Acessibilidade / Reportar erro

Plantas alimentícias não convencionais (PANC) na comunidade rural de São José da Figueira, Durandé, Minas Gerais, Brasil.

Unconventional food plants in the rural (UFP) community of São José da Figueira, Durandé, Minas Gerais, Brazil.

Resumo

Com mais de 46.000 espécies de plantas, o Brasil tem uma das maiores diversidades biológicas do mundo. Essa imensa riqueza ainda é pouco conhecida e sua utilização como alimento tem sido negligenciada. O uso da biodiversidade local na alimentação contribui para a ampliação das fontes de nutrientes disponíveis à população e para a promoção da soberania e segurança alimentar. O presente estudo analisou o conhecimento e o uso de plantas alimentícias não convencionais (PANC) na comunidade rural de São José da Figueira, Durandé, Minas Gerais, Brasil. A pesquisa foi conduzida utilizando a técnica “bola de neve” com entrevistas semi-estruturadas. As famílias botânicas foram classificadas e a frequência relativa de citação das espécies (Fr) foi avaliada. Foram registradas 56 espécies de PANC, distribuídas em 29 famílias botânicas. As famílias Asteraceae e Lamiaceae se destacaram pela riqueza de espécies, contribuindo com 9 e 6 espécies, respectivamente. Sonchus oleraceus e Xanthosoma sagittifolium obtiveram as maiores frequências relativas de citação (32,1). A maior parte das plantas citadas como alimentícias é nativa (38,2%). Os resultados encontrados demonstram o grande conhecimento da comunidade acerca da diversidade local e a importância dessas espécies na alimentação da comunidade.

Palavras-chave:
agricultura familiar; agrobiodiversidade; conservação; segurança alimentar

Abstract

With more than 46.000 species of plants, Brazil has one of the largest biological diversity in the world. This biodiversity is still little known and its use as food has been neglected. The use of local biodiversity in diet contributes to the expansion of the sources of nutrients available to the population and to the promotion of food sovereignty and security. The present study analyzed the knowledge and the use of unconventional food plants (UFP) in the rural community of São José da Figueira, Durandé, Minas Gerais, Brazil. The research was conducted using the Snowball Sampling with semi-structured interviews. The relative frequency of species citation (Fr) was evaluated. There were 56 species of UFP distributed in 29 botanical families. Asteraceae and Lamiaceae were distinguished by the richness of food species, contributing with 9 and 6 species, respectively. Sonchus oleraceus (Asteraceae) and Xanthosoma sagittifolium (Araceae) had the highest relative frequencies of citation (32.1). Most of the plants cited are native (38.2%). The results show the great knowledge of the community about the local diversity, and the importance of these species in the feeding of families. The results show the great knowledge of the community about the local diversity, and the importance of these species in the community alimentation.

Key words:
family farming; agrobiodiversity; conservation; food security

Introdução

Estima-se que sejam conhecidas no mundo cerca de 390 mil espécies de plantas (RBG 2017RBG Kew (2017) The state of the world’s plants report. Royal Botanical Gardens, Kew. 100p.). Apesar dessa elevada riqueza o homem utilizou, ao longo de toda sua história, cerca de mil espécies para alimento (FAO 2018FAO (2018) Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura. Corporate document repository. Crop prospects and food situation. Disponível em <http://www.fao.org/giews/reports/crop-prospects/en/>. Acesso em 21 de janeiro de 2018.
http://www.fao.org/giews/reports/crop-pr...
) e atualmente cultiva cerca de 300 para diversas finalidades como alimentação, medicamento construção e outros usos (Reifschneider et al. 2015Reifschneider FJB, Nass LL, Henz GP, Heinrich AG, Ribeiro CSC, Filho KE, Boiteux LE, Ritschel P, Ferraz RM & Quecini V (2015) Uma pitada de biodiversidade na mesa dos brasileiros. 17ª ed. Brasília. 156p.). Dessas, apenas 15 espécies (arroz, trigo, milho, soja, sorgo, cevada, cana-de-açúcar, beterraba, feijão, amendoim, batata, batata-doce, mandioca, coco e banana) representam 90% da alimentação do mundo (Paterniani 2001Paterniani E (2001) Agricultura sustentável nos trópicos. Estudos Avançados 15: 303-326.).

O mesmo cenário é observado no Brasil que apresenta uma das maiores diversidades biológicas do planeta, abrigando cerca de 46.097 espécies nativas de plantas (Zappi et al. 2015Zappi DC, Forzza RC, Souza VC, Mansano VF & Morim MP (2015) Epílogo. Rodriguésia 66: 2.). Apesar dessa riqueza e do potencial que ela representa, a biodiversidade brasileira é ainda pouco conhecida e sua utilização como alimento tem sido negligenciada. Pode-se afirmar que de forma geral as espécies nativas do Brasil não fazem parte do grupo de alimentos mais consumidos no país. Souza et al. (2013)Souza AM, Pereira RA, Yokoo EM, Levy RB & Sichieri R (2013) Alimentos mais consumidos no Brasil: inquérito nacional de alimentação 2008-2009. Revista de Saúde Pública 47: 190-99. mostraram que a dieta alimentar dos brasileiros inclui entre as plantas mais consumidas arroz, café e feijão, associadas ao consumo regional de alguns poucos itens, destacando-se entre eles a mandioca. Dessa forma, nota-se uma valoração de poucas espécies, a maior parte delas exóticas em detrimento das inúmeras espécies nativas que são consumidas de modo ocasional e influenciadas pela cultura regional.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde como o estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade (WHO 1946WHO - World Health Organization (1946) Constitution of the World Health Organization. Basic documents. WHO, Genebra, 1946. Disponível em <http://www.who.int/about/mission/en/>. Acesso em 22 janeiro 2018.
http://www.who.int/about/mission/en/...
). Este conceito, apesar de datar da década de 40, demonstra a complexidade do tema ainda hoje ao incorporar questões como a criação e manutenção de condições de vida saudáveis, dialogando com outro conceito, a segurança alimentar. Segurança alimentar é o direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais tendo como base práticas alimentares promotoras da saúde, que respeitam a diversidade cultural e que sejam social, econômica e ambientalmente sustentáveis (Brasil 2006Brasil (2006) Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional - Lei 11.346 de 15 de setembro de 2006. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11346.htm>. Acesso em 28 janeiro 2018.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_At...
). Buscando ampliar as fontes de nutrientes disponíveis à população e à promoção da soberania e segurança alimentar, tem sido dada maior atenção à necessidade de diversificação das espécies vegetais consumidas. As plantas alimentícias conhecidas como não convencionais vem ao encontro deste conceito e podem ser consideradas essenciais para a consolidação de práticas alimentares que promovam a soberania e segurança alimentar. De acordo com Kinupp & Barros (2007)Kinupp VF & Barros IBID (2007) Riqueza de plantas alimentícias não-convencionais na região metropolitana de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Biociências 5: 63-65. plantas alimentícias não convencionais (PANC) são as plantas que possuem uma ou mais partes comestíveis, sendo elas espontâneas ou cultivadas, nativas ou exóticas que não estão incluídas em nosso cardápio cotidiano. As PANC podem ser entendidas ainda como todas as plantas que não são convencionais em nossos cardápios ou não são produzidas em sistemas convencionais (agricultura industrial ou convencional), designadas também como plantas alimentícias da agrobiodiversidade (Brack 2016Brack P (2016) Plantas alimentícias não convencionais. Agriculturas 13: 4-6.).

No Brasil, diversas PANC foram relatadas principalmente em comunidades tradicionais (Diegues et al. 2001Diegues ACS, Arruda RSV, Silva VCF, Figols FAB & Andrade D (2001) Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil. Ministério do Meio Ambiente (Biodiversidade 4), Brasília. USP, São Paulo. 176p.; Borges & Peixoto 2009Borges R & Peixoto AL (2009) Conhecimento e uso de plantas em uma comunidade caiçara do litoral sul do estado do Rio de Janeiro, Brasil. Acta Botanica Brasilica 23: 769-79.) e de pequenos agricultores familiares (Pilla & Amorozo 2009Pilla MAC & Amorozo M (2009) O conhecimento sobre os recursos vegetais alimentares em bairros rurais no Vale do Paraíba, SP, Brasil. Acta Botanica Brasilica 23: 1190-1201.; Cruz et al. 2013Cruz MP, Peroni N & Albuquerque UP (2013) Knowledge, use and management of native wild edible plants from a seasonal dry forest (NE, Brazil). Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine 9: 79.; Barreira et al. 2015Barreira TF, Paula Filho GX, Rodrigues VCC, Andrade FMC, Santos RHS, Priore SE & Pinheiro-Sant’ana HM (2015) Diversidade e equitabilidade de plantas alimentícias não convencionais na zona rural de Viçosa, Minas Gerais, Brasil. Revista Brasileira de Plantas Medicinais 17: 964-974.; Leal et al. 2018Leal ML, Alves RP & Hanazaki N (2018) Knowledge, use, and disuse of unconventional food plants. Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine 14: 6.) que ocupam áreas de vegetação nativa, onde cultivam ou coletam uma ampla diversidade de espécies para subsistência. O uso de PANC, além de diversificar a dieta alimentar, pode representar uma alternativa de renda para comunidades rurais, contribuindo com a economia local e regional (Nesbitt et al. 2010Nesbitt M, McBurney RPH, Broin M & Beentje HJ (2010) Linking biodiversity, food and nutrition: the importance of plant identification and nomenclature. Journal of Food Composition and Analysis 23: 486-498.). Além disso, se realizado de forma sustentável, pode ser considerado uma forma de utilização do solo com baixo impacto na agricultura, associado à conservação ambiental (Kinupp & Barros 2007Kinupp VF & Barros IBID (2007) Riqueza de plantas alimentícias não-convencionais na região metropolitana de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Biociências 5: 63-65.).

Embora a utilização de PANC faça parte da cultura, identidade e práticas agrícolas em muitas comunidades no Brasil (Kinupp & Barros 2007Kinupp VF & Barros IBID (2007) Riqueza de plantas alimentícias não-convencionais na região metropolitana de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Biociências 5: 63-65.; Miranda & Hanazaki 2008Miranda TM & Hanazaki N (2008) Conhecimento e uso de recursos vegetais de restinga por comunidades das ilhas do Cardoso (SP) e de Santa Catarina (SC), Brasil. Acta Botanica Brasilica 22: 203-15. ; Pilla & Amorozo 2009Pilla MAC & Amorozo M (2009) O conhecimento sobre os recursos vegetais alimentares em bairros rurais no Vale do Paraíba, SP, Brasil. Acta Botanica Brasilica 23: 1190-1201.; Nascimento et al. 2012Nascimento VT, Vasconcelos MAS, Maciel MI S & Albuquerque UP (2012) Famine foods of Brazil’s seasonal dry forests: ethnobotanical and nutritional aspects. Economic Botany 66: 22-34.; Cruz et al. 2013Cruz MP, Peroni N & Albuquerque UP (2013) Knowledge, use and management of native wild edible plants from a seasonal dry forest (NE, Brazil). Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine 9: 79.; Nascimento et al. 2013Nascimento VT, Lucena RF & Maciel MI (2013) Albuquerque UP . Knowledge and use of wild food plants in areas of dry seasonal forests in Brazil. Ecology of Food and Nutrition 52: 317-43.; Leal et al. 2018Leal ML, Alves RP & Hanazaki N (2018) Knowledge, use, and disuse of unconventional food plants. Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine 14: 6.), ainda são poucos os estudos sobre essas espécies. Em função desta carência de informações sobre a disponibilidade, formas de uso, partes utilizadas e usos potenciais, esses recursos alimentares são desconhecidos e/ou negligenciados por uma parcela significativa da população. O presente estudo buscou inventariar as espécies alimentícias não convencionais conhecidas e utilizadas por pequenos agricultores da comunidade rural de São José da Figueira, Durandé, Minas Gerais.

Material e Métodos

Área de estudo

A comunidade rural de São José da Figueira, distrito de Durandé, Minas Gerais (Fig. 1), localiza-se na região da Zona da Mata Mineira (41º47’52”W, 20º12’12”S) a 700 m de altitude (IBGE 2017IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (2017) Cidades. Disponível em <https://cidades.ibge.gov.br/>. Acesso em 28 janeiro 2018.
https://cidades.ibge.gov.br/...
). A economia da comunidade é baseada na agricultura familiar, em pequenas e médias propriedades onde são desenvolvidas atividades agrícolas, principalmente a cafeicultura e pecuária, além de inúmeras espécies alimentícias que são cultivadas ou extraídas apenas para subsistência das famílias.

Figura 1
Localização da comunidade São José da Figueira, município de Durandé, Minas Gerais, Brasil.
Figure 1
Localization of the community São José da Figueira, municipality of Durandé, Minas Gerais, Brazil.

Coleta de dados

Durante os anos de 2009 a 2011 foi desenvolvida nessa comunidade uma pesquisa sobre o uso de plantas medicinais, que resultou em uma lista de 165 espécies utilizadas na comunidade no cuidado básico a saúde (Tuler & Silva 2014Tuler AC & Silva NCB (2014) Women’s ethnomedicinal knowledge in the rural community of São José da Figueira, Durandé, Minas Gerais, Brazil. Revista Brasileira de Farmacognosia 24: 159-170.). Os resultados dessa pesquisa evidenciaram que nessa comunidade além das espécies medicinais eram cultivadas e/ou mantidas nos quintais ou nas roças, espécies alimentícias não convencionais utilizadas na alimentação. Nesta pesquisa foram consideradas como não convencionais as espécies cultivadas, espontâneas e/ou extraídas da floresta pelos agricultores e que segundo relatos não eram passíveis de compra nos mercados convencionais, por não serem produzidas ou comercializadas em grande escala. Além disso, foram incluídas aquelas plantas que, apesar de comuns e acessíveis em mercados e feiras, apresentavam usos e/ou partes usadas de forma não convencionais, como as folhas da cenoura, por exemplo.

Através da técnica conhecida como “bola de neve” (Bernard 1995Bernard HR (1995) Research Methods in Antropology. Qualitative and Quantitative Approachs. 2nd ed. Altamira Press, Walnut Creek. 585p.), foram feitas abordagens na comunidade, tendo como critério de amostragem a identificação de pessoas que faziam uso de PANC e cultivavam essas espécies em seus quintais e/ou roças ou coletavam essas espécies em áreas de remanescentes florestais. Após a entrevista, o próprio entrevistado, indicava uma nova pessoa, também conhecedora de PANC, considerada na pesquisa como informante-chave. As entrevistas foram semi-estruturadas com perguntas sobre como as PANC eram preparadas e consumidas pela família, forma de obtenção e ambiente de ocorrência das espécies. Através da metodologia conhecida por “turnê guiada” (Albuquerque & Lucena 2004Albuquerque UP & Lucena RFP (2004) Seleção e escolha dos informantes. In: Albuquerque UP & Lucena RFP (eds.) Métodos e técnicas na pesquisa etnobotânica. Livro Rápido, Recife. Pp 19-35.) no momento das entrevistas e em visitas posteriores foi realizada a coleta do material botânico visando a identificação das espécies. As identificações foram realizadas com auxílio de bibliografia especializada e comparação com coleções de herbários (VIES). Os espécimes foram fotografados em campo e coletados quando férteis, sendo posteriormente depositados no herbário VIES da Universidade Federal do Espírito Santo (acrônimo segundo Thiers, continuamente atualizadoThiers B [continuamente atualizado] Index Herbariorum: a global directory of public herbaria and associated staff. New York Botanical Garden’s Virtual Herbarium. Disponível em <http://sweetgum.nybg.org/science/ih/>. Acesso em 24 janeiro 2018.
http://sweetgum.nybg.org/science/ih/...
). Espécimes estéreis foram identificados, mas não puderam ser depositados em herbário.

Para a origem das espécies utilizou-se a terminologia proposta em Moro et al. (2012)Moro MF, Souza VC, Oliveira-Filho AT, Queiroz LP, Fraga CN, Rodal MJN, Araújo FS & Martins FR (2012) Alienígenas na sala: o que fazer com espécies exóticas em trabalhos de taxonomia, florística e fitossociologia? Acta Botanica Brasilica 26: 991-999. aliada as informações disponíveis na Flora do Brasil 2020Flora do Brasil 2020 em construção. Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/>. Acesso em 27 janeiro 2018.
http://floradobrasil.jbrj.gov.br/...
. A freqüência relativa de citação (fr) das espécies foi calculada de acordo com Begossi (1996)Begossi A (1996) Use of ecological methods in ethnobotany: diversity indices. Economic Botany 50: 280-289..

Resultados

Dados socioeconômicos

Foram entrevistados 18 informantes-chave, sendo 12 do sexo feminino e 4 do sexo masculino. A faixa etária dos informantes variou entre 27-75 anos, sendo a maior parte deles (85%) composta por informantes acima de 60 anos de idade. Quanto à escolaridade, 94% são alfabetizados, mas não concluíram o Ensino Fundamental. A maior parte deles relatou a dificuldade de acesso à escola devido à distância das instituições de ensino, falta de veículos escolares e precariedade das estradas, além da necessidade de trabalhar desde muito cedo para complementar a renda familiar.

Com relação à posse da terra, 88,8% são proprietários da terra que ocupam, tanto para moradia quanto para produção do café (Coffea arabica L.) que é a cultura de interesse da região. São cultivadas ainda espécies alimentícias para subsistência, além da criação de animais para consumo de carne, leite e ovos. Todos os entrevistados são agricultores e as mulheres, além da agricultura, cuidam dos jardins e quintais das residências, mantendo uma coleção das espécies úteis para a família.

Diversidade de PANC’s

Foram identificadas 56 espécies de PANC distribuídas em 29 famílias (Tab. 1; Fig. 2). A família com maior número de espécies foi Asteraceae, com 16,3%, seguida da família Lamiaceae com 10,9% do total de espécies.

Tabela 1
Plantas alimentícias não convencionais utilizadas pelos morados da comunidade rural de São José da Figueira, Durandé, Brasil. NP = nome popular; PU = parte utilizada; FP = forma de preparo; FO = forma de obtenção; ES = espontânea; CO = coletada; CU = cultivada em hortas ou quintais; NC = número de citações; Fr = freqüência relativa de citações [cálculo de acordo com Begossi (1996)Begossi A (1996) Use of ecological methods in ethnobotany: diversity indices. Economic Botany 50: 280-289.].
Table 1
Unconventional food plants according residents of São José da Figuera district, Durandé, Brazil. NP = popular name; PU = utilized part; FP = form of preparation; FO = obtained form; ES = spontaneous; CO = collected; CU = cultivated in gardens, or yards; NC = number of citations; Fr = relative frequency of citations [calculation according to Begossi (1996)Begossi A (1996) Use of ecological methods in ethnobotany: diversity indices. Economic Botany 50: 280-289.].

Figura 2
a-l. Algumas PANC encontradas na comunidade rural de São José da Figueira - a. Bidens pilosa; b. Lactuca canadensis; c. Sonchus oleraceus; d. Vernonanthura polyanthes; e. Ipomoea batatas; f-g. Momordica charantia; h. Hibiscus esculentus; i. Manihot esculenta; j. Musa sp.; k. Rubus rosifolius; l. Solanum pimpinellifolium.
Figure 2
a-l. UFP found in the rural community of São José da Figueira - a. Bidens pilosa ; b. Lactuca canadensis; c. Sonchus oleraceus; d. Vernonanthura polyanthes; e. Ipomoea batatas; f-g. Momordica charantia; h. Hibiscus esculentus; i. Manihot esculenta; j. Musa sp.; k. Rubus rosifolius; l. Solanum pimpinellifolium.

Ao avaliar a frequência relativa das 56 espécies de PANC verificou-se que as famílias Asteraceae e Araceae apresentam as maiores freqüências relativas, com destaque para as espécies Sonchus oleraceus L. (serralha) e Xanthosoma sagittifolium (L.) Schott (taioba), respectivamente, que foram citadas por todos os informantes (fr = 32,14) (Tab. 1). Na comunidade a serralha é consumida na forma de salada ou refogada, os informantes ressaltaram o gosto amargo característico da espécies. A taioba, ao contrário, não é consumida crua, pois provoca “formigamento na boca”, apenas refogada. De acordo com os relatos, a taioba verdadeira apresenta folhas largas e não deve ser confundida com o inhame e com a taioba roxa que apresentam folhas menores, porém “são venenosas”. Outras espécies que também se destacaram foram Chicorium intybus L. (chicória) e Erechtites valerianifolius (Wolf) DC (capiçova), ambas pertencentes à família Asteraceae, citadas por 17 informantes (fr = 30,35).

A maior parte das plantas citadas como alimentícias é nativa (38,2%), seguida das espécies consideradas naturalizadas (30,9%), exóticas (29,1%) e de origem desconhecida (1,8%) (Tab. 1).

Com relação à forma de obtenção das PANC, 50,8% são cultivadas em quintais ou roças, demonstrando que a comunidade mantém uma coleção de espécies úteis para as suas necessidades. São consideradas espontâneas 41,5%, ou seja, são espécies ruderais, que se desenvolvem e se adaptam com facilidade, não sendo utilizadas técnicas de cultivo. São provenientes de coleta em remanescentes florestais da região 7,7% das espécies, entre elas Euterpe edulis Mart. (Tab. 1). Alguns informantes disseram coletar as sementes em campo e cultivar essa espécie em suas propriedades para o consumo familiar. Em relação às partes utilizadas, as mais citadas nas preparações foram folha, com 42,8% das citações, seguida de fruto (37,5%), semente (10,7%), (Fig. 3). Outras partes utilizadas incluíram meristema (palmito) com 3,6% e caule, raíz e inflorescência todas com 1,8% das citações.

Figura 3
Partes das plantas utilizadas nas preparações como alimento na comunidade rural de São José da Figueira, Durandé, Minas Gerais.
Figure 3
Parts of the plants used in the preparations as food in the rural community of São José da Figueira, Durandé, Minas Gerais.

As PANC são consumidas principalmente refogadas (26,1%), in natura (26,1%), em forma de saladas (23,2%), temperos (8,7%), sucos (5,8%), torrada e moída (5,8%), empanadas (2,9%) e na preparação de molhos, conservas e doces (1,4%). Os alimentos são preparados de diversas formas, conforme mostrado na Tabela 2.

Tabela 2
Resumo das formas de preparo de PANC relatadas pelos informantes da comunidade rural de São José da Figueira, Durandé, Minas Gerais.
Table 2
Summary forms of preparation of UFP reported by the informants of the rural community of São José da Figueira, Durandé, Minas Gerais.

Discussão

Os informantes da comunidade rural de São José da Figueira apresentam um vasto conhecimento sobre o uso de plantas na alimentação o que demonstra uma forte relação com a terra e a biodiversidade ao redor. Essa relação é um fator importante para a fixação do homem ao campo, juntamente com outros fatores como, por exemplo, a melhoria da educação. Apesar das dificuldades relatadas, o percentual de analfabetos é mais baixo que a média para o estado de Minas Gerais cujo índice de analfabetismo entre as pessoas de 60 anos ou mais, chega a 19,1% (IBGE 2016IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (2016) Pesquisa nacional por amostra de domicílios: síntese de indicadores 2015. Disponível em <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv98887.pdf>. Acesso em 28 de janeiro de 2018.
https://biblioteca.ibge.gov.br/visualiza...
).

Os quintais das residências são importantes locais para a manutenção e conservação das PANC e o principal local de obtenção destas plantas. As mulheres desempenham um papel de protagonismo nesse espaço, mantendo uma coleção das espécies úteis para a família. De acordo com Clement et al. (2004)Clement CR, Sérgio FRR, David MC & Jorge LV (2004) Conservação on farm. In: Nass LL (ed.) Recursos genéticos vegetais. Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Brasília. Pp 511-544. esse tipo de conservação, conhecido como conservação on farm é considerada importante ferramenta para manutenção da diversidade genética, evolução e adaptação de culturas agrícolas como também para a segurança alimentar das comunidades.

Há predominância de espécies alimentícias pertencentes às famílias Asteraceae e Lamiaceae. Esse resultado é semelhante ao encontrado para espécies medicinais na mesma comunidade, onde essas famílias botânicas foram citadas como as mais importantes (Tuler & Silva 2014Tuler AC & Silva NCB (2014) Women’s ethnomedicinal knowledge in the rural community of São José da Figueira, Durandé, Minas Gerais, Brazil. Revista Brasileira de Farmacognosia 24: 159-170.). Espécies da família Asteraceae também foram predominantes em estudos sobre PANC realizados na região metropolitana de Porto Alegre (Kinupp & Barros 2007Kinupp VF & Barros IBID (2007) Riqueza de plantas alimentícias não-convencionais na região metropolitana de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Biociências 5: 63-65.) e em comunidades de restinga em São Paulo e Santa Catarina (Miranda & Hanazaki 2008Miranda TM & Hanazaki N (2008) Conhecimento e uso de recursos vegetais de restinga por comunidades das ilhas do Cardoso (SP) e de Santa Catarina (SC), Brasil. Acta Botanica Brasilica 22: 203-15. ). A família Asteraceae, além de apresentar maior número de espécies utilizadas como PANC, também apresenta as espécies mais consumidas na comunidade, apresentando as maiores frequências relativas de citação que, de acordo com Begossi (1996)Begossi A (1996) Use of ecological methods in ethnobotany: diversity indices. Economic Botany 50: 280-289. indica o quanto uma determinada espécie se destaca em relação ao conjunto de espécies utilizadas pela comunidade. Esse resultado reflete a distribuição, diversidade e importância da família, que é cosmopolita e uma das maiores dentre as angiospermas (Bremer 1994Bremer K (1994) Asteraceae: cladistics and classification. Timber Press, Portland. 752p.), com diversas espécies alimentícias (Simpson 2009Simpson BB (2009) Economic importance of Compositae. In: Funk VA, Susanna A, Stuessy TF & Bayer RJ (eds.) Systematics, evolution and biogeography of compositae. International Association Plant Taxonomy, Vienna. Pp 45-58.).

Pode-se afirmar que as PANC nativas exercem importante papel na soberania alimentar da comunidade rural de São José da Figueira visto o elevado percentual de espécies nativas citadas (38,2%). No Brasil, de forma geral o potencial alimentício das espécies nativas ainda é pouco valorizado em razão de padrões culturais que privilegiam produtos e cultivos exóticos em relação aos recursos naturais (Coradin et al. 2011Coradin L, Siminski A & Reis A (2011) Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial, plantas para o futuro - Região Sul. MMA, Brasília. 934p.). Na última década, entretanto, o governo brasileiro, seguindo diretrizes da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), criou uma série de programas e ações buscando respeitar, proteger e promover o uso racional da biodiversidade vegetal para fins na alimentação (MDSA 2017MDSA - Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário (2017) Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional - PLANSAN 2016-2019. CAISAN, Brasília. 92p.). Portanto, é fundamental a manutenção e intensificação de investimentos nesses programas e nas pesquisas buscando o melhor aproveitamento da imensa riqueza da biodiversidade brasileira.

A coleta de PANC em remanescentes florestais da região corresponde ao menor percentual na obtenção das espécies. Dentre as espécies obtidas desta forma, Euterpe edulis Mart. é uma espécie ameaçada de extinção na categoria Vulnerável (MMA 2014MMA - Ministério do Meio Ambiente (2014) Lista nacional oficial de espécies da flora ameaçadas de extinção. Portaria MMA 443, 17 de dezembro de 2014. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/static/pdf/portaria_mma_443_2014.pdf>. Acesso em 15 fevereiro 2018.
http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/stati...
) devido ao corte indiscriminado para extração do palmito. O consumo dessa parte do vegetal pode inviabilizar o desenvolvimento e sobrevivência da planta em seu ambiente de ocorrência. Alguns informantes disseram coletar as sementes em campo e cultivar essa espécie em suas propriedades para o consumo familiar, o que pode ser uma alternativa para evitar o corte em ambiente natural. O cultivo dessa espécie nas propriedades além de evitar o corte ilegal pode promover a oferta de alimentos tanto para os agricultores, quanto para a fauna local, uma vez que é considerada importante fornecedor de frutos para a avifauna (Staggemeier et al. 2017Staggemeier VG, Cazetta E & Morellato LPC (2017) Hyperdominance in fruit production in the Brazilian Atlantic rain forest: the functional role of plants in sustaining frugivores. Biotropica 49: 71-82.).

Ainda sobre a conservação da biodiversidade local, o consumo majoritário de folhas, quando coletadas de forma sustentável, sem retirada excessiva, de modo geral não interfere na reprodução e no desenvolvimento da planta, sendo considerado um uso conservativo (Martin 1995Martin GJ (1995) Ethnobotany - a people and plants, conservation manual. Chapman& Hall, London. 268p.). As preparações citadas refletem as partes mais utilizadas, uma vez que folhas são consumidas principalmente refogadas ou em forma de saladas, seguidas dos frutos e sementes que são consumidos preferencialmente in natura.

Os resultados encontrados para plantas medicinais por Tuler & Silva (2014)Tuler AC & Silva NCB (2014) Women’s ethnomedicinal knowledge in the rural community of São José da Figueira, Durandé, Minas Gerais, Brazil. Revista Brasileira de Farmacognosia 24: 159-170. e nesta pesquisa, para plantas alimentícias, demonstram o grande conhecimento da comunidade acerca da diversidade local, seus usos e formas de preparo. As PANC são apreciadas na comunidade e fazem parte das refeições familiares. A utilização dessas espécies para alimentação envolve não apenas a escolha de um alimento saudável, mas relaciona-se com o reconhecimento da herança cultural e o valor histórico do alimento na culinária regional. Além disso, ao cultivar ou manter essas espécies em suas roças ou quintais, a comunidade contribui para uma agricultura mais sustentável, conservando a biodiversidade local e respeitando o conhecimento tradicional. Todos estes aspectos contribuem para promoção e manutenção da saúde dos indivíduos, reforçando o ideal de que uma base alimentar variada é parte fundamental para segurança alimentar. Conhecer e usar os produtos da agrobiodiversidade também contribui para garantir a soberania alimentar das comunidades tradicionais.

Espera-se que a pesquisa realizada desperte o interesse para a vasta diversidade de alimentos e modos de uso regionais de outras comunidades nas distintas regiões do Brasil. A inclusão de novas espécies na alimentação certamente aumentará a segurança alimentar do brasileiro, atualmente restrita a poucas espécies, a maior parte delas exóticas. Entretanto esse enriquecimento da dieta alimentar além da mudança de percepção e aceitação da sociedade depende da implementação de políticas públicas que promovam uma alimentação adequada e saudável, bem como de programas de pesquisas na busca de um melhor aproveitamento do imenso patrimônio natural nativo, aliado a estratégias de conservação dos recursos genéticos.

  • Editor de área: Dr. Cristina Baldauf

Agradecimentos

Agradeçemos aos agricultores da comunidade rural de São José da Figueira, que aceitaram participar e compartilhar informações do seu cotidiano, tornando possível esse estudo. Agradecemos também a Diego Rafael Gonzaga, as sugestões feitas ao manuscrito.

Referências

  • Albuquerque UP & Lucena RFP (2004) Seleção e escolha dos informantes. In: Albuquerque UP & Lucena RFP (eds.) Métodos e técnicas na pesquisa etnobotânica. Livro Rápido, Recife. Pp 19-35.
  • Barreira TF, Paula Filho GX, Rodrigues VCC, Andrade FMC, Santos RHS, Priore SE & Pinheiro-Sant’ana HM (2015) Diversidade e equitabilidade de plantas alimentícias não convencionais na zona rural de Viçosa, Minas Gerais, Brasil. Revista Brasileira de Plantas Medicinais 17: 964-974.
  • Begossi A (1996) Use of ecological methods in ethnobotany: diversity indices. Economic Botany 50: 280-289.
  • Bernard HR (1995) Research Methods in Antropology. Qualitative and Quantitative Approachs. 2nd ed. Altamira Press, Walnut Creek. 585p.
  • Borges R & Peixoto AL (2009) Conhecimento e uso de plantas em uma comunidade caiçara do litoral sul do estado do Rio de Janeiro, Brasil. Acta Botanica Brasilica 23: 769-79.
  • Brack P (2016) Plantas alimentícias não convencionais. Agriculturas 13: 4-6.
  • Brasil (2006) Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional - Lei 11.346 de 15 de setembro de 2006. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11346.htm>. Acesso em 28 janeiro 2018.
    » http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11346.htm
  • Bremer K (1994) Asteraceae: cladistics and classification. Timber Press, Portland. 752p.
  • Clement CR, Sérgio FRR, David MC & Jorge LV (2004) Conservação on farm. In: Nass LL (ed.) Recursos genéticos vegetais. Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Brasília. Pp 511-544.
  • Coradin L, Siminski A & Reis A (2011) Espécies nativas da flora brasileira de valor econômico atual ou potencial, plantas para o futuro - Região Sul. MMA, Brasília. 934p.
  • Cruz MP, Peroni N & Albuquerque UP (2013) Knowledge, use and management of native wild edible plants from a seasonal dry forest (NE, Brazil). Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine 9: 79.
  • Diegues ACS, Arruda RSV, Silva VCF, Figols FAB & Andrade D (2001) Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil. Ministério do Meio Ambiente (Biodiversidade 4), Brasília. USP, São Paulo. 176p.
  • FAO (2018) Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura. Corporate document repository. Crop prospects and food situation. Disponível em <http://www.fao.org/giews/reports/crop-prospects/en/>. Acesso em 21 de janeiro de 2018.
    » http://www.fao.org/giews/reports/crop-prospects/en/
  • Flora do Brasil 2020 em construção. Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/>. Acesso em 27 janeiro 2018.
    » http://floradobrasil.jbrj.gov.br/
  • IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (2016) Pesquisa nacional por amostra de domicílios: síntese de indicadores 2015. Disponível em <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv98887.pdf>. Acesso em 28 de janeiro de 2018.
    » https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv98887.pdf
  • IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (2017) Cidades. Disponível em <https://cidades.ibge.gov.br/>. Acesso em 28 janeiro 2018.
    » https://cidades.ibge.gov.br/
  • Kinupp VF & Barros IBID (2007) Riqueza de plantas alimentícias não-convencionais na região metropolitana de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Biociências 5: 63-65.
  • Leal ML, Alves RP & Hanazaki N (2018) Knowledge, use, and disuse of unconventional food plants. Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine 14: 6.
  • MMA - Ministério do Meio Ambiente (2014) Lista nacional oficial de espécies da flora ameaçadas de extinção. Portaria MMA 443, 17 de dezembro de 2014. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/static/pdf/portaria_mma_443_2014.pdf>. Acesso em 15 fevereiro 2018.
    » http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/static/pdf/portaria_mma_443_2014.pdf
  • Martin GJ (1995) Ethnobotany - a people and plants, conservation manual. Chapman& Hall, London. 268p.
  • MDSA - Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário (2017) Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional - PLANSAN 2016-2019. CAISAN, Brasília. 92p.
  • Miranda TM & Hanazaki N (2008) Conhecimento e uso de recursos vegetais de restinga por comunidades das ilhas do Cardoso (SP) e de Santa Catarina (SC), Brasil. Acta Botanica Brasilica 22: 203-15.
  • Moro MF, Souza VC, Oliveira-Filho AT, Queiroz LP, Fraga CN, Rodal MJN, Araújo FS & Martins FR (2012) Alienígenas na sala: o que fazer com espécies exóticas em trabalhos de taxonomia, florística e fitossociologia? Acta Botanica Brasilica 26: 991-999.
  • Nesbitt M, McBurney RPH, Broin M & Beentje HJ (2010) Linking biodiversity, food and nutrition: the importance of plant identification and nomenclature. Journal of Food Composition and Analysis 23: 486-498.
  • Nascimento VT, Lucena RF & Maciel MI (2013) Albuquerque UP . Knowledge and use of wild food plants in areas of dry seasonal forests in Brazil. Ecology of Food and Nutrition 52: 317-43.
  • Nascimento VT, Vasconcelos MAS, Maciel MI S & Albuquerque UP (2012) Famine foods of Brazil’s seasonal dry forests: ethnobotanical and nutritional aspects. Economic Botany 66: 22-34.
  • Paterniani E (2001) Agricultura sustentável nos trópicos. Estudos Avançados 15: 303-326.
  • Pilla MAC & Amorozo M (2009) O conhecimento sobre os recursos vegetais alimentares em bairros rurais no Vale do Paraíba, SP, Brasil. Acta Botanica Brasilica 23: 1190-1201.
  • RBG Kew (2017) The state of the world’s plants report. Royal Botanical Gardens, Kew. 100p.
  • Reifschneider FJB, Nass LL, Henz GP, Heinrich AG, Ribeiro CSC, Filho KE, Boiteux LE, Ritschel P, Ferraz RM & Quecini V (2015) Uma pitada de biodiversidade na mesa dos brasileiros. 17ª ed. Brasília. 156p.
  • Simpson BB (2009) Economic importance of Compositae. In: Funk VA, Susanna A, Stuessy TF & Bayer RJ (eds.) Systematics, evolution and biogeography of compositae. International Association Plant Taxonomy, Vienna. Pp 45-58.
  • Souza AM, Pereira RA, Yokoo EM, Levy RB & Sichieri R (2013) Alimentos mais consumidos no Brasil: inquérito nacional de alimentação 2008-2009. Revista de Saúde Pública 47: 190-99.
  • Staggemeier VG, Cazetta E & Morellato LPC (2017) Hyperdominance in fruit production in the Brazilian Atlantic rain forest: the functional role of plants in sustaining frugivores. Biotropica 49: 71-82.
  • Thiers B [continuamente atualizado] Index Herbariorum: a global directory of public herbaria and associated staff. New York Botanical Garden’s Virtual Herbarium. Disponível em <http://sweetgum.nybg.org/science/ih/>. Acesso em 24 janeiro 2018.
    » http://sweetgum.nybg.org/science/ih/
  • Tuler AC & Silva NCB (2014) Women’s ethnomedicinal knowledge in the rural community of São José da Figueira, Durandé, Minas Gerais, Brazil. Revista Brasileira de Farmacognosia 24: 159-170.
  • WHO - World Health Organization (1946) Constitution of the World Health Organization. Basic documents. WHO, Genebra, 1946. Disponível em <http://www.who.int/about/mission/en/>. Acesso em 22 janeiro 2018.
    » http://www.who.int/about/mission/en/
  • Zappi DC, Forzza RC, Souza VC, Mansano VF & Morim MP (2015) Epílogo. Rodriguésia 66: 2.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    20 Dez 2019
  • Data do Fascículo
    2019

Histórico

  • Recebido
    09 Abr 2018
  • Aceito
    26 Ago 2018
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Rua Pacheco Leão, 915 - Jardim Botânico, 22460-030 Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Tel.: (55 21)3204-2148, Fax: (55 21) 3204-2071 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: rodriguesia@jbrj.gov.br