaceae: Zygopetalinae). Annals of Botany 104: 457-467.). No Brasil são registradas 13 espécies ocorrendo em estados de todas as regiões do país e destas, nove podem ser encontradas no estado do Pará (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Para a Serra dos Carajás, Silveira et al. (1995)Silveira EC, Cardoso ALR, IIlkiu-Borges AL & Atzingen N (1995) Flora Orquidológica da Serra dos Carajás, estado do Pará. Boletim Museu Paraense Emilio Goeldi, série Botânica 11: 75-87. mencionaram a ocorrência de duas espécies, D. panamensis Lindl. e Dichaea sp. Contudo, para as áreas de canga registrou-se apenas a primeira.

5.1. Dichaea panamensis Lindl., Gen. Sp. Orchid. Pl. 209. 1833. Figs. 1d; 2g

Epífita, 4-17 cm compr. Cauloma não espessado em pseudobulbo. Folhas 6-17 por cauloma, conduplicadas, dísticas, 1,7-3,5 × 0,1-03 cm, lineares a elípticas, base com bainha amplexicaule, ápice agudo. Inflorescência 1,3-3 cm compr., lateral, flores solitárias, 4 a 6 por caule, emergindo por baixo da foliagem; brácteas ca. 0,15 cm compr., tubular-triangulares; bractéolas ca. 1 × 1 mm, triangulares. Flores amarelo-esverdeadas com máculas vinosas, não ressupinadas, pediceladas, ecalcaradas; pedicelo+ovário 0,2-0,5 cm compr.; sépala dorsal ca. 0,5 × 0,1 cm, linear-lanceolada, ápice agudo; sépalas laterais, ca. 0,5 × 0,2 cm, lanceoladas, falcadas, ápice agudo; pétalas 0,5-0,6 × 0,3-0,4 cm, lanceoladas a ovadas, ápice agudo; labelo ca. 0,6 × 0,4 cm, trilobado, ancoriforme, ápice arredondado, lobos laterais ca. 0,15 × 0,1 cm, triangulares; ginostêmio ca. 0,2 cm compr. Fruto não visto.

Material selecionado: Canaã dos Carajás, FLONA dos Carajás, Serra Sul, 27.V.2010, fl., D.T. Souza et al. 1157 (BHCB); Corpo A, 21.V.2010, fl., M.O. Pivari et al. 1546 (BHCB); S11D, 23.V.2012, fl., A.J. Arruda et al. 1173 (BHCB).

Dichaea panamensis diferencia-se das outras espécies de Orchidaceae da área de estudo pelo crescimento monopodial e flores com labelo ancoriforme. Além disso, apresenta flores amarelo-esverdeadas com máculas vinosas.

Esta espécie possui distribuição desde o México até o Centro-Oeste do Brasil (Romero-González 2003; BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). No Brasil ocorre nas regiões Norte (AM, AP, PA, RO, RR), Nordeste (AL, BA, PB, PE, SE) e no Mato Grosso (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.), sendo epífita de sombra, habitando preferencialmente sub-bosques úmidos (Pessoa & Alves 2012Pessoa EM & Alves M (2012) Flora da Usina São José, Igarassu, Pernambuco: Orchidaceae. Rodriguésia 63: 341-356.). Na Serra de Carajás D. panamensis foi encontrada apenas na Serra Sul: S11A, S11D.

6. Encyclia Hook.

Encyclia é caracterizado principalmente por apresentar pseudobulbos ovoides ou piriformes e pelas flores ressupinadas (Dressler 1961Dressler RL (1961) A reconsideration of Encyclia (Orchidaceae). Brittonia 13: 253-266.; Pabst et al. 1981Pabst GFJ, Moutinho JL & Pinto AV (1981) An attempt to establish the correct statement for genus Anacheilium Hoffmgg. and revision of the genus Hormidium Lindl. ex Heynh. Bradea 3: 173-186.; Higgins 1997Higgins WE (1997) A reconsideration of the genus Prosthechea. Phytologia 82: 370-382.).

É um gênero Neotropical que se distribui desde a Flórida até o norte da Argentina, incluindo cerca de 150 espécies (Govaerts et al. 2017Govaerts R, Bernet P, Kratochvil K, Gerlach G, Carr G, Alrich P, Pridgeon AM, Pfahl J, Campacci MA, Baptista DH, Tigges H, Shaw J, Cribb P, George A, Kreuz K & Wood J (2017) World checklist of Orchidaceae. Facilitated by the Royal Botanic Gardens, Kew. Disponível em <http://apps. kew.org/wcsp/> Acesso em 23 setembro 2017.
http://apps. kew.org/wcsp/...
). No Brasil são encontradas 39 espécies, sendo 29 endêmicas (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Ainda de acordo com estes autores, no Pará, podem ser encontradas nove espécies. Silveira et al. (1995)Silveira EC, Cardoso ALR, IIlkiu-Borges AL & Atzingen N (1995) Flora Orquidológica da Serra dos Carajás, estado do Pará. Boletim Museu Paraense Emilio Goeldi, série Botânica 11: 75-87. citaram a ocorrência de quatro espécies de Encyclia na Serra dos Carajás, E. amicta (L.Linden. & Rchb.f.) Schltr. (com nome de aplicação incerta de acordo com BFG (2015)BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113., mas sinônimo de E. flava (Lindl.) Porto & Brade de acordo com The Plant List (2017), E. linearifolioides (Kraenzl.) Hoehne, E. fragrans (Sw.) Dressler (agora sinônimo de Prosthechea fragrans (Sw.) W.E. Higgins) e E. randii (Barb.Rodr.) Porto & Brade. Contudo, apenas E. randii (Barb.Rodr.) Porto & Brade foi encontrada nas áreas de canga.

6.1. Encyclia randii (Barb.Rodr.) Porto & Brade, Rodriguésia 1: 29. 1935. Figs. 1e; 2h-i

Epífita, 61-71 cm alt. Cauloma espessado em pseudobulbo; pseudobulbo 5,5-7,5 × 1,5-2 cm, ovoide a lanceoloide. Folhas 2 por pseudobulbo, conduplicadas, 56,5-59 × 0,7-1,5 cm, lineares, base com bainha amplexicaule, ápice agudo. Inflorescência 36,3-59,3 cm compr., terminal, racemo, 4-13-flora, ereta, laxa; brácteas 0,4-1,4 × 0,6-1 cm, triangulares a largo-triangulares; bractéolas 3-5 × 4-8 mm, triangulares a largo-triangulares. Flores castanho-esverdeadas com labelo alvo-róseo, ressupinadas, pediceladas, ecalcaradas; pedicelo+ovário ca. 3,8 cm compr.; sépala dorsal ca. 3 × 0,8 cm, estreito-elíptica, ápice acuminado; sépalas laterais, ca. 3 × 0,7 cm, estreito-elípticas, falcadas, ápice acuminado; pétalas ca. 2,8 × 0,8 cm, oblanceoladas, ápice acuminado; labelo ca. 3,1 × 2,4 cm, trilobado, âmbito obovado, ápice emarginado, calo bilobado, lobo mediano ca. 2,4 × 2,4 cm, largo-obovado, lobos laterais ca. 1,5 × 0,6 cm oblongos; ginostêmio ca. 1,7 cm compr. Fruto não visto.

Material selecionado: Canaã dos Carajás, FLONA de Carajás, corpo D, 29.VIII.2010, fl., T.E. Almeida et al. 2480 (BHCB),

Encyclia randii caracteriza-se por apresentar flores grandes e vistosas, com sépalas e pétalas verde-arroxeadas e labelo inteiramente alvo com listras paralelas rosadas. Além disso, é a única espécie da família nas áreas de canga da Serra dos Carajás a apresentar pseudobulbos de forma ovoide quase sempre vináceos.

Encontra-se distribuída no Brasil pelos estados do Amazonas, Pará e Rondônia ocorrendo em diferentes ambientes do domínio Amazônia (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Na Serra dos Carajás foi coletada apenas nas áreas de canga da Serra Sul: S11D.

7.Epidendrum L.

Epidendrum caracteriza-se por apresentar inflorescência terminal, caule quase nunca espessado em pseudobulbo, folhas dísticas e principalmente pelas margens ventrais do ginostêmio serem coalescentes com o unguículo do labelo (Stancik et al. 2009Stancik JF, Goldenberg R & Barros F (2009) O gênero Epidendrum L. (Orchidaceae) no estado do Paraná, Brasil. Acta Botanica Brasilica 23: 864-880.).

O gênero é um dos maiores da família com aproximadamente 1500 espécies distribuídas desde os Estados Unidos até a Argentina (Hagsáter & Soto Arenas 2005Hagsáter E & Soto-Arenas MA (2005) Epidendrum L. : Pridgeon AM, Cribb PJ, Chase MW & Rasmussen FN. Genera Orchidacearum 4. Oxford University Press, Oxford. Pp. 236-251.; Govaerts et al. 2017Govaerts R, Bernet P, Kratochvil K, Gerlach G, Carr G, Alrich P, Pridgeon AM, Pfahl J, Campacci MA, Baptista DH, Tigges H, Shaw J, Cribb P, George A, Kreuz K & Wood J (2017) World checklist of Orchidaceae. Facilitated by the Royal Botanic Gardens, Kew. Disponível em <http://apps. kew.org/wcsp/> Acesso em 23 setembro 2017.
http://apps. kew.org/wcsp/...
). No Brasil, encontra-se representado por 139 espécies (83 endêmicas) que ocorrem em todas as regiões e estados com exceção do Piauí, habitando os mais variados ambientes (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Destas espécies, 31 podem ser encontradas no Pará (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.), das quais 13 foram citadas para a Serra dos Carajás considerando todos os tipos de ambientes (Silveira et al. 1995Silveira EC, Cardoso ALR, IIlkiu-Borges AL & Atzingen N (1995) Flora Orquidológica da Serra dos Carajás, estado do Pará. Boletim Museu Paraense Emilio Goeldi, série Botânica 11: 75-87.). Nas áreas de canga da Serra dos Carajás ocorrem três espécies: E. amblostomoides Hoehne, E. nocturnum Jacq. e E. purpurascens Focke.

    Chave de identificação das espécies de Epidendrum das cangas da Serra dos Carajás
  • 1. Plantas com caule não espessado em pseudobulbo............................. 7.2. Epidendrum nocturnum

  • 1'. Plantas com caule espessado em pseudobulbo

    • 2. Flores alvo-esverdeadas, bractéolas 0,1-0,3 × 0,1 cm....... 7.1. Epidendrum amblostomoides

    • 2'. Flores verde-vináceas, bractéolas 1,4-1,9 × 0,4-0,5 cm........ 7.3. Epidendrum purpurascens

7.1. Epidendrum amblostomoides Hoehne, Arq. Bot. Estado São Paulo 1: 18. 1938. Fig. 1f

Epífita, 15-18,5 cm alt. Cauloma espessado em pseudobulbo; pseudobulbo 3-6,5 × 0,3-0,5 cm, estreito-oblongo a linear. Folhas 3-4 por pseudobulbo, conduplicadas, 4,5-12,5 × 0,2-0,4 cm, lineares, base com bainha amplexicaule, ápice arredondado. Inflorescência 1,8-3,6 cm compr., terminal, flores isoladas ou racemo, 8-13-flora, ereta, laxa; brácteas 2-3 × 1 mm, triangulares; bractéolas 1-3 × ca. 1 mm, triangulares. Flores alvo-esverdeadas, ressupinadas, pediceladas, ecalcaradas; pedicelo+ovário 0,7-1,2 cm compr.; sépala dorsal 5-6 × ca. 1 mm, oblanceolada, ápice agudo; sépalas laterais 5-7 × ca. 1 mm, lanceoladas a oblanceoladas, falcadas, ápice agudo; pétalas 5 × ca. 1 mm, estreito-lanceoladas a estreito-oblanceoladas, ápice agudo; labelo ca. 6 × 3 mm, trilobado, âmbito oblanceolado, ápice emarginado, unguículo adnato às margens do ginostêmio, lobo mediano ca. 3 × 1 mm, elíptico, lobos laterais, ca. 1-2 × 1 cm, elípticos; ginostêmio 0,4-0,7 cm compr. Fruto não visto.

Material examinado: Canaã dos Carajás, FLONA de Carajás, Serra Sul, corpo A, 31.V.2010, fl., L.L. Giacomin et al. 1183 (BHCB).

Epidendrum amblostomoides diferencia-se das demais espécies do gênero das áreas de canga da Serra dos Carajás por apresentar as menores flores, com coloração alvo-esverdeada e folhas lineares.

Esta espécie é endêmica do Brasil e se distribui pelas regiões Centro-Oeste (DF, GO, MT), Nordeste (MA), Norte (PA, RO, TO) e sudeste (MG), habitando locais próximos a cursos d`água (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Na Serra dos Carajás foi encontrada apenas na Serra Sul: S11A.

7.2. Epidendrum nocturnum Jacq., Enum. Syst. Pl. 29. 1760. Figs. 1g; 2j-k

Epífita ou rupícola, 19,5-75,5 cm alt. Cauloma não espessado em pseudobulbo. Folhas 3-8 por cauloma, conduplicadas, 6-14 × 1,4-3,5 cm, estreito-elípticas a elípticas, base com bainha amplexicaule, ápice agudo. Inflorescência 7-11 cm compr., terminal, racemo, 1-4-flora, ereta, congesta, brácteas 3-4 × 3-5 mm, largo-triangulares; bractéolas 4-8 × 3-4 mm, triangulares. Flores com sépalas verdes e pétalas alvas a amarelas, ressupinadas, pediceladas, ecalcaradas; pedicelo+ovário 2,5-4,5 cm compr.; sépala dorsal ca. 4,5 × 0,4 cm, oblanceolada, ápice agudo; sépalas laterais, ca. 4,4 × 0,5 cm, lanceoladas, levemente falcadas, ápice agudo; pétalas ca. 4,4 × 0,3 cm, estreito-lanceoladas, ápice agudo; labelo alvo com calo avermelhado, ca. 4,1 × 1,1 cm, trilobado, âmbito lanceolado, ápice agudo, unguículo adnato às margens do ginostêmio, calos 2, oblongos, lobo mediano ca. 2,7 × 0,1 cm, linear, lobos laterais ca. 1,5 × 0,3 cm, lanceolados, falcados e com margens irregulares; ginostêmio ca. 1,2 cm compr. Fruto não visto.

Material selecionado: Canaã dos Carajás, FLONA de Carajás, Serra Sul, corpo A, 31.V.2010, fl., L.L. Giacomin et al. 1180 (BHCB); Corpo C, 16.II.2010, fl., F.D. Gontijo 86 (BHCB); Corpo D, 6.XII.2007, fl., N.F.O. Mota et al. 1082 (BHCB); Serra da Bocaina, 12.XII.2012, fl., A.J. Arruda et al. 1302 (BHCB).

Epidendrum nocturnum é uma das espécies mais comuns do gênero na Amazônia (Cardoso et al. 1995Cardoso ALR, Ilkiu-Borges AL & Suemitsu C (1995) Flora orquidológica da Ilha do Combu, Acará - Pará. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Série Botânica 11: 231-238.; Silveira et al. 1995Silveira EC, Cardoso ALR, IIlkiu-Borges AL & Atzingen N (1995) Flora Orquidológica da Serra dos Carajás, estado do Pará. Boletim Museu Paraense Emilio Goeldi, série Botânica 11: 75-87.; Ilkiu-Borges & Cardoso 1996Ilkiu-Borges AL & Cardoso ALR (1996) Notas preliminares sobre a Flora Orquidológica do estado do Pará, Brasil. Boletim Museu Paraense Emilio Goeldi, série Botânica 12: 183-205.; Medeiros et al. 2009Medeiros TDS, Quaresma AC & Silva JBF (2009) As Orquídeas. : Jardim MAG (org.) Diversidade biológica das áreas de proteção ambiental Ilhas do Combu e Algodoal-Maiandeua, Pará, Brasil. Museu Paraense Emilio Goeldi/Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT)/Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), Belém, Pp. 41-59. ; Medeiros et al. 2010Medeiros TDS & Jardim MAG (2010) Distribuição vertical de orquídeas epífitas na Área de Proteção Ambiental (APA) Ilha do Combu, Belém, Pará, Brasil. Revista Brasileira de Biociências 9: 33-38.; Koch et al. 2014Koch AK, Ilkiu-Borges AL & Santos JUM (2014) Sinopse das Orchidaceae holoepífitas e hemiepífitas da Floresta Nacional de Caxiuanã, PA, Brasil. Hoehnea 41: 129-148.; Afonso et al. 2016Afonso EAL, Koch AK & Costa JM (2016) Flora preliminar de Orchidaceae no município de Abaetetuba, Pará, Brasil. Biota Amazônia 6: 107-118.). É facilmente encontrada nos mais variados tipos de ambientes. Na Serra dos Carajás é abundante, ocorrendo como epífita, terrícola ou rupícola em locais de sombra moderada. Caracteriza-se por apresentar flores com sépalas e pétalas esverdeadas e labelo alvo, trilobado, com lobo mediano linear e dois calos amarelos na base. Entre as espécies do gênero que ocorrem nas áreas de canga é a única a não possuir caule espessado em pseudobulbos.

Ocorre desde os Estados Unidos até o Brasil, onde apresenta distribuição ampla e habita os mais variados ambientes (Tropicos 2017; BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Na Serra dos Carajás também pode ser encontrada em diferentes ambientes e nas áreas de canga foi registrada na Serra Sul: S11 A, S11C, S11D, e Serra da Bocaina.

7.3. Epidendrum purpurascens Focke. Tijdschr. Nat. Wetensch. 4: 64-65. 1851. Figs. 1h; 2l

Terrícola ou rupícola, 25,5-36 cm alt. Cauloma espessado em pseudobulbo. Pseudobulbo 4-9 × 0,4-1,5 cm, lanceoloide a fusiforme,. Folhas 1-2 no ápice do cauloma, conduplicadas, 12-24,1 × 1,4-2,3 cm, oblanceoladas, base atenuada, ápice agudo. Inflorescência 6,8-14,1 cm compr., terminal, racemo, 4-7-flora, ereta, laxa; brácteas 4,2-6,5 × 1,7-1,8 cm, levemente truladas; bractéolas 1,4-1,9 × 0,4-0,5 cm, triangulares. Flores alvas, ressupinadas, pediceladas, ecalcaradas; pedicelo+ovário 2,5-4,4 cm compr.; sépala dorsal ca. 1,4 × 0,4 cm, oblanceolada, ápice agudo; sépalas laterais, ca. 1,6 × 0,3 cm, levemente obtruladas, ápice agudo; pétalas ca. 1,5 × 0,1 cm, lineares a oblanceoladas, ápice agudo; labelo ca. 1 × 0,9 cm, trilobado, alvo, âmbito ovado, ápice acuminado, unguículo adnato às margens do ginostêmio, calos 2, deltoides, lobo mediano ca. 6 × 2 mm, oblanceolado, lobos laterais ca. 6 × 3 mm, subovados a subdeltoides,; ginostêmio ca. 0,9 cm compr. Fruto não visto.

Material selecionado: Canaã dos Carajás, Serra sul, S11C, borda de área alagável aberta sob canga, 2.XII.2015, fl., C.S.P. Dias et al. 9 (MG); Corpo D, parcela 80, 10.X.2008, fl., L.V. Costa et al. 522 (BHCB); Serra da Bocaina, 12.XII.2012, fl., A.J. Arruda et al. 1301 (BHCB). Parauapebas, Serra Norte, platô N3, 5.VII.2014, fl., R.S. Santos 223 (MG); 25 a 30 km da Serra Norte, 5.XII.1981, fl., D.C. Daly 1745 (MG).

Epidendrum purpurascens é caracterizada por apresentar plantas com coloração verde-vinácea ou purpúrea, flores com sépalas e pétalas verde-vináceas e labelo alvo. Outra característica marcante é o comprimento das bractéolas, que às vezes, ultrapassa o tamanho das flores.

Encontra-se distribuída desde o México até o Brasil (Tropicos 2017). No Brasil ocorre na região Norte (AC, AM, AP, PA, RR) e Nordeste (MA), crescendo em áreas de Campo Rupestre, Floresta ciliar ou galeria ou Floresta de Várzea (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Nas áreas de canga da Serra dos Carajás é a espécie de Epidendrum mais representativa em número de amostras (10), sendo encontrada na Serra Norte: N3, Serra Sul: S11C, S11D, e Serra da Bocaina.

8. Erycina Lindl.

Erycina é um pequeno gênero com sete espécies, incluso no grupo denominado epífitas de raminhos (twig epiphytes clade) (Williams et al. 2001Williams NH, Chase MW, Fulcher T & Whitten WM (2001) Molecular systematics of the Oncidiinae based on evidence from four DNA sequence regions; expanded circumscription of Cyrtochilum, Erycina, Otoglossum and Trichocentrum and a new genus (Orchidaceae). Lindleyana, 16: 113-139.; Govaerts et al. 2017Govaerts R, Bernet P, Kratochvil K, Gerlach G, Carr G, Alrich P, Pridgeon AM, Pfahl J, Campacci MA, Baptista DH, Tigges H, Shaw J, Cribb P, George A, Kreuz K & Wood J (2017) World checklist of Orchidaceae. Facilitated by the Royal Botanic Gardens, Kew. Disponível em <http://apps. kew.org/wcsp/> Acesso em 23 setembro 2017.
http://apps. kew.org/wcsp/...
), composto por plantas pequenas, cespitosas, com ou sem pseudobulbos, folhas compressas lateralmente, equitantes, flores vistosas, amarelas maculadas de castanho, às vezes maiores que a própria planta (Carnevali & Ramírez-Morillo 2003bCarnevali G & Ramírez-Morillo IM (2003b) Erycina. : Steyermark JA, Berry P, Holst B & Yatskievich K (eds.) Flora of the Venezuelan Guayana. Timber Press, Portland. Pp. 359-360.).

O gênero apresenta-se distribuído desde o México até o Brasil (Carnevali & Ramírez-Morillo 2003bCarnevali G, Ramírez-Morillo IM & Vargas CA (2003b) Uleiorchis. : Steyermark JA, Berry P, Holst B & Yatskievich K (eds.) Flora of the Venezuelan Guayana. Timber Press, Portland. Pp. 608-609.; Tropicos 2017). No Brasil, está representado por três espécies E. glossomystax (Rchb.f.) N.H. Williams & M.W. Chase, E. pumilio (Rchb.f.) N.H. Williams & M.W. Chase e E. pusilla (L.) N.H. Williams & M.W. Chase, todas também registradas para o Pará (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.; Carneiro-Silva et al. 2015Carneiro-Silva MQ, Koch AK, Viana PL & Ilkiu-Borges AL (2015) Oncidiinae (Orchidaceae) on the great curve of the Xingu River, Pará state, Brazil. Brazilian Journal of Biology 75: 222-237.). Para a Serra dos Carajás, Silveira et al. (1995)Silveira EC, Cardoso ALR, IIlkiu-Borges AL & Atzingen N (1995) Flora Orquidológica da Serra dos Carajás, estado do Pará. Boletim Museu Paraense Emilio Goeldi, série Botânica 11: 75-87. registraram E. glossomystax e E. pusilla, sendo esta última encontrada nas áreas de canga.

8.1. Erycina pusilla (L.) N.H. Williams & M.W. Chase, Lindleyana 16(2): 136. 2001Williams NH, Chase MW, Fulcher T & Whitten WM (2001) Molecular systematics of the Oncidiinae based on evidence from four DNA sequence regions; expanded circumscription of Cyrtochilum, Erycina, Otoglossum and Trichocentrum and a new genus (Orchidaceae). Lindleyana, 16: 113-139.. Figs. 1i-j; 3a-b

Figura 3
Orchidaceae das cangas da Serra dos Carajás. a-b. Erycina pusilla - a. hábito; b. flor. c. Habenaria ludibundiciliata. d-e. Habenaria aff. nuda - d. inflorescência; e. flor. f-g. Ionopsis utricularioides - f. detalhe da inflorescência; g. flor. h. Macroclinium wullschlaegelianum. i-j. Notylia lyrata. Fotos: a-d, f-g. C.F. Hall; e. P.L. Viana; h-j. A.K. Koch.
Figure 3
Orchidaceae from the canga of the Serra dos Carajás. a-b. Erycina pusilla - a. habit; b. flower. c. Habenaria ludibundiciliata. d-e. Habenaria aff. nuda - d. inflorescence; e. flower. f-g. Ionopsis utricularioides - f. detail of the inflorescence; g. flower. h. Macroclinium wullschlaegelianum. i-j. Notylia lyrata. Photos: a-d, f-g. C.F. Hall; e. P.L. Viana; h-j. A.K. Koch.

Epífita, 3-4,5 cm alt. Cauloma não espessado em pseudobulbo. Folhas 6-7 por cauloma, compressas lateralmente, equitantes, 1,5-4,4 × 0,3-0,9 cm, oblanceoladas, base com bainha amplexicaule, ápice agudo. Inflorescência 2,1-6,7 cm compr., lateral, subereta, flores isoladas; brácteas ca. 4 × 3 mm, triangular; bractéolas 4 × 3 mm, triangulares. Flores amarelas, não ressupinadas, pediceladas, ecalcaradas; pedicelo+ovário 6-7 mm compr.; sépala dorsal ca. 5 × 4 mm, obovada, ápice redondo; sépalas laterais, ca. 6 × 1 mm, lanceoladas, falcadas, ápice agudo; pétalas ca. 7 × 4 mm, ovadas, ápice agudo; labelo ca. 1,4 × 1,3 cm, trilobado, amarelo, âmbito ovado, ápice emarginado, calo na região central, lobo mediano ca. 1 × 0,9 cm, obovado, lobos laterais ca. 6 × 4 mm obovados,; ginostêmio ca. 3 mm compr. Fruto não visto.

Material examinado: Canaã dos Carajás, Serra Sul, Corpo D, 17.III.2009, fl., P.L. Viana et al. 4126 (BHCB).

Erycina pusilla se difere das demais Orchidaceae ocorrentes na canga por apresentar folhas equitantes, dispostas em forma de leque e flores amarelas com máculas castanhas e calo com margem inteira. Foi observado que plantas que cresceram com maior exposição ao sol apresentaram coloração verde-alaranjada e as de locais mais sombreados de coloração verde.

A espécie apresenta-se distribuída desde o México até o Brasil (Goaverts et al. 2017). No Brasil pode ser encontrada nos estados da região Norte (AC, AM, PA, RO, RR), Nordeste (BA, CE, MA, SE), Centro-Oeste (MT) e Sudeste (MG, RJ) (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Na Serra dos Carajás foi encontrada na Serra Sul: S11D.

9. Habenaria Willd.

As espécies de Habenaria são ervas eretas que podem apresentar hábito terrícola, aquático ou semiaquáticos, as folhas podem ser ausentes ou reduzidas a bainhas, ou quando presentes são membranáceas, não articuladas, as inflorescências são terminais e racemosas, com flores alvas, verdes, verde-amareladas, inconspícuas em sua maioria, apresentando pétalas geralmente lobadas, labelo 3-lobado com um calcar na base (Foldats et al. 2003Foldats E, Carnevali G & Ramírez-Morillo IM (2003) Habenaria. : Steyermark JA, Berry P, Holst B & Yatskievich K (eds.) Flora of the Venezuelan Guayana. Timber Press, Portland. Pp. 372-384.).

O gênero é um dos maiores de Orchidaceae com aproximadamente 900 espécies (Govaerts et al. 2017Govaerts R, Bernet P, Kratochvil K, Gerlach G, Carr G, Alrich P, Pridgeon AM, Pfahl J, Campacci MA, Baptista DH, Tigges H, Shaw J, Cribb P, George A, Kreuz K & Wood J (2017) World checklist of Orchidaceae. Facilitated by the Royal Botanic Gardens, Kew. Disponível em <http://apps. kew.org/wcsp/> Acesso em 23 setembro 2017.
http://apps. kew.org/wcsp/...
), estando distribuído nos trópicos, subtrópicos e regiões temperadas do Velho e Novo Mundo (Pridgeon et al. 2001Pridgeon AM, Cribb PJ, Chase MW & Rasmussen FN (2001) Genera Orchidacearum. Vol. 2. Orchidoideae (Part I). Oxford University Press Inc., Oxford. 464p.). No Brasil, são registradas 153 espécies distribuídas por todos os estados e destas, 29 ocorrem no Pará (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Para a Serra dos Carajás, Silveira et al. (1995)Silveira EC, Cardoso ALR, IIlkiu-Borges AL & Atzingen N (1995) Flora Orquidológica da Serra dos Carajás, estado do Pará. Boletim Museu Paraense Emilio Goeldi, série Botânica 11: 75-87. registraram apenas uma espécie H. cf. lasioglosa Cogn. Entretanto, no presente trabalho reporta-se para áreas de canga a ocorrência de H. ludibundiciliata Bat. & Bianch. e H. aff. nuda Lindl.

    Chave de identificação das espécies de Habenaria das cangas da Serra dos Carajás
  • 1.................................. Sépala dorsal ca. 4 × 3 mm, tricomas diminutos na margem das pétalas e sépalas.............. .................................................................................................................. 9.1. Habenaria ludibundiciliata

  • 1'..................................................... Sépala dorsal 7-8 × ca. 6 mm, tricomas ausentes nas pétalas e sépalas.............. 9.2. Habenaria aff. nuda

9.1. Habenaria ludibundiciliata Bat. & Bianch., Sitientibus Sér. Ci. Biol. 6: 9. 2006. Figs. 1k; 3c

Terrícola, 20,5-30,5 cm alt. Cauloma não espessado em pseuldobulbo. Folhas 3-4 por cauloma, conduplicadas, 2,8-6,6 × 0,2-0,3 cm, linear-triangulares, base com bainha amplexicaule, ápice agudo. Inflorescência 7-10 cm compr., terminal, racemo, 3-6-flora, ereta, laxa; brácteas ca. 1,5-2 × 0,3 cm, linear-triangulares; bractéolas 0,8-1,4 × 0,1-0,3 cm, rômbicas. Flores verde-amareladas, ressupinadas, pediceladas, calcaradas; pedicelo+ovário ca. 9 mm compr.; calcar ca. 1 cm; sépala dorsal ca. 4 × 3 mm, elíptica, ápice acuminado; sépalas laterais, ca. 6 × 1 mm, lanceoladas, falcadas, ápice agudo; pétalas ca. 4 × 2 mm, bífidas, segmentos lanceolado-falcados, ápice agudo; labelo ca. 7 × 2 mm, trífido, ápice agudo, segmento mediano ca. 4 × 1 mm, linear-triangular, segmentos laterais ca. 4 × 1 mm, linear-triangulares, falcados; ginostêmio ca. 1 mm compr. Fruto não visto.

Material selecionado: Paraupebas, Serra dos Carajás, N2, 28.IV.2015, fl., N.F.O. Mota et al. 2967 (MG); Serra Norte N7, 26.III.2016, fl., R.M. Harley et al. 57513 (MG); Serra do Tarzan-Serra Sul, 1.V.2015, fl., N.F.O. Mota et al. 3006.

Habenaria ludibundiciliata pode ser diferenciada de H. aff. nuda pelas flores menores, com tricomas diminutos na margem de suas pétalas e sépalas (presentes em maior ou menor grau nos espécimes analisados).

A espécie ocorre na Colômbia e no Brasil (Batista e Bianchetti 2006Batista JAN & Bianchetti LB (2006) The Brazilian Habenaria (Orchidaceae) with hairy segments. Sitientibus Série Ciências Biologicas 6: 09-23.). No Brasil pode ser encontrada nos estados da região Norte (PA, RR), Nordeste (MA), Centro-Oeste (DF, GO, MT) e Sudeste (MG) (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Na Serra dos Carajás foi encontrada na Serra Norte: N2 e N7 e Serra Sul: Serra do Tarzan.

9.2. Habenaria aff. nuda Lindl., Gen. Sp. Orchid. Pl.: 312. 1835. Figs. 1l; 3d-e

Terrícola, 64,5-75 cm alt. Cauloma não espessado em pseudobulbo. Folhas 4-5 por cauloma, conduplicadas, 9,1-19 × 0,3-0,7 cm, lanceoladas a linear-triangulares, base com bainha amplexicaule, ápice agudo. Inflorescência terminal, racemo, 11-12-flora, ereta, congesta; brácteas 3,1-4,1 × 0,5-0,6 cm, truladas; bractéolas 1,5-2 × 0,4-0,7 cm, lanceoladas. Flores verdes, ressupinadas, pediceladas, calcaradas; pedicelo+ovário 1,5-1,6 cm compr.; calcar 1,5-1,9 cm; sépala dorsal 7-8 × ca. 6 mm, ovada, ápice agudo; sépalas laterais, ca. 0,9-1 × ca. 0,3 cm, lanceoladas a elípticas, levemente falcadas, ápice agudo a acuminado; pétalas 8-9 × ca. 3 mm, bífidas, segmentos lanceolado-falcados, ápice agudo; labelo 1,1-1,3 × 0,3 cm, trífido, ápice agudo, segmento mediano 8-9 × ca. 1 mm, linear a linear-triangular, segmentos laterais 1,1-1,3 × ca. 0,1 cm, lineares a linear-triangulares, falcados; ginostêmio ca. 3 mm compr. Fruto não visto.

Material examinado: Parauapebas, FLONA de Carajás, Serra dos Carajás, N8, 27.III.2015, fl., A. Cardoso et al. 1947 (MG). São Félix do Xingu, Serra de Campos, Platô SF1, 1.V.2016, fl., P.L. Viana et al. 6134 (MG).

Habenaria aff. nuda pode ser diferenciada de H. ludibundiciliata pelas flores menores, com tricomas diminutos na margem de suas pétalas e sépalas (presentes em maior ou menor grau nos espécimes analisados). Batista et al. (2008)Batista JAN & Bianchetti LB (2008) A synopsis of the genus Cyrtopodium (Catasetinae: Orchidaceae) from Southern Brazil. Darwiniana 43: 74-83. citam H. aff. nuda para a Serra dos Carajás e como a única possível ocorrência de H. nuda na Amazônia Brasileira.

Habenaria nuda é uma espécie endêmica do Brasil, ocorrendo nas regiões Centro-Oeste (DF, GO, MS, MT), Nordeste (BA, MA), Norte (AM, PA, TO), Sudeste (MG, RJ, SP) e Sul (PR, SC) (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Na Serra dos Carajás, H. aff. nuda foi encontrada na Serra Norte: N8 e na Serra de Campos Serra Sul: SF1D

10. Ionopsis Kunth

Ionopsis é um gênero composto por seis espécies de pequenas ervas cespitosas, pseudobulbos ausentes ou bem reduzidos, unifoliados, inflorescências racemosas ou paniculadas, com flores esbranquiçadas, rosadas ou lilases, com labelo quase sempre bem maior que as sépalas e pétalas (Carnevali & Ramírez-Morillo 2003cCarnevali G & Ramírez-Morillo IM (2003c) Ionopsis. : Steyermark JA, Berry P, Holst B & Yatskievich K (eds.) Flora of the Venezuelan Guayana. Timber Press, Portland. Pp. 394-395.).

O gênero apresenta-se distribuído desde os Estados Unidos até o Brasil e Paraguai (Tropicos 2017). No Brasil encontra-se distribuído por estados de todas as regiões e representado por três espécies I. burchellii Rchb.f., I. satyrioides (Sw.) Lindl. e I. utricularioides (Sw.) Lindl., das quais as duas últimas ocorrem no Pará (BFG 2105; Carneiro-Silva et al. 2015Carneiro-Silva MQ, Koch AK, Viana PL & Ilkiu-Borges AL (2015) Oncidiinae (Orchidaceae) on the great curve of the Xingu River, Pará state, Brazil. Brazilian Journal of Biology 75: 222-237.). Estas duas espécies também foram registradas por Silveira et al. (1995)Silveira EC, Cardoso ALR, IIlkiu-Borges AL & Atzingen N (1995) Flora Orquidológica da Serra dos Carajás, estado do Pará. Boletim Museu Paraense Emilio Goeldi, série Botânica 11: 75-87. para a Serra dos Carajás. Contudo, nas áreas de canga registrou-se apenas I. utricularioides.

10.1. Ionopsis utricularioides (Sw.) Lindl. Coll. Bot. 8: t.39, f.A. 1826. Figs. 1m-n; 3f-g

Epífita, 43-57 cm alt. Cauloma espessado em pseudobulbo; pseudobulbo 2,1-3 cm, oblongo. Folhas 2 por pseudobulbo, conduplicadas, 3,1-10,5 × 0,6-1 cm, estreito-elípticas a lineares, base atenuada, ápice agudo. Inflorescência 25-42,2 cm compr., lateral, panícula, 10-flora, ereta, laxa; brácteas 5-8 × ca. 3 mm, lanceoladas; bractéolas 2-4 × ca. 1 mm, lanceoladas. Flores lilases com mácula vinosa no labelo, ressupinadas, pediceladas, ecalcaradas; pedicelo+ovário ca. 5 mm compr.; sépala dorsal ca. 5 × 2 mm, elíptica, ápice agudo; sépalas laterais soldadas, ca. 5 × 2 mm, estreito-elípticas a lanceoladas, ápice agudo; pétalas ca. 6 × 3 mm, elípticas a obovadas, ápice acuminado; labelo 0,8-1 × 0,6-0,7 cm, inteiro, âmbito obovado, ápice emarginado, calo bilobado coberto por tricomas diminutos; ginostêmio ca. 2 mm compr. Fruto imaturo ovoide, 1,2-2 × 0,6 cm.

Material selecionado: Canaã dos Carajás, Serra sul, corpo D, 13.I.2017, fl., C.O. Martins-Hall et al. 33 (MG).

Ionopsis utricularioides pode ser caracterizada pela presença de folhas verde-vináceas e inflorescências longo-paniculadas com flores numerosas e coloração variando entre esbranquiçada, rósea ou lilás.

É a espécie do gênero com maior amplitude de distribuição, com ocorrência desde os Estados Unidos até o Brasil e Paraguai (Govaerts et al. 2017Govaerts R, Bernet P, Kratochvil K, Gerlach G, Carr G, Alrich P, Pridgeon AM, Pfahl J, Campacci MA, Baptista DH, Tigges H, Shaw J, Cribb P, George A, Kreuz K & Wood J (2017) World checklist of Orchidaceae. Facilitated by the Royal Botanic Gardens, Kew. Disponível em <http://apps. kew.org/wcsp/> Acesso em 23 setembro 2017.
http://apps. kew.org/wcsp/...
). No Brasil também é a espécie mais bem distribuída ocorrendo no Norte (AC, AM, PA, RO), Nordeste (BA, MA, PE, SE), Centro-Oeste (DF, GO, MS, MT), Sudeste (ES, MG, RJ, SP) e no Sul (PR, SC), habitando ambientes variados (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Na Serra do Carajás foi coletada na Serra Sul: S11D.

11. Laelia Lindl.

Laelia Lindl. na atual circunscrição incluindo as espécies de Schomburgkia Lindl., apresenta morfogia muito variada, tanto na parte vegetativa quanto na reprodutiva. Contudo, uma parte das espécies pode ser caracterizada por apresentar plantas com pseudobulbos sempre compressos lateralmente, inflorescências subumbeladas, brácteas da parte de baixo da inflorescência que excedem os internós dos pseudobulbos, flores de coloração variada e sépalas e pétalas com margem fortemente onduladas (Carnevali & Ramírez-Morillo 2003dCarnevali G & Ramírez-Morillo IM (2003d) Schomburgkia. : Steyermark JA, Berry P, Holst B & Yatskievich K (eds.) Flora of the Venezuelan Guayana. Timber Press, Portland. Pp. 561-563.; Peraza-Flores et al. 2016Peraza-Flores LN, Carnevali G & van den Berg C (2016) A molecular phylogeny of the Laelia alliance (Orchidaceae) and a reassessment of Laelia and Schomburgkia. Taxon 65: 1249-1262.).

O gênero compreende aproximadamente 25 espécies com distribuição Neotropical (Soto 2005Soto MA (2005) Laelia. : Pridgeon AM, CribbbPJ, Chas MW & Rasmussen FN. Genera Orchidacearum 4. Oxford University Press, Oxford. Pp. 265-271.). No Brasil, encontra-se representado por três espécies: L. gloriosa (Rchb.f.) L.O. Williams, L. marginata (Lindl.) L.O. Williams e L. moyobambae (Schltr.) C.Schweinf., distribuídas por alguns estados da Região Nordeste, todos os estados das regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste, além do Paraná (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). No Pará, ocorre apenas L. gloriosa (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Nas áreas de canga da Serra dos Carajás, o gênero encontra-se representado por L. marginata.

11.1. Laelia marginata (Lindl.) L.O. Williams, Darwiniana 5: 76. 1941. Fig. 1o

Epífita, 21-47 cm alt. Cauloma espessado em pseudobulbo; pseudobulbo 7-10 × 3,2-4 cm, elipsoide. Folhas 2 por pseudobulbo, conduplicadas, 13,5-18,5 × 2,7-4,2 cm, lanceoladas a estreito-elípticas, base atenuada, ápice agudo. Inflorescência ca. 37,5 cm compr., terminal, racemo, 9-flora, ereta, laxa; brácteas ca. 4-5,2 × ca. 1 cm, lanceoladas a estreito elípticas; bractéolas 3,4-4,5 × 0,5-0,7 cm, lanceoladas. Flores verde-alvacentas com manchas arroxeadas, ressupinadas, pediceladas, ecalcaradas; pedicelo+ovário 3,2-2,3 cm compr.; sépala dorsal ca. 2 × 0,6 cm, oblonga, ápice agudo; sépalas laterais, ca. 2 × 0,7 cm, lanceoladas a estreito-elípticas, falcadas, ápice agudo; pétalas ca. 1,9 × 0,5 cm, oblongas a estreito-oblongas, ápice arredondado; labelo ca. 2,6 × 1 cm, trilobado, âmbito ovado, ápice obtuso, adnato a coluna, cristas em direção ao ápice, lobo mediano ca. 8 × 6 mm, ovado, lobos laterais ca. 5 × 8 mm, ovalados; ginostêmio ca. 6 mm compr. Fruto não visto.

Material examinado: Canaã dos Carajás, FLONA de Carajás, Serra Sul, corpo A, 31.V.2010, fl., L.L. Giacomin et al. 1182 (BHCB).

Laelia marginata pode ser diferenciada das demais espécies de Carajás por apresentar pseudobulbos elípticos compressos lateralmente e sépalas e pétalas com margens crespadas.

Encontra-se distribuída em alguns países da América do Sul (Goaverts et al. 2017). No Brasil havia sido registrada apenas para o estado do Amazonas (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.), contudo, no presente estudo tem sua distribuição no Brasil ampliada para o estado do Pará, sendo encontrada nas áreas de canga na Serra Sul: S11A..

12. Macroclinium Barb.Rodr.

Macroclinium apresenta plantas pequenas, com pseudobulbos inconspícuos lateralmente compressos, 1-foliados, folhas equitantes, lateralmente compressas, verdes com pontuações castanhas ou vináceas, as inflorescências são longo-pedunculadas com racemo capitado, poucas flores, geralmente rosadas ou roxas, translúcidas, com coluna alongada e cilíndrica (Carnevali & Ramírez-Morillo 2003eCarnevali G & Ramírez-Morillo IM (2003e) Macroclinium. : Steyermark JA, Berry P, Holst B & Yatskievich K (eds.) Flora of the Venezuelan Guayana. Timber Press, Portland. Pp. 420-422.).

O gênero inclui 38 espécies distribuídas desde o sul do México até a Bolívia (Govaerts et al. 2017Govaerts R, Bernet P, Kratochvil K, Gerlach G, Carr G, Alrich P, Pridgeon AM, Pfahl J, Campacci MA, Baptista DH, Tigges H, Shaw J, Cribb P, George A, Kreuz K & Wood J (2017) World checklist of Orchidaceae. Facilitated by the Royal Botanic Gardens, Kew. Disponível em <http://apps. kew.org/wcsp/> Acesso em 23 setembro 2017.
http://apps. kew.org/wcsp/...
). No Brasil encontra-se representado por cinco espécies distribuídas principalmente na Região Norte, das quais quatro podem ser encontradas no Pará (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Para a Serra dos Carajás apenas M. wullschlaegelianum (Focke) Dodson foi registrada por Silveira et al. (1995)Silveira EC, Cardoso ALR, IIlkiu-Borges AL & Atzingen N (1995) Flora Orquidológica da Serra dos Carajás, estado do Pará. Boletim Museu Paraense Emilio Goeldi, série Botânica 11: 75-87., sendo também a única espécie com ocorrência nas áreas de canga.

12.1. Macroclinium wullschlaegelianum (Focke) Dodson, Icon. Pl. Trop. 10: t. 939. 1984. Figs. 3h; 4a

Figura 4
Orchidaceae das cangas da Serra dos Carajás. a. Macroclinium wullschlaegelianum. b. Mesadenella cuspidata. c. Notylia barkeri. d. Notylia lyrata. e. Polystachya concreta. f. Prosthechea fragrans. g. Scaphyglottis prolifera. h. Scaphyglottis stellata. i. Sobralia liliastrum. j. Trichocentrum sprucei. Ilustração: Climbiê F. Hall.
Figure 4
Orchidaceae from the canga of the Serra dos Carajás. a. Macroclinium wullschlaegelianum. b. Mesadenella cuspidata. c. Notylia barkeri. d. Notylia lyrata. e. Polystachya concreta. f. Prosthechea fragrans. g. Scaphyglottis prolifera. h. Scaphyglottis stellata. i. Sobralia liliastrum. j. Trichocentrum sprucei. Illustration: Climbiê F. Hall.

Epífita, 6-7,6 cm alt. Cauloma com pseudobulbo inconspícuo. Folhas 6-8 por cauloma, compressas lateralmente, equitantes, 1,1-2,5 × ca. 0,3 cm, elípticas a oblanceoladas, base com bainha amplexicaule, ápice agudo. Inflorescência 4,9-6,3 cm compr., terminal, racemo, 2-5-flora, pendente, congesta; brácteas ca. 4 × 1 mm, lanceoladas; bractéolas 2-3 × ca. 1 mm, lanceoladas. Flores róseo-esverdeadas translúcidas com máculas roxas, ressupinadas, pediceladas, ecalcaradas; pedicelo+ovário ca. 8 mm compr.; sépala dorsal ca. 7 × 1 mm, lanceolada, ápice agudo; sépalas laterais, ca. 6 × 1 mm, estreito-elípticas, ápice agudo; pétalas ca. 6 × 1 mm, estreito-elípticas, ápice agudo; labelo ca. 5 × 2 mm, inteiro, alvo com manchas lilás, unguiculado, âmbito oblanceolado, ápice agudo, calo 2, cristado-auriculados; ginostêmio ca. 1 cm compr. Fruto não visto.

Material selecionado: Parauapebas, Projeto Ferro Carajás, N1, IV.1991, fl., J. Batista et al. 44 (MG)

Macroclinium wullschlaegelianum é a menor espécie de Orchidaceae encontrada nas áreas de canga da Serra do Carajás. Difere das demais por apresentar folhas verdes com pontuações vináceas e flores róseo-translúcidas com máculas roxas nas pétalas.

Apresenta-se distribuída desde o Panamá até o Brasil (Govaerts et al. 2017Govaerts R, Bernet P, Kratochvil K, Gerlach G, Carr G, Alrich P, Pridgeon AM, Pfahl J, Campacci MA, Baptista DH, Tigges H, Shaw J, Cribb P, George A, Kreuz K & Wood J (2017) World checklist of Orchidaceae. Facilitated by the Royal Botanic Gardens, Kew. Disponível em <http://apps. kew.org/wcsp/> Acesso em 23 setembro 2017.
http://apps. kew.org/wcsp/...
; Tropicos 2017Tropicos (2017) Missouri Botanical Garden. Disponível em <http://www.tropicos.org>. Acesso em 25 setembro 2017.
http://www.tropicos.org...
). No Brasil, ocorre nos estados do Amazonas, Pará, Rondônia, Maranhão, Distrito Federal e Goiás (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Na Serra dos Carajás foi encontrada apenas na Serra Norte: N1.

13. Mesadenella Pabst & Garay

Mesadenella é composto por ervas terrícolas de folhas convolutas, basais, rosuladas, com inflorescências eretas multifloras, com flores dispostas espiraladamente na raque, flores pequenas, com sépalas laterais decurrentes com o pé da coluna formando um mento (Carnevali et al. 2003aCarnevali G, Ramírez-Morillo IM & Vargas CA (2003a) Mesadenella. : Steyermark JA, Berry P, Holst B & Yatskievich K (eds.) Flora of the Venezuelan Guayana. Timber Press, Portland. Pp. 455.).

As nove espécies representantes do gênero ocorrem desde o sul do México até o norte da Argentina (Goaverts et al. 2017Govaerts R, Bernet P, Kratochvil K, Gerlach G, Carr G, Alrich P, Pridgeon AM, Pfahl J, Campacci MA, Baptista DH, Tigges H, Shaw J, Cribb P, George A, Kreuz K & Wood J (2017) World checklist of Orchidaceae. Facilitated by the Royal Botanic Gardens, Kew. Disponível em <http://apps. kew.org/wcsp/> Acesso em 23 setembro 2017.
http://apps. kew.org/wcsp/...
). No Brasil são registradas três espécies para o gênero, distribuidas pelas regiões Norte (PA), Nordeste (AL, BA, CE, PE), Centro-Oeste (DF, GO, MT), Sudeste (ES, MG, RJ, SP) e Sul (PR, RS, SC) ocorrendo em ambientes sombreados (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Para o Pará, cita-se a ocorrência de M. tonduzii (Schltr.) Pabst & Garay, mas ao que tudo indica, a aplicação deste nome não é correta para o Brasil (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Nas áreas de canga da Serra dos Carajás foi registrada a ocorrência de Mesadenella cuspidata (Lindl.) Garay.

13.1. Mesadenella cuspidata (Lindl.) Garay, Fl. Ecuador 9(225: 1): 238. 1978. Fig. 4b

Terrícola, 17-20 cm alt. Cauloma não espessado em pseudobulbo. Folhas 4-5 no ápice do cauloma, conduplicadas, 6,8-12,8 × 3-5 cm, obovadas, base com bainha amplexicaule, ápice acuminado. Inflorescência terminal, racemo, 10-30-flora, ereta, conjesta; brácteas 1,7-2,6 × 0,4-0,6 cm, lanceolada; bractéolas 0,8-1,2 × 0,3-0,6, truladas. Flores verde-claras, não ressupinadas, pediceladas, ecalcaradas; pedicelo+ovário 0,8-1,2 cm compr.; sépala dorsal ca. 6 × 2 mm, lanceolada, ápice agudo; sépalas laterais, ca. 6 × 2 mm, falcadas, ápice acuminado; pétalas ca. 4 × 1 mm, oblanceoladas, ápice agudo; labelo ca. 5 × 2 mm, inteiro, âmbito oblanceolado, ápice redondo; ginostêmio ca. 4 mm compr. Fruto não visto.

Material examinado: Parauapebas, Serra Sul, corpo D, 17.III.2009, fl., P.L. Viana et al. 4107 (BHCB); N3, fl., 22.VI.2012, L.V.C. Silva et al. 1286 (BHCB).

Mesadenella cuspidata é caracterizada por apresentar hábito terrícola, inflorescência ereta com bractéolas truladas e flores verde-claras com labelo de âmbito do oblanceolado.

Apresenta-se distribuída pela Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Perú e Venezuela (Govaerts et al. 2017Govaerts R, Bernet P, Kratochvil K, Gerlach G, Carr G, Alrich P, Pridgeon AM, Pfahl J, Campacci MA, Baptista DH, Tigges H, Shaw J, Cribb P, George A, Kreuz K & Wood J (2017) World checklist of Orchidaceae. Facilitated by the Royal Botanic Gardens, Kew. Disponível em <http://apps. kew.org/wcsp/> Acesso em 23 setembro 2017.
http://apps. kew.org/wcsp/...
). No Brasil, a espécie é registrada nas regiões Centro-Oeste (DF, GO, MT), Nordeste (AL, BA, CE, PE), Sudeste (ES, MG, RJ, SP), Sul (PR, RS, SC) (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.) e agora pela primeira vez na região Norte (PA). Na Serra dos Carajás foi encontrada na Serra Norte: N1 e na Serra Sul: S11D.

14. Mormodes Lindl.

Mormodes é um gênero pertencente à subtribo Catasetinae, que inclui cerca de 90 espécies e é composto por plantas epifíticas, raramente terrícolas, de pseudobulbos bem desenvolvidos com vários entrenós, ovoides ou fusiformes, com várias folhas plicadas, decíduas e articuladas, as inflorescências são racemosas eretas, arqueadas ou pendentes com poucas ou muitas flores, flores funcionalmente estaminadas ou bissexuadas, com sépalas laterais fortemente reflexas ou não, labelo inteiro ou 3-lobado, glabro ou pubescente com margem fortemente reflexa (Romero-González 2003bRomero-Gonzáles GA (2003b) Mormodes. : Steyermark JA, Berry P, Holst B & Yatskievich K (eds.) Flora of the Venezuelan Guayana. Timber Press, Portland. Pp 457-458.; Govaerts et al. 2017Govaerts R, Bernet P, Kratochvil K, Gerlach G, Carr G, Alrich P, Pridgeon AM, Pfahl J, Campacci MA, Baptista DH, Tigges H, Shaw J, Cribb P, George A, Kreuz K & Wood J (2017) World checklist of Orchidaceae. Facilitated by the Royal Botanic Gardens, Kew. Disponível em <http://apps. kew.org/wcsp/> Acesso em 23 setembro 2017.
http://apps. kew.org/wcsp/...
).

Apresenta-se distribuído desde o sul do México até a Bolivia (Govaerts et al. 2017Govaerts R, Bernet P, Kratochvil K, Gerlach G, Carr G, Alrich P, Pridgeon AM, Pfahl J, Campacci MA, Baptista DH, Tigges H, Shaw J, Cribb P, George A, Kreuz K & Wood J (2017) World checklist of Orchidaceae. Facilitated by the Royal Botanic Gardens, Kew. Disponível em <http://apps. kew.org/wcsp/> Acesso em 23 setembro 2017.
http://apps. kew.org/wcsp/...
). No Brasil são registradas 24 espécies distribuídas pela região Norte (AC, AM, PA, RO, RR), Nordeste (MA), Centro-Oeste (DF, GO, MS, MT) e Sudeste (MG, SP) ocorrendo nos domínios Amazônia e Cerrado (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). No Pará ocorrem oito espécies (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.) e para a Serra dos Carajás, Silveira et al. (1995)Silveira EC, Cardoso ALR, IIlkiu-Borges AL & Atzingen N (1995) Flora Orquidológica da Serra dos Carajás, estado do Pará. Boletim Museu Paraense Emilio Goeldi, série Botânica 11: 75-87. registraram quatro: M. paraensis Salazar & J.B.F. Silva, M. aff. paraensis e mais duas não identificadas. Neste trabalho, apenas M. paraensis foi encontrada nas áreas de canga da Serra dos Carajás.

14.1. Mormodes paraensis Salazar & J.B.F. Silva, Lindleyana 8: 73. 1993.

Epífita, ca. 26,5 cm alt. Cauloma espessado em pseudobulbo; Pseudobulbo lanceoloide a elipsoide. Folhas não vistas. Inflorescência ca. 26,5 cm compr., lateral, racemo, 10-flora, ereta a arqueada, laxa; brácteas 1,1×1,2-1,6 cm, largo-ovadas; bractéolas 5-8 × 4 mm, ovadas a lanceoladas. Flores vinosas, ressupinadas, pediceladas, ecalcaradas; pedicelo+ovário ca. 2,7 cm compr.; sépala dorsal ca. 3,1 × 0,7 cm, estreito-rômbica, ápice agudo; sépalas laterais, ca. 2,6 × 0,9 cm, estreito-elípticas, levemente falcadas, ápice agudo; pétalas ca. 2,8 × 0,9 cm, ovadas, levemente falcadas, ápice acuminado; labelo obscuramente trilobado, ca. 2,2 × 2 cm, âmbito obovado, ápice acuminado, com uma quilha dorsal subcilíndrica; ginostêmio ca. 9 mm compr. Fruto não visto.

Material examinado: Parauapebas, Serra sul no complexo Carajás, 5.VII.1995, fl., J.B.F. Silva 419 (MG).

Mormodes paraensis difere das demais Orchidaceae da Serra dos Carajás por apresentar flores vináceas com labelo de margem fortemente reflexa.

Esta espécie é endêmica do Brasil, sendo encontrada nos estados do Pará e Rondônia (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Nas áreas de canga da Serra dos Carajás foi coletada na Serra Sul.

15. Notylia Lindl.

Notylia é um gênero com plantas pequenas, cespitosas, de pseudobulbos curtos e unifoliados, com folhas conduplicadas e articuladas, inflorescências arqueadas ou pendentes com poucas ou muitas flores, flores pequenas ressupinadas, alvas, esverdeadas ou amareladas, com labelo geralmente triangular (Carnevali & Ramírez-Morillo 2003fCarnevali G & Ramírez-Morillo IM (2003f) Notylia. : Steyermark JA, Berry P, Holst B & Yatskievich K (eds.) Flora of the Venezuelan Guayana. Timber Press, Portland. Pp. 463-465.).

Notylia inclui cerca de 60 espécies distribuídas desde o México até o Paraguai (Govaerts et al. 2017Govaerts R, Bernet P, Kratochvil K, Gerlach G, Carr G, Alrich P, Pridgeon AM, Pfahl J, Campacci MA, Baptista DH, Tigges H, Shaw J, Cribb P, George A, Kreuz K & Wood J (2017) World checklist of Orchidaceae. Facilitated by the Royal Botanic Gardens, Kew. Disponível em <http://apps. kew.org/wcsp/> Acesso em 23 setembro 2017.
http://apps. kew.org/wcsp/...
). No Brasil está representando por 25 espécies distribuídas por quase todos os estados e destas, oito ocorrem no Pará (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Para a Serra dos Carajás, Silveira et al. (1995)Silveira EC, Cardoso ALR, IIlkiu-Borges AL & Atzingen N (1995) Flora Orquidológica da Serra dos Carajás, estado do Pará. Boletim Museu Paraense Emilio Goeldi, série Botânica 11: 75-87. citaram duas espécies N. barkeri Lindl. e Notylia sp. Neste estudo, para as áreas de canga da Serra dos Carajás registra-se N. barkeri Lindl. e N. lyrata S.Moore.

    Chave de identificação das espécies de Notylia das cangas da Serra dos Carajás
  • 1. Inflorescência 24-flora; flores amareladas................................................. 15.1. Notylia barkeri

  • 1'. Inflorescência 45-flora; flores alvo-esverdeadas......................................... 15.2. Notylia lyrata

15.1. Notylia barkeri Lindl., Edward´s Bot. Reg. 24 (Misc.): 90. 1838. Fig. 4c

Epífita, ca. 6,7 cm alt. Cauloma espessado em pseudobulbo; pseudobulbo oblanceoloide, 0,9-1,7 × 0,4-0,6 cm. Folhas 1 por pseudobulbo, conduplicadas, 3,7-5,9 × 1,6-2,2 cm, estreito-elípticas, base com bainha amplexicaule, ápice arredondado. Inflorescência ca. 8,1 cm compr., lateral, racemo, 24-flora, pendente, congesta; brácteas ca. 5 × 1 mm, lanceoladas; bractéolas ca. 2 × 1 mm, lineares. Flores amareladas, ressupinadas, pediceladas, ecalcaradas; pedicelo+ovário 3-5 mm compr.; sépala dorsal ca. 5 × 1 mm, estreito-oblonga, ápice agudo; sépalas laterais soldadas, ca. 4 × 1 mm, lanceoladas, ápice agudo; pétalas ca. 5 × 1 mm, estreito-oblongas, falcadas, ápice agudo; labelo ca. 4 × 1 mm, inteiro unguiculado, âmbito deltoide, ápice agudo, calo com 3 quilhas longitudinais; ginostêmio ca. 3 mm compr. Fruto não visto.

Material examinado: Canaã dos Carajás, Serra do Tarzan, 14.X.2008, fl., L.V. Costa et al. 637 (BHCB).

Notylia barkeri pode ser diferenciada de N. lyrata principalmente pela coloração amarela das flores (vs. alvo-esverdeadas em N. lyrata) e pelas inflorescências com cerca de 24 flores (vs. ca. 45 flores em N. lyrata).

Esta espécie apresenta distribuição desde o México até o norte do Brasil (Govaerts et al. 2017Govaerts R, Bernet P, Kratochvil K, Gerlach G, Carr G, Alrich P, Pridgeon AM, Pfahl J, Campacci MA, Baptista DH, Tigges H, Shaw J, Cribb P, George A, Kreuz K & Wood J (2017) World checklist of Orchidaceae. Facilitated by the Royal Botanic Gardens, Kew. Disponível em <http://apps. kew.org/wcsp/> Acesso em 23 setembro 2017.
http://apps. kew.org/wcsp/...
). No Brasil, pode ser encontrada nos estados do Amazonas, Bahia, Mato Grosso, Pará, Pernambuco, Sergipe e Tocantins (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Nas áreas de canga da Serra dos Carajás foi encontrada apenas na Serra do Tarzan.

15.2. Notylia lyrata S.Moore, Trans. Linn. Soc. London, Bot. 4: 477, t.32. 1895. Figs. 3i-j; 4d

Epífita, ca. 19 cm alt. Cauloma espessado em psudobulbo; pseudobulbo oblongo, 3-3,5 × 0,3-0,4 cm. Folhas 1 por psudobulbo, conduplicadas, 7,6-16,4 × 1,6-2,6 cm, elípticas, base com bainha amplexicaule, ápice agudo. Inflorescência ca. 15,5 cm compr., lateral, racemo, 45-flora, ereta, congesta; brácteas ca. 6 × 1 mm, lanceoladas; bractéolas 3-5 × 1 mm, lineares. Flores verde-esbranquiçadas, ressupinadas, pediceladas, ecalcaradas; pedicelo+ovário ca. 3 mm compr.; sépala dorsal ca. 4 × 1 mm, lanceolada, ápice agudo; sépalas laterais soldadas, ca. 3 × 1 mm, lanceoladas, ápice agudo; pétalas ca. 3 × 1 mm, lanceoladas, falcadas, ápice agudo; labelo ca. 3 × 1 mm, inteiro, unguiculado, âmbito deltoide, ápice acuminado, calo com 3 quilhas longitudinais; ginostêmio, ca. 2 mm compr. Fruto não visto.

Material examinado: Parauapebas, Serra Sul, corpo D, 17.III.2009, fl., P.L. Viana 4128 (BHCB).

Notylia lyrata pode ser diferenciada de N. barkeri principalmente pela coloração e das flores e número de flores por inflorescência, como discutido no comentário da espécie anterior.

A espécie ocorre no Paraguai e no Brasil (Govaerts et al. 2017Govaerts R, Bernet P, Kratochvil K, Gerlach G, Carr G, Alrich P, Pridgeon AM, Pfahl J, Campacci MA, Baptista DH, Tigges H, Shaw J, Cribb P, George A, Kreuz K & Wood J (2017) World checklist of Orchidaceae. Facilitated by the Royal Botanic Gardens, Kew. Disponível em <http://apps. kew.org/wcsp/> Acesso em 23 setembro 2017.
http://apps. kew.org/wcsp/...
). No Brasil apresenta-se amplamente distribuída, podendo ser encontrada em quase todos os estados, habitando ambientes variados (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Na Serra dos Carajás foi encontrada apenas na Serra Sul: S11D.

16.Peristeria Hook.

Espécies de Peristeria são principalmente epífitas, com pseudobulbos ovoides a subcilíndricos com 1-5 folhas, inflorescências eretas ou pendentes com poucas ou muitas flores característimente globosas, perfumadas normalmente polinizadas por abelhas Euglossinae (Romero-González 2003cRomero-Gonzáles GA (2003c) Peristeria. : Steyermark JA, Berry P, Holst B & Yatskievich K (eds.) Flora of the Venezuelan Guayana. Timber Press, Portland. Pp 457-458.).

Peristeria encontra-se representado por 15 espécies distribuídas desde a Costa Rica até o Brasil (Govaerts et al. 2017Govaerts R, Bernet P, Kratochvil K, Gerlach G, Carr G, Alrich P, Pridgeon AM, Pfahl J, Campacci MA, Baptista DH, Tigges H, Shaw J, Cribb P, George A, Kreuz K & Wood J (2017) World checklist of Orchidaceae. Facilitated by the Royal Botanic Gardens, Kew. Disponível em <http://apps. kew.org/wcsp/> Acesso em 23 setembro 2017.
http://apps. kew.org/wcsp/...
). No Brasil as espécies do gênero ocorrem nos estados do Amazonas, Maranhão e Pará, onde neste último registram-se quatro das cinco espécies encontradas no país (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Para a Serra dos Carajás Silveira et al. (1995)Silveira EC, Cardoso ALR, IIlkiu-Borges AL & Atzingen N (1995) Flora Orquidológica da Serra dos Carajás, estado do Pará. Boletim Museu Paraense Emilio Goeldi, série Botânica 11: 75-87., registraram a ocorrência de P. guttata Knowles & Westc., a qual também foi a única registrada para as áreas de canga neste trabalho.

16.1. Peristeria guttata Knowles & Westc., Fl. Cab. 2: 99. 1838.

Epífita, ca. 1,7 cm alt. Cauloma espessado em psedobulbo; pseudobulbo 3,7-6,5 × 0,7-1,3 cm, ovoide a estreito-oblongo. Folhas 4 por pseudobulbo, nervuras evidentes, 17,8-27 × 1,2-5,1 cm, estreito-elípticas a elípticas, base com bainha amplexicaule, ápice agudo. Inflorescência lateral, racemo, pendente, congesta, não vista. Flores vermelho-pintalgadas, ressupinadas, pediceladas, ecalcaradas; pedicelo+ovário ca. 2,5 cm compr.; sépala dorsal ca. 2,8 × 1,8 cm, elíptica, ápice arredondado; sépalas laterais soldadas, ca. 2,6 × 1,8 cm, oblongas, ápice arredondado; pétalas ca. 2,4 × 1,1 cm, oblongas, ápice arredondado; labelo ca. 2,7 × 1,5 cm, trilobado, vermelho, sigmoide, âmbito obovado, ápice emarginado, lobo mediano ovado, ca. 9 × 5 mm, lobos laterais obovados, ca. 1,9 × 1,9 cm; ginostêmio ca. 1,7 cm compr. Fruto não visto.

Material examinado: Parauapebas, Projeto ferro Carajás, N1, 15.VI.1989, fl., J. Batista 35 (MG).

Peristeria guttata é caracterizada por apresentar inflorescência pendente com flores globosas, amarelas com máculas vinosas.

Esta espécie encontra-se distribuída por alguns países do norte da América do Sul e norte do Brasil (Govaerts et al. 2017Govaerts R, Bernet P, Kratochvil K, Gerlach G, Carr G, Alrich P, Pridgeon AM, Pfahl J, Campacci MA, Baptista DH, Tigges H, Shaw J, Cribb P, George A, Kreuz K & Wood J (2017) World checklist of Orchidaceae. Facilitated by the Royal Botanic Gardens, Kew. Disponível em <http://apps. kew.org/wcsp/> Acesso em 23 setembro 2017.
http://apps. kew.org/wcsp/...
). No Brasil ocorre no Amazonas, Maranhão e Pará (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Na Serra dos Carajás foi encontrada apenas na Serra Norte: N1.

17. Polystachya Hook.

Polystachya é composto por cerca de 230 espécies com distribuição Pantropical (Mutnik-Ejsmont & Baranow 2010Mutnik-Ejsmont J & Baranow P (2010) Taxonomic study of Polystachya Hook. (Orchidaceae) from Asia. Plant Systematic and Evolution 290: 57-63.). As espécies deste gênero são predominantemente epífitas, com caule levemente espessado em pseudobulbos e, caracterizadas principalmente, por apresentarem inflorescência terminal com flores numerosas dispostas em racemos ou panículas, labelo trilobado com tricomas farinosos (Russel et al. 2010Russel A, Samuel R, Klejna V, Barfuss MHJ, Ruppn B & Chase MW (2010) Reticulate evolution in diploid and tetraploid species of Polystachya (Orchidaceae) as shown by plastid DNA sequences and low-copy nuclear genes. Annals of Botany 106: 37-56.).

No Brasil encontra-se representado por 12 espécies ocorrendo em todos os Estados com exceção do Piauí, das quais cinco ocorrem no Pará (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Para a Serra dos Carajás, Silveira et al. (1995)Silveira EC, Cardoso ALR, IIlkiu-Borges AL & Atzingen N (1995) Flora Orquidológica da Serra dos Carajás, estado do Pará. Boletim Museu Paraense Emilio Goeldi, série Botânica 11: 75-87. registraram a ocorrência de quatro espécies de Polystachya, P. concreta (Jacq.) Garay & H.R. Sweet, P. foliosa (Lindl.) Rchb.f., P. stenophylla Schltr. e Polystachya sp. Contudo, nas áreas de canga foi encontrada apenas P. concreta.

17.1. Polystachya concreta (Jacq.) Garay & H.R. Sweet, Orquideologia 9: 206. 1974. Figs. 4e; 5a

Figura 5
Orchidaceae das cangas da Serra dos Carajás. a. Polystachya concreta. b-c. Prosthechea fragrans - b. hábito; c. flor. d. Scaphyglottis prolifera. e-f. Scaphyglottis stellata - e. hábito; f. inflorescência. g-h. Sobralia liliastrum - g. hábito; h. flor. i-j. Trichocentrum sprucei - i. detalhe da inflorescência; j. flor. Fotos: a,f. A.K. Koch; g. A. Simões; c-d, h, j. C.F. Hall; b, i. N.F.O. Mota; e. P.L. Viana.
Figure 5
Orchidaceae from the canga of the Serra dos Carajás. a. Polystachya concreta. b-c. Prosthechea fragrans - b. habit ; c. flower. d. Scaphyglottis prolifera. e-f. Scaphyglottis stellata - e. habit; f. inflorescence. g-h. Sobralia liliastrum - g. habit; h. flower. i-j. Trichocentrum sprucei - i. detail of the inflorescence; j. flower. Photos: a,f. A.K. Koch; g. A. Simões; c-d, h, j. C.F. Hall; b, i. N.F.O. Mota; e. P.L. Viana.

Epífita, 9-26 cm alt. Cauloma espessado em pseudobulbo; pseudobulbo 0,9-2,6 × 0,6-0,8 cm, ovoide. Folhas 2-4 por cauloma, conduplicadas, 4,2-19,5 × 0,8-2,1 cm, elípticas a oblanceoladas, base com bainha amplexicaule, ápice agudo a arredondado aparentemente irregular. Inflorescência 5,3-20,3 cm compr., terminal, racemo, 6-46-flora, ereta, congesta; brácteas ca. 6 × 4 mm, triangular; bractéolas 2-4 × 1 mm, estreito-triangulares. Flores verde-amareladas translúcidas, ressupinadas, pediceladas, ecalcaradas; pedicelo+ovário 4-8 mm compr.; sépala dorsal ca. 3 × 2 mm, ovada, ápice apiculado; sépalas laterais soldadas, ca. 5 × 3 mm, ovadas a triangulares, ápice agudo; pétalas ca. 3 × 1 mm, elípticas a oblanceoladas, ápice redondo; labelo ca. 4 × 3 mm, trilobado, âmbito obovado, ápice emarginado, superfície adaxial com tricomas farinosos, lobo mediano ca. 2 × 2 mm, oblanceolado, lobos laterais ca. 2 × 1 mm, estreito-oblongos,; ginostêmio ca. 3 mm compr. Frutos não vistos.

Material examinado: Canaã dos Carajás, Serra Sul, S/SW do corpo A, 15.II.2010, fl., F.D. Gontijo 81 (BHCB); S11D, 25.I.2012, fl., L.V.C. Silva et al. 1109 (BHCB).

Polystachya concreta diferencia-se das demais espécies do Orchidaceae das cangas da Serra dos Carajás por apresentar flores pequenas, verde-amareladas translúcidas e labelo com tricomas farinosos em sua superfície.

Esta espécie apresenta distribuição Pantropical (Mutnik-Ejsmont & Baranow 2010Mutnik-Ejsmont J & Baranow P (2010) Taxonomic study of Polystachya Hook. (Orchidaceae) from Asia. Plant Systematic and Evolution 290: 57-63.; Govaerts et al. 2017Govaerts R, Bernet P, Kratochvil K, Gerlach G, Carr G, Alrich P, Pridgeon AM, Pfahl J, Campacci MA, Baptista DH, Tigges H, Shaw J, Cribb P, George A, Kreuz K & Wood J (2017) World checklist of Orchidaceae. Facilitated by the Royal Botanic Gardens, Kew. Disponível em <http://apps. kew.org/wcsp/> Acesso em 23 setembro 2017.
http://apps. kew.org/wcsp/...
). No Brasil ocorre em praticamente todos os estados, não sendo registrada apenas para o Acre, Piauí e Sergipe (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Na Serra dos Carajás foi encontrada na Serra Sul: S11A e S11D.

18. Prosthechea Knowles & Westc.

Prosthechea apresenta espécies epífitas ou rupícolas caracterizadas por apresentarem pseudobulbos fusiformes achatados lateralmente, flores não ressupinadas e frutos tri-alados ou tri-angulados (Higgins 1997Higgins WE (1997) A reconsideration of the genus Prosthechea. Phytologia 82: 370-382.).

Apresenta distribuição Neotropical, ocorrendo desde a Flórida até a América do Sul e inclui cerca de 100 espécies (Higgins 1997Higgins WE (1997) A reconsideration of the genus Prosthechea. Phytologia 82: 370-382.; Pridgeon et al. 2005Pridgeon AM, Cribb PJ, Chase MW & Rasmussen FN (2005) Genera Orchidacearum. Vol. 4. Epidendroideae (Part I). Oxford University Press Inc., Oxford. 696p.). No Brasil, está amplamente distribuído, não sendo registrado apenas no Distrito Federal e Piauí (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Na Serra do Carajás o gênero está representado apenas por P. fragrans (Sw.) W.E. Higgins, a qual pode ser encontrada tanto em áreas de floresta quanto em canga.

18.1. Prosthechea fragrans (Sw.) W.E. Higgins, Phytologia 82(5): 377. 1997Higgins WE (1997) A reconsideration of the genus Prosthechea. Phytologia 82: 370-382.[1998]. Figs. 4f; 5b-c

Epífita, 11,7-24,8 cm alt. Cauloma espessado em pseudobulbo; pseudobulbos 3,3-5,7 × 0,8-1,2 cm, ovoides a lanceoloides,. Folhas 1-2 por pseudobulbo, conduplicadas, 11,5-18,5 × 1,8-2,6 cm, elípticas, base atenuada, ápice agudo. Inflorescência 4,5-5,9 cm compr., terminal, 1-20-flora, ereta, laxa; brácteas ca. 4 × 3 mm, triangular; bractéolas ca. 4 × 3 mm, triangulares. Flores alvo-esverdeadas, não ressupinadas, pediceladas, ecalcaradas; pedicelo+ovário 6-9 mm compr.; sépala dorsal ca. 1,9 × 0,3 cm, lanceolada, ápice agudo; sépalas laterais ca. 1,7 × 0,4 cm, oblanceoladas, levemente falcadas, ápice agudo; pétalas ca. 1,9 × 0,3 cm, estreito-lanceoladas, ápice agudo; labelo ca. 1,4 × 0,8 cm, inteiro, alvo-esverdeado com listras vinosas, âmbito obovado, ápice acuminado, adnato a coluna; ginostêmio 7 mm compr. Fruto não visto.

Material examinado: Canaã dos Carajás, Serra sul, corpo D, 20.II.2010, fl., F.D. Gontijo 137 (BHCB).

Prosthechea fragrans difere das demais espécies de Orchidaceae das cangas por apresentar pseudobulbos ovoides ou lanceoloides, achatados lateralmente, flores alvo-esverdeadas com listras vinosas no labelo.

Esta espécie apresenta-se amplamente distribuída abrangendo toda a área de ocorrência do gênero (Govaerts et al. 2017Govaerts R, Bernet P, Kratochvil K, Gerlach G, Carr G, Alrich P, Pridgeon AM, Pfahl J, Campacci MA, Baptista DH, Tigges H, Shaw J, Cribb P, George A, Kreuz K & Wood J (2017) World checklist of Orchidaceae. Facilitated by the Royal Botanic Gardens, Kew. Disponível em <http://apps. kew.org/wcsp/> Acesso em 23 setembro 2017.
http://apps. kew.org/wcsp/...
). No Brasil também apresenta distribuição ampla, não ocorrendo apenas no Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Tocantins e Piauí, habitando ambientes variados (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Na Serra dos Carajás foi encontrada na Serra Sul: S11D.

19. Scaphyglottis Poepp. & Endl.

Scaphyglottis é caracterizado principalmente pela presença de pseudobulbos superpostos, crescendo um no ápice do outro, com as inflorescências terminais e pé da coluna proeminente (Dressler 2001Dressler RL (2001) Scaphyglottis. Pridgeon AM, Cribb PJ, Chase MW & Rasmussen FN (eds.) Genera Orchidacearum. Vol. 4. Epidendroideae (Part 1). Oxford University Press, Oxford. Pp. 310-313.).

O gênero encontra-se distribuído desde o México até o sul do Brasil e é composto por cerca de 60 a 80 espécies (Dressler 2004Dressler RL, Whitten M & Williams NH (2004) Phylogenetic relationships of Scaphyglottis and related genera (Laeliinae: Orchidaceae) based on nrDNA ITS sequence data. Brittonia 56: 58-66.; Govaerts et al. 2017Govaerts R, Bernet P, Kratochvil K, Gerlach G, Carr G, Alrich P, Pridgeon AM, Pfahl J, Campacci MA, Baptista DH, Tigges H, Shaw J, Cribb P, George A, Kreuz K & Wood J (2017) World checklist of Orchidaceae. Facilitated by the Royal Botanic Gardens, Kew. Disponível em <http://apps. kew.org/wcsp/> Acesso em 23 setembro 2017.
http://apps. kew.org/wcsp/...
). No Brasil, encontra-se representado por 14 espécies e apresenta distribuição ampla não ocorrendo apenas no Piauí, Rio Grande do Norte e Paraíba, das quais oito podem ser encontradas no Pará (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Nas áreas de canga da Serra de Carajás ocorrem duas espécies: S. prolifera (R.Br.) Cogn. e S. stellata Lodd. ex Lindl.

    Chave de identificação das espécies de Scaphyglottis das cangas da Serra dos Carajás
  • 1........................................................... Pseudobulbos oblongoides, verdes, 1,5-5 × 0,3-0,4 cm; flores creme.............. ........................................................................................................................ 19.1. Scaphyglottis prolifera

  • 1'............................................ Pseudobulbos fusiformes, vinosos, 3,7-8 × 0,3-0,5 cm; flores roxas a lilases.............. ........................................................................................................................ 19.2. Scaphyglottis stellata

19.1. Scaphyglottis prolifera (R.Br.) Cogn., Fl. Bras. 3(5): 15. 1898. Figs. 4g; 5d

Epífita, 10,5-14 cm alt. Cauloma espessado em pseudobulbo; pseudobulbos 1,5-5 × 0,3-0,4 cm, oblongoides. Folhas 2-6 por cauloma, conduplicadas, 3-5,9 × 0,3-0,7, oblongas a estreito-elípticas, base com bainha amplexicaule, ápice emarginado. Inflorescência 1,4-1,5 cm compr., terminal, fascículo, 1-4-flora, congesta; brácteas, 7-8 × 3-4 mm, estreito-elípticas; bractéolas 3-4 × 1-2 mm, lanceoladas. Flores creme, ressupinadas, pediceladas, ecalcaradas; pedicelo+ovário 3-4 mm; sépala dorsal ca. 6 × 2 mm, oblanceolada, ápice obtuso; sépalas laterais 5-6 × ca. 2,5 mm, oblongo-obovadas, ápice arredondado; pétalas ca. 5 × 1 mm, estreito-oblanceoladas, ápice arredondado; labelo ca. 6 × 3 mm, inteiro, obovado, ápice emarginado, calo 1, globoso, próximo a base; ginostêmio ca. 5 mm. Fruto não visto.

Material examinado: Canaã dos Carajás, Serra sul, corpo C, 18.II.2010, fl., A.J. Arruda et al. 206 (BHCB); Parauapebas, Serra sul, corpo D, V.2010, fl., P.L. Viana et al. 4102 (BHCB).

Scaphyglottis prolifera difere-se das demais espécies por apresentar pseudobulbos superpostos pequenos, verdes, com folhas oblongas, de menor ou igual tamanho dos pseudobulbos. Além disso, suas flores apresentam sépalas e pétalas de cor creme, o labelo é alvo com listras vinosas no centro e coluna também vinosa.

Encontra-se distribuída desde o México até o Brasil (Govaerts et al. 2017Govaerts R, Bernet P, Kratochvil K, Gerlach G, Carr G, Alrich P, Pridgeon AM, Pfahl J, Campacci MA, Baptista DH, Tigges H, Shaw J, Cribb P, George A, Kreuz K & Wood J (2017) World checklist of Orchidaceae. Facilitated by the Royal Botanic Gardens, Kew. Disponível em <http://apps. kew.org/wcsp/> Acesso em 23 setembro 2017.
http://apps. kew.org/wcsp/...
). No Brasil ocorre em todos os estados da região Norte e nas regiões Nordeste (CE), Centro-Oeste (DF, GO, MT) e Sudeste (ES, MG, RJ), ocupando diferentes tipos de vegetação (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Na Serra dos Carajás foi encontrada na Serra Sul: S11C e S11D.

19.2. Scaphyglottis stellata Lodd. ex Lindl., Edwards Bot. Reg. 25: 44. 1839. Figs. 4h; 5e-f

Epífita, 20-30 cm alt. Cauloma espessado em pseudobulbo; pseudobulbos 3,7-8 × 0,3-0,5 cm, fusiformes a raramente lanceoloides. Folhas 2-4 por pseudobulbo, conduplicadas, 3,7-14,4 × 0,3-0,5 cm, lineares, base atenuada, ápice emarginado. Inflorescência 1,3-3,3 cm compr., terminal, fascículo, 3-6-flora, ereta congesta; brácteas 4-6 × ca. 1 mm, estreito-elípticas; bractéolas 2-5 × 1-2 mm, lanceoladas. Flores roxas a lilases, ressupinadas, pediceladas, ecalcaradas; pedicelo+ovário ca. 1,3 cm compr.; sépala dorsal ca. 6 × 2 cm, estreito-oblonga, ápice acuminado; sépalas laterais, ca. 6 × 3 mm, lanceoladas, falcadas, ápice agudo; pétalas ca. 6 × 1 mm, oblanceoladas, ápice agudo; labelo ca. 7 × 4 mm, trilobado, âmbito oblanceolado, ápice arredondado, adnato a coluna, calo 2, subglobosos, na região distal, lobo mediano ca. 3 × 1 mm, estreito oblongo, lobos laterais ca. 3 × 1 mm estreito-oblongos; ginostêmio ca. 5 mm compr. Fruto não visto.

Material selecionado: Parauapebas [Marabá], Carajás, Serra Norte, Estrada do N1, 29 km do acampamento, 7.VIII.1982, fl., U.N. Maciel et al. 796 (MG); N3, 22.VI.2012, fl., L.V.C. Silva et al. 1300 (BHCB).

Scaphyglottis stellata pode ser diferenciada das demais espécies de Orchidaceae que ocorrem na canga por apresentar flores variando de roxo a lilases, pseudobulbos fusiformes e vinosos, com folhas lineares e alongadas.

Distribui-se desde a Costa Rica até o Brasil (Govaerts et al. 2017Govaerts R, Bernet P, Kratochvil K, Gerlach G, Carr G, Alrich P, Pridgeon AM, Pfahl J, Campacci MA, Baptista DH, Tigges H, Shaw J, Cribb P, George A, Kreuz K & Wood J (2017) World checklist of Orchidaceae. Facilitated by the Royal Botanic Gardens, Kew. Disponível em <http://apps. kew.org/wcsp/> Acesso em 23 setembro 2017.
http://apps. kew.org/wcsp/...
). No Brasil pode ser encontrada em áreas de Campinarana, e em diferentes tipos de fitofisionomias florestais, ocorrendo em todos os estados da região Norte, além do Maranhão, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Na Serra dos Carajás foi encontrada na Serra Norte: N1 e N3.

20. Sobralia Ruiz & Pav.

Sobralia apresenta espécies terrícolas, cespitosas, com caules não ramificados de altura variada, com folhas alternas e plicadas, inflorescência terminal, com flores grandes, vistosas, alvas, róseas ou roxas, labelo grande margens parcialmente coalescentes com a coluna formando um tubo, margens livres crespas ou fimbriadas (Baranow & Szlachetko 2013Baranow P & Szlachetko DL (2013) Sobralia pakaraimense (Orchidaceae), a new species from Guayana. Annales Botanici Fennici 50: 347-350.). Compreende cerca de 170 espécies distribuídas desde o México até a Bolívia (Govaerts et al. 2017Govaerts R, Bernet P, Kratochvil K, Gerlach G, Carr G, Alrich P, Pridgeon AM, Pfahl J, Campacci MA, Baptista DH, Tigges H, Shaw J, Cribb P, George A, Kreuz K & Wood J (2017) World checklist of Orchidaceae. Facilitated by the Royal Botanic Gardens, Kew. Disponível em <http://apps. kew.org/wcsp/> Acesso em 23 setembro 2017.
http://apps. kew.org/wcsp/...
).

No Brasil, encontram-se 29 espécies ocorrendo em estados das Regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste e destas espécies, 10 são registradas para o Pará (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Para a Serra dos Carajás, Silveira et al. (1995)Silveira EC, Cardoso ALR, IIlkiu-Borges AL & Atzingen N (1995) Flora Orquidológica da Serra dos Carajás, estado do Pará. Boletim Museu Paraense Emilio Goeldi, série Botânica 11: 75-87. registraram três espécies: S. liliastrum Lindl., S. macrophylla Rchb.f. e S. yauaperyensis Barb.Rodr. Contudo, para as áreas de canga da Serra dos Carajás registrou-se apenas S. liliastrum.

21. Sobralia liliastrum Lindl., Gen. Sp. Orchid. Pl.: 177. 1833. Figs. 4i; 5g-h

Rupícola, 60-160 cm alt. Cauloma não espessado em pseudobulbo. Folhas várias por cauloma, nervuras evidentes, 13,7-15,5 × 1,5 cm, lanceoladas, base com bainha amplexicaule, ápice agudo. Inflorescência 6-10 cm compr., terminal, flores isoladas, 1-flora, ereta, laxa; brácteas 3-16 × 1-3 cm, foliosas, lanceoladas; bractéolas 1-2 × 1-3 cm, cuculadas. Flores alvas, ressupinadas, pediceladas, ecalcaradas; pedicelo+ovário ca. 2,6 cm compr.; sépala dorsal ca. 5,5 × 1,5 cm, oblanceolada, ápice acuminado; sépalas laterais, ca. 5,3 × 1,2 cm, oblanceoladas, ápice agudo; pétalas ca. 5,4 × 1,2 cm, oblanceoladas, ápice acuminado; labelo ca. 5 × 3,5 cm, inteiro, alvo com centro amarelo, âmbito obovado, ápice acuminado, cristas longitudinais presentes; ginostêmio ca. 1,4 cm compr. Fruto não visto.

Material selecionado: Canaã dos Carajás, FLONA de Carajás, S11B, encosta de pedras que margeia a lagoa três irmãs Nº2, 20.IV.2015, fl., L.M.M. Carreira et al. 3451 (MG). Parauapebas [Marabá], Carajás, Serra Norte, área de exploração de minério N1, 2.VI.1983, fl., M.F.F. Silva et al. 1321 (MG); N2, 23.VI.2015, fl., N.F.O. Mota et al. 3385 (MG); N4, próximo a transição para a mata, 19.III.1984, fl., A.S.L. Silva et al. 1904 (MG); Serra dos Carajás, AMZA camp N5, 12.V.1982, fl., C.R. Sperling et al. 5609 (MG). São Félix do Xingu, Serra de Campos, platô SF1, 1.V.2016, fl., P.L. Viana et al. 6101 (MG). Curionópolis, Mina de Ferro, Serra Leste L1, 19.V.2016, fl., A. Hiura & R. Jaffé 94 (MG).

Sobralia liliastrum pode ser reconhecida dentre as outras espécies de Orchidaceae das áreas de canga da Serra dos Carajás pela presença das flores alvas, vistosas e pelas folhas plicadas e numerosas dos caules. Esta espécie encontra-se distribuída no norte da América do Sul (Govaerts et al. 2017Govaerts R, Bernet P, Kratochvil K, Gerlach G, Carr G, Alrich P, Pridgeon AM, Pfahl J, Campacci MA, Baptista DH, Tigges H, Shaw J, Cribb P, George A, Kreuz K & Wood J (2017) World checklist of Orchidaceae. Facilitated by the Royal Botanic Gardens, Kew. Disponível em <http://apps. kew.org/wcsp/> Acesso em 23 setembro 2017.
http://apps. kew.org/wcsp/...
).

No Brasil pode ser encontrada nas Regiões Norte (AM, AP, PA, RR), Nordeste (BA, PE, SE), Centro-Oeste (MT) e Sudeste (ES), ocorrendo em ambientes abertos com solo arenoso e em afloramentos rochosos (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Nas áreas de canga da Serra dos Carajás é a espécie com maior distribuição, sendo encontrada na Serra Norte: N1, N2, N4, N5, Serra Leste: L1, Serra Sul: S11D e na Serra de Campos.

22. Trichocentrum Poepp. & Endl.

Trichocentrum é composto por 96 espécies que se distribuem desde o sul da Flórida até o norte da Argentina, incluindo na sua circunscrição atual membros de Lophiaris e Oncidium (Williams et al. 2001Williams NH, Chase MW, Fulcher T & Whitten WM (2001) Molecular systematics of the Oncidiinae based on evidence from four DNA sequence regions; expanded circumscription of Cyrtochilum, Erycina, Otoglossum and Trichocentrum and a new genus (Orchidaceae). Lindleyana, 16: 113-139.; Govaerts et al. 2017Govaerts R, Bernet P, Kratochvil K, Gerlach G, Carr G, Alrich P, Pridgeon AM, Pfahl J, Campacci MA, Baptista DH, Tigges H, Shaw J, Cribb P, George A, Kreuz K & Wood J (2017) World checklist of Orchidaceae. Facilitated by the Royal Botanic Gardens, Kew. Disponível em <http://apps. kew.org/wcsp/> Acesso em 23 setembro 2017.
http://apps. kew.org/wcsp/...
). Suas plantas são epifíticas de pseudobulbos mais ou menos inconspícuos, com 1-2 folhas, inflorescências laterais ou terminais com poucas ou muitas flores, as quais podem ter coloração variada, com ou sem calcar (Pupulin 1995Pupulin F (1995) A revision of the genus Trichocentrum (Orchidaceae: Oncidiinae). Lindleyana 10: 183-210.; Williams et al. 2001).

No Brasil, Trichocentrum encontra-se representado por 11 espécies ocorrendo em quase todos os estados, exceto Paraíba e Rio Grande do Norte (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). No Pará, podem ser encontradas três espécies: T. albococcineum Linden, T. fuscum Lindl. e T. sprucei (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.).

22.1. Trichocentrum sprucei (Lindl.) M.W. Chase & N.H. Williams, Lindleyana 16(3): 137. 2001Williams NH, Chase MW, Fulcher T & Whitten WM (2001) Molecular systematics of the Oncidiinae based on evidence from four DNA sequence regions; expanded circumscription of Cyrtochilum, Erycina, Otoglossum and Trichocentrum and a new genus (Orchidaceae). Lindleyana, 16: 113-139.. Figs. 4j; 5i-j

Epífita, ca. 77,7 cm alt. Cauloma espessado em pseudobulbo; pseudobulbo ca. 1,7 × 1 cm, ovoide. Folhas 1 por pseudobulbo, com um sulco longitudinal, 19,5-32,3 × 0,3-0,4 cm, cilíndricas, base atenuada, ápice agudo. Inflorescência ca. 79,3 cm compr., lateral, racemo, 16-flora, laxa; brácteas 1-2 × 0,4-0,8 cm, largo-triangulares; bractéolas 4-8 × 1-4 mm, triangulares. Flores amarelas com máculas castanhas, ressupinadas, pediceladas, ecalcaradas; pedicelo+ovário ca. 1,1 cm compr.; sépala dorsal ca. 7 × 4 mm, obovada, ápice arredondado; sépalas laterais soldadas na base, ca. 8 × 4 mm, obovadas, levemente falcadas, ápice arredondado; pétalas ca. 8 × 4 mm, largo-obovadas, ápice arredondado; labelo ca. 0,9 × 1 cm, trilobado, amarelo, âmbito quadrado, ápice emarginado, calo na base do labelo, lobo mediano ca. 0,6 × 1 cm, transversalmente eliptico, lobos laterais ca. 4 × 3 mm, oblongos; ginostêmio ca. 4 mm compr. Fruto não visto.

Material examinado: Parauapebas, FLONA de Carajás, Serra dos Carajás, Serra Norte, N4, no limite da nova cava de N4, 26.VI.2015, fl., N.F.O. Mota et al. 3435 (MG).

Trichocentrum sprucei difere-se das demais Orchidaceae de canga por apresentar folhas cilíndricas, pintalgadas de castanho, com flores amarelas, maculadas de castanho.

Esta espécie pode ser encontrada no norte do Brasil e na Bolívia (Govaerts et al. 2017Govaerts R, Bernet P, Kratochvil K, Gerlach G, Carr G, Alrich P, Pridgeon AM, Pfahl J, Campacci MA, Baptista DH, Tigges H, Shaw J, Cribb P, George A, Kreuz K & Wood J (2017) World checklist of Orchidaceae. Facilitated by the Royal Botanic Gardens, Kew. Disponível em <http://apps. kew.org/wcsp/> Acesso em 23 setembro 2017.
http://apps. kew.org/wcsp/...
). No Brasil distribui-se pelos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará e Roraima (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Na Serra dos Carajás foi encontrada apenas nas cangas da Serra Norte: N4.

23. Uleiorchis Hoehne

Uleiorchis é um gênero composto por plantas terrícolas e micoheterotróficas que inclui quatro espécies distribuídas em parte da América Central até o Brasil (Cardoso et al. 2015Cardoso ALR, Ilkiu-Borges AL & Rodrigues TM (2015) A new species of Uleiorchis (Gastrodieae, Orchidaceae) from the Brazilian Amazon. Phytotaxa 205: 117-122.; Govaerts et al. 2017Govaerts R, Bernet P, Kratochvil K, Gerlach G, Carr G, Alrich P, Pridgeon AM, Pfahl J, Campacci MA, Baptista DH, Tigges H, Shaw J, Cribb P, George A, Kreuz K & Wood J (2017) World checklist of Orchidaceae. Facilitated by the Royal Botanic Gardens, Kew. Disponível em <http://apps. kew.org/wcsp/> Acesso em 23 setembro 2017.
http://apps. kew.org/wcsp/...
). Caracteriza-se por suas plantas de caules simples ou basalmente ramificados, alvos, rosados ou arroxeados, translúcidos, com folhas reduzidas da mesma cor do caule ou ausentes, as inflorescências racemosas 1-4-flora, com flores ressupinadas de sépalas e pétalas fusionadas formando um perianto tubular ou obcônico (Carnevali et al. 2003bCarnevali G, Ramírez-Morillo IM & Vargas CA (2003b) Uleiorchis. : Steyermark JA, Berry P, Holst B & Yatskievich K (eds.) Flora of the Venezuelan Guayana. Timber Press, Portland. Pp. 608-609.).

No Brasil, o gênero está representado por três espécies, U. prataensis Engels & E.C.Smidt, que ocorre no Paraná, U. ulei (Cogn.) Handro que ocorre no Amazonas, Rondônia, Roraima, Paraná e Santa Catarina e U. longipedicellata A.Cardoso & Ilk.-Borg., que ocorre no Pará (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Esta última espécie é endêmica da Serra dos Carajás (Cardoso et al. 2015).

23.1. Uleiochis longipedicellata A.Cardoso & Ilk.-Borg., Phytotaxa 205: 118. 2015.

Terrícola, 8-23 cm alt. Cauloma não espessado em pseudobulbo. Folhas ausentes. Inflorescência terminal, racemo, 1-4-flora, ereta, laxa; brácteas ca. 3,6 × 3,8 cm, largo-ovadas; bractéolas ca. 3,6 × 3,8 cm, largo-ovadas. Flores alvas, ressupinadas, pediceladas, ecalcaradas; pedicelo+ovário ca. 2 mm compr.; sépalas e pétalas fundidas em uma estrutura única cimbiforme oposta ao labelo, ca. 9 × 11 mm; ápices livres das sépalas ca. 1 mm compr., ápices agudos; pétalas sem partes livres conspícuas; labelo ca. 12 × 2 mm, inteiro, âmbito ligulado com porção terminal dilatada, ápice obtuso; ginostêmio ca. 9 mm compr. Fruto não visto.

Material examinado: Parauapebas, N5 Leste, 12.XI.1998, fl., A. Cardoso 721 (Holótipo IAN).

Uleiochis longipedicellata foi recentemente descrita e caracterizada pelo pedicelo extremamente alongado, pelo labelo ligulado com uma dilatação arredondada na porção distal e pela zona estigmática lisa e elíptica (Cardoso et al. 2015Cardoso ALR, Ilkiu-Borges AL & Rodrigues TM (2015) A new species of Uleiorchis (Gastrodieae, Orchidaceae) from the Brazilian Amazon. Phytotaxa 205: 117-122.).

É uma espécie endêmica da Serra dos Carajás, onde foi encontrada apenas na Serra Norte: N5.

  • Lista de exsicatas
    Almeida TE 2480 (6.1). Arruda AJ 1040 (2.1), 1173 (5.1), 293 (7.2), 1302 (7.2), 1297 (7.3), 1301 (7.3), 206 (19.1). Batista J 44 (12.1), 35 (16.1). Cardoso A 1948 (2.1), 2024 (2.1), 1947 (9.2), 2012 (20.1), 721 (22.1). Carreira LMM 3548 (2.1), 3551 (20.1). Cavalcante P 2673 (2.1), 2089 (20.1). Costa LV 522 (7.3), 637 (15.1). Dias CSP 9 (7.3). Daly DC 1745 (7.3). Giacomin LL 1183 (7.1), 1180 (7.2), 1179 (7.3), 1182 (11.1). Gil A 510 (1.1), 466 (2.1). Giorni VT 291 (5.1), 285 (6.1), 294 (8.1). Gontijo FD 78 (2.1), 86 (7.2), 127 (7.2), 81 (17.1), 114 (17.1), 137 (18.1). Harley RM 57337 (4.1), 57370 (9.1), 57513 (9.1). Hiura A 94 (20.1). Lobato LCB 3842 (1.1), 3841 (1.3), 3893 (2.1), 3894 (9.1), 3892 (20.1), 4430 (20.1). Maciel UN 796 (19.2). Martins-Hall CO 33 (10.1). Meirelles J 930 (2.1). Mota NFO 2562 (2.1), 1082 (7.2), 2967 (9.1), 3006 (9.1), 1076 (20.1), 3385 (20.1), 3435 (21.1). Pivari MO 1547 (5.1). Rocha AES 1798 (2.1). Rosa NA 5163 (2.1), 4738 (4.1). Santos RS 105 (7.3), 223 (7.3), 11 (20.1). Secco R 229 (2.1), 256 (19.2), 345 (19.2). Silva ASL 1915 (2.1), 1904 (20.1). Silva CAS 567 (20.1). Silva JBF 98 (4.1), 164 (7.3), 93 (12.1), 372 (12.1), 419 (14.1). Silva LVC 1286 (13.1), 1109 (17.1), 1300 (19.2), 2927 (20.1), 2991 (20.1). Silva MFF 1380 (4.1), 1321 (20.1), 1637 (20.1). Silva MG 3008 (2.1), 2991 (20.1), 2917(20.1). Souza DT 1085 (3.1.), 1157 (5.1). Sperling,CR 5609 (20.1). Viana PL 3353 (2.1), 4035 (2.1), 4093 (2.1), 3339 (7.3), 4126 (8.1), 6134 (9.2), 4107 (13.1), 4128 (15.2), 4101 (17.1), 4102 (19.1), 5585 (20.1), 6101 (20.1).
  • Editor de área: Dr. Pedro Viana

Agradecimentos

Agradecemos ao Museu Paraense Emílio Goeldi e ao Instituto Tecnológico Vale, a estrutura e o apoio. Ao CNPq, a bolsa do Programa de Capacitação Institucional (MPEG/MCTI) concedida à AKK e CFH e a bolsa de Iniciação Científica concedida à JCM. Aos curadores dos herbários BHCB, IAN, HCJS, MG e RB, a disponibilização de material para análise. Ao Dr. Pedro Viana e Dra. Ana Maria Giulietti, coordenadores do projeto "Flora de Carajás", o convite. Ao projeto objeto do convênio MPEG/ITV/FADESP (01205.000250/2014-10) e ao projeto aprovado pelo CNPq (processo 455505/2014-4), o financiamento. Ao ICMBio, especialmente ao Frederico Drumond Martins, a licença de coleta concedida e o suporte nos trabalhos de campo. A Edlley Max Pessoa e Leonardo S. Guimarães, o auxilio na identificação de duas espécies. A André Simões, Nara F.O. Mota e Pedro L. Viana, as fotos das espécies.

Referências

  • Afonso EAL, Koch AK & Costa JM (2016) Flora preliminar de Orchidaceae no município de Abaetetuba, Pará, Brasil. Biota Amazônia 6: 107-118.
  • Baranow P & Szlachetko DL (2013) Sobralia pakaraimense (Orchidaceae), a new species from Guayana. Annales Botanici Fennici 50: 347-350.
  • Batista JAN & Bianchetti LB (2005) Two new taxa in Cyrtopodium (Orchidaceae) from Southern Brazil. Harvard Papers in Botany 13: 189-206.
  • Batista JAN & Bianchetti LB (2006) The Brazilian Habenaria (Orchidaceae) with hairy segments. Sitientibus Série Ciências Biologicas 6: 09-23.
  • Batista JAN & Bianchetti LB (2008) A synopsis of the genus Cyrtopodium (Catasetinae: Orchidaceae) from Southern Brazil. Darwiniana 43: 74-83.
  • Batista JAN, Silva JBF & Bianchetti LB (2008) The genus Habenaria (Orchidaceae) in the Brazilian Amazon. Revista Brasileira de Botânica 31: 105-134.
  • BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.
  • Cardoso ALR, Ilkiu-Borges AL & Suemitsu C (1995) Flora orquidológica da Ilha do Combu, Acará - Pará. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Série Botânica 11: 231-238.
  • Cardoso ALR, Ilkiu-Borges AL & Rodrigues TM (2015) A new species of Uleiorchis (Gastrodieae, Orchidaceae) from the Brazilian Amazon. Phytotaxa 205: 117-122.
  • Carneiro-Silva MQ, Koch AK, Viana PL & Ilkiu-Borges AL (2015) Oncidiinae (Orchidaceae) on the great curve of the Xingu River, Pará state, Brazil. Brazilian Journal of Biology 75: 222-237.
  • Carnevali G & Ramírez-Morillo IM (2003a) Campylocentrum. : Steyermark JA, Berry P, Holst B & Yatskievich K (eds.) Flora of the Venezuelan Guayana. Timber Press, Portland. Pp. 256-260.
  • Carnevali G & Ramírez-Morillo IM (2003b) Erycina. : Steyermark JA, Berry P, Holst B & Yatskievich K (eds.) Flora of the Venezuelan Guayana. Timber Press, Portland. Pp. 359-360.
  • Carnevali G & Ramírez-Morillo IM (2003c) Ionopsis. : Steyermark JA, Berry P, Holst B & Yatskievich K (eds.) Flora of the Venezuelan Guayana. Timber Press, Portland. Pp. 394-395.
  • Carnevali G & Ramírez-Morillo IM (2003d) Schomburgkia. : Steyermark JA, Berry P, Holst B & Yatskievich K (eds.) Flora of the Venezuelan Guayana. Timber Press, Portland. Pp. 561-563.
  • Carnevali G & Ramírez-Morillo IM (2003e) Macroclinium. : Steyermark JA, Berry P, Holst B & Yatskievich K (eds.) Flora of the Venezuelan Guayana. Timber Press, Portland. Pp. 420-422.
  • Carnevali G & Ramírez-Morillo IM (2003f) Notylia. : Steyermark JA, Berry P, Holst B & Yatskievich K (eds.) Flora of the Venezuelan Guayana. Timber Press, Portland. Pp. 463-465.
  • Carnevali G, Ramírez-Morillo IM & Vargas CA (2003a) Mesadenella. : Steyermark JA, Berry P, Holst B & Yatskievich K (eds.) Flora of the Venezuelan Guayana. Timber Press, Portland. Pp. 455.
  • Carnevali G, Ramírez-Morillo IM & Vargas CA (2003b) Uleiorchis. : Steyermark JA, Berry P, Holst B & Yatskievich K (eds.) Flora of the Venezuelan Guayana. Timber Press, Portland. Pp. 608-609.
  • Chase MW, Freudenstein JV, Cameron KM, Barrett RL, Dixon KW, Kell SP & Cribb PJ (2003) DNA data and Orchidaceae systematics: a new phylogenetic classification, Orchid conservation Kota Kinabalu Natural History Publications. Pp. 69-89.
  • Chase MW, Cameron KM, Freudenstein JV, Pridgeon AM, Salazar G, van den Berg C & Schuiteman A (2015) An updated classification of Orchidaceae. Botanical Journal of the Linnean Society 177: 151-174.
  • Davies KL & Stpiczynska M (2008) Labellar micromorphology of two euglossine-pollinated orchid genera; Scuticaria Lindl. and Dichaea Lindl. Annals of Botany 102: 805-824.
  • Dressler RL (1961) A reconsideration of Encyclia (Orchidaceae). Brittonia 13: 253-266.
  • Dressler RL (1993) Phylogeny and classification of the orchid Family Dioscorides Press, Portland. 316p.
  • Dressler RL (2001) Scaphyglottis. Pridgeon AM, Cribb PJ, Chase MW & Rasmussen FN (eds.) Genera Orchidacearum. Vol. 4. Epidendroideae (Part 1). Oxford University Press, Oxford. Pp. 310-313.
  • Dressler RL (2003) Campylocentrum. : Hammel BE, Grayum MH, Herrera C & Zamora N (eds.) Manual de plantas de Costa Rica. Missouri Botanical Garden Press, St. Louis. Pp. 38-41.
  • Dressler RL, Whitten M & Williams NH (2004) Phylogenetic relationships of Scaphyglottis and related genera (Laeliinae: Orchidaceae) based on nrDNA ITS sequence data. Brittonia 56: 58-66.
  • Foldats E, Carnevali G & Ramírez-Morillo IM (2003) Habenaria. : Steyermark JA, Berry P, Holst B & Yatskievich K (eds.) Flora of the Venezuelan Guayana. Timber Press, Portland. Pp. 372-384.
  • Govaerts R, Bernet P, Kratochvil K, Gerlach G, Carr G, Alrich P, Pridgeon AM, Pfahl J, Campacci MA, Baptista DH, Tigges H, Shaw J, Cribb P, George A, Kreuz K & Wood J (2017) World checklist of Orchidaceae. Facilitated by the Royal Botanic Gardens, Kew. Disponível em <http://apps. kew.org/wcsp/> Acesso em 23 setembro 2017.
    » http://apps. kew.org/wcsp/
  • Hagsáter E & Soto-Arenas MA (2005) Epidendrum L. : Pridgeon AM, Cribb PJ, Chase MW & Rasmussen FN. Genera Orchidacearum 4. Oxford University Press, Oxford. Pp. 236-251.
  • Hall CF, Koch AK, Francener A & Barros F (2013) The first record of the genus Cranichis Sw. (Orchidaceae) for the state of Pará, Brazil. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Ciências Naturais 9: 233-236.
  • Higgins WE (1997) A reconsideration of the genus Prosthechea Phytologia 82: 370-382.
  • Ilkiu-Borges AL & Cardoso ALR (1996) Notas preliminares sobre a Flora Orquidológica do estado do Pará, Brasil. Boletim Museu Paraense Emilio Goeldi, série Botânica 12: 183-205.
  • Koch AK, Ilkiu-Borges AL & Santos JUM (2014) Sinopse das Orchidaceae holoepífitas e hemiepífitas da Floresta Nacional de Caxiuanã, PA, Brasil. Hoehnea 41: 129-148.
  • Medeiros TDS, Quaresma AC & Silva JBF (2009) As Orquídeas. : Jardim MAG (org.) Diversidade biológica das áreas de proteção ambiental Ilhas do Combu e Algodoal-Maiandeua, Pará, Brasil. Museu Paraense Emilio Goeldi/Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT)/Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), Belém, Pp. 41-59.
  • Medeiros TDS & Jardim MAG (2010) Distribuição vertical de orquídeas epífitas na Área de Proteção Ambiental (APA) Ilha do Combu, Belém, Pará, Brasil. Revista Brasileira de Biociências 9: 33-38.
  • Mutnik-Ejsmont J & Baranow P (2010) Taxonomic study of Polystachya Hook. (Orchidaceae) from Asia. Plant Systematic and Evolution 290: 57-63.
  • Neubig KM, Williams NH, Whitten WM & Pupulin F (2009) Molecular phylogenetics and evolution of fruit and leaf morphology of Dichaea (Orchidaceae: Zygopetalinae). Annals of Botany 104: 457-467.
  • Pabst GFJ & Dungs F (1977) Orchidaceae brasiliensis Vol. 2. Kurt Schmersow, Hildesheim. 418p.
  • Pabst GFJ, Moutinho JL & Pinto AV (1981) An attempt to establish the correct statement for genus Anacheilium Hoffmgg. and revision of the genus Hormidium Lindl. ex Heynh. Bradea 3: 173-186.
  • Peraza-Flores LN, Carnevali G & van den Berg C (2016) A molecular phylogeny of the Laelia alliance (Orchidaceae) and a reassessment of Laelia and Schomburgkia Taxon 65: 1249-1262.
  • Pessoa EM & Alves M (2012) Flora da Usina São José, Igarassu, Pernambuco: Orchidaceae. Rodriguésia 63: 341-356.
  • Pessoa EM & Alves M (2016) Taxonomical revision of Campylocentrum sect. Dendrophylopsis Cogn. (Orchidaceae-Vandeae-Angraecinae). Phytotaxa 286: 131-152.
  • Petini-Benelli A (2012) Orquídeas de Mato Grosso, genus Catasetum L.C. Rich ex Kunth. PoD Editora, Rio de Janeiro. 130p.
  • Pridgeon AM, Cribb PJ, Chase MW & Rasmussen FN (1999) Genera Orchidacearum. Vol. 1. General introduction, Apostasioideae, Cypripedioideae. Oxford University Press Inc., Oxford. 240p.
  • Pridgeon AM, Cribb PJ, Chase MW & Rasmussen FN (2001) Genera Orchidacearum. Vol. 2. Orchidoideae (Part I). Oxford University Press Inc., Oxford. 464p.
  • Pridgeon AM, Cribb PJ, Chase MW & Rasmussen FN (2003) Genera Orchidacearum. Vol. 3. Orchidoideae (Part II), Vanilloideae. Oxford University Press Inc., Oxford. 400p.
  • Pridgeon AM, Cribb PJ, Chase MW & Rasmussen FN (2005) Genera Orchidacearum. Vol. 4. Epidendroideae (Part I). Oxford University Press Inc., Oxford. 696p.
  • Pridgeon AM, Cribb PJ, Chase MW & Rasmussen FN (2009) Genera Orchidacearum. Vol. 5. Epidendroideae (Part II). Oxford University Press Inc., Oxford. 664p
  • Pupulin F (1995) A revision of the genus Trichocentrum (Orchidaceae: Oncidiinae). Lindleyana 10: 183-210.
  • Romero GA (1992) Non-functional flowers in Catasetum orchids (Catasetinae, Orchidaceae). Botanical Journal of Linnean Society 109: 305-313.
  • Romero-Gonzáles GA (2003a) Cyrtopodium. : Steyermark JA, Berry P, Holst B & Yatskievich K (eds.) Flora of the Venezuelan Guayana. Timber Press, Portland. Pp 296-298.
  • Romero-Gonzáles GA (2003b) Mormodes. : Steyermark JA, Berry P, Holst B & Yatskievich K (eds.) Flora of the Venezuelan Guayana. Timber Press, Portland. Pp 457-458.
  • Romero-Gonzáles GA (2003c) Peristeria. : Steyermark JA, Berry P, Holst B & Yatskievich K (eds.) Flora of the Venezuelan Guayana. Timber Press, Portland. Pp 457-458.
  • Russel A, Samuel R, Klejna V, Barfuss MHJ, Ruppn B & Chase MW (2010) Reticulate evolution in diploid and tetraploid species of Polystachya (Orchidaceae) as shown by plastid DNA sequences and low-copy nuclear genes. Annals of Botany 106: 37-56.
  • Silveira EC, Cardoso ALR, IIlkiu-Borges AL & Atzingen N (1995) Flora Orquidológica da Serra dos Carajás, estado do Pará. Boletim Museu Paraense Emilio Goeldi, série Botânica 11: 75-87.
  • Soto MA (2005) Laelia. : Pridgeon AM, CribbbPJ, Chas MW & Rasmussen FN. Genera Orchidacearum 4. Oxford University Press, Oxford. Pp. 265-271.
  • Stancik JF, Goldenberg R & Barros F (2009) O gênero Epidendrum L. (Orchidaceae) no estado do Paraná, Brasil. Acta Botanica Brasilica 23: 864-880.
  • The Plant List (2017) Version 1.1. Publicado na Internet. Disponível em <http://www.theplantlist.org/> Acesso em 25 setembro 2017.
    » http://www.theplantlist.org/
  • Tropicos (2017) Missouri Botanical Garden. Disponível em <http://www.tropicos.org>. Acesso em 25 setembro 2017.
    » http://www.tropicos.org
  • Williams NH, Chase MW, Fulcher T & Whitten WM (2001) Molecular systematics of the Oncidiinae based on evidence from four DNA sequence regions; expanded circumscription of Cyrtochilum, Erycina, Otoglossum and Trichocentrum and a new genus (Orchidaceae). Lindleyana, 16: 113-139.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan-Mar 2018

Histórico

  • Recebido
    29 Out 2017
  • Aceito
    23 Nov 2017
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Rua Pacheco Leão, 915 - Jardim Botânico, 22460-030 Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Tel.: (55 21)3204-2148, Fax: (55 21) 3204-2071 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: rodriguesia@jbrj.gov.br