Acessibilidade / Reportar erro

Flora das cangas da Serra dos Carajás, Pará, Brasil: Pilotrichaceae

Flora of the canga of the Serra dos Carajás, Pará, Brazil: Pilotrichaceae

Resumo

Pilotrichaceae está representada por uma única espécie (Callicostella pallida) nas áreas de canga na Serra dos Carajás, no estado do Pará, para a qual é apresentada descrição, ilustração e comentários morfológicos.

Palavras-chave:
Brioflora; FLONA Carajás; musgos; taxonomia

Abstract

Pilotrichaceae is represented by one species (Callicostella pallida) in areas of canga in the Serra dos Carajás, Pará state, that is here described and illustrated. Morphological comments are also provided.

Key words:
Bryoflora; FLONA Carajás; mosses; taxonomy

Pilotrichaceae

Pilotrichaceae Kindb. é uma família de musgos pleurocárpicos com 23 gêneros distribuídos no globo, dos quais 21 (com ca. 200 espécies) ocorrem no Neotrópico (Gradstein et al. 2001Gradstein SR, Churchill SP & Salazar-Allen N (2001) Guide to the Bryophytes of Tropical America. Memoirs of the New York Botanical Garden 86: 1-577.). No Brasil, foram registrados 11 gêneros e 51 espécies (Vaz-Imbassahy et al. 2008Vaz-Imbassahy TF, Imbassahy CAA & Costa DP (2008) Sinopse de Pilotrichaceae (Bryophyta) no Brasil. Rodriguésia 59: 765-797; Costa & Peralta 2015Costa DP & Peralta DF (2015) Bryophytes diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1063-1071.). A família é caracterizada pelos filídios com costa dupla e bem desenvolvida (raramente reduzida), caulídio com hialoderme, células variando de isodiamétricas a lineares, lisas ou papilosas, células alares não diferenciadas, caliptra geralmente pilosa (Buck 1998Buck WR (1998) Pleurocarpous mosses of the West Indies. Memoirs of The New York Botanical Garden 82: 1-400.; Gradstein et al. 2001Gradstein SR, Churchill SP & Salazar-Allen N (2001) Guide to the Bryophytes of Tropical America. Memoirs of the New York Botanical Garden 86: 1-577.; Vaz-Imbassahy et al. 2008Vaz-Imbassahy TF, Imbassahy CAA & Costa DP (2008) Sinopse de Pilotrichaceae (Bryophyta) no Brasil. Rodriguésia 59: 765-797). Nas áreas de canga da Serra dos Carajás foi registrada apenas uma espécie do gênero Callicostella Mitt.

1. Callicostella Mitt.

O gênero apresenta 60 espécies no Neotrópico (Gradstein et al. 2001Gradstein SR, Churchill SP & Salazar-Allen N (2001) Guide to the Bryophytes of Tropical America. Memoirs of the New York Botanical Garden 86: 1-577.) e oito no Brasil (Vaz-Imbassahy et al. 2008Vaz-Imbassahy TF, Imbassahy CAA & Costa DP (2008) Sinopse de Pilotrichaceae (Bryophyta) no Brasil. Rodriguésia 59: 765-797), ocorrendo preferencialmente sobre solo, casca de árvores e rochas, muitas vezes próximas a cursos de água (Gradstein et al. 2001Gradstein SR, Churchill SP & Salazar-Allen N (2001) Guide to the Bryophytes of Tropical America. Memoirs of the New York Botanical Garden 86: 1-577.). As espécies desse gênero são reconhecidas pelos filídios sem bordas, com ápices arredondados, agudos ou apiculados, margem fortemente e irregularmente serrilhada, células geralmente unipapilosas (ocasionalmente lisas) (Buck 1998Buck WR (1998) Pleurocarpous mosses of the West Indies. Memoirs of The New York Botanical Garden 82: 1-400.; Gradstein et al. 2001Gradstein SR, Churchill SP & Salazar-Allen N (2001) Guide to the Bryophytes of Tropical America. Memoirs of the New York Botanical Garden 86: 1-577.).

1.1. Callicostella pallida (Hornsch.) Ǻngstr., Öfvers. Förh. Kongl. Svenska Vetensk.-Akad. 33(4): 27. 1876.

Hookeria pallida Hornsch. Fl. bras. 1(2): 64. 1840.Fig. 1a-d

Figura 1
a-d. Callicostella pallida - a. hábito; b. filídios; c. região subapical do filídio evidenciando a margem e o ápice da costa; d. base do filídio. Barras: a, b = 500 µm; c, d = 50 µm.
Figure 1
a-d. Callicostella pallida - a. habit, b. leaves, c. subapical region of a leaf highlighting the margin and the apex of the costa, d. leaf base. Bars: a, b = 500 µm; c, d = 50 µm.

Plantas verdes a verde-escuras com 1,3‒2 cm de comprimento. Caulídio subpinado a irregularmente ramificado, formando tapetes densos. Filídios contorcidos quando secos, oblongos a oblongo-ovalados, 1‒1,5 × 0,5‒0,6 mm, ápice arredondado, apiculado ou agudo, simétrico a ± assimétrico, margem fortemente e irregularmente serrilhada próximo ao ápice, ocasionalmente com dentes bífidos, costa dupla, fortemente destacada, subpercurrente (até próximo à margem do filídio), denteada no ápice. Células do ápice dos filídios isodiamétricas, 7‒10 µm, usualmente unipapilosas, células medianas hexagonais, 38‒40 × 7‒10 µm, lisas, células da base retangulares a longo-retangulares, 30‒50 × 7,5‒10 µm, lisas.

Material selecionado: Parauapebas, N2, 31.III.1993, C.S. Rosário & J.S. Ramos 841 (MG); N3, 31.III.1993, C.S. Rosário & J.S. Ramos 928 (MG); N4, 6º07’05,5”S, 50º11’00”W, 715 m, 3.IX.2015, A.L. Ilkiu-Borges et al. 3713 (MG).

Moraes & Lisboa (2006Moraes ENR & Lisboa RCL (2006) Musgos (Bryophyta) da Serra dos Carajás, estado do Pará, Brasil. Boletim do Museu Paraense Emílío Goeldi, série Ciências Naturais 1: 39-68.) também registraram Callicostella rufescens e Lepidopilum scabrisetum, ambas pertencentes a Pilotrichaceae, para as áreas de canga das Serra dos Carajás. Entretanto, após análises das amostras no herbário MG, foi observado que as mesmas não ocorriam na canga.

Segundo Vaz-Imbassahy et al. (2008)Vaz-Imbassahy TF, Imbassahy CAA & Costa DP (2008) Sinopse de Pilotrichaceae (Bryophyta) no Brasil. Rodriguésia 59: 765-797, esta espécie ocorre sobre troncos vivos, em decomposição e rochas, frequentemente associadas a cursos d’água. Nas cangas da Serra dos Carajás, a espécie ocorreu sobre tronco vivo, tronco morto, rocha de ferro e solo, em mata baixa sobre canga.

Neotropical. No Brasil: AC, AL, AM, AP, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MS, MT, PA, PE, PR, RJ, RN, RO, RR, RS, SC, SE, SP e TO. Serra dos Carajás: Serra Norte: N2, N3 e N4.

  • Lista de exsicatas

    Ilkiu-Borges AL et al. 3713 (1.1), 3714 (1.1). Rosário CS & Ramos JS 818 (1.1), 841 (1.1), 928 (1.1).
  • Editor de área: Dr. Alexandre Salino

Agradecimentos

Agradecemos ao Museu Paraense Emílio Goeldi e Instituto Tecnológico Vale, a infraestrutura e demais apoios fundamentais para o desenvolvimento deste trabalho, assim como à Dra. Ana Maria Giulietti Harley e ao Dr. Pedro Viana, coordenadores do projeto conveniado MPEG/ITV/FADESP (01205.000250/2014-10) e ao projeto aprovado pelo CNPq (processo 455505/2014-4), o financiamento; ao ICMBio, em especial ao biólogo Frederico Drumond Martins, a licença de coleta concedida e suporte nos trabalhos de campo; ao CNPq, a bolsa de Mestrado concedida ao primeiro autor e a bolsa de Produtividade em Pesquisa concedida à segunda autora.

Referências

  • Buck WR (1998) Pleurocarpous mosses of the West Indies. Memoirs of The New York Botanical Garden 82: 1-400.
  • Costa DP & Peralta DF (2015) Bryophytes diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1063-1071.
  • Gradstein SR, Churchill SP & Salazar-Allen N (2001) Guide to the Bryophytes of Tropical America. Memoirs of the New York Botanical Garden 86: 1-577.
  • Moraes ENR & Lisboa RCL (2006) Musgos (Bryophyta) da Serra dos Carajás, estado do Pará, Brasil. Boletim do Museu Paraense Emílío Goeldi, série Ciências Naturais 1: 39-68.
  • Vaz-Imbassahy TF, Imbassahy CAA & Costa DP (2008) Sinopse de Pilotrichaceae (Bryophyta) no Brasil. Rodriguésia 59: 765-797

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Sep 2018

Histórico

  • Recebido
    17 Out 2017
  • Aceito
    08 Jan 2018
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Rua Pacheco Leão, 915 - Jardim Botânico, 22460-030 Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Tel.: (55 21)3204-2148, Fax: (55 21) 3204-2071 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: rodriguesia@jbrj.gov.br