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Turneraceae (Passifloraceae s.l.) na Região Sul do Brasil

Turneraceae (Passifloraceae s.l.) in Southern Region of Brazil

Resumo

Este trabalho compreende o levantamento florístico da família Turneraceae na Região Sul do Brasil. Foram confirmados 17 táxons, sendo cinco pertencentes ao gênero Piriqueta (P. cistoides subsp. cistoides, P. sidifoliavar. sidifolia, P. pampeana, P. suborbicularis e P. taubatensis), e 12 correspondentes ao gênero Turnera (T. capitata, T. hilaireana, T. oblongifolia var. oblongifolia, T. orientalis, T. serrata var. brevifolia, T. sidoides subsp. carnea, T. sidoides subsp. holosericea, T. sidoides subsp. integrifolia, T. sidoides subsp. pinnatifida, T. sidoides subsp. sidoides, T. subulata e T. weddelliana). São fornecidas descrições com ilustrações, fotografias, chaves de identificação para os gêneros e para as espécies, considerações sobre distribuição geográfica, habitat, floração e frutificação.

Palavras-chave:
Passifloraceae s.l.; Piriqueta; taxonomia; Turnera

Abstract

This work comprises a floristic survey of the family Turneraceae in southern Brazil. The occurrence of 17 taxa was confirmed, including five belonging to the genus Piriqueta (P. cistoides subsp. cistoides, P. sidifoliavar. sidifolia, P. pampeana, P. suborbicularis and P. taubatensis), and 12 corresponding to the genus Turnera (T. capitata, T. hilaireana, T. oblongifolia var. oblongifolia, T. orientalis, T. serrata var. brevifolia, T. sidoides subsp. carnea, T. sidoides subsp. holosericea, T. sidoides subsp. integrifolia, T. sidoides subsp. pinnatifida, T. sidoides subsp. sidoides, T. subulata and T. weddelliana). We provide descriptions with illustrations, photographs, keys for genera and species identification, as well as considerations about distribution, habitat and phenology.

Key words:
Passifloraceae s.l.; Piriqueta; taxonomy; Turnera

Introdução

Segundo o APG III (2009)APG III (2009) An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III. Botanical Journal of the Linnean Society 161: 105-121., Turneraceae, Malesherbiaceae e Passifloraceae sensu stricto formam o clado Passifloraceae sensu lato, inserido na ordem Malpighiales, o qual se mantém no APG IV (2016)APG IV (2016) An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG IV. Botanical Journal of the Linnean Society 181: 1-20., sendo o clado formado por Turneraceae e Passifloraceae s.s. irmão de Malesherbiaceae. Essas famílias compartilham caracteres morfológicos e anatômicos, e alguns estudos têm confirmado parentesco entre elas (Soltis et al. 2000Soltis DE, Soltis PS, Chase MW, Mort ME, Albach DC, Zanis M, Savolainen V, Hahn WH, Hoot SB, Fay MF, Axtell M, Swensen SM, Prince LM, Kress WJ, Nixon KC & Farris JS (2000) Angiosperm phylogeny inferred from 18S rDNA, rbcL, and atpB sequences. Botanical Journal of the Linnean Society 133: 381-461.; Davis & Chase 2004Davis CC & Chase MW (2004) Elatinaceae are sister to Malpighiaceae; Peridiscaceae belong to Saxifragales. American Journal of Botany 91: 262-273.; Korotkova et al. 2009Korotkova N, Schneider JV, Quandt D, Worberg A, Zizka G & Borsch T (2009) Phylogeny of the eudicot order Malpighiales: analysis of a recalcitrant clade with sequences of the petD group II intron. Plant Systematics and Evolution 271: 201-228.; Thulin et al. 2012Thulin M, Razafimandimbison SG, Chafe P, Heidari N, Kool A & Shore JS (2012) Phylogeny of the Turneraceae clade (Passifloraceae s.l.): Trans-Atlantic disjunctions and two new genera in Africa. Taxon 61: 308-323.; Tokuoka 2012Tokuoka T (2012) Molecular phylogenetic analysis of Passifloraceae sensu lato (Malpighiales) based on plastid and nuclear DNA sequences. Journal of Plant Reseach 125: 489-497.). Porém, a monofilia das três famílias também é fortemente suportada e os caracteres morfológicos utilizados pela classificação tradicional, considerando-as como famílias independentes, estão bem estabelecidos e vão ao encontro da sistemática filogenética (Tokuoka 2012Tokuoka T (2012) Molecular phylogenetic analysis of Passifloraceae sensu lato (Malpighiales) based on plastid and nuclear DNA sequences. Journal of Plant Reseach 125: 489-497.). Dessa forma, nesse estudo, adotou-se a circunscrição proposta por Cronquist (1981)Cronquist A (1981) An integrated system of classification of flowering plants. The New York Botanical Garden. Columbia University Press, New York. 1262p., a qual considera Turneraceae como uma família e não como uma subfamília dentro de Passifloraceae s.l..

A família Turneraceae Kunth ex DC. contabiliza atualmente 12 gêneros e cerca de 230 espécies, distribuídas nas Américas e África, em Madagascar e Ilhas Mascarenhas (Arbo 2007Arbo MM (2007) Turneraceae. In: Kubitzki K, Rhower JB & Bittrich V (eds.) The families and genera of vascular plants. Vol. 9. Springer Verlag, Heidelberg. Pp. 458-466.; Thulin et al. 2012Thulin M, Razafimandimbison SG, Chafe P, Heidari N, Kool A & Shore JS (2012) Phylogeny of the Turneraceae clade (Passifloraceae s.l.): Trans-Atlantic disjunctions and two new genera in Africa. Taxon 61: 308-323.; Rocha et al. 2018Rocha L, Arbo MM & Ribeiro PL (2018) Turnera spicata: a new species of Turneraceae (Passifloraceae s.l.) from the Brazilian Atlantic Forest. Phytotaxa 343: 167-174.). A grande maioria das espécies do grupo encontra-se no Novo Mundo, enquanto a diversidade genérica é maior no Velho Mundo (Thulin et al. 2012Thulin M, Razafimandimbison SG, Chafe P, Heidari N, Kool A & Shore JS (2012) Phylogeny of the Turneraceae clade (Passifloraceae s.l.): Trans-Atlantic disjunctions and two new genera in Africa. Taxon 61: 308-323.). No Brasil, a família engloba os gêneros Piriqueta Aubl. e Turnera L., totalizando 160 espécies, das quais 111 são endêmicas, sendo o país neotropical mais rico em Turneraceae. A diversidade de espécies da família concentra-se na Cadeia do Espinhaço, localizada nos estados da Bahia e Minas Gerais (Arbo & Mazza 2011Arbo MM & Mazza SM (2011) The major diversity centre for neotropical Turneraceae. Systematics and Biodiversity 9: 203-210.; Cabreira et al. 2015Cabreira TN, Facco MG & Miotto STS (2015) Piriqueta pampeana, a new species of Turneraceae (Passifloraceae s.l.) from Rio Grande do Sul, Brazil. Phytotaxa 234: 75-82.; BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527; Rocha et al. 2018Rocha L, Arbo MM & Ribeiro PL (2018) Turnera spicata: a new species of Turneraceae (Passifloraceae s.l.) from the Brazilian Atlantic Forest. Phytotaxa 343: 167-174.).

Dentre os trabalhos realizados com a família, cabe salientar os elaborados por Urban (1883a)Urban I (1883a) Monographie des familie Turneraceen. Jahrbuch des Köeniglichen Botanischen Gartens und des Botanischen Museums zu Berlin 2: 1-152. e Arbo (1995Arbo MM (1995) Turneraceae. Parte I. Piriqueta. Flora Neotropica 67: 1-156., 1997Arbo MM (1997) Estudios sistemáticos en Turnera (Turneraceae). I. Series Salicifoliae y Stenodictyae. Bonplandia 9: 151-208., 2000Arbo MM (2000) Estudios sistemáticos en Turnera (Turneraceae). II. Series Annulares, Capitatae, Microphyllae y Papilliferae. Bonplandia 10: 1-82., 2004Arbo MM (2004) Turneraceae (Turnera Family). In: Smith N, Mori S, Henderson A, Stevenson DW & Heald S (eds.) Flowering plants of the neotropics. The New York Botanical Garden. Princeton University Press, Princeton. Pp. 380-382., 2005Arbo MM (2005) Estudios sistemáticos en Turnera (Turneraceae). III. Series Anomalae y Turnera. Bonplandia 14: 115-318., 2008a)Arbo MM (2008a) Estudios sistemáticos en Turnera (Turneraceae). IV. Series Leiocarpae, Conciliatae y Sessilifoliae. Bonplandia 17: 107-334.. No Brasil, destacam-se a publicação da Flora brasiliensis (Urban 1883bUrban I (1883b) Turneraceae.In: Martius CFP, Eichler AG & Urban I (eds.) Flora brasiliensis. Monachii et Lipsiae, R. Oldenbourg. Vol. 13, pars 3, pp. 86-170.) e as floras dos estados de Alagoas (Lyra-Lemos et al. 2010Lyra-Lemos RP, Mota MCS, Chagas ECO & Silva FC (2010) Checklist flora de Alagoas: Angiospermas. IMA/MAC, Máceio. 141p.), Bahia (Rocha & Rapini 2016Rocha L & Rapini A (2016) Flora da Bahia: Turneraceae. Sitientibus série Ciências Biológicas 15: 1-72.), Distrito Federal (Arbo 2009Arbo MM (2009) Turneraceae.In: Cavalcanti TB & Batista MF (orgs.) Flora do Distrito Federal, Brasil. Vol. 7. Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Brasília. Pp. 285-312.), São Paulo (Arbo & Silva 2005Arbo MM (2005) Estudios sistemáticos en Turnera (Turneraceae). III. Series Anomalae y Turnera. Bonplandia 14: 115-318.), Sergipe (Arbo 2013Arbo MM (2013) Turneraceae. In: Prata AP, Amaral MC, Farias MC & Alves MV (eds.) Flora de Sergipe 1: 533-549.) e Rio Grande do Norte (Rocha et al. 2012Rocha LNG, Melo JIM & Camacho RGV (2012) Flora do Rio Grande do Norte, Brasil: Turneraceae Kunth ex DC. Rodriguésia 63: 1085-1099.). Para o sul do Brasil, há os trabalhos de Moura (1975)Moura CAF (1975) Turneráceas.In: Reitz R (ed.) Flora ilustrada catarinense. Parte I, fasc. Tur. Herbário Barbosa Rodrigues, Itajaí. 13p., para Santa Catarina, os de Linsingen et al. (2006)Linsingen L von, Sonehara JS, Uhlmann A & Cervi AC (2006) Composição florística do parque estadual do Cerrado de Jaguariaíva, Paraná, Brasil. Acta Biológica Paranaense 35: 197-232. e Cervi et al. (2007)Cervi AC, von Linsingen L, Hatschbach G & Ribas OS (2007) A vegetação do Parque Estadual de Vila Velha, município de Ponta Grossa, Paraná, Brasil. Boletim do Museu Botânico Municipal 69: 1-52., para o Paraná, e o de Arbo (2008b)Arbo MM (2008b) Turneraceae. In: Zuloaga FO & Morrone O (eds.) Catálogo de las plantas vasculares del Cono Sur. Instituto Darwinion, Buenos Aires. Pp. 3080-3085. englobando os três estados. Porém, o primeiro estudo é constituído por uma restrita revisão de herbários e os demais apenas citam a ocorrência das espécies em listas resultantes de levantamento florístico ou de distribuição geográfica. Dessa forma, o presente estudo contribui com a atualização dos dados das espécies, fornecendo informações que auxiliem no reconhecimento dos táxons sul-brasileiros.

Material e Métodos

As informações presentes neste trabalho baseiam-se em revisão bibliográfica, em análise de materiais coletados no campo ou depositados em herbários e observações durante as expedições de coleta. As excursões de coleta contemplaram todas as formações vegetacionais dos estados do Rio Grande do Sul, Paraná e de Santa Catarina, de acordo com Iganci et al. (2011)Iganci JRV, Heiden G, Miotto STS & Pennington T (2011) Campos de Cima da Serra: the Brazilian Subtropical Highland Grasslands show an unexpected level of plant endemism. Botanical Journal of the Linnean Society 167: 378-393.. O material-testemunho do estudo foi incorporado ao Herbário ICN da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Foram revisados os materiais dos seguintes herbários das regiões Sul e Sudeste (acrônimos de acordo com Thiers, continuamente atualizadoThiers B [continuamente atualizado] Index Herbariorum: a global directory of public herbaria and associated staff. New York Botanical Garden’s Virtual Herbarium. Disponível em <http://sweetgum.nybg.org/science/ih/>. Acesso em 13 agosto 2017.
http://sweetgum.nybg.org/science/ih/...
): BHCB, ESA, FLOR, FUEL, FURB, HAS, HBR, HCF, HPBR, HRCB, HUCS, HURG, ICN, MBM, MPUC, PACA, RB, SMDB, SP, SPSF, UEC, UPCB, além dos herbários CTES e SI, ambos da Argentina. Também foram analisadas imagens enviadas pelos herbários G, HUEFS, IAC, MOBOT e NY, além de imagens disponíveis online, incluindo os materiais-tipo, pertencentes às seguintes coleções botânicas: M, B, G, FI, Herbário Virtual A. de Saint-Hilaire, P, NY, K, BM e GOET.

As descrições foram baseadas na análise de caracteres morfológicos vegetativos e reprodutivos, tendo sido utilizados materiais que contemplassem toda a variação morfológica de cada táxon. As exsicatas foram analisadas através de microscópio estereoscópico e as medidas foram obtidas com a utilização de um paquímetro digital. A terminologia adotada neste trabalho seguiu Stearn (1983)Stearn WT (1983) Botanical Latin. Newton Abbot, David & Charles, Devon. 556p., Beentje (2010)Beentje H (2010) The Kew plant glossary. Royal Botanic Gardens, Kew. 160p. e Gonçalves & Lorenzi (2011)Gonçalvez EG & Lorenzi H (2011) Morfologia vegetal - organografia e dicionário ilustrado de morfologia das plantas vasculares. 2a edição. Instituto Plantarum de Estudos da Flora, São Paulo. 544p. para forma, base, ápice e margem das folhas, González & Arbo (2004)González AM & Arbo MM (2004) Trichome complement ofTurnera and Piriqueta (Turneraceae). Botanical Journal of the Linnean Society 144: 85-97. e Beentje (2010)Beentje H (2010) The Kew plant glossary. Royal Botanic Gardens, Kew. 160p. para indumento, González (1998González AM (1998) Colleters in Turnera and Piriqueta (Turneraceae). Botanical Journal of the Linnean Society 128: 215-228., 2001)González AM (2001) Nectarios y vascularización floral de Piriqueta y Turnera (Turneraceae). Boletín de la Sociedad Argentina de Botánica 36: 47-68. e González & Ocantos (2006)González AM & Ocantos MN (2006) Nectarios extraflorales en Piriqueta y Turnera (Turneraceae). Boletín de la Sociedad Argentina de Botánica 41: 269-284. para a classificação dos coléteres e dos nectários, respectivamente, González (2010)González AM (2010) Anatomía y desarrollo del fruto en Piriqueta y Turnera (Turneraceae). Boletín de la Sociedad Argentina de Botánica 45: 257-272. para descrever os frutos, Arbo (1997Arbo MM (1997) Estudios sistemáticos en Turnera (Turneraceae). I. Series Salicifoliae y Stenodictyae. Bonplandia 9: 151-208., 2000Arbo MM (2000) Estudios sistemáticos en Turnera (Turneraceae). II. Series Annulares, Capitatae, Microphyllae y Papilliferae. Bonplandia 10: 1-82., 2005Arbo MM (2005) Estudios sistemáticos en Turnera (Turneraceae). III. Series Anomalae y Turnera. Bonplandia 14: 115-318., 2008a)Arbo MM (2008a) Estudios sistemáticos en Turnera (Turneraceae). IV. Series Leiocarpae, Conciliatae y Sessilifoliae. Bonplandia 17: 107-334. e González & Arbo (2013)González AM & Arbo MM (2013) Morfoanatomía del óvulo y la semilla en Turnera y Piriqueta (Turneraceae). Botanical Sciences 91: 399-416. para as sementes, e Beentje (2010)Beentje H (2010) The Kew plant glossary. Royal Botanic Gardens, Kew. 160p. para os demais conceitos e para a definição das cores. Os dados referentes ao hábitat, à distribuição geográfica e aos períodos de floração e frutificação dos táxons provêm das informações contidas nas etiquetas das exsicatas dos herbários, das observações realizadas no campo e de consulta à bibliografia. Os mapas foram confeccionados utilizando o software DIVA-GIS 5.4.

As ilustrações dos detalhes das estruturas vegetativas e reprodutivas foram realizadas em câmara-clara acoplada ao microscópio estereoscópico Meiji Techno RZ. Posteriormente, as pranchas foram digitalizadas e montadas utilizando-se os programas CorelDraw x7, CorelPhoto-paintx7 e Picasa 3.

Foram selecionados apenas os exemplares referentes à área de estudo, privilegiando-se, neste trabalho, a citação de uma coleta mais recente de cada formação vegetacional.

Resultados e Discussão

Tratamento taxonômico

Na Região Sul do Brasil foram registrados 17 táxons distribuídos em dois gêneros: Piriqueta com 5 táxons e Turnera L. com doze.

Turneraceae Kunthex DC., Prodr. 3: 345 (1828), nom cons.

Ervas, subarbustos ou arbustos, perenes; caule cilíndrico, simples ou ramificado, indumento híspido, hirsuto, viloso, seríceo-lanoso, glabrescente, com tricomas tectores porrecto-estrelados, estrelados, simples, microcapitados e, às vezes, tricomas glandulares setiformes e capitados ou glabro. Folhas com filotaxia alterna, com ou sem nectários; lâmina inteira, pinatífida ou pinatissecta, margem crenada, crenado-serreada, ondulada, serreada a duplamente serreada; estípulas ausentes ou reduzidas; pecíolo desenvolvido, às vezes ausente. Inflorescências cimosas axilares, às vezes racemos capituliformes, geralmente reduzidas a uma única flor. Pedúnculo floral geralmente desenvolvido, livre ou adnato ao pecíolo, com a presença ou a ausência de bractéolas. Flores actinomorfas, geralmente heterostílicas; pedicelo ausente ou desenvolvido, articulado ao pedúnculo. Tubo floral 10-nervado; cálice pentâmero, laciniado, parcialmente gamossépalo, infundibuliforme, campanulado ou tubular; sépalas lanceoladas, ovadas, triangulares ou elípticas, formando o tubo calicino. Corola pentâmera, branca, amarela, amarelo-alaranjada, rosa ou salmão; pétalas obovadas, geralmente com uma mácula na base, apresentando uma unha pilosa na porção apical. Corona às vezes presente, membranácea, laciniada, fimbriada a lacerada, inserida na base da lâmina das pétalas e sob as sépalas. Estames 5, com filetes glabros, vilosos ou pilosos, livres entre si, base soldada ao tubo do cálice ou com as margens adnatas às unhas das pétalas formando sacos nectaríferos; anteras ditecas, ovadas, sagitadas, às vezes elípticas, base emarginada a cordada, ápice recurvado ou obtuso, às vezes apiculado, com deiscência longitudinal. Ovário súpero, gamocarpelar, 3-carpelar, 1-locular, tomentoso a hirsuto, geralmente com muitos óvulos, anátropos, placentação parietal; 3 estiletes cilíndricos, livres entre si, estigmas penicilados. Fruto cápsula loculicida, 3-valvar, suborbicular, globosa, ovoide a elipsoide, externamente verrucosa, granulosa, tuberculada ou lisa. Sementes obovadas ou claviformes, retas ou curvas, calaza proeminente ou não, episperma reticulado, às vezes cristado, lustroso, exotesta com indumento ou glabra; arilo membranáceo, bordo laciniado, lobulado, unilateral, lacerado a inteiro, envolvendo parcial ou totalmente a semente.

Chave de identificação dos gêneros de Turneraceae na Região Sul do Brasil

  • 1. Presença de corona; indumento com tricomas tectores porrecto-estrelados.......................... 1. Piriqueta

  • 1’. Ausência de corona; indumento sem tricomas porrecto-estrelados........................................... 2. Turnera

1. Piriqueta Aubl., Hist. Pl. Guiane 1: 298, pl. 117. 1775.

Ervas ou subarbustos geralmente perenes, às vezes anuais; caule simples ou ramificado, indumento híspido, às vezes hirsuto, glabrescente, com tricomas tectores porrecto-estrelados, estrelados e simples, e, às vezes, tricomas glandulares setiformes ou glabro. Folhas cartáceas, coriáceas ou papiráceas, discolores ou concolores, com ou sem nectários; lâmina inteira, margem crenada, crenado-serreada, serreada a duplamente serreada; estípulas ausentes ou reduzidas; pecíolo desenvolvido, às vezes ausente. Inflorescências cimosas axilares, reduzidas a uma única flor. Pedúnculo floral desenvolvido, livre, geralmente com a presença de bractéolas. Flores actinomorfas, geralmente heterostílicas; pedicelo desenvolvido. Cálice parcialmente gamossépalo, infundibuliforme a campanulado; sépalas triangular-lanceoladas a ovadas. Corola branca, amarela a amarelo-alaranjada; pétalas obovadas geralmente com uma mácula na base. Corona membranácea, laciniada, fimbriada a lacerada, inserida na base da lâmina das pétalas e sob as sépalas. Estames com filetes glabros, base soldada ao tubo do cálice; anteras ovadas a sagitadas, às vezes elípticas, lineares ou falcadas, base emarginada, ápice recurvado. Ovário súpero, tomentoso, estiletes cilíndricos, estigmas penicilados. Cápsulas suborbiculares, às vezes globosas, subglobosas, ovoides a elipsoides, externamente verrucosas, granulosas, às vezes tuberculadas ou lisas. Sementes obovadas, retas ou curvas, reticuladas, calaza proeminente ou não, exotesta pilosiúscula ou glabra; arilo com bordo laciniado, lobulado a inteiro, às vezes unilateral, envolvendo parcial ou totalmente a semente.

Piriqueta possui 47 espécies e constitui um clado americano, distribuindo-se desde o sul dos Estados Unidos até o norte da Argentina e do Uruguai. A maior parte das espécies vive em cerrados, campos, campos rupestres e caatingas, podendo ocorrer em savanas e bosques. Geralmente são encontradas em solos arenosos, lateríticos ou com afloramentos rochosos (Arbo 1995Arbo MM (1995) Turneraceae. Parte I. Piriqueta. Flora Neotropica 67: 1-156.; Arbo & Mazza 2011Arbo MM & Mazza SM (2011) The major diversity centre for neotropical Turneraceae. Systematics and Biodiversity 9: 203-210.; Thulin et al. 2012Thulin M, Razafimandimbison SG, Chafe P, Heidari N, Kool A & Shore JS (2012) Phylogeny of the Turneraceae clade (Passifloraceae s.l.): Trans-Atlantic disjunctions and two new genera in Africa. Taxon 61: 308-323.; Rocha et al. 2014Rocha L, Arbo MM, Souza IM & Rapini A (2014) Piriqueta crenata, a new species of Turneraceae (Passifloraceae s.l.) from the Chapada Diamantina, Bahia, Brazil. Phytotaxa 159: 105-110.; Cabreira et al. 2015Cabreira TN, Facco MG & Miotto STS (2015) Piriqueta pampeana, a new species of Turneraceae (Passifloraceae s.l.) from Rio Grande do Sul, Brazil. Phytotaxa 234: 75-82.). O gênero é caracterizado, principalmente, pela presença de corona inserida nas sépalas e pétalas e pelo indumento incluindo tricomas porrecto-estrelados (Arbo 1995Arbo MM (1995) Turneraceae. Parte I. Piriqueta. Flora Neotropica 67: 1-156., 2007Arbo MM (2007) Turneraceae. In: Kubitzki K, Rhower JB & Bittrich V (eds.) The families and genera of vascular plants. Vol. 9. Springer Verlag, Heidelberg. Pp. 458-466.; Thulin et al. 2012Thulin M, Razafimandimbison SG, Chafe P, Heidari N, Kool A & Shore JS (2012) Phylogeny of the Turneraceae clade (Passifloraceae s.l.): Trans-Atlantic disjunctions and two new genera in Africa. Taxon 61: 308-323.; Tokuoka 2012Tokuoka T (2012) Molecular phylogenetic analysis of Passifloraceae sensu lato (Malpighiales) based on plastid and nuclear DNA sequences. Journal of Plant Reseach 125: 489-497.; Arbo 2013Arbo MM (2013) Turneraceae. In: Prata AP, Amaral MC, Farias MC & Alves MV (eds.) Flora de Sergipe 1: 533-549.; Arbo et al. 2015Arbo MM, González AM & Sede SM (2015) Phylogenetic relationships within Turneraceae based on morphological characters with emphasis on seed micromorphology. Plant Systematics and Evolution 301: 1907-1926.). No Brasil, são listadas 39 espécies, e o gênero ocorre em todos os estados, tendo como centro de diversidade a Chapada Diamantina, localizada no estado da Bahia (Arbo & Mazza 2011Arbo MM & Mazza SM (2011) The major diversity centre for neotropical Turneraceae. Systematics and Biodiversity 9: 203-210.; Cabreira et al. 2015Cabreira TN, Facco MG & Miotto STS (2015) Piriqueta pampeana, a new species of Turneraceae (Passifloraceae s.l.) from Rio Grande do Sul, Brazil. Phytotaxa 234: 75-82.; BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527). Piriqueta está representado por cinco táxons na Região Sul do Brasil.

Chave de identificação dos táxons específicos e infraespecíficos de Piriqueta ocorrentes na Região Sul do Brasil

  • 1..... Folhas sem nectários; flores homostílicas; cápsulas externamente lisas..................................................... 1.1. Piriqueta cistoides subsp. cistoides

  • 1’. Folhas com nectários; flores heterostílicas; cápsulas externamente verrucosas, granulosas ou tuberculadas.

    • 2. Ramos com tricomas glandulares setiformes; 2-3(-6) flores dispostas em inflorescências cimosas, corola amarela a amarelo-alaranjada, pétalas 6-10 × 2-4 mm............................................................................................ 1.2. Piriqueta sidifolia var. sidifolia

    • 2’. Ramos sem tricomas glandulares setiformes; flores solitárias, corola branca, pétalas 12-26 × 6-22 mm.

      • 3..... Sépalas com ápice agudo; folhas com um par de nectários localizado na base da lâmina foliar, um par de nectários no pecíolo e pares de pequenos nectários distribuídos ao longo da margem foliar 1.3. Piriqueta pampeana

      • 3’.... Sépalas com ápice mucronado; folhas com um par de nectários localizado na união do pecíolo com a lâmina foliar e/ou nectários dispostos ao longo da margem foliar.

        • 4...... Presença de um par de nectários na união do pecíolo com a lâmina foliar e nectários dispostos ao longo ou na base até a metade da lâmina foliar; ovário 1,3-2,1 × 1,2-1,4 mm; cápsulas externamente verrucosas a granulosas.................................................................................................... 1.4. Piriqueta suborbicularis

        • 4’.... Ausência de um par de nectários na união do pecíolo com a lâmina foliar, apenas pequenos nectários localizados na margem foliar; ovário 2,7-4,2 × 2,6-4 mm; cápsulas externamente tuberculadas 1.5. Piriqueta taubatensis

1.1. Piriqueta cistoides (L.) Griseb. subsp. cistoides, Fl. Brit. W. Ind. 298. 1860. Figs. 1a-g; 16a

Figura 1
a-g. Piriqueta cistoides subsp. cistoides - a. hábito; b. detalhe da face externa das sépalas; c. detalhe da flor, mostrando as faces internas das sépalas e pétalas, corona e estames; d. gineceu; e. fruto, mostrando as faces interna e externa; f. semente com arilo; g. detalhe da folha, mostrando o indumento. (a,b,c,d,g. H.F. Leitão-Filho et al. 1580, UEC; e,f. A. Krapovickas et al. 37833, MBM). Ilustrações de Anelise Scherer.
Figure 1
a-g. Piriqueta cistoides subsp. cistoides - a. habit; b. sepals, showing outer surface detail; c. flower detail, with the inner sepals, petals, corona and stamens; d. gynoecium; e. fruit, showing the inner and outer surfaces; f. seed with aril; g. feaf detail, showing the indumentum. (a,b,c,d,g. H.F. Leitão-Filho et al. 1580, UEC; e,f. A. Krapovickas et al. 37833, MBM). Drawings by Anelise Scherer.

Ervas a subarbustos eretos a ascendentes, 13-58 cm de altura; caule com tricomas tectores porrecto-estrelados, tricomas estrelados, e tricomas tectores simples. Folhas papiráceas a cartáceas, concolores a discolores, 5-68 × 1-23 mm, elípticas, lanceoladas a lineares, base atenuada a obtusa, ápice acuminado a obtuso, margem inteira, serreada a crenada, às vezes duplamente serreada; faces adaxial e abaxial com tricomas porrecto-estrelados e estrelados; ausência de nectários. Estípulas reduzidas 0,1-1 mm compr.; pecíolo 0,6-10 mm compr. Flores axilares, solitárias, homostílicas. Pedúnculo 5-19 × 0,5-0,6 mm; bractéolas nulas ou presentes até 0,7 mm compr.; pedicelo 2-7 × 0,4-1 mm. Cálice geralmente verde-amarelado, tubo calicino ca. 0,79 mm compr., interiormente glabro, externamente tomentoso a hirsuto; lacínias 1-7 × 1-2 mm, ovado-lanceoladas, ápice agudo, mucronado. Corola amarela, raro branca, pétalas 3-8 × 2-3 mm, base cuneada, com uma mácula amarela mais escura que o restante das pétalas, ápice obtuso a arredondado. Corona ca. 0,81 mm compr., bordo superior fimbriado. Filetes de 2-3 mm compr., anteras 0,7-1,2 mm compr. Ovário ovoide, 1,7-2,3 × 1,2-1,6 mm, estiletes 0,7-1,4 × 0,1-0,2 mm compr., estigmas 0,3-0,5 × 0,5-0,9 mm. Cápsulas 3-8 × 3-9 mm, suborbiculares a elipsoides, externamente lisas, glabrescentes a pilosas. Sementes 1,1-1,8 × 0,6-0,9 mm, curvas, calaza ligeiramente deprimida, exotesta papilosa; arilo até 1,2 mm compr., bordo inteiro a lobulado, hialino a amarelo, cobrindo apenas um dos lados da semente.

Material selecionado: PARANÁ: Campo Mourão, Rio do Campo-Bica, 14.X.2005, fl. e fr., M.G. Caxambu et al. 902 (HCF, MBM). Guaíra, Sete Quedas, margem do Rio Paraná, sobre pedras, 13.XI.1963, fl. e fr., E. Pereira 7856 & G. Hatschbach 10471 (MBM, RB, UEC).

Ocorre desde o México até o norte da Argentina e as Antilhas. No Brasil, P. cistoides subsp. cistoides não ocorre apenas no Bioma Pampa (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527). A última coleta na Região Sul do Brasil foi realizada em 2005, no município de Campo Mourão (Paraná). Cresce em lugares abertos, campos ou margens de rios ou lagos. Frequentemente é encontrada sobre solos arenosos e rochosos, tendo grande adaptação a locais modificados e a diversas altitudes. Floresce e frutifica todo o ano, mais comumente de agosto a março.

Neste estudo, a classificação de P. cistoides como uma espécie composta por duas subespécies segue o trabalho de Arbo (1995)Arbo MM (1995) Turneraceae. Parte I. Piriqueta. Flora Neotropica 67: 1-156., pelo fato de ambos os táxons serem muito semelhantes no aspecto vegetativo e apresentarem a mesma variação no porte, ramificação, tamanho, forma e indumento das folhas. Apenas a subespécie típica, P. cistoides subsp. cistoides ocorre na área de estudo, no estado do Paraná, e é caracterizada, principalmente, pela presença de flores homostílicas, com 4-11 mm compr., ciclo de vida anual e folhas com a margem geralmente plana. Com relação aos demais táxons ocorrentes no sul do Brasil, P. cistoides subsp. cistoides é facilmente diferenciada, além das flores homostílicas, pela ausência de nectários nas folhas, pela presença de cápsulas com a face externa lisa e sementes com arilo de bordo inteiro.

1.2. Piriqueta sidifolia (A. St.-Hil. & A. Juss. & Cambess.) Urb. var. sidifolia, Jahrb. Königl. Bot. Gart. Berlin. 2: 61. 1883. Figs. 2a-f; 16c

Figura 2
a-f. Piriqueta sidifolia var. sidifolia - a. hábito; b. detalhe da face externa das sépalas; c. detalhe da flor brevistílica, mostrando as faces internas das sépalas e pétalas, corona e estames; d. gineceu; e. fruto, mostrando as faces interna e externa; f. semente com arilo. (a. P. Gibbs et al. 2767, UEC; b,c,d. H.S. Irwin MBM 63406; e,f. C. Proença 305 MBM). Ilustrações de Anelise Scherer.
Figure 2
a-f. Piriqueta sidifolia var. sidifolia - a. habit; b. sepal, showing outer surface detail; c. short-styled flower detail, with the inner sepals, petals, corona and stamens; d. gynoecium; e. fruit, showing the inner and outer surfaces; f. seed with aril. (a. P. Gibbs et al. 2767, UEC; b,c,d. H.S. Irwin MBM 63406; e,f. C. Proença 305, MBM). Drawings by Anelise Scherer.

Ervas ou subarbustos eretos, 16-100 cm de altura; caule com tricomas tectores porrecto-estrelados, tricomas tectores simples, glandulares setiformes e estrelados. Folhas cartáceas a coriáceas, ligeira a notavelmente discolores, 14-97 × 4-32 mm, elípticas, lanceoladas a ovadas, base cuneada a arredondada, ápice acuminado, arredondado a obtuso, margem crenada, crenado-serreada, serreada a duplamente serreada; face adaxial com tricomas porrecto-estrelados, face abaxial com tricomas porrecto-estrelados e estrelados; presença de nectários discoides, localizados ao longo das crenas e/ou dentes da margem foliar, orientados lateral ou adaxialmente. Estípulas reduzidas a uma proeminência glandular na união do pecíolo com o caule, 0,1-0,4 mm compr.; pecíolo 1-8 mm compr. Inflorescências cimosas axilares, 12-29 mm compr., unifloras a plurifloras, 2-3(-6) flores, heterostílicas. Pedúnculo 6-18 × 0,5-0,7 mm; bractéolas até 1,89 mm compr.; pedicelo 2-7 × 0,3-0,9 mm. Cálice verde-amarelado, tubo calicino ca. 1,03 mm compr., interiormente glabro, externamente tomentoso; lacínias 4-8 × 1-2 mm, triangular-lanceoladas, ápice agudo ou acuminado. Corola amarela a amarelo-alaranjada, pétalas 6-10 × 2-4 mm, base cuneada, com uma mácula amarela, ápice obtuso. Corona 0,7-1 mm compr., bordo superior laciniado. Filetes de 3-4 mm compr. em flores longistílicas, 3-6 mm compr. em flores brevistílicas; anteras 0,8-1,1 mm compr. Ovário ovoide, 1,4 × 1,2-2,1 mm; estiletes 4-6 × 0,2-0,3 mm compr. em flores longistílicas, 1-2,6 × 0,2-0,3 mm compr. em flores brevistílicas; estigmas 0,3-0,7 × 0,2-0,6 mm. Cápsulas 1-10 × 1-13 mm, globulosas a suborbiculares, externamente tuberculadas, verrucosas a granulosas, pilosas. Sementes 2-3 × 1,3-1,8 mm, retas ou ligeiramente curvas, reticuladas, calaza não proeminente, exotesta papilosa; arilo até 2,6 mm compr., laciniado, hialino a amarelo-opaco, envolvendo quase toda a semente.

Material selecionado: RIO GRANDE DO SUL: Vacaria, entre Vacaria e Passo do Socorro, 10.XI.1961, fl., E. Pereira 6872 & Pabst (RB).

É endêmica do Brasil ocorrendo nos estados da Bahia, Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Tocantins e Rio Grande do Sul (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527). Cresce em campos, sendo frequentemente encontrada sobre solos arenosos ou argilosos, com altitude variando de 600-1.500 m. Floresce e frutifica em novembro.

Este estudo segue a classificação proposta por Arbo (1995)Arbo MM (1995) Turneraceae. Parte I. Piriqueta. Flora Neotropica 67: 1-156., a qual reconheceu duas variedades para a espécie: a variedade típica e P. sidifolia var. multiflora Urb., as quais apresentam algumas diferenças com relação ao hábito, comprimento do pecíolo e número de flores. P. sidifolia var. sidifolia é caracterizada pelo hábito herbáceo a subarbustivo, pecíolo com 0,5-7 mm compr., e inflorescências com 2-3(-6) flores (Arbo 1995Arbo MM (1995) Turneraceae. Parte I. Piriqueta. Flora Neotropica 67: 1-156.). Com relação aos demais táxons ocorrentes no sul do Brasil, P. sidifolia var. sidifolia pode ser distinguida pela presença de ramos com tricomas glandulares setiformes e flores dispostas em inflorescências cimosas.

1.3. Piriqueta pampeana T.N. Cabreira & Miotto, Phytotaxa 234(1): 75-82. 2015. Figs. 3a-g; 6a-b; 16b

Figura 3
a-g. Piriqueta pampeana - a. hábito; b. detalhe da face externa das sépalas; c. detalhe da flor brevistílica, mostrando as faces internas das sépalas e pétalas, corona e estames; d. gineceu; e. fruto, mostrando as faces interna e externa; f. semente com arilo; g. detalhe da folha, mostrando os nectários. (a,b,c,d,g. T.N. Cabreira 232 & M.G. Facco ICN; e,f. J. Mattos 29721 & N. Mattos HAS). Ilustrações de Anelise Scherer.
Figure 3
a-g. Piriqueta pampeana - a. habit; b. sepals, showing outer surface detail; c. short-styled flower detail, with the inner sepals, petals, corona and stamens; d. gynoecium; e. fruit, showing the inner and outer surfaces; f. seed with aril; g. leaf detail, showing the nectaries. (a,b,c,d,g. T.N. Cabreira 232 & M.G. Facco ICN; e,f. J. Mattos 29721 & N. Mattos HAS). Drawings by Anelise Scherer.

Figura 4
a-g. Piriqueta suborbicularis - a. hábito; b. detalhe da face externa das sépalas; c. detalhe da flor brevistílica, mostrando as faces internas das sépalas e pétalas, corona e estames; d. gineceu; e. fruto, mostrando as faces interna e externa; f. semente com arilo; g. detalhe da folha, mostrando os nectários. (a. A. Krapovickas 34210 & C.L. Cristóbal CTES; b,c,c. T.N. Cabreira 249, ICN; e,f,g. T.N. Cabreira 270, ICN). Ilustrações de Anelise Scherer.
Figure 4
a-g. Piriqueta suborbicularis - a. habit; b. sepals, showing outer surface detail; c. short-styled flower detail, with the inner sepals, petals, corona and stamens; d. gynoecium; e. fruit, showing the inner and outer surfaces; f. seed with aril; g. leaf detail, showing the nectaries. (a. A. Krapovickas 34210 & C.L. Cristóbal CTES; b,c,d. T.N. Cabreira 249, ICN; e,f,g. T.N. Cabreira 270, ICN). Drawings by Anelise Scherer.

Figura 5
a-g. Piriqueta taubatensis - a. hábito; b. detalhe da face externa das sépalas; c. detalhe da flor brevistílica, mostrando as faces internas das sépalas e pétalas, corona e estames; d. gineceu; e. fruto, mostrando a face externa e sementes; f. semente com arilo; g. detalhe da folha, mostrando o indumento. (a. E. Barbosa 1782 & E.M. Cunha CTES; b,c,d. T.N. Cabreira 277a, ICN; e,f. A. Schinini et al. 23475, CTES; g. T.N. Cabreira 209, ICN). Ilustrações de Anelise Scherer.
Figure 5
a-g. Piriqueta taubatensis - a. habit. b. sepal, showing outer surface detail; c. short-styled flower detail, with the inner sepals, petals, corona and stamens; d. gynoecium; e. fruit, showing the outer surface and seeds; f. seed with aril; g. leaf detail, showing the indumentum. (a. E. Barbosa 1782 & E.M. Cunha CTES; b,c,d. T.N. Cabreira 277a, ICN; e,f. A. Schinini et al. 23475, CTES; g. T.N. Cabreira 209, ICN). Drawings by Anelise Scherer

Figura 6
a-b. Piriqueta pampeana - a. detalhe da flor; b. hábito; c-d. P. suborbicularis - c. detalhe da flor; d. população; e-f. P. taubatensis - e. detalhe da flor; f. hábito. (c,f. Sérgio Bordignon; d. Karen Araújo Freitas; e. Marlon Garlet Facco).
Figure 6
a-b. Piriqueta pampeana - a. flower detail; b. habit; c-d. P. suborbicularis - c. flower detail; d. population; e-f. P. taubatensis - e. flower detail; f. habit. (c,f. Sérgio Bordignon; d. Karen Araújo Freitas; e. Marlon Garlet Facco).

Ervas hemicriptófitas, eretas a decumbentes, 21-44 cm de altura; caule com tricomas tectores porrecto-estrelados e tricomas tectores simples. Folhas cartáceas, discolores, 12-63 × 5-43 mm, elípticas a largo-elípticas, base cuneada, ápice obtuso, cuneado a arredondado, margem inteira da base até a metade da lâmina e margem crenada a serreada da metade da lâmina até o ápice; faces adaxial e abaxial com tricomas porrecto-estrelados; um par de nectários discoides, localizado na base da lâmina, um par de nectários no pecíolo, orientados adaxialmente, e pares de pequenos nectários distribuídos ao longo da margem foliar; presença de coléteres na porção mediano-apical da margem foliar, orientados lateral ou adaxialmente. Estípulas ausentes ou reduzidas, 1,4-2,1 mm compr.; pecíolo 1-6 mm compr. Flores axilares, solitárias, heterostílicas. Pedúnculo 1-6 × 0,7-1,3 mm; bractéolas 1,4-2 mm compr.; pedicelo 4-13 × 0,7-1,6 mm. Cálice pardo-amarelado, tubo calicino 2-3 mm compr., interiormente glabro, externamente tomentoso, lacínias 7-13 × 2-5 mm, triangular-lanceoladas, ápice agudo. Corola branca, pétalas 14-18 × 6-14 mm, base cuneada, com uma mácula amarela, ápice obtuso, com um pequeno múcron. Corona 0,7-1,3 mm compr., bordo superior lacerado. Filetes de 1,1-3,5 mm em flores longistílicas, 4,2-5,3 mm em flores brevistílicas; anteras 2-4 mm compr. Ovário ovoide, 2,2-3,4 × 2,3-2,8 mm; estiletes 3-4 × 0,3-0,7 mm em flores longistílicas, 0,9-2 × 0,2-0,4 mm em flores brevistílicas; estigmas 0,5-1,9 × 0,7-2,4 mm. Cápsulas 3-9 × 3-8 mm, subglobosas, externamente verrucosas e pilosas. Sementes 2-4 × 1-2 mm, curvas, reticuladas, calaza arredondada, exotesta glabra; arilo 1-3 mm compr., laciniado, hialino a pardo-amarelado, envolvendo quase toda a semente.

Material selecionado: RIO GRANDE DO SUL: Alegrete, Arroio Lageado, rod. para São Francisco de Assis, 25.I.1986, fl., J. Mattos 29732 & N. Mattos (HAS). Maçambará, estrada para Serrinha do Iguariaçá, a mais ou menos 500 m da BR-287, km 456, 22.II.2015, fl., S. Bordignon & R. Singer (ICN 181059).

Piriqueta pampeana foi encontrada, até o momento, apenas no oeste do Rio Grande do Sul. Cresce em barrancos, com solos arenosos e argilosos e em beira de estradas, formando pequenas populações. Floresce e frutifica de outubro a fevereiro.

Piriqueta pampeana assemelha-se à P. suborbicularis e à P. taubatensis, mas pode ser distinguida pela presença de um par de nectários discoides localizado na base da lâmina, um par de nectários no pecíolo e pares de pequenos nectários distribuídos ao longo da margem foliar, e pelo ápice agudo das sépalas. Em alguns dos espécimes analisados, foi possível observar a ausência de um nectário correspondente ao par em folhas do mesmo indivíduo. Porém, nesses exemplares, há uma cicatriz na região onde se dá a falta das estruturas, sugerindo algum tipo de dano.

1.4. Piriqueta suborbicularis (A. St.-Hil. & Naudin) Arbo, Candollea 40: 190. 1985. Figs. 4a-g; 6c-d; 16d

Ervas hemicriptófitas, eretas a decumbentes, 5,1-53,6 cm de altura; caule com tricomas tectores porrecto-estrelados e, às vezes, tricomas glandulares clavados e tricomas tectores simples, podendo ser glabro ou glabrescente na sua porção mediano-basal. Folhas cartáceas, concolores, 12-46 × 4-28 mm, suborbiculares, obovadas, elípticas a ovadas, base atenuada a cuneada, ápice agudo, arredondado a obtuso, margem inteira, crenada a crenado-serreada, às vezes duplamente serreada; face adaxial com tricomas porrecto-estrelados, face abaxial com tricomas porrecto-estrelados e, às vezes, tricomas clavados; um par de nectários discoides, localizados na união do pecíolo com a lâmina foliar e nectários dispostos ao longo da lâmina ou na base até a metade da lâmina, orientados lateral ou abaxialmente; presença de coléteres na porção mediano-apical da margem foliar, orientados lateral ou adaxialmente. Estípulas ausentes ou reduzidas, 0,1-0,3 mm compr.; pecíolo 0-11 mm compr. Flores axilares, solitárias, heterostílicas. Pedúnculo 2-11 × 0,2-1,1 mm; bractéolas até 1,87 mm compr.; pedicelo 3-7 × 0,7-1,4 mm. Cálice amarelo, tubo calicino ca. 1,4 mm compr., interiormente glabro, externamente tomentoso, lacínias 10-13 × 2-3 mm, triangular-lanceoladas, ápice mucronado. Corola branca, pétalas 19-24 × 12-14 mm, base cuneada, com uma mácula violácea, às vezes com o bordo superior amarelo, ápice obtuso, às vezes mucronado. Corona 0,8-1,2 mm compr., bordo superior laciniado. Filetes de 2-3,6 mm compr. em flores longistílicas, 5-7 mm compr. em flores brevistílicas; anteras 1-3 mm compr. Ovário ovoide, 1,3-2,1 × 1,2-1,4 mm; estiletes 3,5-7 × 0,4-0,7 mm em flores longistílicas, 1-2 × 0,3-0,7 mm em flores brevistílicas; estigmas 0,9-1,3 × 1-1,4 mm. Cápsulas 3-6 × 3-8 mm, suborbiculares, externamente verrucosas a granulosas, pilosas. Sementes 2-2,7 × 1,1-1,6 mm, retas ou ligeiramente curvas, reticuladas, calaza arredondada, exotesta papilosa; arilo até 3 mm compr., laciniado, hialino a amarelo-opaco, mais longo do que a semente.

Material selecionado: RIO GRANDE DO SUL: Canguçu, km 110, r. Canguçu à esquerda, in campo, 1.III.1979, fr., A. Sehnem (PACA 97161). Encruzilhada do Sul, estrada de chão de Encruzilhada do Sul em direção a Santana da Boa Vista, 30°33’27,4’’S, 52°36’2,3’’W, 416 m, 21.I.2014, fl. e fr., T.N. Cabreira 270 (ICN). Porto Alegre, Mont’Serrat, 1.XI.1941, fl., Emrich 8389 (NY). Uruguaiana, na margem da BR-472, km 530, 29°31’06,4’’S, 56°44’20,4’’W, 19.XII.2013, fl., T.N. Cabreira 253 (ICN).

Piriqueta suborbicularis ocorre no sul do Paraguai, na Argentina (Províncias de Misiones e de Corrientes) e no Brasil (Rio Grande do Sul) (Arbo 1995Arbo MM (1995) Turneraceae. Parte I. Piriqueta. Flora Neotropica 67: 1-156.). É frequentemente encontrada em campos com solos argilosos, arenosos e/ou pedregosos, a 0-450 m de altitude, sendo uma espécie adaptável a ambientes alterados como barrancos em beira de estradas. Floresce e frutifica de outubro a março.

Pode-se verificar que os indivíduos das populações do sudeste e do sudoeste do Rio Grande do Sul podem apresentar o caule e as folhas com uma menor densidade de tricomas, variando de glabrescente até, em poucos espécimes, glabros. Além disso, a cor das nervuras das pétalas é bastante variável, podendo ser violácea, alaranjada, lilás a azulada em indivíduos da mesma população. Ainda, a forma das folhas, de um mesmo indivíduo, consiste em outra característica com frequente variabilidade fenotípica. Piriqueta suborbicularis assemelha-se à P. pampeana e a P. taubatensis, porém, difere destas, principalmente, por apresentar um par de nectários na união do pecíolo com a lâmina foliar.

1.5. Piriqueta taubatensis (Urb.) Arbo, Candollea 40: 190. 1985. Figs. 5a-g; 6e-f; 16e

Ervas hemicriptófitas, eretas a decumbentes, 11,4-90 cm de altura; caule com tricomas tectores porrecto-estrelados e simples, e tricomas glandulares clavados. Folhas cartáceas a coriáceas, discolores em seco, 16-98 × 5-54 mm, suborbiculares, ovadas, elípticas a obovadas, base cuneada, obtusa, às vezes truncada, ápice agudo a obtuso, margem crenada a crenado-serreada, às vezes duplamente serreada; face adaxial com tricomas porrecto-estrelados, face abaxial com tricomas porrecto-estrelados, tricomas clavados, e tricomas estrelados; presença de pequenos nectários discoides, localizados na margem foliar, orientados geralmente lateral ou adaxialmente, às vezes abaxialmente. Estípulas ausentes ou reduzidas 0,1-0,8 mm compr.; pecíolo 1-8 mm compr. Flores axilares, solitárias, heterostílicas. Pedúnculo 4-35 × 0,7-2,1 mm; bractéolas até 5,82 mm compr.; pedicelo 5-14 × 1,1-2,1 mm. Cálice verde-amarelado, tubo calicino ca. 2,1 mm compr., geralmente glabro em seu interior, externamente tomentoso, lacínias 7-13 × 2-4 mm, estreito-ovadas, ápice mucronado. Corola branca, pétalas 12-26 × 7-22 mm, base atenuada, com uma mácula avermelhada, purpúrea, violácea a vinácea, ápice arredondado. Corona 0,5-1,3 mm compr., bordo superior fimbriado, às vezes laciniado. Filetes de 2-5 mm compr. em flores longistílicas, 5-9 mm compr. em flores brevistílicas; anteras 1-3 mm compr. Ovário ovoide a suborbicular, 2,7-4,2 × 2,6-4 mm; estiletes 3-7 × 0,4-0,8 mm em flores longistílicas, 1-2 × 0,3-0,7 mm em flores brevistílicas; estigmas 0,3-1,6 × 0,2-2,3 mm. Cápsulas 4-12 × 4-15 mm, suborbiculares, externamente tuberculados, pilosos. Sementes 2,1-3,1 × 1-1,5 mm, retas ou ligeiramente curvas, reticuladas, calaza ligeiramente convexa, exotesta papilosa; arilo até 3 mm compr., laciniado a lobulado, às vezes unilateral, hialino a amarelo-acastanhado.

Material selecionado: PARANÁ: Campo Mourão, campo cerrado, 3 km ao norte de Campo Mourão, 26.I.1967, fl. e fr., J.C. Lindeman 15919 & J.H. de Haas (CTES). Curitiba, Rio Atuba, campo seco, 23.XI.1970, fl., G. Hatschbach 25625 (CTES, MBM). Guarapuava, rod. BR-277, 3 km O de Guarapuava, campo limpo, seco, 22.I.1998, fl., E. Barbosa et al. 103 (MBM).Ponta Grossa, Fazenda Capão das Almas, barranco à beira da estrada, 10.X.2012, fl., E.D. Lozano 1118 & V. Ariati (MBM). Porto Amazonas, 17.XII.1929, fl., L. Gurgel 26 (RB). Sengés, beira da BR-139, entre Itararé-SP e Sengés-PR, 9.IX.1992, fl. e fr., J.M.D. Torezan 144 (FUEL). RIO GRANDE DO SUL: Bom Jesus, na margem do Rio Pelotas, 28°24’36,25’’S, 50°30’21,48’’W, 20.X.2013, fl., M.G. Facco (ICN 178671). Caçapava do Sul, a 10 km de Caçapava do Sul, na rod. para Bagé, 29.XI.1983, fl., J. Mattos 25605 & N. Silveira (HAS). Esmeralda, Est. Ecol. Aracuri, 7.XI.1982, fl., S.S. Miotto (ICN 64911).Jaguari, estrada de chão em direção a Jari, 29°28’15,5’’S, 54°33’10,2’’W, 168 m, 5.II.2014, fl., T.N. Cabreira 280 (ICN). Nonoai, ad fl. Uruguay, in campestribus graminosis, 00.III.1945, fl., E. Rambo SJ (PACA 28451).Palmeira das Missões, rotatória na saída da cidade, BR-158, km 108, 27°56’02,4’’S, 53°19’26,9’’W, 587 m, 15.I.2014, fl. e fr., T.N. Cabreira 209 (ICN). Santana do Livramento, Estr. Livramento - D. Pedrito, Cerro Palomas, 14.X.1974, fl., S.M. Callegari 173 (HAS). Santo Ângelo, Granja Piratini, 21.I.1969, fl. (ICN 32955). São Lourenço do Sul, estrada de chão, à esquerda da BR-166, km 486, em direção a Capão Grande, 3.XII.2013, fl. e fr., T.N. Cabreira 242 (ICN).Torres, atrás do posto Esso, junto à BR-101, próximo do posto da Polícia Rodoviária, 17.XI.1984, fl. e fr., D.B. Falkenberg 1904 (FLOR). SANTA CATARINA: Campo Belo do Sul, Fazenda Gateados, em borda de mata, 27°59’24’’S, 50°53’42’’O, 875 m, 13.XII.2008, fl. e fr., M. Verdi et al. 934 (FURB). Campo Erê, 17 km west of Campo Erê, dry campo, 900-1.000 m, 7.XII.1964, fl., L. B. Smith 13799 & R. Klein (HBR). Lajes, perto do Espigão, 17.XII.1963, fr., J. Mattos 11417 (HAS).

Piriqueta taubatensis ocorre na Argentina (Províncias de Misiones e de Corrientes), no Paraguai, no Uruguai e no Brasil, desde São Paulo até o Rio Grande do Sul (Arbo 1995Arbo MM (1995) Turneraceae. Parte I. Piriqueta. Flora Neotropica 67: 1-156.). No Rio Grande do Sul, a espécie é amplamente distribuída; nos estados de Santa Catarina e Paraná, a sua ocorrência é mais restrita. É frequentemente encontrada em campos, geralmente com solos argilosos ou arenosos, barrancos em beira de estradas, afloramentos rochosos e ambientes alterados, a 0-1.000 m de altitude. Eventualmente, alguns indivíduos podem ser encontrados à beira de áreas úmidas. Floresce e frutifica de julho a maio.

A espécie possui uma grande variabilidade fenotípica no porte, no tamanho, forma e largura das folhas, no tamanho das flores e na densidade dos tricomas, a qual pode ser visualizada em indivíduos da mesma população ou em um mesmo indivíduo. Outra constatação do presente estudo foi a variação na morfologia floral em indivíduos da espécie, principalmente no grau de separação entre as pétalas e a largura das pétalas, as quais também foram observadas por Anton et al. (2013)Anton KA, Ward JR & Cruzan MB (2013) Pollinatior-mediated selection on floral morphology: evidence for transgressive evolution in a derived hybrid lineage. Journal of Evolutionary Biology 26: 660-673. em Piriqueta cistoides subsp. caroliniana. Piriqueta taubatensis assemelha-se à P. pampeana e à P. suborbicularis, porém difere, principalmente, pela ausência de nectários no pecíolo e na união do pecíolo com a lâmina foliar. Além disso, possui cápsulas com a face externa tuberculada e as sépalas ovadas.

2. Turnera L., Sp. Pl. 1: 271. 1753.

Ervas, subarbustos ou arbustos, perenes; caule com indumento híspido, às vezes viloso ou seríceo-lanoso, com tricomas tectores simples, tricomas glandulares microcapitados, raro tricomas tectores estrelados e tricomas glandulares capitados. Folhas cartáceas, coriáceas ou papiráceas, discolores ou concolores, geralmente com nectários; lâmina inteira, pinatífida ou pinatissecta, margem serreada, duplamente serreada, crenada a ondulada; estípulas ausentes ou reduzidas a proeminências subuladas, cônicas, lineares ou triangulares, com ou sem a presença de coléteres; pecíolo desenvolvido, raro ausente. Inflorescências cimosas axilares frequentemente reduzidas a uma única flor ou em racemos capituliformes terminais. Pedúnculo floral geralmente desenvolvido, adnato ao pecíolo ou raramente livre, com a presença de bractéolas. Flores actinomorfas, geralmente heterostílicas, às vezes homostílicas; pedicelo geralmente ausente, às vezes desenvolvido, articulado ao pedúnculo. Cálice tubular ou campanulado; sépalas lanceoladas, triangulares, ovadas ou elípticas. Corola amarela, rosa, salmão, alaranjada ou branca; pétalas com uma unha pilosa na porção apical e geralmente com uma mácula na base. Corona ausente. Estames com filetes glabros, vilosos ou pilosos, livres entre si, base soldada ao tubo do cálice ou com as margens adnatas às unhas das pétalas formando sacos nectaríferos; anteras ovadas ou elípticas, base emarginada a cordada, ápice ligeiramente recurvado ou obtuso, às vezes apiculado. Ovário tomentoso a hirsuto, estiletes livres entre si, estigmas geralmente penicilados. Cápsulas ovoides, globosas a subesféricas, externamente granulosas, verrucosas ou lisas, às vezes tuberculadas. Sementes obovadas ou claviformes, curvas ou retas, reticuladas, às vezes cristadas, calaza proeminente, exotesta reta ou papilosa; arilo com bordo laciniado, lobulado ou lacerado, às vezes unilateral, envolvendo parcial ou totalmente a semente.

Turnera engloba 144 espécies distribuídas desde o sul dos Estados Unidos até a Argentina, além de duas espécies com ocorrência na África, sendo o gênero com maior representatividade de espécies da família (Arbo 2013Arbo MM (2013) Turneraceae. In: Prata AP, Amaral MC, Farias MC & Alves MV (eds.) Flora de Sergipe 1: 533-549.; Rocha & Rapini 2016Rocha L & Rapini A (2016) Flora da Bahia: Turneraceae. Sitientibus série Ciências Biológicas 15: 1-72.; Rocha et al. 2018Rocha L, Arbo MM & Ribeiro PL (2018) Turnera spicata: a new species of Turneraceae (Passifloraceae s.l.) from the Brazilian Atlantic Forest. Phytotaxa 343: 167-174.). Urban (1883a)Urban I (1883a) Monographie des familie Turneraceen. Jahrbuch des Köeniglichen Botanischen Gartens und des Botanischen Museums zu Berlin 2: 1-152. propôs nove séries para o gênero (Annulares Urb., Anomalae Urb., Capitatae Urb., Leiocarpae Urb., Microphyllae Urb., Papilliferae Urb., Salicifoliae Urb., Stenodictyae Urb. e Turnera Urb.) e, mais recentemente, outras duas séries (Conciliatae Arbo e Sessilifoliae Arbo) foram reconhecidas por Arbo (2008a)Arbo MM (2008a) Estudios sistemáticos en Turnera (Turneraceae). IV. Series Leiocarpae, Conciliatae y Sessilifoliae. Bonplandia 17: 107-334.. Turnera é monofilético, tendo sido verificados 4 clados: clado I, irmão dos demais clados, inclui as espécies das séries Capitatae, Annulares, Stenodictyae e Salicifoliae; clado II, formado por algumas espécies das séries Papilliferae e Microphyllae; clado III, representado por todas as espécies da série Leiocarpae e algumas espécies da série Sessilifoliae; e clado IV, o qual contém dois grupos: o primeiro inclui uma espécie da série Conciliatae e duas espécies da série Microphyllae e, o outro, todas as espécies das séries Turnera e Anomalae (Arbo & Espert 2009Arbo MM (2009) Turneraceae.In: Cavalcanti TB & Batista MF (orgs.) Flora do Distrito Federal, Brasil. Vol. 7. Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Brasília. Pp. 285-312.; Thulin et al. 2012Thulin M, Razafimandimbison SG, Chafe P, Heidari N, Kool A & Shore JS (2012) Phylogeny of the Turneraceae clade (Passifloraceae s.l.): Trans-Atlantic disjunctions and two new genera in Africa. Taxon 61: 308-323.; Arbo et al. 2015Arbo MM, González AM & Sede SM (2015) Phylogenetic relationships within Turneraceae based on morphological characters with emphasis on seed micromorphology. Plant Systematics and Evolution 301: 1907-1926.). O gênero é caracterizado, principalmente, pela ausência de corona, bractéolas desenvolvidas, frutos lisos, verrucosos, granulosos ou tuberculados (Arbo 2013Arbo MM (2013) Turneraceae. In: Prata AP, Amaral MC, Farias MC & Alves MV (eds.) Flora de Sergipe 1: 533-549.; Arbo et al. 2015Arbo MM, González AM & Sede SM (2015) Phylogenetic relationships within Turneraceae based on morphological characters with emphasis on seed micromorphology. Plant Systematics and Evolution 301: 1907-1926.). As espécies ocorrem, preferencialmente, em ambientes abertos, no cerrado, caatinga, restinga, campo, campo de altitude, campo rupestre, mata de galeria e mata subperenifolia, sendo também encontradas em áreas antropizadas (Arbo 2009Arbo MM & Espert SM (2009) Morphology, phylogeny and biogeography of Turnera L. (Turneraceae). Taxon 58: 457-467., 2013Arbo MM (2013) Turneraceae. In: Prata AP, Amaral MC, Farias MC & Alves MV (eds.) Flora de Sergipe 1: 533-549.; Rocha et al. 2012Rocha LNG, Melo JIM & Camacho RGV (2012) Flora do Rio Grande do Norte, Brasil: Turneraceae Kunth ex DC. Rodriguésia 63: 1085-1099.). Para o Brasil, são citadas 121 espécies, das quais 85 são endêmicas, e se distribuem amplamente em todos os estados, tendo como centro de diversidade a Cadeia do Espinhaço, localizada na Bahia e em Minas Gerais (Arbo & Mazza 2011Arbo MM & Mazza SM (2011) The major diversity centre for neotropical Turneraceae. Systematics and Biodiversity 9: 203-210.; Rocha & Rapini 2016Rocha L & Rapini A (2016) Flora da Bahia: Turneraceae. Sitientibus série Ciências Biológicas 15: 1-72.; BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527; Rocha et al. 2018Rocha L, Arbo MM & Ribeiro PL (2018) Turnera spicata: a new species of Turneraceae (Passifloraceae s.l.) from the Brazilian Atlantic Forest. Phytotaxa 343: 167-174.). O gênero está representado por 12 táxons na Região Sul do Brasil, pertencentes às séries Capitatae, Leiocarpae, Salicifoliae e Turnera.

Chave de identificação dos táxons específicos e infraespecíficos de Turnera ocorrentes na Região Sul do Brasil

  • 1. Folhas com nectários na união do pecíolo com a lâmina, na base e/ou na margem da lâmina, ou, ainda, dentes glandulosos na margem da lâmina.

    • 2. Inflorescência em racemos capituliformes terminais; pétalas com uma lígula membranácea, laciniada, localizada no ápice da unha..................................................................................................................... 2.1. Turnera capitata

    • 2’. Flores isoladas, raramente inflorescência em dicásio ou cincino laxo, às vezes reduzidos a uma única flor; pétalas sem lígula.

      • 3..... Plantas herbáceas; frutos lisos.

        • 4...... Ervas com 3,2-11,2 cm de altura; folhas papiráceas, opacas, lâmina com aspecto arenáceo 2.2. Turnera hilaireana

        • 4’.... Ervas com 13,2-40,5 cm de altura; folhas coriáceas, lustrosas, lâmina com a superfície lisa e com a presença de pontos claros................................................... 2.3. Turnera oblongifolia var. oblongifolia

      • 3’.... Plantas arbustivas ou subarbustivas; frutos granulosos.

        • 5...... Folhas com um par de nectários na união do pecíolo com a lâmina; flores isoladas com sacos nectaríferos no tubo floral.

          • 6..... Flores homostílicas; ausência de mácula na base da pétala......................................... 2.4. Turnera orientalis

          • 6’.... Flores heterostílicas; presença de mácula purpúrea na base da pétala...................... 2.7. Turnera subulata

        • 5’.... Folhas sem nectários na união do pecíolo com a lâmina; inflorescências em dicásios ou cincinos laxos; flores sem sacos nectaríferos no tubo floral............................................................................................... 2.5. Turnera serrata var. brevifolia

  • 1’. Folhas sem nectários.

    • 7. Plantas herbáceas, pétalas com mácula purpúrea na base; ovário densamente coberto de tricomas tectores simples; frutos tuberculados, raramente verrucosos, pilosos; sementes com cristas (excrescências) 2.6. Turnera sidoides

    • 7’. Plantas subarbustivas ou arbustivas, pétalas sem mácula na base; ovário glabro a glabrescente, com um tufo de tricomas tectores simples na base dos estiletes; frutos verrucosos, glabros; sementes reticuladas 2.8. Turnera weddelliana

2.1. Turnera capitata Cambess., Fl. bras. Merid. 2: 215. 1830. Figs. 7a-g; 16f

Figura 7
a-g. Turnera capitata - a. hábito; b. detalhe da face externa da sépala; c. detalhe da flor longistílica, mostrando as faces internas das sépalas e pétalas, e estames; d. gineceu; e. fruto, mostrando a face externa, bráctea e bractéolas; f. semente com arilo; g. detalhe da folha, mostrando o indumento. (a. T. Sendulsky 824, SPSF; b,c,d. A.M.G.A. Tozzi et al. 292, UEC; e,f. G. Hatschbach 45579 & R. Kummrow MBM; g. A. Krapovickas 33396 & C.L. Cristóbal MBM). Ilustrações de Anelise Scherer.
Figure 7
a-g. Turnera capitata - a. habit; b. sepal, showing outer surface detail; c. long-styled flower detail, with the inner sepals, petals and stamens; d. gynoecium; e. fruit, showing the outer surfaces, bract and bracteoles; f. seed with aril; g. leaf detail, showing the indumentum. (a. T. Sendulsky 824, SPSF; b,c,d. A.M.G.A. Tozzi et al. 292, UEC; e,f. G. Hatschbach 45579 & R. Kummrow MBM; g. A. Krapovickas 33396 & C.L. Cristóbal MBM). Drawings by Anelise Scherer.

Arbustos ou subarbustos, 0,5-1 m de altura; caule com tricomas tectores simples. Folhas cartáceas, levemente discolores, 7,3-84,8 × 2,5-25,7 mm, estreito-ovadas a elípticas, base obtusa, ápice agudo ou acuminado, às vezes obtuso, margem serreada a duplamente serreada, pilosa, com 2-6 pares de nectários; tricomas tectores simples em ambas as faces. Estípulas 0,3-1 mm compr.; pecíolo 1,3-6,1 mm compr. Inflorescência em racemos capituliformes terminais; flores heterostílicas subtendidas por brácteas lanceoladas a lineares. Pedúnculo 1,6-5,4 × 1,1-2 mm; bractéolas 3-8,7 mm compr. Cálice amarelo a amarelo-esverdeado, tubo calicino 1,2-1,7 mm compr., internamente viloso, glabro na base das lacínias, externamente piloso, lacínias 2,3-4,8 × 0,8-1,5 mm, triangulares, ápice mucronado. Corola branca, pétalas 4-7,3 × 0,7-1,8 mm, base atenuada a cuneada, amarela, com uma lígula membranácea, laciniada, localizada no ápice da unha da pétala, vilosa, ápice obtuso, às vezes apiculado. Filetes de 1,2-3 mm compr. em flores longistílicas; anteras 0,2-1 mm compr. Ovário ovoide, 1,5-2,9 × 0,7-2 mm; estiletes 2,2-3,9 × 0,1-0,3 mm em flores longistílicas; estigmas 0,5-0,6 × 0,2-0,8 mm. Cápsulas 3,1-5,5 × 3-5,5 mm, ovoides, com um apêndice corniforme no ápice, externamente verrucosas, pilosas, castanho-escuras a marrom-avermelhadas. Sementes 1,5-2,2 × 0,9-1,3 mm, obovadas, ligeiramente curvas a retas, reticuladas, calaza côncava, exotesta reta; arilo 1,2-2 mm compr., lobulado, hialino a amarelo-acastanhado, envolvendo parcial ou totalmente a semente.

Material selecionado: SANTA CATARINA: Palhoça, Pilões, mata, na rocha, 350 m, 23.II.1956, fl. e fr., Reitz 2845 & Klein (HBR).

A espécie é endêmica do Brasil, e ocorre nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina, segundo BFG (2018)BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527. A espécie é encontrada em mata ciliar e em cerrado, às vezes em campos, geralmente em terreno pedregoso e úmido, com a altitude variando de 50 a 1.500 m. Ocorre, também, em áreas perturbadas, como bordas de estradas ou áreas degradadas. Segundo Arbo (2000)Arbo MM (2000) Estudios sistemáticos en Turnera (Turneraceae). II. Series Annulares, Capitatae, Microphyllae y Papilliferae. Bonplandia 10: 1-82., os indivíduos de T. capitata não formam populações, ocorrendo de forma isolada. Floresce e frutifica nos meses de setembro a fevereiro.

Turnera capitata está inserida na Série Capitatae, de acordo com Urban (1883a)Urban I (1883a) Monographie des familie Turneraceen. Jahrbuch des Köeniglichen Botanischen Gartens und des Botanischen Museums zu Berlin 2: 1-152. e Arbo (2000)Arbo MM (2000) Estudios sistemáticos en Turnera (Turneraceae). II. Series Annulares, Capitatae, Microphyllae y Papilliferae. Bonplandia 10: 1-82.. A espécie pode ser distinguida dos demais táxons ocorrentes no sul do Brasil, principalmente, pelas flores dispostas em racemos capituliformes, por apresentar uma lígula membranácea localizada no ápice da unha das pétalas e pelos 2-6 pares de nectários na margem foliar.

2.2. Turnera hilaireana Urb., Jahrb. Königl. Bot. Gart. Berlin. 2: 108. 1883. Fig. 8a-g

Figura 8
a-g. Turnera hilaireana - a. hábito; b. detalhe da face externa das sépalas; c. detalhe da flor longistílica, mostrando as faces internas das sépalas e pétalas, e estames; d. gineceu; e. fruto, mostrando a superfície externa; f. semente com arilo; g. detalhe da folha, mostrando o indumento e um par de nectários na junção do pecíolo com a lâmina foliar. (a. Mello Barreto 8185, BHCB; b,c,d,g. N.F.O. Mota et al. 964, BHCB; e,f. Mello Barreto 10982, BHCB). Ilustrações de Anelise Scherer.
Figure 8
a-g. Turnera hilaireana - a. habit; b. sepals, showing outer surface detail; c. flower detail, with the inner sepals and petals, and stamens; d. gynoecium; e. fruit, showing the outer surface; f. seed with aril; g. leaf detail, showing the indumentum and a pair of nectaries in the junction of the petiole with the leaf lamina. (a. Mello Barreto 8185, BHCB; b,c,d,g. N.F.O. Mota et al. 964, BHCB; e,f. Mello Barreto 10982, BHCB). Drawings by Anelise Scherer.

Ervas eretas, 3,2-11,2 cm de altura; caule com tricomas tectores simples, às vezes tricomas glandulares microcapitados. Folhas papiráceas, concolores, geralmente opacas, 5-16,8 × 2,4-11,6 mm, elípticas, obovadas a ovadas, base atenuada a truncada, ápice agudo a obtuso, margem inteira a serreada, pilosa; face adaxial com tricomas tectores simples, às vezes com tricomas glandulares microcapitados, face abaxial com aspecto arenáceo, tricomas tectores simples e tricomas glandulares microcapitados; um par de nectários circulares, às vezes, um par mais um nectário, bordo piloso, localizados na união do pecíolo com a lâmina foliar ou na base da lâmina foliar. Estípulas rudimentares, 0,1-0,3 mm compr., com coléteres; pecíolo 1,1-2,5 mm compr.. Flores epífilas, isoladas, heterostílicas. Pedúnculo 1-3,2 × 0,8-1 mm; bractéolas 2,3-3,9 mm compr., situadas na base do receptáculo floral, margem serreada, pilosa, com dentes de aspecto glanduloso. Cálice amarelo a amarelo-esverdeado, tubo calicino 1,3-1,9 mm compr., internamente viloso na porção superior, externamente piloso, lacínias 4,3-5,8 × 1,4-1,6 mm, estreito-ovadas a lanceoladas, ápice mucronado. Corola amarela, pétalas 9-10 × 5,1-5,4 mm, obovadas, base atenuada, às vezes pilosa, ápice truncado. Filetes de 2,7-3,5 mm compr. em flores longistílicas; anteras 1-1,2 mm compr.. Ovário cônico, 0,8-1,1 × 1-1,3 mm; estiletes 2,3-2,8 × 0,1-0,2 mm em flores longistílicas; estigmas 0,9-1,3 × 0,6-1,2 mm. Cápsulas 1,1-3,6 × 1,6-4,6 mm, subesféricos, externamente lisas, pilosas. Sementes 1,4-2,1 × 0,8-1 mm, obovadas, ligeiramente curvas, reticuladas, calaza apical, exotesta côncava; arilo 0,9-1,5 mm compr., unilateral, laciniado a lobulado, hialino a amarelo-acastanhado.

Material selecionado: MINAS GERAIS: Conselheiro Lafayette, local Casa de Pedra - Congonhas, 21.IX.1936, fl. e fr., Mello Barreto 8185 (BHCB). Itamonte, Parque Estadual do Papagaio, bairro rural Colina, 22°17’51’’S, 44°45’27’’W, 2.152 m, 7.XI.2007, fl., N.F.O. Mota 964 (BHCB). Poços de Caldas, Country Club, 2.XI.1940, fl. e fr., Mello Barreto 10982 (BHCB). SÃO PAULO: Campos do Jordão, Parque Estadual do Instituto Florestal, trilha do Rio Sapucaí em campo queimado, 20.X.1987, fl., M.J. Robim 495 (ICN).

De acordo com BFG (2018)BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527, Turnera hilaireana é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados de Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, São Paulo e Paraná. No Paraná, há o registro da espécie para o Parque Estadual de Vila Velha, o qual está localizado no município de Ponta Grossa, em 1971, através do exemplar coletado por Occhioni (RFA 11370). No entanto, não foi possível localizar a exsicata. A espécie é encontrada em campos, cerrado e campo rupestre com solos lateríticos, argilosos ou arenoso-pedregosos, além de áreas periodicamente inundadas, entre 600 a 1.300 m de altitude (Arbo 2008a)Arbo MM (2008a) Estudios sistemáticos en Turnera (Turneraceae). IV. Series Leiocarpae, Conciliatae y Sessilifoliae. Bonplandia 17: 107-334.. Floresce e frutifica em novembro.

Turnera hilaireana pertence à Série Leiocarpae, de acordo com Urban (1883a)Urban I (1883a) Monographie des familie Turneraceen. Jahrbuch des Köeniglichen Botanischen Gartens und des Botanischen Museums zu Berlin 2: 1-152. e Arbo (2000)Arbo MM (2000) Estudios sistemáticos en Turnera (Turneraceae). II. Series Annulares, Capitatae, Microphyllae y Papilliferae. Bonplandia 10: 1-82.. A espécie pode ser distinguida, principalmente, pela presença de folhas opacas, com a lâmina com aspecto arenáceo.

2.3. Turnera oblongifolia Cambess. var. oblongifolia, Fl. bras. Merid. 2: 215. 1830. Figs. 9a-g; 15b; 17a

Figura 9
a-g. Turnera oblongifolia var. oblongifolia - a. hábito; b. bráctea mostrando o par de nectários, uma bractéola e o cálice; c. detalhe da flor brevistílica, mostrando as faces internas das sépalas e pétalas, e estames; d. gineceu; e. fruto, mostrando a superfície externa pilosa; f. semente com arilo; g. detalhe da folha, mostrando o indumento e o par de nectários cupuliformes na junção do pecíolo com a lâmina foliar. (a,b,c,d. T.N. Cabreira 288, ICN; e,f. V.C. Souza et al. 22443, ICN; g. G. Hatschbach 13993 & H. Haas MBM). Ilustrações de Anelise Scherer.
Figure 9
a-g. Turnera oblongifolia var. oblongifolia - a. habit; b. bract showing the pair of nectaries, a bracteole and calyx; c. short-styled flower detail, with the inner sepals, petals and stamens; d. gynoecium; e. fruit, showing the outer pilose surface; f. seed with aril; g. leaf detail, showing the indumentum and one pair of cup-like nectaries in the junction of the petiole with the leaf lamina. (a,b,c,d. T.N. Cabreira 288, ICN; e,f. V.C. Souza et al. 22443, ICN; g. G. Hatschbach 13993 & H. Haas MBM). Drawings by Anelise Scherer.

Ervas eretas, 13,2-40,5 cm de altura; caule com tricomas tectores simples. Folhas coriáceas, concolores, lustrosas, superfície lisa e com a presença de pontos claros, 5,6-35,3 × 1,8-20,4 mm, elípticas, ovadas a lanceoladas, raramente orbiculares, base atenuada, cuneada a truncada, ápice agudo, às vezes acuminado ou obtuso, margem ondulada, inteira a serreada, pilosa; faces adaxial e abaxial com tricomas tectores simples e tricomas glandulares microcapitados; um par, às vezes dois, nectários cupuliformes, bordo piloso, localizados na união do pecíolo com a lâmina foliar. Estípulas nulas ou rudimentares, 0,1-0,3 mm compr., com coléteres; pecíolo 0-1,5 mm compr. Flores epífilas, isoladas, dispostas ao longo do caule ou agrupadas no ápice dos ramos, subtendidas por brácteas, heterostílicas. Pedúnculo 1,8-5 × 0,8-1 mm; bractéolas 1,3-6,5 mm compr., às vezes com um par de nectários. Cálice amarelo, tubo calicino 2,3-2,5 mm compr., interiormente viloso ou pubérulo na base das sépalas, externamente piloso, lacínias 5,1-7,3 × 0,9-2 mm, elípticas a lanceoladas, ápice mucronado. Corola amarela, pétalas 8-11 × 3,5-3,9 mm, base cuneada a arredondada, às vezes pilosa, ápice obtuso. Filetes de 3,8-4,2 mm compr. em flores longistílicas, 5,8-6,1 mm compr. em flores brevistílicas; anteras 1-1,6 mm compr. Ovário cônico, 1,8-2 × 1,2-1,4 mm; estiletes 3,7-4,4 × 0,2 mm em flores longistílicas, 1,6-2,6 × 0,2-0,3 mm em flores brevistílicas; estigmas 1,1-1,7 × 0,4-0,6 mm. Cápsulas 1,4-4,5 × 2-6,9 mm, ovoides, ápice umbonado, externamente lisas, lustrosas, pilosas. Sementes 1,6-1,8 × 0,9-1,2 mm, obovadas, ligeiramente curvas, reticuladas, calaza apical, exotesta côncava; arilo 1,2-1,3 mm compr., laciniado a lobulado, unilateral, hialino a amarelo-acastanhado.

Material selecionado: PARANÁ: Jaguariaíva, Barra Rio das Mortes, 810 m, 5.XII.1964, fl., G. Hatschbach 11995 (MBM). Tibagí, estrada de chão da Fazenda Casa Sebastião, 24°35’39,8’’S, 50°14’27,1’’W, 1.109 m, 20.II.2014, fl. e fr., T.N. Cabreira 288 (ICN).

Ocorre nos estados da Bahia, Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Santa Catarina, segundo BFG (2018)BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527. Porém, a exsicata citada por Arbo (2008a)Arbo MM (2008a) Estudios sistemáticos en Turnera (Turneraceae). IV. Series Leiocarpae, Conciliatae y Sessilifoliae. Bonplandia 17: 107-334. para o estado de Santa Catarina (Weir 333), possivelmente não corresponda a este estado, mas, sim, ao estado de São Paulo, visto que, nos materiais-testemunho, a localidade refere-se a “Cachambu, Prov. S. Paulo” no exemplar depositado no herbário BM, e à “Prov. S. Paulo and Rio” no exemplar do herbário K. Portanto, no presente trabalho, a ocorrência de T. oblongifolia var. oblongifolia em Santa Catarina não é considerada. O táxon é encontrado em campo e cerrado, com solo arenoso ou pedregoso, em barrancos e afloramentos rochosos, com a altitude variando de 500 a 1.600 m. Floresce e frutifica nos meses de dezembro a março.

Este estudo segue a classificação proposta por Arbo (2008a)Arbo MM (2008a) Estudios sistemáticos en Turnera (Turneraceae). IV. Series Leiocarpae, Conciliatae y Sessilifoliae. Bonplandia 17: 107-334., a qual reconheceu duas variedades para a espécie: a variedade típica e Turnera oblongifolia var. goyazensis (Urb.) Arbo, as quais pertencem à Série Leiocarpae. Apenas T. oblongifolia var. oblongifolia é citada para a Região Sul do Brasil, sendo diferenciada da outra variedade pelo indumento menos denso e por apresentar apenas uma camada com tricomas simples, curtos, adpressos a muito longos. Com relação aos demais táxons ocorrentes no sul do Brasil, T. oblongifolia var. oblongifolia pode ser distinguida, principalmente, pelas folhas coriáceas, lustrosas, e pelos frutos lisos.

2.4. Turnera orientalis (Urb.) Arbo, Candollea 40: 177. 1985. Figs. 10a-g; 17b

Figura 10
a-g. Turnera orientalis - a. hábito; b. detalhe da face externa das sépalas; c, detalhe da flor, mostrando as faces internas das sépalas; d. gineceu; e. fruto, mostrando as faces externa e interna e bractéolas; f. semente com arilo; g. detalhe da folha, mostrando o indumento na face abaxial. (a. L. Capellari Jr. & J.A. Zandoval ESA 5801; b,c,d. J.M. Silva 1634 & O.S. Ribas MBM; e. G. Hatschbach 3802, MBM; f. G. Hatschbach 40576, MBM; g. G. Hatschbach 9431, MBM). Ilustrações de Anelise Scherer.
Figure 10
a-g. Turnera orientalis - a. habit; b. sepals, showing outer surface detail; c. flower detail, with the inner sepals; d. gynoecium; e. fruit, showing the outer and inner surfaces and bracteoles; f. seed with aril; g. leaf detail, showing the indumentum in the abaxial face. (a. L. Capellari Jr. & J.A. Zandoval ESA 5801; b,c,d. J.M. Silva 1634 & O.S. Ribas MBM; e. G. Hatschbach 3802, MBM; f. G. Hatschbach 40576, MBM; g. G. Hatschbach 9431, MBM). Drawings by Anelise Scherer.

Arbustos eretos, 0,3-1,5 m de altura; caule com tricomas tectores simples. Folhas papiráceas, discolores, 5,6-73,8 × 3,3-32,2 mm, lanceoladas, elípticas a obovadas, base cuneada a atenuada, ápice agudo, às vezes arredondado, margem inteira na base da lâmina, crenada, serreada a duplamente serreada ou crenada na porção apical; faces adaxial e abaxial com tricomas tectores simples; um par de nectários discoides, bordo piloso, localizados na união do pecíolo com a lâmina foliar. Estípulas 0,1-0,7 mm compr.; pecíolo 1,1-14,3 mm compr. Flores epífilas, isoladas, homostílicas. Pedúnculo 1,4-8,2 × 0,9-1 mm; bractéolas 4,6-13,6 mm compr., com 1-3 pares de coléteres na base. Cálice esbranquiçado a amarelo, tubo calicino 3,4-4,5 mm compr., internamente viloso na base, externamente piloso; lacínias 8,9-9,9 × 2-2,7 mm, lanceoladas, ápice mucronado. Corola amarela, pétalas 11,6-17,4 × 7,6-8,2 mm, com uma unha pilosa, base cuneada a atenuada, ápice arredondado ou apiculado. Filetes de 6,4-7,7 mm compr., com as margens adnatas às unhas das pétalas formando sacos nectaríferos; anteras 2,9-3,4 mm compr. Ovário ovoide ou cônico, 1,9-2,1 × 1,7-1,8 mm; estiletes 8,3-9,3 × 0,2-0,3 mm; estigmas 1,5-2,1 × 1,7-1,9 mm. Cápsulas 3,8-10 × 4-12,7 mm, globosas a ovoides, ápice agudo, externamente granulosas, pilosas. Sementes 1,9-2,5 × 0,8-1,1 mm, claviformes, ligeiramente curvas, reticuladas, calaza arredondada, exotesta reta; arilo 1,2-2,3 mm compr., laciniado, unilateral, hialino a amarelo-acastanhado, envolvendo parcialmente a semente.

Material selecionado: PARANÁ: Foz do Iguaçu, nas imediações da cidade, 20.I.1974, fl. e fr., A. Schinini 8168 (MBM). Laranjeiras do Sul, BR-277, poucos km a oeste de Laranjeiras do Sul, 6.II.1994, fl. e fr., T.M. Pedersen 15961 (MBM). Maringá, Parque Florestal dos Pioneiros, 18.I.2004, fl., H.M. Taura 116 (MBM). Morretes, América de Cima, 12.II.1985, fl. e fr., G. Hatschbach 48897 & J.F. Zelma (CTES, MBM). São Pedro do Paraná, Porto de Areia Presalino Semprebom, área de regeneração natural próximo ao PRASA, 248 m, 22°42’43’’S, 53°10’12’’W, 2.XI.2011, fl. e fr., C.E.B. Fernandes et al. 110 (ICN).

Ocorre no Brasil oriental (desde Tocantins até Paraná), além da Bolívia, Paraguai oriental e nordeste argentino (Arbo 2009Arbo MM & Espert SM (2009) Morphology, phylogeny and biogeography of Turnera L. (Turneraceae). Taxon 58: 457-467.; BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527). O táxon ocorre em campos, margens de rios, e frequentemente em áreas alteradas, como beira das estradas, com a altitude entre 0 a 500 m. Cresce em solos arenosos, úmidos, às vezes entre pedras. Floresce e frutifica nos meses de setembro a julho.

Turnera orientalis está inserida na Série Turnera, segundo Arbo (2008a)Arbo MM (2008a) Estudios sistemáticos en Turnera (Turneraceae). IV. Series Leiocarpae, Conciliatae y Sessilifoliae. Bonplandia 17: 107-334.. A espécie pode ser distinguida dos demais táxons ocorrentes no sul do Brasil, principalmente, pela presença de flores homostílicas.

2.5. Turnera serrata Vell. var. brevifolia Urb., Bot. Jahrb. Syst. 25, Beibl. 60: 3. 1898. Figs. 11a-f; 15a; 17c

Figura 11
a-f. Turnera serrata var. brevifolia - a. hábito; b. detalhe da face externa das sépalas; c. detalhe da flor longistílica, mostrando as faces internas das sépalas e pétalas, e estames; d. gineceu; e. fruto, mostrando as faces externa e interna; f. semente com arilo. (a. G. Hatschbach 43403, MBM; b,c,d. T.N. Cabreira 286, ICN; e,f. G. Hatschbach 51907 & J.M. Silva CTES). Ilustrações de Anelise Scherer.
Figure 11
a-f. Turnera serrata var. brevifolia - a. habit; b. sepals, showing outer surface detail; c. long-styled flower detail, with the inner sepals, petals and stamens; d. gynoecium; e. fruit, showing the outer and inner surfaces; f. seed with aril. (a. G. Hatschbach 43403, MBM; b,c,d. T.N. Cabreira 286, ICN; e,f. G. Hatschbach 51907 & J.M. Silva, CTES). Drawings by Anelise Scherer.

Subarbustos eretos a ascendentes, 21,5-80 cm de altura; caule com tricomas tectores simples. Folhas cartáceas, 9,4-64,9 × 3,3-19,5 mm, oblanceoladas, lanceoladas a obovadas, base atenuada, às vezes cuneada, ápice atenuado, agudo a acuminado, margem duplamente serreada a serreada; tricomas tectores simples em ambas as faces. Estípulas 1-3 de cada lado ou ausentes, 0,2-0,5 mm compr.; pecíolo 0,8-3,7 mm compr. Inflorescências em dicásios ou cincinos laxos; flores heterostílicas. Pedúnculo 4,2-11,7 × 0,5-0,8 mm; bractéolas 0,7-3,6 mm compr. Cálice amarelo, tubo calicino 0,9-1 mm compr., internamente glabro, externamente pubescente, lacínias 3,4-8,5 × 1,3-3,4 mm, lanceoladas, ápice apiculado. Corola amarela, pétalas 8,3-11,9 × 2,4-6,9 mm, base atenuada, ápice mucronado. Filetes de 1,8-2 mm compr. em flores longistílicas, 1,8-5,2 mm compr. em flores brevistílicas; anteras 0,4-1,5 mm compr. Ovário ovoide, 1,4-2,1 × 0,7-1,2 mm; estiletes 2,3-2,5 × 0,2-0,3 mm em flores longistílicas, 1,3-2,9 × 0,2-0,4 mm em flores brevistílicas; estigmas 0,8-1,2 × 0,5-1,3 mm. Cápsulas 2-9,2 × 1,6-8,6 mm, ovoides, ápice agudo, externamente granulosas, glabras ou glabrescentes. Sementes 2,3-3,2 × 1-1,6 mm, obovadas, ligeiramente curvas, reticuladas, calaza côncava, exotesta papilosa; arilo 1,6-2,6 mm compr., inteiro ou lobulado, amarelo-dourado a esbranquiçado, envolvendo parcial ou totalmente a semente.

Material selecionado: PARANÁ: Jaguariaíva, PR-151, km 198, 862 m, 24°11’37,7’’S, 49°37’03,6’’W, 19.II.2014, fl. e fr., T.N. Cabreira 286 (ICN). Sengés, Fda. Morungava, Rio do Funil, 15.XII.1958, fl. e fr., G. Hatschbach 5374 et R.B. Lange (MBM).

O táxon é endêmico do Brasil e a sua distribuição se dá nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527). Turnera serrata var. brevifolia é rupícola, crescendo, portanto, em rochedos e afloramentos rochosos. Além disso, o táxon pode ocorrer em beira de estradas ou em orlas de matas. Floresce e frutifica nos meses de setembro a fevereiro.

Este trabalho segue a classificação proposta por Arbo (1997)Arbo MM (1997) Estudios sistemáticos en Turnera (Turneraceae). I. Series Salicifoliae y Stenodictyae. Bonplandia 9: 151-208., na qual a espécie Turnera serrata Vell. é composta por três variedades, sendo elas: T. serrata var. brevifolia Urb., T. serrata var. latifolia Urb. e T. serrata var. serrata. T. serrata var. brevifolia caracteriza-se pelo hábito subarbustivo e pela lâmina foliar com a face abaxial pilosa, e está inserida na Série Salicifoliae, segundo Urban (1883a)Urban I (1883a) Monographie des familie Turneraceen. Jahrbuch des Köeniglichen Botanischen Gartens und des Botanischen Museums zu Berlin 2: 1-152. e Arbo (1997)Arbo MM (1997) Estudios sistemáticos en Turnera (Turneraceae). I. Series Salicifoliae y Stenodictyae. Bonplandia 9: 151-208.. O táxon pode ser distinguido dos demais ocorrentes no sul do Brasil, principalmente, pelas flores dispostas em inflorescências dos tipos dicásio ou cincino laxo.

2.6. Turnera sidoides L., Mant. Pl. 58. 1767. Figs. 12a-h; 17d

Figura 12
a-b. Turnera sidoides subsp. carnea - a. hábito; b. detalhe do indumento na face abaxial da folha; c-d. T. sidoides subsp. pinnatifida - c. hábito; d. detalhe do indumento na face abaxial da folha; e. T. sidoides subsp. holosericea - detalhe do indumento na face abaxial da folha; f. T. sidoides subsp. integrifolia - detalhe do indumento na face abaxial da folha; g-h. T. sidoides subsp. sidoides - g. hábito; h. detalhe do indumento na face abaxial da folha. (a. A. Schinini 7756, CTES; b. A. Schinini et al. 23481, MBM; c. V. Solís Neffa et al. 898, SI; d. V. Solís Neffa 1382, MBM; e. O. Bueno 3192, HAS; f. O. Bueno 3253, HAS; g. V. Solís Neffa 2147 & P.R. Speranza MBM; h. V. Solís Neffa 2145 & P.R. Speranza, CTES). Ilustrações de Anelise Scherer.
Figure 12
a-b. Turnera sidoides subsp. carnea - a. habit; b. leaf detail, showing the indumentum in the abaxial face; c-d. T. sidoides subsp. pinnatifida - c. habit; d. leaf detail, showing the indumentum in the abaxial face; e. T. sidoides subsp. holosericea - leaf detail, showing the indumentum in the abaxial face; f. T. sidoides subsp. integrifolia - leaf detail, showing the indumentum in the abaxial face; g-h. T. sidoides subsp. sidoides - g. habit; h. leaf detail, showing the indumentum in the abaxial face. (a. A. Schinini 7756, CTES; b. A. Schinini et al. 23481, MBM; c. V. Solís Neffa et al. 898, SI; d. V. Solís Neffa 1382, MBM; e. O. Bueno 3192, HAS; f. O. Bueno 3253, HAS; g. V. Solís Neffa 2147 & P.R. Speranza, MBM; h. V. Solís Neffa 2145 & P.R. Speranza, CTES). Drawings by Anelise Scherer.

Ervas eretas, 3,5-28,8 cm de altura; caule com tricomas tectores simples, às vezes tricomas tectores estrelados. Folhas papiráceas a cartáceas, discolores, 4,3-53 × 1,4-23 mm, inteiras, elípticas, obovadas, às vezes suborbiculares, pinatífidas a pinatissectas, base cuneada ou atenuada, ápice agudo ou arredondado, margem simples ou duplamente serreada; face adaxial e abaxial com tricomas tectores simples, bífidos, trífidos ou estrelados, às vezes tricomas glandulares microcapitados. Estípulas ausentes ou rudimentares, 0,1-0,2 mm compr., às vezes com coléteres; pecíolo 0,9-10 mm compr. Inflorescência uniflora; flores axilares, heterostílicas. Pedúnculo 1,5-6,7 × 0,4-1,1 mm; pedicelo 0,6-3,5 mm; bractéolas 3,4-15 mm compr. Cálice verde a verde-amarelado, tubo calicino 1,8-3,5 mm compr., internamente viloso na base, externamente piloso, lacínias 3,9-10,2 × 1-3 mm, lanceoladas a ovadas, ápice mucronado, às vezes agudo. Corola rosa, salmão, amarela ou alaranjada, pétalas 9-17,8 × 3,2-12,6 mm, base cuneada, com uma unha pilosa na porção apical e uma mácula purpúrea na base, ápice obtuso. Filetes de 2,6-5,2 mm compr. em flores longistílicas, 1,4-6,3 mm compr. em flores brevistílicas; anteras 0,8-2,8 mm compr. Ovário ovoide ou cônico, 1-4,9 × 0,9-3,5 mm; estiletes 2,7-5,7 × 0,1-0,5 mm em flores longistílicas, 1,1-2,1 × 0,2-0,4 mm em flores brevistílicas; estigmas 0,2-1,1 × 0,3-1 mm. Cápsulas 2,9-10,1 × 3,1-15,4 mm, ovoides, ápice umbonado, externamente tuberculadas, raramente verrucosas, pilosas. Sementes 2-3,5 × 1,2-2,5 mm, obovadas, ligeiramente curvas, cristadas, calaza arredondada, exotesta reta e papilosa; arilo 0,5-2,3 mm compr., laciniado a lobulado, unilateral, amarelo-dourado a hialino.

Turnera sidoides pertence à Série Leiocarpae, de acordo com Urban (1883a)Urban I (1883a) Monographie des familie Turneraceen. Jahrbuch des Köeniglichen Botanischen Gartens und des Botanischen Museums zu Berlin 2: 1-152. e Arbo (2008a)Arbo MM (2008a) Estudios sistemáticos en Turnera (Turneraceae). IV. Series Leiocarpae, Conciliatae y Sessilifoliae. Bonplandia 17: 107-334.. Pode ser distinguida dos demais táxons ocorrentes no sul do Brasil, principalmente, por apresentar as folhas sem nectários, frutos tuberculados e sementes com cristas. Este trabalho segue a classificação proposta por Arbo (1985)Arbo MM (1985) Notas taxonómicas sobre Turneráceas Sudamericanas. Candollea 40: 175-191., na qual a espécie T. sidoides é composta por cinco subespécies, sendo elas: T. sidoides subsp. carnea (Cambess.) Arbo, T. sidoides subsp. holosericea (Urb.) Arbo, T. sidoides subsp. integrifolia (Griseb.) Arbo, T. sidoides subsp. pinnatifida (Juss. ex Poir.) Arbo e T. sidoides L. subsp. sidoides, as quais podem ser reconhecidas pela variação na forma da folha e do indumento. A obtenção de híbridos subespecíficos, os quais apresentam-se como autopoliploides ao nível citológico e a recombinação dos caracteres morfológicos confirmam que os táxons deste complexo fazem parte da mesma espécie (Arbo 1985Arbo MM (1985) Notas taxonómicas sobre Turneráceas Sudamericanas. Candollea 40: 175-191.; Shore et al. 2006Shore JS, Arbo MM & Fernández A (2006) Breeding system variation, genetics and evolution in the Turneraceae. New Phytologist 171: 539-551.).

Chave de identificação das subespécies de Turnera sidoides ocorrentes na Região Sul do Brasil

  • 1. Folhas pinatífidas a pinatissectas, nunca inteiras.................. 2.6.4. Turnera sidoides subsp. pinnatifida

  • 1’. Folhas inteiras, elípticas ou obovadas, às vezes pinatífidas.

    • 2. Tricomas simples, nunca estrelados.

      • 3..... Face abaxial da lâmina foliar e bractéolas com apenas um estrato de tricomas simples, longos 2.6.3. Turnera sidoides subsp. integrifolia

      • 3’.... Face abaxial da lâmina foliar e bractéolas com dois estratos de tricomas, alguns longos, geralmente antrorsos, e outros curtos.

        • 4...... Indumento seríceo-lanoso, denso; folhas glaucas, às vezes amareladas............................ 2.6.2. Turnera sidoides subsp. holosericea

        • 4’.... Indumento pubescente a seríceo, laxo; folhas verdes........................................................... 2.6.1. Turnera sidoides subsp. carnea

    • 2’. Tricomas estrelados, às vezes intercalados com tricomas simples....................................................... 2.6.5. Turnera sidoides subsp. sidoides

2.6.1. Turnera sidoides subsp. carnea (Cambess.) Arbo, Candollea. 40: 182. 1985. Fig. 12a,b; 17d

Caracteriza-se pela presença de folhas inteiras, serreadas, às vezes pinatífidas, com tricomas simples, curtos, sobre a lâmina e tricomas longos sobre as nervuras. Alguns espécimes podem compartilhar caracteres semelhantes a outras subespécies: folhas pinatífidas, como em T. sidoides subsp. pinnatifida; densidade do indumento, como em T. sidoides subsp. holosericea; e comprimento dos tricomas, como em T. sidoides subsp. integrifolia (Arbo 1985Arbo MM (1985) Notas taxonómicas sobre Turneráceas Sudamericanas. Candollea 40: 175-191.).

Material selecionado: RIO GRANDE DO SUL: General Câmara, Distrito de Santo Amaro, 29°55’03,3’’S, 51°52’49,2’’W, 62 m, 7.II.2014, fl., K.A. Freitas (ICN 178719). Pinheiro Machado, na rod. para Pelotas, 1.X.1983, fl., J. Mattos 25474 & N. Silveira (HAS). Porto Xavier, 28 km SE de Puerto Xavier, 18.II.1978, fl. e fr., A. Krapovickas & C.L. Cristóbal 33733 (CTES). Uruguaiana, BR-472, 10.X.1985, fl., P. Panzieira (MPUC 17879).

Ocorre na Argentina, Paraguai, Uruguai e Brasil (Rio Grande do Sul) (Arbo 2008bArbo MM (2008b) Turneraceae. In: Zuloaga FO & Morrone O (eds.) Catálogo de las plantas vasculares del Cono Sur. Instituto Darwinion, Buenos Aires. Pp. 3080-3085.). Nenhum espécime foi encontrado durante as excursões a campo. Cresce em campos de solo arenoso a 0-500 m de altitude; adapta-se a locais modificados. Floresce e frutifica nos meses de outubro a fevereiro.

2.6.2. Turnera sidoides subsp. holosericea (Urb.) Arbo, Candollea. 40: 186. 1985. Figs. 12e; 15e; 17d

Distingue-se das demais subespécies por apresentar o indumento foliar seríceo-lanoso e as flores salmão-avermelhadas (Arbo 1985Arbo MM (1985) Notas taxonómicas sobre Turneráceas Sudamericanas. Candollea 40: 175-191.).

Material selecionado: RIO GRANDE DO SUL: Caçapava do Sul, estrada para Guaritas, 30°40’21,5’’S, 53°25’17’’W, 153 m, 22.I.2014, fl. e fr., T.N. Cabreira 275 (ICN). Jaguari, estrada de chão entre Jaguari e Jari, 29°25’58,7’’S, 54°22’57,9’’W, 385 m, 5.II.2014, fl., T.N. Cabreira 281 (ICN). Pelotas, I.A.S., Horto Botânico, 21.XI.1957, fl., J.C. Sacco 688 (HBR, PACA). Quaraí, terceiro distrito de Quaraí, cerro do chapéu - estância São Roberto, 27.X.1985, fl., J.N. Thomé (HAS 20561).

Ocorre no Uruguai e no Brasil (Rio Grande do Sul) (Arbo 1985Arbo MM (1985) Notas taxonómicas sobre Turneráceas Sudamericanas. Candollea 40: 175-191., 2008bArbo MM (2008b) Turneraceae. In: Zuloaga FO & Morrone O (eds.) Catálogo de las plantas vasculares del Cono Sur. Instituto Darwinion, Buenos Aires. Pp. 3080-3085.). Cresce em campos com solos arenosos e afloramentos rochosos, com a altitude variando de 0-300 m. Floresce e frutifica nos meses de setembro a março.

2.6.3. Turnera sidoides subsp. integrifolia (Griseb.) Arbo, Candollea. 40: 188. 1985. Fig. 12f; 15d; 17d

Possui folhas inteiras, serreadas, com a lâmina coberta por tricomas simples, largos. Em alguns espécimes, há uma diferença na tonalidade da cor das pétalas, variando de clara a escura na mesma população.

Material selecionado: RIO GRANDE DO SUL: Alegrete, Estância Carvão, 6.IX.2012, fl. e fr., C. Vogel-Ely 17 (ICN). Rio Grande, Domingos Petroline, 5.X.1982, fl., R.C.C. Pessoa (HURG 429). Santiago, a 10 km de Santiago, na rod. S. Fco de Assis - Santiago, 20.X.1984, fl. e fr., J. Mattos 30648 & N. Mattos (HAS). Viamão, 7.V.1973, fl., J. Lima (HAS 3845).

Ocorre no sul do Paraguai, Argentina (Províncias de Corrientes e Entre Ríos), Uruguai e Brasil (Rio Grande do Sul) (Arbo 2008a)Arbo MM (2008a) Estudios sistemáticos en Turnera (Turneraceae). IV. Series Leiocarpae, Conciliatae y Sessilifoliae. Bonplandia 17: 107-334.. Cresce em campos com solos argilosos, arenosos ou pedregosos, com a altitude entre 0-300 m; adapta-se a locais alterados, como margens de estradas. Floresce e frutifica nos meses de setembro a maio.

2.6.4. Turnera sidoides subsp. pinnatifida (Juss. ex Poir.) Arbo, Candollea. 40: 189. 1985. Fig. 12c,d; 17d

Apresenta folhas pinatífidas a pinatissectas, com tricomas longos, adpressos, e tricomas curtos, eretos. Dentre as exsicatas analisadas, apenas corolas com as cores rosa e salmão foram observadas. Porém, segundo Arbo (1985)Arbo MM (1985) Notas taxonómicas sobre Turneráceas Sudamericanas. Candollea 40: 175-191. e Solís Neffa (2009)Solís Neffa VG (2009) Geographic patterns of morphological variation in Turnera sidoides subsp. pinnatifida (Turneraceae). Plant Systematics and Evolution 284: 231-253., as flores apresentam uma variação na cor das pétalas, sendo essa de amarela, rosa, salmão a vermelha.

Material examinado: RIO GRANDE DO SUL: Alegrete, 29°59’00’’S, 55°58’33’’W, 08.VIII.2014, fl. e fr., P.J.S. Silvia Filho 2077 (ICN). Quaraí, 30°09,898’S, 56°04,155’W, 1.XI.2010, fl. e fr., P.J.S. Silva Filho 1653 (MPUC). Santana do Livramento, perto de Santana do Livramento, 14.III.1978, fl., J. Mattos et al.19795 (HAS).

Ocorre no sul da Bolívia, Chaco paraguaio, Argentina (até o norte da Patagônia) e Uruguai, com a altitude variando de 15 a 2.800 m, segundo Arbo (2008a)Arbo MM (2008a) Estudios sistemáticos en Turnera (Turneraceae). IV. Series Leiocarpae, Conciliatae y Sessilifoliae. Bonplandia 17: 107-334.. No entanto, no Rio Grande do Sul, há registros de coleta nos municípios de Alegrete, Quaraí e Santana do Livramento, constituindo, desta forma, em uma nova ocorrência para o Brasil. Na Flora Montevidensis, Lombardo (1983)Lombardo A (1983) Flora Montevidensis. Tomo II Gamopétalas. Servicio de Publicaciones y Prensa, Montevideo. Pp. 238-240. menciona que o táxon ocorra no sul do Brasil, porém nenhum material-testemunho é citado. Cresce em locais com solos arenosos, argilosos ou pedregosos, com a altitude de 0-2.700 m; adapta-se a lugares alterados. Floresce e frutifica nos meses de agosto a março.

2.6.5. Turnera sidoides L. subsp. sidoides , Candollea. 40: 184. 1985. Fig. 12g,h; 17d

Turnera sidoides subsp. sidoides é pouco representada na natureza, com raros exemplares coletados (Arbo 1985Arbo MM (1985) Notas taxonómicas sobre Turneráceas Sudamericanas. Candollea 40: 175-191.). É caracterizada, principalmente, por apresentar tricomas estrelados no indumento foliar e as flores rosadas ou salmão.

Material selecionado: RIO GRANDE DO SUL: Quaraí, Fazenda Cantagalo, 29.X.2008, fl., I. Boldrini 1563 & R. Setubal (ICN). Santana do Livramento, Fazenda Vento Aragano, 30°42’13,4’’S, 55°31’33,7’’W, 212 m, 9.XI.2008, fl., R. Trevisan et al. 1019 (ICN).

Turnera sidoides subsp. sidoides ocorre exclusivamente no Uruguai e no Brasil (Rio Grande do Sul) (Arbo 2008aArbo MM (2008a) Estudios sistemáticos en Turnera (Turneraceae). IV. Series Leiocarpae, Conciliatae y Sessilifoliae. Bonplandia 17: 107-334., bArbo MM (2008b) Turneraceae. In: Zuloaga FO & Morrone O (eds.) Catálogo de las plantas vasculares del Cono Sur. Instituto Darwinion, Buenos Aires. Pp. 3080-3085.). Cresce em campos e afloramentos rochosos, com a altitude variando de 0-400 m. Floresce e frutifica nos meses de outubro a dezembro.

2.7. Turnera subulata Sm., in Rees, A. Cyclop. 36(2). 1817. Figs. 13a-g; 15c; 17e

Figura 13
a-g. Turnera subulata - a. hábito; b. detalhe da face externa da sépala; c. detalhe da flor brevistílica, mostrando as faces internas das sépalas e pétalas, e estames; d. gineceu; e. fruto, mostrando as faces externa e interna e sementes; f. semente com arilo; g. detalhe da folha, mostrando o indumento e o par de nectários na junção do pecíolo com a lâmina foliar. (a. G.G. Scandiuzzi 5, ESA; b,c,d,e,f,g. T.N. Cabreira 245, ICN). Ilustrações de Anelise Scherer.
Figure 13
a-g. Turnera subulata - a. habit; b. sepal, showing outer surface detail; c. short-styled flower detail, with the inner sepals, petals and stamens; d. gynoecium; e. fruit, showing the outer and inner surfaces and seeds; f. seed with aril; g. leaf detail, showing the indumentum and the pair of nectaries in the junction of the petiole with the leaf lamina. (a. G.G. Scandiuzzi 5, ESA; b,c,d,e,f,g. T.N. Cabreira 245, ICN). Drawings by Anelise Scherer.

Subarbustos a arbustos eretos ou decumbentes, 0,2-1,5 m de altura; caule com tricomas tectores simples. Folhas cartáceas, discolores, 7,2-87,5 × 2,8-51,1 mm, ovadas, elípticas, lanceoladas, às vezes obovadas, base cuneada a atenuada, ápice agudo ou obtuso, às vezes caudado quando jovem, margem inteira na base foliar e serreada a duplamente serrada nas porções mediana e apical da folha; tricomas tectores simples em ambas as faces; 1-2 pares de nectários circulares ou elípticos localizados na união do pecíolo com a lâmina foliar, borda glabra, às vezes pubérula, com uma membrana na região central provida de um poro umbonado na porção mediana superior. Estípulas 0,1-0,8 mm compr.; pecíolo 3-8(-27) mm compr. Flores epífilas, isoladas, axilares, heterostílicas. Pedúnculo 0-4,2 × 0,8-1,2 mm; bractéolas 8,2-14,2 mm compr. Cálice esverdeado ou amarelo, tubo calicino 2,8-3,9 mm compr., internamente viloso, externamente piloso, lacínias 10,1-18,4 × 2,3-2,5 mm, ovadas a triangulares, ápice mucronado. Corola branca ou amarela, com uma mácula purpúrea com bordo inferior amarelo na base da pétala, pétalas 27,5-45,6 × 21,4-23,6 mm, base cuneada, ápice arredondado. Filetes de 5-6,3 mm compr. em flores longistílicas, 7,9-9,2 mm compr. em flores brevistílicas, com as margens adnatas às unhas das pétalas formando sacos nectaríferos; anteras 4,4-5,4 mm compr. Ovário ovoide ou cônico, 1,1-1,9 × 0,6-1,4 mm; estiletes 6,1-8,4 × 0,2-0,4 mm em flores longistílicas, 3,1-3,8 × 0,2-0,4 mm em flores brevistílicas; estigmas 1,3-1,7 × 0,6-1,4 mm. Cápsulas 1,7-8,6 × 2,1-7,2 mm, globosas, ápice agudo, externamente granulosas, pilosas. Sementes 2,6-3,1 × 0,9-1,2 mm, claviformes, ligeiramente curvas, reticuladas, calaza obtusa, exotesta reta; arilo 1,9-2,3 mm compr., lacerado, unilateral, hialino a amarelo.

Material selecionado: PARANÁ: Goioerê, BR-272, km 432, 5.X.2006, fl. e fr., L. Bergamasco Neto (HCF 4068, RB 443846). Miraselva, R. Deputado Olavo Ferreir, no. 450, 30.X.2002, fl. e fr., F. Pereira(DVPR 49). SANTA CATARINA: Joinville, em um jardim de residência na SC-301, Bairro Fleitt, 26°10’23,4’’S, 48°57’47,1’’W, 10.XII.2013, fl. e fr., T.N. Cabreira 245 (ICN). Penha, Armação de Penha, 26°46’31,00’’S, 48°38’11,00’’O, 15.I.2014, fl. e fr., L.A. Funez 2619 (FURB).

De acordo com Arbo (2005Arbo MM & Silva PH (2005) Turneraceae.In: Wanderley MGL, Shepherd GJ, Melhem TS & Giulietti AM (coords.) Flora fanerogâmica do estado de São Paulo. Instituto de Botânica, São Paulo. Vol. 4, pp. 351-359., 2009)Arbo MM (2009) Turneraceae.In: Cavalcanti TB & Batista MF (orgs.) Flora do Distrito Federal, Brasil. Vol. 7. Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Brasília. Pp. 285-312. e BFG (2018)BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527, a espécie ocorre no Panamá, Colômbia, Venezuela, Guianas, Equador, norte da Bolívia, e em quase todo o território brasileiro, exceto nos estados do Acre, Roraima, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Foi introduzida na Ásia e hoje é considerada planta ruderal, comum na Índia, Sri-Lanka, Tailândia, Malásia, Java e Singapura. No sul do Brasil, Turnera subulata foi encontrada no estado de Santa Catarina, em dunas na praia e cultivada em jardim. Além disso, há o registro fotográfico, no site Flora do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, de vários indivíduos em um jardim no Rio Grande do Sul. Diante disso, constata-se duas novas ocorrências da espécie, compreendendo os estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.

A espécie é encontrada em borda de mata e regiões de dunas, com a altitude variando de 0-1.400 m. Cresce em solos arenosos e pedregosos, às vezes argilosos e secos. É uma espécie heliófila e ubíqua, que vive em beira de estradas, vias férreas e áreas alteradas. Também é cultivada como ornamental. Floresce e frutifica nos meses de outubro a abril.

Turnera subulata está inserida na Série Turnera, segundo Arbo (2005)Arbo MM & Silva PH (2005) Turneraceae.In: Wanderley MGL, Shepherd GJ, Melhem TS & Giulietti AM (coords.) Flora fanerogâmica do estado de São Paulo. Instituto de Botânica, São Paulo. Vol. 4, pp. 351-359.. A espécie pode ser distinguida dos demais táxons ocorrentes no sul do Brasil, principalmente, por apresentar pétalas de 27,5-45,6 × 21,4-23,6 mm e mácula purpúrea na base das pétalas. Os nectários são visitados por formigas de diferentes espécies, as quais também atuam na dispersão das sementes, tanto em populações nativas quanto em indivíduos cultivados (Arbo 2005Arbo MM & Silva PH (2005) Turneraceae.In: Wanderley MGL, Shepherd GJ, Melhem TS & Giulietti AM (coords.) Flora fanerogâmica do estado de São Paulo. Instituto de Botânica, São Paulo. Vol. 4, pp. 351-359.). A espécie tem sido alvo de pesquisa com fins medicinais, já tendo sido comprovada a atividade antibacteriana do extrato da planta (Murugan 2011Murugan T (2011) Screening for antibacterial activity of Turnera subulata extracts against human pathogens. International Journal of Pharmaceutical & Biological Archive 2: 1456-1459.). Além disso, é amplamente cultivada como ornamental e as folhas e flores são utilizadas na culinária (Kinupp & Lorenzi 2014Kinupp VF & Lorenzi H (2014) Plantas alimentícias não convencionais (PANC) no Brasil: guia de identificação, aspectos nutricionais e receitas ilustradas. Instituto Plantarum de Estudos da Flora, São Paulo. 768p.).

2.8. Turnera weddelliana Urb. & Rolfe, Jahrb. Königl. Bot. Gart. Berlin. 2: 90. 1883. Figs. 14a-f; 17f

Figura 14
a-f. Turnera weddelliana - a. hábito; b. detalhe da face externa das sépalas; c. detalhe da flor brevistílica, mostrando as faces internas das sépalas e pétalas, e estames; d. gineceu; e. fruto, mostrando as faces externa e interna; f. semente com arilo. (a. C. Vogel-Ely et al. 72, ICN; b,c,d. G. Hatschbach et al. 77141, MBM; e,f. G. Hatschbach et al.76368, MBM). Ilustrações de Anelise Scherer.
Figure 14
a-f. Turnera weddelliana - a. habit; b. sepals, showing outer surface detail; c. short-styled flower detail, with the inner sepals, petals and stamens; d. gynoecium; e. fruit, showing the outer and inner surfaces; f. seed with aril. (a. C. Vogel-Ely et al. 72, ICN; b,c,d. G. Hatschbach et al. 77141, MBM; e,f. G. Hatschbach et al.76368, MBM). Drawings by Anelise Scherer.

Figura 15
a-e. Turnera serrata var. brevifolia - a. hábito; b. T. oblongifolia var. oblongifolia - hábito; c. Turnera subulata - hábito; d. T. sidoides subsp. integrifolia - detalhe da flor; e. T. sidoides subsp. holosericea - detalhe da flor. (c,e. Sérgio Bordignon; d. Marlon Garlet Facco).
Figure 15
a-e. Turnera serrata var. brevifolia - a. habit; b. T. oblongifolia var. oblongifolia - habit; c. Turnera subulata - habit; d. T. sidoides subsp. integrifolia - flower detail; e. T. sidoides subsp. holosericea - flower detail. (c,e. Sérgio Bordignon; d. Marlon Garlet Facco).

Figura 16
a-f. Distribuição na Região Sul do Brasil - a. Piriqueta cistoides subsp. cistoides; b. P. pampeana; c. P. sidifolia var. sidifolia; d. P. suborbicularis; e. P. taubatensis; f. Turnera capitata.
Figure 16
a-f. Distribution in Southern Brazil - a. Piriqueta cistoides subsp. cistoides; b. P. pampeana; c. P. sidifolia var. sidifolia; d. P. suborbicularis; e. P. taubatensis; f. Turnera capitata.

Figura 17
a-f. Distribuição na Região Sul do Brasil - a. Turnera oblongifolia var. oblongifolia; b T. orientalis; c. T. serrata var. brevifolia; d. subespécies de T. sidoides; e. T. subulata; f. T. weddelliana.
Figure 17
a-f. Distribution in Southern Brazil - a. Turnera oblongifolia var. oblongifolia; b. T. orientalis; c. T. serrata var. brevifolia; d. subspecies of T. sidoides; e. T. subulata; f. T. weddelliana.

Subarbustos a arbustos eretos, 0,5-1,5 m de altura; caule com tricomas tectores simples, às vezes tricomas glandulares microcapitados. Folhas cartáceas a coriáceas, concolores, 4,7-102,3 × 2,4-25,4 mm, ovadas, lanceoladas a elípticas, base cuneada a atenuada, ápice agudo ou apiculado, às vezes obtuso, margem serreada; tricomas tectores simples, às vezes tricomas glandulares microcapitados em ambas as faces. Estípulas 0,1-0,4 mm compr.; pecíolo 1,1-3,5 mm compr. Flores isoladas, axilares, heterostílicas. Pedúnculo 1,9-7,7 × 0,2-0,6 mm; pedicelo 2,2-4,2 × 0,4-0,6 mm; bractéolas 0,6-1,3 mm compr. Cálice esverdeado ou amarelo, tubo calicino 1,9-2,1 mm compr., parcialmente viloso no interior, externamente piloso, lacínias 5,4-6,3 × 1,2-1,9 mm, triangulares a lanceoladas, ápice mucronado. Corola amarela, pétalas 7,6-11,2 × 3,8-5,5 mm, base cuneada, com uma unha pilosa, ápice apiculado a agudo. Filetes de 2,1-2,8 mm compr. em flores longistílicas, 5,2-6,7 mm compr. em flores brevistílicas; anteras 0,8-1,6 mm compr. Ovário ovoide ou elipsoide, 1,6-1,8 × 0,5-0,7 mm; estiletes 2,4-4,1 × 0,2-0,4 mm em flores longistílicas, 1,2-1,4 × 0,1-0,2 mm em flores brevistílicas; estigmas 0,3-0,7 × 0,4-0,9 mm. Cápsulas 2,1-7,3 × 1,6-8,7 mm, ovoides ou subesféricas, ápice agudo ou obtuso, externamente verrucosas, glabras. Sementes 1,9-2,9 × 1,4-1,7 mm, obovadas, curvas, reticuladas, calaza crateriforme, exotesta papilosa; arilo 1,9-2,4 mm compr., lobulado ou lacerado, amarelo a hialino, envolvendo parcialmente a semente.

Material examinado: RIO GRANDE DO SUL: Quaraí, Cerro do Jarau, 241 m, 30°10’21,29’’S, 56°32’21,95’’W, 27.IV.2013, fl. e fr., C. Vogel-Ely et al. 72 (ICN).

A espécie ocorre desde o sul do Equador até o Brasil, Paraguai e norte da Argentina (Arbo 1997Arbo MM (1997) Estudios sistemáticos en Turnera (Turneraceae). I. Series Salicifoliae y Stenodictyae. Bonplandia 9: 151-208.). É encontrada em matas, cerrados e bosques ribeirinhos. Cresce em solos arenosos e pedregosos, com a altitude entre 0-2.600 m. De acordo com BFG (2018)BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527, no Brasil, Turnera weddelliana distribui-se nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Constitui-se em uma nova ocorrência para o Rio Grande do Sul. Floresce e frutifica em abril.

Turnera weddelliana está inserida na Série Salicifoliae, segundo Arbo (1997)Arbo MM (1997) Estudios sistemáticos en Turnera (Turneraceae). I. Series Salicifoliae y Stenodictyae. Bonplandia 9: 151-208.. A espécie pode ser distinguida dos demais táxons ocorrentes no sul do Brasil, principalmente, pelo ápice apiculado a agudo das pétalas, ovário glabro a glabrescente, com um tufo de tricomas tectores simples na base dos estiletes e frutos verrucosos, glabros.

Agradecimentos

A primeira autora agradece à pesquisadora María Mercedes Arbo, os ensinamentos e o fornecimento de bibliografias sobre a família; aos herbários que emprestaram materiais e/ou enviaram imagens do grupo; à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS) e ao Programa de Pós-graduação em Botânica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o suporte financeiro; a Karen Araújo Freitas, a montagem das pranchas das ilustrações; a Anelise Scherer, as ilustrações; a Felipe Daronco, Cleusa Vogel-Ely e Marlon Garlet Facco, a montagem das pranchas de fotos e mapas. A segunda autora agradece, também, ao CNPq e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), o apoio financeiro.

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Editado por

Editora de área: Dra. Daniela Zappi

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    21 Set 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    24 Out 2018
  • Aceito
    27 Jan 2019
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