Acessibilidade / Reportar erro

Octomeria (Orchidaceae: Pleurothallidinae) no estado do Paraná, Brasil

Octomeria (Orchidaceae: Pleurothallidinae) in Paraná state, Brazil

Resumo

Octomeria (Orchidaceae: Pleurothallidinae) consiste de cerca de 150 espécies neotropicais, das quais aproximadamente 95 ocorrem no Brasil. Através de consultas a herbários nacionais e estrangeiros, além da realização de trabalho de campo, 21 táxons foram encontrados no Paraná. Octomeria lilliputana revelou-se endêmica para o estado e Octomeria leptophylla uma nova ocorrência. O gênero ocorre em todas as fisionomias vegetais do Paraná, principalmente na Planície Litorânea e Primeiro Planalto. Segundo os critérios da IUCN, cinco espécies se enquadram na categoria “CR”, nove na categoria “EN”, duas nas categorias “NT”, “LC” e “DD”, e uma delas, Octomeria concolor, presumidamente extinta (“EW”) no Paraná. Dois novos sinônimos são propostos: Octomeria hatschbachii, sinônimo de Octomeria chamaeleptotes, e Octomeria caetensis, sinônimo de Octomeria palmyrabellae. Lectótipos são selecionados para Octomeria chamaeleptotes e Octomeria hatschbachii. São apresentados uma chave de identificação das espécies, descrições, ilustrações, discussões taxonômicas, lista de material examinado, dados sobre distribuição geográfica e estado de conservação dos táxons.

Palavras-chave:
biodiversidade; florística; IUCN; lectotipificação; mata atlântica; taxonomia

Abstract

Octomeria (Orchidaceae: Pleurothallidinae) comprises ca. 150 Neotropical species, of which 95 occur in Brazil. Based on fieldwork and study of Brazilian and foreign herbaria 21 taxa are here recognized for Paraná. Octomeria lilliputana was shown to be endemic to the state and Octomeria leptophylla a new record. The genus is recorded all over the state, especially in the “Planície Litorânea” and “Primeiro Planalto.” Following the IUCN criteria, five species are classified in category “CR”, nine in category “EN”, two in category “NT’, “LC” and “DD”, and one of them, Octomeria concolor, is considered presumably extinct (“EW”) in the state. Two new synonyms are proposed: Octomeria hatschbachii as a synonym of Octomeria chamaeleptotes, and Octomeria caetensis as a synonym of Octomeria palmyrabellae. Lectotypes are selected for Octomeria chamaeleptotes and Octomeria hatschbachii. A key for species identification, descriptions, illustrations, taxonomic discussions, list of specimens examined, distribution data and conservation status for all taxa are herein provided.

Key words:
biodiversity; floristics; IUCN; lectotypification; Atlantic forest; taxonomy

Introdução

A família Orchidaceae Juss. possui cerca de 27.800 espécies (The Plant List 2018The Plant List (2018) Version 1.1. Published on the Internet. Disponível em <http://www.theplantlist.org>. Acesso em 01 janeiro 2018.
http://www.theplantlist.org...
). Divide-se em cincos subfamílias: Apostasioideae, Vanilloideae, Cypripedioideae, Orchidoideae e Epidendroideae (Chase et al. 2003Chase MW, Cameron KM, Freudenstein JV, Pridgeon AM, Salazar G, van den Berg C & Schuitman A (2015) An updated classification of Orchidaceae. Botanical Journal of the Linnean Society 177: 151-174., 2015).

Com aproximadamente 650 gêneros e 18.000 espécies, a subfamília Epidendroideae é a mais diversa e numerosa das Orchidaceae, com distribuição praticamente cosmopolita, ausente apenas em desertos e regiões polares (Pridgeon et al. 2009Pridgeon AM, Cribb PJ, Chase MW & Rasmussen FM (2009) Genera Orchidacearum. Vol. 4. Epidendroideae (Part I). Oxford University Press, Oxford. 672p.). Engloba 16 tribos (Pridgeon et al. 2009), dentre elas a tribo Epidendreae, restrita às Américas e regiões caribenhas. Dentre as seis subtribos que constituem as Epidendreae (van den Berg et al. 2005van den Berg C, Goldman DH, Freudenstein JV, Cameron KM & Chase MW (2005) An overview of the phylogenetic relationships within Epidendroideae inferred from multiple DNA regions and recircumscription of Epidendreae and Arethuseae (Orchidaeceae). American Journal of Botany 92: 613-624.), a Pleurothallidinae é a maior e mais diversa, apresentando ca. 5.000 espécies e aproximadamente 44 gêneros (Karremans 2016Karremans AP (2016) Genera Pleurothallidinae: an update phylogenetic overview of Pleurothallidinae. Lankesteriana 16: 219-241.), dentre os quais destaca-se o gênero Octomeria R. Br.

O gênero Octomeria possui cerca de 150 espécies (Luer 1986Luer CA (1986) Icones Pleurothallidinarum I. Systematics of Pleurothallidinae (Orchidaceae). Monographs in Systematic Botany from the Missouri Botanical Garden 15: 1-81.) e distribui-se amplamente nos trópicos americanos, sobretudo em território brasileiro. Aproximadamente 95 das espécies válidas ocorrem no Brasil, dentre as quais 71 são endêmicas (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527.) e 21 a 25 previamente citadas para o estado do Paraná (Smidt 2014Smidt EC (2014) Orchidaceae. In: Kaehler M, Goldenberg R, Labiak PH, Ribas OS, Vieira AOS & Hatschbach GG (eds.) Plantas vasculares do Paraná. Universidade Federal do Paraná: Departamento de Botânica, Curitiba. Pp.146-156.; BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527.).

O gênero foi descrito por Robert Brown (1813)Brown R (1813) A catalogue of the plants cultivated in the Royal Botanic Garden at Kew. 2nd ed. Vol. 5. Hortus Kewensis, Londres. 211p. baseando-se em Epidendrum graminifolium L. Trata-se de plantas epífitas ou rupícolas, de hábito variável, mas todas desprovidas de pseudobulbos, unifoliadas, e inflorescência geralmente constituída de densos fascículos de inflorescências unifloras, sucessivas ou simultâneas. O nome deriva do grego oktomeros (“com oito partes”) e alude ao número de suas polínias.

Nas mais recentes análises moleculares (e.g., Pridgeon et al. 2001Pridgeon AM, Solano R & Chase MW (2001) Phylogenetic relationships in Pleurothalidinae (Orchidaceae): combined evidence from nuclear and plastid DNA sequences. American Journal of Botany 88: 2286-2308. ; Foster 2007Forster W (2007) Estudo taxonômico das espécies com folhas planas a conduplicadas do gênero Octomeria R.Br. (Orchidaceae). Tese de Doutorado. Instituto de Biociências, University of São Paulo, São Paulo. 287p. ; Karremans 2016Karremans AP (2016) Genera Pleurothallidinae: an update phylogenetic overview of Pleurothallidinae. Lankesteriana 16: 219-241.) o gênero apresentou-se monofilético e de posicionamento basal em relação ao restante das Pleurothallidinae.

A morfologia foliar das várias espécies tem sido tradicionalmente utilizada na classificação infragenérica de Octomeria, e duas seções, sect. Teretifoliae (folhas cilíndricas) e sect. Octomeria (folhas planas) são reconhecidas por vários autores (Rodrigues 1882Rodrigues JB (1882) Genera et species Orchidearum Novarum 2. Typografia Nacional, Rio de Janeiro. 295p.; Cogniaux 1896Cogniaux AC (1896) Orchidaceae, Tribus IV: Pleurothallidinae. In: Martius CFP, Eichler AW & Urban I (eds.) Flora brasiliensis. F. Fleischer, Monarchii. Vol. 3, pars. 4, 601p.; Schlechter 1915Schlechter R (1915) Die Orchideen. Paul Parey, Berlin. 836p.; Pabst & Dungs 1975Pabst GFJ & Dungs F (1975) Orchidaceae Brasilienses. Vol. 1. Brücke-Verlag Kurt Schmersow, Hildesheim. 404p.; Luer 1986Luer CA (1986) Icones Pleurothallidinarum I. Systematics of Pleurothallidinae (Orchidaceae). Monographs in Systematic Botany from the Missouri Botanical Garden 15: 1-81.). No entanto, recentes estudos moleculares indicam que tais seções são na verdade polifiléticas (Forster 2007Forster W (2007) Estudo taxonômico das espécies com folhas planas a conduplicadas do gênero Octomeria R.Br. (Orchidaceae). Tese de Doutorado. Instituto de Biociências, University of São Paulo, São Paulo. 287p. ).

O presente trabalho objetivou realizar o estudo taxonômico do gênero para o estado do Paraná, além de fornecer chave de identificação, descrições, discussões taxonônicas, ilustrações, dados fenológicos, mapas de distribuição e estado de conservação são fornecidos para todos os táxons.

Material e Métodos

Análises morfológicas foram efetuadas baseando-se em exsicatas depositadas nos herbários BHCB, EFC, FLOR, FUEL, HB, HUCP, HUEM, HUPG, IRAI, MBM, RB, SP, SPF, UPCB, assim como através da consulta de imagens digitais disponíveis online dos seguintes herbários estrangeiros: AMES, BR, HBG, K, S, W (acrônimos segundo Thiers, continuamente atualizado). As análises foram complementadas através de excursões de campo semanais realizadas entre março de 2015 e dezembro de 2017, com o objetivo de abranger todos os tipos vegetacionais do estado do Paraná. Todo material foi herborizado segundo os métodos tradicionais de Fidalgo & Bononi (1984)Fidalgo O & Bononi VLR (1984) Técnicas de coleta, preservação e herborização de material botânico. Instituto de Botânica, São Paulo. 40p. e tombado no herbário UPCB da Universidade Federal do Paraná (UFPR). O material estéril foi acondicionado em saco plástico, transportado para a UFPR e cultivado na casa de vegetação até sua posterior floração. Os exemplares foram identificados ao nível específico através de consulta aos protólogos e tipos nomenclaturais, e comparações com descrições em obras especializadas que contemplam de maneira abrangente o gênero (Cogniaux 1896Cogniaux AC (1896) Orchidaceae, Tribus IV: Pleurothallidinae. In: Martius CFP, Eichler AW & Urban I (eds.) Flora brasiliensis. F. Fleischer, Monarchii. Vol. 3, pars. 4, 601p.; Pabst & Dungs 1978Pabst GFJ & Dungs F (1978) Orchidaceae Brasilienses . Vol. 2. Brücke-Verlag Kurt Schmersow, Hildesheim. 418p.; Foster 2007Forster W (2007) Estudo taxonômico das espécies com folhas planas a conduplicadas do gênero Octomeria R.Br. (Orchidaceae). Tese de Doutorado. Instituto de Biociências, University of São Paulo, São Paulo. 287p. ), além de análises comparativas do material depositado nos diversos herbários acima citados. A terminologia morfológica adotada foi baseada em Rizzini (1977)Rizzini CT (1977) Sistematização terminologica da folha. Rodriguésia 42: 103-125., Stearn (1983)Stearn WT (1983) Botanical Latin. Hafner Publishing Company, New York. 560p. e Luer (2002)Luer CA (2002) Miscellaneous new species in the Pleurothallidinae (Orchidaceae). Selbyana 23: 1-45.. Com exceção dos novos sinônimos aqui propostos, todos os outros seguem a base de dados The Plant List (2018)The Plant List (2018) Version 1.1. Published on the Internet. Disponível em <http://www.theplantlist.org>. Acesso em 01 janeiro 2018.
http://www.theplantlist.org...
. O programa “Open-DELTA” (Dallwitz et al. 2015Dallwitz MJ, Paine TA & Zurcher EJ (2015) Principles of interactive keys. Disponível em <http://delta-intkey.com/www/interactivekeys.pdf>. Acesso em 07 abril 2016.
http://delta-intkey.com/www/interactivek...
) foi utilizado para a padronização das descrições. A abreviação dos autores de cada táxon segue Brummitt & Powell (1992)Brummitt RK & Powell CE (1992) Authors of plant names. Royal Botanic Gardens, Kew. 732p.. As abreviações dos nomes dos periódicos seguem o “Botanico Periodicum Huntianum, Suppl. (BPH)”. A distribuição geográfica dos táxons no estado do Paraná foi mapeada através do programa DIVA-GIS 7.5 (Hijmans et al. 2012Hijmans RJ, Guarino L, Jarvis A, O’brien R & Mathuer P (2012) DIVA-GIS Version 5.4. Disponível em <https://www.diva-gis.org>. Acesso em 07 abril 2016.
https://www.diva-gis.org...
). O estado de conservação dos táxons foi inferido através da utilização do programa “GeoCAT” (Bachman et al. 2011Bachman S, Moat J, Hill AW, de Torre J & Scott B (2011) Supporting Red List threat assessments with GeoCAT: geospatial conservation assessment tool. Zookeys 150: 117-126.), baseando-se nas recomendações do sistema IUCN (2012)IUCN (2012) Red List of Threatened Species. Version 2012.1. Gland, Switzerland, and Cambridge, United Kingdom. Disponível em <https://www.iucnredlist.org>. Acesso em 10 de setembro de 2017.
https://www.iucnredlist.org...
.

Resultados e Discussão

Foram analisadas 262 exsicatas de espécimes coletados no Paraná e 45 exsicatas provenientes de outros estados. 28 espécimes foram coletados no campo e posteriormente cultivados na Universidade Federal do Paraná. 21 espécies são reconhecidas para o Paraná, das quais Octomeria leptophylla Barb. Rodr. trata-se de uma nova ocorrência e Octomeria lilliputana W. Forst., F. Barros & V.C. Souza aparentemente endêmica. A presença de Octomeria fibrifera Schltr. e Octomeria riograndensis Schltr. no Paraná (Smidt 2014Smidt EC (2014) Orchidaceae. In: Kaehler M, Goldenberg R, Labiak PH, Ribas OS, Vieira AOS & Hatschbach GG (eds.) Plantas vasculares do Paraná. Universidade Federal do Paraná: Departamento de Botânica, Curitiba. Pp.146-156.) não pode ser confirmada e, por isso, são excluídas da lista das espécies presentes no estado.

Propomos aqui a sinonimização de Octomeria caetensis Pabst com O. palmyrabellae Barb. Rodr. e de Octomeria hatschbachii Schltr. com O. chamaeleptotes Rchb.f., assim como selecionamos lectótipos para os dois últimos binômios.

De acordo com critérios da IUCN (2012), Octomeria concolor Barb. Rodr. encontra-se na categoria “Presumidamente Extinta (EW)” no Paraná; O. alexandri Schltr., O. decumbens Cogn., O. lichenicola Barb. Rodr., O. lilliputana W. Forst, F. Barros & V.C. Souza e O. rotundiglossa Hoehne, “Criticamente em Perigo (CR)”; O. anceps Porto & Brade, O. chamaeleptotes Rchb. f., O. diaphana Lindl., O. juncifolia Barb. Rodr., O. linearifolia Barb. Rodr., O. octomeriantha (Hoehne) Pabst, O. micrantha Barb. Rodr., O. palmyrabellae Barb. Rodr. e O. pusilla Lindl., “Em Perigo (EN)”; O. gracilis Lodd. ex Lindl. e O. grandiflora Lindl., “Quase Ameaçadas (NT)”; O. crassifolia Lindl. e O. warmingii Rchb. f., “Pouco Preocupantes (LC)”. Octomeria estrellensis Hoehne e O. leptophylla Barb. Rodr. possuem “Dados Deficientes (DD)” para uma análise mais criteriosa.

Dos cinco domíneos fitogeográficos que caracterizam a vegetação paranaense (Labiak 2014), a Floresta Ombrófila Mista, com 14 espécies de Octomeria, apresenta a maior diversidade, seguida da Floresta Ombrófila Densa, com 12 espécies, das Estepes Gramíneo Lenhosas, com cinco, e da Floresta Estacional Semidecidual, com apenas três. Não há registros para a Savana paranaense.

Tratamento taxônomico

Octomeria R. Br., Hortus Kewensis, ed. 2, 5: 211. 1813. = Octomeria graminifolia (L.) R. Br. = Aspegrenia Poepp. & Endl; Nova Genera ac Species Plantarum 2: 12. 1836. = Enothrea Raf., Flora Telluriana 4: 43-44. 1836. = Gigliolia Barb. Rodr.; Genera et Species Orchidearum Novarum 1: 25. 1877 = Octandrorchis Brieger, Die Orchideen 1A(7): 425. 1975.

Planta epífita ou rupícola, cespitosa ou reptante, rizomas espessos a delgados. Ramicaules eretos ou pendentes, unifoliados, às vezes arqueados, cilíndricos ou achatados lateralmente, envoltos em bainhas tubulares, usualmente imbricadas, raramente entumecidas, claviformes e fortemente adpressas ao ramicaule, ápice da bainha acuminado a truncado. Folhas eretas ou arqueadas, coriáceas ou crásseas, planas, cilíndricas a semicilíndricas, raramente conduplicadas, lineares, oblongas, ovado-lanceoladas, oblongo-lanceoladas a lanceoladas, base cuneada, atenuada, arredondada, truncada; ápice apiculado, agudo, obtuso, acuminado, às vezes tridentado. Inflorescência uniflora, multiflora, fasciculadas, brácteas florais geralmente muito reduzidas ou ausentes. Flores brancas, amarelas a avermelhadas. Sépalas elípticas, elíptico-lanceoladas, oblongo-lanceoladas, lanceoladas, oblongas, glabras, raramente pilosas, o ápice agudo, acuminado ou obtuso, sépala dorsal livre, as laterais livres, conadas na base ou raramente em sinsépalo. Pétalas elípticas, lanceoladas, ovado-lanceoladas, a oblongo-lanceoladas, glabras ou raramente pilosas; ápice agudo, acuminado a obtuso. Labelo trilobado, raramente inteiro, rômbico, lanceolado, elíptico, oblongo, pandurado, margem ondulada, lacerada, crenada, inteira; base unguiculada, truncada, cuneada, atenuada; disco liso a verrugoso, côncavo entre um par de calos longitudinais, mais ou menos paralelos a convergentes, que geralmente ultrapassam a metade do comprimento do labelo; lobos laterais arredondados, agudos ou raramente falciformes; lobo mediano rômbico, elíptico, oblongo, ápice tridentado, triangular, truncado, apiculado, acuminado, cuspidado, obtuso, truncado-retuso, emarginado. Coluna arqueada, cilíndrica a semicilíndrica, rostelo conspícuo ou raramente inconspícuo, antera apical, 8 polínias, estigma ventral.

    Chave de identificação das espécies de Octomeria do Paraná
  • 1. Folhas planas 2

  • 1’. Folhas cilíndricas ou semicilíndricas 13

    • 2. Labelo provido na base de pequena calosidade central, longitudinal 19. Octomeria pusilla

    • 2’. Labelo sem calosidade basal 3

      • 3. Folhas elípticas ou obovadas; flores com pedicelo longo, ca. 5 mm compr. 8. Octomeria estrellensis

      • 3’. Folhas de outros formatos, nunca elípticas ou obovadas; flores com pedicelos mais curtos que 5 mm compr. 4

  • 4. Ramicaule achatado lateralmente 5

  • 4’. Ramicaule cilíndrico ou semicilíndrico 6

    • 5. Labelo ca. 6 mm compr., lobos laterais falciformes 10. Octomeria grandiflora

    • 5’. Labelo ca. 4 mm compr., lobos laterais arredondados 2. Octomeria anceps

      • 6. Bainhas do ramicaule lateralmente comprimidas 7. Octomeria diaphana

      • 6’. Bainhas do ramicaule lateralmente não comprimidas 7

        • 7. Brácteas florais conspícuas e campanuladas 21. Octomeria warmingii

        • 7’. Brácteas florais inconspícuas e nunca campanuladas 8

          • 8. Sépalas e pétalas com menos de 4 mm compr.; labelo ca. 2 mm compr. 16. Octomeria micrantha

          • 8’. Sépalas e pétalas com mais de 5 mm compr.; labelo com mais de 2,5 mm compr. 9

            • 9. Inflorescência uniflora; sépalas e pétalas longitudinalmente estriadas de rosa 14. Octomeria lilliputana

            • 9’. Inflorescência multiflora; sépalas e pétalas nunca estriadas de rosa 10

              • 10. Caules reptantes; folhas lineares 15. Octomeria linearifolia

              • 10’. Caules cespitosos; folhas de outros formatos 11

                • 11. Labelo largamente ovado; sépalas e pétalas providas de nervuras conspícuas 20. Octomeria rotundiglossa

                • 11’. Labelo oblongo a pandurado, nunca largamente ovado; sépalas e pétalas com nervuras inconspícuas 12

                  • 12. Bainhas do ramicaule alongadas, alcançando a metade do comprimento da folha; labelo oblongo-ovado 4. Octomeria concolor

                  • 12’. Bainhas do ramicaule curtas, nunca ultrapassando 1/3 do comprimento da folha; labelo oblongo-pandurado 5. Octomeria crassifolia

                    • 13. Sépalas laterais concrescidas em sinsépalo 12. Octomeria leptophylla

                    • 13’. Sépalas laterais livres 14

                      • 14. Plantas com mais de 45 cm compr.; bainhas do ramicaule, quando presentes, carnosas e entumescidas 11. Octomeria juncifolia

                      • 14’. Plantas com até 30 cm compr.; bainhas do ramicaule nunca carnosas e entumescidas 15

                        • 15. Inflorescência uniflora ou no máximo com duas flores; sépalas e pétalas de ápice acuminado ou caudado 16

                        • 15’. Inflorescência raramente uniflora, geralmente multiflora (até ca. 10 flores); sépalas e pétalas de ápice agudo ou obtuso 18

                          • 16. Labelo de margem fimbriado-lacerada, ápice cuspidado 13. Octomeria lichenicola

                          • 16’. Labelo de margem ondulada, crenada ou inteira, ápice triangular, truncado a arredondado 17

                            • 17. Labelo de âmbito obovado; flores amareladas, estriadas de vinho 3. Octomeria chamaeleptotes

                            • 17’. Labelo de âmbito ovado, flores brancas 17. Octomeria octomeriantha

    • 18. Pétalas obovado-lanceoladas, geralmente com mácula vermelha no ápice 1. Octomeria alexandri

    • 18’. Pétalas de outros formatos, nunca obovado-lanceoladas, desprovidas de mácula vermelha no ápice 19

      • 19. Labelo de âmbito oblongo a obovado; flores amarelas, concolores 9. Octomeria gracilis

      • 19’. Labelo de âmbito elíptico-panduriforme, oblongo ou sub-rômbico; flores amarelas ou amarelo-alaranjadas, estriadas de vinho 20

        • 20. Labelo de âmbito elíptico-panduriforme; flores amarelo-alaranjadas 6. Octomeria decumbens

        • 20’. Labelo de âmbito oblongo a sub-rômbico; flores amarelas 18. Octomeria palmyrabellae

1. Octomeria alexandri Schltr, Anexos Mem. Inst. Butantan, Secç. Bot. 55: 53. 1922. Figs. 1a-g; 22a; 23a

Figura 1
a-g. Octomeria alexandri - a. hábito; b. flor; c. sépala dorsal; d. sépala lateral; e. pétala; f. labelo; g. labelo e coluna, vista lateral. (a-g. T.F. Santos 166).
Figure 1
a-g. Octomeria alexandri - a. habit; b. flower; c. dorsal sepal; d. lateral sepal; e. petal; f. lip; g. lip and column, side view. (a-g. T.F. Santos 166).

Figura 2
a-g. Octomeria anceps - a. hábito; b. flor; c. sépala dorsal; d. sépala lateral; e pétala; f. labelo; g. labelo e coluna, vista lateral. (a-g. T.F. Santos & R. Kersten 329).
Figure 2
a-g. Octomeria anceps - a. habit; b. flower; c. dorsal sepal; d. lateral sepal; e. petal; f. lip; g. lip and column, side view (a-g. T.F. Santos & R. Kersten 329).

Figura 3
a-g. Octomeria chamaeleptotes - a. hábito; b. flor; c. sépala dorsal; d. sépala lateral; e. pétala; f. labelo; g. labelo e coluna, vista lateral. (a-g. T.F. Santos 200).
Figure 3
a-g. Octomeria chamaeleptotes - a. habit; b. flower; c. dorsal sepal; d. lateral sepal; e. petal; f. lip; g. lip and column, side view. (a-g. T.F. Santos 200).

Figura 4
a-g. Octomeria concolor - a. hábito; b. flor; c. sépala dorsal; d. sépala lateral; e. pétala; f. labelo; g. labelo e coluna, vista lateral. (a-g. T.F. Santos 208).
Figure 4
a-g. Octomeria concolor - a. habit; b. flower; c. dorsal sepal; d. lateral sepal; e. petal; f. lip; g. lip and column, side view. (a-g. T.F. Santos 208).

Figura 5
a-j. Octomeria crassifolia - a-b. hábito, variação; c. flor; d. sépala dorsal; e. sépala lateral; f. pétala; g-i. labelo; j. labelo e coluna, vista lateral. (a,i. M. Bolson 618; b. T.F. Santos 286; c-g,j. T.F. Santos 126; h. M. Klingelfus 219).
Figure 5
a-j. Octomeria crassifolia - a-b. habit, variation; c. flower; d. dorsal sepal; e. lateral sepal; f. petal; g-i. lip; j. lip and colum, side view. (a,i. M. Bolson 618; b. T.F. Santos 286; c-g,j. T.F. Santos 126; h. M. Klingelfus 219).

Figura 6
a-g. Octomeria decumbens - a. hábito; b. flor; c. sépala dorsal; d. sépala lateral; e. pétala; f. labelo; g. labelo e coluna, vista lateral. (a-g. T.F. Santos & K. Kujaski 286).
Figure 6
a-g. Octomeria decumbens - a. habit; b. flower; c. dorsal sepal; d. lateral sepal; e. petal; f. lip; g. lip and column, side view. (a-g. T.F. Santos & K. Kujaski 286).

Figura 7
a-g. Octomeria diaphana - a. hábito; b. flor; c. sépala dorsal; d. sépala lateral; e. pétala; f. labelo; g. labelo e coluna, vista lateral. (a-g. M. Bolson 613).
Figure 7
a-g. Octomeria diaphana - a. habit; b. flower; c. dorsal sepal; d. lateral sepal; e. petal; f. lip; g. lip and column, side view. (a-g. M. Bolson 613).

Figura 8
a-g. Octomeria estrellensis - a. hábito; b. sépala dorsal; c. sépala lateral; d. pétala; e. labelo; f. coluna, vista lateral; g. coluna, vista frontal. (a-g. ilustração original de autoria de A.C. Brade, baseada em B. Carris HB. Cópia a nanquim por Helena Ignowski).
Figure 8
a-g. Octomeria estrellensis - a. habit; b. dorsal sepal; c. lateral sepal; d. petal; e. lip; f. column, side view; g. coluna, ventral view. (a-g. unpublished drawing by A.C. Brade based on B. Carris HB. All inked by Helena Ignowski).

Figura 9
a-g. Octomeria gracilis - a. hábito; b. flor; c. sépala dorsal; d. sépala lateral; e. pétala; f. labelo; g. labelo e coluna, vista lateral. (a-g. T.F. Santos 176).
Figure 9
a-g. Octomeria gracilis - a. habit; b. flower; c. dorsal sepal; d. lateral sepal; e. petal; f. lip; g. lip and column, side view. (a-g. T.F. Santos 176).

Figura 10
a-g. Octomeria grandiflora - a. hábito; b. flor; c. sépala dorsal; d. sépala lateral; e. pétala; f. labelo; g. labelo e coluna, vista lateral. (a-g. T.F. Santos 187).
Figure 10
a-g. Octomeria grandiflora - a. habit; b. flower; c. dorsal sepal; d. lateral sepal; e. petal; f. lip; g. lip and column, side view. (a-g. T.F. Santos 187).

Figura 11
a-g. Octomeria juncifolia - a. hábito; b. flor; c. sépala dorsal; d. sépala lateral; e. pétala; f. labelo; g. labelo e coluna, vista lateral. (a-g. T.F. Santos 184).
Figure 11
a-g. Octomeria juncifolia - a. habit; b. flower; c. dorsal sepal; d. lateral sepal; e. petal; f. lip; g. lip and column, side view. (a-g. T.F. Santos 184).

Figura 12
a-g. Octomeria leptophylla - a. hábito; b. flor; c. sépala dorsal; d. sépala lateral; e. pétala; f. labelo; g. labelo e coluna, vista lateral. (a-g. M. Kilngelfus 234).
Figure 12
a-g. Octomeria leptophylla - a. habit; b. flower; c. dorsal sepal; d. lateral sepal; e. petal; f. lip; g. lip and column, side view. (a-g. M. Kilngelfus 234)

Figura 13
a-g. Octomeria lichenicola - a. hábito; b. flor; c. sépala dorsal; d. sépala lateral; e. pétala; f. labelo; g. labelo e coluna, vista lateral. (a-g. A.L.V. Toscano 3407).
Figure 13
a-g. Octomeria lichenicola - a. habit; b. flower; c. dorsal sepal; d. lateral sepal; e. petal; f. lip; g. lip and column, side view. (a-g. A.L.V. Toscano 3407).

Figura 14
a-g. Octomeria lilliputana - a. hábito; b. flor; c. sépala dorsal; d. sépala lateral; e. pétala; f. labelo; g. labelo e coluna, vista lateral. (a-g. T.F. Santos 128).
Figure 14
a-g. Octomeria lilliputana - a. habit; b. flower; c. dorsal sepal; d. lateral sepal; e. petal; f. lip; g. lip and column, side view. (a-g. T.F. Santos 128).

Figura 15
a-g. Octomeria linearifolia - a. hábito; b. flor; c. sépala dorsal; d. sépala lateral; e. pétala; f. labelo; g. labelo e coluna, vista lateral. (a-g. T.F. Santos 254).
Figure 15
a-g. Octomeria linearifolia - a. habit; b. flower; c. dorsal sepal; d. lateral sepal; e. petal; f. lip; g. lip and column, side view. (a-g. T.F. Santos 254).

Figura 16
a-g. Octomeria micrantha - a. hábito; b. flor; c. sépala dorsal; d. sépala lateral; e. pétala; f. labelo; g. labelo e coluna, vista lateral. (a-g. T.F. Santos 167).
Figure 16
a-g. Octomeria micrantha - a. habit; b. flower; c. dorsal sepal; d. lateral sepal; e. petal; f. lip; g. lip and column, side view. (a-g. T.F. Santos 167).

Figura 17
a-g. Octomeria octomeriantha - a. hábito; b. flor; c. sépala dorsal; d. sépala lateral; e. pétala; f. labelo; g. labelo e coluna, vista lateral. (a-g. T.F. Santos 201).
Figure 17
a-g. Octomeria octomeriantha - a. habit; b. flower; c. dorsal sepal; d. lateral sepal; e. petal; f. lip; g. lip and column, side view. (a-g. T.F. Santos 201).

Figura 18
a-g. Octomeria palmyrabellae - a. hábito; b. flor; c. sépala dorsal; d. sépala lateral; e. pétala; f. labelo; g. labelo e coluna, vista lateral. (a-g. T.F. Santos 276).
Figure 18
a-g. Octomeria palmyrabellae - a. habit; b. flower; c. dorsal sepal; d. lateral sepal; e. petal; f. lip; g. lip and column, side view. (a-g. T.F. Santos 276).

Figura 19
a-g. Octomeria pusilla - a. hábito; b. flor; c. sépala dorsal; d. sépala lateral; e. pétala; f. labelo; g. labelo e coluna, vista lateral. (a-g. T.F. Santos 294).
Figura 19
a-g. Octomeria pusilla - a. habit; b. flower; c. dorsal sepal; d. lateral sepal; e. petal; f. lip; g. lip and column, side view. (a-g. T.F. Santos 294).

Figura 20
a-g. Octomeria rotundiglossa - a. hábito; b. flor; c. sépala dorsal; d. sépala lateral; e. pétala; f. labelo; g. labelo e coluna, vista lateral. (a-g. T.F. Santos 117).
Figure 20
a-g. Octomeria rotundiglossa - a. habit; b. flower; c. dorsal sepal; d. lateral sepal; e. petal; f. lip; g. lip and column, side view. (a-g. T.F. Santos 117).

Figura 21
a-h. Octomeria warmingii - a. hábito; b. flor; c. sépala dorsal; d. sépala lateral; e. pétala; f-g. labelo, variação; h. labelo e coluna, vista lateral. (a-h. T.F. Santos 162).
Figure 21
a-h. Octomeria warmingii - a. habit; b. flower; c. dorsal sepal; d. lateral sepal; e. petal; f-g. lip, variation; h. lip ansd column, side view. (a-h. T.F. Santos 162).

Figura 22
Flores das espécies de Octomeria no estado do Paraná - a. Octomeria alexandri; b. Octomeria anceps; c. Octomeria chamaeleptotes; d. Octomeria concolor; e. Octomeria crassifolia; f. Octomeria decumbens; g. Octomeria diaphana; h. Octomeria gracilis; i. Octomeria grandiflora; j. Octomeria juncifolia; k. Octomeria leptophylla; l. Octomeria lichenicola; m. Octomeria lilliputana; n. Octomeria linearifolia; o. Octomeria micrantha; p. Octomeria octomeriantha; q. Octomeria palmyrabellae; r. Octomeria pusilla; s. Octomeria rotundiglossa; t. Octomeria warmingii. Fotografias: Eric de Camargo Smidt.
Figure 22
a-t. Flowers of Octomeria species in the state of Paraná - a. Octomeria alexandri; b. Octomeria anceps; c. Octomeria chamaeleptotes; d. Octomeria concolor; e. Octomeria crassifolia; f. Octomeria decumbens; g. Octomeria diaphana; h. Octomeria gracilis; i. Octomeria grandiflora; j. Octomeria juncifolia; k. Octomeria leptophylla; l. Octomeria lichenicola; m. Octomeria lilliputana; n. Octomeria linearifolia; o. Octomeria micrantha; p. Octomeria octomeriantha; q. Octomeria palmyrabellae; r. Octomeria pusilla; s. Octomeria rotundiglossa; t. Octomeria warmingii. Photograhs: Eric de Camargo Smidt.

Figura 23
a-g. Distribuição das espécies de Octomeria no estado do Paraná - a. O. chamaeleptotes, O. anceps, O. alexandri; b. O. diaphana, O. decumbens, O. crassifolia; c. O. juncifolia, O. grandiflora, O. gracilis; d. O. octomeriantha, O. micrantha, O. linearifolia; e. O. lilliputana, O. lichenicola, O. leptophylla; f. O. palmyrabellae, O. pusilla, O. concolor; g. O. warmingii, O. rotundiglossa.
Figure 23
a-g. Distribution of Octomeria species in the state of Paraná - a. O. chamaeleptotes, O. anceps, O. alexandri; b. O. diaphana, O. decumbens, O. crassifolia; c. O. juncifolia, O. grandiflora, O. gracilis; d. O. octomeriantha, O. micrantha, O. linearifolia; e. O. lilliputana, O. lichenicola, O. leptophylla; f. O. palmyrabellae, O. pusilla, O. concolor; g. O. warmingii, O. rotundiglossa.

Planta ca. 180 mm compr., epífita, cespitosa, rizoma inconspícuos. Ramicaule 83 mm compr., ereto, cilíndrico, articulado, revestido por 1-5 bainhas tubulares, semelhantes e de igual tamanho, que logo se fragmentam. Folha 83 × 1,8 mm, cilíndrica, levemente arqueada, crassa, ápice agudo, base levemente atenuada. Inflorescência 1-4 flores simultâneas, brácteas florais inconspícuas, pedicelo 0,6 mm compr., ovário 1,2 mm compr. Sépalas amarelas; a dorsal 6,7 × 4 mm, ovado a ovado-lanceolada, ápice obtuso a agudo, pentanérvea; as laterais 6,9 × 3,4 mm, livres, ovadas a ovado-lanceoladas, ápice obtuso a agudo, trinérveas. Pétalas 5,9 × 3 mm, amarelas, o ápice geralmente avermelhado, obovado-lanceoladas, ápice agudo, trinérveas. Labelo 4,1 × 2,7 mm, amarelo, ocasionalmente avermelhado na margem, trilobado, de âmbito obovado, margem inteira; base truncada; disco liso, côncavo entre um par de calos avermelhados ou amarelos, longitudinais, mais ou menos paralelos, que se estendem aproximadamente desde o nível dos lobos laterais até pouco além da metade do labelo; lobos laterais eretos, arredondados; lobo mediano rômbico a obovado, ápice levemente tridentado. Coluna 2 mm compr., vermelha ou rósea na porção ventral, levemente arqueada, cilíndrica; antera branca.

Material examinado: Curitiba, III.1943, fl., A. Guimarães (RB). Paranaguá, Floresta Estadual do Palmito, 12.III.2016, fl., T.F. Santos 116 (UPCB).

Material adicional: BRASIL. SANTA CATARINA: Serra do Quiriri, Garuva, 3.XI.2010, fl., W.S. Mancinelli 1334 (UPCB). SÃO PAULO: “Rio Grande, Prope Urbem, S. Paulo”, 800 m.s.m, fl., 17.VIII.1913, A.C. Brade 7527 (Holótipo B†, Isótipo HB).

Octomeria alexandri caracteriza-se pelas folhas cilíndricas, pela inflorescência pauciflora, sépalas elípticas e pétalas obovado-lanceoladas, cujos ápices são geralmente manchados de vermelho. O ápice do labelo é levemente trilobado nos espécimes paranaenses estudados, mas pode se apresentar truncado em coleções de outras regiões.

Trata-se de espécie amplamente distribuída, do nordeste ao sul do Brasil (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527.). No Paraná, seu primeiro registro data de 1943 para o município de Curitiba. Entretanto, devido à expansão urbana, possivelmente essa espécie não possa mais ser encontrada na capital, como pode ser constatado nas listas de levantamentos florísticos de epífitas realizados em remanescentes florestais urbanos no município (Hefler & Faustioni 2004Hefler SM & Faustioni P (2004) Levantamento florístico de epífitos vasculares do Bosque São Cristóvão, Curitiba, Paraná, Brasil. Revista Estudos de Biologia 26: 11-19.; Borgo & Silva 2003BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527.; Dittrich et al. 1999Dittrich VAO, Kozera C & Silva SM (1999) Levantamento florístico dos epífitos vasculares do Parque Barigüi, Curitiba, Paraná, Brasil. Iheringia, Série Botânica 52: 11-21.; Cervi et al.1988Cervi AC, Acra LA, Rodrigues L, Train S, Ivanchechen SL & Moreira ALOR (1988) Contribuição ao conhecimento das epífitas (exclusive Bromeliaceae) de uma floresta de Araucária do Primeiro Planalto Paranaense. Insula 18: 75-82.). No presente estudo, O. alexandri foi reencontrada no Paraná. Cresce como epífita na Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas, em Formação Pioneira com Influência Marinha na Unidade de Conservação da Floresta Estadual do Palmito. Segundos os critérios da IUCN (2012)IUCN (2012) Red List of Threatened Species. Version 2012.1. Gland, Switzerland, and Cambridge, United Kingdom. Disponível em <https://www.iucnredlist.org>. Acesso em 10 de setembro de 2017.
https://www.iucnredlist.org...
, apesar de ter sido encontrada em área de preservação ambiental, levando-se em conta a área de ocupação (AOO) de 4 km2 e por possuir poucos registros, O. alexandri encontra-se na categoria “Criticamente em Perigo” (CR) [CR B1, B2a,c (iii)].

Floresce durante o verão, no mês de março.

2. Octomeria anceps Porto & Brade, Arq. Inst. Biol. Veg. 3: 134. 1937. = Octomeria crassilabia Pabst; Rodriguésia 31. 1956. = Octomeria edmundoi Brade; Orquídea (Rio de Janeiro) 6: 14. 1943. = Octomeria reitzii Pabst; Sellowia 7: 178. 1956. Figs. 2a-g; 22b; 23a

Planta 75-183 mm compr., epífita, cespitosa, rizoma inconspícuo. Ramicaule 26-83 mm compr., ereto, comprimido lateralmente, articulado, revestido por 2-5 bainhas tubulares, semelhantes e de igual tamanho, persistentes. Folha 46-90 × 7,3-10,9 mm, oblonga, oblonga-lanceolada, plana, coriácea, ápice agudo, base atenuada. Inflorescência 1-3 flores simultâneas, brácteas florais inconspícuas, pedicelo 0,7-1,5 mm compr., ovário 2-2,8 mm compr. Sépalas brancas; a dorsal 8,5-9,1 × 2,3-2,7 mm, ovado-lanceolada, ápice acuminado, trinérvea; as laterais 8,8-9,8 × 1,9-2,2 mm, livres, ovado-lanceoladas, ápice acuminado, trinérveas. Pétalas 7,8-8,5 × 1,7-2,2 mm, brancas, ovado-lanceoladas, oblongas, ápice acuminado, trinérveas. Labelo 4 × 1,7 mm, branco, com a parte interna manchado de purpúreo, trilobado, de âmbito obovado, margem inteira a levemente crenada, base truncada; disco liso, côncavo entre um par de calos roxos, longitudinais, mais ou menos paralelos, que se estendem aproximadamente desde o nível dos lobos laterais até a metade do labelo; lobos laterais eretos, arredondados; lobo mediano elíptico, ápice truncado, retuso, levemente tridentado. Coluna 1,4-2 mm compr., branca, ereta, cilíndrica; antera branca.

Material examinado: Campina Grande do Sul, Capivari Grande, 9.XII.1961, fl., G. Hatschbach 8807 (MBM); Ibitiraquire-Abrigo, G. Hatschbach 23398 (HB); Serra Ibitiraquire, 23.I.1970, fl., G. Hatschbach 23398 (MBM); Pico Caratuva, 8.II.1968, fl., G. Hatschbach 18571 (MBM). Guaratuba, Morro dos Perdidos, 29.XI.2016, fl., T.F. Santos 232 (UPCB). Quatro Barras, Morro Mãe Catira, sem data, E.F. Paciornik 198 (MBM).

Octomeria anceps caracteriza-se pelo porte médio, folhas planas e ramicaule achatado lateralmente. As inflorescências são paucifloras e carregam 1-3 flores geralmente cleistógamas e autogâmicas. As sépalas e pétalas são brancas e acuminadas; o labelo branco, púrpuro na face adaxial, e de âmbito obovado.

Espécie distribuída no sudeste e sul do Brasil (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527.). No Paraná, cresce como epífita em Floresta Ombrófila Densa e Mista, geralmente em regiões de alta altitude.

Segundo os critérios da IUCN (2012), levando-se em conta a extensão de ocorrência (EOO) de 27.220 km2 e a área de ocupação (AOO) de 24 km2, somado ao fato da grande fragilidade dos ecossistemas de florestas alto-montanas, o táxon se enquadra na categoria “Em Perigo” (EN) [EN B2b (i,ii,iii)].

Floresce durante o verão, de janeiro a fevereiro.

3. Octomeria chamaeleptotes Rchb.f., Linnaea 22: 817. 1849 [1850]. = Octomeria chamaeleptotes var. grandiflora Cogn. Fl. bras. 3(4): 641. 1896 = Octomeria hatschbachii Schltr., Repert. Spec. Nov. Regni Veg. 23: 45. 1926, syn. nov, holótipo de Octomeria hatschbachii Schltr.: B†; Lectótipo aqui designado: illustração de Rudolf Schlechter reproduzida por Mansfeld (1930)Mansfeld R (1930) Blüten analysen neuer Orchideen von R.Schltechter. I. Südamerikanische, Orchideen. Repertorium Specierum Novarum Regni Vegetabilis, Beihft 58, tab. 1-60.in Feddes Repert. Spec. Nov. Regni Veg. 58, tab. 38, fig. 151. Figs. 3a-g; 22c; 23a

Planta 70-130 mm compr., epífita, cespitosa, rizoma inconspícuo. Ramicaule 35-70 mm compr., ereto, cilíndrico, não articulado, revestido por 1-3 bainhas tubulares, semelhantes e de igual tamanho, que logo se fragmentam. Folha 30-60 × 1,1-2 mm, cilíndrica, arqueada, coriácea, ápice agudo, base atenuada. Inflorescência 1-2 flores simultâneas, brácteas florais inconspícuas, pedicelo 0,7-1,4 mm compr., ovário 1,2-2,4 mm compr. Sépalas amarelas com estrias vinho; a dorsal 6,3-8,2 × 2,5-3 mm, ovado-lanceolada a oblongo-lanceolada, ápice acuminado, trinérvea; as laterais 7-7,7 × 2,5-2,8 mm, conadas na base , ovado-lanceoladas a oblongo-lanceoladas, ápice acuminado, trinérveas. Pétalas 8-8,7 × 2-2,1 mm, amarelas com estrias vinho, oblongas a oblongo-lanceoladas, ápice acuminado, trinérveas. Labelo 3,6-4,2 × 3-3,2 mm, amarelo, geralmente maculado de roxo na base, trilobado, de âmbito obovado, margem ondulada; base truncada; disco rugoso, côncavo entre um par de calos avermelhados ou amarelos, longitudinais, mais ou menos paralelos, que se estendem aproximadamente até metade do labelo; lobos laterais eretos, arredondados; lobo mediano elíptico, rômbico, ápice truncado a arredondado. Coluna 1-1,9 mm compr., amarela, levemente arqueada, cilíndrica; antera branca ou amarelada.

Material examinado: Campina Grande do Sul, Sítio do Belizario, 27.XII.1966, fl., G. Hatschbach 15561 (MBM). Campo Largo, São Luiz do Purunã, 1.V.1948, fl., G. Hatschbach 1536 (SP). Curitiba, Portão, fl., em agosto, A. Hatschbach 90; 19.X.1928, fl., F.C. Hoehne 23084 (SP). Lapa, Rio Passa 2, 1.X.1969, fl., G. Hatschbach 22305 (MBM). Rio Negro, X.1928, fl., F.C. Hoehne 23537 (SP). São José dos Pinhais, Contenda, 28.II.1967, fl., G. Hatschbach 16085 (MBM). Tijucas do Sul, Cangoera, 18.X.2016, fl., T.F. Santos 200 (UPCB).

Material adicional: BRASIL. RB 14830. BAHIA: Abaíra, mata do Barbado, 2.I.1992, R.M. Harley, E. Nic Lughadha, W. Ganev & R.F.Queiroz H50630 (HUEFS, K). MINAS GERAIS: Itamonte, Parque Nacional do Itatiaia, F.F.V.A. Barberena 172 (RB). RIO DE JANEIRO: Serra dos Órgãos, fl., 04.V.1848, B. Luschnath 608 (síntipo de Octomeria chamaeleptotes Rchb.f.: W, lectótipo aqui designado). Nova Friburgo, I.1823, H. Beyrich (síntipo de Octomeria chamaeleptotes Rchb.f.: W [não localizado]; desenho: W). Teresópolis, II.1888, J. de Moura 111 (isosíntipo de Octomeria chamaeleptotes var. grandiflora Cogn.: HBG [Imagem Digital]). RIO GRANDE DO SUL: Santo Inácio, 16.IX.2014, fl., E.D. Lozano 2774 (MBM). São José dos Ausentes, Faxinal Preto, III.2014, fl., V. Ariati, 989 (MBM).

Octomeria chamaeleptotes caracteriza-se pelas folhas cilíndricas e arqueadas, geralmente manchadas de púrpura. As flores possuem sépalas e pétalas acuminadas, geralmente com nervuras vermelhas. O labelo é trilobado, de âmbito obovado, e apresenta os lobos laterais evidentes ou inconspícuos.

Ao descrever Octomeria hatschbachii, Schlechter (1926)Schlechter R (1926) Beiträge zur Kenntnis der Orchidaceenflora von Parana II. Orchidaceae Hatschbachianae. Repertorium Specierum Novarum Regni Vegetabilis 23: 45. a distingue de O. chamaeleptotes através da ausência de lobos laterais do labelo em sua espécie. No entanto, o exame de material proveniente do Paraná e de outros estados, além do estudo dos protológos e tipos nomenclaturais de ambos os táxons, revelou que a morfologia do labelo dessa espécie é variável, sobretudo quanto às dimensões dos seus lobos laterais, os quais se encontram sempre presentes, porém algumas vezes bastante reduzidos e nem sempre óbvios quando o labelo é distendido.

O holótipo de Octomeria hatschbachii foi destruído no bombardeio do herbário B durante a Segunda Guerra Mundial. Duplicatas dessa coleção não foram localizadas em outros herbários estrangeiros ou nacionais. Sendo assim, selecionamos aqui como lectótipo a ilustração de Rudolf Schlechter publicada postumamente por Masfeld (1930), único material original disponível.

Reichenbach (1849)Reichenbach HG (1849) Pflanzenkunde, Linnea 22: 817p. descreveu Octomeria chamaeleptotes baseando-se em duas coleções do estado do Rio de Janeiro: uma proveniente da Serra dos Orgãos, coletada por Bernhard Luschnath, e a outra procedente de Nova Friburgo, coletada por Heinrich Karl Beyrich. Apenas uma delas foi localizada, Luschnath 680, coletada em 2 de maio de 1848, depositada no herbário de orquídeas de Reichenbach em W. Esse exemplar, o único material original constituído por um espécime, é aqui selecionado como lectótipo de O. chamaeleptotes. Outro espécime, um fragmento contituído por uma flor, coletado por Luschnath (nr. 23) e citado por Cogniaux (1896)Cogniaux AC (1896) Orchidaceae, Tribus IV: Pleurothallidinae. In: Martius CFP, Eichler AW & Urban I (eds.) Flora brasiliensis. F. Fleischer, Monarchii. Vol. 3, pars. 4, 601p. ao tratar essa espécie na Flora brasiliensis de Martius, encontra-se depositado no herbário BR. Trata-se não somente de coleção distinta, mas também de táxon ainda não determinado.

O lectótipo de Octomeria chamaeleptotes (Luschnath 680) é constituído de um exemplar estéril colado à exsicata e uma flor depositada em um envelope. A coleção foi estudada por um de nós (ALVTB), mas, com objetivo de se preservar a intergridade do material florífero de mais de 170 anos, evitou-se dissecá-lo. A exsicata é também constituída por um número de desenhos esquemáticos preparados por Reichenbach representando os espécimes coletados por Luchnath e por Beyrich. Esses desenhos ilustram os detalhes florais desses espécimes. Enquanto a ilustração das flores de Luchnath 680 é incompleta, carece de detalhes e pouco auxilia na interpretação da espécie, o desenho do espécime de Beyrich é mais informativo: as sépalas e pétalas encontram-se dentro da variação por nós observada para o táxon em estudo, mas o labelo se mostra mais atípico, de âmbito ovado-oblongo, apresentando o lobo mediano mais estreito do que a porção basal do labelo com os lobos laterais distendidos. Simplicidade da ilustração e possível exagero à parte, a variação representada no desenho em questão, embora rara, foi observada em um exemplar (RB 14830) e em alguns espécimes cultivados.

Mesmo sem examinarmos em detalhes a única flor disponível do lectótipo de Octomeria chamaeleptotes, não hesitamos aqui em tratar esses dois táxons como coespecíficos, uma vez que não existem diferenças morfológicas significativas entre esses táxons. O mesmo se aplica a O. chamaeleptotes var. grandiflora Cogn., cuja imagem de um dos isosíntipos (J. de Moura 111, HBG) tivemos a oportunidade de examinar.

Octomeria chamaeleptotes distribuí-se desde o nordeste ao sul do país (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527.). No Paraná, cresce como epífita em áreas preservadas da Floresta Ombrófila Mista.

Segundo os critérios da IUCN (2012), levando-se em conta a área de ocupação (AOO) de 28.050 km2, a distribuição restrita à Floresta Ombrófila Mista, ambiente que sofre grande pressão antrópica e é altamente fragmentado no Paraná, a espécie encontra-se na categoria “Em Perigo” (EN) [EN B2a,b (i,ii,iii)].

Floresce de outubro a dezembro, principalmente durante o verão.

4. Octomeria concolor Barb Rodr, Gen. Sp. Orchid. 2: 100. 1881. Figs. 4a-g; 22d; 23f

Planta 96 mm compr., epífita, cespitosa, rizoma inconspícuo. Ramicaule 38 mm compr., ereto, cilíndrico, articulado, revestido por 3-4 bainhas tubulares, semelhantes e maiores em direção ao ápice do ramicaule, persistentes. Folha 61 × 5 mm, oblonga a oblongo-lanceolada, plana, coriácea, ápice obtuso a levemente agudo, base atenuada. Inflorescência 1-3 flores simultâneas, brácteas florais inconspícuas, pedicelo 0,3 mm compr., ovário 0,5 mm compr. Sépalas amarelas ou brancas com ápice amarelado; a dorsal 6 × 1,3 mm, ovado-lanceolada, ápice agudo, trinérvea; as laterais 6 × 2,3 mm, livres, ovado-lanceoladas, ápice agudo, trinérveas. Pétalas 5,8 × 2 mm, amarelas ou brancas com ápice amarelado, lanceoladas, ápice agudo, trinérveas. Labelo 3,8 × 2,5 mm, amarelo ou branco com ápice amarelado, trilobado, de âmbito elíptico a oblongo-ovado, margem levemente crenada, base truncada, disco liso, côncavo entre um par de calos longitudinais, amarelos, que se estendem aproximadamente até a metade do labelo, lobos laterais eretos, arredondados, lobo mediano oblongo, ápice truncado a levemente emarginado. Coluna 3 × 0,5 mm compr., branca, levemente arqueada, cilíndrica; antera amarelada.

Material examinado: provavelmente Morretes, “prope Jacarehý, in silvula”, 24.II.1919, P. Dusén 17970 (S [Imagem Digital];HB).

Material adicional: BRASIL. Sem localidade: cultivado na UFPR, 13.XII.2016, T.F. Santos 238 (UPCB).

Octomeria concolor caracteriza-se pelos fascículos paucifloros, congestos, e pelas bainhas do ramicaule alongadas, sobretudo as superiores que muitas vezes alcançam a metade do comprimento da folha. Vegetativamente, assemelha-se muito à O. micrantha e O. warmingii, com as quais compartilha as folhas oblongas a oblongo-lanceoladas. Entretanto, distingue-se da primeira pelas flores maiores e da segunda pela ausência de brácteas grandes e campanuladas. Octomeria concolor posssui flores amarelo-concolores ou ocasionalmente alvas com o ápice das peças florais amarelo.

Trata-se de espécie amplamente distribuída, desde o sudeste ao sul do Brasil, encontrada também nas florestas de altitude do Peru e do Equador (Forster 2007Forster W (2007) Estudo taxonômico das espécies com folhas planas a conduplicadas do gênero Octomeria R.Br. (Orchidaceae). Tese de Doutorado. Instituto de Biociências, University of São Paulo, São Paulo. 287p. ).

No Paraná, foi coletada apenas uma vez por Dusén, em 1919, na localidade de Jacareí. De acordo com J.T. Weidlich Motta (2017 comunicação pessoal), Dusén realizou coletas em duas localidades paranaenses de mesmo nome: Jacarehý e Jacarehy, a primeira localizada em Morretes, região dominada por Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas, com grande incidência de orquídeas epífitas, e a segunda em Jaguariaíva, região do Cerrado, bioma pobre em epífitas. Acreditamos, por esse motivo, que o espécime em questão seja procedente do município de Morretes.

A ilustração constante no presente trabalho foi baseada em um exemplar cultivado e sem procedência, que floriu na UFPR em dezembro de 2016.

Segundo os critérios da IUCN (2012), levando-se em consideração o único registro para o estado que data de aproximadamente 100 anos, e que a espécie não pôde ser reencontrada nos múltiplos esforços de campo que realizamos, Octomeria concolor é aqui considerada como presumidamente “Extinta na Natureza” (EW).

Floresce no verão, de dezembro a fevereiro.

5. Octomeria crassifolia Lindl., Compan. Bot. Mag. 2: 354. 1836. = Octomeria spathulata Rchb. f., Hamb. Garten. Blum. 16: 424. 1860. = Octomeria fasciculata Barb. Rodr. Gen. Sp. Orch. Nov. 1: 32. 1877. = Octomeria alpina Barb. Rodr. Gen. Sp. Orch. 2: 102. 1881. = Octomeria densiflora Barb. Rodr., Gen. Sp. Orch. 2: 97. 1881. = Octomeria ementosa Barb. Rodr., Gen. Sp. Orch. 2: 102. 1881. = Octomeria similis Schltr., Anexos Mem. Inst. Butantan: Secc Bot. 55: 50. 1922. = Octomeria gracilicaulis Schltr., Repert. Spec. Nov. Regni Veg. Beih. 35: 63. 1925. = Octomeria gehrtii Hohne & Schltr., Arch. Bot. São Paulo 1: 232. 1926. = Octomeria serrana Hohne, Bol. Inst. Brasil. Sci. 3: 45. 1928. Figs. 5a-j; 22e; 23b

Planta 81-290 mm compr., rupícola ou epífita, cespitosa a levemente reptante, rizoma conspícuo. Ramicaule 32-164 mm compr., ereto, cilíndrico, articulado, revestido por 3-5 bainhas tubulares, semelhantes e de igual tamanho, que logo se fragmentam. Folha 44-120 × 8,5-30 mm, elípitica-lanceolada, oblonga, ovado-lanceolada a lanceolada, plana, crássea ou coriácea, ápice agudo ou obtuso, base levemente atenuada. Inflorescência 1-13 flores simultâneas, brácteas florais inconspícuas, pedicelo 1,7-3,8 mm compr., ovário 1,8-3,8 mm compr. Sépalas amarelas; a dorsal 5,8-11 × 2,1-4,2 mm, oblongo-ovada a oblongo-lanceolada, ápice agudo, trinérvea; as laterais 6,3-9,9 × 2-4 mm, livres, oblongas a oblongo-ovadas, ápice agudo, trinérveas. Pétalas 5,3-10,2 × 2-3,7 mm, amarelas, ovado-lanceoladas, ápice agudo, trinérveas. Labelo 3-6,1 × 1,5-3,1 mm, amarelo, geralmente maculado de vinho na base, trilobado, de âmbito oblongo-pandurado, margem ondulada, crenada ou inteira; base levemente cuneada ou truncada; disco liso, côncavo entre um par de calos avermelhados ou amarelos, longitudinais, paralelos, que se estendem aproximadamente até metade do labelo; lobos laterais eretos, obtusos a arredondados; lobo mediano, ovado-oblongo a discretamente obovado-oblongo, ápice obtuso, arredondado, truncado ou levemente retuso. Coluna 1,3-2,7 mm compr., branca, levemente arqueada, cilíndrica; antera amarelada.

Material examinado: Antonina, Morro da Mina, 7.IV.2008, fl., M.P. Petean (MBM 350270). Antonina, Serra Negra, 23.III.1966, fl., G. Hatschbach 14119 (MBM). Bocaiúva do Sul, Rio Capivari, 14.VII.1986, fl., J.M. Silva 134 (MBM); 18.VI.1997, fl., J.M. Silva 1951 (MBM); Serra de São Miguel, 8.VI.1988, fl., G. Hatschbach 52138 (MBM). Campina Grande do Sul, caminho ao Cerro Verde, 21.V.1967, fl., G. Hatschbach 16466 (MBM, UPCB). Curitiba, VI.2013, fl., V. Ariati 826 (MBM). Guaratuba, 8.VI.1969, fl., M. Leinig (HB); APA de Guaratuba, 13.V.2013, fl., D. Roher (MBM 397438); Barra do Saí, 16.V.1996, fl., C. Jaster 15 (MBM); Rio da Praia, 22.VI.1961, fl., M. Leinig 249 (HB); Rio Itataré, 6.V.1999, fl., J.M. Silva 1999 (MBM); ponte sobre o Rio Ibupeba, V.1960, fl., M. Leinig 196 (HB); Serra do Araçatuba-Morro dos Perdidos, 8.VI.2001, fl., E.P. Santos 1003 (UPCB). Guaraqueçaba, Ilha de Superagui, 13.V.1989, fl., J.T. Motta 1677 (MBM). Guaraqueçaba, Reserva Natural Salto Morato, 14.V.1999, fl., G. Gatti 443 (UPCB); 26.XI.1999, fl., G. Gatti 326 (UPCB). Ipiranga, 02.IX.1904, fl., Dusén 3781 (R). Jundiaí do Sul, Fazenda Monte Verde, 10.IV.2003, fl., J. Carneiro 1468 (MBM). Matinhos, 2.VI.1962, fl., G. Hatschbach 9142 (HB); Rio da Onça, 21.V.2000, fl., C. Giongo (MBM 297933). Morretes, Pilão de Pedra, 19.V.1963, fl., G. Hatschbach 10013 (MBM); estrada do Zinco, 29.III.1994, fl., J. Cordeiro 1167 (MBM); Serra Marumbi-Ninho do Gavião, 18.V.1982, fl., G. Hatschbach 44951 (MBM); Marumbi, VI.1963, fl., M. Leinig 307 (HB); Monte Olimpo, 24.V.2016, fl., T.F. Santos 138 (UPCB). Paranaguá, Balneário Shangri-lá, 2.V.1995, fl., J. Cordeiro 1235 (MBM); Floresta Estadual do Palmito, 10.VII.1997, fl., Y.S. Kuniyoshi 6083 (EFC); 11.IV.2016, fl., T.F. Santos 127 (UPCB); Ilha do Mel, Estação Ecológica, 30.IV.1988, fl., W.S. Souza 1281 (UPCB); Morro do Meio, 23.V.1987, fl., W.S. Souza (UPCB 49379); Matinhos, 2.VI.1926, fl., G. Hatschbach 9142 (MBM); Ponta do Poço, 14.V.1981, fl., G. Hatschbach 43879 (MBM); Reserva Natural Salto Morato, V.2002, fl., G. Gatti 201 (MBM); Rio Cachoeirinha, 1.V.1951, fl., G. Hatschbach 2249 (HB, MBM). Piraquara, Rio do Corvo, 1.I.1949, fl., G. Hatschbach 1406 (MBM). Quatro Barras, Morro Mãe Catira, 30.III.1967, fl., G. Hatschbach 16229 (MBM); 9.IV.1986, fl., J. Cordeiro 277 (MBM); Rio Taquari, 21.II.1968, fl., C. Koczicki 57 (MBM); 19.III.1969, fl., G. Hatschbach 21289 (MBM). Ribeirão Grande, 4.VI.1961, fl., M. Leinig 254 (HB).

Material adicional: BRASIL. ESPÍRITO SANTO: Castelo, Bateias, 13.II.2008, fl., A.P. Fontana 4815 (UPCB). RIO GRANDE DO SUL: Torres, Colonia São Pedro, 19.IV.1977, fl., H. Karner 11212 (MBM). SANTA CATARINA: Blumenau, Parque Nacional da Serra do Itajaí, 09.VIII.2012, fl., E. Caglioni 269 (UPCB). Joinville, 26.V.2014, fl., V. Ariati 981 (MBM).

Octomeria crassifolia é uma espécie bastante variável no hábito e morfologia floral. Tal variação explica, ao menos em parte, a sua longa lista de sinônimos. É, entretanto, facilmente reconhecida através do seu hábito geralmente formando grandes touceiras e pelas flores aglomeradas em densos fascículos. As flores são amarelas e o labelo manchado de vinho na base.

Trata-se de espécie amplamente distribuída, presente em todas as regiões do Brasil, desde o norte ao sul do país, alcançando também o Paraguai (Forster 2007Forster W (2007) Estudo taxonômico das espécies com folhas planas a conduplicadas do gênero Octomeria R.Br. (Orchidaceae). Tese de Doutorado. Instituto de Biociências, University of São Paulo, São Paulo. 287p. ). No Paraná é igualmente comum, encontrada em praticamente todas as fisionomias vegetais do estado, não havendo registro apenas para o Cerrado. Cresce geralmente como epífita, tanto em áreas preservadas quanto alteradas, nos mais diversos gradientes de altitude.

Segundo os critérios da IUCN (2012), levando-se em conta a extensão de ocorrência (EOO) de 260.007 km2 e a área de ocupação (AOO) de 100 km2, somados ao fato de Octomeria crassifolia ocorrer tanto em ambientes degradados quanto em áreas mais preservadas, a espécie enquadra-se na categoria “Não Ameaçada”(LC).

Floresce durante o ano todo.

6. Octomeria decumbens Cogn. Fl. bras. 3(4): 642. 1896. = Octomeria decumbens var. major Pabst. Rodriguésia 18-19:32. Figs. 6a-g; 22f; 23b

Planta 261-302 mm compr., epífita, cespitosa, rizoma inconspícuo. Ramicaule 95-120 mm compr., pendente, cilíndrico, articulado, revestido por 1-4 bainhas tubulares, semelhantes e maiores em direção ao ápice do ramicaule, que logo se fragmentam. Folha 155-186 × 1,3-1,9 mm, cilíndrica, levemente arqueada, coriácea, ápice acuminado, base levemente atenuada. Inflorescência 2-11 flores simultâneas, brácteas florais inconspícuas, pedicelo 0,3 mm compr., ovário 0,5 mm compr. Sépalas amarelo-alaranjadas com estrias vinho; a dorsal 6,2 × 2 mm, oblongo-lanceolada, ápice obtuso, trinérvea; as laterais 5,4 × 2 mm, livres, elípticas a ovado-elípticas, ápice obtuso, trinérveas. Pétalas 4,6 × 1,8 mm, amarelo-alaranjadas com estrias vinho, oblongas a oblongo-lanceoladas, ápice obtuso, trinérveas. Labelo 3 × 1,9 mm, amarelo-alaranjado, manchado de vermelho próximo aos calos, trilobado, de âmbito elíptico-panduriforme, margem inteira; base truncada; disco liso, côncavo entre um par de calos amarelos, longitudinais, paralelos, que se estendem desde o nível dos lobos laterais até aproximadamente a metade do labelo; lobos laterais eretos, obtusos a arredondados; lobo mediano elíptico, ápice obtuso, levemente emarginado. Coluna 0,8 mm compr., branca, levemente arqueada, cilíndrica; antera amarelada.

Material examinado: Piraquara, Campininha, 23.I.1952, fl., G. Hatschbach 2611 (MBM). Tijucas do Sul, Cangoera, floresta em topo de Morro, 10.IV.2017, fl., T.F. Santos 287 (UPCB).

Octomeria decumbens pode ser reconhecida através do hábito levemente pendente, pelas folhas cilíndricas, delgadas e arqueadas, fascículos bastante densos, flores amarelo-alaranjadas, manchadas de vermelho, e pelas sépalas e pétalas estriadas de vinho. Assemelha-se muito à Octomeria palmyrabellae Barb. Rodr., com a qual é frequentemente confundida. No entanto, essas duas espécies podem ser diferenciadas principalmente pela coloração das flores e forma do labelo: Octomeria decumbens possui flores amarelo-alaranjadas e labelo com âmbito elíptico e panduriforme, enquanto O. palmyrabellae apresenta flores amarelo-claras e labelo oblongo.

Espécie distribuída no sudeste e sul do Brasil (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527.). No Paraná, ocorre no domínio fitogeográfico da Floresta Ombrófila Mista, em áreas com floresta de Araucária, tanto em regiões baixas no município de Piraquara, como em florestas de altitude em Tijucas do Sul.

Segundo os critérios da IUCN (2012), levando-se em conta a área de ocupação (AOO) de 4 km2, a pouca quantidade de coletas e o longo intervalo entre as mesmas, O. decumbens é aqui considerada como “Criticamente em Perigo” [CR B2a,c (iii)].

Floresce desde o verão ao início do outono, de dezembro a abril.

7. Octomeria diaphana Lindl., Edwards’s Bot. Reg. 25(Misc): 91. 1839. = Octomeria albopurpurea Barb. Rodr., Gen. Sp. Orchid. 2: 107. 1881. = Octomeria glazioviana Regel, Trudy Imp. S.-Peterburgsk. Bot. Sada 8: 277. 1883. = Octomeria fialhoensis Dutra ex Pabst, Sellowia 10: 133. 1959. Figs. 7a-g; 22g; 23b

Planta 70-265 mm compr., epífita, cespitosa, rizoma inconspícuo. Ramicaule 35-185 mm compr., ereto, cilíndrico, articulado, revestido por 3-7 bainhas tubulares, lateralmente comprimidas, semelhantes e de igual tamanho, persistentes. Folha 52-101 × 8,5-20 mm, ovado-lanceolada, oblongo-lanceolada, plana, coriácea, ápice agudo, base atenuada. Inflorescência 1-4 flores simultâneas, brácteas florais inconspícuas, pedicelo 1-2,2 mm compr., ovário 1,2-2,7 mm compr. Sépalas brancas; a dorsal 8,1-11 × 2-3 mm, ovado-lanceolada, ápice acuminado, trinérvea; as laterais 8-11,5 × 1,5-2,5 mm, livres, oblongas a ovado-lanceoladas, ápice acuminado, trinérveas. Pétalas 8,5-12,5 × 1,5-2,5 mm, brancas, lanceoladas, ovado-lanceoladas, ápice acuminado, trinérveas. Labelo 4-5,5 × 2-3 mm, branco, raramente amarelado, geralmente maculado de vinho na base, trilobado, de âmbito elíptico, oblongo, oblongo-ovado, ovado-lanceolado, margem crenado-denticulada; base atenuada; disco microscopicamente rugoso, côncavo entre um par de calos vinhos, longitudinais, mais ou menos paralelos, que se estendem aproximadamente até metade do labelo; lobos laterais eretos, obtusos a arredondados; lobo mediano elíptico, oblongo, ápice tridentado a triangular. Coluna 2-3,5 × 0,2-0,5 mm compr., branca, levemente arqueada, cilíndrica a semicilíndrica; antera amarelada.

Material examinado: sem localidade, fl., 9.XI.1910. Dusén (K!). Antonina, morro da Usina Parigot de Souza, 1.XI.2016, fl., T.F. Santos 214 (UPCB). Bocaiúva do Sul, Capivari Grande, 30.IV.2004, fl., J.L. Waechter (MBM 326349). Campina Grande do Sul, Jaguatirica, 28.X.1962, fl., G. Hatschbach 9473 (MBM, UPCB). Cerro Azul, Morro Grande, IX.1953, fl., G. Hatschbach 3288 (MBM). Curitiba, 28.X.2013, fl., V. Ariati 825 (MBM). Graciosa, Grota Funda, 19.X.1963, fl., G. Hatschbach 10767 (MBM). 20.VI.2016, fl., T.F. Santos 145 (UPCB). Guaratuba, Serra do Araraquara, 27.II.1968, fl., G. Hatschbach 18653 (MBM). 15.III.1969, fl., G. Hatschbach 21273 (MBM). Ipiranga, 27.X.1915, fl., Dusén 17269 (K!); 20.XII.1909, fl., Dusén 9090 (K!). Jacareí, I.1915, fl., Dusén 16325 (K!). Morretes, Grota Funda, 28.IX.1951, fl., G. Hatschbach 2639 (MBM); Marumbi, Pico Facãozinho, 25.III.1999, fl., C. Giongo 131 (UPCB); Rio Sagrado de Cima, 8.VIII.1968, fl., G. Hatschbach 19573 (MBM); 22.X.1968, fl., G. Hatschbach 20096 (MBM); Serra Marumbi, 22.II.2005, fl., E.F. Costa 38 (MBM).

Material adicional: BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: Torres, Perdida, 5.I.1993, fl., J.A. Jarenkow 2167 (MBM). SANTA CATARINA: Biguaçu, 04.XI.2009, fl., T.J. Cadorin 411 (UPCB).

Octomeria diaphana pode ser facilmente reconhecida pelo seu aspecto vegetativo, principalmente pelas bainhas do ramicaule fortemente imbricadas e lateralmente comprimidas. As flores fasciculadas (1-4) são brancas e diáfanas, o labelo geralmente oblongo de margem crenada e com uma mácula vinho na base.

Trata-se de espécie com ocorrência restrita ao sudeste e sul do Brasil (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527.). No Paraná, é encontrada como epífita em floresta de altitude e floresta ciliar, principalmente na Floresta Ombrófila Densa, e também na floresta alto montana da Floresta Ombrófila Mista. Cresce como epífita em áreas preservadas e úmidas, geralmente em altitudes acima dos 500 m.

Segundo os critérios da IUCN (2012), levando-se em conta a extensão de ocorrência (EOO) de 1.622 km2 e a área de ocupação (AOO) de 40 km2, somado ao fato de O. diaphana ocorrer em ambientes frágeis e restritos de floresta de altitude ou ciliar, esta espécie encontra-se na categoria de “Em Perigo” (EN) [EN B1, B2a,b (i,ii,iii)].

Floresce durante o ano todo.

8. Octomeria estrellensis Hoehne, Arq. Bot. Estado São Paulo 1: 15. 1938.Fig. 8a-g

Planta ca. 25 mm compr., epífita, cespitosa, rizoma inconspícuo. Ramicaule 5-10 mm compr., ereto, cilíndrico, articulado, revestido por 1-3 bainhas tubulares, semelhantes e de igual tamanho, que logo se fragmentam. Folha 15-18 × 0,9-1,1 mm, elíptica a obovada, plana, coriácea, ápice obtuso, base levemente atenuada. Inflorescência 1 flor produzida sucessivamente no fascículo, brácteas florais inconspícuas, pedicelo 5 mm compr., ovário 3 mm compr. Sépalas semelhantes entres si; a dorsal 12 × 2,5 mm, oblongo-lanceolada, ápice agudo a acuminado, pentanérvea; as laterais 11 × 3 mm, livres, oblongo-lanceoladas, ápice agudo a acuminado, pentanérveas. Pétalas 11 × 1,2 mm, oblongo-lanceoladas, ápice agudo a acuminado, trinérveas. Labelo 6 × 2 mm, levemente trilobado, de âmbito oblongo-subpandurado, margem levemente crenada ou ondulada em direção ao ápice; base atenuada; disco levemente côncavo entre um par de calos longitudinais, mais ou menos paralelos, que se estendem aproximadamente até metade do labelo; lobos laterais eretos, arredondados; lobo mediano elíptico, ápice arredondado. Coluna 2,5mm compr., levemente arqueada, cilíndrica.

Material examinado: procedência incerta, originalmente coletada por P. Dusén em 1916, fl., cult. Jardim Botânico de Berlin-Dahlen, VIII.1920, R. Döring (M).

Material adicional: BRASIL. RIO DE JANEIRO: Rio de Janeiro, Corcovado, 13.VI.1941, B. Carris (RB 45249; HB, desenho de A.C. Brade).

Octomeria estrellensis caracteriza-se pelo hábito denso e cespitoso, ramicaules bem mais curtos do que as folhas coriáceas e discretamente conduplicadas, e pela inflorescência que apresenta apenas uma flor solitária, produzida sucessivamente no fascículo. As sépalas e pétalas são estreitas e agudas, e o labelo oblongo e levemente pandurado. Indivíduos de outras regiões possuem geralmente sépalas e pétalas alvacentas, levemente amarelo-esverdeadas, e o labelo vinoso na base e no centro, e amarelo-esverdeado no terço apical. O exemplar procedente do Paraná não contém informações sobre a coloração dos segmentos florais.

Embora presente em três outros estados brasileiros, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo (Foster 2007), a espécie é aparentemente rara no estado do Paraná, do qual é conhecida apenas uma única coleção, de procedência incerta, originalmente realizada por Dusén, em 1916. O referido material encontrava-se cultivado no Jardim Botânico de Berlin-Dahlen, onde floresceu e foi coletado por Rudolf Döring, em agosto de 1920. Foi erroneamente citado como “P. Dusén (ex Dahlen 5273)” por Foster (2007). O número 5273 não se refere ao registro do material no Jardim Botânico de Berlin-Dahlen, mas sim ao número genérico no sistema de Dalla Torre, de acordo com o qual o herbário M encontra-se organizado. Doring matinha essa coleção em seu herbário pessoal, o qual foi vendido e enviado ao herbário de M (G. Gerlach, com. pess.) antes de sua vinda definitiva para o Brasil em meados de 1923 (Pabst & Dungs 1975).

A ocorrência dessa espécie no estado Paraná é duvidosa, uma vez que o material coletado por Dusén não apresenta informações sobre o município ou localidade. Como se trata de espécie conhecida para outras regiões brasileiras, inclusive o vizinho estado de São Paulo, a incluímos na presente monografia. A descrição aqui fornecida foi baseada no exemplar depositado no herbário M e também no material adicional (B. Carris, RB) proveniente do Rio de Janeiro. A Figura 8 baseia-se no desenho desse último material, efetuado por A. C. Brade e depositado no herbário HB.

De acordo com os critérios da IUCN (2012), levando-se em consideração a existência de apenas uma coleta, da qual não se pode verificar a procedência o táxon é enquadrado na categoria Dados Deficientes (DD).

Floresce no final do inverno, em agosto.

9. Octomeria gracilis Lodd. ex Lindl., Edwards’s Bot. Reg. 24(Misc.): 36. 1838. = Octomeria semiteres Regel Ann. Sci. Nat., Bot., sér. 4, 6: 373. 1856. Figs. 9a-g; 22h; 23c

Planta 45-186 mm compr., epífita, cespitosa ou levemente reptante; rizoma inconspícuo. Ramicaule 23-85 mm compr., pendente ou ereto, cilíndrico, articulado, revestido por 1-5 bainhas tubulares, semelhantes e de igual tamanho, que logo se fragmentam. Folha 32-100 × 1,4-2,2 mm, cilíndrica a semicilíndrica, coriácea, ápice agudo, base atenuada. Inflorescência 1-4 flores simultâneas, brácteas florais inconspícuas, pedicelo 1,3-2,2 mm compr., ovário 1,2-2,1 mm compr. Sépalas amarelas; a dorsal 5,5-6,2 × 1,7-2,4 mm, ovado-lanceolada, oblongo-lanceolada, ápice agudo, trinérvea; as laterais 5-6,2 × 1,8-2,2 mm, livres, ovado-lanceoladas, oblongo-lanceoladas, ápice agudo, trinérveas. Pétalas 5-5,7 × 1,6-2,1 mm, amarelas, oblongo-lanceoladas, ápice agudo, trinérveas. Labelo 2,6-3,6 × 1,8-2,4 mm, amarelo, trilobado, de âmbito oblongo, obovado, margem inteira, levemente ondulada, base truncada; disco liso, côncavo entre um par de calos amarelos, longitudinais, mais ou menos paralelos, que se estendem aproximadamente desde o nível dos lobos laterais até a metade do labelo; lobos laterais eretos, arredondados; lobo mediano oblongo, obovado, ápice truncado, raramente tridentado. Coluna 1,4-2 mm compr., amarela, levemente arqueada, cilíndrica; antera branca.

Material examinado: Antonina, Cacatu, 16.IX.1965, fl., G. Hatschbach 12763 (MBM); 16.IX.1965, fl., G. Hatschbach 12766 (MBM); Reserva Natural Morro da Mina, 28.VI.2007, fl., M.P. Petean (MBM 350269). Campina Grande do Sul, rod. BR-2, Serra do Espia, 1.IX.1962, fl., G. Hatschbach 9235 (MBM). Campina Grande do Sul, rod. Ribeirão do Cedro, 17.IX.1961, fl., G. Hatschbach 8294 (MBM); Samambaia, 28.VIII.1999, fl., E. Barbosa 363 (MBM). Campo Largo, Bateias, 11.IV.2015, fl., C.L. Ribeiro 185 (EFC). Guaratuba, Alto da Serra, 1.IX.1957, fl., G. Hatschbach 4125 (MBM); Lagoa do Parado, 20.IX.1999, fl., M. Borgo 13 (MBM); 20.IX.1999, fl., M. Borgo 476 (UPCB); Rio Arraial, 26.VII.1997, fl., O.S. Ribas 1937 (MBM). Lapa, Engenheiro Blei, 1.IX.2004, fl., R. Kersten 941 (MBM). Morretes, Rio Sagrado de Cima, 17.IX.1968, fl., G. Hatschbach 19732 (MBM). Paranaguá, Floresta Estadual do Palmito, 22.IX.1998, fl., G. Gatti 401 (UPCB); Ilha do Mel, 3.VIII.1997, fl., S.M. Silva (UPCB 32124); X.2000, fl., R. Kersten 410 (UPCB); Matinhos, 18.IX.1946, fl., G. Hatschbach 411 (MBM, RB). Piraquara, Campininha, 4.IX.1949, fl., G. Hatschbach 1537 (MBM); Morro do Bruninho, 8.IX.2016, fl., T.F. Santos 180 (UPCB). São José dos Pinhais, 27.VIII.2012, fl., E.D. Lozano (MBM 397437). Tijucas do Sul, Rincão, 17.VIII.1958, fl., G. Hatschbach 4993 (MBM); Vossoroca, 25.VIII.2016, fl., T.F. Santos 176 (UPCB).

Material adicional: BRASIL. SANTA CATARINA: Joiville, Morro da Tromba, 16.IX.2010, fl., W.S. Mancinelli 1288 (UPCB). Palhoça, Pilhões, 1958, fl., Reitz 3609 (MBM). SÃO PAULO: Guapiara, 1.VIII.2016, fl., T.F. Santos 171 (UPCB).

Octomeria gracilis caracteriza-se pelas folhas cilíndricas a semicilíndricas e inflorescências paucifloras. As flores são amarelas, o labelo de âmbito oblongo ou obovado. Assemelha-se muito à Octomeria linearifolia, mas difere dessa principalmente pelo hábito cespitoso a levemente reptante, e forma das folhas.

Espécie distribuída no sudeste e sul do Brasil (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527.). No Paraná, cresce como epífita em Floresta Ombrófila Mista e Densa, nos mais diversos ambientes e gradientes de altitude.

Segundo os critérios da IUCN (2012), levando-se em conta a extensão de ocorrência (EOO) de 6.986 km2 e a área de ocupação (AOO) de 30 km2, somado ao fato de que a espécie pode ser encontrada tanto em ambientes alterados quanto preservados, a espécie enquadra-se na categoria “Quase Ameaçada” (NT).

Floresce do inverno ao início do verão, de junho a dezembro.

10. Octomeria grandiflora Lindl., Edwards’s Bot. Reg. 28: Misc. 64-65. 1842. = Octomeria truncata Rchb. f. ex Hoffmanns Verz. Orch. 26. 1842. = Octomeria surinamensis H. Focke Tijdsch. Wis- Natuurk. Wetensch. Eerste Kl. Kon. Ned. Inst. Wetensch. 2. 200-201. 1849. = Octomeria robusta barb. Rodr. Gen. Spec. Orch. 2. 97. 1881. = Octomeria seegeriana Xenia Orch. 3. 101. 1892. = Octomeria arcuata Rolfe Bull. Misc. Inform. Kew 61-62. 1909. = Octomeria ruthiana hoehne Arqu. Bot. Estado de São Paulo 1. 16. 1938. Figs. 10a-g; 22i; 23c

Planta 220-440 mm compr., epífita, cespitosa a levemente reptante, rizoma conspícuo. Ramicaule 50-250 mm compr., ereto, achatado lateralmente, articulado, revestido por 2-5 bainhas tubulares, semelhantes e maiores em direção ao ápice do ramicaule, que logo se fragmentam. Folha 100-420 × 10-25 mm, oblongo-lanceolada, lanceolada, plana, coriácea, ápice agudo, base truncada. Inflorescência 1-4 flores simultâneas, brácteas florais inconspícuas, pedicelo 0,8-2 mm compr., ovário 1,2-2,5 mm compr. Sépalas amarelas ou brancas; a dorsal 8-12 × 3-4 mm, oblongo-lanceolada, ovado-lanceolada, ápice obtuso a agudo, pentanérvea; as laterais 9-12 × 3-4 mm, livres, oblongas a oblongo-lanceoladas, ovado-lanceoladas, ápice obtuso a agudo, pentanérveas. Pétalas 9-12 × 2-4 mm, amarelas ou brancas, oblongo-lanceoladas, lanceoladas, ápice agudo, trinérveas. Labelo 5,5-6,5 × 3-4 mm, amarelo, geralmente com os lobos laterais e disco avermelhados, trilobado, de âmbito oblongo, margem inteira a ondulada; base truncada; disco áspero, côncavo entre um par de calos avermelhados ou amarelos, longitudinais, mais ou menos paralelos, que se estendem aproximadamente desde o nível dos lobos laterais até pouco além da metade do labelo; lobos laterais eretos, falciformes; lobo mediano oblongo-obovado, ápice bidentado, quadridentado. Coluna 2,5 mm compr., branca ou amarelada no pé, vermelha na porção ventral, arqueada, cilíndrica; antera branca ou avermelhada.

Material examinado: Alexandra, fl., 7.I.1910, fl, Dusén (K). Antonina, Rio Cotia, 21.V.1966, fl., G. Hatschbach 14382 (MBM). Agudos do Sul, Rio Negro, 11.XI.1968, fl., G. Hatschbach 20251 (MBM). Guaraqueçaba, Reserva Natural Salto Morato, 15.VIII.1999, fl., A.L.S. Gatti 349 (UPCB). Guaraqueçaba, Serrinha, 10.IV.1986, G. Hatschbach 20252 (MBM); Vale do Rio Real, 17.IV.1993, fl., J. Prado 487 (MBM). Guaratuba, Joiville Norte-Curitiba, 17.XII.2012, fl., V. Ariati 818 (MBM); Serra Canavieiras, Rio Canavieiras, 22.XI.2016, fl., T.F. Santos 227 (UPCB). Jacareí, 24.VI.1914, fl., Dusén 15217 (K). Morretes, Morro Coroado, 7.I.1951, fl., G. Hatschbach 2075 (MBM). Paranaguá, Floresta Estadual do Palmito, 28.IV.2003, fl., A.C. Cervi 8399 (UPCB); 5.X.2013, fl., R.A. Bonaldi 744 (MBM); 27.IX.2016, fl., T.F. Santos 187 (UPCB); Ilha do Mel-Estação Ecológica, 21.XI.1998, fl., C. Giongo 81 (UPCB); 31.I.1999, fl., M.P. Petean 17 (UPCB); Pico Torto, 11.XI.1969, fl., G. Hatschbach 22861 (MBM); Ponta do Poço, 12.XI.1981, fl., G. Hatschbach 43590 (MBM). Pontal do Paraná, Balneário de Canoas, 23.XI.2012, fl., M.G. Caxabu 4307 (MBM).

Material adicional: BRASIL. SANTA CATARINA: Blumenau, Parque Nacional da Serra do Itajaí, 01.IX.2012, fl., E. Caglioni 45 (UPCB).

Esta espécie pode ser reconhecida pelo grande porte, tanto de suas partes reprodutivas quanto vegetativas. No aspecto vegetativo, algumas variedades possuem o caule achatado lateralmente, característica que compartilha com O. anceps. Octomeria grandiflora geralmente possui folhas lanceoladas ou oblongo-lanceoladas, no ambiente, muitas vezes formam grandes touceiras. Estas características fazem com que esta espécie, quando infértil, seja confundida com outra da subtribo Pleurothallidinae, Myoxanthus exasperatus (Lindl.) Luer, podendo ser diferenciadas pelas nervuras paralelas nas folhas e ramicaules trichomados, características bastante acentuadas na segunda espécie

Octomeria grandiflora possui inflorescências laxas e com poucas flores, não raro, com apenas uma. Suas flores geralmente possuem o disco do labelo áspero e avermelhado, e os lobos laterais projetados para frente, dando um aspecto falciforme aos mesmos. Elas exalam um odor cítrico a pútrido, ferramenta de atração para a polinização desta espécie, que é feita por dípteros da família Sciaridae (Barbosa et al. 2009Barbosa AR, Melo MC & Borba EL (2009) Self incompatibility and myophily in Octomeria (Orchidaceae, Pleurothallidinae) species. Plant Systematic and Evolution 283: 1-8.).

Trata-se de espécie amplamente distribuída, ocorrendo de norte ao sul do País, podendo ser encontrada em diversos outros países da América do Sul, Colômbia, Venezuela, Guiana, Guiana Francesa, Suriname, Equador, Peru e Bolívia (Forster 2007Forster W (2007) Estudo taxonômico das espécies com folhas planas a conduplicadas do gênero Octomeria R.Br. (Orchidaceae). Tese de Doutorado. Instituto de Biociências, University of São Paulo, São Paulo. 287p. ). No Paraná, é encontrada principalmente como epífita em Floresta Ombrófila Densa, geralmente em florestas de Terras Baixas na Planície Litorânea, mas também pode ser encontrada na Floresta Ombrófila Mista, nas matas ciliares das margens do Rio Negro.

Segundo os critérios da IUCN (2012), levando-se em conta a extensão de ocorrência (EOO) de 42. 755 km2 e a área de ocupação (AOO) de 64 km2, somado ao fato de que O. grandiflora possui diversos registros em Unidades de Conservação, a espécie enquadra-se na categoria de “Quase Ameaçada” (NT).

Floresce durante o ano todo.

11. Octomeria juncifolia Barb. Rodr., Gen. Sp. Orch. 2: 110. 1881. = Octomeria juncifolia var. revoluta Barb. Rodr., Gen. Sp. Orch. 2: 111. 1882. = Octomeria juncifolia var. minor Cogn., Fl. bras. 3(4): 640. 1896. Figs. 11a-g; 22j; 23c

Planta 440-840 mm compr., epífita, cespitosa a levemente reptante, rizoma conspícuo. Ramicaule 150-337 mm compr., pendente, cilíndrico, articulado, revestido por 1-3 bainhas tubulares, entumecidas, claviformes e fortemente adpressas ao ramicaule quando jovens, membranáceas a escariosas, frouxas, algo que rugosas ou estriadas, maiores em direção ao ápice do ramicaule, persistentes. Folha 230-418 × 2-3 mm, subcilíndrica a cilíndrica, arqueada, coriácea, ápice agudo, base cuneada. Inflorescência 1-8 flores simultâneas, brácteas florais inconspícuas, pedicelo 1,8-2,1 mm compr., ovário 1,6-3,5 mm compr. Sépalas amarelas; a dorsal 6,3-8,2 × 2,5-3 mm, oblongo, oblongo-elíptica, ápice obtuso, trinérvea; as laterais 7-7,7 × 2.5-2,8 mm, livres, elíptico-lanceoladas, ápice obtuso, trinérveas. Pétalas 8-8,7 × 2-2,1 mm, amarelas, lanceoladas, ápice agudo, trinérveas. Labelo 3,6-4,2 × 3-3,2 mm, amarelo, geralmente pintalgado de vermelho na base, trilobado, de âmbito oblongo-elíptico, margem ondulada, inteira; base truncada; disco liso, côncavo entre um par de calos amarelos ou raramente vermelhos, longitudinais, mais ou menos paralelos, que se estendem desde o nível dos lóbos laterais até aproximadamente a metade do labelo; lobos laterais eretos, obtusos; lobo mediano subovado, ápice emarginado. Coluna 1-1,9 mm compr., amarela, algumas vezes pintalgada de vermelho, levemente arqueada, cilíndrica; antera branca ou amarelada.

Material examinado: sem localidade, P. Dusén 15336 (S). Antonina, Rio Cotia, 24.III.1966, fl., G. Hatschbach 14156 (MBM); 24.III.1966, fl., G. Hatschbach (UPCB 5518). Cerro Azul, Morro Grande, 24.IX.1953, fl., G. Hatschbach 3297 (MBM). Guaratuba, 12.IX.1962, fl., G. Hatschbach 9279 (MBM). Jacareí, 29.IX.1915, fl., P. Dusén 17220 (S). Morretes, Rio Sagrado de Cima, 17.IX.1968, fl., G. Hatschbach 19729 (MBM). Paranaguá, Floresta Estadual do Palmito, 13.IX.2016, fl., T.F. Santos 184 (UPCB); Pico Torto, 14.III.1969, fl., G. Hatschbach 21255 (MBM). Porto de Cima, 12.IX.1910, fl., P. Dusén 10249 (K); III.1916, fl., P. Dusén (K).

Material adicional: BRASIL. ESPÍRITO SANTO: Castelo, Bateias, 13.II.2008, fl., A.P. Fontana 4814 (UPCB). SANTA CATARINA: Blumenau, Parque Nacional Serra do Iatajaí, 14.IX.2009, fl., J.L. Schimitt 50 (UPCB).

Octomeria juncifolia pode ser facilmente reconhecida pelas bainhas entumecidas e adpressas ao ramicaule, e pelas folhas subcilíndricas ou cilíndricas, longas, estreitas e curvadas. As flores são amarelas, a face adaxial do labelo e abaxial da coluna geralmente pintalgadas de vermelho.

Trata-se de espécie amplamente distribuída, presente do sudeste ao sul do Brasil (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527.). No Paraná, geralmente cresce como epífita no interior da Floresta Ombrófila Densa, em áreas de baixa altitude, ou raramente em Floresta Ombrófila Mista, Montana.

Segundo os critérios da IUCN (2012), levando-se em conta a extensão de ocorrência (EOO) de 1.673 km2 e a área de ocupação (AOO) de 32 km2, e o fato de ocorrerem, em sua maioria, em locais que sofrem grande pressão antrópica, principalmente próximo às áreas urbanas no litoral, Octomeria juncifolia é aqui enquadrada na categoria “Em Perigo” (EN). [EN B1, B2b (i,ii,iii)].

Floresce na primavera e verão, entre outubro e março.

12. Octomeria leptophylla Barb. Rodr. , Gen. Sp. Orchid. 2:112. 1881. = Octandrorchis leptophylla Brieger, Orchideen 7 (25-28): 425. 1975. Figs. 12a-g; 22k; 23e

Planta 68-75 mm compr., epífita, cespitosa, rizoma inconspícuo. Ramicaule 35-40 mm compr., pendente, cilíndrico, não articulado, revestido por 1-2 bainhas tubulares, semelhantes e maiores quando mais próximo ao ápice do ramicaule, que logo se fragmentam. Folha 32-42 × 1,5-2,1 mm, levemente arqueada, cilíndrica, coriácea, ápice agudo, base atenuada. Inflorescência 1 flor produzida sucessivamente no fascículo, brácteas florais inconspícuas, pedicelo 2,5 mm compr., ovário 1,6 mm compr. Sépalas amarelas com estrias vinho; a dorsal 12,3 × 3 mm, oblongo-lanceolada, ápice agudo, trinérvea; as laterais 10,1 × 4,8 mm, inteiramente concrescidas em sinsépalo, ovado-lanceolado, ápice agudo, bífido, hexanérveo. Pétalas 9 × 3 mm, amarelas com estrias vinho, oblongo-lanceoladas, ápice agudo, trinérveas. Labelo 3,6 × 1,8 mm, amarelo nas margens e roxo na face adaxial, trilobado, de âmbito obovado-arredondado, margem levemente crenada; base breve-unguiculada, subtruncada; disco miscroscopicamente rugoso, côncavo entre um par de calos roxos, longitudinais, mais ou menos paralelos, que se estendem aproximadamente até a metade do labelo; lobos laterais eretos, arredondados; lobo mediano transversalmente oblongo, obreniforme, ápice obtuso, levemente escavado. Coluna 2,3 mm compr., branca, ereta, cilíndrica; antera branca.

Material examinado: Campo Magro, M.L. Klingelfus 234 (UPCB). Ponta Grossa, 26.VII.2014, fl., M.L. Klingelfus (UPCB).

Octomeria leptophylla pode ser facilmente reconhecida através do seu pequeno porte, folhas cilíndricas e, sobretudo, pelas sépalas laterais inteiramente concrescidas em sinsépalo ovado-lanceolado.

Até recentemente, considerada endêmica para o estado de Minas Gerais (Menini Neto & Docha Neto 2009Menini Neto L & Docha Neto A (2009) Redescoberta e tipificação de Octomeria leptophylla Barb. Rodr. (Orchidaceae), micro-orquídea endêmica de Minas Gerais, Brasil. Rodriguésia 60: 461-465.), Octomeria leptophylla é aqui pela primeira vez registrada para o estado do Paraná, coletada nos municípios de Campo Magro e Ponta Grossa, onde cresce como epífita em Floresta Ombrófila Mista, em capões de mata de Araucária.

De acordo com os critérios da IUCN (2012), levando-se em consideração a existência de apenas duas coletas, o táxon é enquadrado na categoria Dados Deficientes (DD).

Floresce durante o inverno, em julho.

13. Octomeria lichenicola Barb. Rodr., Gen. Sp. Orchid. 2: 112. 1881. Figs. 13a-g; 22l; 23e

Planta 20-45 mm compr., epífita, cespitosa, rizoma inconspícuo. Ramicaule 10-17 mm compr., ereto, cilíndrico, articulado, revestido por 1-3 bainhas tubulares, semelhantes e de igual tamanho, que logo se fragmentam. Folha 15-21 × 1,2-2,3 mm, cilíndrica a semicilíndrica, coriácea, ápice agudo, geralmente mais alargada na base, base levemente cuneada. Inflorescência 1 flor produzida sucessivamente no fascículo, brácteas florais inconspícuas, pedicelo 0,5 mm compr., ovário 0,4 mm compr. Sépalas amarelas com estrias vinosas; a dorsal 6-7 × 2-3 mm, oblonga a oblongo-lanceolada, ápice acuminado a caudado, trinérvea; as laterais 6 × 2,5 mm, conadas na base, oblongas a oblongo-lanceoladas, ápice acuminado a caudado, trinérveas. Pétalas 4,5 × 2 mm, amarelas com estrias vinosas, oblongas a oblongo-lanceoladas, ápice acuminado a caudado, trinérveas. Labelo 2 × 1 mm, branco, trilobado, de âmbito oblongo-lanceolado, margem fimbriado-lacerada; base truncada, disco liso, côncavo entre um par de calos brancos, logitudinais, mais ou menos paralelos, que se estendem desde o nível dos lóbos laterais até aproximadamente a metade ou terço basal do labelo; lobos laterais eretos, obtusos; lobo mediano oblongo, ápice cuspidado. Coluna 1 mm compr., branca, avermelhada na articulação com o labelo, levemente arqueada, claviforme, antera branca.

Material examinado: São José dos Pinhais, Vossoroca, 22.VI.2015, fl., A.L.V. Toscano de Brito. 3407 (UPCB). Tibagi, Fazenda Velha, 16.I.1954, fl., G. Hatschbach 3284 (MBM).

Octomeria lichenicola caracteriza-se pelo pequeno porte, hábito ereto e folhas sub-cilíndricas ou cilíndricas, e agudas. As flores apresentam sépalas e pétalas estreitas, geralmente caudadas, labelo de margem fimbriado-lacerada e ápice cuspidado, e pé da coluna alongado e arqueado, com a região abaxial estendida e unciforme, ultrapassando o resto do comprimento da coluna.

Espécie distribuída no sudeste e sul do Brasil (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527.). No Paraná, ocorre no domínio fitogeográfico da Floresta Ombrófila Mista, em áreas com floresta de Araucária.

Segundo os critérios da IUCN (2012), devido a área de ocupação (AOO) de 8 km2, com longo intervalo de tempo entre as coleções realizadas, somado ao fato da Floresta Ombrófila Mista sofrer enorme pressão antrópica, O. lichenicola é aqui considerada como “Criticamente em Perigo” [CR B2a,c (iii)].

Floresce durante o outono, em junho.

14. Octomeria lilliputana W. Forst., F. Barros & V.C. Souza, Phytotaxa 105(2): 40. 2013. Figs. 14a-g; 22m; 23e

Planta 40 mm compr., epífita, cespitosa, rizoma inconspícuo. Ramicaule 12 mm compr., ereto, cilíndrico, articulado, revestido por 1-3 bainhas tubulares, semelhantes e de igual tamanho, que logo se fragmentam. Folha 30 × 3 mm compr., oblonga, plana a conduplicada, coriácea a levemente crássea, ápice obtuso, base levemente atenuada. Inflorescência 1 flor produzida sucessivamente no fascículo, brácteas florais inconspícuas, pedicelo 0,8 mm compr., ovário 1,2 mm compr. Sépalas róseo-amareladas, providas de duas estrias difusas, róseo-purpúreas; a dorsal 4 × 2 mm, oblongo-lanceolada, ápice agudo, trinérvea; as laterais 6 × 1,8 mm, livres, oblongo-lanceoladas, ápice agudo, trinérveas. Pétalas 5,7 × 1,2 mm, coloração semelhante às das sépalas, lanceoladas, ápice agudo, trinérveas. Labelo 4 × 1,2 mm, amarelado, com a região central levemente rosada, trilobado, de âmbito oblongo, margem inteira a levemente crenada, base truncada; disco liso, côncavo entre um par de calos amarelos, longitudinais, mais ou menos paralelos, que se estendem aproximadamente desde o nível dos lobos laterais até aproximadamente a metade do labelo; lobos laterais eretos, arredondados; lobo mediano oblongo a levemente sub-rômbico, ápice truncado a emarginado. Coluna 2 mm compr., branca, arqueada, cilíndrica; antera amarela.

Material examinado: Morretes, Marumbi-Morro Rochedinho, 24.IV.2016, fl., T.F. Santos 128 (UPCB); Parque Estadual Pico Marumbi, Rochedinho, 28.VI.2015, fl., M.C. Santos 21 (UPCB); 27.X.1997, J.M. Silva, A. Soares & W. Maschio 2240 (MBM, holótipo de Octomeria lilliputana).

Octomeria lilliputana são plantas pequenas, cujas folhas oblongas apresentam-se planas a longitudinalmente sulcadas. As flores são róseo-amareladas, com estrias rosadas e mais escuras. As sépalas são oblongo-lanceoladas, as pétalas lanceoladas e o labelo amarelado e oblongo.

Trata-se de espécie endêmica do estado do Paraná (Forster et al. 2013Forster W, Souza VC & Barros F (2013) Octomeria lilliputana (Orchidaceae), a new species from Brazilian Atlantic Forest, state of Paraná, Brazil. Phytotaxa 105: 39-44.). Ocorre no domínio fitogeográfico da Floresta Ombrófila Densa, em área de floresta alto-montana.

Segundo os critérios da IUCN (2012), levando-se em consideração a área de ocupação (AOO) de 4 km2, somado ao fato de que esta espécie é encontrada estritamente em apenas um local dentro do Parque Estadual Pico do Marumbi, no topo do Morro Rochedinho, área sem restrição ao acesso turístico, Octomeria lilliputana é aqui enquadrada como “Criticamente em Perigo” (CR) [CR B1, B2c (iii)].

Floresce durante o outono, de abril a maio.

15. Octomeria linearifolia Barb. Rodr. Gen. Sp. Orchid. 2: 106. 1881. = Octomeria bradei Schltr. Anexos Mem. Inst. Butantan, Secç. Bot. 1(4): 52. 1922. Figs. 15a-g; 22n; 23d

Planta 130-255 mm compr., epífita, reptante, rizoma inconspícuo. Ramicaule 43-138 mm compr., ereto ou pendente, cilíndrico, articulado, revestido por 2-4 bainhas tubulares, semelhantes e de igual tamanho, que logo se fragmentam. Folha 78-123 × 2,1-4,2 mm, linear, plana, crássea, ápice agudo, base atenuada. Inflorescência 1-4 flores simultâneas, brácteas florais inconspícuas, pedicelo 0,8-1 mm compr., ovário 1,2-2,8 mm compr. Sépalas amarelo-claras; a dorsal 5-6,1 × 1,3-2,3 mm, oblongo-lanceolada, elíptico-lanceolada, ápice agudo, trinérvea; as laterais 5-6,2 × 1,2-2,1 mm, livres, oblongo-lanceoladas, ápice agudo, trinérveas. Pétalas 3,7-5,4 × 1,3-2,2 mm, amarelo-claras, oblongo-lanceoladas, lanceoladas, ápice agudo, trinérveas. Labelo 2,3-3 × 1,4-2 mm, amarelo, trilobado, de âmbito oblongo, obovado, raramente subrômbico, margem inteira a levemente ondulada, base largo-unguiculada; disco liso, côncavo entre um par de calos amarelos, longitudinais, mais ou menos paralelos, que se estendem aproximadamente desde o nível dos lobos laterais até a metade do labelo; lobos laterais eretos, arredondados; lobo mediano subrômbico, ápice truncado, raramente tridentado. Coluna 1,4-2 mm compr., amarela, ereta, cilíndrica; antera branca.

Material examinado: Antonina, Morro da Usina Parigot de Souza, 31.I.2017, fl., T.F. Santos 254 (UPCB); Rio Cotia, 29.XI.1965, fl., G. Hatschbach 13184 (MBM, UPCB); 24.III.1966, fl., G. Hatschbach 1452 (MBM). Jacareí, 17.IV.1914, fl., P. Dusén 14772 (S); 6.1914, fl., P. Dusén 15336 (S). Morretes, Marumbi, Morrozinho, 9.VIII.1983, fl., F. Chagas (FUEL 15835); trilha para o facãozinho, 7.III.1999, fl., C. Giongo 115 (UPCB); Rio Sagrado de Cima, 19.IX.1968, fl., G. Hatschbach 19728 (MBM); Rio Arraial, 11.XI.1965, fl., G. Hatschbach 13113 (MBM). Paranaguá, Pico Torto, 14.III.1969, fl., G. Hatschbach 21253 (MBM, UPCB). Porto de Cima, 19.X.1908, fl., P. Dusén 7058 (S).

Octomeria linearifolia caracteriza-se pelo crescimento reptante, pelas folhas planas e lineares, e pela inflorescência pauciflora. As flores são amarelo-claras, o labelo de âmbito obovado, oblongo ou subrômbico.

Espécie distribuída no sudeste e sul do Brasil (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527.). No Paraná, cresce como epífita em Floresta Ombrófila Densa, geralmente nas baixas altitudes das florestas litorâneas e ocasionalmente nas florestas sub-montanas na Serra do Mar.

Segundo os critérios da IUCN (2012), levando-se em conta a extensão de ocorrência (EOO) de 1.134 km2 e a área de ocupação (AOO) de 40 km2, e apesar de ser encontrada dentro de Unidades de Conservação, inferimos que a espécie encontra-se na categoria “Em Perigo” (EN). [EN B2a,b (i,ii,iii)].

Floresce durante o verão ao outono, de novembro a março.

16. Octomeria micrantha Barb. Rodr., Gen. Sp. Orchid. 1: 33. 1877. Figs. 16a-g; 22o; 23d

Planta 39-130 mm compr., epífita, cespitosa, rizoma inconspícuo. Ramicaule 25-70 mm compr., ereto, cilíndrico, articulado, revestido por 2-4 bainhas tubulares, semelhantes e de igual tamanho, que logo se fragmentam. Folha 17-50 × 5-9 mm, oblongo-lanceolada, plana, coriácea, ápice agudo, base levemente atenuada. Inflorescência 1-6 flores simultâneas, brácteas florais inconspícuas, pedicelo 0,4-0,6 mm compr., ovário 0,4-0,6 mm compr. Sépalas amarelas; a dorsal 2,5-3,4 × 1-2 mm, elíptica, ápice obtuso, trinérvea; as laterais 2,6-3,5 × 1,4-1,5 mm, livres, elípticas, ápice obtuso, trinérveas. Pétalas 2,2-2,5 × 1,2-1,3 mm, amarelas, oblongas, oblongo-ovadas, ápice obtuso, trinérveas. Labelo 1,6-2,2 × 0,7-1,1 mm, amarelo, trilobado, de âmbito oblongo, oblongo-ovado, margem levemente crenada; base largo-unguiculada; disco liso, côncavo entre um par de calos amarelos, longitudinais, mais ou menos paralelos, que se estendem aproximadamente até metade do labelo; lobos laterais eretos, arredondados; lobo mediano levemente ovado, ápice truncado. Coluna 0,7-1,4 mm compr., amarela, levemente arqueada, cilíndrica; antera amarelada.

Material examinado: Cruzeiro do Iguaçu, Rio Chopim, 15.IV.1999, fl., J.M. Silva 2928 (MBM). Guaíra, Rio Piquiry, 9.IV.1961, fl., G. Hatschbach 1961 (MBM). Londrina, Parque Estadual Mata dos Godoy, 12.IX.1986, fl., F. Chagas 1252 (FUEL); 21.V.2012, fl., J.M.P. Molina 15 (FUEL). Medianeira, 14.IV.1965, fl., G. Hatschbach 12614 (MBM). Telêmaco Borba, 12.VIII.2011, fl., V. Ariati 615 (MBM).

Material adicional: BRASIL. SÃO PAULO: Apiaí, 14.VIII.2017, fl., T.F. Santos 167 (UPCB).

Octomeria micrantha pode ser reconhecida através do pequeno porte, pelas folhas planas e oblongo-lanceoladas, pelos fascículos paucifloros e pequenas flores amareladas. Assemelha-se a O. concolor e O. warmingii, das quais difere, principalmente, pelo tamanho menor de suas flores. Distingui-se também de O. concolor pelas bainhas do ramicaule relativamente mais curtas, e de O. warmingii pelas brácteas florais inconspícuas.

Trata-se de uma espécie distribuída no sudeste e sul do Brasil, alcançando o Paraguai (Forster 2007Forster W (2007) Estudo taxonômico das espécies com folhas planas a conduplicadas do gênero Octomeria R.Br. (Orchidaceae). Tese de Doutorado. Instituto de Biociências, University of São Paulo, São Paulo. 287p. ). No Paraná, ocorre principalmente como epífita em Floresta Estacional Semidecidual de baixa altitude.

Segundo os critérios da IUCN (2012), levando-se em conta a extensão de ocorrência (EOO) de 36. 160 km2 e a área de ocupação (AOO) de 24 km2, somado ao fato de ocorrer em ambiente que sofre grande pressão antrópica, com poucas coletas amostradas e apenas duas dentro de área de preservação, o táxon é aqui inserido na categoria “Em Perigo” (EN) [EN B2b (i,ii,iii)].

Floresce durante o inverno ao início da primavera, de junho a setembro.

17. Octomeria octomeriantha (Hoehne) Pabst, Bradea 1(20): 180. 1972. = Pleurothallis octomeriantha Hoehne, Bol. Mus. Nac. Rio de Janeiro. Bot. 12(2): 24. 1936. = Octomeria elobata Schltr. ex Pabst, Contr. Fl. Paraná 6: 11. 1956. Figs. 17a-g; 22p; 23d

Planta 35-80 mm compr., epífita, cespitosa, rizoma inconspícuo. Ramicaule 12-33 mm compr., ereto ou pendente, cilíndrico, articulado, revestido por 1-2 bainhas tubulares, semelhantes e de mesmo tamanho, persistentes. Folha 22-32 × 1,2-2 mm, levemente arqueada, cilíndrica, coriácea, ápice agudo, base atenuada. Inflorescência 1 flor produzida sucessivamente no fascículo, brácteas florais inconspícuas, pedicelo 1,2-2,7 mm compr., ovário 1,1-1,8 mm compr. Sépalas brancas; a dorsal 8,3-11 × 2,6-3,3 mm, oblonga a elíptico-lanceolada, ápice agudo ou caudado, trinérvea; as laterais 7,6-11,5 × 2,8-3,4 mm, livres, oblíquas, estreitamente oblongo-ovadas a elíptico-lanceoladas, ápice agudo ou caudado, trinérveas. Pétalas 8,6-11 × 2,3-2,6 mm, brancas, oblongo a elíptico-lanceoladas, ápice levemente ou distintamente caudado, agudo, trinérveas. Labelo 3,3-3,6 × 2,8-3,6 mm, branco, geralmente com estrias e manchas roxas ou amarelas, levemente trilobado, de âmbito ovado, margem ondulada, crenada; base largo-unguiculada; disco rugoso, côncavo entre um par de calos amarelos, curvados e convergentes, que se estendem desde o nível dos lobos laterais até aproximadamente a metade do labelo; lobos laterais prostrados a levemente eretos, obtusos a arredondados; lobo mediano ovado, ápice triangular, agudo. Coluna 1,2 × 0,3-0,5 mm compr., branca, levemente arqueada, cilíndrica; antera amarelada.

Material examinado: Campina Grande do Sul, rod. BR-2, Bezerro, 26.VI.1961, fl., G. Hatschbach 8240 (MBM); Sítio do Belizário, 17.VIII.1966, fl., G. Hatschbach 14610 (MBM). Campo Largo, São Luiz do Purunã, 1.V.1948, fl., G. Hatschbach 971 (MBM). Pinhais, Haras Santo Antonio, 20.IX.2004, fl., R. Kersten 957 (UPCB). Pinhão, 6.X.2007, fl., A. Bonnet (UPCB 63273). Piraquara, Borda do Campo, 8.I.1967, fl., G. Hatschbach 15629 (MBM). Piraquara, Haras Santo Antonio, 6.XI.2003, fl., R. Kersten 711 (UPCB); 1.III.2004, fl., R. Kersten 731 (MBM); próximo à represa, 19.X.2016, fl., T.F. Santos 204 (UPCB). São José dos Pinhais, Roseira, 10.X.1966, fl., G. Hatschbach 14823 (MBM). São Mateus do Sul, Tesoura, 26.V.2014, fl., P. Bonin Junior 32 (MBM). Tijucas do Sul, Cangoera, 18.X.2016, fl., T.F. Santos 201 (UPCB).

Material adicional: BRASIL. SÃO PAULO: Vale do Ribeira, Apiaí, 19.IX.2016, fl., T.F. Santos 186 (UPCB).

Octomeria octomeriantha pode ser reconhecida pelo pequeno porte, pelas folhas cilíndricas e arqueadas, e pelas flores solitárias. As sépalas e pétalas são brancas, diáfanas e atenuadas em direção ao ápice; o labelo é geralmente rajado ou manchado de roxo ou vermelho escuro e muitas vezes com as margens brancas, o ápice é triangular, em forma de mitra.

Vegetativamente, assemelha-se muito à O. chamaeleptotes, com a qual é frequentemente confundida quando estéril. Distingue dessa pela coloração e morfologia dos segmentos florais, sobretudo a forma do labelo.

Trata-se de espécie com distribuição restrita ao sudeste e sul do Brasil (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527.). No Paraná, cresce como epífita em Floresta Ombrófila Mista, em capões de Araucária do Primeiro ao Segundo Planalto Paranaense.

Segundo os critérios da IUCN (2012), levando-se em conta a extensão de ocorrência (EOO) de 10.969 km2 e a área de ocupação (AOO) de 48 km2, somado ao fato de O. octomeriantha ocorrer em ambientes bastante fragmentados, geralmente próximos a áreas urbanas, a espécie enquadra-se na categoria de “Em Perigo” (EN) [EN B2ab (ii)].

Floresce do inverno ao início do verão, de julho a dezembro.

18. Octomeria palmyrabellae Barb. Rodr., Rodriguésia 8: 38. 1937. = Octomeria caetensis Pabst, Bradea 2: 213. 1979, syn. nov. Figs. 18a-g; 22q; 23f

Planta 113-302 mm compr., epífita, cespitosa, rizoma inconspícuo. Ramicaule 40-135 mm compr., ereto ou pendente, cilíndrico, articulado, revestido por 2-5 bainhas tubulares, semelhantes e de mesmo tamanho, que logo se fragmentam.. Folha 53-170 × 1-2,7 mm, levemente arqueada, subcilíndrica a cilíndrica, coriácea, ápice agudo, base truncada. Inflorescência 2-11 flores simultâneas, brácteas florais conspícuas, pedicelo 1,1-2,3 mm compr., ovário 1-1,7 mm compr. Sépalas amarelas com estrias vinho; a dorsal 5,3-6 × 2-2,6 mm, elípticas, oblongo-lanceolada a ovado-lanceolada, ápice obtuso, trinérvea; as laterais 5,5-5,8 × 2,1-2,7 mm, livres, ovado-lanceoladas a oblongo-lanceoladas, ápice obtuso, trinérveas. Pétalas 5-6,2 × 2-3 mm, amarelas com estrias vinho, elípticas a lanceolado-elípticas, ápice obtuso, trinérveas. Labelo 3-3,5 × 1,7-2,5 mm, amarelo, geralmente maculado de vermelho próximo aos calos, trilobado, de âmbito oblongo a levemente sub-rômbico, margem inteira, levemente ondulada; base truncada; disco liso, côncavo entre um par de calos amarelos, longitudinais, paralelos, que se estendem desde o nível dos lobos laterais até aproximadamente até metade do labelo; lobos laterais eretos, arredondados; lobo mediano oblongo, oblongo-lanceolado a levemente ovado, ápice nitidamente ou levemente emarginado. Coluna 1,5-2,1 × 0,3-0,6 mm compr., branca, levemente arqueada, cilíndrica; antera amarelada.

Material examinado: Arapoti, Rio das Perdizes, 6.IV.1970, fl., G. Hatschbach 24111 (MBM). Campina Grande do Sul, Sítio do Belizário, 9.IV.1967, fl., G. Hatschbach 16279 (MBM). General Carneiro, Fazenda Pizzatto, 15.IX.2007, fl., A.C. Cervi 9043 (UPCB). Ortigueira, Beira do Rio Tibagi, 7.II.2012, fl., V. Ariati 614 (MBM). Piraquara, Haras Santo Antonio, 1.III.2004, fl., R. Kersten 731 (MBM); 15.I.2004, fl., R. Kersten 768 (MBM); 12.IV.2004, fl., R. Kersten 840 (UPCB); próximo à entrada do Morro do Canal, 26.V.2016, fl., T.F. Santos 140 (UPCB). Rio Branco do Sul, Serra do Caeté, 10.I.1978, G. Hatschbach 40697 (MBM, holótipo de Octomeria caetensis Pabst). Telêmaco Borba, 10.IV.2012, fl., T. Bochorny 59 (MBM). Tibagi, Canyon do Guartelá, 18.III.2010, fl., W.S. Mancinelli 1183 (UPCB).

Material adicional: BRASIL. SÃO PAULO: Apiaí, Vale do Ribeira, 01.IV.2017, fl., T.F. Santos 278 (UPCB). Guapiara, Vale do Ribeira, 01.IV.2017, fl., T.F. Santos 277 (UPCB).

Octomeria palmyrabellae pode ser reconhecida pelo hábito mais ou menos pendente, pelas folhas cilíndricas a subcilíndricas, inflorescência em fascículos densos, flores amarelas e simultâneas, e pelas sépalas e pétalas estriadas de vinho ou vermelho. Assemelha-se à O. decumbens Cogn., da qual difere pela coloração das flores e morfologia do labelo.

Exame do holótipo de Octomeria caetensis Pabst, espécie descrita para a Serra de Caetê, localizado no Vale do Ribeira, município de Rio Branco do Sul, no leste paranaense, demonstrou não haver diferenças morfológicas significativas que justifiquem a manutenção desse táxon como espécie autônoma. Propomos aqui a sua sinonimização com O. palmyrabellae.

Espécie distribuída no sudeste e sul do Brasil (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527.). No Paraná, é encontrada como epífita em capões da Floresta de Araucária, nos domínios fitogeográficos da Floresta Ombrófila Mista e Estepes Gramíneo Lenhosas.

Segundo os critérios da IUCN (2012), levando-se em conta a extensão de ocorrência (EOO) de 38.545 km2 e a área de ocupação (AOO) de 40 km2 e por ocorrer em ambientes extremamente fragmentados, principalmente no Segundo Planalto Paranaense, Octomeria palmyrabellae enquadra-se na categoria “Em Perigo” [EN B2a,b (iii)].

Floresce durante a primavera ao outono, de setembro a maio.

19. Octomeria pusilla Lindl., Companion Bot. Mag. 2: 354. 1836. = Octomeria juergensii Schltr., Repert. Spec. Nov. Regni Veg. Beih. 35: 64. 1925. = Octomeria umbonulata Schltr., Repert. Spec. Nov. Regni Veg. Beih. 35: 67. 1925. Figs. 19a-g; 22r; 23f

Planta 52-185 mm compr., epífita, cespitosa; rizoma inconspícuo. Ramicaule 26-105 mm compr., ereto, cilíndrico, articulado, revestido por 2-5 bainhas tubulares, geralmente imbricadas, que logo se fragmentam, as superiores maiores. Folha 25-75 × 7,6-9,6 mm, oblongo-elípticas a oblongo-lanceoladas, plana, coriácea a levemente crassa, ápice agudo ou obtuso, base levemente atenuada. Inflorescência 1-12 flores simultâneas, brácteas florais inconspícuas, pedicelo 1,1-1,6 mm compr., ovário 1,4-3,6 mm compr. Sépalas amarelas; a dorsal 5,2-6,8 × 1,7-3 mm, oblongo a ovado-lanceolada, ápice agudo, trinérvea; as laterais 5,2-7,4 × 1,4-2,2 mm, livres, oblongas, ovado-lanceoladas, ápice agudo, trinérveas. Pétalas 4-6,4 × 1,4-1,7 mm, amarelas, oblongo-lanceoladas, ápice agudo, trinérveas. Labelo 3-3,7 × 1,3-1,8 mm, amarelo, trilobado, de âmbito oblongo, oblongo-ovado, margem inteira; base largo-unguiculada, provida de um pequeno calo central, longitudinal; disco liso, côncavo entre um par de calos amarelos, longitudinais, paralelos, que se estendem aproximadamente até metade do labelo; lobos laterais eretos, arredondados; lobo mediano oblongo, ápice truncado a levemente retuso, raramente tridentado. Coluna 0,9-1,5 mm compr., amarela, ereta, cilíndrica; antera amarelada.

Material examinado: Balsa Nova, São Luiz do Purunã, 28.V.1986, fl., R. Kummrow 2774 (MBM); 26.V.2017, fl., T.F. Santos 294 (UPCB). Campina Grande do Sul, Sítio do Belizário, 9.IV.1967, fl., G. Hatschbach 16281 (MBM). Piraquara, Canguiri, 7.IV.1969, fl., N. Imaguire 1220 (MBM). Roça Nova, 27.V.1951, fl., G. Hatschbach 2265 (MBM). São José dos Pinhais, 27.IV.1947, fl., G. Hatschbach712 (MBM).

Material adicional: BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: Cambará do Sul, estrada para Fortaleza, 24.XI.1994, fl., G. Hatschbach 61290 (MBM). Capão do Leão, Horto Botânico, J.A. Jarenkow 877 (MBM). São José dos Ausentes, Faxinal Preto, III.2014, fl., V. Ariati 991 (MBM). SANTA CATARINA: Anitápolis, Campo do Maracujá, 1.VI.1968, fl., R. Reitz 18151 (MBM). Urubici, Rio dos Corvos Brancos, 26.XII.1990, fl., Krapovickas (MBM); Corvo Branco, 10.XII.2000, fl., G. Hatschbach 71759 (MBM).

Octomeria pusilla caracteriza-se pelas folhas coriáceas a crásseas, às vezes levemente côncavas e mais carnosas na base. A inflorescência possui muitas flores amareladas a branco-amareladas. O labelo é oblongo e provido na base de pequena calosidade longitudinal, às vezes inconspícua e de difícil observação a olho nu.

Trata-se de espécie de distribuição restrita ao sudeste e sul do Brasil e também para o Paraguai (Forster 2007Forster W (2007) Estudo taxonômico das espécies com folhas planas a conduplicadas do gênero Octomeria R.Br. (Orchidaceae). Tese de Doutorado. Instituto de Biociências, University of São Paulo, São Paulo. 287p. ). No Paraná, cresce como epífita em Floresta Ombrófila Mista em capões de mata com Araucária, do Primeiro ao Segundo Planalto.

Segundo os critérios da IUCN (2012), levando-se em conta a extensão de ocorrência (EOO) de 1.195 km2 e a área de ocupação (AOO) de 24 km2, somado ao fato de Octomeria pusilla ocorrer em ambientes bastante fragmentados, geralmente próximos a áreas urbanas, inferimos que esta espécie encontra-se na categoria “Em Perigo” (EN) [EN B1B2ab (i,ii,iii)].

Floresce no outono, de abril a maio.

20. Octomeria rotundiglossa Hoehne, Bot. Jahrb. Syst. 68: 137. 1937. = Octomeria margaretae Pabst ex Toscano Bradea 3: 117. 1980. Figs. 20a-g; 22s; 23g

Planta 90-150 mm compr., epífita, cespitosa, rizoma inconspícuo. Ramicaule 50-90 mm compr., ereto, cilíndrico, revestido por 2-5 bainhas tubulares, geralmente imbricadas, semelhantes e de igual tamanho, que logo se fragmentam. Folha 50-65 × 2,7-6,5 mm, oblonga, oblongo-lanceolada, plana, coriácea, ápice agudo, base levemente atenuada. Inflorescência 1-2 flores simultâneas, brácteas florais inconspícuas, pedicelo 0,8-0,9 mm compr., ovário 0,6-0,7 mm compr. Sépalas amarelo-alaranjadas; a dorsal 5,9-7 × 2,3-2,5 mm, elíptico-lanceolada, ápice agudo, trinérvea; as laterais 6-7,2 × 2,4-2,5 mm, livres, elíptico-lanceoladas, ápice agudo, trinérveas. Pétalas 5,2-6,3 × 1,8-2 mm, amarelo-alaranjadas, oblongo-lanceoladas, ápice agudo, trinérveas. Labelo 2,6-2,7 × 1,8 mm, amarelo-alaranjado, trilobado, de âmbito ovado, margem ondulada a inteira; base truncada; disco liso, côncavo entre um par de calos amarelos, longitudinais, mais ou menos paralelos, que se estendem aproximadamente até a metade do labelo; lobos laterais eretos, reduzidos, obtusos a arredondados; lobo mediano ovado-triangular, ápice obtuso, truncado, ás vezes discretamente apiculado. Coluna 0,8-1,1 mm compr., amarelo-alaranjada, levemente arqueada, cilíndrica; antera amarelada.

Material examinado: sem localidade, fl., II.1915, P. Dusén 16655 (S). Guaratuba, Pedra Branca do Araraquara, 17.XI.1966, fl., G. Hatschbach 15122 (MBM); 17.X.1964, fl., G. Hatschbach 11724 (MBM); 30.XII.1965, fl., G. Hatschbach 13389 (MBM); Rio Saí, 17.I.1970, fl., G. Hatschbach 23353 (MBM). Paranaguá, Floresta Estadual do Palmito, 12.III.2016, fl., T.F. Santos 117 (UPCB).

Material adicional: SANTA CATARINA: Garuva, Fazenda Rio Melo, 14.I.1997, fl., E. Barbosa 49 (MBM).

Octomeria rotundiglossa pode ser reconhecida pelas folhas oblongas a oblongo-lanceoladas que emergem de longos ramicaules, pela inflorescência pauciflora e pelas flores amarelo-alaranjadas. As sépalas e pétalas são providas de nervuras conspícuas e o labelo é largamente ovado.

Trata-se de espécie amplamente distribuída, ocorrendo no nordeste e sul do Brasil (Forster 2007Forster W (2007) Estudo taxonômico das espécies com folhas planas a conduplicadas do gênero Octomeria R.Br. (Orchidaceae). Tese de Doutorado. Instituto de Biociências, University of São Paulo, São Paulo. 287p. ). No Paraná, cresce como epífita em Floresta Ombrófila Densa, tanto nas florestas de altitude da Serra do Araraquara, quanto nas Florestas de Terras Baixas em Formação Pioneira com Influência Marinha, próximas a Paranaguá.

Segundo os critérios da IUCN (2012), levando-se em conta a extensão de ocorrência (EOO) de 539 km2 e a área de ocupação de (AOO) 20 km2, e apesar desta espécie possuir alguns poucos registros em Unidades de Conservação, inferimos que esta espécie encontra-se na categoria de “Criticamente em Perigo” (CR) [CR B2ab (i,ii,iii)].

Floresce durante o verão, de outubro a março.

21. Octomeria warmingii Rchb. f., Otia Bot. Hamburg. 94. 1878. = Octomeria oxychela Barb.Rodr. Gen. Spec. Orchid. 2: 99. 1881. = Octomeria pinicola Barb. Rodr. Gen. Spec. Orchid. 2: 101. 1881. = Octomeria oxychela var. gracilis Cogn., Fl. bras. 3(4): 611. 1896. = Octomeria iguapensis Schltr., Anexos Mem. Inst. Butantan, Secç. Bot. 55: 50. 1922. Figs. 21a-h; 22t; 23g

Planta 82-220 mm compr., epífita, cespitosa, rizoma inconspícuo. Ramicaule 32-120 mm compr., ereto, cilíndrico, articulado, revestido por 2-5 bainhas tubulares, semelhantes e de igual tamanho, persistentes. Folha 42-90 × 5,2-9,3 mm, oblonga, oblongo-lanceolada, plana, coriácea, ápice agudo, obtuso, base levemente atenuada. Inflorescência 2-12 flores simultâneas, brácteas florais campanuladas, conspícuas, bastante longas, que combrem o ovário pedicelado e muitas vezes alcançam a metade do perianto, pedicelo 1,3-1,8 mm compr., ovário 0,3-1,3 mm compr. Sépalas brancas com ápice amarelado; a dorsal 3,5-4,5 × 2,1-3,1 mm, oblongo-lanceolada a largo-lanceolada, ápice agudo, trinérvea; as laterais 3,8-3,9 × 1,9-2,5 mm, livres, oblongo-lanceoladas a elíptico-lanceoladas, ápice agudo, trinérveas. Pétalas 3,1-3,5 × 1,5-2 mm, brancas com ápice amarelado, oblongas, oblongo-lanceoladas a lanceoladas, ápice agudo, trinérveas. Labelo 2,7-3,2 × 1,4-2 mm, branco com ápice amarelado, trilobado, de âmbito oblongo, margem ondulada; base largo-unguiculada; disco liso, côncavo entre um par de calos amarelos, longitudinais, mais ou menos paralelos, que se estendem aproximadamente até metade do labelo; lobos laterais eretos, arredondados; lobo mediano oblongo, ápice agudo, truncado. Coluna 1-1,7 mm compr., branca, levemente arqueada, cilíndrica; antera amarelada.

Material examinado: Cerro Azul, Rio Ribeira, 16.VII.1950, fl., G. Hatschbach 2117 (MBM); 17.VII.1951, fl., G. Hatschbach 2441 (MBM, SP). Diamante do Norte, Estação Ecológica Caiuá, 16.VII.2013, fl., M.E. Engels 1266 (MBM); 14.IV.2015, fl., M.E. Engels 1265 (MBM). Foz do Iguaçu, Parque Nacional Cataratas do Iguaçu, IV.1957, fl., G. Hatschbach 4122 (MBM). Ilha do Mel, Morro Bento Alves, 7.XI.1987, fl., R.M. Britez 1815 (UPCB). Londrina, Parque Estadual Mata dos Godoy, 23.VII.2012, fl., J.M.P. Molina 7 (FUEL); 24.VII.2013, fl., J.M.P. Molina 76 (FUEL); 24.VII.2014, fl., J.M.P. Molina 75 (FUEL); Rio Tibagi- Doralice, 23.VIII.2007, fl., A. Bonnet 34071 (UPCB). Morretes, 6.XI.1968, fl., G. Hatschbach 20215 (MBM); Col. Floresta, 06.XI.1968, fl., G. Hatschbach 20215 (HB); Parque Estadual do Marumbi, Morro do Facãozinho, 18.III.2001, fl., M.P. Petean 183 (UPCB); Serra da Igreja, 08.V.2008, fl., M.L. Brotto 131 (UPCB). Parque Nacional do Iguaçu, IV.1957, fl., G. Hatschbach 4122 (HB). Piraquara, Haras Santo Antônio, 15.VI.2004, fl., R. Kersten 884 (MBM). Porto D. Pedro II, 10.I.1911, fl., P. Dusén 11586 (S, HB). São João do Caiuá, Horto Florestal, 30.VIII.1966, fl., G. Hatschbach 14634 (MBM); 30.VIII.1966, fl., G. Hatschbach 14634 (HB). Sapopema, Salto das Orquídeas, 2.VIII.1997, fl., C. Medri 283 (FUEL). Telêmaco Borba, centro de triagem, 24.VII.2012, fl., C. Michelon 1492 (MBM); 24.VII.2012, fl., C. Michelon 1493 (MBM); Represa Mauá, 12.VIII.2011, fl., V. Ariati 616 (MBM); Rio Tibagi, Cerradinho, 17.VIII.2007, fl., A. Bonnet 550113 (UPCB). Tibagi, estrada Palmas-Salto Aparado, 3.VIII.1953, fl., G. Hatschbach 3295 (MBM); Fazenda Monte Alegre, estrada Palmas, 3.VIII.1953, fl., G. Hatschbach 3295 (HB). Tuneiras do Oeste, Reserva Biológica das Perobas, 29.VII.2013, fl., H.R. Barbosa (MBM 391512). Volta Grande, 3.VIII.1912, fl., P. Dusén 14150 (S).

Material adicional: BRASIL. SANTA CATARINA: Florianópolis, Morro Costa da Lagoa, 21.XII.1966, fl., R. Klein 6983 (MBM). Morro Grande, Três Barras, 23.XI.2009, fl., M. Verdi 3187 (UPCB). SÃO PAULO: Vale do Ribeira, Ribeira, 08.VIII.2016, fl., T.F. Santos 162 (UPCB).

De porte bastante variável, Octomeria warmingii pode ser reconhecida através das folhas planas, oblongas a oblongo-lanceoladas, pela inflorescência multiflora e pelas brácteas florais campanuladas que muitas vezes ultrapassam a metade da flor.

Trata-se de espécie amplamente distribuída, ocorrendo no sudeste, centro-oeste e no sul do Brasil, com registros também para o Paraguai e Argentina (Forster 2007Forster W (2007) Estudo taxonômico das espécies com folhas planas a conduplicadas do gênero Octomeria R.Br. (Orchidaceae). Tese de Doutorado. Instituto de Biociências, University of São Paulo, São Paulo. 287p. ). No Paraná, é normalmente encontrada como epífita em Floresta Estacional Semidecidual em áreas de baixa altitude, em ecótones entre a Floresta Ombrófila Mista e Estacional e também na Floresta Ombrófila Densa, tanto em áreas planas da Planície Litorânea quanto em florestas de altitude da Serra do Mar.

Segundo os critérios da IUCN (2012), levando-se em conta a extensão de ocorrência (EOO) de 109.759 km2 e a área de ocupação (AOO) de 84 km2, somado ao fato de O. warmingii ocorrer nos mais diversos ambientes, inferimos que esta espécie encontra-se na categoria “Pouco Preocupante” (LC).

Floresce no outono, inverno e primavera, de março a dezembro.

Incertae sedis

Octomeria cucullata Porto & Brade Arq. Inst. Biol. Veg. 3: 135. 1937.

Descrita para o Itatiaia, no estado do Rio de Janeiro, Pabst & Dungs (1975) a citam para o Paraná, aparentemente baseando-se em um espécime procedente de Praia do Leste, no litoral paranaense, coletado por de Haas & de Haas 5724 (HB). Infelizmente, o exame do referido espécime revelou que a única flor existente na exsicata encontra-se incompleta, desprovida de labelo, o que torna impossível a confirmação de sua identidade.

Octomeria dusenii Schltr. Notizbl. Bot. Gart. Berlin- Dahlem 7: 324. 1919.

Trata-se de espécie não esclarecida, descrita para o Paraná, e cujo material-tipo foi destruído no bombardeio do herbário B durante a Segunda Guerra Mundial.

Garay (1967)Garay LA (1967) Studies in American orchids VI. Botanical Museum Leaflets 21: 249-264. a sinonimizou com Octomeria chloidophylla (Rchb.f.) Garay, espécie originalmente descrita como Pleurothallis chloidophylla Rchb.f., procedente do município de Nova Friburgo, no estado do Rio de Janeiro. O exame do holótipo dessa espécie (Beyrich W24867!) realizado por um de nós (ALVTB) revela, contudo, que se trata de táxon distinto de O. dusenii.

Além da descrição constante no protólogo de Octomeria dusenii, a única outra fonte de informação sobre a espécie é a ilustração dos detalhes florais, originalmente preparada por Schlechter e postumamente reproduzidas por Mansfeld (1930)Mansfeld R (1930) Blüten analysen neuer Orchideen von R.Schltechter. I. Südamerikanische, Orchideen. Repertorium Specierum Novarum Regni Vegetabilis, Beihft 58, tab. 1-60.. A morfologia floral representada nessa ilustração, sobretudo a forma do labelo, muito se aproxima da morfologia foral de O. warmingii. Compartilhamos aqui a opinião de Foster (2007) que sugere possível conspecificidade entre esses dois táxons.

Octomeria janeirensis nom. nud. in sched.

Dentre os materiais de P. Dusén depositados no herbário S e disponíveis online encontramos uma exsicata constituída de apenas uma ilustração, e determinada como Octomeria janeirensis (Imag. Dig. S [17-19637]). Trata-se de um nome nunca publicado e constante apenas na exsicata em questão. O hábito e a morfologia floral se assemelham um pouco aos da O. rodriguesii Cogn. e O. tricolor Rchb.f., espécies ainda não observadas no Paraná.

Octomeria rhodoglossa Schltr. Notizbl. Bot. Gart. Berlin-Dahlem 7: 276. 1918

Descrita a partir de uma coleta efetuada por P. Dusén no Paraná, o material-tipo de Octomeria rhodoglossa foi destruído no bombardeio do herbário B durante a Segunda Guerra Mundial. A única informação disponível sobre a espécie constitui-se da ilustração original de Schlechter reproduzida por Mansfeld em 1930Mansfeld R (1930) Blüten analysen neuer Orchideen von R.Schltechter. I. Südamerikanische, Orchideen. Repertorium Specierum Novarum Regni Vegetabilis, Beihft 58, tab. 1-60.. Octomeria rhodoglossa se caracteriza pelas sépalas e pétalas ovado-lanceoladas e agudas no ápice, e, principalmente, pelo labelo de âmbito ovado-elíptico com margens crenadas e ápice tridentado. Infelizmente, não identificamos em nossos estudos material algum que se assemelhe ao táxon em questão. Por esse motivo, a espécie é aqui interpretada como não esclarecida para o estado do Paraná.

Octomeria riograndensis Schltr. Repert. Spec. Nov. Regni. Veg. Beih. 35: 65. 1925.

A espécie foi descrita por Schlechter baseando-se em um espécime coletado por C. Jürgens no muncípio de Rio Pardo, Rio Grande do Sul. Infelizmente o protólogo de Octomeria riograndensis é desprovido de uma ilustração e o material-tipo, originalmente depositado no herbário B, foi destruído durante a Segunda Guerra Mundial. Duplicadas desse material não parecem existir, o que impossibilita estabelecermos com precisão a sua identidade.

Octomeria riograndensis foi pela primeira vez citada para o estado do Paraná por Hoehne (1950)Hoehne FC (1950) Octomeria da afinidade de O. chamaeleptotes Reichb. f. do Brasil Austral. Arquivos de Botânica do estado de São Paulo 2: 111-115., baseando-se em um espécime coletado por G. Hatschabach (nr. 1536) e depositado no herbário SP. O referido material foi por nós examinado e concluímos que não se trata da Octomeria riograndensis, mas sim de uma espécie ainda indeterminada. Quando comparado com a descrição constante no protólogo de Octomeria riograndensis, verificamos que o exemplar G. Hatschabach 1536 apresenta hábito menor e reptante, flores proporcionalmente menores e, sobretudo, sépalas e pétalas elípticas com ápice obtuso, ao invés de oblongo-lanceoladas e subacuminados no ápice, assim como o labelo de ápice subtruncado ao invés de manifestamente exciso.

A espécie foi posteriormente citada por Pabst & Dungs (1975) como ocorrente no Paraná, contudo sem a indicação de algum material estudado. Durante recente visita ao herbário HB, tivemos a oportunidade de examinar um único material (G. Hatschbach 22305) determinado por Pabst como Octomeria riograndensis, e concluímos que o referido exemplar, na verdade, pertence a outro táxon: Octomeria chamaeleptotes, espécie comum no Paraná e tratada no presente trabalho.

Recentemente, Octomeria riograndensis foi citada para o Paraná por Smidt (2014)Smidt EC (2014) Orchidaceae. In: Kaehler M, Goldenberg R, Labiak PH, Ribas OS, Vieira AOS & Hatschbach GG (eds.) Plantas vasculares do Paraná. Universidade Federal do Paraná: Departamento de Botânica, Curitiba. Pp.146-156., mas essa referência baseou-se na informação disponível até então na literatura, i.e., Hoehne (1950)Hoehne FC (1950) Octomeria da afinidade de O. chamaeleptotes Reichb. f. do Brasil Austral. Arquivos de Botânica do estado de São Paulo 2: 111-115. e Pabst & Dungs (1975).

Pelo o exposto acima, excluímos aqui Octomeria riograndensis da lista das espécies presentes no estado do Paraná.

Agradecimentos

Os autores agradecem aos curadores dos herbários aqui citados, o empréstimo do material herborizado, o envio de imagens digitais e o acesso à suas coleções. Ao Marie Selby Botanical Gardens agradecemos o apoio financeiro para a confecção dos desenhos a nanquin; a Helena Ignowski, a realização das ilustrações; e aos orquidófilos Marcos Klingelfus e Maria Rita Cabral, o envio de plantas vivas para estudo. Somos também gratos ao Dr. Wade Collier, a ajuda na montagem das estampas.TFS agradece à CAPES, a bolsa de Mestrado concedida; ao IAP (61.16) e ao ICMBio (SISBIO-54416-1), as autorizações de coletas. ECS agradece ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a bolsa de Produtividade em Pesquisa do CNPq-Nível 2 (proc. 311001/2014-9); e ao MCTI/CNPq Nº 14/2013 - Universal (proc. 485396/2013-0). ALVTB agradece à CAPES, a bolsa Programa Pesquisador Visitante Especial (PVE) 88881.065009/2014-0.

Refêrencias

  • Bachman S, Moat J, Hill AW, de Torre J & Scott B (2011) Supporting Red List threat assessments with GeoCAT: geospatial conservation assessment tool. Zookeys 150: 117-126.
  • Barbosa AR, Melo MC & Borba EL (2009) Self incompatibility and myophily in Octomeria (Orchidaceae, Pleurothallidinae) species. Plant Systematic and Evolution 283: 1-8.
  • BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527.
  • Brummitt RK & Powell CE (1992) Authors of plant names. Royal Botanic Gardens, Kew. 732p.
  • Borgo M & Silva SM (2003) Epífitos vasculares em fragmentos de Floresta Ombrófila Mista, Curitiba, Paraná, Brasil. Revista Brasileira de Botânica 26: 391-401.
  • Brown R (1813) A catalogue of the plants cultivated in the Royal Botanic Garden at Kew. 2nd ed. Vol. 5. Hortus Kewensis, Londres. 211p.
  • Cervi AC, Acra LA, Rodrigues L, Train S, Ivanchechen SL & Moreira ALOR (1988) Contribuição ao conhecimento das epífitas (exclusive Bromeliaceae) de uma floresta de Araucária do Primeiro Planalto Paranaense. Insula 18: 75-82.
  • Chase MW, Freudestein JV, Cameron KM (2003) DNA data and Orchidaceae systematics: a new phylogenetic classification. In: Dixon KW, Kell SP, Barrett RL & Cribb PJ (eds.) Orchid conservation. Natural History Publications, Kota Kinabalu. Pp. 69-89.
  • Chase MW, Cameron KM, Freudenstein JV, Pridgeon AM, Salazar G, van den Berg C & Schuitman A (2015) An updated classification of Orchidaceae. Botanical Journal of the Linnean Society 177: 151-174.
  • Cogniaux AC (1896) Orchidaceae, Tribus IV: Pleurothallidinae. In: Martius CFP, Eichler AW & Urban I (eds.) Flora brasiliensis F. Fleischer, Monarchii. Vol. 3, pars. 4, 601p.
  • Dallwitz MJ, Paine TA & Zurcher EJ (2015) Principles of interactive keys. Disponível em <http://delta-intkey.com/www/interactivekeys.pdf>. Acesso em 07 abril 2016.
    » http://delta-intkey.com/www/interactivekeys.pdf
  • Dittrich VAO, Kozera C & Silva SM (1999) Levantamento florístico dos epífitos vasculares do Parque Barigüi, Curitiba, Paraná, Brasil. Iheringia, Série Botânica 52: 11-21.
  • Fidalgo O & Bononi VLR (1984) Técnicas de coleta, preservação e herborização de material botânico. Instituto de Botânica, São Paulo. 40p.
  • Forster W (2007) Estudo taxonômico das espécies com folhas planas a conduplicadas do gênero Octomeria R.Br. (Orchidaceae). Tese de Doutorado. Instituto de Biociências, University of São Paulo, São Paulo. 287p.
  • Forster W, Souza VC & Barros F (2013) Octomeria lilliputana (Orchidaceae), a new species from Brazilian Atlantic Forest, state of Paraná, Brazil. Phytotaxa 105: 39-44.
  • Garay LA (1967) Studies in American orchids VI. Botanical Museum Leaflets 21: 249-264.
  • Hefler SM & Faustioni P (2004) Levantamento florístico de epífitos vasculares do Bosque São Cristóvão, Curitiba, Paraná, Brasil. Revista Estudos de Biologia 26: 11-19.
  • Hijmans RJ, Guarino L, Jarvis A, O’brien R & Mathuer P (2012) DIVA-GIS Version 5.4. Disponível em <https://www.diva-gis.org>. Acesso em 07 abril 2016.
    » https://www.diva-gis.org
  • Hoehne FC (1950) Octomeria da afinidade de O. chamaeleptotes Reichb. f. do Brasil Austral. Arquivos de Botânica do estado de São Paulo 2: 111-115.
  • IUCN (2012) Red List of Threatened Species. Version 2012.1. Gland, Switzerland, and Cambridge, United Kingdom. Disponível em <https://www.iucnredlist.org>. Acesso em 10 de setembro de 2017.
    » https://www.iucnredlist.org
  • Karremans AP (2016) Genera Pleurothallidinae: an update phylogenetic overview of Pleurothallidinae. Lankesteriana 16: 219-241.
  • Luer CA (1986) Icones Pleurothallidinarum I. Systematics of Pleurothallidinae (Orchidaceae). Monographs in Systematic Botany from the Missouri Botanical Garden 15: 1-81.
  • Luer CA (2002) Miscellaneous new species in the Pleurothallidinae (Orchidaceae). Selbyana 23: 1-45.
  • Mansfeld R (1930) Blüten analysen neuer Orchideen von R.Schltechter. I. Südamerikanische, Orchideen. Repertorium Specierum Novarum Regni Vegetabilis, Beihft 58, tab. 1-60.
  • Menini Neto L & Docha Neto A (2009) Redescoberta e tipificação de Octomeria leptophylla Barb. Rodr. (Orchidaceae), micro-orquídea endêmica de Minas Gerais, Brasil. Rodriguésia 60: 461-465.
  • Pabst GFJ & Dungs F (1975) Orchidaceae Brasilienses. Vol. 1. Brücke-Verlag Kurt Schmersow, Hildesheim. 404p.
  • Pabst GFJ & Dungs F (1978) Orchidaceae Brasilienses . Vol. 2. Brücke-Verlag Kurt Schmersow, Hildesheim. 418p.
  • Pridgeon AM, Solano R & Chase MW (2001) Phylogenetic relationships in Pleurothalidinae (Orchidaceae): combined evidence from nuclear and plastid DNA sequences. American Journal of Botany 88: 2286-2308.
  • Pridgeon AM, Cribb PJ, Chase MW & Rasmussen FM (2009) Genera Orchidacearum. Vol. 4. Epidendroideae (Part I). Oxford University Press, Oxford. 672p.
  • Reichenbach HG (1849) Pflanzenkunde, Linnea 22: 817p.
  • Rizzini CT (1977) Sistematização terminologica da folha. Rodriguésia 42: 103-125.
  • Rodrigues JB (1882) Genera et species Orchidearum Novarum 2. Typografia Nacional, Rio de Janeiro. 295p.
  • Schlechter R (1915) Die Orchideen. Paul Parey, Berlin. 836p.
  • Schlechter R (1926) Beiträge zur Kenntnis der Orchidaceenflora von Parana II. Orchidaceae Hatschbachianae. Repertorium Specierum Novarum Regni Vegetabilis 23: 45.
  • Smidt EC (2014) Orchidaceae. In: Kaehler M, Goldenberg R, Labiak PH, Ribas OS, Vieira AOS & Hatschbach GG (eds.) Plantas vasculares do Paraná. Universidade Federal do Paraná: Departamento de Botânica, Curitiba. Pp.146-156.
  • Stearn WT (1983) Botanical Latin. Hafner Publishing Company, New York. 560p.
  • The Plant List (2018) Version 1.1. Published on the Internet. Disponível em <http://www.theplantlist.org>. Acesso em 01 janeiro 2018.
    » http://www.theplantlist.org
  • van den Berg C, Goldman DH, Freudenstein JV, Cameron KM & Chase MW (2005) An overview of the phylogenetic relationships within Epidendroideae inferred from multiple DNA regions and recircumscription of Epidendreae and Arethuseae (Orchidaeceae). American Journal of Botany 92: 613-624.

Editado por

Editor de área: Dr. Luiz Menini Neto

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    17 Abr 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    26 Fev 2018
  • Aceito
    04 Jan 2019
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Rua Pacheco Leão, 915 - Jardim Botânico, 22460-030 Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Tel.: (55 21)3204-2148, Fax: (55 21) 3204-2071 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: rodriguesia@jbrj.gov.br