Acessibilidade / Reportar erro

Lamiaceae no Rio Grande do Norte, Brasil1 1 Parte da dissertação de Mestrado em Sistemática e Evolução do primeiro autor pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Lamiaceae in Rio Grande do Norte, Brazil

Resumo

Este estudo consiste no levantamento florístico e tratamento taxonômico das espécies de Lamiaceae no estado do Rio Grande do Norte, Brasil. Foram registradas 30 espécies em 19 gêneros de Lamiaceae, onde 16 espécies e 13 gêneros são nativos do Brasil e o restante dos táxons são exóticas cultivadas ou naturalizadas. Caracteres como inflorescência, brácteas, cálice e corola foram importantes para diferenciar as espécies encontradas. O estudo traz uma chave para identificação para as espécies nativas, descrições morfológicas, ilustrações, fotografias, dados de distribuição, floração e frutificação das espécies ocorrentes no estado.

Palavras-chave:
Caatinga; Labiatae; Mata Atlântica; Região Nordeste do Brasil; taxonomia

Abstract

This study consists of the floristic survey and taxonomic treatment of the species of Lamiaceae found in the state of Rio Grande do Norte, Brazil. Thirty species were recorded in 19 genera of Lamiaceae, of which 16 species and 13 genera are native to Brazil and the remaining taxa adventive, either established or under cultivation. Characters such as inflorescence, bracts, calyx and corolla were important to differentiate the species found. This paper provides an identification key to the native species, morphological descriptions, illustrations, photographs and information regarding species distribution and phenology for the native species occurring in the state.

Key words:
Caatinga; Labiatae; Atlantic Forest; Northeast region of Brazil; taxonomy

Introdução

Lamiaceae Martinov. (Labiatae Juss.) é representada por 7.200 espécies, incluídas em 236 gêneros, com distribuição cosmopolita, ocorrendo, principalmente, em regiões tropicais (Harley 1996Harley RM (1996) The Labiatae of Bahia: a preliminary check-list. Sitientibus 15: 11-21.). A família está subdividida em 12 subfamílias: Ajugoideae Kostel, Lamioideae Harley, Nepetoideae (Dumort.) Luerss., Prostantheroideae Luerss., Scutellaroideae (Dumort.) Caruel, Symphorematoideae Briq., Viticoideae Briq., Callicarpoidae Bo Li & R.G. Olmstead e Tectonoideae Bo Li & R.G. Olmstead, Premnoideae Bo Li, Olmstead & Cantino, Peronematoideae Bo Li, Olmstead & Cantino e Cymaroideae Bo Li, Olmstead & Cantino (Li et al. 2016Li B, Cantino PD, Olmstead RG, Bramley GLC, Xiang C, Ma Z, Tan Y & Zhang D (2016) A large-scale chloroplast phylogeny of the Lamiaceae sheds new light on its subfamilial classification. Scientific Reports 6: 34343.; Li & Olmstead 2017Li B & Olmstead RG (2017) Two new subfamilies in Lamiaceae. Phytotaxa 313: 222-226.).

No Brasil são reconhecidos 46 gêneros e 524 espécies, sendo seis gêneros e 343 espécies endêmicos (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527.). O país possui alguns centros de diversidade da família como a área que abrange o Rio Grande do Sul e o Paraná, ao sul do país, os campos de altitude da Serra do Mar e os campos rupestres na Serra do Espinhaço (Harley 1996Harley RM (1996) The Labiatae of Bahia: a preliminary check-list. Sitientibus 15: 11-21.). No estado do Rio Grande do Norte (RN), eram listados oito gêneros e 14 espécies na última publicação do “Brazil Flora Group”, dos quais um gênero e cinco espécies são tratados como endêmicos do Brasil (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527.). Porém, estudo mais recente sobre novas ocorrências indica um incremento de mais de 60% deste número (Soares et al. 2017Soares AS, Pastore JFB & Jardim JG (2017) New records, conservation assessments and distribution of Lamiaceae in Rio Grande do Norte, northeastern, Brazil. Phytotaxa 311: 43-56.).

Segundo Versieux et al. (2013)Versieux LM, Tomaz EC & Jardim JG (2013) New genus and species records of Bromeliaceae in the Caatinga of Rio Grande do Norte state, northeastern Brazil: Orthophytum disjunctum L.B.Sm. (Bromelioideae) and Tillandsia paraibensis R.A. Pontes (Tillandsioideae). CheckList 9: 663-665. a flora do RN é pouco conhecida, possivelmente devido ao baixo investimento em coletas. Entretanto, se destacam alguns trabalhos como os da família Fabaceae em áreas de Mata Atlântica (Queiroz & Loiola 2009Queiroz RT & Loiola MIB (2009) O gênero Chamaecrista Moench (Caesalpinoideae) em áreas do entorno do Parque Estadual das Dunas de Natal, Rio Grande do Norte, Brasil. Hoehnea 36: 725-736.; São-Mateus et al. 2013São-Mateus WMB, Cardoso D, Jardim JG & Queiroz LP (2013) Papilionoideae (Leguminosae) na Mata Atlântica do Rio Grande do Norte, Brasil. Biota Neotropica 13: 315-362.), os estudos pontuais sobre Myrtaceae, Rubiaceae e Poaceae (Silva 2009Silva JON (2009) A família Myrtaceae no Parque Estadual das Dunas do Natal-RN, Brasil. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal. 60p.; Mól 2010Mól DFF (2010) Rubiaceae em um remanescente de Floresta Atlântica no Rio Grande do Norte, Brasil. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal. 70p.; Oliveira et al. 2013Oliveira RC, Santana SH, Silva AS, Maciel JR & Valls JFM (2013) Paspalum (Poaceae) no Rio Grande do Norte, Brasil. Rodriguésia 64: 847-862.) e levantamentos florísticos das famílias Turneraceae, Erythroxylaceae, Capparaceae e Bignoniaceae (Rocha et al. 2012Rocha LNG, Melo JIM & Camacho RGV (2012) Flora do Rio Grande do Norte, Brasil: Turneraceae Kunth ex DC. Rodriguésia. 63: 1085-1099.; Costa-Lima et al. 2014Costa-Lima JL, Loiola MIB & Jardim JG (2014) Erythroxylaceae no Rio Grande do Norte, Brasil. Rodriguésia 65: 659-671.; Soares Neto & Jardim 2015Soares Neto RL & Jardim JL (2015) Capparaceae no Rio Grande do Norte, Brasil. Rodriguésia. 66: 847-857.; Colombo et al. 2016Colombo B, Kaheler M & Calvente A (2016) An inventory of the Bignoniaceae from the Brazilian state of Rio Grande do Norte highlights the importance of small herbaria to biodiversity studies. Phytotaxa 278: 19-28.).

Alguns estudos florísticos sobre Lamiaceae têm sido realizados no Brasil, com maior destaque para as monografias de Schmidt (1858)Schmidt JA (1858) Labiatae. In: Martius, C.F.P., Eichler, A.G. & Urban, N.I. (eds.) Flora brasiliensis. Typographia Regia, Munich. Vol. 8, Pp. 67-157. na Flora brasiliensis e trabalhos pontuais para a flora mineira como, Vásquez & Harley (2004)Vásquez GD & Harley RM (2004) Flora de Grão-Mogol, Minas Gerais: Labiatae. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo. 22: 193-204. para a flora de Grão-Mogol, Silva-Luz et al. (2012)Silva-Luz CL, Gomes GC, Pirani JR & Harley RM (2012) Flora da Serra do Cipó, Minas Gerais: Lamiaceae. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo, São Paulo 30: 109-155. para a Serra do Cipó e Mota et al. (2017)Mota MCA, Pastore JFB, Marques Neto R, Harley RM & Salimena FR (2017) Lamiaceae na Serra Negra, Minas Gerais, Brasil. Rodriguésia 68: 143-157. para a Serra Negra. Para a região Norte, Furtado et al. (2012)Furtado MMR, Secco RS & Rocha AES (2012) Sinopse das espécies de Lamiales Bromhead ocorrentes nas restingas do estado do Pará, Brasil. Hoehnea 39: 529-547. realizaram um estudo para as restingas do Pará e na região Nordeste Almeida & Albuquerque (2002)Almeida CFCBR & Albuquerque UP (2002) Check-list of the family Lamiaceae in Pernambuco, Brazil. Brazilian Archives of Biology and Technology. 45: 343-353. apresentaram um checklist da família para o estado de Pernambuco. Além destes, destacam-se também os estudos de Harley (1992Harley RM (1992) New taxa of Labiatae from the Pico das Almas and Chapada Diamantina. Kew Bulletin 47: 553-580., 2003Harley RM (2003) Hyptis bahiensis Harley, a new species of Labiatae from Brazil. Kew Bulletin 58: 479-483., 2013Harley RM (2013) Notes on the genus Gymneia (Lamiaceae: Ocimeae, Hyptidinae) with two new species from Brazil. Phytotaxa 148: 57-64., 2014aHarley RM (2014a) Cantinoa nanuzae, a new species of Lamiaceae from the Serra do Espinhaço, Minas Gerais, Brazil. Kew Bulletin 69: 1-4.,bHarley RM (2014b) Eplingiella brightoniae, a new species of Hyptidinae (Lamiaceae: Ocimeae) from Northern Bahia, Brazil. Kew Bulletin 69: 9537.,cHarley RM (2014c) Four new taxa of Oocephalus (Hyptidinae: Lamiaceae) from Bahia, Brazil. Kew Bulletin 69: 9539., 2015)Harley RM (2015) Physominthe (Hyptidineae, Lamiaceae), endemic to Brazil, with a new species, P. longicaulis, from Bahia. Kew Bulletin 70: 1-8. e Harley & Walsingham (2014)Harley RM & Walsingham L (2014) Eriope viscosa (Lamiaceae), a new species from the Chapada Diamantina of Bahia, Brazil. Kew Bulletin 69: 9514. sobre a diversidade da família no território brasileiro com a redelimitação e descrição de diversos novos táxons.

Este estudo objetiva apresentar um tratamento taxonômico das Lamiaceae ocorrentes no Rio Grande do Norte, contribuindo para o conhecimento da flora do estado e do Nordeste brasileiro. São apresentadas descrições, comentários sobre a morfologia e distribuição das espécies, dados de floração e frutificação, chave de identificação para as espécies, ilustrações e fotografias de algumas espécies.

Material e Métodos

Área de estudo

O estado do Rio Grande do Norte apresenta área de 53.077,3 km2 e está situado no extremo nordeste brasileiro, entre os paralelos 04º49’53” e 06º58’03”S e os meridianos 35º58’03” e 38º36’12”O. Limita-se com o oceano Atlântico ao norte e a leste, ao sul com o estado da Paraíba e a oeste com o estado do Ceará. Sua temperatura média anual é de 25,5ºC, com climas variando do árido, semiárido, subúmido seco ao clima úmido (IDEMA 2013IDEMA - Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente (2013) Perfil do Rio Grande do Norte. Disponível em <https://docplayer.com.br/2740929-Perfil-do-rio-grande-do-norte.html>. Acesso em 3 setembro 2019.
https://docplayer.com.br/2740929-Perfil-...
). A vegetação é representada pelas savanas estépicas secas arborizadas (Caatinga), encontrada na região do interior do estado, e as florestas estacionais semideciduais (fragmentos de Mata Atlântica) encontradas na região litorânea (IBGE 2012IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2012). Manual técnico da vegetação brasileira. 2ª ed. Disponível em <ftp://geoftp.ibge.gov.br/documentos/recursos_naturais/manuais_tecnicos/manual_tecnico_vegetacao_brasileira.pdf >. Acesso em 27 fevereiro 2018.
ftp://geoftp.ibge.gov.br/documentos/recu...
).

Coleta de dados

Foram realizadas expedições para coleta de material em áreas montanas, onde espera-se maior probabilidade de encontrar espécies de Lamiaceae (segundo Harley 1996Harley RM (1996) The Labiatae of Bahia: a preliminary check-list. Sitientibus 15: 11-21.) como também áreas com poucos registros de coletas para o estado listadas a partir de dados de herbários, entre abril de 2015 e abril de 2016. O material coletado foi herborizado seguindo a metodologia descrita por Mori et al. (1989)Mori SA, Silva LAM, Lisboa G & Corandin L (1989) Manual de manejo do herbário fanerogâmico. 2ª ed. Centro de Pesquisas do Cacau, Ilhéus. 104p. e a coleção foi depositada principalmente no herbário UFRN, com duplicatas doadas aos herbários CTBS, HUEFS e MOSS. O material proveniente do Rio Grande do Norte depositado nos herbários ALCB, CEPEC, CTBS, HST (ainda não indexado), HUEFS, IPA, JPB, MOSS, RB e UFRN (Thiers, continuamente atualizadoThiers B (2016) [continuously updated]. Index Herbariorum: a global directory of public herbaria and associated staff. New York Botanical Garden’s Virtual Herbarium. Disponível em <http://sweetgum.nybg.org/ih/>. Acesso em 9 outubro 2016.
http://sweetgum.nybg.org/ih/...
), foram analisados para obtenção de dados ecológicos, geográficos e ambientais. Quando a visita às coleções não era possível, utilizamos as ferramentas online speciesLink (CRIA 2018CRIA - Centro de Referência em Informação Ambiental (2018) Disponível em <http://splink.org.br>. Acesso em 27 fevereiro 2018.
http://splink.org.br...
) e o Herbário Virtual REFLORA (Reflora 2018Reflora (2018) Herbário Virtual. Disponível em <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/herbarioVirtual/>. Acesso em 27 fevereiro 2018.
http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora...
) para consultar as imagens em alta definição das exsicatas.

Foram utilizados materiais adicionais de outros estados para complementar as descrições das espécies com poucos registros no Rio Grande do Norte. Optou-se por citar apenas um material selecionado por espécie, sendo citados materiais adicionais quando necessário. A lista completa de materiais examinados é apresentada na Tabela S1 (disponibilizada no material suplementar <https://doi.org/10.6084/m9.figshare.9893918.v1>). A identificação dos táxons foi baseada em literatura especializada (e.g., Epling 1949Epling C (1949) Revisión del género Hyptis (Labiatae). Revista del Museu de La Plata, Sección Botánica 7: 153-497.; França 2003França F (2003) Revisão de Aegiphila (Lamiaceae) e seu posicionamento sistemático. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo, São Paulo. 500p.; Harley & Pastore 2012Harley RM & Pastore JFB (2012) A generic revision and new combinations in the Hyptidinae (Lamiaceae), based on molecular and morphological evidence. Phytotaxa 58: 1-55.; Hashimoto 2013Hashimoto MY (2013) Estudos taxonômicos do gênero Marsypianthes Mart. ex Benth. (Hyptidinae, Lamiaceae) no Brasil. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Goiás, Goiânia. 52p.; Santos et al. 2012Santos JS, França F, Silva MJ & Sales MF (2012) Levantamento das espécies de Amasonia (Lamiaceae) para o Brasil. Rodriguésia 63: 1101-1116.; Silva-Luz et al. 2012Silva-Luz CL, Gomes GC, Pirani JR & Harley RM (2012) Flora da Serra do Cipó, Minas Gerais: Lamiaceae. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo, São Paulo 30: 109-155.) e consulta a especialistas na família (J.F. Pastore e R.M. Harley).

Para as estruturas morfológicas não encontradas nos espécimes examinados, utilizamos o termo “não observado”. A terminologia de estruturas vegetativas e reprodutivas descritas foi baseada em Radford et al. (1974)Radford AE Dickson WC & Massey JR (1974) Vascular Plant Systematics. Harper & Row, New York. 891p.. Os nomes dos autores das espécies seguiram The International Plant Names Index (IPNI 2017IPNI - The International Plant Name Index (2017) Disponível em <http://www.ipni.org>. Acesso em 10 dezembro 2017.
http://www.ipni.org...
). As ilustrações foram elaboradas a partir de amostras fixadas em álcool 70%, imagens das espécies in situ e em materiais herborizados. As espécies exóticas foram classificadas como naturalizadas, quando as populações conseguem se reproduzir de modo consistente ou casuais quando encontradas em cultivos e mantêm suas populações viáveis com intervenção humana, segundo Moro et al. (2012)Moro MF, Souza VC, Oliveira-Filho AT, Queiroz LP, Fraga CN, Rodal MJN, Araújo FS & Martins FR (2012) Alienígenas na sala: o que fazer com espécies exóticas em trabalhos de taxonomia, florística e fitossociologia? Acta Botanica Brasilica 26: 991-999., que também recomenda citar apenas a ocorrência dessas plantas para trabalhos taxonômicos.

Resultados e Discussão

Foram registradas 30 espécies de Lamiaceae no Rio Grande do Norte, alocadas em 19 gêneros, sendo a maioria destas nativa (16 espécies e 13 gêneros). Os demais táxons, 14 espécies em seis gêneros, são espécies exóticas casuais ou naturalizadas (Tab. 1). Com exceção de Leonotis nepetifolia (L.) R.Br., encontrada espontaneamente em ambientes naturais, as demais espécies exóticas estavam em cultivo para uso medicinal como Ocimum basilicum L. e Rosmarinus officinalis L. [= Salvia rosmarinus (L.) Schleid.], ou ornamental como Clerodendrum thomsoniae Balf. e Vitex agnus-castus L. (Fig. 1).

Tabela 1
Espécies de Lamiaceae no Rio Grande do Norte: Distribuição, endemismo e origem.*: Baseado no BFG (2018)BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527.; MA: Mata Atlântica; CA: Caatinga; CU: Cultivada.
Table 1
Lamiaceae species in Rio Grande do Norte: Distribution, endemism and origin. *: Based on BFG (2018)BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527.; MA: Mata Atlântica; CA: Caatinga; CU: Cultivada.

Figura 1
a-h. Lamiaceae exóticas ocorrentes no Rio Grande do Norte - a. Clerodendrum thomasoniae; b. Leonotis nepetifolia; c. Leonurus sibiricus; d. Ocimum basilicum; e. Plectranthus barbatus; f. Rosmarinus officinalis; g. Solenostemon scutelarioides; h. Vitex agnus-castus. Fotos: a. Plants Rescue, b. Douglas Cavener, c. Imagem de veiculação livre, d. Márcio Ramalho, e. Muhammad Al Shanfari, f. Simon Marshall, g. Imagem de veiculação livre, h. Jánios Bognár. Todas as imagens foram retiradas da internet.
Figure 1
a-h. Exotic Lamiaceae species in Rio Grande do Norte - a. Clerodendrum thomasoniae; b. Leonotis nepetifolia; c. Leonurus sibiricus; d. Ocimum basilicum; e. Plectranthus barbatus; f. Rosmarinus officinalis; g. Solenostemon scutelarioides; h. Vitex agnus-castus. Photos: a. Plants Rescue, b. Douglas Cavener, c. Image without copyright, d. Márcio Ramalho, e. Muhammad Al Shanfari, f. Simon Marshall, g. Image without copyright, h. Jánios Bognár. All images taken from the internet.

O levantamento bibliográfico conduzido antes deste trabalho indicou que alguns nomes como Aegiphila integrifolia (Jacq.) B.D.Jacks., A. vitelliniflora Klotzsch ex Walp. e Vitex polygama Cham., que apareceram em listas de espécies nativas e exóticas do estado (Freire 1990Freire MSB (1990) Levantamento florístico do Parque Estadual Dunas do Natal. Acta Botânica Brasilica 4: 41-59.; BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527.), foram mal aplicados em identificações de herbário e não tiveram sua ocorrência confirmada. Com isso, apenas 10 espécies da família tinham sua distribuição documentada para o estado. Portanto, este estudo, contribui com um acréscimo de 20 espécies ( 66%) com ocorrência confirmada, incluindo as espécies exóticas.

Chave de identificação das espécies nativas de Lamiaceae do Rio Grande do Norte

  • 1. Cálice não expandido na frutificação; lobo anterior da corola não formando um capuz; fruto carnoso do tipo drupa 2

    • 2. Folhas alternas; margem foliar serreada ...................................................... 2. Amasonia campestris

    • 2’. Folhas opostas; margem foliar inteira ................................................................................................... 3

      • 3..... Ramos tomentosos; folhas com face abaxial com indumento tomentoso; corola creme com lobos levemente recurvados .................................................................................................................... 1. Aegiphila verticillata

      • 3’.... Ramos glabros, pubescentes ou vilosos; folhas com face abaxial glabra ou com indumento velutino ou viloso; corola azul, lilás ou roxa com fauce branca e lobos patentes ............................................................... 4

        • 4...... Folhas simples ................................................................................... 14. Vitex gardneriana

        • 4’.... Folhas 3-folioladas ................................................................................................................. 5

          • 5..... Ramos velutinos com tricomas ferrugíneos; folíolo central obovado ou lanceolado, face adaxial com tricomas concentrados nas nervuras; fruto pubescente................................................................. 15. Vitex rufescens

          • 5’.... Ramos glabros; folíolo central elíptico com face adaxial glabra; fruto glabro ....... 16. Vitex schaueriana

  • 1’. Cálice expandido na frutificação; lobo anterior da corola formando um capuz; fruto seco do tipo núcula 6

    • 6. Inflorescência arranjada em panículas; pseudopedicelo com um par de bractéolas filiformes na base 7

      • 7..... Entrenós inflados; ramos glabros ou vilosos; pseudopedicelo ereto; corola tubulosa; estilopódio ausente; cálice actinomorfo no fruto ................................................................................. 6. Hypenia salzmannii

      • 7’.... Entrenós não inflados; ramos pubescentes; flores com pseudopedicelo deflexo; corola campanulada; estilopódio presente; cálice zigomorfo no fruto ..................................................... 4. Eriope macrostachya

    • 6’. Inflorescências não paniculadas; pseudopedicelos sem bractéolas ................................................. 8

      • 8..... Lobos do cálice agudos; núculas cimbiforme ......................... 9. Marsypianthes chamaedrys

      • 8’.... Lobos do cálice aristados ou subulados; núculas ovais ou oblongas ...................................... 9

        • 9...... Brácteas subuladas, hirsutas; bractéolas involucrais lanceoladas; tubo da corola 0,6-0,9 cm compr. 13. Rhaphiodon echinus

        • 9’.... Brácteas foliáceas, ovais, lanceoladas ou filiformes, pilosas ou pubescentes; bractéolas filiformes; tubo da corola 0,2-0,5 cm compr. ................................................................................................................ 10

          • 10. Inflorescência capituliforme .......................................................................................................................... 11

            • 11. Cálice levemente curvado no fruto; brácteas lanceoladas ou filiformes .......... 7. Hyptis brevipes

            • 11’. Cálice não curvado no fruto; brácteas ovais ................................................ ... 8. Hyptis lantanifolia

          • 10’. Inflorescência não capituliforme .................................................................................................................. 12

            • 12. Inflorescência séssil disposta ao longo do ramo principal formando um verticilastro .................... 5. Gymneia platanifolia

            • 12’. Inflorescência pedunculada .................................................................................................................. 13

              • 13... Flores arranjadas em cimeiras subumbeliformes ............................... 3. Eplingiella fruticosa

              • 13’.. Flores arranjadas em cimeiras captadas ou espiciformes ........................................................ 14

                • 14... Inflorescência em címulas capitadas; flores com corola roxa; erva fortemente aromática, viscosa 12..Mesosphaerum suaveolens

                • 14’.. Inflorescência espiciforme; flores alvas; ervas pouco aromáticas, não viscosas ...... 15

                  • 15... Cálice no fruto campanulado com lobos aristados; pétalas superiores alvas com lobos apresentando uma mácula roxa .............................................................. 10. Mesosphaerum caatingense

                  • 15’.. Cálice no fruto tubuloso com lobos subulados; pétalas superiores alvas com lobos levemente lilases........................................................................................ 11..Mesosphaerum pectinatum

1. Aegiphila verticillata Vell. Fl. Flumin. 37. 1829

Arbusto ou árvore 1-2,5 m, não aromática, não viscosa pela ausência de tricomas glandulares, caule e ramos tomentosos com entrenós não inflados. Folhas simples, decussadas, pecíolo 0,1-0,8 cm compr., lâminas 0,4-12,5 × 0,2-5,9 cm, cartáceas, elípticas ou obovais, ápice agudo, base aguda, atenuada ou cuneada, margem inteira, face abaxial tomentosa, face adaxial puberulenta. Inflorescência em címulas congestas, 2-15-flora, pedúnculo pubescente, 0,4-1,8 cm compr.; brácteas, 1,2-2,5 × 0,1-0,2 mm, filiformes, ápice agudo, pubescentes; bractéolas, 1,2-2,2 × 0,1-0,2 mm, filiformes, ápice agudo, pubescentes. Flores unissexuadas; flor estaminada pedicelada, pedicelo 1,8-2 mm compr., pubescente; tubo do cálice 0,3-4,9 mm compr., obcônico, puberulento ou pubescente, lobos 2-2,6; cálice marcescente no fruto, tubo 2,4-3 mm compr., campanulado, puberulento ou pubescente, lobos 2,2-3 mm compr., agudos, eretos. Corola 0,3-0,4 cm compr., creme, tubulosa, tubo 0,2-0,3 cm compr., lobos 0,1 cm compr., levemente recurvados, não formando capuz, glabros. Estames didínamos ou isodínamos, glabros. Flores pistiladas não observadas. Drupa, oblonga, lisa, amarela a alaranjada.

Material selecionado: Espírito Santo, área de “tabuleiro” a ca. 8,2 km ao S da sede municipal de Espírito Santo, 06°22’27,8”S, 35°16’51,3”W, 19.IV.2015, fr., A.S. Soares et al. 18 (UFRN).

Espécie com ampla distribuição na América do Sul, ocorrendo na Guiana Francesa, Venezuela, Peru, Brasil, Bolívia e Paraguai (França 2003França F (2003) Revisão de Aegiphila (Lamiaceae) e seu posicionamento sistemático. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo, São Paulo. 500p.). No Brasil, ocorre em todos os domínios fitogeográficos e em quase todos os estados, com exceção do Acre, Rio Grande do Sul e Roraima (BFG 2015; Soares et al. 2017Soares AS, Pastore JFB & Jardim JG (2017) New records, conservation assessments and distribution of Lamiaceae in Rio Grande do Norte, northeastern, Brazil. Phytotaxa 311: 43-56.).

No RN, sua morfologia foliar pode assumir formatos que variam entre elípticas, lanceoladas ou obovadas. Pode ser reconhecida por seu porte robusto, podendo alcançar até 3,5 metros de altura, folhas inteiras, amplamente largas e longas, címulas congestas e frutos amarelos a alaranjados fixados a um cálice campanulado marcescente. Coletada em flor em maio e em fruto nos meses de abril e maio.

2. Amasonia campestris (Aubl.) Moldenke, Torreya 34: 8, 1934. Fig. 2a-c

Figura 2
a-c. Amasonia campestris - a. bráctea floral; b.ramo florido; c. flor. d-f. Rhaphiodon echinus - d. ramo florido; e,f. flor. g-k. Eriope macrostachya - g,k. visão frontal da flor; h.visão lateral da flor; i. ovário e estilopódio; j. ramo florido. [a-c. A.S. Soares et al. 4 (UFRN); d-f. Soares, A.S. et al. 2 (UFRN); g-k. Soares, A.S. et al. 52 (UFRN)].
Figure 2
a-c. Amasonia campestris - a. floral bract; b. flowering branch; c. flor. d-f. Rhaphiodon echinus - d. flowering branch; e,f. flor. g-k. Eriope macrostachia - g,k. front view of flower; h. side view of flower; i. ovary and stylopodium; j. flowering branch. [a-c. A.S. Soares et al. 4 (UFRN); d-f. A.S. Soares et al. 2 (UFRN); g-k. A.S. Soares et al. 52 (UFRN)].

Erva ou subarbusto ca. 0,50 m, não aromática, não viscosa pela ausência de tricomas glandulares, caule e ramos pubescentes com entrenós não inflados. Folhas simples, alternas, pecíolo 0,9-1,5 cm compr., lâminas 9,7-15,5 × 3,9-5,2 cm, membranácea a cartáceas, obovadas a oblongas, ápice agudo, base atenuada, margem serreada, face abaxial glabrescente com tricomas hialinos concentrados nas nervuras primárias e secundárias, face adaxial glabrescente com tricomas hialinos concentrados na margem do limbo; pecíolo 0,9-1,5 cm compr. Inflorescência em címula 1-3-flora, pedúnculo vináceo, 7-18,7 cm compr., pubescente; raque vinácea, 5,6-11,2 cm compr., pubescente; eixo secundário da inflorescência castanho-vináceo, 3-8 mm compr., pubescente; brácteas 2,1-2,9 × 0,6-1,4 cm, elípticas ou oblongas, verdes a vináceas, ápice mucronado, pubescente; bractéolas, 4-8 mm compr., filiformes, vináceas, ápice agudo, pubescentes. Flores pediceladas, pedicelo 2-5 mm compr., pubescente; tubo do cálice na antese 2-3 mm compr., campanulado, pubescente, lobos 4-5 mm compr., agudos, eretos; cálice no fruto marcescente, tubo 0,4-0,6 cm compr., campanulado, pubescente, lobos 0,3-0,7 cm compr., ovais. Corola amarela ou creme, tubular, 2,6 cm compr., tubo 2,1 cm compr., lobos 0,5 cm compr., não formando capuz, face interna glabra, face externa pilosa; estames 4, didínamos, adnatos a corola, glabros; ovário inteiro, estilete terminal, estigma bífido, estilopódio ausente. Fruto drupa, 0,8-0,7 cm diâm., globoso.

Material selecionado: Encanto, 06°09’05,4”S, 38°22’22,2”W, 18.IV.2014, fl., A.S. Soares et al. 4 (UFRN).

Amasonia campestris é encontrada no Brasil, Venezuela, Trinidad e Tobago, Guianas e Suriname (Santos et al. 2012Santos JS, França F, Silva MJ & Sales MF (2012) Levantamento das espécies de Amasonia (Lamiaceae) para o Brasil. Rodriguésia 63: 1101-1116.). No Brasil, distribui-se nos domínios Amazônia, Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica nas regiões Centro-Oeste, Norte, Nordeste e na Região Sudeste está restrita ao estado do Espírito Santo (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527.). No Rio Grande do Norte, ocorre em encraves de Cerrado na Caatinga, no oeste do estado (Soares et al. 2017Soares AS, Pastore JFB & Jardim JG (2017) New records, conservation assessments and distribution of Lamiaceae in Rio Grande do Norte, northeastern, Brazil. Phytotaxa 311: 43-56.).

Esta espécie diferencia-se das demais por apresentarem folhas alternadas, enquanto o restante das espécies aqui citadas apresenta folhas opostas ou decussadas. Foi encontrada em ambiente serrano em altitudes entre 500 e 650 metros. Coletada com flor nos meses de abril e maio.

3. Eplingiella fruticosa (Salzm. ex Benth.) Harley & J.F.B.Pastore, Phytotaxa 58: 22, 2012. Fig. 3f-j

Figura 3
a-c. Gymneia platanifolia - a. cálice em flor; b. cálice em fruto; c. ramo florido. d-e. Vitex schaueriana - d. fruto; e. ramo em fruto. f-j. Eplingiella fruticosa - f. flor; g. botão floral; h. ramo florido; i. inflorescência; j. cálice no fruto. k-m. Hyptis lantanifolia - k. ramo florido; l. flor; m. cálice em flor. [a-c. R.T. Queiroz 81 (UFRN); d-e. A.S. Soares et al. 40 (UFRN); f-j. A.S. Soares et al. 65 (UFRN)].
Figure 3
a-c. Gymneia platanifolia - a. calyx at anthesis; b. calyx at fruit; c. flowering branch. d-e. Vitex schaueriana - d. fruit; e. flowering branch. f-j. Eplingiella fruticosa - f. flor; g. floral button; h. flowering branch; i. inflorescence; j. calyx at fruit. k-m. Hyptis lantanifolia - k. flowering branch; l. flower; m. calyx at anthesis. [a-c. R.T. Queiroz 81 (UFRN); d-e. A.S. Soares et al. 40 UFRN; f-j. A.S. Soares et al. 65 (UFRN)].

Subarbusto ou arbusto 1-2,5 m, não aromática, não viscosa pela ausência de tricomas glandulares, caule glabrescente, pubescente ou tomentoso na parte inferior; ramos pubescentes com entrenós não inflados. Folhas simples, opostas, pecíolo 1-6 mm compr., lâminas 0,4-2,9 × 0,2-3 cm, xeromórficas, cartáceas, ovais, ápice agudo, base cuneada, margem crenada, face adaxial com indumento glabrescente amarelo ou branco, face abaxial com indumento tomentoso e amarelo. Inflorescência em cimeira subumbeliforme 3-14-flora, congesta, pedúnculo 0,5-2,6 cm compr.; brácteas 4-6 mm compr., foliáceas, pubescente, ápice agudo; bractéolas 0,5-6 mm compr., filiformes, ápice agudo, pubescentes. Flores pediceladas, pedicelo 1 mm compr., pubescente; tubo do cálice na antese 1-7 mm compr., tubuloso, linear, pubescente; tubo do cálice no fruto 2-9 mm compr., expandido, tubuloso, fortemente curvado, pubescente, lobos 1-3 mm compr., aristados, eretos. Corola 0,3-0,9 cm compr., azul ou lilás, tubulosa, tubo 0,2-0,5 cm compr., lobos 0,1-0,3 cm compr., lobo anterior mediano formando capuz, face interna glabra, face externa pubescente com bordas ciliadas; estames 4, didínamos, pubescentes; ovário 4-lobado, estilete ginobásico, estigma capitado até bilabiado, estilopódio ausente. Frutos secos, núculas 2 a 4, ovais a oblongas, lisas.

Material selecionado: Parnamirim, 05°52’25,0”S, 35°14’45,0”W, 1.IV.2015, fl. e fr., E.O. Moura & A.S. Soares 314 (UFRN).

Eplingiella fruticosa é endêmica do Brasil, ocorrendo em todos os estados da região nordeste (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527.). Apresenta ampla variação morfológica na área de estudo, principalmente a morfologia foliar. Ocorre preferencialmente na Mata Atlântica, próximo ao litoral. No entanto, foram observadas pequenas populações em área de caatinga na região interiorana do estado.

É caracterizada pelas folhas xeromórficas (limbo foliar reduzido com vários tricomas que auxiliam no controle da temperatura), e flores de cor variando de lilás a azuis, dispostas em cimeira subumbeliforme, cálice no fruto com ápice fortemente curvado e lobos subulados, corola zigomorfa, com tubo levemente curvado. Coletada ou registrada com flores e frutos entre os meses de setembro a abril.

4. Eriope macrostachya Mart. ex Benth., Labiat. Gen. Spec. 145, 1833. Fig. 2g-k

Subarbusto ou arbusto ca. 0,5 m, não aromática, não viscosa pela ausência de tricomas glandulares, caule piloso na base, ramos pubescentes, com entrenós não inflados. Folhas simples, pecíolo 4-2 mm compr., opostas, lâminas 2,7-5,8 × 0,4-4,3 cm, cartáceas, ovais ou lanceoladas, ápice agudo, base subcordada, margem serreada ou serrilhada, face abaxial e adaxial pubescentes. Inflorescência paniculada, 17-48-flora, laxa, pedúnculo 13,3-22 cm compr.; brácteas 5-8 × 1-1 mm compr., lanceoladas, ápice agudo, pubescentes; bractéolas da base do pseudopedicelo 2-3 × 1 mm, lanceoladas, ápice agudo, pubescentes; bractéolas próximas ao cálice 5-1 × 1 mm, filiformes, ápice agudo, pubescentes. Flores com pseudopedicelo 1-2 mm compr., deflexo, pubescente; tubo do cálice na antese 2-3 mm compr., arroxeado, campanulado, tomentoso desde o ápice até a parte interna; tubo do cálice no fruto 2-6 mm compr., zigomorfo, expandido, campanulado, densamente tomentoso na parte interna, lobos 0,7-1,3 mm compr., dois posteriores conados, agudos, eretos. Corola 0,5-1,1 cm compr., lilás ou roxa com fauce alva, campanulada, tubo 0,2-0,5 cm compr., lobos 0,3-0,6 cm compr., lobo anterior mediano formando capuz, face interna glabra, face externa pubescente; estames 4, pubescentes; ovário glabro, 4-lobado, oblongo, estilete ginobásico, glabro, 0,9-1 cm compr., estigma bilabiado, estilopódio presente. Frutos secos, núculas 4, oblongas, lisas.

Material selecionado: Equador, 06°51’03,0”S, 36°40’53,0”W, 15.VIII.2015, fl. e fr., A.S. Soares et al. 52 (UFRN).

Eriope macrostachya distribui-se pela América do Sul no Paraguai, Brasil e Venezuela (Harley 1988Harley RM (1988) Revision of generic limits in Hyptis Jacq. (Labiatae) and its allies. Botanical Journal of the Linnean Society 98: 87-95.). Ocorre no Brasil nas regiões Nordeste e Sudeste e Sul, nesta última região apenas para o estado do Paraná (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527.). No Nordeste, ocorre nos estados da Bahia, Ceará e Rio Grande do Norte (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527.; Soares et al 2017Soares AS, Pastore JFB & Jardim JG (2017) New records, conservation assessments and distribution of Lamiaceae in Rio Grande do Norte, northeastern, Brazil. Phytotaxa 311: 43-56.). Possui uma ampla variação morfológica pelo Brasil.

O formato de suas folhas pode variar de lanceoladas a oblongas e até mesmo ovais. Esta espécie possui algumas variações relacionadas a caracteres como suas folhas e inflorescência, apresentando limbos foliares e panículas mais alongadas que os apresentados pelo espécime tipo.

Seu reconhecimento é facilitado principalmente por seu pedicelo deflexo na antese, além das pétalas lilases ou roxas com fauce alva e seu cálice arroxeado na antese com o ápice coberto por uma densa camada de tricomas no fruto. Pode ser confundida com Hypenia salzmannii pelo seu porte e por sua inflorescência em tirso assemelhar-se com as panículas da segunda espécie, diferenciando-se por sua flor campanulada de cor lilás e cálice com os lobos posteriores conados, quando em fruto.

No Rio Grande do Norte, foi encontrada com flores e frutos no mês de agosto e em ambientes serranos na Caatinga, nos municípios de Campo Redondo e Parelhas, em altitudes entre 400 e 700 metros. O registro aqui apresentado de Eriope macrostachya é o primeiro do gênero para o Rio Grande do Norte. Encontrada em flor e fruto no mês de agosto.

5. Gymneia platanifolia (Mart. ex Benth.) Harley & J.F.B.Pastore, Phytotaxa 58: 23, 2012. Fig. 3a-c

Arbusto ca. 0,60 m, não aromática, não viscosa pela ausência de tricomas glandulares, caule lanoso, ramos lanuginosos, com entrenós não inflados. Folhas simples, opostas, pecíolo 0,5-1,3 cm compr., lâminas 4-5,9 × 2,6-5,8 cm, cartáceas, ovais, ápice agudo, base subcordada, margem duplamente crenada, face abaxial tomentosa e indumento branco, face adaxial pubescente e flava. Inflorescência séssil do tipo verticilastro globoso ou subgloboso dispostos interruptamente no caule, capítulo 1,1-1,9 cm diâm., 4-10-flora, densamente congesta; brácteas 5-6 × 2 mm compr., filiformes, ápice agudo, pubescentes; bractéolas 3-4 × 1 mm, filiformes, ápice agudo, pilosas. Flores pediceladas, pedicelo 0,5 mm compr., tomentoso; tubo do cálice na antese 2 mm compr., tubuloso, pubescente; tubo do cálice no fruto 4 mm compr., expandido, tubuloso, com ápice curvado, pubescente, lobos 5, 3-4 mm compr., aristados, eretos. Corola 0,3 cm compr., branca com manchas marrons, tubulosa, tubo 0,2 cm compr., lobos 5, 0,1 cm compr., lobo anterior mediano formando capuz, face interna glabra, face externa pubescente; estames 4, didínamos, glabros; ovário 4-lobado, estilete ginobásico, estigma bilabiado, estilopódio ausente. Frutos secos, núculas 4, oblongas, lisas.

Material selecionado: Macaíba, 05°53’49,1”S, 35°27’41,9”W, 16.VI.2004, fl. e fr., R.T. Queiroz 81 (UFRN).

Material adicional: BRASIL. BAHIA: Bom Jesus da Lapa, Basin of the Upper São Francisco River, ca. 28 km S.E. of Bom Jesus da Lapa, on road to Caitité, Caatinga with low deciduous woodland and marsh by roadside, 16.IV.1980, fl., R.M. Harley 21414 (IPA, MO* foto, NY, UEC).

No Brasil, Gymneia platanifolia tem sua ocorrência restrita à Região Nordeste (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527.) em áreas de Caatinga e Cerrado. O gênero ocorre em todos os estados, exceto Alagoas, Paraíba e Sergipe (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527.; Soares et al. 2017Soares AS, Pastore JFB & Jardim JG (2017) New records, conservation assessments and distribution of Lamiaceae in Rio Grande do Norte, northeastern, Brazil. Phytotaxa 311: 43-56.)

Esta espécie foi coletada em floresta estacional semidecidual e pode ser reconhecida em campo por sua inflorescência interrupta com verticilastro globosos ou subglobosos na axila de brácteas e suas folhas duplamente crenadas. Foi coletada com flor e fruto no mês de junho.

6. Hypenia salzmannii (Benth.) Harley, Bot. J. Linn. Soc. 98(2): 91, 1988.

Erva, subarbusto ou arbusto 0,4-1,7 m, não aromática, não viscosa pela ausência de tricomas glandulares, caule pubescente na parte inferior, ramos glabros ou vilosos com entrenós inflados, esta intumescência com indumento glauco. Folhas simples, opostas, pecíolo 0,2-2 cm compr., lâminas 0,2-3,4 × 0,2-2,2 cm, cartáceas, ovais ou ovais-lanceoladas, ápice agudo, base arredondada ou obtusa, margem crenada, face abaxial pubescente, face adaxial velutino. Inflorescência paniculada, 1-5-flora, laxa, eixo principal 24,4-87,6 cm compr.; brácteas, 0,1-1,5 × 0,1-0,2 cm compr., filiformes, ápice agudo, pubescentes ou pilosas; bractéolas da base do pseudopedicelo, 1-2 × 1 mm compr., filiformes, ápice agudo, tricomas esparsos; bractéolas próximas ao cálice filiformes, 1-2 × 1 mm compr., ápice agudo, tricomas esparsos. Flores pseudopediceladas, pseudopedicelo 0,1-1,2 cm compr., ereto, glabro; tubo do cálice na antese 1-5 mm compr., campanulado, pubescente; tubo do cálice no fruto 2-7 mm compr., actinomorfo, expandido, campanulado, pubescente, lobos 1-1 mm compr., aristados, eretos. Corola 0,1-0,7 cm compr., azul claro, tubulosa, tubo 0,2-0,6 cm compr., lobos 0,1 mm compr., lobo anterior mediano formando capuz, face interna glabra, face externa pubescente; estames 4, didínamos, glabros com base pubescente; ovário 4-lobado, estilete ginobásico, estigma bilabiado, estilopódio ausente. Frutos secos, núculas 3 ou 4, oblongas, com mucilagem branca quando molhadas.

Material selecionado: Encanto, 06°09’05,4”S, 38°22’22,2”W, 18.IV.2015, fl., A.S. Soares et al. 1 (UFRN).

Ocorre na América do Sul, registrada na Venezuela, Brasil e Guiana. No Brasil, Hypenia salzmannii ocorre em áreas de Caatinga, em todos os estados do Nordeste e Minas Gerais (disponível na rede speciesLink, CRIA 2018CRIA - Centro de Referência em Informação Ambiental (2018) Disponível em <http://splink.org.br>. Acesso em 27 fevereiro 2018.
http://splink.org.br...
; BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527.).

No Rio Grande do Norte esta espécie ocorre preferencialmente em áreas de Mata Atlântica ou encraves de Cerrado. É facilmente reconhecida por seu caule apresentando uma intumescência em seu entrenó com indumento glauco, inflorescência em panícula com flores dispostas de forma laxa, pétalas com cor variando de lilás à azul-claro. Foi coletada em flor e fruto nos meses de abril a novembro.

7. Hyptis brevipes Poit., Ann. Mus. Hist. Nat. 7: 465, 1806.

Erva, não aromática, não viscosa pela ausência de tricomas glandulares, caule com tricomas esparsos; ramos pubescentes com entrenós não inflados. Folhas simples, opostas, pecíolo 2-5 mm compr., lâminas 0,5-1,2 × 0,1-0,6 cm compr., membranáceas, lanceoladas, ápice agudo, base cuneada, margem serreada, face abaxial e adaxial com tricomas adpressos e esparsos. Inflorescência capituliforme, capítulo 0,6-1,4 cm diâm., 27-40-flora, congesta, pedúnculo 1,1-2 cm compr.; brácteas, 1-2 mm compr., lanceoladas a filiformes, ápice agudo, pubescentes; bractéolas, 2-5 mm compr., filiformes, pilosas, ápice agudo, pubescentes. Flores pediceladas, pedicelo 0,3-0,4 mm compr., pubescente; tubo do cálice na antese 1 mm compr., tubuloso a linear, glabro; tubo do cálice no fruto 3-4 mm compr., expandido, tubuloso, levemente curvado, glabro, lobos 0,9-1,8 mm compr., aristados, eretos. Corola 0,3 cm compr., branca, tubulosa, tubo 0,2 cm compr., lobos 0,1 cm compr., lobo anterior mediano formando capuz, face interna glabra, face externa glabrescente; estames 4, didínamos, glabros; ovário 4-lobado, estilete ginobásico, estigma bilobado, estilopódio ausente. Frutos secos, núculas 4, ovais, lisas.

Material selecionado: Baía Formosa, 06°20’32,0”S, 35°03’08,0”W, 24.V.2016, fl. e fr., E.O. Moura & J.V.M. Barbosa 747 (UFRN).

Hyptis brevipes distribui-se na América do Sul pela Colômbia, Venezuela, Trinidade e Tobago, Brasil, Paraguai e Argentina (Epling 1949Epling C (1949) Revisión del género Hyptis (Labiatae). Revista del Museu de La Plata, Sección Botánica 7: 153-497.). No Brasil, ocorre em todas as regiões (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527.). Na Região Nordeste, apresentava ocorrência apenas para os estados da Bahia e Paraíba (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527.). Recentemente, sua distribuição foi ampliada para o Rio Grande do Norte por Soares et al. (2017)Soares AS, Pastore JFB & Jardim JG (2017) New records, conservation assessments and distribution of Lamiaceae in Rio Grande do Norte, northeastern, Brazil. Phytotaxa 311: 43-56., ocorrendo preferencialmente em mata ciliar onde os solos são mais úmidos (Vásquez & Harley 2004Vásquez GD & Harley RM (2004) Flora de Grão-Mogol, Minas Gerais: Labiatae. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo. 22: 193-204.).

Pode ser reconhecida por sua inflorescência capituliforme suspensa por um pedúnculo alongado que pode chegar a 2 centímetros de comprimento e suas folhas membranáceas com indumento adpresso e esparso. Encontrada com flores e frutos entre os meses novembro e maio.

8. Hyptis lantanifolia Poit., Ann. Mus. Hist. Nat. 7: 468, pl. 29, f. 1, 1806. Fig 3k-m

Erva pouco ramificada, ca. 0,3 m, não aromática, não viscosa pela ausência de tricomas glandulares, caule piloso, ramos hirsutos com entrenós não inflados. Folhas simples, opostas, pecíolo até 0,1 cm compr., lâminas 0,9-1,6 × 0,5-0,9 cm, cartáceas, ovais, ápice agudo, base atenuada, margem serreada, face abaxial com indumento piloso e pelos restritos à nervação foliar, face adaxial hirsuta, indumento hirsuto. Inflorescência capituliforme, capítulo 8 mm diâm., 18-flora, congesta, pedúnculo 1,5 cm compr.; brácteas 0,6-0,8 cm compr., ovais, foliáceas, ápice agudo, pubescentes; bractéolas 0,3-0,5 cm compr., ovais, ápice agudo, hirsutas; bractéolas internas 2 mm compr., lanceoladas, ápice agudo, hirsutas. Flores pediceladas, pedicelo 0,1 mm compr., pubescente; tubo do cálice na antese 1,2 mm compr., tubuloso, pubescente; tubo do cálice no fruto 1,7 cm compr., expandido, tubuloso, não curvado, pubescente, lobos 0,9-1,2 cm compr., aristados, eretos. Corola 0,3 cm compr., branca, tubulosa, tubo 0,2 cm compr., lobos até 0,1 cm compr., lobo anterior mediano formando capuz, face interna glabra, face externa pubescente; estames 4, didínamos, glabros; ovário 4-lobado, estilete ginobásico, estigma bilobado, estilopódio ausente. Frutos não observadas.

Material selecionado: Macaíba, 05°53’34,7”S, 35°21’00,7”W, 10.II.2012, fl. e fr., J.L. Costa-Lima et al. 625 (JPB, UFRN).

Material adicional: BRASIL. BAHIA: Valença, Guaibim, 17.VIII.1995, fl., G. Hatschbach & J.T. Mota 63355 (ALCB). MINAS GERAIS: Uberlândia, Clube Caça e Pesca Iororó, 5.III.1999, fl. e fr., G.M. Araújo 10957 (HUEFS).

Esta espécie é bem representada na América do Sul (Silva-Luz et al. 2012Silva-Luz CL, Gomes GC, Pirani JR & Harley RM (2012) Flora da Serra do Cipó, Minas Gerais: Lamiaceae. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo, São Paulo 30: 109-155.). Está distribuída de forma contínua pelo Brasil, não ocorrendo apenas na Região Sul do país (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527.). Na Região Nordeste, ocorre nos estados da Bahia, Pernambuco e Piauí (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527.). Segundo Soares et al. (2017)Soares AS, Pastore JFB & Jardim JG (2017) New records, conservation assessments and distribution of Lamiaceae in Rio Grande do Norte, northeastern, Brazil. Phytotaxa 311: 43-56., no Rio Grande do Norte apenas uma população foi registrada ocorrendo em vegetação savânica.

Hyptis lantanifolia é reconhecida por possuir ramos pouco ramificados, brácteas semelhantes às folhas e bractéolas ovais e foliáceas, o que difere da espécie mais semelhante, H. brevipes, que possui brácteas lanceoladas a filiformes e bractéolas filiformes. Foi coletada com flores em fevereiro.

9. Marsypianthes chamaedrys (Vahl) Kuntze, Revis. Gen. Pl. 2: 524. 1891.

Erva 0,3-1 m, pouco aromática, viscosa ou não pela presença ou ausência de tricomas glandulares, caule e ramos hirsutos com entrenós não inflados. Folhas simples, opostas, pecíolo 0,1-2 cm compr., lâminas 0,7-4,5 × 0,2-1,8 cm, membranáceas ou cartáceas, ovais ou oblanceoladas, ápice agudo, base atenuada, margem serreada, face abaxial com indumento hirsuto e tricomas concentrados nas nervuras foliares, face adaxial com indumento hirsuto. Inflorescência em cimas subglobosas capituliformes, címula 0,5-3 cm compr., 1-7-flora, congesta, 0,8-2,4 cm compr.; brácteas foliáceas; bractéolas filiformes ou lanceoladas, 0,7-1 cm compr., ápice agudo, pubescentes. Flores pediceladas ou subsésseis, pedicelo quando presente 1 mm compr., hirsuto; tubo do cálice lilás na antese, 3 mm compr., campanulado, hirsuto; tubo do cálice no fruto 3-5 mm compr., expandido, campanulado, lobos 3 mm compr., agudos, reflexos. Corola 0,6-0,8 cm compr., azul, lilás ou roxas com fauce branca, tubulosa; tubo 0,4-0,6 cm compr., lobos 0,2 cm compr., lobo anterior mediano formando capuz, face interna e externa glabra; estames 4, didínamos, pubescentes; ovário 4-lobado, estilete ginobásico, estigma bilabiado, estilopódio presente. Frutos secos, núculas 3-4, cimbiformes, lisas.

Material selecionado: Nísia Floresta, restinga sobre dunas em torno da Lagoa de Alcaçuz, 21.VIII.2015, fl. e fr., A.S. Soares et al. 56 (UFRN).

Espécie amplamente distribuída, ocorrendo no México, algumas ilhas do Caribe, Peru, Bolívia, Brasil e norte da Argentina (Harley & Pastore 2012Harley RM & Pastore JFB (2012) A generic revision and new combinations in the Hyptidinae (Lamiaceae), based on molecular and morphological evidence. Phytotaxa 58: 1-55.). No Brasil ocorre em todos os estados exceto no Rio Grande do Sul (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527.).

No Rio Grande do Norte, Marsypianthes chamaedrys foi encontrada em formações de Mata Atlântica e Caatinga, sob a sombra de árvores ou em dunas sob o sol. Possui uma morfologia muito variável e as delimitações entre as espécies no gênero ainda não estão muito bem definidas (Harley & Pastore 2012Harley RM & Pastore JFB (2012) A generic revision and new combinations in the Hyptidinae (Lamiaceae), based on molecular and morphological evidence. Phytotaxa 58: 1-55.).

Seu reconhecimento pode ser feito por apresentarem lobos do cálice reflexo quando em fruto e de cor lilás na antese como também por suas núculas cimbiformes. Pode ser encontrada com flores e frutos ao longo de todo o ano.

10. Mesosphaerum caatingense Harley & J.F.B. Pastore, Kew. Bull. 74:12. 2019.

Subarbusto ou arbusto ca. 0,5 m, pouco aromática, não viscosa pela ausência de tricomas glandulares, caule e ramos velutinos com tricomas alvos e curtos com entrenós não inflados. Folhas simples, opostas, pecíolo 0,2-2 cm compr., lâminas 1-3,7 × 0,4-2,1 cm, cartáceas, ovais, ápice agudo a acuminado, base subcordada, margem crenada, face abaxial tomentosa, face adaxial pubescente. Inflorescência espiciforme, 6-18-flora, congesta, pedúnculo 0,4-0,8 cm compr., brácteas, 3-8 × 2-5 mm compr., foliáceas, ápice agudo, pubescentes; bractéolas próximas ao cálice 2 × 1 mm, filiformes, ápice agudo, velutinas. Flores pediceladas, pedicelo 1-3 mm compr., pubescente; tubo do cálice na antese 1-2 mm compr., campanulado, velutino; tubo do cálice no fruto 3-4 mm compr., expandido, campanulado, pubescente, lobos 0,5 mm compr., aristados, eretos. Corola 0,4-0,6 cm compr., branca com as pétalas superiores apresentando pontuação lilás, tubulosa, tubo 0,3 cm compr., lobos até 0,1 cm compr., lobo anterior mediano formando capuz, face interna e externa glabras com borda ciliada; estames 4, didínamos, pilosos; ovário 4-lobado, estilete ginobásico, estigma bilabiado, estilopódio ausente. Frutos secos, núculas 4, oblongas, lisas.

Material examinado: Currais Novos, Região dos Apertados, entrada cerca de 4 km SW da cidade, na rodovia para Acari, caatinga com afloramento rochoso, ca. 11 km da entrada, Margens do Rio Picuí, 27.V.2010, bot., fl. e fr., J.G. Jardim et al. 5724 (UFRN). Jucurutu, 06°02’02,0”S, 37°01’13,1”W, 8.VI.2008, fl. e fr., A.A. Roque 626 (HUEFS, UFRN). 37°01’13.1”W, 8.VI.2008, bot., fl. e fr., A.A. Roque 626 (HUEFS, UFRN).

Mesosphaerum sp. foi coletada em áreas de caatinga com solos pedregosos, ambiente serrano e altitudes entre 400 e 500 metros. No Rio Grande do Norte está restrita à região do Seridó. Há registros desta espécie apenas para o estado de Pernambuco e Rio Grande do Norte (disponível na rede speciesLink, CRIA 2018CRIA - Centro de Referência em Informação Ambiental (2018) Disponível em <http://splink.org.br>. Acesso em 27 fevereiro 2018.
http://splink.org.br...
).

A espécie assemelha-se com M. pectinatum, diferindo desta por apresentar corola branca com uma pontuação lilás em cada uma das duas pétalas superiores, além de sua inflorescência espiciforme pubescente e cálice velutino. Encontrada com flores nos meses de maio e junho.

11. Mesosphaerum pectinatum (L.) Kuntze, Revis. Gen. Pl. 2: 525, 1891.

Erva, subarbusto ou arbusto ca. 0.8 m, pouco aromática, não viscosa pela ausência de tricomas glandulares, caule piloso, ramos tomentosos, tricomas alvos alongados com entrenós não inflados. Folhas simples, opostas, pecíolo 0,4-2,5 cm compr., lâminas 2,3-5,5 × 1,2-4,5 cm, cartáceas, ovais, ápice agudo a apiculado, base subcordada a obtusa, margem serreada, face abaxial tomentosa com tricomas concentrados nas venações foliares, face adaxial pubescente. Inflorescência espiciforme, 6-12-flora, congesta, pedúnculo 2-4 mm compr., brácteas 3-4 × 1 mm compr., foliáceas, ápice agudo, pubescentes; bractéolas próximas ao cálice 2-3 × 1 mm, filiformes, ápice agudo, pubescentes. Flores pediceladas, pedicelo menor que 1 mm compr., pubescente; tubo do cálice na antese geralmente maior que 1 mm compr., campanulado, velutino; tubo do cálice no fruto 2-3 mm compr., expandido, estreitamente tubuloso, piloso com ápice velutino, lobos 1 mm compr., subulados, eretos. Corola 0,3 cm compr., alva com lobos, levemente lilases, tubulosa, tubo 0,2 cm compr., lobos 5, 0,1 cm compr., lobo anterior mediano formando capuz, face interna glabra, face externa pubescente; estames 4, didínamos, glabros; ovário 4-lobado, estilete ginobásico, estigma bilabiado, estilopódio ausente. Frutos secos, núculas 4, oblongas, lisas.

Material selecionado: Martins, 06°06’51,0”S, 37°52’05,1”W, 22.IV.2016, fl. e fr., A.S. Soares & A.M. Marinho 107 (UFRN).

Mesosphaerum pectinatum é uma espécie cosmopolita e considerada uma erva daninha (Harley & Pastore 2012Harley RM & Pastore JFB (2012) A generic revision and new combinations in the Hyptidinae (Lamiaceae), based on molecular and morphological evidence. Phytotaxa 58: 1-55.). No Brasil, ocorre em áreas de Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica em todas as regiões do Brasil (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527.).

É facilmente reconhecida por sua inflorescência bastante congesta e espiciforme, cálice no fruto estreitamente tubuloso apresentando lobos subulados e corola branca com lobos levemente lilases versus lobos do cálice agudos e corola alva com duas máculas lilases nas pétalas posteriores em Mesosphaerum sp. Foi coletada com flor nos meses de abril, julho e agosto.

12. Mesosphaerum suaveolens (L.) Kuntze, Revis. Gen. Pl. 2: 525, 1891.

Erva ou subarbusto ca. 0,6 m, fortemente aromática, viscosa pela presença de tricomas glandulares, caule piloso, ramos pubescentes com entrenós não inflados. Folhas simples, opostas, pecíolo 1-9 mm compr., lâminas 1-8,2 × 0,5-4,8 cm, cartáceas, ovais, ápice agudo ou acuminado, base cuneada a subcordada, margem serreada, face abaxial pilosa, face adaxial pilosa. Inflorescência em címula capitada, 2-7-flora, congesta, pedúnculo 1,4 cm compr., brácteas 0,4-2,2 × 0,2-0,6 cm, foliáceas, ápice agudo, pilosas; bractéolas próximas ao cálice 2 × 1 mm, filiformes, ápice agudo, pubescentes. Flores pediceladas, pedicelo 1 mm compr., pubescente; tubo do cálice na antese 1-3 mm compr., campanulado, piloso com ápice velutino; tubo do cálice no fruto 3-5 mm compr., expandido, tubuloso, piloso com ápice velutino, lobos 0,8-2 mm compr., subulados, eretos. Corola 0,3-0,7 mm compr., roxas, tubulosa, tubo 0,2 -0,5 cm compr., lobos 0,1 cm compr., lobo anterior mediano formando capuz, face interna glabra, face externa pubescente; estames 4, didínamos, glabros com base pubescente; ovário 4-lobado, estilete ginobásico, estigma bilabiado, estilopódio ausente. Frutos secos, núculas 4, oblongas, lisas.

Material selecionado: Caicó, 06°21’17,7”S, 36°57’17,3”W, 15.VIII.2009, fl. e fr., J.G. Jardim. et al. 5568 (HUEFS, UFRN).

Assim como Mesosphaerum pectinatum, M. suaveolens também é cosmopolita. Possui ampla distribuição, ocorrendo em todo território brasileiro com exceção dos estados Santa Catarina e Rio Grande do Sul (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527.). No Rio Grande do Norte foi coletada em áreas de Mata Atlântica e também em Caatinga, ocorrendo preferencialmente em bordas de matas ou beira de estradas.

Esta espécie diferencia-se de Mesosphaerum sp. e M. pectinatum por sua inflorescência capitada, corola roxa e seu pedúnculo que pode ser de três a sete vezes maior que das outras duas espécies do gênero. Pode ser encontrada com flor ou fruto entre os meses de abril e agosto.

13. Rhaphiodon echinus (Nees & Mart.) Schauer, Flora 27: 346. 1844. Fig. 2d-f

Erva prostrada 0,6-1,5 m, fortemente aromática, viscosa pela presença de tricomas glandulares, caule hirsuto; ramos com tricomas esbranquiçados com entrenós não inflados. Folhas simples, opostas, pecíolo 0,2-1,6 cm compr., lâminas 2,2-4 × 1-3,1 cm, cartáceas ou raro membranáceas, ovais, ápice agudo, base oval, margem irregularmente denteada, face abaxial glabra, face adaxial glabrescente. Inflorescência globosa capituliforme, capítulo 2,4-2,6 cm diâm., 10-18-flora, congesta, pedúnculo 4,3-7,7 cm compr.; brácteas 2-3 mm compr., subuladas, ápice agudo, hirsutas; bractéolas 1-2 mm compr., lanceoladas, ápice espinescente, ciliadas. Flores sésseis; tubo do cálice na antese nunca maior que 1 mm compr., pubescente, lobos 5-8, irregulares, aristados; cálice no fruto não observados. Corola 0,7-1,1 cm compr., púrpura, tubulosa, tubo 0,6-0,9 cm compr., lobos 0,1-0,2 cm compr., lobo anterior mediano formando capuz, face interna glabra, face externa levemente pubescente; estames 4, glabros; ovário 4-lobado, estilete pubescente, estigma capitado, estilopódio ausente. Frutos não observados.

Material selecionado: Doutor Severiano, 06°10’39,6”S, 38°24’27,4”W, 19.IV.2015, fl. e fr., A.S. Soares et al. 10 (UFRN).

Rhaphiodon echinus é endêmica do Brasil e ocorre nas regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste do país. Sua ocorrência está registrada em todos os estados da Região Nordeste, com exceção do Maranhão (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527.; Soares et al. 2017Soares AS, Pastore JFB & Jardim JG (2017) New records, conservation assessments and distribution of Lamiaceae in Rio Grande do Norte, northeastern, Brazil. Phytotaxa 311: 43-56.).

É uma espécie típica das regiões de Caatinga do Nordeste brasileiro, sendo encontrada em beira de estradas, terrenos perturbados e arenosos (Vásquez & Harley 2004Vásquez GD & Harley RM (2004) Flora de Grão-Mogol, Minas Gerais: Labiatae. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo. 22: 193-204.). Seu hábito rasteiro e inflorescência globosa capituliforme com flores apresentando um cálice com lobos irregulares, espinhosos que variam de 5 a 8 s e corola púrpura, são características que facilitam sua identificação em campo. Coletada com flor entre os meses de fevereiro e agosto.

14. Vitex gardneriana Schauer Prodr. 11: 687, 1847.

Arvoreta, árvore, 2-7 m, não aromática, não viscosa pela ausência de tricomas glandulares, ramos glabros a vilosos com entrenós não inflados. Folhas simples, opostas decussadas, pecíolo 0,1-1 cm compr., lâminas 3-11.9 × 1,3-2,9 cm compr., coriáceas, lanceoladas, ápice acuminado ou retuso, base arredondada ou cuneada, margem inteira, face abaxial com indumento viloso, face adaxial glabra. Inflorescência em cimeira, pedúnculo 0,9-1,1 cm compr., 2-3-flora, congesta; bractéolas da base do pedicelo ca. 0,6-0,8 cm compr., lanceoladas; bractéolas da base do cálice ca. 0,3 cm compr., filiformes, vilosas. Flores pediceladas ou subsésseis, pedicelo 0,1 cm compr., viloso; tubo do cálice na antese 0,1-0,4 cm compr., campanulado, viloso, marcescente no fruto. Corola ca. 1,2 cm compr., tubulosa, vilosa, azul, lilás ou roxa com fauce branca, lobos ca. 0,5 cm compr., os inferiores levemente bilobados, patentes; estames 4, didínamos, com presença de glândulas; ovário globoso, inteiro, glabro, estigma bilabiado, estilopódio ausente. Fruto drupa, 0,7-1 cm diâm., globoso.

Material selecionado: Currais Novos, 06°19’47,0”S, 36°30’29,0”W, 27.V.2010, fl. e fr., J.G. Jardim et al. 5726 (UFRN).

Essa espécie é nativa e endêmica do Brasil, tendo sua distribuição restrita apenas à Região Nordeste, não ocorrendo nos estados do Piauí e Maranhão (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527.). Típica de Caatinga, Vitex gardneriana é facilmente diferenciada das demais espécies do gênero por apresentar folhas simples característica que é observada apenas em outra espécie do gênero que é restrita à Amazônia (Vitex snethlagiana Huber ex Moldenke; Lima & França 2009Lima CT & França F (2009) Flora da Bahia: Vitex Tour. ex L. Lamiaceae. Sitientibus Série Ciências Biológicas 9: 225-244.).

No Rio Grande do Norte, foi encontrada em ambientes de Caatinga arbustiva às margens de rios e riachos como também em afloramentos rochosos. Coletada com flor nos meses de janeiro, junho, julho, outubro, novembro e dezembro.

15. Vitex rufescens Juss. Ann. Mus. Hist. Nat. 7: 77, 1806.

Arbusto ou árvore, 2,5-8 m, não aromática, não viscosa pela ausência de tricomas glandulares, ramos pubescentes, ferrugíneos com entrenós não inflados. Folhas compostas, 3-folioladas, opostas, pecíolo 3,2-6,5 cm compr., peciólulo 0,1 cm compr., lâmina do folíolo central 1,2 × 3,9-6,4 × 16 cm compr., cartáceas, obovadas ou lanceoladas, ápice agudo ou acuminado, base arredondada ou cuneada, margem inteira, face abaxial com indumento velutino, face adaxial com indumento restrito às nervuras foliares nos indivíduos adultos. Inflorescência em cimeira, pedúnculo 1,1-3,2 cm compr., 2-7-flora, congesta, bractéolas da base do pedicelo 0,4-1 cm compr., ovais ou lanceoladas, pubescentes; bractéolas da base do cálice 0,4-0,6 cm compr., filiformes, pubescentes. Flores pediceladas ou subsésseis, pedicelo 0,3-0,4 cm compr., pubescente; tubo do cálice na antese 0,3 cm compr., campanulado, pubescente, marcescente no fruto. Corola ca. 0,9-1,1 cm compr., azul ou lilás com fauce branca, tubulosa, pubescente, lobos 0,4-0,9 cm compr., patentes, os inferiores bilabiados; estames 4, exsertos, didínamos, com tricomas tectores. Ovário globoso, inteiro, pubescente, estilopódio ausente. Fruto drupa, 0,7-1,6 cm diâm., pubescente.

Material selecionado: Extremoz, APA de Jenipabu, acesso ao Ecoposto, 20.XI.2010, fl., J.G. Jardim et al. 5849 (UFRN).

Vitex rufescens é uma espécie endêmica do Brasil, ocorrendo nas regiões Centro-Oeste, Nordeste, Norte e Sudeste, nos domínios fitogeográficos Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527.). No Rio Grande do Norte foi encontrada exclusivamente no litoral oriental do estado, em áreas de Mata Atlântica.

Diferencia-se das demais espécies de Vitex encontradas no Rio Grande do Norte por seus ramos pubescentes ferrugíneos, folíolo central obovado e ovário pubescente. Coletada com flor ou fruto entre os meses de junho e fevereiro.

16. Vitex schaueriana Moldenke Revista Sudamer. Bot. 5: 3, 1937. Fig. 3d-e

Arvoreta ou árvore 2-5 m, não aromática, não viscosa pela ausência de tricomas glandulares, ramos glabros com entrenós não inflados. Folhas compostas, 3-folioladas, decussadas, pecíolo 2-5 cm compr.; peciólulo 0,1-0,8 cm compr., lâmina do folíolo central 1,8 × 4,3-3,2 × 8,2 cm, cartáceas, elípticas, ápice acuminado, base atenuada ou cuneada, margem inteira, face abaxial glabra com poucos tricomas concentrados na nervura principal, face adaxial glabra. Inflorescência do tipo dicásio simples, pedúnculo 3,8-4,1 cm compr., brácteas 0,4-0,6 cm compr., ovais; bractéolas da base do pedicelo 0,3-0,4 cm compr., lanceoladas. Flores não observadas. Fruto drupa, 0,7-0,9 cm diâm ., glabro, globoso.

Material selecionado: Equador, caatinga, área de extração de caulim e para instalação do Complexo Eólico SANTAPAPE, 13.VIII.2015, fr., A.S. Soares 40 (UFRN).

Vitex schaueriana é uma espécie endêmica do Brasil que ocorre na Caatinga das regiões Nordeste e Sudeste do Brasil, sendo registrado nesse último apenas no estado de Minas Gerais (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527.). Há apenas dois registros desta espécie para o RN, ambas em área de caatinga no interior do estado.

O pedúnculo da inflorescência delgado e alongado (3,8-4,1 cm) como também os folíolos centrais das folhas apresentando ambas as faces glabras, caracterizam esta espécie, diferenciando-a das demais do gênero. Coletada com fruto nos meses de março e agosto.

Agradecimentos

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) a bolsa concedida ao primeiro autor. Aos curadores (Nádia Roque, André Amorim, Rita de Cássia A. Pereira, Luciano P. Queiroz, Maria Regina V. Barbosa, Ângela Maria M. Freitas, Leandro O. Furtado de Sousa e Leonardo M. Versieux) e equipes dos herbários visitados (ALCB, CEPEC, HST, HUEFS, IPA, JPB, MOSS e UFRN). À equipe do herbário UFRN o apoio técnico e humano. À Regina Maria Alcântara as ilustrações. Aos revisores e editor Leandro Giacomin as valiosas sugestões que ajudaram a melhorar este manuscrito.

Referências

  • Almeida CFCBR & Albuquerque UP (2002) Check-list of the family Lamiaceae in Pernambuco, Brazil. Brazilian Archives of Biology and Technology. 45: 343-353.
  • BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527.
  • Colombo B, Kaheler M & Calvente A (2016) An inventory of the Bignoniaceae from the Brazilian state of Rio Grande do Norte highlights the importance of small herbaria to biodiversity studies. Phytotaxa 278: 19-28.
  • Costa-Lima JL, Loiola MIB & Jardim JG (2014) Erythroxylaceae no Rio Grande do Norte, Brasil. Rodriguésia 65: 659-671.
  • CRIA - Centro de Referência em Informação Ambiental (2018) Disponível em <http://splink.org.br>. Acesso em 27 fevereiro 2018.
    » http://splink.org.br
  • Epling C (1949) Revisión del género Hyptis (Labiatae). Revista del Museu de La Plata, Sección Botánica 7: 153-497.
  • França F (2003) Revisão de Aegiphila (Lamiaceae) e seu posicionamento sistemático. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo, São Paulo. 500p.
  • Freire MSB (1990) Levantamento florístico do Parque Estadual Dunas do Natal. Acta Botânica Brasilica 4: 41-59.
  • Furtado MMR, Secco RS & Rocha AES (2012) Sinopse das espécies de Lamiales Bromhead ocorrentes nas restingas do estado do Pará, Brasil. Hoehnea 39: 529-547.
  • Harley RM (1988) Revision of generic limits in Hyptis Jacq. (Labiatae) and its allies. Botanical Journal of the Linnean Society 98: 87-95.
  • Harley RM (1992) New taxa of Labiatae from the Pico das Almas and Chapada Diamantina. Kew Bulletin 47: 553-580.
  • Harley RM (1996) The Labiatae of Bahia: a preliminary check-list. Sitientibus 15: 11-21.
  • Harley RM (2003) Hyptis bahiensis Harley, a new species of Labiatae from Brazil. Kew Bulletin 58: 479-483.
  • Harley RM (2013) Notes on the genus Gymneia (Lamiaceae: Ocimeae, Hyptidinae) with two new species from Brazil. Phytotaxa 148: 57-64.
  • Harley RM (2014a) Cantinoa nanuzae, a new species of Lamiaceae from the Serra do Espinhaço, Minas Gerais, Brazil. Kew Bulletin 69: 1-4.
  • Harley RM (2014b) Eplingiella brightoniae, a new species of Hyptidinae (Lamiaceae: Ocimeae) from Northern Bahia, Brazil. Kew Bulletin 69: 9537.
  • Harley RM (2014c) Four new taxa of Oocephalus (Hyptidinae: Lamiaceae) from Bahia, Brazil. Kew Bulletin 69: 9539.
  • Harley RM (2015) Physominthe (Hyptidineae, Lamiaceae), endemic to Brazil, with a new species, P. longicaulis, from Bahia. Kew Bulletin 70: 1-8.
  • Harley RM & Pastore JFB (2012) A generic revision and new combinations in the Hyptidinae (Lamiaceae), based on molecular and morphological evidence. Phytotaxa 58: 1-55.
  • Harley RM & Walsingham L (2014) Eriope viscosa (Lamiaceae), a new species from the Chapada Diamantina of Bahia, Brazil. Kew Bulletin 69: 9514.
  • Hashimoto MY (2013) Estudos taxonômicos do gênero Marsypianthes Mart. ex Benth. (Hyptidinae, Lamiaceae) no Brasil. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Goiás, Goiânia. 52p.
  • IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2012). Manual técnico da vegetação brasileira. 2ª ed. Disponível em <ftp://geoftp.ibge.gov.br/documentos/recursos_naturais/manuais_tecnicos/manual_tecnico_vegetacao_brasileira.pdf >. Acesso em 27 fevereiro 2018.
    » ftp://geoftp.ibge.gov.br/documentos/recursos_naturais/manuais_tecnicos/manual_tecnico_vegetacao_brasileira.pdf
  • IDEMA - Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente (2013) Perfil do Rio Grande do Norte. Disponível em <https://docplayer.com.br/2740929-Perfil-do-rio-grande-do-norte.html>. Acesso em 3 setembro 2019.
    » https://docplayer.com.br/2740929-Perfil-do-rio-grande-do-norte.html
  • IPNI - The International Plant Name Index (2017) Disponível em <http://www.ipni.org>. Acesso em 10 dezembro 2017.
    » http://www.ipni.org
  • Li B, Cantino PD, Olmstead RG, Bramley GLC, Xiang C, Ma Z, Tan Y & Zhang D (2016) A large-scale chloroplast phylogeny of the Lamiaceae sheds new light on its subfamilial classification. Scientific Reports 6: 34343.
  • Li B & Olmstead RG (2017) Two new subfamilies in Lamiaceae. Phytotaxa 313: 222-226.
  • Lima CT & França F (2009) Flora da Bahia: Vitex Tour. ex L. Lamiaceae. Sitientibus Série Ciências Biológicas 9: 225-244.
  • Mól DFF (2010) Rubiaceae em um remanescente de Floresta Atlântica no Rio Grande do Norte, Brasil. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal. 70p.
  • Mori SA, Silva LAM, Lisboa G & Corandin L (1989) Manual de manejo do herbário fanerogâmico. 2ª ed. Centro de Pesquisas do Cacau, Ilhéus. 104p.
  • Moro MF, Souza VC, Oliveira-Filho AT, Queiroz LP, Fraga CN, Rodal MJN, Araújo FS & Martins FR (2012) Alienígenas na sala: o que fazer com espécies exóticas em trabalhos de taxonomia, florística e fitossociologia? Acta Botanica Brasilica 26: 991-999.
  • Mota MCA, Pastore JFB, Marques Neto R, Harley RM & Salimena FR (2017) Lamiaceae na Serra Negra, Minas Gerais, Brasil. Rodriguésia 68: 143-157.
  • Oliveira RC, Santana SH, Silva AS, Maciel JR & Valls JFM (2013) Paspalum (Poaceae) no Rio Grande do Norte, Brasil. Rodriguésia 64: 847-862.
  • Queiroz RT & Loiola MIB (2009) O gênero Chamaecrista Moench (Caesalpinoideae) em áreas do entorno do Parque Estadual das Dunas de Natal, Rio Grande do Norte, Brasil. Hoehnea 36: 725-736.
  • Radford AE Dickson WC & Massey JR (1974) Vascular Plant Systematics. Harper & Row, New York. 891p.
  • Reflora (2018) Herbário Virtual. Disponível em <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/herbarioVirtual/>. Acesso em 27 fevereiro 2018.
    » http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/herbarioVirtual/
  • Rocha LNG, Melo JIM & Camacho RGV (2012) Flora do Rio Grande do Norte, Brasil: Turneraceae Kunth ex DC. Rodriguésia. 63: 1085-1099.
  • Santos JS, França F, Silva MJ & Sales MF (2012) Levantamento das espécies de Amasonia (Lamiaceae) para o Brasil. Rodriguésia 63: 1101-1116.
  • São-Mateus WMB, Cardoso D, Jardim JG & Queiroz LP (2013) Papilionoideae (Leguminosae) na Mata Atlântica do Rio Grande do Norte, Brasil. Biota Neotropica 13: 315-362.
  • Schmidt JA (1858) Labiatae. In: Martius, C.F.P., Eichler, A.G. & Urban, N.I. (eds.) Flora brasiliensis Typographia Regia, Munich. Vol. 8, Pp. 67-157.
  • Silva JON (2009) A família Myrtaceae no Parque Estadual das Dunas do Natal-RN, Brasil. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal. 60p.
  • Silva-Luz CL, Gomes GC, Pirani JR & Harley RM (2012) Flora da Serra do Cipó, Minas Gerais: Lamiaceae. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo, São Paulo 30: 109-155.
  • Soares AS, Pastore JFB & Jardim JG (2017) New records, conservation assessments and distribution of Lamiaceae in Rio Grande do Norte, northeastern, Brazil. Phytotaxa 311: 43-56.
  • Soares Neto RL & Jardim JL (2015) Capparaceae no Rio Grande do Norte, Brasil. Rodriguésia. 66: 847-857.
  • Thiers B (2016) [continuously updated]. Index Herbariorum: a global directory of public herbaria and associated staff. New York Botanical Garden’s Virtual Herbarium. Disponível em <http://sweetgum.nybg.org/ih/>. Acesso em 9 outubro 2016.
    » http://sweetgum.nybg.org/ih/
  • Vásquez GD & Harley RM (2004) Flora de Grão-Mogol, Minas Gerais: Labiatae. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo. 22: 193-204.
  • Versieux LM, Tomaz EC & Jardim JG (2013) New genus and species records of Bromeliaceae in the Caatinga of Rio Grande do Norte state, northeastern Brazil: Orthophytum disjunctum L.B.Sm. (Bromelioideae) and Tillandsia paraibensis R.A. Pontes (Tillandsioideae). CheckList 9: 663-665.

Editado por

Editor de área: Dr. Leandro Giacomin

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    11 Nov 2019
  • Data do Fascículo
    2019

Histórico

  • Recebido
    07 Set 2017
  • Aceito
    14 Maio 2018
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Rua Pacheco Leão, 915 - Jardim Botânico, 22460-030 Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Tel.: (55 21)3204-2148, Fax: (55 21) 3204-2071 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: rodriguesia@jbrj.gov.br