Acessibilidade / Reportar erro

O gênero Senna (Leguminosae-Caesalpinioideae) no município de Caetité, Bahia, Brasil

The genus Senna (Leguminosae-Caesalpinioideae) in the municipality of Caetité, Bahia, Brazil

Resumo

É apresentado o estudo taxonômico do gênero Senna para o município de Caetité, Bahia, como parte do Projeto Flora de Caetité. Este município possui uma vegetação bastante complexa e que varia dependendo do solo, inclinação de montanha e elevação, sendo constituída por áreas de Caatinga, Campo rupestre, Cerrado e Mata de Galeria. Foram realizadas coletas do material botânico no período de fevereiro 2015 a junho de 2017 através de caminhadas aleatórias mensais. Além das espécies coletadas em campo, foram analisados também materiais dos herbários HUEFS e HUNEB - Coleção Caetité. Foram reconhecidos 14 táxons (13 espécies), dos quais Senna cana var. hypoleuca, S. occidentalis, S. rizzinii, S. spectabilis var. excelsa e S. uniflora são novos registros para a área de estudo. Entre os táxons encontrados, três são endêmicos do Nordeste brasileiro, S. acuruensis, S. aversiflora e S. rizzinii. São apresentadas chaves de identificação, descrições, ilustrações, além de comentários sobre afinidades, distribuição geográfica e fenologia de todos os táxons.

Palavras-chave:
Casiinae; Fabaceae; florística; nordeste brasileiro; Semiárido

Abstract

A taxonomic study of the genus Senna in the municipality of Caetité, Bahia is presented as a part of the Project Flora of Caetité. This municipality presents a diverse landscape in terms vegetational aspects, with areas of Caatinga, Rupestrian field, Cerrado, and Gallery vegetation, influenced by soil types, and the elevation and inclination of the land. Specimens were collected were collected in the period from February 2015 to June 2016 during random walks through the area. In addition to the plants collected in the field, specimens from the HUEFS and HUNEB/Collection Caetité herbaria were also analyzed. A total of 14 taxa (13 species) were recognized, of which Senna cana var. hypoleuca, S. occidentalis, S. rizzinii, S. spectabilis var. excelsa, and S. uniflora are new records in the study area. Among the taxa found, three are endemic to the Brazilian northeast: S. acuruensis, S. aversiflora, and S. rizzinii. This work comprises identification key, descriptions, illustrations, taxonomic comments, geographical distribution and phenology of all taxa.

Key words:
Casiinae; Fabaceae; floristics; Brazilian northeastern; Semiarid

Introdução

Senna Mill. é um gênero monofilético pertencente à tribo Cassieae juntamente com os gêneros Cassia L. e Chamaecrista Moench (Lewis 2005Lewis GP (2005) Cassieae. In: Lewis GP, Schrire B, Mackinder B & Lock M (eds.) Legumes of the world. Royal Botanic Gardens, Kew. Pp. 111-125.; Marazzi et al. 2006Marazzi B, Endress PK, Queiroz LP & Conti E (2006) Phylogenetic relationships within Senna (Leguminosae, Cassiinae) based on three chloroplast DNA regions: patterns in the evolution of floral symmetry and extrafloral nectaries. American Journal of Botany 93: 288-303.). Diferencia-se destes pelas folhas geralmente com nectários extraflorais convexos ou clavados entre os pares de folíolos, ausência de bractéolas, flores zigomorfas ou assimétricas, pentâmeras, com pétalas amarelas, anteras basifixas e frutos indeiscentes em sua maioria (Irwin & Barneby 1982Irwin HS & Barneby RC (1982) The American Cassinae. A synoptical revision of Leguminosae, tribe Cassieae, subtribe Cassinae in the new world. Memoires of the New York Botanical Garden 35: 1-918. ).

Senna apresenta distribuição pantropical e é constituído por aproximadamente 300 espécies (Irwin & Barneby 1982Irwin HS & Barneby RC (1982) The American Cassinae. A synoptical revision of Leguminosae, tribe Cassieae, subtribe Cassinae in the new world. Memoires of the New York Botanical Garden 35: 1-918. ; Lewis 2005Lewis GP (2005) Cassieae. In: Lewis GP, Schrire B, Mackinder B & Lock M (eds.) Legumes of the world. Royal Botanic Gardens, Kew. Pp. 111-125.), das quais 200 ocorrem no continente americano (Irwin & Barneby 1982Irwin HS & Barneby RC (1982) The American Cassinae. A synoptical revision of Leguminosae, tribe Cassieae, subtribe Cassinae in the new world. Memoires of the New York Botanical Garden 35: 1-918. ). No Brasil, está representado por 80 espécies com distribuição nos vários tipos de vegetação e fitofisionomias (BGF 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Segundo o BGF (2015)BFG - Brazilian Flora Group (2018) Innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69 (4): 1513-1527., a Região Nordeste é o centro de diversidade do gênero com 54 espécies, destas 27 são endêmicas. Na Bahia, ocorrem 50 espécies de Senna, o que torna o estado com maior diversidade do gênero no Brasil.

Informações taxonômicas, ecológicas e de distribuição geográfica sobre as espécies brasileiras de Senna podem ser encontradas, por exemplo, em floras regionais. Dentre estas podemos citar os trabalhos de Lewis (1987)Lewis GP (1987) Legumes of Bahia. Royal Botanic Gardens, Kew. 369p. para o estado da Bahia, Rodrigues et al. (2005)Rodrigues RS, Flores AS, Miotto STS & Baptista LRM (2005) O gênero Senna (Leguminosae, Caesalpinioideae) no Rio Grande do Sul, Brasil. Acta Botanica Brasilica 19: 1-16. para o estado do Rio Grande do Sul, Queiroz (2009)Queiroz LP (2009) Leguminosas da Caatinga. Associação Plantas do Nordeste. Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana / Royal Botanic Gardens, Kew. 443p. para a Caatinga, Bortoluzzi et al. (2011)Bortoluzzi RLC, Miotto STS & Reis A (2011) Leguminosas-Cesalpinioideas: Tribo Cassieae. Flora Ilustrada Catarinense. Vol. 4. Herbário Barbosa Rodrigues, Itajaí. 331p. para Santa Catarina, Santos et al. (2017)Santos JP, Souza AO & Silva MJ (2017) Taxonomia e diversidade do gênero Senna Mill. (Leguminosae, Caesalpinioideae, Cassieae) no estado de Goiás, Brasil. Iheringia, Série Botânica 72: 75-105. para o estado de Goiás, Romão & Souza (2016)Romão GO & Souza VC (2016) Senna P. Miller. In: Wanderley MGL, Shepherd GJ, Melhem TS, Giulietti AM & Martins SE (eds.) Flora fanerogâmica do estado de São Paulo. Instituto de Botânica, São Paulo. Vol. 8, pp. 51-62. para Flora fanerogâmica do estado de São Paulo, Azevedo & Conceição (2017)Azevedo FP & Conceição AS (2017) The genus Senna Mill. (Leguminosae: Caesalpinioideae) in the Serra Geral of Licínio de Almeida, Bahia, Brazil. Acta Scientiarum. Biological Sciences 39: 95-112. para a Serra Geral de Licínio de Almeida (BA), Correias & Conceição (2017)Correia CLSB & Conceição AS (2017) The genus Senna Mill. (Leguminosae: Caesalpinioideae) in a fragment of the Ecological Station Raso da Catarina, Bahia, Brazil. Acta Scientiarum. Biological Sciences 39: 357-372. para a Estação Ecológica Raso da Catarina (BA) e Silva et al. (2018)Silva MJ , Santos JP & Souza JPS (2018) Sinopse taxonômica do gênero Senna (Leguminosae, Caesalpinioideae, Cassieae) na Região Centro-Oeste do Brasil. Rodriguésia 69: 733-763. para a Região Centro-Oeste.

Embora haja informações sobre a diversidade de Senna no estado da Bahia (Lewis 1987Lewis GP (1987) Legumes of Bahia. Royal Botanic Gardens, Kew. 369p.; Queiroz 2009Queiroz LP (2009) Leguminosas da Caatinga. Associação Plantas do Nordeste. Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana / Royal Botanic Gardens, Kew. 443p.; Azevedo & Conceição 2017Azevedo FP & Conceição AS (2017) The genus Senna Mill. (Leguminosae: Caesalpinioideae) in the Serra Geral of Licínio de Almeida, Bahia, Brazil. Acta Scientiarum. Biological Sciences 39: 95-112.; Correia & Conceição 2017Correia CLSB & Conceição AS (2017) The genus Senna Mill. (Leguminosae: Caesalpinioideae) in a fragment of the Ecological Station Raso da Catarina, Bahia, Brazil. Acta Scientiarum. Biological Sciences 39: 357-372.), estudos florístico-taxonômicos o abordando para o munícipio de Caetité, situado na região centro-sul da Bahia, são escassos. Fato preocupante, pois a vegetação de Caetité vem sendo modificada pelo desmatamento, queimadas, culturas irrigadas, atividades de mineração e produção de energia eólica (IBGE 2017IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2017) Caetité - BA / Histórico. Disponível em <http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=290520&search=bahia|caetite|infograficos:-informacoes-completas>. Acesso em 25 agosto 2017.
http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/per...
).

Devido ao pouco conhecimento sobre a diversidade do gênero Senna no estado Bahia, especialmente na região centro-sul, objetivou-se realizar o tratamento taxonômico das espécies de Senna ocorrentes em Caetité, BA. Foram elaboradas chave de identificação, descrições e ilustrações, além de comentários taxonômicos e sobre distribuição dos táxons.

Material e Métodos

O município de Caetité situa-se na porção centro-sul do estado da Bahia, no Território de Identidade Sertão Produtivo, com uma extensão de 2.651.536 km2, localizado entre as coordenadas 13º59’46”S e 42º31’20”W (Fig. 1), distante 757 km da capital Salvador (IBGE 2017IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2017) Caetité - BA / Histórico. Disponível em <http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=290520&search=bahia|caetite|infograficos:-informacoes-completas>. Acesso em 25 agosto 2017.
http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/per...
). A altitude varia de 825 a mais de 1.000 m e o clima Aw ameno segundo Köppen (1948)Köppen W (1948) Climatologia: com um estudio de los climas de la terra. F.C.E., Ciudad de México. 87p. . A temperatura média anual é de 21,4 ºC (média máxima de 26,8 ºC e mínima de 16,4 ºC), com precipitação média de 715 mm concentrada nos meses de outubro a abril (INMET 2017INMET - Instituto Nacional de Meteorologia (2017) Disponível em <http://www.inmet.gov.br/portal>. Acesso em 25 agosto 2017.
http://www.inmet.gov.br/portal...
). A vegetação é constituída de áreas de Caatinga arbustiva e arbórea, Campo rupestre, Cerrado s.s., Floresta estacional semidecidual, Mata de galeria e áreas de transição Caatinga-Cerrado (SEI 2016SEI - Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (2016) Sistema de informações municipais. Disponível em <http://www.sei.ba.gov.br>. Acesso em 25 agosto 2017.
http://www.sei.ba.gov.br...
; Vasconcelos et al. 2012Vasconcelos MF, Souza FJ, Parrini R, Serpa GA, Albano C, Abreu CRM, Santos SS & Neto FPF (2012) The avifauna of Brejinho das Ametistas, Bahia, Brazil: birds in a Caatinga-Cerrado transitional zone, with comments on taxonomy and biogeography. Revista Brasileira de Ornotologia 20: 246-267.).

Figura 1
Localização da cidade de Caetité, Bahia, Brasil.
Figure 1
Location of the Caetité municipality, Bahia, Brazil.

Foram realizadas coletas em diferentes ambientes da área de estudo conforme os procedimentos metodológicos de Mori et al. (1989)Mori SA, Silva LAM, Lisboa G & Coradin L (1989) Manual de manejo de herbário fanerogâmico. 2a ed. Centro de Pesquisa do Cacau, Ilhéus. 104p., no período de fevereiro de 2015 e junho de 2017, abrangendo a estação chuvosa e seca, totalizando 69 expedições a campo. O material botânico coletado foi herborizado e incorporado no herbário da Universidade do Estado da Bahia, Campus VI (HUNEB - coleção Caetité). Em campo, foram anotadas informações do ambiente, coloração dos elementos florais e fruto, além de outras características julgadas relevantes e que podem ser perdidas durante o processo de herborização.

A identificação dos táxons foi realizada com auxílio de chaves contidas em estudos taxonômicos (e.g., Irwin & Barneby 1982Irwin HS & Barneby RC (1982) The American Cassinae. A synoptical revision of Leguminosae, tribe Cassieae, subtribe Cassinae in the new world. Memoires of the New York Botanical Garden 35: 1-918. ; Lewis 1987Lewis GP (1987) Legumes of Bahia. Royal Botanic Gardens, Kew. 369p.; Queiroz 2009Queiroz LP (2009) Leguminosas da Caatinga. Associação Plantas do Nordeste. Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana / Royal Botanic Gardens, Kew. 443p.) ou por comparação com imagens de coleções-tipo consultadas virtualmente nos sitios do The New York Botanical Garden, Muséum national d’histoire naturelle, Missouri Botanical Garden e Royal Botanic Gardens.

As espécies foram descritas no Laboratório de Botânica da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Campus VI, com ajuda de papel milimetrado, régua, esteromicroscópio (lupa) e paquímetro, adotando-se a terminologia proposta por Radford et al. (1974)Radford AE, Dickison WC, Massey R & Bell CR (1974) Vascular plant systematics. Harper & Row, New York. 891p. e Harris & Harris (2001)Harris JG & Harris MW (2001) Plant identification terminology: an illustrated glossary. 2nd ed. Spring Lake Publishing, Spring Lake. 206p. e para forma dos frutos por Spjut (1994)Spjut RW (1994) A systematic treatment of fruit types. Vol. 70. Memoirs of the New York Botanical Garden, New York. 182p..

As informações sobre a distribuição geográfica das espécies foram fundamentadas nas obras citadas acima, sobretudo em Lewis (1987)Lewis GP (1987) Legumes of Bahia. Royal Botanic Gardens, Kew. 369p., Queiroz (2009)Queiroz LP (2009) Leguminosas da Caatinga. Associação Plantas do Nordeste. Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana / Royal Botanic Gardens, Kew. 443p. e BFG (2018)BFG - Brazilian Flora Group (2018) Innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69 (4): 1513-1527., bem como na observação das espécies no município. Os dados de floração, frutificação e os nomes populares foram obtidos das etiquetas das exsicatas examinadas ou de observações de campo.

Neste estudo, algumas espécies foram identificadas até o nível infraespecífico (e.g., Senna cana var. hypoleuca (Mart. ex Benth.) H.S. Irwin & Barneb, S. spectabilis var. excelsa (Schrad.) H.S. Irwin & Barneby) e o mesmo não foi possível para outras espécies (e.g., S. macranthera e S. silvestris).

Resultados e Discussão

O gênero Senna está representado em Caetité por 14 táxons (Tab. 1), o que corresponde a 19% das espécies encontradas no Brasil e a 30% das espécies encontradas no estado da Bahia. Senna cana var. hypoleuca, S. occidentalis (L.) Link, S. rizzinii H.S. Irwin & Barneby, S. spectabilis var. excelsa, S. uniflora (Mill.) H.S. Irwin & Barneby são novos registros para Caetité.

Tabela 1
Espécies de Senna encontradas no município de Caetité, Bahia, Brasil. Arb. = arbusto; Arv. = árvore; Erv. = erva; Sub = subarbusto; Caa. = Caatinga; Cer. = Cerrado; * = antropizada; Rfe. = Remanescente de Floresta Estacional; E. = ecótono Caatinga e Cerrado.
Table 1
Senna species found in the municipality of Caetité, Bahia, Brazil. Arb. = shrub; Arv. = tree; Erv. = herb; Sub = subshrub; Caa. = Caatinga; Cer. = Cerrado; * = anthropized areas; Rfe. = Remaining of Seasonal Dry Forest; E. = ecotone Caatinga and Cerrado.

Os táxons S. cana var. cana, S. rugosa (G. Don) H.S. Irwin & Barneby, S. spectabilis var. excelsa e S. splendida var. gloriosa H.S. Irwin & Barneby ocorrem com frequência em Caetité, onde crescem em vegetação de Caatinga, Cerrado, em áreas de transição Caatinga-Cerrado e em remanescente de Floresta Estacional (Tab. 1). Enquanto, S. aversiflora (Herbert) H.S. Irwin & Barneby, S. multijuga, S. obtusifolia (L.) H.S. Irwin & Barneby, S. occidentalis, S. silvestris, S. uniflora tem distribuição restrita e estão associadas às áreas antropizadas.

As espécies foram observadas em altitudes que variam de 810 a 1.072 metros, em geral, sobre solos areno-argilosos ou argilosos. Os representantes herbáceos, subarbustivos e arbustivos ocorrem com maior frequência em áreas de Caatinga e Cerrado próximo ao perímetro urbano (Tab. 1). Enquanto os táxons arbóreos, S. cana (Nees & Mart.) H.S. Irwin & Barneby, S. cana var. cana, S. cana var. hypoleuca, S. multijuga (Rich.) H.S. Irwin & Barneby, S. silvestris (Vell.) H.S. Irwin & Barneby e S. spectabilis var. excelsa, são observados desde áreas de Caatinga, Cerrado até Floresta estacional.

As características morfológicas mais relevantes na identificação das espécies encontradas na área foram hábito, tipos de tricomas, comprimento e forma da estípula, número e forma dos folíolos, presença, localização e forma dos nectários extraflorais, simetria floral e tipos dos frutos.

Tratamento taxonômico

Senna Mill., Gard. Dict. Abr. ed. 4, vol. 3.1754.

Ervas, subarbustos, arbustos ou árvores. Ramos cilíndricos, canaliculados, lenticelados, glabros, glabrescentes, densamente híspidos, pubescente ou tomentosos, com ou sem tricomas glandulares. Estípulas laterais, aciculadas, caducas, lineares, lanceoladas ou reniformes. Folhas paripinadas, alternas, pecioladas; folíolos 2-19 pares, oblongos, elípticos, ovais, obovais, elíptico-lanceolados ou oval-elípticos, cartáceos, coriáceos ou membranáceos, concolores ou discolores, pubescentes ou glabro; nectário extrafloral um ou mais de dois, localizado no pecíolo ou raque, séssil ou estipitado, plano ou cilíndrico, às vezes ausente. Inflorescências racemos ou panículas racemosas ou corimbosas, axilares ou terminais; brácteas caducas ou persistentes, membranáceas, lanceoladas ou triangulares; bractéolas ausentes. Flores pediceladas, assimétricas ou zigomorfas, monoclinas, hipóginas; cálice dialissépalo, heteromorfo, sépalas 5; corola dialipétala, pétalas 5, heteromorfas, ungiculadas, amarelas; androceu dialistêmone, heteromorfo, estames 10, 3 abaxiais, sendo 1 central vestigial ou não, 2 laterais, 4 medianos e 3 estaminódios, anteras oblongas, retas ou arqueadas, poricida; ovário séssil ou estipitado, pluriovulado, glabro ou tomentoso, estilete curto. Frutos bagas, câmaras ou legumes típicos, lineares, curvos ou retos, cilíndricos ou plano-compressos, glabros ou pubescentes, indeiscentes ou tardiamente deiscentes. Sementes ovais, rômbicas, oblongoides a elipsoides, lisas, castanho-escuras.

    Chave de identificação das espécies do gênero Senna ocorrentes em Caetité, Bahia, Brasil
  • 1. Folhas sem nectário.

    • 2. Inflorescências paniculadas com eixos secundários corimbiformes; flores zigomorfas; pétalas com nervuras avermelhadas próximas à base 10. Senna silvestris

    • 2’. Inflorescências paniculadas com eixos secundários racemosos; flores assimétricas; pétalas sem nervuras avermelhadas 11. Senna spectabilis var. excelsa

  • 1’. Folhas com nectário.

    • 3. Erva ou subarbusto.

      • 4. Nectário globoide na base do pecíolo; folha com 4-6 pares de folíolos elípticos, oval-elípticos a elíptico-lanceolados com ápice acuminado 7. Senna occidentalis

      • 4’. Nectário clavado ou fusiforme entre os primeiros ou em praticamente todos os pares de folíolos; folha com 2-3 pares de folíolos obovais ou oblongos a obovais, ápice rotundo, mucronado ou mucronado a cuspidado.

        • 5. Ramos glabros a glabrescentes; nectário fusiforme, séssil, entre os primeiros pares de folíolos; folíolos obovais com ápice mucronado a cuspidado; inflorescências racemosas 2-3 cm compr., bifloras; legume liso 6. Senna obtusifolia

        • 5’. Ramos tomentosos; nectário clavado, estipitado, praticamente entre todos os pares de folíolos; folíolos oblongos a obovais com ápice rotundo ou mucronado; inflorescências racemosas 5-6 cm compr., com 3-5-flores; legume corrugado entre as sementes 13. Senna uniflora

    • 3’. Arbusto ou árvore.

      • 6. Folhas tetrafolioladas; legumes bagoides.

        • 7. Ramos glabros; sépalas 1,5-2 cm compr. 12. Senna splendida var. gloriosa

        • 7’. Ramos tomentosos; sépalas 0,5-1,1 cm compr.

          • 8. Nectário entre todos pares de folíolos; pedicelo 0,7-1 cm compr.; sépalas 0,7-1 cm larg.; pétalas 2,5-3 cm larg. 9. Senna rugosa

          • 8’. Nectário localizado apenas na base do primeiro par de folíolos; pedicelo 1,5-3 cm compr.; sépalas 0,2-0,4 cm larg.; pétalas 0,2-1,6 cm larg.

            • 9. Folíolo com face abaxial pubescente; inflorescências paniculadas, laxas; brácteas caducas; pétalas 2,3-2,8 cm compr. 4. Senna macranthera

            • 9’. Folíolo com face abaxial tomentosa; inflorescências racemosas, congestas; brácteas persistentes; pétalas 1,2-1,4 cm compr. 8. Senna rizzinii

      • 6’. Folhas com mais quatro folíolos; legume.

        • 10. Flores zigomorfas.

          • 11. Estípulas persistentes; pecíolo 3-5 m compr.; brácteas persistentes 3.1. Senna cana var. cana

          • 11’. Estípulas caducas; pecíolo 0,5-1 cm compr.; brácteas caducas 3.2. Senna cana var. hypoleuca

        • 10’. Flores assimétricas.

          • 12. Ramos híspidos; nectário séssil; folhas 6-7 pares de folíolos 2. Senna aversiflora

          • 12’. Ramos glabrescentes, pubescentes ou tomentulosos com ou sem tricomas glandulares; nectário estipitado; folhas com 8 ou mais pares de folíolos.

            • 13. Ramos pubescentes com tricomas glandulares; nectário no primeiro e no segundo par de folíolos; folhas 8-12 pares de folíolos; inflorescência racemosa 1. Senna acuruensis

            • 13’. Ramos glabrescentes ou tomentulosos, tricoma glandular ausente; nectário entre todos os pares de folíolos; folhas 15-19 pares de folíolos; inflorescência paniculada 5. Senna multijuga

1. Senna acuruensis (Benth.) H.S. Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 506. 1982Irwin HS & Barneby RC (1982) The American Cassinae. A synoptical revision of Leguminosae, tribe Cassieae, subtribe Cassinae in the new world. Memoires of the New York Botanical Garden 35: 1-918. . Figs. 2a; 3a-d

Figura 2
Ramos floridos das espécies de Senna encontradas no município de Caetité, Bahia, Brasil – a. S. acuruensis; b. S. aversiflora; c-d. S. cana var. cana; e. S. cana var. hypoleuca; f. S. macranthera; g. S. multijuga; h. S. obtusifolia; i. S. occidentalis; j. S. rizzinii; k. S. rugosa; l. S. silvestris; m. S. spectabilis var. excelsa; n. S. splendida var. gloriosa; o. S. uniflora. Fotos: Rubens Queiroz (f, h, j, l, n) e Tamara Teixeira (a-e, g, i, k, m, o).
Figure 2
Flowering branches of species of Senna found in the Caetité municipality, Bahia, Brazil – a. S. acuruensis; b. S. aversiflora; c-d. S. cana var. cana; e. S. cana var. hypoleuca; f. S. macranthera; g. S. multijuga; h. S. obtusifolia; i. S. occidentalis; j. S. rizzinii; k. S. rugosa; l. S. silvestris; m. S. spectabilis var. excelsa; n. S. splendida var. gloriosa; o. S. uniflora. Photos: Rubens Queiroz (f, h, j, l, n) and Tamara Teixeira (a-e, g, i, k, m, o).
Figura 3
a-d. Senna acuruensis – a. ramo; b. nectário; c. detalhe da estípula; d. fruto. e-j. Senna aversiflora – e. ramo; f. estípula; g. nectário; h. pétalas; i. fruto; j. detalhe dos tricomas dos ramos. k-p. Senna cana var. cana – k. estípula; l. ramo; m. nectário; n. pétala; o. fruto; p. detalhe dos tricomas. q-v. Senna macranthera – q. ramo; r. estípula; s. nectário; t. pétalas; u. fruto; v. detalhe dos tricomas dos ramos. w-a’. Senna multijuga – w. ramo; x. estípula; y. nectário; z. pétalas; a’. fruto. b’-f’. Senna occidentalis – b’. ramo; c’. estípula; d’. nectário; e’. pétalas; f’. fruto. (a-d. J.S. Nascimento & R.L.B. Borges 17; e-j. T.T. Santos 43; k-p. T.T. Santos 22; q-v. M.L. Guedes & F.S. Gomes 14544; w-a’. T.T. Santos 56-65; b’-f’. T.T. Santos 46-52).
Figure 3
a-d. Senna acuruensis – a. branch; b. nectary; c. detail of stipule; d. fruit. e-j. Senna aversiflora – e. branch; f. stipule; g. nectary; h. petals; i. fruit; j. detail of trichome on the stems. k-p. Senna cana var. cana – k. stipule; l. branch; m. nectary; n. petal; o. fruit; p. detail of trichome. q-v. Senna macranthera – q. branch; r. stipule; s. nectary; t. petals; u. fruit; v. detail of trichome on the stems. w-a’. Senna multijuga – w. branch; x. stipule; y. nectary; z. petals; a’. fruit. b’-f’. Senna occidentalis – b’. branch; c’. stipule; d’. nectary; e’. petals; f’. fruit. (a-d. J.S. Nascimento & R.L.B. Borges 17; e-j. T.T. Santos 43; k-p. T.T. Santos 22; q-v. M.L. Guedes & F.S. Gomes 14544; w-a’. T.T. Santos 56-65; b’-f’. T.T. Santos 46-52).

Arbustos 2-3 m alt. Ramos cilíndricos, pubescentes, com tricomas glandulares e tectores. Estípulas caducas. Folhas 4-7 cm compr.; pecíolo 1-1,5 cm compr., pubescente; nectário 0,1-0,4 mm compr., fusiforme, estipitado, no primeiro e no segundo par de folíolos; raque 4-7 cm compr., revestida por tricomas glandulosos, setiformes; segmento interfoliolar 3-6 mm compr., pubescente; folíolos 8-12 pares, 0,5-1,5 × 0,3-0,6 cm, elípticos, oblongos a obovais, ápice mucronado, base assimétrica a arredondada, margem inteira, papiráceos, concolores, face abaxial pilosa, face adaxial glabra a pilosa. Inflorescências racemosas, 1,5-3 cm compr., axilares, laxas, 3-flores; brácteas 0,7-1,8 × 4-7 mm, lanceoladas, persistentes; pedicelo 1-2 cm compr., pubescente. Flores 1-2,5 × 1-3 cm compr., assimétricas; sépalas 0,8-1,1 × 0,4-0,4 cm, obovais a elípticas, ápice arredondado, verdes a amareladas, glabrescentes; pétalas 2,3-2,8 × 0,6-1,6 cm, obovais a elípticas, ápice arredondado, base cuneada a assimétrica, amarelas, glabras; estames abaxiais 3, anteras isomórficas, o centro-abaxial com filetes 6-8 mm compr., antera 5-11 mm compr., os latero-abaxiais com filetes 3-5 mm compr., anteras 11-13 mm compr., estames medianos 4, filetes 2-3 mm compr., anteras 7-10 mm compr., estaminódios 3, 4-6 mm compr.; ovário 0,7-2 × 0,1-0,3 mm, linear, estipitado, pubescente, estípite 2-4 mm compr., estilete 5-6 mm compr. Legumes 7-8,4 × ca. 1 cm, lineares, retos, estipitados, plano-compressos, valva enegrecidos, glabros, tardiamente deiscentes, estípite 0,5-1 cm compr. Semente não observada.

Material examinado: Brejinho das Ametistas, área da Bahia Mineração, IV.2008, fl., M.S. Mendes et al. 127976 (HUEFS); Serra Geral, Palmeira, 16.I.1997, fl., G. Hatschbach et al. 65841 (ALCB); Sítio Lagoa Rasa, 17.XII.2013, fl., J.S. Nascimento & R.L.B. Borges 17 (HUNEB).

Espécie endêmica do Brasil, onde ocorre apenas na Região Nordeste, nos estados de Alagoas, Bahia, Pernambuco e Sergipe, no domínio da Caatinga (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Em Caetité é encontrada em áreas de Caatinga arbustiva, sobre solos areno-argilosos ou arenosos, entre 810 a 1.000 metros de altura. Floresce nos meses de janeiro, abril e dezembro.

Apresenta similaridade morfológica com S. multijuga por compartilhar o hábito arbustivo, folhas multifolioladas, nectário estipitado, flores assimétricas e legumes plano-compressos. Distingue-se desta pelos ramos cilíndricos revestidos por tricomas glandulares, folhas com 8-12 pares de folíolos e inflorescências racemosas (vs. ramos canaliculados, revestidos por tricomas tectores, folhas com 15-19 pares de folíolos e inflorescências paniculadas em S. multijuga).

Nome popular: Pau-de-besouro.

2. Senna aversiflora (Herb.) H.S. Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 529. 1982. Figs. 2b; 3e-j

Arbustos 1,8-4 m alt. Ramos canaliculados, densamente híspidos. Estípulas 1,5-2 × 0,5-1 mm, lanceoladas, persistentes. Folhas 4-6 cm compr.; pecíolo 2-2,5 cm compr., híspido; nectário 3-4 mm compr., obovado, plano, séssil, alaranjados, entre o primeiro par de folíolos, às vezes presentes no segundo par; raque 3-5 cm compr., pubescente, com glândulas; segmento interfoliolar 6-7 mm compr., pubescentes; folíolos 6-7 pares, 1,5-2 × 0,5-1 cm, obovais, elípticos a oblongos, ápice arredondado, base assimétrica, margem inteira, papiráceos, concolores, glabros. Inflorescências racemosas, 4-7 cm compr., axilares, laxas, bifloras; brácteas 2-4 × 0,5-1 mm, lanceoladas, persistentes; pedicelo 1,5-2 cm compr., pubescente. Flores 1,5-2 × 2-4 cm compr., assimétricas; sépalas 1-1,3 × 0,5-1,1 cm, ovais a obovais, ápice arredondado, verdes, glabras; pétalas 2,3-2,8 × 1,1-1,7 cm, obovais, ápice arredondado, base aguda-cuneada, amarelas; estames abaxiais 3, anteras isomórficas, o centro-abaxial com filetes 7-7,5 mm compr., anteras 6,5-7,8 mm compr., os latero-abaxiais com filetes 4-5 mm compr., anteras 7-8 mm compr., estames medianos 4, filetes 2-3 mm compr., anteras 6-7 mm compr., estaminódios 3, 5-6 mm compr.; ovário 1-2 × 0,1-0,2 cm, linear, estipitado, purbescente, estípite 3-5 mm compr., estilete 0,1-0,2 mm compr. Legumes 6-15 × 0,5-0,8 cm, lineares, retos ou ligeiramente curvos, estipitados, plano-compressos, valvas com crista em “X”, castanho-escuros, glabrescentes ou glabros, indeiscente, estípite 0,5-2 cm compr. Sementes 5-4 × 3-4 mm, castanho-escuras, com elevações em forma de “X” sobre cada semente.

Material examinado: Área de Preservação da Indústria Nuclear do Brasil - INB, 26.IX.2009, fl., J.L. Paixão et al. 1575 (HUEFS); loteamento da UPA, 8.X.2016, fl., fr., T.T. Santos 43 (HUNEB).

Espécie endêmica do Brasil, com registro apenas na Região Nordeste (AL, BA, PB e PE), no domínio da Caatinga (BFG 2018BFG - Brazilian Flora Group (2018) Innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69 (4): 1513-1527.). Em Caetité é encontrada em Caatinga arbustiva e em áreas antropizadas, sobre solos areno-argilosos, entre 810 a 900 metros de altitude. Flores foram observadas nos meses de setembro e outubro, enquanto frutos em outubro.

Senna aversiflora é facilmente reconhecida por apresentar ramos densamente híspidos, nectários extraflorais obovais, alaranjados, sésseis e planos. Além disso, possui frutos com valvas constritas. Apresenta afinidade com S. acuruensis, com a qual compartilha as flores zigomorfas e as folhas com mais de 6 pares de folíolos. No entanto, pode diferenciada por possuir ramos densamente híspidos, folhas com 6-7 pares folíolos e inflorescências bifloras (vs. ramos pubescentes, folhas com 8-12 pares e inflorescências 3-flores em S. acuruensis).

Nome popular: São-joão.

3. Senna cana (Nees & Mart.) H.S. Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 226. 1982Irwin HS & Barneby RC (1982) The American Cassinae. A synoptical revision of Leguminosae, tribe Cassieae, subtribe Cassinae in the new world. Memoires of the New York Botanical Garden 35: 1-918. .

Arbustos a árvores 1,5-5 m alt. Ramos canaliculados, lenticelados, glabrescentes ou pubescentes. Estípulas 0,5-1 × 0,4-0,8 mm, reniformes ou falciformes, persistentes ou caducas. Folhas 3,5-7 cm compr.; pecíolo 0,5-5 cm compr., pubescente; nectário 1-4 mm compr., fusiforme, estipitado, entre todos os pares de folíolos com exceção no basal e às vezes no distal; raque 2,5-5,5 cm compr., pubescente; segmento interfoliolar 0,3-1 cm compr., pubescente; folíolos 3-7 pares, 1-4 × 0,5-1 cm, elípticos, ápice atenuado, base assimétrica a arredondada, margem inteira, membranáceos, discolores, face adaxial glabra, face abaxial tomentosa. Inflorescências racemosas, 6-12 cm compr., terminais, congestas, 10-25-flores; brácteas 3-5 × 2-6 mm, triangulares, persistentes ou caducas; pedicelo 2-3,5 cm compr., pubescente, com um nectário estipitado na base. Flores 1-2,5 × 2-3,5 cm compr., zigomorfas; sépalas 0,7-0,5 × 0,5-0,3 cm compr., obovais a elípticas, ápice arredondado, verdes a amareladas, glabras ou pubescentes; pétalas 1,7-2,2 × 1,1-1,7 cm, obovais a elípticas, ápice arredondado, base cuneada, amarelas, pubescentes; estames abaxiais 3, anteras anisomórficas, o centro-abaxial com filetes 3-7 mm compr., anteras 2-7 mm compr., os latero-abaxiais com filetes 3-10 mm compr., anteras 7-10 mm compr., estames medianos 4, filetes 2-5 mm compr., anteras 4-6 mm compr., estaminódios 3, 4-7 mm compr.; ovário 0,5-1,4 × 0,1-0,4 mm, elíptico ou linear, séssil, pubescente, estilete 2-8 mm compr. Legumes 6-12 × 0,5-0,7 compr., lineares, retos a curvos, liso, estipitados, glabrescente ou glabro, castanho-escuros, valva com nervura marginal desenvolvida, tardiamente deiscente, estípite 0,5-1 cm compr. Sementes 3-5 × 3-4 mm, ovais, castanho-escuras.

Senna cana é registrada para Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guianas, Peru e Venezuela (Irwin & Barneby 1982Irwin HS & Barneby RC (1982) The American Cassinae. A synoptical revision of Leguminosae, tribe Cassieae, subtribe Cassinae in the new world. Memoires of the New York Botanical Garden 35: 1-918. ). Na área de estudo esta espécie é representada por duas variedades, var. cana e var. hypoleuca.

Pode ser confundida com S. silvestris por incluir indivíduos com hábito arbustivo a arbóreo com ramo canaliculados e corolas zigomorfas, no entanto, diferenciando-se pelas estípulas reniformes ou falciformes (vs. lanceoladas em S. silvestris), presença de nectários na raque (vs. ausência de nectário) e sementes ovais (vs. oblonga-elípticas).

Nome popular: Fedegoso-do-mato.

3.1. Senna cana (Nees & Mart.) H.S. Irwin & Barneby var. cana, Mem. New York Bot. Gard. 35: 226. 1982. Figs. 2c-d; 3k-p

Senna cana var. cana ocorre no Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guianas, Peru e Venezuela (Irwin & Barneby 1982Irwin HS & Barneby RC (1982) The American Cassinae. A synoptical revision of Leguminosae, tribe Cassieae, subtribe Cassinae in the new world. Memoires of the New York Botanical Garden 35: 1-918. ). Em território brasileiro, esta espécie é encontrada nas regiões Norte (PA), Nordeste (BA e PE), Centro-Oeste (DF e GO) e Sudeste (MG), nos domínios da Amazônia, Caatinga e Cerrado (BFG 2018). Na área de estudo foi registrada em área de Caatinga-Cerrado, em solos areno-argilosos, entre 810 a 1.000 metros de altitude. Frutifica em abril e julho.

Pode ser diferenciada da var. hypoleuca por apresentar estípulas e brácteas persistentes e pecíolo maiores (3-5 vs. 0,5-1 cm em var. hypoleuca).

Material examinado: 2 km S de Caetité na estrada para Brejinho das Ametistas, 27.X.1993, fr., L.P. Queiroz & N.S. Nascimento 3577 (HUEFS); bairro Rancho Alegre na Travessa Mauá, 26.IV.2015, fl. e fr., T.T. Santos 22 (HUNEB); Brejinho das Ametistas, 26.IV.2017, fl. e fr., T.T. Santos 59 (HUNEB); casa de Seu Tião de Candiba, 8.IV.2008, fl., L.V. Vasconcelos et al. 58 (HUNEB); cerca de 5 km de Caetité em direção a Brejinho das Ametistas, 14.VII.2001, fr., V.C. Souza 25950 (HUEFS).

3.2. Senna cana var. hypoleuca (Mart. ex Benth.) H.S. Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 230. 1982Irwin HS & Barneby RC (1982) The American Cassinae. A synoptical revision of Leguminosae, tribe Cassieae, subtribe Cassinae in the new world. Memoires of the New York Botanical Garden 35: 1-918. .Fig. 2e

Senna cana var. hypoleuca é endêmica do Brasil, presente nas Regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste, nos estados da Bahia, Goiás, Maranhão, Paraíba, Piauí e São Paulo, nos domínios da Caatinga e do Cerrado (BFG 2018). Para Caetité registramos pela primeira vez essa variedade, em áreas de Cerrado em solos areno-argilosos, entre 900 a 1.000 metros de altitude. Indivíduos com flores foram observados em julho.

As principais características que auxiliam reconhecimento desta variedade é o número de folíolos (5-7 pares) e o comprimento do pecíolo (0,5-1 cm).

Material examinado: Brejinho das Ametistas, 16.VII.2008, fl., L.V. Vasconcelos et al. 84 (HUNEB).

4. Senna macranthera (DC. ex Collad.) H.S. Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 181. 1982. Figs. 2f; 3q-v

Arbustos 2-3 m alt. Ramos cilíndricos, lenticelados, tomentosos. Estípulas 3-6 × 0,5-0,2 mm, lineares, persistentes. Folhas 3-7 cm compr.; pecíolo 1,5-2,5 cm compr., pubescente; nectário 0,1-0,3 mm compr., orbicular, estipitado, entre o primeiro par de folíolos; raque 1-2 cm compr., pubescente; folíolos 2 pares, 1-5 × 0,8-2,5 cm, elípticos, ovais a obovais, ápice retuso, arredondado a mucronado, base assimétrica a arredondada, margem inteira, cartáceos, discolores, face adaxial glabrescente a pubescente, face abaxial pubescente. Inflorescências paniculadas, 3-5 cm compr., terminais, laxas, 2-5-flores; brácteas caducas; pedicelo 1,5-3 cm compr., pubescente. Flores 2-3 × 2-3 cm, zigomorfas; sépalas 0,8-1,1 × 0,3-0,4 cm compr., obovais a elípticas, ápice arredondado, verde a amareladas, pubescentes; pétalas 2,3-2,8 × 0,6-1,6 cm, obovais a elípticas, ápice arredondado, base cuneada a assimétrica, amarelas, glabrescentes; estames abaxiais 3, anteras isomórficas, o centro-abaxial com filetes 3,2-4 mm compr., anteras 9-10 mm compr., os latero-abaxiais com filetes 3-5 mm compr., anteras 11-13 mm compr., estames medianos 4, filetes 2-3 mm compr., anteras 7-10 mm compr., estaminódios 3, 4-6 mm compr.; ovário 0,7-2 × 0,1-0,3 mm, linear, estipitado, pubescente, estípite 2-4 mm compr., estilete 5-6 mm compr. Bagas 6-8 × 1-1,5 cm, lineares, cilíndricos, carnosos, retos, estipitados, enegrecidas na maturidade, pubescentes, indeiscentes, estípite 3-5 cm compr. Sementes não observadas.

Material examinado: Brejinho das Ametistas, 22.V.2018, fr., M.L. Guedes & F.S. Gomes 14544 (HUNEB); estrada Caetité-Igaporã, 30.III.1984, fl., M.L. Guedes 18 (ALCB).

Ocorre no Brasil, Colômbia, Peru e Venezuela (Irwin & Barneby 1982Irwin HS & Barneby RC (1982) The American Cassinae. A synoptical revision of Leguminosae, tribe Cassieae, subtribe Cassinae in the new world. Memoires of the New York Botanical Garden 35: 1-918. ). Em território brasileiro é encontrada nas Regiões Norte (TO), Nordeste (AL, BA, CE, PB, PE, PI e RN), Centro-Oeste (DF, GO e MT), Sudeste (ES, MG, RJ e SP) e Sul (PR), nos domínios Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica (BFG 2018BFG - Brazilian Flora Group (2018) Innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69 (4): 1513-1527.). Em Caetité cresce associada às áreas de Caatinga arbustiva e antropizadas, sobre solos areno-argilosos, em 810 a 900 metros de altitude. Floresce no mês de março. Frutifica em maio.

Senna macranthera pode ser reconhecida pelo hábito arbustivo, ramos tomentosos, folhas com 2 pares de folíolos e bagas cilíndricas. Esta espécie, assim como S. rizzinii, S. rugosa e S. splendida var. gloriosa pertencem a S. sec. Chamaefistula ser. Basillaris e se caracterizam pelas flores zigomorfas, folhas tetrafolioladas e fruto tipo baga. Senna macranthera pode ser confundida com S. rugosa ou com S. rizzinii pelos ramos e folhas com tricomas tomentosos. No entanto, S. macranthera tem apenas 1 nectário, enquanto S. rugosa apresenta 2 nectários. Com relação a diferença entre S. macranthera e S. rizzinii pode ser distinta pelas brácteas caducas na primeira e persistentes na segunda.

Nome popular: Pau-fava.

5. Senna multijuga (Rich.) H.S. Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 492. 1982Irwin HS & Barneby RC (1982) The American Cassinae. A synoptical revision of Leguminosae, tribe Cassieae, subtribe Cassinae in the new world. Memoires of the New York Botanical Garden 35: 1-918. . Figs. 2g; 3w-a’

Arbustos a árvores 2-6 m alt. Ramos canaliculados, lenticelados, glabrescentes ou tomentuloso, sem tricomas glandulares. Estípulas 3-5,6 × 0,1-0,5 mm, lanceoladas, persistentes. Folhas 7-9 cm compr.; pecíolo 1-2 cm compr., pubescente; nectário 1-2 mm compr., fusiforme, estipitado, entre todos os pares de folíolos, apresentando-se caducos na região mediana; raque 4-8 cm compr., pubescente; segmento interfoliolar 3-5 cm compr., pubescente; folíolos 15-19 pares, 0,5-1,5 × 0,3-0,5 cm, elípticos, oblongos a oblanceolados, ápice mucronado, base assimétrica a arredondada, margem inteira, cartáceos, discolores, pubescentes. Inflorescências paniculadas, 5-6 cm compr., axilares ou terminais, laxas, 3-5-flores; brácteas caducas; pedicelo 2-3 cm compr., pubescente. Flores 1-2 × 1,5-3 cm, assimétricas; sépalas 5-6 × 4-5 mm, ovais ou oblongo-elípticas, ápice arredondado, amareladas, pubescentes; pétalas 9-18 × 5-13 mm, ovais, oblongo-elípticas a obovais, ápice arredondado, base cuneada a assimétrica, amarelas, glabrescentes; estames abaxiais 3, anteras isomórficas, o centro-abaxial com filetes 4-5,5 mm compr., anteras 5-6 mm compr., os latero-abaxiais com filetes 4-6 mm compr., anteras 5-7 mm compr., estames medianos 4, filetes 3-4 mm compr., anteras 4-5 mm compr., estaminódios 3, 4-6 mm compr.; ovário 0,5-0,8 × 0,1-0,2 mm, linear, estipitado, pubescente, estilete 1-2 mm compr., estípite 2-4 mm compr. Legumes 3,5-10 × 1-1,5 cm, lineares, retos, estipitados, plano-compressos, lisos, castanho-escuros, glabros, tardiamente deiscentes, estípite 0,7-1,5 cm compr. Sementes 0,6-0,8 × 0,1-0,2 mm, oblongas a elípticas, castanho-escuras.

Material examinado: Caldeiras, 17.IV.2017, fl., T.T. Santos 56 (HUNEB); Santa Luzia, 19. VII. 2017, fr., T.T. Santos 65 (HUNEB); Serra Geral, 15.I.1993, fl. e fr., M. L. Guedes 2776 (ALCB).

É encontrada na América Central, América do Sul e Índia (Irwin & Barneby 1982Irwin HS & Barneby RC (1982) The American Cassinae. A synoptical revision of Leguminosae, tribe Cassieae, subtribe Cassinae in the new world. Memoires of the New York Botanical Garden 35: 1-918. ). No Brasil ocorre nas Regiões Norte (AC, AM, AP, RO, RR e TO), Nordeste (AL, BA, MA e RN), Centro-Oeste (DF, GO, MS e MT), Sudeste (ES, MG, RJ e SP) e Sul (PR, RS e SC), nos domínios da Amazônia, Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica (BFG 2018). Na área de estudo cresce em áreas de Caatinga arbustiva ou arbórea, em solos areno-argilosos, entre 810 a 1.000 metros de altitude. Floresce em janeiro e abril, frutifica em janeiro e julho.

Senna multijuga pode ser confundida com S. acuruenis por compartilharem caracteres como folhas multijugas e flores assimétricas. No entanto, S. multijuga apresenta ramos apenas com tricomas tectores e folhas 15-19 pares de folíolos, enquanto S. acuruensis tem ramos com tricomas glandulares além dos tricomas tectores e folhas com 8-12 pares de folíolos.

Nome popular: Pau-cigarra.

6. Senna obtusifolia (L.) H.S. Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 252. 1982Irwin HS & Barneby RC (1982) The American Cassinae. A synoptical revision of Leguminosae, tribe Cassieae, subtribe Cassinae in the new world. Memoires of the New York Botanical Garden 35: 1-918. . Figs. 2h; 4a-g

Figura 4
a-g. Senna obtusifolia – a. ramo; b. estípula; c. detalhe do pecíolo; d. pétala; e. fruto; f. detalhe dos tricomas; g. nectário. h-m. Senna rugosa – h. ramo; i. estípula; j. bráctea; k. fruto; l. detalhe dos tricomas dos ramos; m. pétalas. n-q. Senna silvestris – n. ramo; o. estípula; p. pétalas; q. fruto. r-u. Senna spectabilis var. excelsa – r. ramo; s. nectário; t. pétalas; u. fruto. v-z. Senna splendida var. gloriosa – v. ramo; w. nectário; x. pétala; y. fruto; z. detalhe dos tricomas dos ramos. a’-e’. Senna uniflora – a’. ramo; b’. estípula; c’. pétalas; d’. fruto; e’. detalhe dos tricomas. (a-g. T.T. Santos 50; h-m. T.T. Santos 54; n-q. T.T. Santos 28-69; r-u. T.T. Santos 16; v-z. T.T. Santos 41-42; a’-e’. T.T. Santos 44-51).
Figure 4
a-g. Senna obtusifolia – a. branch; b. stipule; c. detail of petiole; d. petal; e. fruit; f. detail of trichome; g. nectary. h-m. Senna rugosa – h. branch; i. stipule; j. bract; k. fruit; l. detail of trichome on the stems; m. petals. n-q. Senna silvestris – n. branch; o. stipule; p. petals; q. fruit. r-u. Senna spectabilis var. excelsa – r. branch; s. nectary; t. petals; u. fruit. v-z. Senna splendida var. gloriosa – v. branch; w. nectary; x. petal; y. fruit; z. detail of trichome. a’-e’. Senna uniflora – a’. branch; b’. stipule; c’. petals; d’. fruit; e’. detail of trichome on the stems. (a-g. T.T. Santos 50; h-m. T.T. Santos 54; n-q. T.T. Santos 28-69; r-u. T.T. Santos 16; v-z. T.T. Santos 41-42; a’-e’. T.T. Santos 44-51).

Ervas a subarbustos 0,5-1,5 m alt. Ramos canaliculados, glabros a glabrescentes, com tricomas glandulares. Estípulas 1-15 × 0,8-1 mm, lineares, persistentes. Folhas 5-10 cm compr.; pecíolo 2-4 cm compr., pubescente, revestido por tricomas glandulares e tectores presentes; nectário 1-3 mm compr., fusiforme, séssil, entre os primeiros pares de folíolos; raque 3-4,5 cm compr., glândulas puntiformes presentes; segmento interfoliolar 1-2,5 cm compr., revestido por glândulas puntiformes; folíolos 2-3 pares, 1-4,5 × 1-3 cm, obovais, ápice mucronado a cuspidado, base assimétrica, margem inteira, cartáceos, concolores, glabrescentes a glabros. Inflorescências racemosas, 2-3 cm compr., axilares ou terminais, congestas, bifloras; brácteas 0,7-1 × 0,1-0,5 mm, lanceoladas, persistentes; pedicelo 1-2 cm compr., pubescente. Flores 1-1,5 × 1-2 cm compr., zigomorfas; sépalas 0,4-0,6 × 0,3-0,4 cm compr., oblongas a ovais, ápice obtuso a agudo, esverdeadas, pubescentes; pétalas 1,3-1,1 × 0,4-0,7 cm, obovais, ápice arredondado a emarginado, base cuneada a assimétrica, amarelas, pubescentes; estames abaxiais 3, anteras heteromorfas, o centro-abaxial com filetes 2-3 mm compr., anteras 3,5-4 mm compr., os latero-abaxiais com filetes 3-5 mm compr., anteras 3-4 mm compr., estames medianos 4, filetes 3-4 mm compr., anteras 2-3 mm compr., estaminódios 3, 1,5-3 mm compr.; ovário 0,7-1 × 0,1-0,2 mm, linear, estipitado, pubescente, estípite 1-2 mm compr., estilete 0,3-0,6 mm compr. Legumes 10-18 × 0,3-0,7 cm, lineares, cilíndricos, lisos, curvos, estipitados, castanho-escuros, glabros, indeiscentes, estípite 1-2 cm compr. Sementes 3-5 × 2-3 mm, romboides, castanhas.

Material examinado: Brejinho das Ametistas, Bloco III, 28.IV.2008, fr., M.L. Guedes et al. 14317 (HUNEB); Pajéu do Vento, 27.III.2017, fl. e fr., T.T. Santos 50 (HUNEB).

Senna obtusifolia é registrada na Ásia, África, América Central e México (Irwin & Barneby 1982Irwin HS & Barneby RC (1982) The American Cassinae. A synoptical revision of Leguminosae, tribe Cassieae, subtribe Cassinae in the new world. Memoires of the New York Botanical Garden 35: 1-918. ). No Brasil é verificada em todos os domínios fitogeográficos e comum em todas as regiões do país (BFG 2018BFG - Brazilian Flora Group (2018) Innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69 (4): 1513-1527.). No município de Caetité foi verificada em área de Caatinga arbustiva e Floresta estacional, em solos areno-argilosos, entre 810 a 1.000 metros de altitude. Flores foram observadas em março e frutifica em março e abril.

Pode ser reconhecida pela presença de nectário entre os primeiros pares de folíolos, folhas com 2-3 pares de folíolos concolores e fruto cilíndrico. Pode ser confundida com S. uniflora pelo hábito herbáceo a subarbustivo, inflorescências congestas e flores zigomorfas. Entretanto, pode ser diferenciada pela presença de nectários sésseis, ramos glabrescentes a glabros, frutos curvos e glabro em S. obtusifolia (vs. nectários estipitados, ramos tomentosos, frutos retos, tomentoso ou hirsuto em S. uniflora).

Nome popular: Mata-pasto.

7. Senna occidentalis (L.) Link, Handbuch. 2: 140. 1829. Figs. 2i; 3b’-f’

Subarbustos 0,5-1,8 m alt. Ramos canaliculados, glabrescentes a glabros. Estípulas 0,5-1,6 × 0,3-0,7 mm, triangulares, caducas. Folhas 4-10 cm compr.; pecíolo 1,5-3,5 cm compr., glabro a glabrescente; nectário 1-2 mm compr., globoide, séssil, na base do pecíolo; raque 3,5-6 cm compr., glabrescente; segmento interfoliolar 1-2 cm compr., glabrescente; folíolos 4-6 pares, 1,5-4,2 × ca. 0,7 cm, elípticos, oval-elípticos a elíptico-lanceolados, ápice acuminado, base cuneada, margem inteira, cartáceos, discolores, glabros. Inflorescências racemosas, 1,5-5 cm compr., axilares ou terminais, laxas, 3-5-flores; brácteas 0,7-1,8 × 4-7 mm, lanceoladas, persistentes; pedicelo 0,7-1 cm compr., glabrescente. Flores 1,3-3,3 × 3-4 cm compr., zigomorfas; sépalas 0,5-0,7 × 0,7-1 cm, ovais a elíptico-obovais, ápice obtuso a arredondado, glabrescentes; pétalas 0,5-1 × 1,3-1,5 cm, obovais, ápice arredondado a emarginado, base cuneada, amarelo-claro ou escuro, glabras; estames abaxiais 3, anteras heteromorfas, o centro-abaxial ausente, os latero-abaxiais com filetes 7,1-7,2 mm compr., anteras 3-3,5 mm compr., estames medianos 4, filetes 2-3,5 mm compr., anteras 2-3,5 mm compr., estaminódios 3, 3,5-5 mm compr.; ovário 1-1,2 × 0,3-0,4 mm, linear, séssil, pubescente, estilete 3-4 mm compr. Legumes 7-10 × 0,7-1 cm, lineares, retos ou ligeiramente curvos, estipitados, plano-compressos, castanho-escuros, glabros, indeiscentes, estípite 0,3-1,5 cm compr. Sementes 3-4 × 3-4 mm, oblongas a oval-elípticas, castanho-escuras.

Material examinado: Brejinho das Ametistas, 1.IX.2010, fl. e fr., M.S. Silva et al. 69 (HUNEB); loteamento da UPA, 8.X.2016, fl., T.T.Santos 46 (HUNEB); Pajéu do Vento, 27.III.2017Santos JP, Souza AO & Silva MJ (2017) Taxonomia e diversidade do gênero Senna Mill. (Leguminosae, Caesalpinioideae, Cassieae) no estado de Goiás, Brasil. Iheringia, Série Botânica 72: 75-105., fr., T.T. Santos 52 (HUNEB).

Senna occidentalis é considera uma planta invasora com distribuição em quase toda América tropical e subtropical (Irwin & Barneby 1982Irwin HS & Barneby RC (1982) The American Cassinae. A synoptical revision of Leguminosae, tribe Cassieae, subtribe Cassinae in the new world. Memoires of the New York Botanical Garden 35: 1-918. ). No Brasil é amplamente distribuída e ocorre em todas as regiões (BFG 2018BFG - Brazilian Flora Group (2018) Innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69 (4): 1513-1527.). Na área de estudo foi verificada em Caatinga arbustiva e Floresta estacional entre 810 a 1.000 metros de altitude, sobre solos areno-argilosos. Floresce em setembro e outubro e frutifica em março e setembro.

Confunde-se com S. obtusifolia por compartilharem o hábito subarbustivo, ramos canaliculados, inflorescências racemosas, brácteas lanceoladas e frutos glabros. No entanto, pode ser diferenciada principalmente por Senna occidentalis ter o nectário na base do pecíolo e 4-6 pares de folíolos variando de elípticos, oval-elípticos a elíptico-lanceolados (vs. nectário entre os primeiros pares de folíolos, 2-3 pares de folíolos obovais em S. obtusifolia).

Nome popular: Fedegoso.

8. Senna rizzinii H.S. Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 174-175. 1982.Fig. 2j

Arbustos 2-5 m alt. Ramos cilíndricos, lenticelados, tomentosos. Estípulas 5-10 × 1-5 mm, lineares, caducas. Folhas 2,5-5 cm compr.; pecíolo 1-2 cm compr., pubescente; nectário 1-2 mm compr., ovoide, estipitado, entre o primeiro par proximal de folíolos; raque 0,5-1 cm compr., pubescente; folíolos 2 pares, 2-5 × 1-2,5 cm, elípticos, ovais a obovais, ápice retuso, acuminado a cuneado, base assimétrica, margem inteira, cartáceos a coriáceos, discolores, face adaxial glabra, face abaxial tomentosa. Inflorescências racemosas, 4-5 cm compr., terminais, congestas, 3-5-flores; brácteas 5-7 × 1-2 mm, elípticas, pubescentes, persistentes; pedicelo 1,5-2,5 cm compr., pubescente. Flores 2-3 × 2,5-3,5 cm, zigomorfas; sépalas 0,6-0,9 × 0,2-0,4 cm, obovais a elípticas, ápice arredondado, verde a amareladas, pubescentes; pétalas 1,2-1,4 × 0,7-0,8 cm, obovais a elípticas, ápice arredondado, base cuneada a assimétrica, amarelas, pubescentes; estames abaxiais 3, anteras isomórficas, o centro-abaxial com filetes 2-2,8 mm compr., anteras 5-6 mm compr., os latero-abaxiais com filetes 2-3 mm compr., anteras 6-9 mm compr., estames medianos 4, filetes 2-3 mm compr., anteras 5-6 mm compr., estaminódios 3, 3-4 mm compr., ovário 0,4-0,8 × 0,1-0,3 mm, linear, séssil, pubescente, estilete 1-2 mm compr. Bagas 8-5,6 × 0,8-1 cm, lineares, cilíndricas, margem lisa, estipitadas, enegrecidos, pubescentes, indeiscentes, estípite 0,8-1 cm compr. Semente não observada.

Material examinado: Caetité, Brejinho das Ametistas, 21.I.2009, fl., P.N. Cunha et al. 5 (HUNEB).

Material adicional: BRASIL. BAHIA: Palmeiras, BR-242 entre Pai Inácio e Palmeiras, 11.III.2004, fl., A.A. Conceição & B. Marazzi 1126 (SP). Uauá, caminho de 51 km N de Monte Santo na estrada para Uauá, 25.VIII.1996, fl. e fr., L.P. Queiroz 4633 (CEN, HUEFS).

Espécie endêmica do Brasil, onde ocorre em toda a Região Nordeste, nos domínios da Caatinga e do Cerrado (BFG 2015BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.). Em Caetité, cresce em vegetação de Cerrado em solos areno-argilosos, entre 900 a 1.000 metros de altitude. Flores foram verificadas no mês de janeiro.

Senna rizzinii pode ser reconhecida pelos ramos tomentosos, dois pares de folíolos, nectário ovoide e inflorescência racemosa terminal. É facilmente confundida com S. macranthera, no entanto, diferencia-se pelos tamanhos dos frutos e das flores. A distinção entre essas espécies foi discutida nos comentários de S. macranthera.

Ilustração em Lima (1999) e Queiroz (2009)Queiroz LP (2009) Leguminosas da Caatinga. Associação Plantas do Nordeste. Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana / Royal Botanic Gardens, Kew. 443p..

Nome popular: Pau-de-besouro-de-rama.

9. Senna rugosa (G. Don) H.S. Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 188. 1982. Figs. 2l; 4h-m

Arbustos 1,5-2 m alt. Ramos cilíndricos, tomentosos. Estípulas 0,5-1,6 × 0,3-0,7 mm, triangulares, caducas. Folhas 4-10 cm compr.; pecíolo 1,5-3,5 cm compr., tomentoso; nectário 1-2 mm cm compr., ovoide, séssil, entre todos os pares de folíolos; raque 1-2 cm compr., tomentosa; folíolos 2 pares, 1,5-4,2 × ca. 0,7 cm, elípticos, oval-elípticos a elíptico-lanceolados, ápice acuminado, base assimétrica, margem inteira, cartáceos, discolores, pubescentes. Inflorescências racemosas, 1,5-5 cm compr., axilares ou terminais, laxas, 3-5-flores; brácteas 0,7-1,8 × 4-7 mm, lanceoladas, persistentes; pedicelo 0,7-1 cm compr., pubescente. Flores 1-1,5 × 3-3,5 cm compr., zigomorfas; sépalas 0,5-0,7 × 0,7-1 cm compr., ovais a elíptico-obovais, ápice obtuso a arredondado, verde-claras a amareladas, glabrescentes a pubescentes; pétalas 1,5-2 × 2,5-3 cm, obovais a elípticas, ápice arredondado, base cuneada, amarelo-claro ou escuro, pubescentes; estames abaxiais 3, anteras isomórficas, o centro abaxial com filetes 2-3,5 mm compr., anteras 2,5-4,8 mm compr., latero-abaxiais com filetes 3-5 mm compr., 5-6 mm compr., estames medianos 4, filetes 2-4 mm compr., anteras 3-4 mm compr., estaminódios 3, 3-4 mm compr.; ovário 1-1,4 × 0,1-0,3 mm, estipitado, pubescente, estípite 0,3-0,5 mm compr., estilete 3-5 mm compr. Bagas 7,5-11,5 × 0,7-1,3 cm, cilíndricas, retas a ligeiramente curvas, estipitadas, enegrecidas quando maduros, pubescentes, indeiscentes, estípite 0,5-1 cm compr. Sementes 4-5 × 3,6-4 mm, oblongo-elípticas, lisas, castanho-escuras.

Material examinado: Brejinho das Ametistas, 26.IV.2017, fl., T.T. Santos 60 (HUNEB - Coleção Caetité); Caldeiras, 17.IV.2017, fl. e fr., T.T. Santos 54 (HUNEB); Pajeú do Vento, 27.III.2017, fl., T.T. Santos 48 (HUNEB); rodoviária para Guanambi, 13.VI.2004, fl., G. Hatschbach 77812 (FURB); Santa Luzia, 19.VI.2017, fl. e fr., T.T. Santos 68 (HUNEB).

Ocorre na Bolívia, Brasil e Paraguai (Irwin & Barneby 1982Irwin HS & Barneby RC (1982) The American Cassinae. A synoptical revision of Leguminosae, tribe Cassieae, subtribe Cassinae in the new world. Memoires of the New York Botanical Garden 35: 1-918. ). No Brasil está presente nas regiões Norte (PA, RO e TO), Nordeste (BA, CE, MA, PE e PI), Centro-Oeste (DF, GO, MS e MT), Sudeste (MG e SP) e Sul (PR), nos domínios fitogeográficos da Amazônia, Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica (BFG 2018BFG - Brazilian Flora Group (2018) Innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69 (4): 1513-1527.). Na área estudada é encontrada em ambientes de Caatinga arbustos, Cerrado s.s., Floresta estacional e em áreas antropizadas, sobre solos areno-argilosos, entre 810 a 1.000 metros. Floresce em março, abril e junho, frutifica em abril e junho.

Senna rugosa pode ser reconhecida por apresentar pecíolo (1,5-3,5 cm compr.) menor que a raque (1-2 cm compr.), folhas com dois pares de folíolos, nectário extrafloral em ambos os pares de folíolos e legumes cilíndricos.

Nome popular: Amarelinho.

10. Senna silvestris (Vell.) H.S. Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 87. 1982. Figs. 2m; 4n-q

Arbustos a árvores 2-5 m alt. Ramos canaliculados, lenticelados, glabrescentes. Estípulas 4-7 × 0,1-0,5 mm, lanceoladas, persistentes. Folhas 9-11 cm compr.; pecíolo 2-3 cm compr., puberulento a tomentoso; nectário ausente; raque 6-7 cm compr., pubescente; segmento interfoliolar 1-1,5 cm compr., pubescente; folíolos 6-7 pares, 3-4,5 × 1-1,5 cm, obovais a elípticos, ápice mucronado, base arredondada, margem inteira, cartáceos, discolores, face adaxial glabra ou pubescente, face abaxial pubescente. Inflorescências paniculadas, 14-17 cm compr., terminais, com eixos secundários corimbiformes, laxas, 10-15-flores; brácteas 1-3 × 1-2 mm, lanceoladas, persistentes; pedicelo 1-2 cm compr., puberulento a tomentoso. Flores 1,5-2,5 × 2-2,5 cm, zigomorfas; sépalas 0,8-1,2 × 0,3-0,7 cm compr., oval-elípticas a oblongo-elípticas, ápice arredondado, verdes, glabrescentes; pétalas 0,9-1,3 × 0,6-1,1 cm, oval-elípticas a oblongo-elípticas, ápice arredondado a emarginado, base cuneada a assimétrica, amarelas com nervuras avermelhadas próximas a base, glabrescentes; estames abaxiais 3 anteras isomorfas, o centro-abaxial com filetes 3,5-5 mm compr., anteras 4,8-5,5 mm compr., os latero-abaxiais com filetes 4-6 mm compr., anteras 5-6 mm compr., estames medianos 4, filetes 3-4 mm compr., anteras 3-4 mm compr., estaminódios 3, 3-4 mm compr.; ovário 0,3-0,8 × 0,1-0,3 mm, linear, séssil, glabro, estilete 0,2-0,3 mm compr. Legumes 5-6,5 × 1,5-2 cm, lineares ou oblongos, plano-compressos, retos, estipitados, glabros, castanhos, deiscentes tardiamente, estípite 0,3-0,5 cm compr. Sementes 5-7 × 3-5 mm, oblonga-elípticas, lisas, castanho-escuras.

Material examinado: Brejinho das Ametistas, caminho para o Bloco III, 28.IV.2008, fl., M.L. Guedes et al. 14315 (HUNEB); Estrada da Capivara, transversal da estrada do antigo urânio 13.III.2002, fl., H.P. Batista et al. 3238 (HUEFS); Santa Luzia, 19.VI.2017, fr., T.T. Santos 69 (HUNEB); trilha do Riacho Jatobá, 28.II.2015, fl., T.T. Santos 28 (HUNEB).

Segundo Irwin & Barneby (1982)Irwin HS & Barneby RC (1982) The American Cassinae. A synoptical revision of Leguminosae, tribe Cassieae, subtribe Cassinae in the new world. Memoires of the New York Botanical Garden 35: 1-918. , esta espécie pode ser encontrada na Bolívia, Brasil e Paraguai. No Brasil é registrada para as regiões Norte (AC, AM, AP, PA, RO, RR e TO), Nordeste (AL, BA, CE e MA), Centro-Oeste (DF, GO, MS e MT), Sudeste (ES, MG, RJ e SP) e Sul (PR e SC), onde ocorre nos domínios da Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica e Pantanal (BFG 2018). Em Caetité foi coletada em áreas de Caatinga arbórea, Cerrado s.s. e de transição Caatinga-Cerrado, em solos areno-argilosos, entre 810 a 1.015 metros de altitude. Flores foram observadas nos meses de março e abril, enquanto, os frutos de fevereiro e junho.

Senna silvestris caracteriza-se pelas folhas sem nectário, inflorescências paniculadas, folíolos com a face adaxial glabra ou pubescente e face abaxial pubescente, e brácteas lanceoladas. Pode ser confundida com S. spectabilis por compartilharem características vegetativas como o hábito arbustivo a arbóreo, folhas multijugas sem nectário, no entanto, são distintas pela simetria zigomorfa das folhas, fruto legume em S. silvestris (vs. flores assimétricas e fruto câmara em S. spectabilis).

Nome popular: Fedegoso-do-cerrado.

11. Senna spectabilis var. excelsa (Schrad.) H.S. Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 604. 1982. Figs. 2n-o; 4r-u

Arbustos a árvores 2-5 m alt. Ramos canaliculados, lenticelados, pubescentes. Estípulas caducas. Folhas 10-20 cm compr.; pecíolo 1-2 cm compr., pubescente; nectário ausente; raque 9-18 cm compr., pubescente; segmento interfoliolar 1-1,5 cm compr., pubescente; folíolos 7-18 pares, 1-2,5 × 0,5-1,5 cm, elípticos a ovais, ápice mucronado a obtuso, base assimétrica a arredondada, margem inteira, cartáceos, discolores, pubescentes. Inflorescências paniculadas, 24-27 cm compr., terminais, eixos secundários racemosos, congestas, 20-35-flores; brácteas caducas; pedicelo 1,5-3,5 cm compr., pubescente. Flores 1,5-3 × 2-3 cm, assimétricas; sépalas 0,2-0,1 × 0,3-0,2 cm compr., obovais a elípticas, ápice arredondado, amareladas glabrescentes a pubescentes; pétalas 0,4-0,5 × 0,2-0,3 cm, obovais a oval-oblongas, ápice arredondado a emarginado, base cuneada, amarelas, sem nervuras avermelhadas, glabrescentes a pubescentes; estames abaxiais 3, anteras isomórficas, o centro-abaxial com filetes 1,3-1,5 mm compr., anteras 1,1-1,3 mm compr., os latero-abaxiais com filetes 1,5-2 mm compr., anteras 1,8-2 mm compr., estames medianos 4, filetes 1-1,2 mm compr., anteras 1-1,1 mm compr., estaminódios 3, 1-1,2 mm compr.; ovário 0,3-0,5 × 0,1-0,3 mm, linear, estipitado, pubescente, estípite 0,1-0,2 mm compr., estilete 2-3 mm compr. Fruto não observado.

Material examinado: Caetité, 10.II.2010, fl., M.S. Silva & P.N. Cunha 70 (HUNEB).

Senna spectabilis var. excelsa distribui-se no Equador e Brasil (Irwin & Barneby 1982Irwin HS & Barneby RC (1982) The American Cassinae. A synoptical revision of Leguminosae, tribe Cassieae, subtribe Cassinae in the new world. Memoires of the New York Botanical Garden 35: 1-918. ). No Brasil ocorre amplamente no nordeste e nas regiões Norte (TO), Centro-Oeste (DF, GO e MS) e Sudeste (MG), nos domínios fitogeográficos Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica (BFG 2018). Na área estudada é encontrada em área de Caatinga arbustiva, entre 810 a 850 m de altitude, sobre solos areno-argilosos, sendo, portanto, uma nova ocorrência para Caetité. Floresce no mês de fevereiro.

Apresenta folíolos com ápice mucronado a obtuso, inflorescências paniculadas com 24-27 cm de comprimento e corola assimétrica. Pode ser confundida com S. multijuga por possuir ramos canaliculados e lenticelados, folíolos pubescentes e flores assimétricas, mas diferencia-se pela ausência do nectário extrafloral (vs. presente entre todos os pares de folíolos em S. multijuga), comprimento das folhas (10-20 cm vs. 7-9 cm) e número de flores por inflorescências (20-35 flores vs. 3-5 flores).

Nome popular: São-joão.

12. Senna splendida var. gloriosa H.S. Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 192. 1982. Figs. 2p; 4v-z

Arbustos 1,5-3 m alt. Ramos cilíndricos, lenticelados, glabros. Estípulas 0,5-1,5 × 3-6 mm, lineares a falcadas, persistentes. Folhas 2,5-3,5 cm compr.; pecíolo 2-2,5 cm compr., glabrescente; nectário 1-2 mm compr., clavado, estipitado, no primeiro par de folíolos; raque 0,4-0,8 cm compr., glabra; segmento interfoliolar 0,4-0,8 cm compr., glabro; folíolos 2 pares, 1,5-4,2 × 0,7 cm, oblongos a elípticos, ápice atenuado a cuneado, base arredondada a assimétrica, margem inteira, cartáceos, discolores, glabros. Racemos corimbosos a umbeliformes, 5-7 cm compr., axilares, laxos, 3-4-flores; brácteas 0,7-1,8 × 4-7 mm, lanceoladas, persistentes; pedicelo 1-2,5 cm compr., glabrescentes. Flores 2-2,5 × 3-5 cm compr., zigomorfas; sépalas 1,5-2 × 0,8-1 cm compr., oval-elípticas a oblongo-elípticas, verdes, desiguais no tamanho e na forma, ápice arredondado, glabrescentes; pétalas 2,5-3,0 × 1,8-1,9 cm, obovais a elípticas, ápice arredondado a emarginado, base cuneada, amarelas, sem nervuras avermelhadas, glabrescentes; estames abaxiais 3, anteras anisomórficas, o centro abaxial com filetes 6-8 mm compr., anteras 13-16 mm compr., os latero-abaxiais com filetes 5-13 mm compr., anteras 13-15 mm compr., estames medianos 4, filetes 3-4 mm compr., anteras 7-9 mm compr., estaminódios 3, 4-5 mm compr., ovário 2,5-3 × 0,1-0,2 mm, linear, estipitado, pubescente, estilete 1-2 mm compr., estípite 3-6 mm compr. Bagas 10-25 × 1-1,5 cm, cilíndricas, carnosas, retas a levemente curvas, estipitadas, castanho-escuras, glabras a pubescentes, indeiscentes, estípite 1-3 cm compr. Sementes 4-4, 4 × 4-5 mm, ovais, castanho-escuras.

Material examinado: Caldeiras, 17.IV.2017, fl. e fr., T.T. Santos 55 (HUNEB); loteamento da UPA, 8.X.2016, fl. e fr., T.T. Santos 41-42 (HUNEB); Santa Luzia, próximo à placa Pousada Alto das Colinas, 19.VI.2017, fl., T.T. Santos 66 (HUNEB); Sítio Lagoa Rasa, estrada para Maniaçu, 17.XII.2013, fl., R.L.B. Borges et al. 24 (HUNEB).

Espécie endêmica do Brasil, com distribuição nas regiões Nordeste e Sudeste, nos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte, nos domínios fitogeográficos da Caatinga e do Cerrado (BFG 2018). Na área de estudo ocorre em áreas de Caatinga arbustiva e de transição Caatinga-Cerrado, crescendo em solos areno-argilosos, entre 810 a 1.000 metros de altitude. Flores foram observadas nos meses de abril, junho, outubro e dezembro, enquanto frutos em abril e outubro.

Senna splendida var. gloriosa caracteriza-se por apresentar hábito arbustivo, corola zigomorfa e sépalas desiguais no comprimento e na forma. Assemelha-se a S. rugosa no tipo de hábito (arbustivo), no número de folíolos (dois pares) e pelos frutos cilíndricos, mas pode ser diferenciada pela localização do nectário extrafloral na folha (base do pecíolo vs. em ambos os pares de folíolos em S. rugosa), pelo tamanho das folhas (2,5-3,5 cm vs. 4-10 cm) e pelos folíolos glabros (vs. folíolos pubescentes).

Nome popular: Aleluia.

13. Senna uniflora (Mill.) H.S. Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 258. 1982. Figs. 3q; 4a’-e’

Ervas a subarbustos 0,5-0,8 m alt. Ramos levemente canaliculados, lenticelados, tomentosos. Estípulas 3-5,6 × 0,3-0,7 mm, lanceoladas, aciculadas, persistentes. Folhas 7-9 cm compr.; pecíolo 1-2 cm compr., tomentoso; nectário 1-2 mm compr., clavado, estipitado, em praticamente todos os pares de folíolos, ausente no último par; raque 4-8 cm compr., pubescente; segmento interfoliolar 3-5 cm compr., pubescente; folíolos 3 pares, 0,5-1,5 × 0,3-0,5 cm, elípticos, oblongos a obovais, ápice rotundo ou mucronado, base assimétrica a arredondada, margem inteira, membranáceos, discolores, face adaxial glabra, face abaxial tomentosa. Inflorescências racemosas, 5-6 cm compr., axilares, congestas, 3-5-flores; brácteas 0,7-1,8 × 4-7 mm, lineares ou lanceoladas, persistentes; pedicelo 2-3 cm compr., pubescente. Flores 1,3-3,3 cm compr., zigomorfas; sépalas 0,2-0,1 × 0,2-0,3 cm, obovais a elípticas, ápice arredondado, hirsutas; pétalas 0,4-0,5 × 0,2-0,3 cm, obovais a oval-oblongas, ápice arredondado a emarginado, base cuneada, amarelas, glabrescentes; estames abaxiais 3, anteras heteromorfas, o centro-abaxial com filetes 1,1-1,7 mm compr., anteras 1,5-1,9 mm compr., os latero-abaxiais com filetes 1,5-2 mm compr., anteras 1,8-2 mm compr., estames medianos 4, filetes 1-1,2 mm compr., anteras 1-1,1 mm compr., estaminódios 3, 1-1,2 mm compr., ovário 0,3-0,5 × 0,1-0,3 mm, elíptico, estipitado, tomentoso, estípite 0,1-0,2 mm, estilete 2-3 mm compr. Legumes 3,5-10 × 1-1,5 cm, lineares, retos, estipitados, corrugados entre as sementes, tomentosos ou hirsutos, castanho-escuros, tardiamente indeiscentes, estípite 0,7-1,5 cm compr. Sementes 0,6-0,8 × 0,1-0,2 mm, oblongoides a elipsoides, castanho-escuras.

Material examinado: loteamento da UPA, 8.X.2016, fr., T.T.Santos 44 (HUNEB); Pajéu do Vento, 27.III.2017Santos JP, Souza AO & Silva MJ (2017) Taxonomia e diversidade do gênero Senna Mill. (Leguminosae, Caesalpinioideae, Cassieae) no estado de Goiás, Brasil. Iheringia, Série Botânica 72: 75-105., fl., T.T. Santos 51 (HUNEB).

Ocorre na América Central, Brasil, Equador, México e Venezuela (Irwin & Barneby 1982Irwin HS & Barneby RC (1982) The American Cassinae. A synoptical revision of Leguminosae, tribe Cassieae, subtribe Cassinae in the new world. Memoires of the New York Botanical Garden 35: 1-918. ). É citada para todos os estados da Região Nordeste no Brasil, podendo ser encontrada ainda nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste, nos estados de Goiás, Minas Gerais, Roraima e São Paulo, onde cresce nos domínios fitogeográficos da Amazônia, Caatinga e Cerrado (BFG 2018). Em Caetité foi registrada em Caatinga arbustiva e Floresta estacional, em solos areno-argilosos, entre 810 a 1.000 metros de altitude. Floresce em março e frutifica em outubro.

Senna uniflora pode ser reconhecida por apresentar ramos tomentosos, nectário 2 ou mais por raque, fruto plano, corrugado entre as sementes. Pode ser confundida com S. obtusifolia, cuja distinção foi discutida nos comentários desta última espécie.

Nome popular: Mata-pasto-cabeludo

Agradecimentos

À Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Ciências Humanas - Campus VI, o suporte laboratorial e auxílio às coletas; ao Programa de Pós-graduação em Biodiversidade Vegetal, apoiar financeiramente a confecção das ilustrações. À CAPES, a concessão da bolsa de Mestrado à segunda autora. Aos curadores e aos técnicos dos Herbários visitados, a atenção e acolhimento durante a consulta às coleções. A Regina Carvalho, as ilustrações.

Referências

  • Azevedo FP & Conceição AS (2017) The genus Senna Mill. (Leguminosae: Caesalpinioideae) in the Serra Geral of Licínio de Almeida, Bahia, Brazil. Acta Scientiarum. Biological Sciences 39: 95-112.
  • BFG - The Brazil Flora Group (2015) Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085-1113.
  • BFG - Brazilian Flora Group (2018) Innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69 (4): 1513-1527.
  • Bortoluzzi RLC, Miotto STS & Reis A (2011) Leguminosas-Cesalpinioideas: Tribo Cassieae. Flora Ilustrada Catarinense. Vol. 4. Herbário Barbosa Rodrigues, Itajaí. 331p.
  • Correia CLSB & Conceição AS (2017) The genus Senna Mill. (Leguminosae: Caesalpinioideae) in a fragment of the Ecological Station Raso da Catarina, Bahia, Brazil. Acta Scientiarum. Biological Sciences 39: 357-372.
  • Harris JG & Harris MW (2001) Plant identification terminology: an illustrated glossary. 2nd ed. Spring Lake Publishing, Spring Lake. 206p.
  • IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2017) Caetité - BA / Histórico. Disponível em <http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=290520&search=bahia|caetite|infograficos:-informacoes-completas>. Acesso em 25 agosto 2017.
    » http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=290520&search=bahia|caetite|infograficos:-informacoes-completas
  • INMET - Instituto Nacional de Meteorologia (2017) Disponível em <http://www.inmet.gov.br/portal>. Acesso em 25 agosto 2017.
    » http://www.inmet.gov.br/portal
  • Irwin HS & Barneby RC (1982) The American Cassinae. A synoptical revision of Leguminosae, tribe Cassieae, subtribe Cassinae in the new world. Memoires of the New York Botanical Garden 35: 1-918.
  • Köppen W (1948) Climatologia: com um estudio de los climas de la terra. F.C.E., Ciudad de México. 87p.
  • Lewis GP (1987) Legumes of Bahia. Royal Botanic Gardens, Kew. 369p.
  • Lewis GP (2005) Cassieae. In: Lewis GP, Schrire B, Mackinder B & Lock M (eds.) Legumes of the world. Royal Botanic Gardens, Kew. Pp. 111-125.
  • Marazzi B, Endress PK, Queiroz LP & Conti E (2006) Phylogenetic relationships within Senna (Leguminosae, Cassiinae) based on three chloroplast DNA regions: patterns in the evolution of floral symmetry and extrafloral nectaries. American Journal of Botany 93: 288-303.
  • Mori SA, Silva LAM, Lisboa G & Coradin L (1989) Manual de manejo de herbário fanerogâmico. 2a ed. Centro de Pesquisa do Cacau, Ilhéus. 104p.
  • Queiroz LP (2009) Leguminosas da Caatinga. Associação Plantas do Nordeste. Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana / Royal Botanic Gardens, Kew. 443p.
  • Rodrigues RS, Flores AS, Miotto STS & Baptista LRM (2005) O gênero Senna (Leguminosae, Caesalpinioideae) no Rio Grande do Sul, Brasil. Acta Botanica Brasilica 19: 1-16.
  • Radford AE, Dickison WC, Massey R & Bell CR (1974) Vascular plant systematics. Harper & Row, New York. 891p.
  • Romão GO & Souza VC (2016) Senna P. Miller. In: Wanderley MGL, Shepherd GJ, Melhem TS, Giulietti AM & Martins SE (eds.) Flora fanerogâmica do estado de São Paulo. Instituto de Botânica, São Paulo. Vol. 8, pp. 51-62.
  • Santos JP, Souza AO & Silva MJ (2017) Taxonomia e diversidade do gênero Senna Mill. (Leguminosae, Caesalpinioideae, Cassieae) no estado de Goiás, Brasil. Iheringia, Série Botânica 72: 75-105.
  • SEI - Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (2016) Sistema de informações municipais. Disponível em <http://www.sei.ba.gov.br>. Acesso em 25 agosto 2017.
    » http://www.sei.ba.gov.br
  • Silva MJ , Santos JP & Souza JPS (2018) Sinopse taxonômica do gênero Senna (Leguminosae, Caesalpinioideae, Cassieae) na Região Centro-Oeste do Brasil. Rodriguésia 69: 733-763.
  • Spjut RW (1994) A systematic treatment of fruit types. Vol. 70. Memoirs of the New York Botanical Garden, New York. 182p.
  • Vasconcelos MF, Souza FJ, Parrini R, Serpa GA, Albano C, Abreu CRM, Santos SS & Neto FPF (2012) The avifauna of Brejinho das Ametistas, Bahia, Brazil: birds in a Caatinga-Cerrado transitional zone, with comments on taxonomy and biogeography. Revista Brasileira de Ornotologia 20: 246-267.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    07 Fev 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    17 Abr 2018
  • Aceito
    29 Jul 2018
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Rua Pacheco Leão, 915 - Jardim Botânico, 22460-030 Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Tel.: (55 21)3204-2148, Fax: (55 21) 3204-2071 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: rodriguesia@jbrj.gov.br