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A tribo Dalbergieae s.l. (Leguminosae-Papilionoideae) no município de Caetité, Bahia, Brasil

The tribe Dalbergieae s.l. (Leguminosae-Papilionoideae) in the municipality of Caetité, Bahia, Brazil

Resumo

Dalbergieae s.l. possui 49 gêneros e 1.324 espécies distribuídas principalmente na região neotropical. No Brasil está representada por 380 espécies e 18 gêneros. Estudos florísticos/taxonômicos sobre as Dalbergieae no Brasil são pontuais, o conhecimento sobre a sua diversidade ainda é fragmentado ou encontra-se desatualizado. Com relação a Caetité, esses estudos ainda são inexistentes. Este trabalho teve como objetivo realizar um estudo taxonômico dos representantes de Dalbergieae ocorrentes em Caetité, fornecendo chave de identificação, descrições, ilustrações para a maioria dos táxons e comentários sobre a distribuição geográfica e afinidades taxonômicas das espécies. Foram registradas 30 espécies distribuídas em 12 gêneros, sendo Stylosanthes (6 spp.), Dalbergia (5) e Machaerium (5) os gêneros mais representativos. Nissolia tomentosa está sendo registrada pela primeira vez para Bahia neste estudo. Pterocarpus zehntneri, considerada uma espécie de distribuição incerta no estado da Bahia, foi recoletada após 105 anos. Os táxons foram observados em todas as fitofisionomias registradas em Caetité, tendo um predomínio maior nas áreas de Caatinga arbustiva e de Cerrado s.s. Características das folhas, inflorescência, coloração das pétalas e tipo de fruto foram os caracteres mais relevantes para identificação dos táxons.

Palavras-chave:
diversidade; flora; novas ocorrências; semiárido baiano; taxonomia de plantas.

Abstract

Dalbergieae s.l. owns 49 genera and 1,324 species distributed mainly in Neotropics. In Brazil is represented by approximately 380 species and 18 genera. Studies floristic/taxonomic about the Dalbergieae in Brazil are punctual, the knowledge about their diversity is still fragmented or is out-of-date. With respect to the Caetité, these studies are still non-existent. This work had as objective to carry out a study of the taxonomic species of Dalbergieae occurring in Caetité, giving identification key, descriptions, illustrations for most of them and comments on the distribution geographical and affinities taxonomic of the species. Have been recorded 30 species distributed in 12 genera. Stylosanthes (6 spp.), Dalbergia (5) e Machaerium (5) were the genera most representative. Nissolia tomentosa is being registered for the first time to Bahia in this study. Pterocarpus zehntneri, considered to be a kind of distribution that is uncertain in the state of Bahia, was recoletada after 105 years. The taxa have been observed in all types vegetational, having prevalence greater in areas of the shrubby Caatinga and of the Cerrado s.s. Characteristics of the leaves, inflorescence, color of petals, and type of fruit were the characters most relevant to the identification of the taxa.

Key words:
diversity; flora; new records; semiarid region of Bahia; taxonomy of plants.

Introdução

Leguminosae Adans. (Fabaceae Lindl.), constituída por aproximadamente 19.581 espécies distribuídas em 767 gêneros pertencentes a seis subfamílias (LPWG 2017LPWG - The Legume Phylogeny Working Group (2017) A community-endorsed phylogenetic classification of the Leguminosae, including a new densely-sampled phylogeny of the family. Taxon 66: 44-77.), é a terceira maior família de angiospermas (Lewis et al. 2005Lewis G, Schrire B, Mackinder B & Lock M (2005) Legumes of the world. Royal Botanic Gardens, Kew. 577p.). Apresenta distribuição cosmopolita e tem como principais centros de diversidade o Brasil, Cuba, México, Nova Caledônia e Sul e Oeste da África (Lewis et al. 2005; LPWG 2017LPWG - The Legume Phylogeny Working Group (2017) A community-endorsed phylogenetic classification of the Leguminosae, including a new densely-sampled phylogeny of the family. Taxon 66: 44-77.). Para o Brasil são estimadas 2.823 espécies distribuídas em 222 gêneros (Lima et al. 2016).

Entre as subfamílias de Leguminosae, destaca-se Papilionoideae, por reunir mais de 70% dos representantes de Leguminosae, aproximadamente 14.000 espécies distribuídas em 504 gêneros pertencentes a 28 tribos (LPWG 2017LPWG - The Legume Phylogeny Working Group (2017) A community-endorsed phylogenetic classification of the Leguminosae, including a new densely-sampled phylogeny of the family. Taxon 66: 44-77.). As Papilionoideae representam grande parte da diversidade das leguminosas que compõem a flora de diferentes domínios fitogeográficos no Brasil, por exemplo, da Caatinga, onde são encontradas 605 espécies e 128 gêneros (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527).

A tribo Dalbergieae s.l. possui aproximadamente 49 gêneros e 1.324 espécies de ocorrência principalmente no Novo mundo (Lewis et al. 2005Lewis G, Schrire B, Mackinder B & Lock M (2005) Legumes of the world. Royal Botanic Gardens, Kew. 577p.). Os seus gêneros mais representativos são Machaerium Pers. (74 spp.), Aeschynomene L. (49 spp.) e Arachis L. (65 spp.) (Klitgaard & Lavin 2005Klitgaard BB & Lavin M (2005) Dalbergieae sensu lato. In: Lewis GP, Schrire B, Mackinder B & Lock M (eds.) Legumes of the world (mansc.). Royal Botanic Gardens, Kew. 557p.). No Brasil está representada por cerca de 380 espécies reunidas em 18 gêneros (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527). Os seus representantes herbáceos, arbustivos ou escandentes comumente ocorrem associados às vegetações não florestais, como Caatinga, Campo rupestre e Cerrado ou, ainda, em áreas antropizadas. Enquanto, os táxons arbóreos são frequentemente encontrados em Florestas decíduas e semidecíduas ou Florestas ombrófilas (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527).

A classificação dentro de Dalbergieae vem recebendo drásticas modificações, principalmente com os avanços trazidos pelos estudos filogenéticos moleculares. Atualmente a tribo é considerada monofilética e está compreendida pelo clado dalbergióide, que por sua vez, inclui os clados Adesmia, Dalbergia e Pterocarpus, e por quatro gêneros isolados: Vatairea Aubl., Vataireopsis Ducke, Andira Lam. e Hymenolobium Benth. (Klitgaard & Lavin 2005Klitgaard BB & Lavin M (2005) Dalbergieae sensu lato. In: Lewis GP, Schrire B, Mackinder B & Lock M (eds.) Legumes of the world (mansc.). Royal Botanic Gardens, Kew. 557p.).

Estudos florísticos/taxonômicos sobre as Dalbergieae s.l. no Brasil são pontuais e o conhecimento sobre a sua diversidade em território nacional e os padrões de distribuição das suas espécies ainda é fragmentado ou encontra-se desatualizado. Bentham (1862)Bentham G (1862) Leguminosae. In: Martius CFP von, Eichler AG & Urban I. (eds.) Flora brasiliensis. F. Fleischer, Lipsiae 15: 1-349. citou 102 espécies da tribo para a Flora brasiliensis, porém, este trabalho não contempla a diversidade encontrada no país. Dentre os estudos taxonômicos da tribo destacam-se o de Camargo (2005)Camargo RA (2005) A Tribo Dalbergieae (Leguminosae-Faboideae) no estado de Santa Catarina, Brasil. 153 f. Dissertação (Mestrado em Botânica) - Programa de Pós-Graduação em Botânica - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. 153p. no estado de Santa Catarina que registrou 17 espécies incluídas em seis gêneros. Queiroz (2009)Queiroz LP (2009) Leguminosas da Caatinga. Associação Plantas do Nordeste, Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana / Royal Botanic Gardens, Kew. 467p. inventariou 50 espécies e 12 gêneros para tribo em ambientes de Caatinga. Siniscalchi (2012)Siniscalchi CM (2012) Dalbergieae s.l. (Leguminosae Papilionoideae) na Serra do Cipó, Minas Gerais. Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo, São Paulo. 117p. registrou 46 espécies distribuídas em 13 gêneros para a Serra do Cipó (MG). Silva (2015)Silva MF (2015) Dalbergieae (Leguminosae-Papilionoideae) nas restingas amazônicas. Vol. 68. Pesquisas Botânicas, São Leopoldo. Pp. 83-105. catalogou 12 espécies incluídas em oito gêneros nas restingas amazônicas. Recentemente, Tozzi et al. (2016)Tozzi AMGA (coord.) (2016) Papilionoideae In: Tozzi AMGA , Melhem TS, Forero E, Fortuna-Perez AP , Wanderley MGL, Martins SE, Romanini RP, Pirani JR, Fiuza de Melo MMR, Kirizawa M, Yano O & Cordeiro I (eds.) Flora fanerogâmica do estado de São Paulo. Instituto de Botânica, São Paulo, vol. 8, pp: 167-397. reportaram 90 espécies e 17 gêneros para São Paulo.

Além destes levantamentos, alguns dos gêneros de Dalbergieae s.l. foram estudados individualmente em tratamento taxonômico, como por exemplo, Aeschynomene (Lima et al. 2006Lima LCP, Sartori ALB & Pott VJ (2006) Aeschynomene L. (Leguminosae, Papilionoideae, Aeschynomeneae) no estado de Mato Grosso do Sul, Brasil. Hoehnea33: 419-453.), Andira (Mattos 1979Mattos NF (1979) O gênero Andira Lam. (Leg. Pap.) Brasil. Acta Amazonica (2): 241-266.), Machaerium (Bastos 1987Bastos MNC (1987) Contribuição para o estudo sistemático de algumas espécies do gênero Machaerium Persoon (Leguminosae-Papilionoideae) ocorrentes na Amazônia brasileira. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, série Botânica 3: 183-278.; Sartori & Tozzi 1998; Polido & Sartori 2007Polido CA & Sartori ALB (2007) O Gênero Machaerium (Leguminosae-Papilionoideae-Dalbergieae) no Pantanal Brasileiro. Rodriguésia 58: 313-329.), Stylosanthes (Costa et al. 2008Costa LC, Sartori ALB & Pott A (2008) Estudo taxonômico de Stylosanthes (Leguminosae-Papilionoideae-Dalbergieae) em Mato Grosso do Sul, Brasil. Rodriguésia 59: 547-572.), Stylosanthes Sw. e Zornia J.F. Gmel (Fortuna-Perez 2009Fortuna-Perez AP (2009) O gênero Zornia J.F.Gmel (Leguminosae, Papilionoideae, Dalbergieae): revisão taxonômica das espécies ocorrentes no Brasil e filogenia. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 285p.).

Apesar dos progressos recentes, ainda existe a necessidade da realização de novos estudos visando atualizar as informações sobre a distribuição geográfica e a morfologia dos representantes da tribo, principalmente, em áreas ainda não estudadas, como por exemplo, no município de Caetité. A flora de Caetité ainda é insuficientemente conhecida, sendo este município considerado uma região de prioridade de conservação para a vegetação de Caatinga (MMA/Portaria nº 9 de 23/01/2007). Isto é preocupante, pois a paisagem de Caetité vem sendo bastante modificada pelo desmatamento, queimadas, culturas irrigadas e pelas atividades de mineração e produção de energia eólica.

Nesse contexto, este trabalho tem como objetivo realizar um estudo taxonômico das espécies de Dalbergieae ocorrentes em Caetité, fornecendo chave de identificação, descrições e comentários sobre a distribuição geográfica, afinidades taxonômicas das espécies e ilustrações para a maioria dos táxons.

Material e Métodos

O município de Caetité (13º59’46”S, 42º31’20” W), com 2.651.537 km2, está localizado na região sudoeste da Bahia (Fig. 1), distante 757 km da capital Salvador. A altitude varia de 825 a mais de 1.000 metros e o clima Aw ameno segundo Köppen (1948). Os períodos de maior insolação são nos meses de abril e agosto (200 horas) e sua temperatura média anual é de 21,4 ºC (média máxima de 26,8 ºC e mínima de 16,4 ºC) (IBGE 2015IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2015) Manuais técnicos em geociências: manual técnico da vegetação brasileira. Sistema fitogeográfico. Inventário das formações florestais e campestres. Técnicas e manejo de coleções botânicas e procedimentos para mapeamentos. 2ª ed. IBGE, Rio de Janeiro. 271p.). É composto por diferentes fitofisionomias (Caatinga arbustiva e arbórea, Campo rupestre, Cerrado s.s., Floresta estacional semidecidual, Mata ciliar e áreas de transição Caatinga-Cerrado) e tipos de solos (solos lateríticos, argilosos e arenoargilosos, grumosos) em altitudes entre 750-1.100 m.

Figure 1
Figura 1
Figure 1
Location of the municipality of Caetité, Bahia, Brazil.

As coletas foram realizadas de novembro de 2014 a setembro de 2016, durante 69 expedições a campo, conforme os procedimentos metodológicos de Mori et al. (1989)Mori SA, Silva LAM, Lisboa G & Coradin L (1989) Manual de manejo de herbário fanerogâmico. 2ª ed. CEPLAC-CEPEC, Ilhéus. 104p.. O material coletado foi incorporado no acervo do Herbário HUNEB, Coleção Caetité. Outras exsicatas pertencentes principalmente ao acervo dos herbários ALCB, CEPEC, HUEFS, HUESBVC e HUNEB - Coleções Alagoinhas e Caetité, foram analisadas e inseridas como material adicional a fim de complementar as descrições e as ilustrações, quando existem até duas exsicatas coletadas para a área.

As identificações foram realizadas por meio de literatura especializada (Córdula et al. 2008Córdula E, Queiroz LP & Alves M (2008) Checklist da flora de Mirandiba, Pernambuco: Leguminosae. Rodriguésia 59: 597-602.; Queiroz 2009Queiroz LP (2009) Leguminosas da Caatinga. Associação Plantas do Nordeste, Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana / Royal Botanic Gardens, Kew. 467p.; São-Mateus et al. 2013São-Mateus WMB, Cardoso DB, Jardim JG & Queiroz LP (2013) Papilionoideae (Leguminosae) na Mata Atlântica do Rio Grande do Norte, Brasil. Biota Neotropica 13: 315-362.; Tozzi et al. 2016Tozzi AMGA (coord.) (2016) Papilionoideae In: Tozzi AMGA , Melhem TS, Forero E, Fortuna-Perez AP , Wanderley MGL, Martins SE, Romanini RP, Pirani JR, Fiuza de Melo MMR, Kirizawa M, Yano O & Cordeiro I (eds.) Flora fanerogâmica do estado de São Paulo. Instituto de Botânica, São Paulo, vol. 8, pp: 167-397.), por comparação com coleções dos herbários (HUEFS, HUNEB) ou sob consulta às coleções on-line dos herbários (ALCB, HUESBVC, HUESC, HUNEB - Coleção Alagoinhas, MAC, SP e UNB). Neste estudo, optou-se por não tratar categorias subespecíficas de Dalbergieae s.l. e incluir toda a diversidade morfológica encontrada para cada espécie, pois estudos adicionais são necessários para um melhor entendimento que envolve todas as variedades.

As descrições foram baseadas na análise morfológica dos espécimes coletados e nas informações contidas nos rótulos das exsicatas, adotando a terminologia dos caracteres morfológicos proposta por Radford et al. (1974)Radford AE, Dickison WC, Massey R & Bell CR (1974) Vascular plant systematics. Harper & Row, New York. 891p., para a forma dos frutos baseou-se em Barroso et al. (1999)Barroso GM, Morim MP, Peixoto AL & Ichaso CLF (1999) Frutos e sementes: morfologia aplicada à sistemática de dicotiledôneas. Editora UFV, Viçosa. 443p., e para os seus tipos, baseou-se em Vidal & Vidal (2003)Vidal WN & Vidal MRR (2003) Botanica - organografia; quadros sinóticos ilustrados de fanerógamos. 4ª ed. Ver. ampl. UFV, Viçosa. 124p.. O tratamento taxonômico foi elaborado no laboratório de Botânica da Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Ciências Humanas, Campus VI.

Informações sobre a distribuição geográfica dos táxons foram obtidas nos trabalhos supracitados, sobretudo em Queiroz (2009)Queiroz LP (2009) Leguminosas da Caatinga. Associação Plantas do Nordeste, Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana / Royal Botanic Gardens, Kew. 467p. e Tozzi et al. (2016)Tozzi AMGA (coord.) (2016) Papilionoideae In: Tozzi AMGA , Melhem TS, Forero E, Fortuna-Perez AP , Wanderley MGL, Martins SE, Romanini RP, Pirani JR, Fiuza de Melo MMR, Kirizawa M, Yano O & Cordeiro I (eds.) Flora fanerogâmica do estado de São Paulo. Instituto de Botânica, São Paulo, vol. 8, pp: 167-397. e no sítio da Flora do Brasil (<http://floradobrasil.jbrj.gov.br>), bem como na observação das espécies no município, enquanto a altitude e os nomes populares foram obtidos das etiquetas das exsicatas examinadas ou de observações de campo.

Resultados e Discussões

No município de Caetité, a tribo Dalbergieae s.l. está representada por 30 espécies pertencentes a 12 gêneros, o que representa 7,8% das espécies brasileiras da tribo Dalbergieae. Das 30 espécies registradas neste estudo, 13 são endêmicas do Brasil, onde ocorre em quase todas as formações vegetacionais que cobrem o território nacional.

Os gêneros Dalbergia, Machaerium e Stylosanthes são os mais representativos, com seis, cinco e cinco espécies registradas, respectivamente. Os demais gêneros estão representados por uma (Centrolobium Mart. ex Benth., Platymiscium Vogel, Platypodium Vogel, Poiretia Vent. e Pterocarpus Jacq.), duas (Aeschynomene, Andira e Nissolia Jacq.) ou até três espécies (Zornia).

Nissolia tomentosa (Gardner) T.M. Moura & Fort.- Perez. é a primeira citação para o estado da Bahia e, consequentemente, para Caetité. Pterocarpus zehntneri Harms, considerada uma espécie de distribuição incerta no estado da Bahia (Queiroz 2009Queiroz LP (2009) Leguminosas da Caatinga. Associação Plantas do Nordeste, Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana / Royal Botanic Gardens, Kew. 467p.), foi recoletada na área estudada após 105 anos.

As espécies herbáceas ou subarbustivas de Dalbergieae ocorrem com mais frequência associadas às áreas de Caatinga arbustiva ou Cerrado s.s., situadas mais próximas ao perímetro urbano, enquanto que os representantes arbóreos e arbustivos são comumente encontrados em áreas de Mata ciliar (Tab. 1). As espécies crescem em variadas altitudes. As plantas herbáceas são observadas comumente em 810 ou 1.050 m de altitude, enquanto os indivíduos arbustivos ou arbóreos crescem geralmente em áreas que podem chegar a 1.000 m.

Tabela 1
Espécies da tribo Dalbergieae s.l. ocorrentes no município de Caetité, Bahia, Brasil, com os seus respectivos hábitos e ambientes de ocorrência.
Table 1
Species of the tribe Dalbergieae s.l. occurring in the municipality of Caetité, Bahia, Brazil, with their habits and occurrence environments.

Características das folhas, tipo de inflorescência, coloração das pétalas, tipo de fruto foram os caracteres mais relevantes para identificação dos táxons. As folhas em Dalbergieae s.l. são alternas imparipinadas com cinco a muitos folíolos, com exceção de Platymiscium que possuem folhas opostas. Há gêneros que possuem espécies bifolioldas (Zornia), trifolioladas (Stylosanthes) ou tetrafolioladas pinada ou palmada (Poiretia e Zornia, respectivamente). Os tipos de inflorescências predominantes são racemos e panículas, nas espécies de Macherium podem apresentar ainda fascículos de racemos e inflorescências espiciformes em Zornia e Stylosanthes. Com relação à coloração das pétalas, são observadas desde pétalas amarelas nas espécies de Aeschynomene, Centrolobium, Nissolia, Platymiscium, Platypodium, Poiretia, Pterocarpus, Stylosanthes e Zornia, roxas nas espécies de Andira ou até esbranquiçadas ou creme nos táxons de Dalbergia e Machaerium, com ou sem algum tipo de ornamentação no estandarte, como estrias ou manchas, em tom vináceo.

Tratamento taxonômico

Dalbergieae s.l.

Árvores, arbustos, trepadeiras ou ervas. Estípulas espinescentes, basifixas, peltadas ou adnatas à base amplexicaule da folha formando uma bainha (Stylosanthes). Folhas alternas, raro opostas em Platymiscium pubescens Micheli, pinadas imparipinadas ou digitadas, folíolos uni-bi-tri-tetra-plurifoliolados, opostos ou alternos; estipelas presentes ou ausentes. Inflorescências em racemos, panículas ou fascículos de racemos, espiciformes; brácteas ou bractéolas presentes. Flores sésseis ou pediceladas, zigomorfas, monóclinas; cálice campanulado, lacínias 4-5-lobados, subiguais ou bem diferenciados entre si; corola papilionácea, pétalas amarelas, alvas, vináceas, róseas, lilases; estandartes elípticos, globosos ou orbiculares, monocromados ou com mácula central de cor diferenciada; pétalas das alas livres, pétalas da quilha adnatas; androceu monadelfos ou diadelfos, estames 9 ou 10; ovários sésseis ou estipitados, uni ou pluriovulados. Frutos drupas, sâmaras ou lomentos, geocárpicos em Arachis, geralmente indeiscentes.

    Chave de identificação das espécies da tribo Dalbergieae s.l. ocorrentes em Caetité, Bahia, Brasil
  • 1. Folhas opostas, estípulas interpeciolares ..................................................... 7.1. Platymiscium pubescens

  • 1’. Folhas alternas, estípulas laterais.

    • 2. Folhas bi, tri ou tetrafolioladas.

      • 3..... Folhas bi ou tetrafolioladas; estípulas livres não adnatas ao pecíolo; presença de glândulas puntiformes nos folíolos; lomentos com mais de dois artículos.

        • 4...... Trepadeiras; estípulas basifixas; folhas pinadas; racemos ou panículas; bractéolas basifixas; flores pediceladas, anteras homomórficas ...................................................................... 9.1. Poiretia punctata

        • 4’.... Subarbustos; estípulas peltadas; folhas palmadas; inflorescências espiciformes; bractéolas peltadas; flores sésseis; anteras heteromórficas.

          • 5..... Folhas tetrafolioladas .......................................................... 12.1. Zornia brasiliensis

          • 5’.... Folhas bifolioladas.

            • 6...... Subarbustos eretos; folíolos com ápice cuspidado, glabrescentes, com glândulas puntiformes na face abaxial; bractéolas estreito-lanceoladas ................................................................ 12.2. Zornia latifolia

            • 6’.... Subarbustos decumbentes; folíolos com ápice atenuado, seríceos, sem glândulas puntiformes; bractéolas elípticas ................................................................................. 12.3. Zornia sericea

      • 3’.... Folhas trifolioladas; estípulas adnatas ao pecíolo; ausência de glândulas nos folíolos; lomentos 1-2-articulados.

        • 7...... Flores sustentadas por um eixo rudimentar; bractéolas três, uma externa e duas internas.

          • 8..... Brácteas externas obovais a largo-obovais; estandartes amarelos sem estrias vermelhas 11.1. Stylosanthes capitata

          • 8’.... Brácteas externas elípticas ou largo-elípticas; estandartes amarelos com estrias vináceas 11.4. Stylosanthes macrocephala

        • 7’.... Flores não sustentadas por um eixo rudimentar; bractéolas duas, uma externa e a outra interna.

          • 9..... Lacínias do cálice deltoides a obovais; lomento com 2 artículos; sementes reniformes a globosas.

            • 10... Espigas axilares; estandarte monocromado; sementes globosas ...................... 11.5. Stylosanthes scabra

            • 10’.. Espigas terminais; estandarte com máculas vináceas; sementes reniformes ... 11.6. Stylosanthes viscosa

          • 9’.... Lacínias do cálice ovais; lomento com 1 artículo; sementes ovoides.

            11... Folíolos lineares, base e ápice agudo, membranáceos ......................................... 11.2. Stylosanthes gracilis

            11’.. Folíolos elípticos a lanceolados, base arredondada a atenuada, ápice atenuado, arredondado a mucronado, papiráceos ...................................... 11.3. Stylosanthes guianensis

    • 2’. Folhas compostas por mais de 4 folíolos.

      • 12... Tubos dos cálices com tricomas glandulares setiformes; racemo fasciculado.

        • 13... Trepadeiras; ramos pubescentes; estípulas 2-3 mm compr., ovais; glândulas puntiformes presentes; lomento com artículos retangulares; sementes 7-9 mm compr., fusiformes ............................................ 6.2. Nissolia vincentina

        • 13’.. Subarbustos; ramos tomentosos; estípulas 5-6 mm compr., triangulares; glândulas puntiformes ausentes; lomento com artículos quadrados; sementes 2-3,5 mm compr., ovais . 6.1. Nissolia tomentosa

      • 12’.. Tubos dos cálices sem tricomas glandulares; racemo não fasciculado.

        • 14... Pecíolos, raques e folíolos com pontuações alaranjadas evidentes ................................... 3.1. Centrolobium sclerophyllum

        • 14’.. Pecíolos, raques e folíolos sem pontuações alaranjadas.

          • 15... Plantas subarbustivas; frutos tipo lomento.

            • 16... Ramos pubescentes; folíolos elípticos; inflorescência racemo; ovário glabro; lomentos 1-1,1 cm compr., glabros; segmento de fruto hemi-orbicular, sementes reniformes 1.1. Aeschynomene histrix

            • 16’. Ramos glabrescentes; folíolos lineares; inflorescência panícula; ovário pubescente; lomentos 2,5-4 cm compr., pubescentes; segmento de fruto orbicular, sementes ovais .......................................................................................... 1.2. Aeschynomene paniculata

    • 15’. Plantas arbustivas; frutos tipo sâmara ou drupa.

      • 17. Folíolos opostos, às vezes alguns subopostos no mesmo ramo; estipelas presentes; androceu diadelfo; frutos drupas.

        • 18... Árvores; folíolos elípticos com nervação reticulódroma; pecíolo 1-2 cm compr.; raque 3,5-5 cm compr.; panículas terminais; flores com estandarte oboval a orbicular e alas falcadas ........................................... 2.1. Andira anthelmia

        • 18’.. Arbustos; folíolos oblongos com nervação bronquidódroma; pecíolo 3,7-6,5 cm compr.; raque 8-25 cm compr.; racemos terminais; flores com estandarte elíptico e alas elípticas .............................................. 2.2. Andira humilis

      • 17’. Folíolos alternos, se (sub) opostos, estipelas ausentes; androceu monadelfo; frutos sâmaras.

        • 19... Flores com pétalas amarelas ou amarelo-alaranjadas.

          • 20... Folhas 12-16-folioladas; folíolos elípticos a largo-elípticos, ápice emarginado, nervação reticulódroma; pétalas não enrugadas; frutos sâmaras com núcleo seminífero distal ............................................. 8.1. Platypodium elegans

          • 20’.. Folhas 7-12-folioladas; folíolos ovais, ápice atenuado, nervação camptódroma; pétalas enrugadas; frutos sâmaras com núcleo seminífero central ................................................................................................. 10.1. Pterocarpus zehntneri

        • 19’.. Flores com pétalas lilás a roxas ou brancas.

          • 21... Estandarte glabro; sâmaras com núcleo seminífero central.

            • 22... Flores com pétalas alaranjadas ou roxas.

              • 23... Arbustos; folhas 15-20-folioladas; folíolos elípticos a obovais, ápice atenuado a acuminado; panículas com 5-20 cm compr. ......................................................... 4.1. Dalbergia acuta

              • 23’.. Árvores; folhas 23-27-folioladas; folíolos ovais, ápices retusos a levemente emarginados; racemos com 2,5-3,5 cm compr. ................................................... 4.5. Dalbergia miscolobium

            • 22’.. Flores com pétalas esbranquiçadas.

              • 24... Arbustos; raque 18-23 cm compr. ....................... 4.2. Dalbergia catingicola

              • 24’.. Árvores; raque 7-15 cm compr.

                • 25... Ramos pubescentes; nervação reticulódroma; panículas terminais; estandarte orbicular 4.3. Dalbergia cearensis

                • 25’.. Ramos glabrescentes; nervação broquidódroma; panículas axilares; estandarte elíptico 4.4. Dalbergia decipularis

          • 21’.. Estandartes pubescentes; sâmaras com núcleo seminífero basal.

            • 26... Ramos armados com espinhos; folhas 15-29-folioladas

              • 27... Ramos pubescentes, sem lenticelas; espinho plano; flores com pétalas roxas a avermelhadas 5.3. Machaerium hirtum

              • 27’.. Ramos glabros, com lenticelas; espinho cilíndrico; flores com pétalas brancas 5.2. Machaerium floridum

            • 26’.. Ramos inermes; folhas 6 -12-folioladas

              • 28... Folhas 10-12-folioladas; pecíolo 3-4 cm compr.; folíolos com ápice cuspidado, nervação camptódroma ....................................................................................... 5.4. Machaerium opacum

              • 28’. Folhas 6-9-folioladas, pecíolo 1,3-2,5 cm compr.; folíolos com ápice atenuado, cuneado ou levemente retuso, nervação reticulódroma ou reticulódroma a cladódroma.

                • 29. Base dos folíolos subulada a cordada; panículas axilares, pêndulas; estandarte com ápice arredondado a emarginado ............................................................................. 5.1. Machaerium acutifolium

                • 29’. Base dos folíolos arredondada; racemos ou fascículos axilares, não pêndulos; estandarte com ápice retuso ............................................................... 5.5. Machaerium stipitatum

1. Aeschynomene L., Sp. Pl. 2: 713. 1753.

Aeschynomene possui aproximadamente 180 espécies distribuídas nas Américas, África e Ásia (Rudd 1955Rudd VE (1955) The American species of Aeschynomene. Bulletin from the United States National Herbarium 32: 1-172.; Klitgaard & Lavin 2005Klitgaard BB (2005) Platymiscium (Leguminosae: Dalbergieae): biogeography, systematics, morphology, taxonomy, and uses. Kew Bulletin 60: 321-400.; Vanni 2016Vanni RO (2016) El gênero Aeschynomene (Leguminosae-Dalbergieae) en Argentina y Paraguay. Boletín de la Sociedad Argentina de Botánica 51: 705-725.). No Brasil, este gênero está representado por 49 espécies encontradas em todas as regiões, crescendo em todos os domínios fitogeográficos (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527). Na área de estudo foram encontradas duas espécies.

Gênero reconhecido pelo hábito subarbustivo, ereto ou prostrado, com folhas imparipinadas, racemos axilares, flores com pétalas amarelas, androceu diadelfo, frutos do tipo lomento, 2-18-articulados e sementes com coloração marrom.

1.1. Aeschynomene histrix Poir., Encycl., Suppl. 4(1): 77-78. 1816. Figs. 2a; 3a-j

Figura 2
a-o. Espécies da tribo Dalbergieae s.l. ocorrentes no município de Caetité, Bahia, Brasil – a. Aeschynomene histrix; b. Aeschynomene paniculata; c. Andira anthelmia; d. Andira humilis; e. Centrolobium sclerophyllum; f. Dalbergia acuta; g. Dalbergia catingicola; h. Dalbergia cearensis; i. Dalbergia decipularis; j. Dalbergia miscolobium; k. Machaerium acutifolium; l. Machaerium floridum; m. Machaerium hirtum. n. Machaerium opacum; o. Machaerium stipitatum. Fotos: Jean Mathias (j, l, d, f) e Jamile Jorge (a-c, e, g-i, k, m-o).
Figure 2
a-o. Species of the tribe Dalbergieae s.l. occurring in the municipality of Caetité, Bahia, Brazil – a. Aeschynomene paniculata; b. Aeschynomene histrix; c. Andira anthelmia; d. Andira humilis; e. Centrolobium sclerophyllum; f. Dalbergia acuta; g. Dalbergia catingicola; h. Dalbergia cearensis; i. Dalbergia decipularis; j. Dalbergia miscolobium; k. Machaerium acutifolium; l. Machaerium floridum; m. Machaerium hirtum; n. Machaerium opacum; o. Machaerium stipitatum. Images: Jean Mathias (j, l, d, f) and Jamile Jorge (a-c, e, g–i, k, m-o).

Figura 3
a-j. Aeschynomene histrix – a. ramo; b. estípula; c-d. detalhe do folíolo com face adaxial mostrando indumento; e. detalhe da face abaxial do folíolo; f. folha; g. flor; h. bráctea; i. pétalas; j. fruto. k-q. Andira anthelmia – k. ramo; l-m. detalhe do folíolo com face adaxial mostrando indumento; n. detalhe da face abaxial do folíolo; o. flor; p. pétalas; q. fruto; r-y. Andira humilis – r. ramo; s-t. detalhe do folíolo com face adaxial mostrando indumento; u-v. detalhe da face abaxial do folíolo; w. flor; x. pétalas; y. fruto. z-g’. Centrolobium sclerophylum – z. ramo; a’, c’. detalhe do folíolo com face adaxial mostrando indumento; b’, d’. detalhe da face abaxial do folíolo; e’. bractéola; f’. pétalas; g’. fruto. h’-p’. Nissolia vincentina – h’. ramo; i’. estípula; j’, l’. detalhe do folíolo com face adaxial mostrando indumento; k’, m’. detalhe da face abaxial do folíolo; n’. flor; o’. pétalas; p’. fruto. (a-j. J.J.S. Ferreira 1; k-q. M.S.D. dos Santos 430; r-y. J. Freire Jr. 12; z-g’. J.J.S. Ferreira 12; h’-p’. J.J.S. Ferreira 48).
Figure 3
a-j. Aeschynomene histrix – a. branch; b. stipules; c-d. detail of the leaflets with adaxial surface showing the indumentum; e. detail of the abaxial surface of leaflet; f. leaf; g. flower; h. bract; i. petals; j. fruit. k-q. Andira anthelmia – k. branch; l-m. detail of the leaflets with adaxial surface; n. detail of the abaxial surface of leaflet; o. flower; p. petals; q. fruit. r-y. Andira humilis – r. branch; s-t. detail of the leaflets with adaxial surface showing the indumentum; u-v. detail of the abaxial surface of leaflet; w. flower; x. petals; y. fruit. z-g’. Centrolobium sclerophylum – z. branch; a’, c’. detail of the leaflets with adaxial surface showing the indumentum; b’, d’. detail of the abaxial surface of leaflet; e’. bracteole; f’. petals; g’. fruit. h’-p’. Nissolia vincentina – h’. branch; i’. stipule; j’, l’. detail of the leaflets with adaxial surface showing the indumentum; k’, m’. detail of the abaxial surface of leaflet; n’. flower; o’. petals; p’. fruit. (a-j. J.J.S. Ferreira 1; k-q. M.S.D. dos Santos 430; r-y. J. Freire Jr. 12; z-g’. J.J.S. Ferreira 12; h’-p’. J.J.S. Ferreira 48).

Subarbusto ereto ou prostrado, ca. 1,5 m alt.; ramos cilíndricos, ramificados, pubescentes, híspidos a pilosos, tricomas cinéreos a rufos, inermes. Estípulas 0,7-1 cm compr., basifixas, estreito-triangulares, pubescentes. Folhas alternas, 18-29-folioladas, imparipinadas; pecíolo 0,9-1,5 cm compr., pubescente; raque 5,8-7,5 cm compr.; estipelas ausentes; folíolos 6-9 × 3-6 mm, alternos, elípticos, os basais maiores que os medianos e terminais, papiráceos, concolores, base subcordada, ápice mucronado, margem inteira, pubescentes; nervação broquidódroma. Racemos axilares, 4-9 flores, 5-10,5 cm compr.; bractéolas 3-4 mm compr., lanceoladas, gabras, verdes. Flores 7-9 mm compr., pediceladas; cálice 2-3 mm compr., campanulado, lacínias subiguais, estreito-triangulares, 1-2 mm compr., esverdeado, pubescente; pétalas amarelas; estandarte monocromado, 6-7 mm compr., elíptico, ápice arredondado, glabro; alas 6-7 mm compr., elípticas a falcadas, glabras; pétalas da quilha 5-6 mm compr., lanceoladas a falcadas, glabras; androceu diadelfo, 10 estames, 2-3,5 mm compr., anteras isomórficas; gineceu 2-6 mm compr., ovário estipitado, 2-3 mm compr., glabro, estípite 0,5-1 mm compr., estilete 2-3 mm compr., curvo. Lomentos 1,0-1,1 × 0,3-0,5 cm, 2-4-articulados, artículos elipsoides, glabros, verdes. Sementes 1-2,5 × 1-1,5 mm compr., reniformes, marrom-escuras.

Material examinado: Sítio Maravilha, 11.XI.2014, fl. e fr., J.J.S. Ferreira 1 (HUNEB); Olhos D’água, Caldeiras, 11.V.2016, fl., J.J.S. Ferreira 66 (HUNEB).

Material adicional: BRASIL. BAHIA: Rio de Contas, cachoeira do Fraga, 19.VI.2012, fl. e fr., J.S. Silva et al. 1236 (HUNEB); Estrada Real, 19.VI.2012, fl. e fr., J.S. Silva et al. 1214. (HUNEB).

Aeschynomene histrix distribui-se desde o México até o Paraguai (Queiroz 2009Queiroz LP (2009) Leguminosas da Caatinga. Associação Plantas do Nordeste, Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana / Royal Botanic Gardens, Kew. 467p.). No Brasil, ocorre em todas as regiões principalmente em áreas de Caatinga e Cerrado (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527). Em Caetité apresenta distribuição restrita, ocorrendo apenas no distrito de Brejinho das Ametistas, em Caatinga arbustiva e em áreas antropizadas, sobre solos areno-argilosos, em altitudes que variam de 810 a 1.000 m.

Pode ser identificada pelo hábito subarbustivo, ramos pubescentes, folíolos elípticos, papiráceos, com venação broquidódroma e lomentos 2-4-articulados e artículos elipsoides.

Nome popular: Carrapicho.

1.2. Aeschynomene paniculata Willd. ex Vogel, Linnaea 12: 95-96. 1838. Fig. 2b

Subarbusto ereto, ca. 1,5 m alt.,; ramos cilíndricos, ramificados, glabrescentes, tricomas esbranquiçados, inermes. Estípulas 0,4-1 cm compr., peltadas, triangulares, pubescentes. Folhas 22-42-folioladas, imparipinadas; pecíolo 1-1,5 cm compr., glabrescente; raque 3-5,5 cm compr.; estipelas ausentes; folíolos 0,2-0,7 × 0,1-0,2 cm, opostos, lineares a lanceolados, os basais maiores que os terminais, membranáceos, concolores, base arredondada, ápice mucronado, margem inteira, pubescentes; nervação cladódroma. Racemos axilares, laxos, 3-6 flores, 2-6,5 cm compr.; bractéolas 1-1,5 mm compr., ovais, pubescentes, verdes. Flores 1-1,5 cm compr., pediceladas; cálice 2-3 mm compr., campanulado, lacínias subiguais, estreito-triangulares, 1-2 mm compr., esverdeado, pubescente; pétalas creme a amarelas; estandarte com máculas vináceas, 1-1,2 cm compr., elíptico, ápice arredondado, glabro; alas 1-1,3 cm compr., falcadas, glabras; pétalas da quilha 1-1,3 cm compr., falcadas, glabras; androceu diadelfo, 10 estames, 2,5-3,5 mm compr., anteras isomórficas; gineceu 2,5-5 mm compr., ovário estipitado, 2-4 mm compr., pubescente, estípite 0,5-1 mm compr., estilete 1-2 mm compr., curvo. Lomentos 2,5-4 × 0,3-0,4 cm, 2-4-articulados, artículos elípticos, pubescentes, verdes. Sementes 4-5 × 2-3 mm, ovoides, marrom-claras.

Material examinado: Caldeiras, 17.IV.2017, fl. e fr., J.J.S. Ferreira 75 (HUNEB).

Material adicional: BRASIL. BAHIA: Aramari, Represa do Rio Aramari, 28.VI.2010, fl. e fr., I.M.O. Carvalho 96 (HUNEB - Coleção Alagoinhas).

Aeschynomene paniculata ocorre dos Estados Unidos até Argentina (Rudd 1955Rudd VE (1955) The American species of Aeschynomene. Bulletin from the United States National Herbarium 32: 1-172.). No Brasil, é verificada em todas as regiões e praticamente todos os estados, onde cresce nos domínios fitogeográficos da Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica e Pantanal (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527). Em Caetité é conhecida por um único registro, em Caatinga arbustiva, sobre solos areno-argilosos, formando grandes populações. Pode ser encontrada em altitudes que variam de 810 a 1.000 m.

Pode ser reconhecida por apresentar ramos glabrescentes, estípulas peltadas, folíolos lineares a lanceolados, opostos, inflorescência laxa, ovário pubescente, lomentos moniliformes, 2,5-4 cm compr., 2-4-articulados, pubescentes, sementes ovoides o que as diferem de A. histrix que possui ramos pilosos a pubescentes, estípulas basifixas, folíolos elípticos, alternos, racemo congesto, ovário glabro, lomentos 1,0-1,1 cm compr., glabro e sementes reniformes.

Nome popular: Carrapicho.

2. Andira Lam., Encycl. 1(1): 171. 1783.

Andira possui 29 espécies distribuídas predominantemente na região Neotropical, com exceção de A. inermis que ocorre nas Américas e a África (Pennington 2003Pennington RT (2003) Monograph of Andira (Leguminosae-Papilionoideae). Vol. 64. Systematic Botany Monographs. American Society of Plant Taxonomists, Michigan. 143p.). Para o Brasil são estimadas 20 espécies, sendo 17 endêmicas. Ocorre em todas as regiões e estados brasileiros, nas mais diversas formações vegetacionais, geralmente em Cerrado, Florestas estacionais, Florestas úmidas, e Restinga (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527). Em Caetité foram registradas duas espécies.

Pode ser reconhecido principalmente pelas folhas imparipinadas com cinco a 13 folíolos, flores papilionadas dispostas em panículas e racemos, pétalas lilases a roxas, gineceu com ovário estipitado e fruto drupa.

2.1. Andira anthelmia (Vell.) J.F. Macbr., Candollea 8: 26. 1940. Figs. 2c; 3k-q

Árvore ca. 5 m alt.; ramos eretos, ramificados, cilíndricos, pubescentes, tricomas rufos a cinéreos, inermes. Estípulas 1-2 mm compr., basifixas, estreito-triangulares, pubescentes, caducas. Folhas alternas, 8-12-folioladas, imparipinadas; pecíolo 1-2 cm compr., pubescente; raque 3,5-5 cm compr.; estipelas caducas; folíolos 3,4-6,5 × 5-5,2 cm, opostos, elípticos, o terminal maior que os demais, coriáceos, discolores, base subcordada, ápice retuso a emarginado, margem inteira a repanda, pubescentes na face abaxial, tricomas glandulares presentes; nervação reticulódroma. Panículas terminais, 25-45 flores, 10-15 cm compr.; bractéolas 1-2 mm compr., elípticas, obovais a ovais, pubescentes, rufos. Flores 1,7-1,9 cm compr., pediceladas; cálice 5-8 mm compr., campanulado, radiado, lacínias subiguais, deltoides, pubescentes, rufos; pétalas lilases a roxas; estandarte com máculas vináceas, 1-1,1 cm compr., oboval a orbicular, ápice retuso a arredondado, glabro; alas 1,1-1,2 cm compr., falcadas, glabras; pétalas da quilha 1-1,1 cm compr., falcadas a elípticas, glabras; androceu monodelfo, 10 estames, 3-5 mm compr., filetes unidos pelo menos até 1/2 do seu comprimento, anteras isomórficas; gineceu 0,3-6 mm compr., ovário estipitado, 0,3-5 mm compr., pubescente, estípite 0,5-0,8 mm compr., estilete 1-3 mm compr., ereto. Drupas 4-5 × 2-3 cm, elipsoides a globosas, glabras, marrom-escuras. Sementes 3-4 × 2-2,5 cm, elipsoides, marrom-escuras.

Material examinado: Fazenda Pau d’água, 16.XI. 2013, fl., M.S.D. dos Santos 430 (HUNEB); Trilha do Riacho Jatobá, 4.III.2017, fr., J.J.S. Ferreira 71 (HUNEB).

Material adicional: BRASIL. BAHIA: Ilhéus, Campus da Universidade de Santa Cruz (HUESC), km 16 da Rod. Ilhéus-Itabuna, BR-415, 17.IV.2000, fl., L.A. Mattos Silva et al. 4071 (ALCB).

Andira anthelmia é endêmica do Brasil onde ocorre nas regiões Nordeste (Alagoas, Bahia, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe), Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo) e Sul (Paraná e Santa Catarina), em Matas ciliares, Florestas ombrófilas, Restingas e em áreas antropizadas (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527). Em Caetité é encontrada principalmente em Florestas estacionais, sobre solo areno-argiloso, em altitudes que variam entre 900 a 980 metros.

Esta espécie pode ser reconhecida por apresentar folhas imparipinadas, 8-12 folíolos, opostos, estipelas presentes, panículas terminais, estandarte oboval a orbicular, alas falcadas e drupas elipsoides a globosas. Na área de estudo, A. anthelmia é morfologicamente a espécie mais próxima de A. humilis Mart. ex Benth., entretanto, diferencia-se desta principalmente pelo hábito arbóreo (vs. arbustivo), folhas com 8 a 12 folíolos elípticos (vs. 11-15 folíolos oblongos), pecíolo 1-2 cm compr. (vs. 3,7-6,5 cm) e panículas terminais (vs. racemos terminais).

Nome popular: Manguinha.

2.2. Andira humilis Mart. ex Benth., Commentat. Legum. Gen. 45. 1837. Figs. 2d; 3r-y

Arbusto 2-3 m alt.; ramos eretos, ramificados, cilíndricos, pubescentes, tricomas rufos a cinéreos, inermes. Estípulas caducas. Folhas alternas, 11-15-folioladas, imparipinadas; pecíolo 3,7-6,5 cm compr., pubescente; raque 18-25 cm compr.; estipelas caducas; folíolos 2,4-6,5 × 1,4-3 cm, opostos, oblongos, os basais menores que os medianos e terminais, cartáceos, discolores, base arredondada, ápice cuspidado, margem inteira, glabros a pubescentes; nervação broquidódroma. Racemos terminais, 7-20 flores, 4,8-5,0 cm compr.; bractéolas 1-2 mm compr., elípticas, obovais ou ovais, pubescentes, marrons. Flores 1,2-1,7 cm compr., pediceladas; cálice 3-7 mm compr., campanulado, lacínias subiguais, deltoides, rufos, pubescentes; pétalas lilases a roxas; estandarte com máculas vináceas, 1-1,1 cm compr., elíptico, ápice emarginado, glabro; alas 1,2-1,3 cm compr., elípticas, glabras; pétalas da quilha 1,1-1,2 mm compr., falcadas, glabras; androceu monodelfo, 10 estames, 3-7 mm compr., anteras isomórficas; gineceu 3-6 mm compr., ovário estipitado, 3-4 mm compr., glabrescente a pubescente, estípite 0,5-0,8 mm compr., estilete 1-4 mm compr., ereto. Drupas 4,5-5 × 2,5-3 cm, elipsoides, glabras, marrons. Sementes 2,5-3,5 × 2-3 cm, elípticas, marrons a marrom-escuras.

Material examinado: Brejinho das Ametistas, 24.IX.2008, fl., L.G.N. Bonfim et al. 35 (HUNEB); estrada para a torre de televisão, 4.III.2017, fr., J.J.S. Ferreira 72 (HUNEB); nascente do Riacho Jatobá, 27.IX.2012, fl. e fr., J. Freire Jr. 12 (HUNEB).

Andira humilis ocorre nas regiões Norte (PA e RO), Nordeste (BA, MA, PE e RN), Centro-Oeste (DF, MT e MS) e Sudeste do Brasil (MG, SP e PR) (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527). Esta espécie é encontrada nos domínios fitogeográficos da Caatinga, Cerrado, Floresta Amazônica e faixas de Florestas Estacionais (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527). Em Caetité, ocorre em áreas de Cerrado s.s. e em áreas de transição entre Caatinga-Cerrado, em solos argilosos ou arenosos em faixas de altitude acima de 900 m, formando pequenas populações.

Caracteriza-se pelo hábito arbustivo, folhas 11-15-folioladas, folíolos oblongos, racemos terminais, estandarte e alas elípticas.

Nome popular: Manguinha dos gerais.

3. Centrolobium Mart. ex Benth., Comm. Legum. Gen. 31. 1837.

Possui sete espécies distribuídas desde o Panamá até o Sul do Brasil (Pirie et al. 2009Pirie MD, Klitgaard BB & Pennington RT (2009) Revision and biogeography of Centrolobium (Leguminosae-Papilionoideae). Systematic Botany 34: 345-359.). No Brasil está representado por cinco espécies, sendo observado em todas as regiões brasileiras (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527). No município de Caetité ocorre apenas uma espécie.

Centrolobium é facilmente reconhecido pela combinação de ramos jovens cobertos por glândulas alaranjadas, folhas imparipinadas, panículas terminais, pétalas amarelas, androceu monodelfo, fruto do tipo sâmara com espinhos revestindo o núcleo seminífero.

3.1. Centrolobium sclerophyllum H.C.Lima, Arch. Jard. Bot. Rio de Janeiro 27: 182. 1985. Figs. 2e; 3z-g

Árvore 5-8 m alt.; tronco acinzentado escuro, ramificado; ramos cilíndricos, rufo-tomentosos, glândulas puntiformes alaranjadas nos ramos jovens, inermes. Estípulas caducas. Folhas alternas, 6-7-folioladas, imparipinadas; pecíolo 4-4,5 cm compr., tomentoso, com glândulas puntiformes alaranjadas; raque 13-18 cm compr.; estipelas caducas; folíolos 3,5-7,8 × 3,5-5,0 cm, alternos, ovais a elípticos, coriáceos, discolores, base arredondada, ápice acuminado, margem inteira, glândulas puntiformes alaranjadas nas faces adaxial e abaxial, pubescentes, venação broquidódroma. Panículas terminais, 20-35 flores, 12,5-13,5 cm compr.; bractéolas 4-6 mm compr., obovais a ovais, pubescentes, com glândulas puntiformes, marrons. Flores 1,2-1,5 cm compr., pediceladas; cálice 7-9 mm compr., campanulado, lacínias subiguais, triangulares, rufos, com glândulas puntiformes alaranjadas; pétalas amarelas; estandarte monocromado, 1,2-1,4 cm compr., oboval a orbicular, ápice cuneado, glabro; alas 1,2-1,4 cm compr., elípticas, glabras; pétalas da quilha 1,4-1,5 cm compr., elípticas, glabras, com glândulas puntiformes alaranjadas; androceu monodelfo, 10 estames, 3-7 mm compr., anteras isomórficas; gineceu 2-10 mm compr., ovário estipitado, 5-7 mm compr., piloso ou velutino, com glândulas presentes, estípite 0,5-2 mm compr., estilete 7-10 mm compr., curvo. Sâmaras 7-7,5 × 3-4,5 cm, ovoides, tomentosas, com glândulas puntiformes alaranjadas, espinho estilar aderente à ala e ao núcleo seminífero, marrons. Sementes 6-10 × 4-6 mm compr., ovoides a elipsoides, marrons.

Material examinado: BR-430, próximo ao bairro Santo Antônio, 13.II.2015, fl. e fr., J.J.S. Ferreira 12 (HUNEB).

Material adicional: BRASIL. BAHIA: Abaíra, Ladeira da Cruzinha, 24.IV.1994, fl., W. Ganev 3103 (UNB); Feira da Mata, Médio São Francisco, próximo ao Rio Carinhanha, 8.V.2007, fl. e fr., M.L. Guedes et al. 13360 (ALCB).

Centrolobium sclerophyllum é encontrada nas regiões Nordeste (BA e PI) e Sudeste do Brasil (ES, MG e RJ) (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527). Na área de estudo ocorre associada às áreas de transição Caatinga-Cerrado, em solos areno-argilosos, em altitudes acima de 900 m.

As sâmaras cobertas por espinhos é uma característica que distingue C. sclerophylum de todas as espécies da tribo Dalbergieae ocorrentes em Caetité. Além disso, a presença de glândulas alaranjadas nos ramos jovens, folhas e frutos podem ajudar na identificação dessa espécie. As suas folhas são compostas por 6-7 folíolos e podem pela textura e aparência geral lembrar ligeiramente espécies do gênero Andira, porém a presença das glândulas puntiformes nos folíolos, pecíolos e raque diferem esta espécie.

Nome popular: Mocó.

4. Dalbergia L. f., Suppl. Pl. 52-53, 316-317. 1781.

Gênero pantropical com cerca de 250 espécies (Klitgaard & Lavin 2005Klitgaard BB & Lavin M (2005) Dalbergieae sensu lato. In: Lewis GP, Schrire B, Mackinder B & Lock M (eds.) Legumes of the world (mansc.). Royal Botanic Gardens, Kew. 557p.), das quais 41 ocorrem no Brasil (BFG 2018), destas, cinco estão presentes em Caetité.

Pode ser reconhecido pelas folhas imparipinadas, 5-multifolioladas, estipelas ausentes ou caducas, flores diminutas com estandarte geralmente glabro externamente, ovário estipitado e fruto sâmara com núcleo seminífero central.

4.1. Dalbergia acuta Benth., J. Proc. Linn. Soc., Bot. 4(Suppl.): 36. 1860. Fig. 2f

Arbusto ca. 5 m alt.; ramos difusos, cilíndricos, rufo-pubescentes, inermes. Estípulas caducas. Folhas 15-20-folioladas, imparipinadas; pecíolo 3-5 mm compr., pubescente; raque 18-23 cm compr.; estipelas caducas; folíolos 0,5-5 × 0,8-6 cm, alternos, elípticos, ovais a obovais, cartáceos, discolores, base arredondada, ápice atenuado a acuminado, margem revoluta, pubescentes; nervação inconspícua. Panículas axilares ou terminas, congestas, 15-35 flores, 5-20 cm compr.; bractéolas 2-3 mm compr., elípticas, verdes, pubescentes. Flores 0,8-1,5 cm compr., sésseis; cálice 2-3 mm compr., campanulado, radiado, lacínias subiguais, deltoides, pubescentes; pétalas alaranjadas a roxas; estandarte monocromado, 7-9 mm compr., elíptico a arredondado, ápice retuso a arredondado, glabro; alas 4-6 mm compr., falcadas, glabras; pétalas da quilha 4-6 mm compr., falcadas, glabras; androceu monodelfo, 9-10 estames, 2-3 mm compr., anteras isomórficas; gineceu 5-6 mm compr., ovário estipitado, 2-7 mm compr., glabrescente, estípite 0,5-1 mm compr., estilete 0,5-2 mm compr., ereto. Sâmaras 3-4 × 1-1,5 cm, núcleo seminífero central, elípticos, pubescentes, marrons. Sementes 7-10 × 5-7 mm, reniformes, marrons.

Material examinado: Gerais, próximo às torres de transmissão de sinal de televisão, 29.V.2015, fr., J.J.S. Ferreira 51 (HUNEB).

Material adicional: BRASIL. MATO GROSSO: Barra do Garça, ca. de 35 km de Barra do Garça na estrada para Nova Xavantina, 17.IV.2005, fl. e fr., L.P. Queiroz et al. 10372 (HUEFS).

É espécie endêmica do Brasil, com distribuição nos estados da Bahia e de Minas Gerais, provavelmente ocorra também em Goiás e Mato Grosso do Sul (Carvalho 1997Carvalho AM (1997) A Synopsis of the Genus Dalbergia (Fabaceae: Dalbergieae) in Brazil. Brittonia 49: 87-109.; BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527). É encontrada nos domínios da Caatinga e do Cerrado (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527). Em Caetité cresce associada a áreas antropizadas, sobre solos argilosos, em cotas de altitudes que variam de 810 a 900 m.

As principais características que auxiliam na identificação de Dalbergia acuta são o hábito arbustivo e as folhas com 15-20 folíolos que variam desde elípticos a obovais.

Nome popular: Jacarandá.

4.2. Dalbergia catingicola Harms, Bot. Jahrb. Syst. 42(2-3): 213-214. 1908. Fig. 2g

Arbusto 3-5 m alt.; ramos difusos, cilíndricos, pubescentes ou glabrescentes, inermes. Estípulas caducas. Folhas 5-7-folioladas, imparipinadas; pecíolo 2,5-3,5 cm compr., glabrescente; raque 18-23 cm compr.; estipelas caducas; folíolos 3-4 × 2,5-5 cm, alternos, elípticos a obovais, cartáceos, discolores, base arredondada, ápice atenuado a acuminado, margem inteira, glabros a pubescentes nas faces adaxial e abaxial; nervação broquidódroma a reticulódroma. Panículas terminais, 5-35 flores, 10-20 cm compr.; bractéolas 2-3 mm compr., elípticas, verdes, pubescentes. Flores 0,5-1,5 cm compr., sésseis; cálice 3-4 mm compr., campanulado, radiado, lacínias subiguais, deltoides, pubescentes; pétalas brancas; estandarte monocromado, 8-10 mm compr., elíptico a orbicular, ápice retuso a arredondado, glabro externamente; alas 5-8 mm compr., falcadas, glabras; pétalas da quilha 5-8 mm compr., falcadas, glabras; androceu monodelfo, 9-10 estames, 2-3 mm compr., anteras isomórficas; gineceu 3-4,5 mm compr., ovário estipitado, 4-7 mm compr., pubescente, estípite 0,5-2 mm compr., estilete 1,5-2 mm compr., ereto. Sâmaras 3-5 × 1-2 cm, núcleo seminífero central, elípticas, glabras a pubescentes, marrons. Sementes 1-1,5 × 0,5-0,8 cm compr., reniformes, marrom-escuras.

Material examinado: BR-430, Caetité-Igaporã, próximo ao bairro Santo Antônio, 28.V.2015, fr., J.J.S. Ferreira 50 (HUNEB).

Material adicional: BRASIL. BAHIA: Marcionílio Dias, estrada para Maracás, km quatro próximo à casa de operário de Fazenda Pastaria, 23.V.1989, fl. e fr., L.A. Mattos Silva et al. 2849 (HUEFS).

Dalbergia catingicola é endêmica do Brasil, conhecida apenas de áreas de Caatinga dos estados da Bahia e Pernambuco (Carvalho 1997Carvalho AM (1997) A Synopsis of the Genus Dalbergia (Fabaceae: Dalbergieae) in Brazil. Brittonia 49: 87-109.; BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527). Na área de estudo cresce em áreas de Caatinga arbustiva-arbórea associadas aos solos argilosos, em altitudes acima de 800 m.

É reconhecida pela combinação do hábito arbustivo, ramos glabros e folhas com 5 a 7 folíolos. Pode ser facilmente confundida com Dalbergia cearensis Ducke, diferindo desta, principalmente, por possuir raque com 18-23 cm compr. e inflorescências laxas (vs. 9-12,5 cm e inflorescências congestas em D. cearensis).

Nome popular: Jacarandá.

4.3. Dalbergia cearensis Ducke, Arch. Jard. Bot. Rio de Janeiro 4: 73. 1925. Figs. 2h; 4a-e

Figura 4
a-e. Dalbergia cearensis – a. ramo; b, d. detalhe do folíolo com face adaxial mostrando indumento; c. detalhe da face abaxial do folíolo; e. fruto. f-l. Dalbergia miscolobium – f. ramo; g, i. detalhe do folíolo com face adaxial mostrando indumento; h, j. detalhe da face abaxial do folíolo; k. pétalas; l. fruto. m-t. Machaerium acutifolium – m. ramo; n, p. detalhe do folíolo com face adaxial mostrando indumento; o, q. detalhe da face abaxial do folíolo; r. flor; s. pétalas; t. fruto. u-b’. Machaerium hirtum – u. ramo; v. estípula; w, x. detalhe do folíolo com face adaxial mostrando indumento; y. detalhe da face abaxial do folíolo; z. flor; a’. pétalas; b’. fruto. c’-i’. Machaerium opacum – c’. ramo; d’, g’. detalhe do folíolo com face adaxial mostrando indumento; e’, f’. detalhe da face abaxial do folíolo; h’. flor; i’. fruto. (a-e. J.J.S. Ferreira 47; f-l. P.N. Cunha et al. 38; m-t. J.J.S. Ferreira 46 (HUNEB); u-b’. J.J.S. Ferreira 14; c’-i’. J.J.S. Ferreira 41).
Figure 4
a-e. Dalbergia cearenses – a. branch; b, d. detail of the leaflet with adaxial surface showing the indumentum; c. detail of the abaxial surface of leaflet; e. fruit. f-l. Dalbergia miscolobium – f. branch; g, i. detail of the leaflet with adaxial surface showing the indumentum; h, j. detail of the abaxial surface of leaflet; k. petals; l. fruit. m-t. Machaerium acutifolium – m. branch; n, p. detail of the leaflet with adaxial surface showing the indumentum; o, q. detail of the abaxial surface of the leaflet; r. flower; s. petals; t. fruit. u-b’. Machaerium hirtum – u. branch; v. stipule; w, x. detail of the leaflet with adaxial surface showing the indumentum; y. detail of the abaxial surface of leaflet; z. flower; a’. petals; b’. fruit. c’-i’. Machaerium opacum – c’. branch; d’, g’. detail of the leaflet with adaxial surface showing the indumentum; e’, f’. detail of the abaxial surface of leaflet; h’. flower; i’. fruit. (a-e. J.J.S. Ferreira 47; f-l. P.N. Cunha et al. 38; ; m-t. J.J.S. Ferreira 46 (HUNEB); u-b’. J.J.S. Ferreira 14; c’-i’. J.J.S. Ferreira 41).

Árvore ca. 8 m alt.; ramos eretos, ramificados, cilíndricos, pubescentes, inermes. Estípulas caducas. Folhas 5-9-folioladas, imparipinadas; pecíolo 1,5-2,7 cm compr., glabrescente; raque 9-12,5 cm compr.; estipelas caducas; folíolos 2-4 × 1,5-2 cm alternos, elípticos a ovais, os basais menores que os medianos e terminais, coriáceos, discolores, base arredondada, ápice atenuado a levemente cuneado, margem inteira, face adaxial glabrescente e face abaxial pubescente; nervação reticulódroma. Panículas terminais, 10-21 flores, 10-11 cm compr.; bractéolas 3-4 mm compr., elípticas a ovais, verdes, pubescentes. Flores 7-10 mm compr., sésseis; cálice, 3-5 mm compr., campanulado, radiado, lacínias subiguais, deltóides, pubescentes; pétalas brancas; estandarte monocromado, 8-10 mm compr., orbicular, ápice retuso a arredondado, glabro externamente; alas 5-8 mm compr., falcadas a elípticas, glabras; pétalas da quilha 6-8 mm compr., falcadas a elípticas, glabras; androceu monodelfo, 9-10 estames, 2-3 mm compr., anteras isomórficas; gineceu 2-6 mm compr., ovário estipitado, 3-4 mm compr., glabrescente, estípite 0,5-2 mm compr., estilete 1-2 mm compr., ereto. Sâmaras 5-6 × 1-1,5 cm compr., núcleo seminífero central, elípticas, glabras, marrons. Sementes 8-10 × 3-5 mm, reniformes, marrons.

Material examinado: BR-430, Caetité-Igaporã, próximo ao bairro Santo Antônio, 28.V.2015, fr., J.J.S. Ferreira 47 (HUNEB).

Material adicional: BRASIL. BAHIA: Paulo Afonso, Estação Ecológica Raso da Catarina. Pororocas, 31.I.2006, fl., M.M.M. Lopes et al. 454 (HUEFS). PIAUÍ: Bocaína, próximo à residência do DNOCS, 11.I.1999, fl., A.S.F Castro 27437 (HUEFS).

Espécie com distribuição restrita na Caatinga, ocorrendo do Ceará e sul do Piauí até o centro sul da Bahia (Carvalho 1997Carvalho AM (1997) A Synopsis of the Genus Dalbergia (Fabaceae: Dalbergieae) in Brazil. Brittonia 49: 87-109.; BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527). Na área de estudo foi encontrada em Caatinga arbórea e em áreas antropizadas, sobre solos argilosos, em altitudes acima 800 m.

Dalbergia cearensis possui o hábito arbóreo, folhas com 5 a 7 folíolos, inflorescências em panículas e pétalas brancas, características que a distingue das demais espécies de Dalbergieae ocorrentes em Caetité.

Nome popular: Jacarandá.

4.4. Dalbergia decipularis Rizzini & A. Mattos, Anais Acad. Brasil. Ci. 40: 232. 1968. Fig. 2i

Árvore 4-8 m alt.; ramos difusos, cilíndricos, acinzentados, lenticelados, glabrescentes, inermes. Estípulas caducas. Folhas alternas, 7-11-folioladas, imparipinadas; pecíolo 0,5-1,5 cm compr., pubescente; raque 7-15 cm compr.; estipelas caducas; folíolos 1,5-3 × 1-2,5 cm compr., alternos a opostos, ovais a obovais, cartáceos, discolores, base arredondada, ápice acuminado, margem inteira, glabros a pubescentes; nervação broquidódroma. Panículas axilares, congestas, 12-25 flores, 8-15 cm compr.; bractéolas 2-3 mm compr., elípticas, verdes, pubescentes. Flores 0,5-1,5 cm compr., sésseis; cálice 4-5 mm compr., campanulado, radiado, lacínias subiguais, deltoides, pubescentes; pétalas brancas; estandarte monocromado, 5-7 mm compr., elíptico, ápice retuso a arredondado, glabro; alas 3-4 mm compr., falcadas, glabras; pétalas da quilha 4-5 mm compr., falcadas, glabras; androceu diadelfo, 9 estames, 1-1,5 mm compr., anteras isomórficas; gineceu 6-8 mm compr., ovário estipitado, 4-7 mm compr., glabrescente, estípite 0,5-1 mm compr., estilete 0,5-1 mm compr., ereto. Sâmaras 2-4 × 0,5-1 cm, núcleo seminífero central, elípticas, glabras, marrons. Sementes 3-7 × 1-2,5 cm, reniformes, marrom-escuras.

Material examinado: Loteamento da UPA, 19.II.2015, fl., J.J.S. Ferreira 20 (HUNEB); trilha do Riacho Jatobá, 16.I.2015, fl., J.J.S. Ferreira 08 (HUNEB).

Material adicional: BRASIL. BAHIA: Andaraí, 6.X.1966, fl. e fr., C.T. Rizzini 39704 (HUEFS).

No Brasil, Dalbergia decipularis ocorre na Bahia, Ceará, Minas Gerais e Espírito Santo (Carvalho 1997Carvalho AM (1997) A Synopsis of the Genus Dalbergia (Fabaceae: Dalbergieae) in Brazil. Brittonia 49: 87-109.; BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527). Na área de estudo ocorre em vegetação de Caatinga arbórea e em áreas antropizadas, em solos argilosos, acima de 900 m de altitudes.

É uma espécie de fácil reconhecimento pelas panículas congestas, flores e frutos ligeiramente menores que nas demais espécies congenéricas ocorrentes em Caetité, as flores tem 0,5-1,5 × 0,5-1 cm (vs. 0,7-1,5 × 0,5-1,5 cm nas demais espécies de Dalbergia), enquanto os frutos 2-4 × 0,5-1 cm (vs. 3-5 × 1-1,5 cm).

Nome popular: Jacarandá.

4.5. Dalbergia miscolobium Benth., J. Proc. Linn. Soc., Bot. 4(suppl.): 35. 1860. Figs. 2j; 4f-l

Árvore ca. 5 m alt.; tronco cilíndrico, acinzentado escuro; ramos difusos, cilíndricos, glabrescentes, inermes. Estípulas caducas. Folhas 23-27-folioladas, imparipinadas, pecíolo 4-10 mm compr., pubescente; raque 4,5-7,5 cm compr.; estipelas caducas; folíolos 0,6-1,7 × 0,6-0,9 cm, alternos, ovais, os medianos maiores que os terminais, cartáceos, discolores, base arredondada, ápice retuso a levemente emarginado, margem inteira, glabros a pubescentes; nervação broquidódroma. Racemos terminais, 8-15 flores, 2,5-3,5 cm compr.; bractéolas 2-4 mm compr., elípticas a ovais, vináceas, pubescentes. Flores 5-10 mm compr., pediceladas; cálice 3-4 mm compr., campanulado, radiado, lacínias subiguais, ovais, pubescentes; pétalas roxas; estandarte monocromado, 8-9 mm compr., largo-elíptico, ápice emarginado, glabro; alas 5-7 mm compr., falcadas a elípticas, glabras, unguicula pubescente; pétalas da quilha 5-6 mm compr., soldadas na margem inferiores, falcadas a elípticas, glabras, com unguicula pubescente; androceu diadelfo, 9 estames, 2-5 mm compr., anteras isomórficas; gineceu 2-6 mm compr., ovário 2-4 mm compr., estipitado, com glândulas na margem, estípite 0,5-1 mm compr., estilete 1-1,5 mm compr., ereto. Sâmaras 4-4,2 × 1-1,5 cm, núcleo seminífero central, elípticas, glabras, marrons. Sementes 0,8-1,3 × 0,5-0,7 cm, reniformes, marrons.

Material examinado: Brejinho das Ametistas, 4.XI.2009, fl. e fr., M.D. Saba et al. 132 (HUNEB); passagem da Pedra, 4.II.2010, fl. e fr., P.N. Cunha et al. 38 (HUNEB).

Material adicional: BRASIL. BAHIA: Urandi, área de campos rupestres, 31.III.2001, fl. e fr., J.G. Jardim 3329 (HUESC). Palma de Monte Alto, Serra de Monte Alto, 26.I.2007, fl., A.O. Soares Filho 121 (HUESB).

Dalbergia miscolobium é amplamente distribuída no Brasil, com ocorrência em todas as regiões (Carvalho 1997Carvalho AM (1997) A Synopsis of the Genus Dalbergia (Fabaceae: Dalbergieae) in Brazil. Brittonia 49: 87-109.; BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527). Em Caetité, é encontrada em áreas de Cerrado s.s., sobre solos areno-argilosos, acima de 900 m de altitude.

Apresenta como caracteres diagnósticos a cor roxa do estandarte, em contraste com a cor verde do cálice, é uma característica única entre as espécies de Dalbergia ocorrentes em Caetité. Além disso, o tronco lenticelado, as folhas multifolioladas com 23-27 folíolos (vs. 5-20 nas demais espécies congenéricas) e os racemos terminais também podem auxiliar na identificação desta espécie em campo.

Nome popular: Jacarandá do cerrado.

5. Machaerium Pers., Syn. Pl. 2(2): 276. 1807.

Com cerca de 130 espécies, Machaerium distribui-se na região neotropical e na costa oeste da África (Klitgaard & Lavin 2005Klitgaard BB & Lavin M (2005) Dalbergieae sensu lato. In: Lewis GP, Schrire B, Mackinder B & Lock M (eds.) Legumes of the world (mansc.). Royal Botanic Gardens, Kew. 557p.). Encontra-se amplamente distribuído no território brasileiro, sendo este um dos principais centros de diversidade deste gênero. Estima-se que ocorra no Brasil 75 espécies com distribuição em todas as formações vegetacionais (Hoehne 1941Hoehne FC (1941) Leguminosas Papilionadas (Machaerium e Paramachaerium). Flora Brasilica 25: 1-99.; BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527), das quais cinco são registradas para Caetité.

Caracteriza-se pelo hábito arbóreo ou arbustivo, folhas imparipinadas, multifolioladas, estipelas ausentes ou caducas, flores com coloração creme a roxa, sâmaras com núcleo seminífero basal, sementes marrons a escuras.

5.1. Macherium acutifolium Vogel, Linnaea 11: 187. 1837. Figs. 2k; 4m-t

Arbusto a árvore 2,5-5 m alt.; tronco cilíndrico, acinzentado; ramos cilíndricos, pubescentes, lenticelados, tricomas marrons, inermes. Estípulas caducas. Folhas 8-9-folioladas, imparipinadas; pecíolo 1,3-2,4 cm compr., pubescente; raque 11-13 cm compr.; estipelas caducas; folíolos 1,3-5,3 × 1-3 cm, alternos, ovais, papiráceos, discolores, base subulada a cordada, ápice atenuado a levemente retuso, margem inteira, pubescentes na face abaxial, venação reticulódroma a cladódroma. Panículas axilares, pêndulas, 12-25 flores, 4,5-7 cm compr.; bractéolas 3-4 mm compr., obovais a elipsoides, tomentosas a pubescentes, marrom-escuras. Flores 8-10 mm compr., pediceladas; cálice 3-4 mm compr., campanulado, lacínias subiguais, deltoides, pubescentes; pétalas esbranquiçadas a creme; estandarte com máculas escuras, 1-1,3 cm compr., orbicular, ápice arredondado a emarginado, pubescente; alas 7-10 mm compr., falcadas, glabras; pétalas da quilha 7-10 mm compr., falcadas, glabras; androceu monodelfo, 9-10 estames, 6-10 mm compr., anteras isomórficas; gineceu 0,7-1,2 mm compr., ovário 2-4 mm compr., estipitado, piloso, estípite 0,5-1 mm compr., estilete 2-3 mm compr., ereto. Sâmaras 6-7 × 1-2 cm, núcleo seminífero basal, elípticas, glabras, marrons. Sementes 1-1,2 × 0,4-0,6 cm, reniformes, marrom-escuras.

Material examinado: BR-430, Caetité-Igaporã, próximo ao bairro Santo Antônio, 28.V.2015, fr., J.J.S. Ferreira 46 (HUNEB); loteamento da UPA, 14.III.2016, fl. e fr., J.J.S. Ferreira 68 (HUNEB).

Material adicional: BRASIL. BAHIA: Palma de Monte Alto, Fonte das Negras no Riacho Sambaiba, 20.IV.2007, fr., A.O. Soares Filho 267 (HUESB).

Amplamente distribuída na América do Sul, Machaerium acutifolium pode ser encontrada em vários tipos vegetacionais. No Brasil ocorre na Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Piauí e São Paulo (Filardi et al. 2013Filardi FLR, Lima HC, Klitgaard BB & Sartori ALB (2013) Taxonomy and nomenclature of the neotropical Machaerium hirtum complex (Leguminosae, Papilionoideae). Brittonia 65: 154-170.; BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527). Em Caetité é restrita à Caatinga arbustiva-arbórea, entre 900 a 1.000 metros. É comum ocorrerem indivíduos desta espécie em solos argilosos.

Espécie caracterizada pelo tronco acinzentado, ramos com numerosas lenticelas e folhas com 8-9 folíolos. A presença de inflorescência pêndula e os folíolos pubescentes na face abaxial podem ajudar na identificação desta espécie.

Nome popular: Quebra-foice ou jacarandá.

5.2. Machaerium floridum (Mart. ex Benth.) Ducke, Arch. Jard. Bot. Rio de Janeiro 5: 135. 1930. Fig. 2l

Arbusto ca. 4 m alt.; tronco cinza escuro; ramos cilíndricos, ramificados, lenticelados, armados com espinhos, glabrescentes. Estípulas 3-6 mm compr., aciculares, espinescentes. Folhas 15-25-folioladas, imparipinadas; pecíolo 5-10 mm compr., pubescente; raque 4-7 cm compr.; folíolos 0,4-1,5 × ca. 0,3 cm, alternos ou opostos, lineares a obovais, membranáceos, discolores, base arredondada, ápice arredondado a levemente retuso, margem inteira, glabrescentes a pubescentes; nervação broquidódroma. Racemos ou panículas, axilares a terminais, 8-20 flores, 5-15 cm compr.; bractéolas 3-4 mm compr., obovais ou ovais, marrom-escuras, pubescentes. Flores 8-10 mm compr., sésseis; cálice 3-4 mm compr. campanulado, lacínias subiguais, deltoides, pubescentes; pétalas brancas com nervuras avermelhadas; estandarte com máculas, 7-10 mm compr., orbicular, ápice arredondado a retuso, pubescente; alas 6-8 mm compr., elípticas, glabras; pétalas da quilha 6-8 mm compr., elípticas, glabras; androceu monodelfo, 9-10 estames, 2-5 mm compr., anteras isomórficas; gineceu 0,4-1 cm compr., ovário 4-6 mm compr., estipitado, velutino, estípite 0,5-1 mm compr., estilete 3-5 mm compr., ereto. Sâmaras 2-5 × 0,8-1,4 cm, núcleo seminífero basal, elipsoides ou falcadas, glabras a pubescentes, marrons. Sementes 5-8 × 3-4 mm, reniformes, castanho-escuras.

Material examinado: trilha do Riacho Jatobá, 16.I.2015, fl., J.J.S. Ferreira 08 (HUNEB).

Material adicional: BRASIL. BAHIA: Bom Jesus da Lapa, BR-430, 17.VI.1986, fl. e fr., G. Hatschbach & F.J. Zelma 50458 (HUEFS).

Machaerium floridum tem distribuição restrita no Brasil, ocorrendo apenas nos estados da Bahia e Minas Gerais (Filardi et al. 2013Filardi FLR, Lima HC, Klitgaard BB & Sartori ALB (2013) Taxonomy and nomenclature of the neotropical Machaerium hirtum complex (Leguminosae, Papilionoideae). Brittonia 65: 154-170.; BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527). Na área de estudo é encontrado em Caatinga arbustiva e em áreas antropizadas, crescendo em solos argilosos, em altitudes que variam de 810 a 1.000 m.

Entre as espécies de Machaerium de Caetité, M. floridum pode ser confundido morfologicamente com M. hirtum (Vell.) Stellfeld por compartilharem a cor cinza escuro do tronco, ramos armados com espinhos, folhas imparipinadas e fruto sâmara. Entretanto, M. floridum difere de M. hirtum pelo hábito arbustivo, folhas com 15-25-folioladas e pétalas brancas com nervuras avermelhadas (vs. arbóreo, folhas com 20-29-folioladas, pétalas roxas a avermelhadas em M. hirtum).

Nome popular: Jacarandá-de-espinhos.

5.3. Machaerium hirtum (Vell.) Stellfeld, Tribuna Farm. 12: 132. 1944. Figs. 2m; 4u-b

Árvore 5-15 m alt.; tronco cinza escuro, armado; ramos cilíndricos, ramificados, armados com espinhos, pubescentes, tricomas rufos. Estípulas 3-6 mm compr., estreito-triangulares, glabras. Folhas 20-29-folioladas, imparipinadas; pecíolo 5-7 mm compr., pubescente; raque 6-7 cm compr.; estipelas caducas; folíolos 0,7-1,5 × ca. 0,3 cm, alternos, obovais a lineares, membranáceos, discolores, base arredondada, ápice retuso, folíolos medianos maiores, margem inteira a repanda, face abaxial pubescente, face adaxial glabrescente; nervação reticulódroma. Panículas ou racemos, terminais, 10-36 flores, 8,5-16 cm compr.; bractéolas 3-4 mm compr., elípticas, ovais a obovais, marrom-escuras, pubescentes. Flores 0,5-1,1 cm compr., pediceladas; cálice 4-5 mm compr. campanulado, lacínias subiguais, deltoides, pubescentes a velutinos; pétalas roxas a avermelhadas; estandarte com máculas violáceas, 1,1-1,3 cm compr., oboval a orbicular, ápice emarginado, pubescente externamente; alas 9-10 mm compr., falcadas, glabras; pétalas da quilha 9-10 mm compr., falcadas, glabras; androceu monodelfo, 10 estames, 4-7 mm compr., anteras isomórficas; gineceu 0,5-1 cm compr., ovário 5-9 mm compr., estipitado, piloso, estípite 1-2 mm compr., estilete 3-5 mm compr., ereto. Sâmaras 3-4,5 × 1-1,5 cm, núcleo seminífero basal, elípticas, glabras, marrons. Sementes 1-1,5 × 0,5-0,7 cm, reniformes a falciformes, marrons.

Material examinado: Rancho Alegre, 13.II.2015, fl. e fr., J.J.S. Ferreira 14 (HUNEB).

Material adicional: BRASIL. BAHIA: Candiba, Fazenda Andes e Nasca, 19.IV.2007, fr., A.O. Soares Filho 192 (HUESB). Formosa do Rio Preto, próximo à estação de Macaubeira, 23.II.2005, fl. e fr., A.B. Xavier et al. 341 (ALCB).

Machaerium hirtum é amplamente distribuída na América do Sul, ocorrendo no Brasil em diferentes tipos vegetacionais e em áreas degradadas em todas as suas regiões geográficas (Queiroz 2009Queiroz LP (2009) Leguminosas da Caatinga. Associação Plantas do Nordeste, Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana / Royal Botanic Gardens, Kew. 467p.). Em Caetité foi registrada em áreas de Mata ciliar e de Caatinga arbórea, em solos argilosos, entre 810 a 1.000 metros de altitude.

É uma espécie caracterizada pela presença de espinhos nos ramos, estípulas espiniformes, folhas 20-29-folioluladas com folíolos obovais a lineares e pétalas roxas a avermelhadas.

Nome popular: Maria-mole.

5.4. Machaerium opacum Vogel, Linnaea 11: 187. 1837. Figs. 2n; 4c’-i

Árvore 5-8 m alt.; tronco profundamente estriado, cinza escuro, lenticelados, lenticelas salientes; ramos retorcidos, ramificados, pubescentes, velutinos a seríceos, inermes. Estípulas caducas. Folhas 10-12-folioladas, imparipinadas; pecíolo 3-4 cm compr., pubescente; raque 16-23,5 cm compr.; estipelas caducas; folíolos 3,5-7,7 × ca. 4 cm, opostos, ovais, os medianos maiores que os basais e terminais, papiráceos, discolores, base subcordada e ápice cuspidado, margem inteira, pubescentes; nervação camptódroma. Panículas axilares, 85-135 flores, 9-17 cm compr.; bractéolas 3-4 mm compr., ovais a obovais, pubescentes marrons. Flores 5-7 mm compr., sésseis; cálice 2-3 mm compr., campanulado, lacínias subiguais, deltoides, pubescentes; pétalas creme; estandarte com máculas escuras, 6-7 mm compr., globoso a subgloboso, ápice arredondado a levemente retuso, pubescente externamente; alas 6-7 mm compr., elípticas, glabras; pétalas da quilha 6-7 mm compr., elípticas, glabras; androceu monadelfo, 10 estames, 0,5-4 mm compr., anteras isomorfas; gineceu 3-5 mm compr., ovário 2-5 mm compr., estipitado, piloso, estípite 1-2 mm compr., estilete 1-2 mm compr., curvo. Sâmaras 6-9 × 1-2 cm, núcleo seminífero basal, elipsoides, pubescentes, marrons. Sementes 1-1,5 × 0,5-0,8 cm, reniformes, marrons.

Material examinado: UNEB, Campus VI, próximo ao muro do TBC, 3.III.2015, fl. e fr., J.J.S. Ferreira 41 (HUNEB).

Material adicional: BRASIL. BAHIA: Palmas de Monte Alto, Serra de Monte Alto, 26.I.2007, fr., A.O. Soares Filho 122 (HUESB). São Desidério, assentamento Thainá, 1.VII.2001, fl., L.J. Alves et al. 214 (ALCB).

Machaerium opacum é citada no Brasil, para os estados da Bahia, Goiás, Minas Gerais, Piauí Tocantins e no Distrito Federal (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527). No município de Caetité foi registrada em áreas de Cerrado s.s. e de transição Caatinga-Cerrado crescendo em solos areno-argilosos, em altitudes acima de 900 metros.

Difere de todas as espécies de Machaerium ocorrentes em Caetité pelo fato de apresentar tronco com lenticelas salientes e folíolos ovais, pubescentes em ambas as faces.

Nome popular: Jacarandá-cascudo.

5.5. Machaerium stipitatum Vogel, Linnaea 11: 189. 1837. Figs. 2o; 5a-h

Figura 5
a-h. Machaerium stipitatum – a. ramo; b-c. detalhe do folíolo com face adaxial mostrando indumento; d-e. detalhe da face abaxial do folíolo; f. flor; g. pétalas; h. fruto. i-n. Platymiscium pubescens – i. ramo; j. detalhe da face adaxial de folíolo; k. detalhe da face abaxial do folíolo; l. flor; m. pétalas; n. fruto. o-u. Platypodium elegans – o. ramo; p, r. detalhe do folíolo com face adaxial mostrando indumento; q. detalhe da face abaxial o folíolo; s. flor; t. pétalas; u. fruto. v-b’. Poiretia punctata – v. ramo; w, x. detalhe do folíolo com face adaxial mostrando as glândulas puntiformes; y. detalhe da face abaxial do folíolo; z. flor; a’. pétalas; b’. fruto. c’-i’. Pterocarpus zehntneri – c’. ramo; d’-e’. detalhe da face adaxial do folíolo; f’. detalhe da face abaxial do folíolo; g’. flor; h’. fruto; i’. pétalas. (a-h. J.J.S. Ferreira et al. 67; i-n. M.S. Silva et al. 1; o-u. J.J.S. Ferreira 16; v-b’. L.V. Vasconcelos et al. 210; c’-i’. J.S. Silva et al. 1272).
Figure 5
a-h. Machaerium stipitatum – a. branch; b-c. detail of the leaflet with adaxial surface showing the indumentum; d-e. detail of the abaxial surface of leaflet; f. flower; g. petals; h. fruit. i-n. Platymiscium pubescens – i. branch; j. detail of the adaxial surface of leaflet; k. detail of the abaxial surface of leaflet; l. flower; m. petals; n. fruit. o-u. Platypodium elegans – o. branch; p, r. detail of the leaflet with adaxial surface showing the indumentum; q. detail of the abaxial surface of laflet; s. flower; t. petals; u. fruit. v-b’. Poiretia punctata – v. branch; w, x. detail of the leaflet with adaxial surface showing the punctiform glands; y. detail of the abaxial surface of leaflet; z. flower; a’. petals; b’. fruit. c’-i’. Pterocarpus zehntneri – c’. branch; d’-e’. detail of the adaxial surface of leaflet; f’. detail of the abaxial surface of leaflet; g’. flower; h’. fruit; i’. petals. (a-h. J.J.S. Ferreira et al. 67; i-n. M.S. Silva et al. 1; o-u. J.J.S. Ferreira 16; v-b’. L.V. Vasconcelos et al. 210; c’-i’. J.S. Silva et al. 1272).

Arbusto ca. 3 m alt.; tronco cinza a marrom escuro; ramos cilíndricos, ramificados, pubescentes, tricomas rufos, inermes. Estípulas caducas. Folhas 6-8-folioladas, imparipinadas; pecíolo 2-2,5 cm compr., glabrescente; raque 8,5-10 cm compr.; estipelas caducas; folíolos 2,0-3,5 × 1,5-2 cm, alternos, ovais a elípticos, papiráceos, discolores, base arredondada, ápice atenuado a cuneado ou levemente retuso, margem inteira, pubescentes; nervação reticulódroma. Racemos ou fascículos axilares, não pêndulos, 6-25 flores, 5,5-15 cm compr.; bractéolas 2-4 mm compr., ovais, marrons, pubescentes. Flores 0,5-1,2 cm compr., sésseis; cálice 3-5 mm compr., campanulado, lacínias subiguais, deltoides, pubescentes; pétalas esbranquiçadas a creme; estandarte com máculas escuras, 8-10 mm compr., orbicular a elíptico, ápice retuso, pubescente externamente; alas 5-8 mm compr., elípticas, glabras; pétalas da quilha 5-6 mm compr., elípticas, glabras; androceu monodelfo, 10 estames, 5-8 mm compr., anteras isomórficas; gineceu 3-10 mm compr., ovário 0,5-0,9 cm compr., estipitado, pubescente, estípite 1-2 mm compr., estilete 4-7 mm compr., curvo. Sâmaras 3,8-4,5 × 1-1,5 cm, núcleo seminífero basal, elípticas, amarronzadas, glabras. Sementes 8-10 × 3-5 mm, reniformes, marrom-escuras.

Material examinado: Fazenda Barriguda, nascente da Barriguda, 23.V.2016, fl. e fr., J.J.S. Ferreira et al. 67 (HUNEB).

Material adicional: BRASIL. BAHIA: Camacan, RPPN Serra Bonita, área da fitossociologia, 18.V.2010, fr., D. Rocha 1190 (CEPEC). Sebastião Laranjeiras, próximo à Cachoeira do Brucunum, Serra de Monte Alto, 12.I.2010, fr., A.O. Soares Filho 32 (HUNEB).

Machaerium stipitatum é encontrada na Argentina e Sudeste do Brasil, estendendo-se até a Bahia (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527). Em Caetité ocorre em área de Mata ciliar, Caatinga arbustiva e em áreas antropizadas, em faixas de solos argilosos, acima de 800 m de altitude.

Esta espécie é caracterizada pelo hábito arbustivo, com folhas 6-8-folioladas, folíolos ovais ou elípticos e racemos ou fascículos axilares.

Nome popular: Jacarandá.

6. Nissolia Jacq., Enum. Syst. Pl. 7, 27. 1760.

Chaetocalyx DC., Prodr. 2: 243. 1825.

Nissolia é um gênero endêmico das Américas, com aproximadamente 30 espécies que ocorrem desde o México até o Uruguai, principalmente, em florestas estacionais, com poucas espécies andinas ou amazônicas (Moura et al. 2018Moura TM, Roy EG, Sarkinen TE & Fortuna-Perez AP (2018) A New Circumscription of Nissolia (Leguminosae-Papilionoideae-Dalbergieae), with Chaetocalyx as a New Generic Synonym. Novon 26: 193-213.). No Brasil está representado por 10 espécies, das quais cinco são endêmicas (Moura et al. 2018; BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527). Duas espécies foram encontradas em Caetité.

Inclui trepadeiras ou subarbustos, com folhas imparipinadas, flores com pétalas amarelas dispostas em fascículos, androceu monodelfo e fruto lomento subcilíndrico com sementes marrons.

6.1. Nissolia tomentosa (Gardner) T. M. Moura & Fort.-Perez, Novon 26: 208.2018Moura TM, Roy EG, Sarkinen TE & Fortuna-Perez AP (2018) A New Circumscription of Nissolia (Leguminosae-Papilionoideae-Dalbergieae), with Chaetocalyx as a New Generic Synonym. Novon 26: 193-213.. Fig. 6a

Figura 6
a-p. Espécies da tribo Dalbergieae s.l. ocorrentes município de Caetité, Bahia, Brasil – a. Nissolia tomentosa; b. Nissolia vincentina; c. Platymiscium pubescens; d. Platypodium elegans; e. Poiretia punctata; f. Pterocarpus zehntneri; g. Stylosanthes capitata; h. Stylosanthes gracilis; i. Stylosanthes guianensis; j. Stylosanthes macrocephala; k. Stylosanthes scabra; l. Stylosanthes viscosa; m. Zornia brasiliensis; n. Zornia latifolia; p. Zornia sericea. Fotos: Jean Mathias (c, e, f, o) e Jamile Jorge (a, b, d, g-n).
Figure 6
a-p. Species of the tribe Dalbergieae s.l. occurring in the municipality of Caetité, Bahia, Brazil – a. Nissolia tomentosa; b. Nissolia vincentina; c. Platymiscium pubescens; d. Platypodium elegans; e. Poiretia punctata; f. Pterocarpus zehntneri; g. Stylosanthes capitata; h. Stylosanthes gracilis; i. Stylosanthes guianensis; j. Stylosanthes macrocephala; k. Stylosanthes scabra; l. Stylosanthes viscosa; m. Zornia brasiliensis; n. Zornia latifolia; o. Zornia sericea. Images: Jean Mathias (c, e, f, o) and Jamile Jorge (a, b, d, g-n).

Chaetocalyx tomentosus (Gardner) Rudd, Contr. U.S. Natl. Herb. 32(3): 217. 1958Rudd VE (1958) A revision of the genus Chaetocalyx. Bulletin from the United States National Herbarium 32: 207-245.

Subarbusto ca. 1,5 m alt.; ramos difusos, cilíndricos, tomentosos, tricomas marrons, inermes. Estípulas 5-6 mm compr., basifixas, triangulares, tomentosas. Folhas 5-9 folioladas, imparipinadas; pecíolo 1-3,5 cm compr., tomentoso; raque 5-11 cm compr.; estipelas caducas; folíolos 0,7-3 × 0,5-1,5 cm, opostos, obovais a elípticos, os terminais maiores que os basais, membranáceos, discolores, base arredondada, ápice mucronado, margem inteira, pubescentes, sem glândulas; nervação reticulódroma. Racemos axilares, fasciculares, 3-5 flores, 5,5-10,3 cm compr.; bractéolas 3-5 mm compr., elípticas a ovais, verdes, pubescentes. Flores 3-3,5 cm compr., pediceladas; cálice 7-10 mm compr., campanulado, lacínias subiguais, estreito-triangulares, pubescentes; pétalas amarelas; estandarte monocromado, 2-3 cm compr., elíptico, ápice arredondado, pubescente externamente; alas 1,8-2,5 cm compr., elípticas, glabras; pétalas da quilha 1,8-2,5 cm compr., elípticas, glabras; androceu monodelfo, 10 estames, 5-8 mm compr., anteras isomórficas; gineceu 1-1,5 cm compr., ovário séssil, 5-7 mm compr., pubescente, estilete 5-8 mm compr., ereto. Lomentos 4-12 × 0,5-1 cm, 4-10-articulados, artículos quadrados, pubescentes, marrons. Sementes 2-3,5 × 1-2 mm, ovais a elípticas, marrons.

Material examinado: Caldeiras, 17.IV.2017, fl. e fr., J.J.S. Ferreira 74 (HUNEB).

Material adicional: BRASIL. SÃO PAULO: Ubatuba, 1,5 km norte da cidade, 29.IV.1961, fl., J. Mattos et al. 8918 (SP).

Esta espécie é endêmica do Brasil, distribuindo-se apenas na região Sudeste, nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, onde cresce em áreas antropizadas (Rudd 1972Rudd VE (1972) Supplementary studies in Chaetocalyx L. (Leguminosae) including a new species from Brazil. Phytologia 24: 295-297.; Moura et al. 2018Moura TM, Roy EG, Sarkinen TE & Fortuna-Perez AP (2018) A New Circumscription of Nissolia (Leguminosae-Papilionoideae-Dalbergieae), with Chaetocalyx as a New Generic Synonym. Novon 26: 193-213.). Assim, C. tomentosa está sendo citada pela primeira vez para o estado da Bahia e consequentemente para Caetité. Na área de estudo pode ser encontrada em áreas antropizadas crescendo em solos argilosos e altitudes acima de 800 m.

Nissolia tomentosa é facilmente reconhecida pelo hábito subarbustivo não ultrapassando 1,5 m de altura, ramos tomentosos, folhas 5-9 folioladas, folíolos sem glândulas e frutos com artículos quadrados.

Nome popular: Jequitirana-amarela.

6.2. Nissolia vincentina (Ker Gawl.) T.M. Moura & Fort.-Perez, Novon 26: 208.2018Moura TM, Roy EG, Sarkinen TE & Fortuna-Perez AP (2018) A New Circumscription of Nissolia (Leguminosae-Papilionoideae-Dalbergieae), with Chaetocalyx as a New Generic Synonym. Novon 26: 193-213.. Figs. 6b; 3h’-p

Chaetocalyx scandens (L.) Urb., Symb. Antill. 2(2). 1900.

Trepadeira; ramos cilíndricos, ramificados, pubescentes, tricomas cinéreo-pubescente, inermes. Estípulas 2-3 mm compr., basifixas, ovais, pubescentes, persistentes. Folhas alternas, 5-folioladas, imparipinadas; pecíolo 1,3-3,3 cm compr., pubescente; raque 2-7,5 cm compr.; estipelas caducas; folíolos 0,9-3,2 × 0,5-1,8 cm, opostos, obovais a elípticos, os terminais maiores, membranáceos, discolores, base arredondada, ápice mucronado, margem inteira, pubescentes, com glândulas puntiformes escuras; nervação reticulódroma. Racemos axilares, 2-fasciculados, 5-7 mm compr.; bractéolas 4-5 mm compr., elípticas a ovais, glabrescentes, verdes. Flores 1,6-2,5 cm compr., sésseis ou pediceladas; cálice 7-10 mm compr., campanulado, lacínias subigauis, estreito-triangulares, pubescentes a seríceos, com tricomas glandulares, dourados, setáceos; pétalas amarelas; estandarte monocromado, ca. 2,0 cm compr., reflexo, amplamente elíptico, ápice emarginado, pubescente externamente, tricomas no ápice e margem da unguicula; alas 1,8-2 cm compr., elípticas, glabras; pétalas da quilha 1,8-2 cm compr., elípticas, glabras; androceu monodelfo, 10 estames, 5-7 mm compr., anteras isomórficas; gineceu 7-10 mm compr., ovário estipitado, 5-7 mm compr., piloso, estípite 5-10 mm compr., estilete 5-9 mm compr., curvo. Lomentos 4,5-5 × 0,2-0,4 cm, lineares, 6-10-articulados, artículos retangulares, pubescentes, rufos. Sementes 0,7-0,9 × 0,5-0,1 mm compr., fusiformes, marrons.

Material examinado: Loteamento próximo à UPA, BR-430, 28.V.2015, fl. e fr., J.J.S. Ferreira 48 (HUNEB).

Material adicional: BRASIL. BAHIA: Lajedinho, Mocozeira, Caminho, 26.XII.2014, fl. e fr., G.E.L. Macedo et al. 2392 (HUESB - Jequié). Olinda, Fazenda Samambaia, 24.VI.2006, fl., C.S. Silva-Lima 38 (HUNEB - Coleção Alagoinhas).

Ocorre desde o México até o Brasil (Rudd 1958Rudd VE (1958) A revision of the genus Chaetocalyx. Bulletin from the United States National Herbarium 32: 207-245; Moura et al. 2018Moura TM, Roy EG, Sarkinen TE & Fortuna-Perez AP (2018) A New Circumscription of Nissolia (Leguminosae-Papilionoideae-Dalbergieae), with Chaetocalyx as a New Generic Synonym. Novon 26: 193-213.). No Brasil pode ser verificada em todas as regiões e domínios fitogeográficos (Moura et al. 2018Moura TM, Gereau RE, Särkinen TE & Fortuna-Perez AP (2018) A new circumscription of Nissolia (Leguminosae-Papilionoideae-Dalbergieae), with Chaetocalyx as a new generic synonym. Novon 26: 193-213.). Em Caetité é encontrada em áreas antropizadas, comumente sobre solos argilosos, em altitudes que variam de 810 a 900 m.

Na área de estudo, Nissolia vincentina é facilmente reconhecida por ser uma trepadeira com folhas 5-folioladas, folíolos com glândulas puntiformes, flores em fascículos axilares, cálice com tricomas glandulares esparsos, flores amarelas, estandarte reflexo e lomento linear com artículos retangulares. Esta espécie se diferencia facilmente de N. tomentosa que apresenta hábito subarbustivo, folhas 5-9 folioladas e folíolos sem glândulas puntiformes.

Nome popular: Crista-amarela.

7. Platymiscium Vogel., Linnaea 11: 198-199. 1837.

Platymiscium é um gênero neotropical com aproximadamente 19 espécies. Distribui-se do México até o sul do Brasil (Lewis et al. 2005Lewis G, Schrire B, Mackinder B & Lock M (2005) Legumes of the world. Royal Botanic Gardens, Kew. 577p.; Klitgaard 2005Klitgaard BB (2005) Platymiscium (Leguminosae: Dalbergieae): biogeography, systematics, morphology, taxonomy, and uses. Kew Bulletin 60: 321-400.), neste último país encontra-se representado por sete espécies e pode ser encontrado em todas as regiões e vegetações componentes de quase todos os domínios fitogeográficos brasileiros (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527). Em Caetité ocorre apenas Platymiscium pubescens Micheli.

Gênero caracterizado pelo hábito arbóreo, folhas opostas, pétalas amarelas, racemos ou panículas axilares ou terminais e fruto legume samaroide com núcleo seminífero central.

7.1. Platymiscium pubescens Micheli, Vidensk. Meddel. Dansk Naturhist. Foren. Kjobenhavn 1875:101. 1875. Figs. 6c; 5i-n

Árvore 7-8 m alt.; tronco acinzentado, lenticelado; ramos ramificados, cilíndricos, lenticelados, pubescentes, inermes. Estípulas interpeciolares, basifixas, caducas. Folhas 6-7-folioladas, imparipinadas; pecíolo 3-4,5 cm compr., pubescente; raque 15-20 cm compr.; estipelas caducas; folíolos 3-2,5 × 3-4 cm, alternos a opostos, obovais a elípticos, papiráceos, discolores, base arredondada, ápice acuminado, margem inteira, glabrescentes a pubescentes; nervação camptódroma. Racemos ou panículas, axilares ou terminais, 15-65 flores, 15-35 cm compr.; bractéolas 3-6 mm compr., elípticas a ovais, verdes ou marrons, pubescentes. Flores 0,8-1,5 cm compr., pediceladas; cálice 4-6 mm compr., campanulado, lacínias subiguais, deltoides, pubescentes; pétalas amarelas; estandarte com máculas vináceas, 1,2-1,5 cm compr., globoso, ápice emarginado, glabro; alas 1,2-1,5 cm compr., alípticas a falcadas, unguicula pubescente; pétalas da quilha 1-1,2 cm compr., elípticas a falcadas, com unguiculas pubescentes; androceu monodelfo, 10 estames, 3-6 mm compr., anteras isomórficas; gineceu 3-8 mm compr., ovário 3-5 mm compr., estipitado, glabro, estípite 1-3 mm compr., estilete 2-3,5 mm compr., curvo. Sâmaras 2,5-4 × 3-5 cm, núcleo seminífero central, elipsóides, glabros, marrons. Sementes 1-1,5 × 0,5-0,7 cm, elipsoides, marrons.

Material examinado: Fazenda Cipoal, na beira de um córrego, 24.IX. 2008, fl., M.S. Silva et al. 1 (HUNEB).

Material adicional: BRASIL. BAHIA: Coribe, ca. 5 km S em estrada de terra que cruza um pequeno ramal que sai a 5,1 km E de um ponto d’água, 11.IV.2007, fr., L.P. Queiroz et al. 12804 (HUEFS).

Platymiscium pubescens ocorre desde a Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela e Guianas até o Brasil, nos estados do Acre, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro (Klitgaard 2005Klitgaard BB (2005) Platymiscium (Leguminosae: Dalbergieae): biogeography, systematics, morphology, taxonomy, and uses. Kew Bulletin 60: 321-400., 2015; BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527). Na área de estudo foi observada crescendo em Caatinga arbórea e em Floresta estacional, sobre solos argilosos, acima de 800 metros.

A identificação desta espécie em campo é relativamente fácil pela filotaxia oposta das folhas e estípula interpeciolar, caracteres únicos dentro da tribo Dalbergieae.

Nome popular: Tingui.

8. Platypodium Vogel, Linnaea 11: 420. 1837.

Platypodium é um pequeno gênero de distribuição neotropical com 1-2 espécies (Klitgaard & Lavin 2005Klitgaard BB & Lavin M (2005) Dalbergieae sensu lato. In: Lewis GP, Schrire B, Mackinder B & Lock M (eds.) Legumes of the world (mansc.). Royal Botanic Gardens, Kew. 557p.). No Brasil ocorre apenas uma espécie, Platypodium elegans Vogel, que apresenta distribuição em todas as regiões brasileiras (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527).

Inclui árvores com folhas imparipinadas, pétalas amarelas, racemos axilares ou terminais, androceu diadelfo e fruto sâmara com núcleo seminífero distal.

8.1. Platypodium elegans Vogel, Linnaea 11: 420-422 1837. Figs. 6d; 5o-u

Árvore 7-8 m alt.; tronco acinzentado; ramos cilíndricos inermes, difusos, seríceos a velutinos. Estípulas 5-7 mm compr., ovais, glabrescentes. Folhas 12-16-folioladas, imparipinadas; pecíolo 4-7 mm compr., pubescente; raque 7-9 cm compr.; estipelas caducas; folíolos 0,5-2,5 × ca. 1,3 cm, alternos a opostos, os medianos maiores que os basais e terminais, elípticos a largo-elípticos, membranáceos a papiráceos, discolores, base arredondada a subcordada, ápice emarginado, margem inteira, pubescentes; nervação reticulódroma. Racemos axilares a terminais, 7-15 flores, 3,5-6,5 cm compr.; bractéolas 4-6 mm compr., elípticas a lanceoladas, verdes, glabrescentes. Flores 1,8-2,5 cm compr., pediceladas; cálice 0,8-1,1 cm compr., campanulado, lacínias subiguais, deltoides, verdes, glândulas puntiformes presentes; pétalas amarelas; estandarte monocromado, 1,3-1,5 cm compr., globoso, ápice emarginado, glabro; alas 1,3-1,5 cm compr., elípticas, unguicula pubescente; pétalas da quilha 1,0-1,2 cm compr., elípticas, com unguiculas pubescentes; androceu diadelfo, 10 estames, 4-7 mm compr., anteras isomórficas; gineceu 0,8-1,2 cm compr., ovário estipitado, 5-9 mm compr., pubescente, estípite 5-9 mm compr., estilete 5-9 mm compr., curvo. Sâmaras 4,5-6 × 1-2 cm, núcleo seminífero distal, elipsoides, glabros, marrons. Sementes 1,2-1,5 × 0,6-0,9 cm, helicoidais, marrons amareladas.

Material examinado: BR-430, Caetité-Igaporã, próximo ao Bairro Santo Antônio, 19.II.2015, fl. e fr., J.J.S. Ferreira 16 (HUNEB).

Material adicional: BRASIL. BAHIA: Lagoa Real, província uranífera, 22.IV.2014, fl. e fr., M.M. Lima 516 (MAC). Wagner, ponto 04, estrada para Wagner, 11.III.2016, fr., M.L. Guedes et al 24314 (ALCB).

Platypodium elegans pode ser encontrada em florestas estacionais do Panamá até o norte do Paraguai e sul da Bolívia (Queiroz 2009Queiroz LP (2009) Leguminosas da Caatinga. Associação Plantas do Nordeste, Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana / Royal Botanic Gardens, Kew. 467p.). No Brasil ocorre de Norte a Sul, crescendo em todos os domínios fitogeográficos (Dwyer 1965Dwyer JD (1965) Leguminosae-Papilionoideae-Dalbergieae. Annals of Missouri Botanical Garden 52: 1-54.; BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527). Em Caetité cresce associada às áreas de Caatinga arbórea, de transição Caatinga-Cerrado ou em áreas antropizadas, sobre solos argilosos, de 810 a 900 metros.

Platypodium elegans, assim como as espécies de Machaerium e Centrolobium, possuem fruto do tipo sâmara, no entanto, a posição do núcleo seminífero é distal nessa espécie e proximal em Macheaerium e Centrolobium. Pode ser reconhecida também pelos folíolos oblongos com ápice retuso e nervação reticulódroma.

Nome popular: Pau-de-copa.

9. Poiretia Vent., Mém. Cl. Sci. Math. Inst. Natl. France 8: 4-6. 1807.

Poiretia é um gênero neotropical com aproximadamente 12 espécies (Lewis et al. 2005Lewis G, Schrire B, Mackinder B & Lock M (2005) Legumes of the world. Royal Botanic Gardens, Kew. 577p.), tendo o Brasil como centro de maior diversidade, com nove espécies endêmicas das 12 registradas (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527). Apenas uma espécie ocorre em Caetité.

Caracteriza-se pelas folhas 4-folioladas, pétalas amarelas, racemos axilares, fruto lomento com 4 ou mais artículos.

9.1. Poiretia punctata (Willd.) Desv., Mém. Soc. Linn. Paris 4: 308.1826. Fig. 6e; 5v-b

Trepadeira; ramos ramificados, cilíndricos, seríceos, inermes. Estípulas 3-4 mm compr., lanceoladas, pubescentes. Folhas tetrafolioladas, paripinadas; pecíolo 0,7-3 cm compr., pubescente; raque 1,7-7,0 cm compr.; estipelas 1-2 mm compr.; folíolos 0,7-2,7 × ca. 1,9 cm, opostos, obovais, os terminais maiores que os basais, membranáceos, discolores, base obtusa, ápice arredondado, margem inteira, glândulas puntiformes translúcidas em ambas as faces; nervação cladódroma. Racemos axilares, 5-28 flores, 2,5-6 cm compr.; bractéolas 2-3 mm compr., elípticas, verdes, glabras. Flores 4-10 mm compr., pediceladas, glabras; cálice 1-2 mm compr., campanulado, lacínias subiguais, estreito-triangulares; pétalas amarelas; estandarte monocromado, 4-5 mm compr., elíptico, ápice retuso a arredondado, com glândulas puntiformes alaranjadas externamente; alas 5-6 mm compr., falcadas a lanceoladas, glabras; pétalas da quilha 5-6 mm compr., falcadas, glabras; androceu monodelfo, 10 estames, 2-5 mm compr., anteras isomórficas; gineceu 2-7 mm compr., ovário séssil, 2-4 mm compr., glândulas presentes, estilete 3-4 mm compr., curvo. Lomentos 3-4 × 0,5-0,7 cm, 4-articulados, elípticos, glabros a pubescentes, marrons. Sementes 3-6 × 1-4 mm, globosas, marrons.

Material examinado: Brejinho das Ametistas, estrada depois de Brejinho das Ametistas, 23.I.2009, fl., L.V. Vasconcelos; C.E.A. Silveira Junior & Sr. Adão 210 (HUNEB); 13.V.2009, fl., M.S. Silva & L.V. Vasconcelos 20 (HUNEB).

Material adicional: BRASIL. BAHIA: Abaíra, Mendonça de Daniel Abreu, 18.I.1994, fl. e fr., G. Wilson 2805 (HUEFS).

Poiretia punctata é encontrada em bordas de florestas do México até o Brasil e Bolívia (Queiroz 2009Queiroz LP (2009) Leguminosas da Caatinga. Associação Plantas do Nordeste, Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana / Royal Botanic Gardens, Kew. 467p.). No território brasileiro é amplamente distribuída em todas as regiões geográficas, onde pode ser observada em Cerrado, Caatinga e Campos rupestres (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527). Em Caetité ocorre principalmente em Caatinga arbustiva, em áreas de solos areno-argilosos, acima de 900 metros de altitudes.

Esta espécie é de fácil identificação em campo por ser uma trepadeira com folíolos apresentando glândulas puntiformes translúcidas, racemos curtos (2,5-6 cm compr.), flores com corola amarela e frutos do tipo lomento. Por serem trepadeiras com pétalas amarelas e fruto do tipo lomento, P. punctata pode ser confundida com Nissolia vicentina. Entretanto, diferencia-se principalmente pelas folhas com quatro folíolos e glândulas pelúcidas, e lomentos com quatro artículos (vs. 5-folioladas sem glândula pelúcida e frutos com 6-10 artículos em N. vicentina).

Nome popular: Jequitirana-amarela.

10. Pterocarpus Jacq., Select. Stirp. Amer. Hist. 283. 1763.

Pterocarpus está representado por 40 espécies e pode ser encontrado nas Américas, África e Ásia (Klitgaard & Lavin 2005Klitgaard BB & Lavin M (2005) Dalbergieae sensu lato. In: Lewis GP, Schrire B, Mackinder B & Lock M (eds.) Legumes of the world (mansc.). Royal Botanic Gardens, Kew. 557p.), especialmente em áreas de clima sazonal. Para o Brasil são estimadas oito espécies, destas quatro são endêmicas (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527). Em Caetité está representado por apenas uma espécie.

É reconhecido pelo hábito arbóreo, folhas 5-12-folioladas, folíolos alternos não-estipelados, flores com pétalas amarelas e fruto legume samaroide com núcleo seminífero central.

10.1. Pterocarpus zehntneri Harms, Repert. Spec. Nov. Regni Veg. 17: 443. 1921. Figs. 6f; 5c’-i

Árvore ca. 10 m alt.; tronco marrom escuro; ramos cilíndricos, inermes, ramificados, pubescentes, seríceos ou estrigosos, tricomas rufos a dourados. Estípulas caducas. Folhas 7-12-folioladas, imparipinadas; pecíolo 2,2-3,5 cm compr., pubescente; raque 1-4,5 cm compr.; estipelas ausentes; folíolos 5,2-7 × 3-6 cm, alternos, ovais, os terminais maiores que os basais, coriáceos, discolores, base arredondada, ápice atenuado, margem inteira, pubescentes; nervação camptódroma. Racemos axilares, 25-35 flores, 2,5-10 cm compr.; bractéolas 3-5 mm compr., elípticas, obovais a ovais, pubescentes, verde escuro. Flores 1,4-1,7 cm compr., pediceladas; cálice 6-9 mm compr., campanulado, lacínias subiguais, estreito-triangulares, verde escuro, pubescentes; pétalas amarelas; estandarte com máculas vináceas, 1,3-1,4 cm compr., oboval a orbicular, ápice arredondado a retuso, seríceo; alas 1,2-1,4 cm compr., falcadas, glabas; pétalas da quilha 1,2-1,4 cm compr., falcadas, glabas; androceu monadelfo, 10 estames, 3-5 mm compr., anteras isomórficas, gineceu 0,3-1,5 cm compr., ovário séssil, 4-9 mm compr., velutino, estilete 5-9 mm compr., curvo. Sâmaras 3,5-5 × 2,5-5 cm, núcleo seminífero central, reniformes a elipsoides, glabros a pubescentes, marrons. Sementes 1-2 × 0,8-1,5 cm, reniformes, marrons a escuras.

Material examinado: nascente do Riacho Jatobá, 13.XI.2012, fl., J.S. Silva; G.S. Nascimento & D.S. Oliveira 1272 (HUNEB).

Material adicional: BRASIL. MATO GROSSO: Vila Progresso, Rod. MT-434, trevo para Vila Progresso, 26.X.1995, fr., G. Hatschbach et al. 63895 (HUEFS).

Pterocarpus zehntneri é encontrada nos estados da Bahia, Ceará, Maranhão, Minas Gerais e Piauí, onde cresce em áreas de Caatinga e de transição Caatinga-Cerrado (Lewis 1987Lewis GP (1987) Legumes of Bahia. Royal Botanic Gardens, Kew. 369p.; BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527). De acordo com Queiroz (2009)Queiroz LP (2009) Leguminosas da Caatinga. Associação Plantas do Nordeste, Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana / Royal Botanic Gardens, Kew. 467p., as únicas coletas de P. zehntneri na Bahia são as de Zehntner realizadas a mais 100 anos atrás, e foi recentemente recoletada na Serra Geral em Caetité, em uma área de transição Caatinga-Cerrado, em solos areno-argilosos, acima de 900 metros de altitude.

É facilmente identificada em campo pelo porte arbóreo avantajado em relação às outras plantas de mesmo porte dentro da tribo Dalbergieae, com cerca de 10 m de altura. As suas flores são amarelas vistosas, com máculas vináceas no estandarte. Possuem frutos sâmaras como em Dalbergia, no entanto, diferencia-se pela coloração das pétalas sendo amarelas em Pterocarus e roxas ou brancas em Dalbergia.

Nome popular: Vinhatico.

11. Stylosanthes Sw., Prodr. 7, 108. 1788.

Stylosanthes é um gênero pantropical, possui aproximadamente 48 espécies, onde maior parte destas espécies é encontrada nas regiões tropical, subtropical e temperada do continente americano (Lewis et al. 2005Lewis G, Schrire B, Mackinder B & Lock M (2005) Legumes of the world. Royal Botanic Gardens, Kew. 577p.; Costa 2006Costa NMS (2006) Revisão do genero Stylosanthes Sw. Tese de Doutorado. Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa. 494p.). Distribui-se principalmente em vegetação campestre dos Estados Unidos, América Central, da América do Sul, África, Madagascar, India e Ceilão (Molembrock 1961; Queiroz 2009Queiroz LP (2009) Leguminosas da Caatinga. Associação Plantas do Nordeste, Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana / Royal Botanic Gardens, Kew. 467p.), com poucas espécies na América Central e do Norte, África e Ásia. Este gênero possui uma ampla distribuição no território brasileiro, sendo representado por 31 espécies (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527), das quais seis ocorrem em Caetité.

Diferencia-se pelas folhas trifolioladas sem estipelas, estípulas adnadas à base do pecíolo, androceu monadelfo, formado por 10 estames e lomentos com um a dois artículos.

11.1. Stylosanthes capitata Vogel, Linnaea 12: 70. 1838. Fig. 6g

Subarbusto 0,4-0,5 m alt.; ramos cilíndricos, rufo-pubescentes, inermes. Estípulas 0,7-1,2 cm compr., basifixas, adnatas ao pecíolo formando uma bainha, bidentadas, pubescentes. Folhas trifolioladas; pecíolo 2-6 mm compr., pubescente; raque 1-2,2 cm compr.; estipelas ausentes; folíolos 0,5-1,5 × 0,3-0,7 cm, elípticos, membranáceos, discolores, base atenuada, ápice acuminado, margem inteira, pubescentes; nervação camptódroma. Espigas axilares ou terminais, 3-7 flores, 1-2,5 cm compr.; bractéolas 1-2 mm compr., lanceoladas, verdes, glabrescentes. Flores 4-6 mm compr., sustentadas por um eixo rudimentar; cálice 2-3 mm compr., campanulado, lacínias subiguais, ovais, verdes, pubescentes; pétalas amarelas, glabrescentes a glabras; estandarte monocromado, 3-5 mm compr., largo-elíptico, ápice arredondado; alas 2-3 mm compr., falcadas; pétalas da quilha 2-3 mm compr., falcadas; androceu monadelfo, 10 estames, 4-6 mm compr., anteras isomórficas; gineceu 2-3 mm compr., ovário estipitado, 1-2 mm compr., glabrescente, estípite 0,5-2 mm compr., estilete 0,7-0,9 mm compr., curvo. Lomentos 3-4 × 1-2 mm, 1-2-articulados, artículos ovoides, pubescentes, marrons. Sementes 2-4 × 2-3 mm, globosas, castanhas com manchas vináceas.

Material examinado: BR-430, Caetité-Igaporã, 15.IV.2017, fl. e fr., J.J.S. Ferreira 74 (HUNEB); loteamento da UPA, 19.II.2015, fl. e fr., J.J.S. Ferreira 19 (HUNEB); subida do cruzeiro, 27.II.2015, fl. e fr., J.J.S. Ferreira 28 (HUNEB).

Stylosanthes capitata distribui-se na América Central, norte da América do Sul e Brasil Central, estendendo-se até a Bolívia e Paraguai (Queiroz 2009Queiroz LP (2009) Leguminosas da Caatinga. Associação Plantas do Nordeste, Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana / Royal Botanic Gardens, Kew. 467p.). No Brasil é encontrada em diferentes estados das regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527). Na área de estudo foi registrada em ambientes de Caatinga arbustiva e Cerrado s.s., geralmente, em solos areno-argilosos, de 810 a 1.000 metros de altitude.

Esta espécie pode ser identificada em campo principalmente pelas inflorescências maiores se comparada com as demais espécies congenéricas, com 1,5-5 cm de comprimento. Além disso, os folíolos também podem ajudar na identificação desta espécie, pois apresenta folíolos maiores e mais largos que nos demais táxons ocorrentes em Caetité (0,5-1,5 × 0,5-1 cm em S. capitata vs. 3-10 × 2-5 mm nas demais espécies).

Nome popular: Estilosantes.

11.2. Stylosanthes gracilis Kunth., Nov. Gen. Sp. vi. 507. t. 596. 1823. Fig. 6h

Subarbusto ereto, 0,5-0,8 m alt.; ramos cilíndricos, glabros a pubescentes, esparso cerdosos, inermes. Estípulas 0,6-1,2 cm compr., adnatas ao pecíolo, bidentadas, glabras. Folhas trifolioladas; pecíolo 2-6 mm compr., glabro a pubescente; raque 1-3 cm compr.; estipelas ausentes; folíolos 5-7 × 3-5 mm, lineares, membranáceos, discolores, base aguda, ápice agudo, margem inteira, glabrescentes a pubescentes; nervação camptódroma. Espigas terminais, 2-3 flores, 0,5-1 cm compr.; bractéolas 1-2 mm compr., lanceoladas, verdes, glabrescentes. Flores 5-6 mm compr., não sustentadas por um eixo rudimentar; cálice 1-3 mm compr., campanulado, lacínias subiguais, ovais, pubescentes, verdes; pétalas amarelas, glabras; estandarte monocromado, 3-5 mm compr., elíptico, ápice arredondado; alas 2-3 mm compr., lanceoladas; pétalas da quilha 2-3 mm compr., lanceoladas; androceu monadelfo, 10 estames, 5-6 mm compr., anteras isomórficas; gineceu 3-4 mm compr., ovário estipitado, 2-3 mm compr., glabrescente, estípite 0,7-1 mm compr., estilete 0,9-1 mm compr., curvo. Lomentos 2-3 × ca.1 mm, 2-articulados, com articulo terminal ovoide, pubescentes, marrons. Sementes 2,5-3 × 1-2 mm, ovoides, marrom-escuras.

Material examinado: trilha do Riacho Jatobá, 17.III.2017, fl. e fr., J.J.S. Ferreira 77 (HUNEB); 4.III.2017, fl. e fr., J.J.S. Ferreira 73 (HUNEB).

Material adicional: BRASIL. BAHIA: Candiba, Fazenda Andes e Nasca, 19.IV.2007, fl. e fr., A.O. Soares Filho 214 (HUESB).

Stylosanthes gracilis ocorre na Bolívia, Brasil, Guiana Francesa, Panamá e Venezuela. No Brasil é encontrada na Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro e Roraima (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527). Na área de estudo, é encontrada em áreas de Caatinga arbustiva e Cerrado s.s., crescendo em solos areno-argilosos entre 900 a 1.000 metros de altitude.

Em Caetité é comum encontrá-la no período de floração e de frutificação sem folhas, pois os seus folíolos são precocemente caducos, sendo esta uma característica marcante desta espécie.

Nome popular: Estilosantes.

11.3. Stylosanthes guianensis (Aulb.) Sw. Kongl. Vetensk. Acad. Nya Handl. 10: 301. 1789. Fig. 6i

Subarbusto 0,4-0,7 m alt.; ramos cilíndricos, pubescentes, tricomas setosos, inermes. Estípulas 0,6-1 cm compr., basifixas, adnatas ao pecíolo, bidentadas. Folhas trifolioladas; pecíolo 2-6 mm compr., pubescente; raque 1-2,5 cm compr.; estipelas ausentes; folíolos 0,5-1,3 × 0,1 cm, elípticos a lanceolados, papiráceos, discolores, base arredondada a atenuada, ápice atenuado, arredondado a mucronado, margem inteira, pubescentes; nervação camptódroma. Espigas terminais, 7-15 flores, 0,9-1,5 cm compr.; bractéolas 1-2 mm compr., elípticas, verdes, pubescentes. Flores 5-7 mm compr., não sustentadas por um eixo rudimentar; cálice 3-4 mm compr., campanulado, lacínias subiguais, ovais, verde, pubescentes; pétalas amarelas, glabras; estandarte monocromado, 4-5 mm compr., largo-elíptico, ápice arredondado a retuso; alas 3-4 mm compr., falcadas; pétalas da quilha 2-3 mm compr., falcadas; androceu monadelfo, 10 estames, 4-6 mm compr., anteras isomórficas; gineceu 1-3 mm compr., ovário estipitado, 1-3 mm compr., glabrescente, estípite 0,5-1 mm compr., estilete 0,7-0,9 mm compr., curvo. Lomentos 1-2 × ca. 2 mm, 1-2-articulados, ovoides, pubescentes, marrons. Sementes 2-3 × 1-2 mm, ovoides, castanhas com manchas enegrescidas.

Material examinado: BR-430, Caetité-Igaporã, 15.IV.2017, fl. e fr., J.J.S. Ferreira 75 (HUNEB); loteamento da UPA, 5.III.2015, fl. e fr., J.J.S. Ferreira 56 (HUNEB).

Material adicional: BRASIL. BAHIA: Jacobina, 7.IV.2001, fl. e fr., T. Ribeiro 173 (HUESC).

Stylosanthes guianensis tem ampla distribuição na região neotropical (Bolívia, Brasil, Colômbia, México, Costa Rica e Panamá), onde cresce em diferentes tipos vegetacionais (Ferreira & Costa 1979Ferreira MB & Costa NMS (1979) O gênero Stylosanthes Sw. no Brasil. Epamig, Belo Horizonte. 107p.). No Brasil ocorre de norte a sul, geralmente associada aos diversos tipos de vegetação e solos (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527). É encontrada em Caetité crescendo em áreas de Caatinga arbustiva e Cerrado s.s., em solos areno-argilosos, entre 810 e 900 metros.

Pode ser reconhecida pela presença de tricomas setosos nos ramos e pelas inflorescências terminais maiores que as apresentadas por S. scabra e S. viscosa.

Nome popular: Estilosantes.

11.4. Stylosanthes macrocephala M.B. Ferreira & S. Costa, An. Soc. Bot. Brasil, XXVIII Congr. Nac. Bot. 87. 1978. Fig. 6j

Subarbusto 0,5-0,7 m alt.; ramos cilíndricos, inermes, pubescentes a glabrescentes. Estípulas 0,7-1 cm compr., basifixas, adnatas ao pecíolo, bidentadas, soldadas ao caule, pubescentes. Folhas trifolioladas; pecíolo 3-6 mm compr., pubescente; raque 0,5-2 cm compr.; estipelas ausentes; folíolos 0,5-1,5 × 0,5-1 cm, elípticos a lanceolados, papiráceos, discolores, base arredondada, ápice cuneado, atenuado a mucronado, margem inteira, pubescentes; nervação camptódroma. Espigas terminais, 6-12 flores, 0,7-2,5 cm compr.; bractéolas 2-3 mm compr., ovais, arroxeadas, glabrescentes. Flores 5-6 mm compr., sustentadas por um eixo rudimentar; cálice 3-4 mm compr., campanulado, lacínias subiguais, ovais, verde, pubescentes; pétalas amarelas com estrias vináceas; estandarte monocromado, 4-5 mm compr., orbicular a largo-elíptico, ápice arredondado a retuso, glabro; alas 3-4 mm compr., lanceoladas, glabrescentes; pétalas da quilha 3-4 mm compr., lanceoladas, glabrescentes; androceu monadelfo, 10 estames, 5-6 mm compr., anteras isomórficas; gineceu 2-3 mm compr., ovário estipitado, 1-3 mm compr., glabrescente, estípite 0,5-3 mm compr., estilete 0,7-0,9 mm compr., curvo. Lomentos 2-4 × ca. 2 mm, 1-2-articulados, ovoides, pubescentes, marrons. Sementes 3-4 × 1-3 mm, globosas a ovoides, avermelhadas com manchas escuras.

Material examinado: Caetité-Igaporã, 15.IV.2017, fl. e fr., J.J.S. Ferreira 76 (HUNEB). Brejinho das Ametistas, 10.I.2006, fl. e fr., A.K.A. Santos et al. 580 (HUEFS); loteamento UPA, 5.III.2015, fl. e fr., J.J.S. Ferreira 57 (HUNEB).

No Brasil, S. macrocephala é encontrada nas regiões Nordeste (BA e PE), Centro-Oeste (DF, GO e MS) e Sudeste (MG e SP) (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527). Em Caetité ocorre em vegetação de Caatinga arbustiva e Cerrado s.s. associada aos solos areno-argilosos, entre 810 e 900 metros de altitude.

Esta é uma espécie de fácil identificação em campo pelo fato de ser a única do gênero que apresenta brácteas externas arroxeadas.

Nome popular: Estilosantes.

11.5. Stylosanthes scabra Vogel, Linnaea 12: 69-70. 1838. Fig. 6k

Subarbusto 0,5-0,6 m alt.; ramos cilíndricos, inermes, híspidos, glandulares, amarronzados. Estípulas 6-9 mm compr., basifixas, adnatas ao pecíolo, bidentadas, pubescentes. Folhas alternas, trifolioladas; pecíolo 2-6 mm compr., pubescente; raque 1-1,7 cm compr.; estipelas ausentes; folíolos 0,5-1,1 × ca. 0,5 cm, elípticos, os terminais maiores que os basais, papiráceos, discolores, base arredondada e ápice mucronado, margem inteira, glândulas puntiformes presentes, pubescentes; nervação camptódroma. Espigas axilares, 4-7-flores, 0,7-1,3 cm compr.; bractéolas 1-2 mm compr., elípticas a lanceoladas, verdes, glabrescentes. Flores 4-6 mm compr., pediceladas; cálice 2-3 mm compr., campanulado, verde, lacínias subiguais, ovais, pubescentes; pétalas amarelas; estandarte monocromado, 4-5 mm compr., largo-elíptico, ápice arredondado, glabro; alas 2-3 mm compr., lanceoladas, glabrescentes; pétalas da quilha 2-3 mm compr., lanceoladas a elipsoides, glabras; androceu monodelfo, 10 estames, 4-6 mm compr., anteras isomórficas; gineceu 1-3 mm compr., ovário estipitado, 1-3 mm compr., glabrescente, estípite 0,3-1 mm compr., estilete 0,7-1 mm compr., curvo. Lomentos 1-3 × ca. 2 mm, 1-2-articulados, artículos ovoides, pubescentes, marrons. Sementes 2-3 × 1-2 mm, globosas, castanhas.

Material examinado: BR-30, Caetité-Guanambi, 27.II.2015, fl. e fr., J.J.S. Ferreira 26 (HUNEB). Brejinho das Ametistas, 26.III.2009, fl. e fr., M.S. Silva et al. 66 (HUNEB); 4.II.2010, fl. e fr., M.S. Silva et al. 75 (HUNEB).

Stylosanthes scabra distribui-se na Argentina, Bolívia, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Porto Rico, Estados Unidos e Venezuela. No Brasil pode ser encontrada de Norte a Sul, associada a diferentes tipos vegetacionais (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527). Na área de estudo cresce em áreas de Caatinga arbustiva e Cerrado s.s., frequentemente em solos areno-argilosos, entre 810 e 1.000 metros de altitude.

É uma espécie que pode ser confundida com Stylosanthes viscosa, porém o que as diferem é a presença de tricomas glandulares nos folíolos e caule de S. viscosa sendo que em S. scabra as glândulas puntiformes estão restritas aos folíolos.

Nome popular: Estilosantes.

11.6. Stylosanthes viscosa (L.) Sw. Prodr. 108. 1788. Figs. 3l; 7a-g

Subarbusto 0,5-0,6 m alt.; ramos cilíndricos, inermes, seríceos a híspidos, com tricomas glandulares, marrons. Estípulas 0,8-1 cm compr., subuladas, peltadas, adnatas ao pecíolo, soldadas ao caule, bidentadas, pubescentes. Folhas alternas, trifolioladas; pecíolo 3-5 mm compr., pubescente; raque 1,5-3 cm compr.; estipelas ausentes; folíolos 1,1-2 × 0,6-0,7 cm, elípticos, os terminais maiores que os basais, membranáceos, discolores, base arredondada, ápice atenuado, margem inteira, pubescentes; nervação camptódroma. Espigas terminais, 3-6 flores, 1-1,5 cm compr.; bractéolas 1-2 mm compr., lanceoladas a elípticas, verdes, glabras. Flores 4-5 mm compr., não sustentadas por um eixo rudimentar; cálice 1-2 mm compr., campanulado, lacínias subiguais, deltoides, pubescentes nas lacínias; pétalas amarelas; estandarte com máculas vináceas, 3-4 mm compr., oboval a orbicular, ápice retuso a emarginado, glabrescente; alas 2-3 mm compr., lanceoladas, glabras; pétalas da quilha 3-4 mm compr., lanceoladas a elipsoides, glabras; androceu monodelfo, 10 estames, 3-5 mm compr., anteras isomórficas; gineceu 1-3 mm compr., ovário estipitado, 2-3 mm compr., glabrescente, estípite 0,6-1 mm compr., estilete 0,7-1 mm compr., curvo. Lomentos 7-8 × ca. 1 mm, 1-2-articulados, ovoides, pubescentes, marrons. Sementes 1-2 × 1-2 mm, reniformes, marrom esverdeadas.

Material examinado: Brejinho das Ametistas, 4.II.2010, fl. e fr., M.S.Silva et al. 77 (HUNEB); loteamento próximo à UPA, BR-430, Caetité-Igaporã, 16.I.2015Silva MF (2015) Dalbergieae (Leguminosae-Papilionoideae) nas restingas amazônicas. Vol. 68. Pesquisas Botânicas, São Leopoldo. Pp. 83-105., fl. e fr., J.J.S. Ferreira 7 (HUNEB); subida do Cruzeiro, 27.II.2015, fl. e fr., J.J.S. Ferreira 28 (HUNEB); UPA, próximo ao posto 1Rancho Alegre, 19.II.2015, fl. e fr., J.J.S. Ferreira 19 (HUNEB).

Stylosanthes viscosa possui ampla distribuição na região Neotropical (Queiroz 2009Queiroz LP (2009) Leguminosas da Caatinga. Associação Plantas do Nordeste, Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana / Royal Botanic Gardens, Kew. 467p.). No Brasil ocorre em todas as regiões e praticamente em todos os estados (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527). Nas vegetações ocorrentes no município de Caetité, esta espécie é bem distribuída, principalmente, em áreas de Caatinga arbustiva e de Cerrado s.s., sobre solos areno-argilosos, em altitudes que variam entre 810 a 1.000 metros.

É uma espécie de fácil identificação em campo, pois possui tricomas glandulares que secretam substâncias viscosas que cobrem o caule e os folíolos.

Nome popular: Estilosantes.

12. Zornia J.F.Gmel., Syst. Nat. 2(2): 1076, 1096. 1791.

O gênero Zornia apresenta distribuição pantropical e possui aproximadamente 75 espécies das quais, 37 ocorrem no Brasil, associadas principalmente a habitats abertos (Fortuna-Perez et al. 2011Fortuna-Perez AP & Tozzi AMGA (2011) Nomenclatural Changes for Zornia (Leguminosae, Papilionoideae, Dalbergieae). Novon 21: 331-337.; BFG (018). Na área de estudo está representado por três espécies.

Caracteriza-se pelo hábito subarbustivo, estípulas peltadas, folhas com dois ou quatro folíolos, estipelas ausentes, inflorescências espiciformes, com as flores sésseis com pétalas amarelas, androceu monadelfo (10) com anteras dimorfas, e fruto lomento.

12.1. Zornia brasiliensis Vogel, Linnaea 12: 62. 1838. Figs. 6m; 7h-n

Figura 7
a-g. Stylosanthes viscosa – a. ramo; b. estípula; c-d. detalhe dos folíolos com face adaxial mostrando indumento; e. detalhe da face abaxial do folíolo; f. folha. g. flor. h-n. Zornia brasiliensis – h. ramo; i. detalhe do folíolo com face adaxial mostrando indumento; j-l. detalhe da face abaxial do folíolo; m. folha; n. flor. o-u. Zornia latifolia – o. ramo; p. detalhe do folíolo com face adaxial mostrando indumento; q-r. detalhe da face abaxial do folíolo; s. folha; t. flor; u. fruto. v-c’. Zornia sericea – v. ramo; w-x. detalhe dos folíolos com face adaxial mostrando indumento; y-z. detalhe da face abaxial do folíolo; a’. folha; b’. inflorescência; c’. fruto. (a-g. J.J.S. Ferreira 7; h-n. J.S. Silva et al. 1288; o-u. J.J.S. Ferreira 36; v-c’. J.J.S. Ferreira et al. 69).
Figure 7
a-g. Stylosanthes viscosa – a. branch; b. stipule; c-d. detail of the leaflet with adaxial surface showing the indumentum; e. detail of the abaxial surface of leaflet; f. leaf; g. flower. h-n. Zornia brasiliensis – h. branch; i. detail of the leaflet with adaxial surface showing the indumentum; j-l. detail of the abaxial surface of leaflet; m. leaf; n. flower. o-u. Zornia latifolia – o. branch; p. detail of the leaflet with adaxial surface showing the indumentum; q-r. detail of the abaxial surface of leaflet; s. leaf; t. flower; u. fruit. v-c’. Zornia sericea – v. branch; w-x. detail of the leaflet with adaxial surface showing the indumentum; y-z. detail of the abaxial surface of leaflet; a’. leaf; b’. inflorescence; c’. fruit. (a-g. J.J.S. Ferreira 7; h-n. J.S. Silva et al. 1288; o-u. J.J.S. Ferreira 36; v-c’. J.J.S. Ferreira et al. 69).

Subarbusto ereto, 0,6-0,7 m alt.; ramos cilíndricos, seríceos, tricomas cinéreos, inermes. Estípulas 2-6 mm compr., deltoides, peltadas, pubescentes. Folhas tetrafolioladas, palmada; pecíolo 0,6-1,1 cm compr., pubescente; raque 1,9-2,5 cm compr.; estipelas ausentes; folíolos 0,6-2,1 × 0,4-0,5 cm, oblonceolados, obovais a elípticos, os terminais maiores que os basais, membranáceos, concolores, base atenuada, ápice mucronado, margem inteira, pubescentes, com glândulas puntiformes; nervação camptódroma. Espigas axilares, 5-15 flores, 1,5-5,5 cm compr.; bractéolas 2-4 mm compr., ovais a elípticas, pubescentes, verdes, glândulas puntiformes. Flores 4-5 mm compr., sésseis; cálice 3-4 mm compr., campanulado, lacínias subiguais, deltoides, pubescentes; pétalas amarelas; estandarte monocromado, 6-8 mm compr., oval a orbicular, ápice arredondado, glabro; alas 6-7 mm compr., lanceoladas, glabras; pétalas da quilha 6-7 mm compr., lanceoladas a falcadas; glabras; androceu monodelfo, 10 estames, 2-6 mm compr., anteras isomórficas; gineceu 2,5-8 mm compr., ovário séssil, 2-4 mm compr., estrigoso, estilete 0,5-5 mm compr., curvo. Lomentos 3-7 × ca. 0,5 cm, 6-10-articulados, artículos ovoides, equinados, pubescentes, marrons. Sementes 2-2,5 × 0,8-1 mm, globosas, amareladas.

Material examinado: Brejinho das Ametistas, próximo à cidade, 11.XI.2014, fl. e fr., J.S. Silva et al.1288 (HUNEB); 22.V.2008, fl. e fr., M.L. Guedes & F.S. Gomes 14415 (ALCB).

Material adicional: BRASIL. BAHIA: Morro do Chapéu, Piemonte da Diamantina, ponto 03, Parque do Morro do Chapéu, 24.IV.2010, fl. e fr., M.L. Guedes et al 17005 (ALCB).

Zornia brasiliensis ocorre desde a Bolívia à Colômbia, Equador e Venezuela, sendo comum em áreas degradadas (Fortuna-Perez 2009Fortuna-Perez AP (2009) O gênero Zornia J.F.Gmel (Leguminosae, Papilionoideae, Dalbergieae): revisão taxonômica das espécies ocorrentes no Brasil e filogenia. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 285p.). No Brasil pode ser encontrada nas regiões Norte (PA), Nordeste (AL, BA, CE, PB, PE, RN e SE), Centro-Oeste (GO e MS) e Sudeste (ES e MG) (Mohlenbrock 1961Mohlenbrock R (1961) A monograph of the leguminous genus Zornia. Webbia 16: 1-141.; Fortuna-Perez 2009; Fortuna-Perez et al. 2011). Em Caetité foi registrada em áreas de Caatinga arbustiva, Cerrado s.s. ou antropizadas, geralmente, associadas a solos areno-argilosos, em altitude acima de 900 metros.

Caracteriza-se pelas folhas tetrafolioladas, folíolos, brácteas com glândulas puntiformes e lomento com artículos equinados.

Nome popular: Mata pasto-carrapicho.

12.2. Zornia latifolia DC., Prodr. 2: 317. 1825. Figs. 6n; 7o-u

Subarbusto decumbente, 0,4-0,5 m alt.; ramos cilíndricos, ramificados, pubescentes, tricomas rufos, inermes. Estípulas 3-5 mm compr., ovais, peltadas, glândulas puntiformes presentes. Folhas bifolioladas; pecíolo 0,8-1,1 cm compr. pubescente; raque 2-3 cm compr.; estipela ausente; folíolos 2,7-5 × 0,4-1 cm, lanceolados a ovais, membranáceos, concolores, base arredondada, ápice cuspidado, margem inteira, glabrescentes, com glândulas puntiformes na face abaxial; nervação camptódroma. Espigas axilares, 6-14 flores, 5-11,5 cm compr.; bractéolas 3-4 mm compr., lanceoladas, verdes, pubescentes. Flores 5-6 mm compr., sésseis; cálice 1-2 mm compr., campanulado, lacínias subiguais, estreito-triangulares, pubescentes; pétalas amarelas; estandarte com máculas vináceas, 4-5 mm compr., oval a orbicular, ápice cuneado, glabro; alas 3-4 mm compr., lanceoladas a falcadas, glabras; pétalas da quilha 3-4 mm compr., falcadas, glabras; androceu monodelfo, 10 estames, 3-3,5 mm compr., anteras isomórficas; gineceu 2,5-8 mm compr., ovário séssil, 1-3 mm compr., estrigoso, estilete 0,3-5 mm compr., curvo. Lomentos 1,1-4,2 × ca. 0,5 cm, 5-8-articulados, artículos ovoides, equinados, pubescentes, verde escuro. Sementes 1-2,5 × 0,5-1 mm, globosas, verde claros.

Material examinado: Av. Olimar Oliveira, próximo à caixa d’água da EMBASA, 15.I.2015, fl. e fr., J.J.S. Ferreira 36 (HUNEB). Brejinho das Ametistas, estrada para Brejinho das Ametistas, 19.I.2009, fl., L.V. Vasconcelos et al. 132 (HUNEB); Fazenda Capão de Plástico, 19.V.2009, fl. e fr., M.S.Silva et al. 30 (HUNEB); UNEB - Campus VI, 3.III.2015Silva MF (2015) Dalbergieae (Leguminosae-Papilionoideae) nas restingas amazônicas. Vol. 68. Pesquisas Botânicas, São Leopoldo. Pp. 83-105., fl. e fr., J.J.S. Ferreira 40 (HUNEB); 3.III.2015, fl. e fr., J.J.S. Ferreira 2 (HUNEB); Sopro de Vida, entrada para a nascente do Riacho Jatobá, 28.II.2015, fl. e fr., J.J.S. Ferreira et al. 38 (HUNEB).

Zornia latifolia tem ampla distribuição na América do Sul, ocorrendo desde a Venezuela até o Uruguai e Argentina, sendo citada ainda para a África (Mohlenbrock 1961Mohlenbrock R (1961) A monograph of the leguminous genus Zornia. Webbia 16: 1-141.). A distribuição de Zornia latifolia no Brasil é bastante ampla, sendo registrada nos domínios fitogeográficos da Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal. (Sciamarelli & Tozzi 1996Sciamarelli A & Tozzi AMGA (1996) Zornia J.F. Gmel (Leguminosae-Papilionoideae-Aeschynomeneae) no estado de São Paulo. Acta Botanica Brasilica 10: 237-266.; Fortuna-Perez 2009Fortuna-Perez AP (2009) O gênero Zornia J.F.Gmel (Leguminosae, Papilionoideae, Dalbergieae): revisão taxonômica das espécies ocorrentes no Brasil e filogenia. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 285p.). Em Caetité é comumente encontrada em áreas de Caatinga arbustiva, Cerrado s.s. e nos canteiros de vias públicas e margens de estradas. Cresce em solos areno-argilosos entre 810 a 1.000 metros de altitude.

Tanto Zornia latifolia quanto Z. sericea apresentam folhas bifolioladas e podem, portanto, serem confundidas, entretanto, as bractéolas nesta espécies são distintas pelo tipo de indumento rufo em Z. latifolia e cinéreo em Z. sericea.

Nome popular: Mata pasto-carrapicho.

12.3. Zornia sericea Moric. Pl. Nouv. Amer. 126. t. 75. 1844. Figs. 6o; 7v-c

Subarbusto ereto, 0,2-0,4 m alt., decumbente; ramos cilíndricos, ramificados, pubescentes a seríceos, tricomas cinéreos. Estípulas 3-7 mm compr., elípticas a ovais, peltadas, pubescentes. Folhas bifolioladas; pecíolo 1-1,2 cm compr., pubescente; raque 1,5-2 cm compr.; estipelas ausentes; folíolos 1-1,5 × ca. 0,5 cm, elípticos a ovais, membranáceos, base arredondada, ápice atenuado, margem inteira, seríceos; nervação inconspícua. Espigas axilares, 3-8 flores, 4-6,5 cm compr.; bractéolas 2-4 mm compr., elípticas, pubescentes, verdes. Flores 5-7 mm compr., sésseis; cálice 4-5 mm compr., campanulado, bilabiado, lacínias subiguais, deltoides, pubescente; pétalas amarelas; estandarte com máculas vináceas, 6-8 mm compr., obovado a orbicular, ápice cuneado, glabro; alas 6-7 mm compr., lanceoladas, glabras; pétalas da quilha 8-9 mm compr., falcadas a elípticas, glabras; androceu monodelfo, 10 estames, 2-6 mm compr., anteras isomórficas; gineceu 2,5-4 mm compr., ovário séssil, 2-3 mm compr., estrigoso, estilete 0,5-5 mm compr., curvo. Lomentos 1,2-1,5 × 0,3-0,5 cm, 5-7-articulados, artículos ovoides, pubescentes, marrons. Sementes 1-2,5 × 1-2 mm, elipsoides, amareladas com manchas vináceas.

Material examinado: Fazenda Fetos, 29.VII. 2016, fl. e fr., J.J.S. Ferreira et al. 69 (HUNEB); Passagem da Pedra, 19.XI.2009, fl. e fr., M.S. Silva & P.N. Cunha 40 (HUNEB).

Material adicional: BRASIL. BAHIA: Guanambi, Parque Estadual da Serra dos Montes Altos - Cabeça d’Anta, 30.XI.2014, fr., E.C. Costa & J.S. Nascimento 267 (HUNEB); Remanso, caminho para Pau Ferro, 27.II.2000, fl. e fr., M.R. Fonseca 46315 (HUNEB - Coleção Alagoinhas).

Zornia sericea tem ocorrência confirmada na Bolívia, Venezuela, Equador, Peru, Guianas e Colômbia (Fortuna-Perez 2009Fortuna-Perez AP (2009) O gênero Zornia J.F.Gmel (Leguminosae, Papilionoideae, Dalbergieae): revisão taxonômica das espécies ocorrentes no Brasil e filogenia. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 285p.). No Brasil é registrada apenas para a região Nordeste, na Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco e Piauí (Queiroz 2009Queiroz LP (2009) Leguminosas da Caatinga. Associação Plantas do Nordeste, Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana / Royal Botanic Gardens, Kew. 467p.; Fortuna-Perez 2009Fortuna-Perez AP (2009) O gênero Zornia J.F.Gmel (Leguminosae, Papilionoideae, Dalbergieae): revisão taxonômica das espécies ocorrentes no Brasil e filogenia. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 285p.). Esta espécie foi verificada tanto dentro do perímetro urbano de Caetité crescendo em áreas degradadas quanto em áreas de Caatinga arbustiva, geralmente, em solos argilosos, entre 810 a 900 metros de altitude.

É a única espécie de Zornia encontrada em Caetité com o hábito herbáceo, cujos folíolos são elípticos a ovais, seríceos, com ápice atenuado, sem glândulas puntiformes.

Nome popular: Mata pasto-carrapicho.

Agradecimentos

Agradecemos à CAPES, a concessão da bolsa de Mestrado à segunda autora; aos curadores e aos técnicos dos Herbários visitados (HUEFS, HUNEB), a atenção e acolhimento durante a consulta às coleções; à Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Ciências Humanas - Campus VI, o suporte laboratorial e auxílio às coletas; ao Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Vegetal (PPGBveg/UNEB), o apoio financeiro às ilustrações; a Regina Carvalho, as ilustrações.

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Editado por

Editora de área: Dra. Cassia Sakuragui

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    20 Dez 2019
  • Data do Fascículo
    2019

Histórico

  • Recebido
    25 Set 2017
  • Aceito
    30 Ago 2018
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