Acessibilidade / Reportar erro

Terminalia s.s. (Combretaceae) do Piauí, Brasil

Terminalia s.s. (Combretaceae) of Piauí state, Brazil

Resumo

Este trabalho apresenta o tratamento florístico-taxonômico para as espécies de Terminalia ocorrentes no estado do Piauí. O estudo foi baseado em análise de exsicatas depositadas em herbários nacionais e internacionais, bem como em observações realizadas em campo. Para o estado foram registradas sete espécies: Terminalia actinophylla, T. amazonia, T. argentea, T. eichleriana, T. fagifolia, T. glabrescens e T. lucida, sendo duas endêmicas do Brasil. Os táxons foram registrados, em geral, em ambientes secos de Savana (cerrado) e Savana estépica (caatinga). Destaca-se, ainda, que 57% (4 spp.) das espécies de Terminalia ocorrem em unidades de conservação do Piauí. O estudo fornece descrições morfológicas, chave de identificação, prancha fotográfica, ilustrações e comentários sobre as espécies.

Palavras-chave:
cerrado; conservação; diversidade; flora piauiense; Myrtales

Abstract

This work presents the floristic-taxonomic treatment of the Terminalia species occurring in the state of Piauí. The study was based on the analysis of exsicates deposited in national and international herbaria, as well as field observations. Seven species were recorded for the state: Terminalia actinophylla, T. amazonia, T. argentea, T. eichleriana, T. fagifolia, T. glabrescens and T. lucida, being two endemic of Brazil. The taxa were recorded in dry environments of Savanna (cerrado) and Estepic Savanna (caatinga). We highlight 57% (4 spp.) of the Terminalia species occur in conservation units of Piauí. The study provides morphological descriptions, identification key, photographic plates, illustrations and comments on species.

Key words:
cerrado; conservation; diversity; flora of Piauí; Myrtales

Introdução

Terminalia L., pertencente à Combretaceae, abrange cerca de 200 espécies distribuídas nas regiões tropicais da América, África, Oceania e Ásia, destacando esse último continente por apresentar um grande número de espécies e elevada diversidade morfológica (Stace 2010Stace CA (2010) Combretaceae. Flora Neotropica 107. The New York Botanical Garden Press, New York. 369p.).

Nos Neotrópicos, o gênero está representado por 34 espécies posicionadas em 12 seções (Stace 2010Stace CA (2010) Combretaceae. Flora Neotropica 107. The New York Botanical Garden Press, New York. 369p.). No Brasil são registradas 21 espécies de Terminalia, sendo seis endêmicas, pertencentes a nove seções (Stace 2010Stace CA (2010) Combretaceae. Flora Neotropica 107. The New York Botanical Garden Press, New York. 369p.; Ribeiro et al. 2018Ribeiro RTM, Linsingen LV, Cervi AC, Marquete NFS, Loiola MIB, & Sales MF (2018) New synonyms and recircumscription of Terminalia sect. Diptera (Combretaceae) from South America. Systematic Botany 43: 250-257.; BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527.).

Seus representantes caracterizam-se pelo hábito arbóreo, folhas simples e alternas, usualmente aglomeradas no ápice dos ramos e flores monoclinas ou unissexuadas e apétalas. O androceu é composto, na maioria das vezes, por 10 estames com anteras versáteis, inseridos em dois verticilos. Os frutos são secos, complanados ou arredondados, 2-5 alados (Marquete 1984Marquete NFS (1984) Combretaceae do estado do Rio de Janeiro. Subtribo Terminaliineae. Rodriguésia 36: 91-104. ; Stace 2010Stace CA (2010) Combretaceae. Flora Neotropica 107. The New York Botanical Garden Press, New York. 369p.; Soares Neto et al. 2014Soares Neto RL, Cordeiro LS, & Loiola MIB (2014) Flora do Ceará, Brasil: Combretaceae. Rodriguésia 65: 685-700.; BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527.).

As espécies de Terminalia apresentam diferentes aplicações, podendo ser utilizadas por suas propriedades medicinais e farmacológicas, como T. acuminata (Allemão) Eichl. empregada no tratamento da febre amarela e hepatite (Cock 2015Cock IE (2015) The medicinal properties and phytochemistry of plants of the genus Terminalia (Combretaceae). Inflammopharmacology 23: 203-229. ), T. catappa L. rica em antioxidantes naturais (Fogaça et al. 2013Fogaça DNL, Pinto Júnior WRS, Rêgo Júnior NO, & Nunes GS (2013) Atividade antioxidante e teor de fenólicos de folhas da Terminalia catappa Linn em diferentes estágios de maturação. Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada 34: 257-261.), T. fagifolia Mart. utilizada para o tratamento de distúrbios intestinais (Nunes et al. 2014Nunes PHM, Martins MCC, Oliveira RCM, Chaves MH, Sousa EA, Leite JRSA, Véras LM, & Almeida FRC (2014) Gastric antiulcerogenic and hypokinetic activities of Terminalia fagifolia Mart., & Zucc. (Combretaceae). BioMed Research International 1: 1-14.), assim como T. actinophylla Mart. que possui propriedades anti-inflamatórias e sedativas (Ribeiro et al. 2012Ribeiro SS, Jesus AM, & Anjos CS (2012) Evaluation of the cytotoxic activity of some Brazilian medicinal plants. Planta Medica 78: 1601-1606.; Pádua et al. 2013Pádua PF, Dihl RR, Lehmann M, Abreu BR, Richter MF, & Andrade HH (2013) Genotoxic, antigenotoxic and phytochemical assessment of Terminalia actinophylla ethanolic extract. Food and Chemical Toxicology 62: 521-527.). Destaca-se ainda, o potencial madeireiro e ornamental de muitas espécies do gênero (Stace 2010Stace CA (2010) Combretaceae. Flora Neotropica 107. The New York Botanical Garden Press, New York. 369p.).

Estudos morfológicos e taxonômicos incluindo representantes de Terminalia de diferentes continentes já foram realizados, destacando-se os trabalhos de Eichler (1867)Eichler AG (1867) Combretaceae. In: Martius CFP, Eichler AW, & Urban I (eds.) Flora brasiliensis. Fleicher, Liepizig. Vol. 14, pp. 77-128., Exell (1935Exell AW (1935) Species of Terminalia from the Solomon Is. Journal of Botany 73: 131-134., 1958)Exell AW (1958) Combretaceae. In: Woodson RE, & Schery RW (eds.) Flora of Panama. Vol. 45. Annals of the Missouri Botanical Garden, St. Loius. Pp. 143-164. e Stace (2007Stace CA (2007) Combretaceae. In: Harling G, & Person C (eds.) Flora of Ecuador 81. Vol. 8. Botanical Institute of University of Göteborg, Sweden. Pp. 1-63., 2010)Stace CA (2010) Combretaceae. Flora Neotropica 107. The New York Botanical Garden Press, New York. 369p. para o continente Americano, e os de Engler & Diels (1900)Engler HGA, & Diels L (1900) Combretaceae - Combretum. In: Engler HGA (org.) Monographien afrikanischer PflanzenFamilien und Gattungen. Engelmann, Leipzig. Vol. 3, pp. 1-116., Exell (1970Exell AW (1970) Summary of the Combretaceae of Flora Zambesiaca. Kirkia 7: 159-252., 1978)Exell AW (1978) Combretaceae. In: Launert E (org.) Flora Zambesiaca. Vol. 4. Crown Agents, Winterton. Pp. 100-183. e Wickens (1973)Wickens GE (1973) Combretaceae . In: Polhill RM (ed.) Flora of Tropical East Africa. Vol. 1. Crown Agents for Overseas Governments and Administrations, London. Pp. 1-99. para a África.

As filogenias recentes do gênero, baseadas em sequências gênicas de marcadores moleculares nucleares e plastidiais (ITS, rbcL, psaA e ycf3), sustentam a inclusão de Anogeissus (DC.) Wall., Buchenavia Eichl. e Pteleopsis Engl. em Terminalia (Maurin et al. 2010Maurin O, Chase MK, Jordaan M, & Vanderbank M (2010) Phylogenetic relationships of Combretaceae inferred from nuclear and plastid DNA sequence data: implications for generic classification. Botanical Journal of the Linnean Society 162: 453-476., 2017Maurin O, Gere J, Van Der Bank M, & Boatwright JG (2017) The inclusion of Anogeissus, Buchenavia and Pteleopsis in Terminalia (Combretaceae: Terminaliinae). Botanical Journal of the Linnean Society 184: 312-325.; Berger 2012Berger BA (2012) Myrtales: Molecules, mangroves and metrosideros. Tese de Doutorado. Universidade de Wisconsin-Madison, Wisconsin. 196p.). Esses autores consideraram ainda que Pteleopsis parece corresponder a um estágio morfológico intermediário entre os gêneros Combretum Loefl. e Terminalia, sendo mais relacionado a esse último.

Entretanto, Tan et al. (2002)Tan FX, Shi SH, Zhong Y, Gong X, & Wang YG (2002) Phylogenetic relationships of Combretoideae (Combretaceae) inferred from plastid, nuclear gene and spacer sequences. Journal of Plant Research 115: 475-481. reforçaram a necessidade de estudos filogenéticos com um maior número de espécies de Terminalia, pois esse é o segundo maior gênero de Combretaceae com grande variação morfológica interespecífica e inúmeros problemas taxonômicos, em especial relacionados às espécies da região Neotropical.

Com relação ao Brasil, poucos estudos taxonômicos foram realizados com os representantes de Terminalia. No entanto, recentemente, Ribeiro et al. (2018)Ribeiro RTM, Linsingen LV, Cervi AC, Marquete NFS, Loiola MIB, & Sales MF (2018) New synonyms and recircumscription of Terminalia sect. Diptera (Combretaceae) from South America. Systematic Botany 43: 250-257. propôs dois novos sinônimos para T. triflora (Griseb.) Lillo, T. reitzii Exell e T. uleana Engl. ex Alwan & Stace. Além disso, alguns estudos florísticos com espécies da família ou do gênero que já foram realizados, tais como: Marquete (1984)Marquete NFS (1984) Combretaceae do estado do Rio de Janeiro. Subtribo Terminaliineae. Rodriguésia 36: 91-104. , Marquete & Valente (1997)Marquete NFS, & Valente MC (1997) Combretaceae. In: Marques MCM, & Martins HF (orgs.) Flora do estado do Rio de Janeiro. Albertoa 4: 13-51., Marquete et al. (2003)Marquete NFS, Teixeira J, & Valente MC (2003) Terminalia L. (Combretaceae) na região Sudeste do Brasil. Bradea 16: 99-123., Ribeiro et al. (2017)Ribeiro RTM, Loiola MIB, & Sales MF (2017) Flora do Espírito Santo: Subtribo Terminaliinae (Combretaceae). Rodriguésia 68: 1547-1557. com ênfase nas espécies ocorrentes na região Sudeste do país, bem como os de Linsigen et al. (2009)Linsigen LV, Cervi AC, & Guimarães O (2009) Sinopse taxonômica da família Combretaceae R. Brown na Região Sul do Brasil. Acta Botanica Brasílica 23: 738-750. para a região Sul e, por fim, Loiola et al. (2009)Loiola MIB, Rocha EA, Baracho GS, & Agra MF (2009) Flora da Paraíba: Combretaceae. Acta Botanica Brasílica 23: 330-342., Soares Neto et al. (2014)Soares Neto RL, Cordeiro LS, & Loiola MIB (2014) Flora do Ceará, Brasil: Combretaceae. Rodriguésia 65: 685-700. e Ribeiro et al. (2018)Ribeiro RTM, Linsingen LV, Cervi AC, Marquete NFS, Loiola MIB, & Sales MF (2018) New synonyms and recircumscription of Terminalia sect. Diptera (Combretaceae) from South America. Systematic Botany 43: 250-257. sobre as espécies na região Nordeste.

Com o intuito de contribuir para um melhor entendimento do gênero e das espécies que compõem a flora do Piauí, que ainda é pouco conhecida, elaboramos o presente estudo. Apresentamos o levantamento florístico de Terminalia, incluindo descrições, chave de identificação, ilustrações, prancha fotográfica e mapa de riqueza com as espécies ocorrentes no Piauí.

Material e Métodos

Para o estudo de Terminalia no estado do Piauí foi realizada uma extensiva análise dos espécimes, cerca de 230, depositados nos herbários ALCB, ASE, BHCB, BM, CEN, CEPEC, CGE, CTES, EAC, ESA, ESAL, F, FI, G, HUCPE, HUCS, HUEFS, HUESB, IBGE, IPA, INPA, K, MAC, MG, MO, MOSS, NY, OXF, P, PEUFR, RB, SPF, TEPB, UB, US, UEC e W, cujas siglas estão de acordo com Thiers (2018+)Thiers (continuamente atualizado) Index Herbariorum: a global directory of public herbaria and associated staff. New York Botanical Garden’s Virtual Herbarium. Disponível em <http://sweetgum.nybg.org/science/ih/>. Acesso em 28 agosto 2018.
http://sweetgum.nybg.org/science/ih/...
e HST (não indexado).

Expedições de campo também foram realizadas no estado no mês de agosto/2018 para obtenção de material fresco, os quais foram herborizados segundo as técnicas usuais de taxonomia vegetal (Moriet al. 1989Mori AS, Silva LAM, Lisboa G, & Coradin L (1989) Manual de Manejo de Herbário Fanerogâmico. Vol. 2. Centro de Pesquisas do Cacau, Ilhéus. 104p.) e depositados no herbário Prisco Bezerra (EAC).

As identificações das espécies foram realizadas com o auxílio de bibliografias especializadas (Marquete 1984Marquete NFS (1984) Combretaceae do estado do Rio de Janeiro. Subtribo Terminaliineae. Rodriguésia 36: 91-104. ; Marquete et al. 2003Marquete NFS, Teixeira J, & Valente MC (2003) Terminalia L. (Combretaceae) na região Sudeste do Brasil. Bradea 16: 99-123.; Stace 2010Stace CA (2010) Combretaceae. Flora Neotropica 107. The New York Botanical Garden Press, New York. 369p.) e análise de imagens de coleções-tipo, disponíveis online no sítio “Global Plants on JSTOR” (<https://plants.jstor.org/>). Os nomes válidos e dos autores estão de acordo com BFG (2018)BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527. e o sítio do IPNI (2018)IPNI (2018) The International Plant Names Index. Disponível em <http://www.ipni.org>. Acesso em 2 Setembro 2018.
http://www.ipni.org...
, respectivamente.

A descrição morfológica (caracteres vegetativos e reprodutivos) adotada baseou-se em Radford et al. (1974)Radford AE, Dickson WC, Massey JR, & Bell CR (1974) Vascular plant systematics. Vol. 1. Harper, & Row, New York. 891p. e Gonçalves & Lorenzi (2007)Gonçalves EG, & Lorenzi H (2007) Morfologia vegetal: organografia e dicionário ilustrado de morfologia das plantas vasculares. Plantarum, Nova Odessa. 416p. e o padrão de nervação foliar em Hickey (1973)Hickey LJ (1973) Classification of the architecture of dicotyledonous leaves. American Journal of Botany 60: 17-33..

A distribuição das espécies foi elaborada utilizando as informações geográficas obtidas das exsicatas e avaliada pela elaboração visual de um mapa gerado no programa Quantum GIS 2.16.0 (QGIS 2018Quantum GIS Development Team (2018) Quantum GIS Geographic Information System. Open Source Geospatial Foundation Project. Disponível em <http://qgis.osgeo.org/>. Acesso em 2 agosto 2018.
http://qgis.osgeo.org/...
). Para os registros com coordenadas imprecisas ou ausentes, utilizaram-se as coordenadas do município obtidas a partir da ferramenta geoLoc (CRIA 2018CRIA (2018) Geoloc. Disponível em < http://splink.cria.org.br/>. Acesso em 20 Agosto 2018.
http://splink.cria.org.br/...
). Os tipos vegetacionais foram definidos com base no Manual Técnico da Vegetação Brasileira (IBGE 2012IBGE (2012) Manual técnico da vegetação brasileira. 2a ed. Disponível em <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv63011.pdf>. Acesso em 18 Setembro 2018.
https://biblioteca.ibge.gov.br/visualiza...
). Além disso, foi realizada a análise da riqueza em espécies para cada área de ocorrência, delimitando quadrículas de 0.5° longitude × 0.5° latitude, com destaque para as áreas de maior interesse para a conservação da família no estado, utilizando o programa DIVA-GIS 7.5 (Hijmans et al. 2001Hijmans RJM, Cruz E, Rojas, & Guarino L (2001) DIVA-GIS, v. 1.4. A geographic information system for the management and analysis of genetic resources data. Manual. International Potato Center and International Plant Genetic Resources Institute, Lima. 40p.).

Resultados e Discussão

Terminalia constitui um grupo de arbustos e árvores frequentes nas áreas de Savana e Savana estépica do estado do Piauí (Fig. 1), sendo representado por sete espécies: Terminalia actinophylla Mart., T. amazonia (J.F. Gmel.) Exell., T. argentea Mart., T. eichleriana Alwan & Stace, T. fagifolia Mart., T. glabrescens Mart. e T. lucida Hoffmanns. ex Mart., das quais duas são endêmicas do Brasil. Registrou-se, ainda, a ocorrência de T. catappa L., espécie exótica naturalizada. Essa última foi incluída apenas na chave para permitir a correta identificação, no entanto, em virtude de ser exótica, não será descrita neste estudo.

Figura 1
Tipos vegetacionais registrados no estado do Piauí, segundo IBGE (2012) - a. Savana estépica (caatinga aberta); b. Savana (cerrado); c. Mata ciliar, vegetação as margens do rio Parnaíba.
Figure 1
Vegetation types registered in Piauí state, according to IBGE (2012) - a. Steppic Savanna (open caatinga); b. Savanna (cerrado); c. Riparian vegetation, vegetation on the banks of the river Parnaíba.

Através da análise da riqueza foi possível verificar que na maior parte do estado ocorrem apenas duas espécies de Terminalia, T. actinophylla e T. fagifolia. Tratam-se, portanto, de espécies com ampla distribuição no estado, enquanto as demais são relativamente mais restritas (Fig.2).

Figura 2
Riqueza em espécies de Terminalia no Piauí, grades de coordenadas de meio grau.
Figure 2
Species richness of the Terminalia in the Piauí, grids of half-degree coordinates.

Apenas T. amazonia, T. argentea e T. lucida não foram registradas em unidades de conservação no território piauiense. Destacamos, que 57% (4 spp.) das espécies de Terminalia registradas para o estado estão situadas em diferentes unidades de conservação do Piauí (Área de Proteção Ambiental do Rangel e da Lagoa de Nazaré do Piauí, Estação Ecológica de Uruçuí-Uma, Parque Nacional da Serra da Capivara e Parque Nacional da Serra das Confusões e Parque Nacional de Sete Cidades).

Terminalia L. Syst. Nat. 12. (2): 674. 1767.

Arbustos ou árvores. Folhas alternas, em geral, agregadas no ápice dos ramos. Glândulas 2 ou ausentes. Inflorescências em espigas, axilares ou terminais. Flores unissexuais ou bissexuais. Cálice 5−lobado, lobos desenvolvidos, reflexos ou não. Pétalas ausentes. Estames 10, inseridos em dois verticilos; anteras versáteis. Disco nectarífero geralmente desenvolvido, piloso. Fruto betulídeo, seco, 2−5-alado.

    Chave para identificação das espécies de Terminalia ocorrentes no Piauí
  • 1. Folhas largo-obovadas (>12 cm de compr.), base cordada; fruto drupoide, sem alas Terminalia catappa*

  • 1’. Folhas estreito-elípticas, elípticas, largo-elípticas, obovada-elípticas a obovadas, base atenuada, atenuada-cuneada a cuneada, fruto betulídeo, 2−5-alado.

    • 2. Folhas coriáceas; pecíolo levemente sulcado; fruto 20−29 × 21−29 mm 1.7. Terminalia lucida

    • 2’. Folhas cartáceas a subcoriáceas; pecíolo não sulcado; fruto 4−17 × 8−28 mm.

      • 3. Folhas cinéreo-seríceas em ambas as faces; nervação eucamptódroma-broquidódroma 1.3. Terminalia argentea

      • 3’. Folhas nunca cinéreo-seríceas em ambas as faces; nervação eucamptódroma, eucamptódroma-craspedódroma a craspedódroma ou broquidódroma.

        • 4. Folhas subcoriáceas; fruto 5-alado 1.6. Terminalia glabrescens

        • 4’. Folhas cartáceas; fruto 2−4-alado.

          • 5. Folhas com nervação eucamptódroma-craspedódroma a craspedódroma; espigas subcapitadas; flores unissexuais e bissexuais na mesma inflorescência 1.5. Terminalia fagifolia

          • 5’. Folhas com nervação eucamptódroma ou broquidódroma; espigas capitadas ou alongadas; somente flores bissexuais.

            • 6. Folhas com nervação broquidódroma; fruto com alas iguais 1.1. Terminalia actinophylla

            • 6’. Folhas com nervação eucamptódroma; fruto com alas desiguais.

              • 7. Folhas elípticas, face adaxial denso-serícea, abaxial serícea, ápice agudo a acuminado, base cuneada; fruto 3(-4)-alado, duas alas maiores e uma menor, raro 2 menores, largo-elípticas 1.4. Terminalia eichleriana

              • 7’. Folhas obovadas, face adaxial e abaxial glabra, ápice arredondado, base atenuada; fruto 4-alado, duas alas maiores e duas menores, arredondadas 1.2. Terminalia amazonia

1. Terminalia actinophylla Mart., Flora 24(2, Beibl.): 22. 1841. Figs. 1; 3a-b; 4a-c

Figura 3
Terminalia do Piauí. a-b. T. actinophylla - a. hábito; b. folhas e frutos. c-e. T. argentea - c. hábito; d. folha; e. frutos. f. T. eichleriana - f. hábito. g-h. T. fagifolia - g. hábito; h. frutos. i-j. T. glabrecens - i. hábito; j. frutos. k-l. T. lucida - k. hábito; l. folha. Créditos: b. R.R.S. Farias; d,e. B. Schindler; f. E. Moura; i, j. L.V. Linsingen.
Figure 3
Terminalia of Piauí. a-b. T. actinophylla - a. habit; b. leaves and fruits. c-e. T. argentea - c. habit; d. leaf; e. fruits. f. T. eichleriana - f. habit. g-h. T. fagifolia - g. habit; h. fruits. i-j. T. glabrecens - i. habit; j. fruits. k-l. T. lucida - k. habit; l. leaves. Credits: b. R.R.S. Farias; d,e. B. Schindler; f. E. Moura; i,j. L.V. Linsingen.
Figura 4
a-c. Terminalia actinophylla - a. folha; b. flor; c. fruto. d,e. T. amazonia - d. folha; e. fruto. f,g. T. argentea - f. folha; g. fruto. h-j. T. eichleriana - h. folha; i. flor; j. fruto. k-l. T. fagifolia - k. folha; l. fruto. m-o. T. glabrescens - m. folha; n. flor; o. fruto. p-q. T. lucida - p. folha; q. fruto. (a,b. B.M.T. Walter 6625; c. R.T.M. Ribeiro 47; d,e. D. Andrade-Lima 68-5320; f. Gardner 2566; g. L.P. Heringer et al. 5275; h. G. Martinelli et al. 17877; i. M.B. Horta et al. [BHCB 21825]; j. G. Martinelli et al. 17877; k-l. R.T.M. Ribeiro 56; m-o. Fernandes [EAC 8797, TEPB 4900]; p. R.T.M. Ribeiro 52; q. A. Fernandes [EAC 9377, F]).
Figure 4
a-c. Terminalia actinophylla - a. leaf; b. flower; c. fruit. d-e. T. amazonia - d. leaf; e. fruit. f-g. T. argentea - f. leaf; g. fruit. h-j. T. eichleriana - h. leaf; i. flower; j. fruit. k-l. T. fagifolia - k. leaf; l. fruit. m-o. T. glabrescens - m. leaf; n. flower; o. fruit. p-q. T. lucida - p. leaf; q. fruit. (a,b. B.M.T. Walter 6625; c. R.T.M. Ribeiro 47; d,e. D. Andrade-Lima 68-5320; f. Gardner 2566; g. L.P. Heringer et al. 5275; h. G. Martinelli et al. 17877; i. M.B. Horta et al. [BHCB 21825]; j. G. Martinelli et al. 17877; k-l. R.T.M. Ribeiro 56; m-o. Fernandes [EAC 8797, TEPB 4900]; p. R.T.M. Ribeiro 52; q. A. Fernandes [EAC 9377, F]).

Arbusto a árvore 2−20 m alt., ramos glabros. Folha 2.3−8 × 0.9−3.5 cm, cartácea, lâmina elíptica a obovada, ápice arredondado, agudo, raro retuso, frequente agudo com apículo, base atenuada, face adaxial e abaxial glabra a serícea, quando jovem denso-serícea; nervação broquidódroma, (4−)5−9 pares de nervuras secundárias; pecíolo 1−5 mm compr., glabro a seríceo, glândulas ausentes. Galhas 3.5−6 mm, cônicas presentes em ambas as faces ou ausentes. Inflorescência 2.5−6.8 cm compr., espigas alongadas, axilares ou terminais, bissexuais, pedúnculo 0.9−2.2 cm, raque 1.6−3 cm. Bractéola 0.5−0.9 mm, oval, serícea; botão floral 0.6−3 mm, capitado. Flor bissexual 3.5−4.6 mm compr.; hipanto inferior 1.4−2 mm, claviforme; hipanto superior 1.6−1.8 mm, campanulado; lobos do cálice ca. 0.5−0.7 × 0.5 cm, triangulares, reflexos; filetes do verticilo externo 6−8 mm compr.; filetes do verticilo interno 5−6 mm compr., anteras 0.2−0.3 mm, cordiformes; disco nectarífero ca. 0.8 mm compr., aneliforme, margem livre; ovário ca. 0.7 × 0.8 mm, estilete 5−10 mm compr., filiforme, comprimentos distintos nas flores da mesma inflorescência, estigma truncado. Fruto 5−13 × 10−17 mm, 2(-4)-alado, alas iguais, raro duas maiores e duas menores imperfeitas, alas 5−8 × 6−10 mm, elípticas a arredondadas; região central 4−6 × 2−3 mm, projetada apenas para uma face; pedicelo frutífero 1−3 mm compr.

Material examinado: BRASIL. PIAUÍ: Altos, ca. 9 km NE de Altos, 1.VIII.2004, fr., F. França 5023 (HUEFS). Amarante, Lage, 3.III.2005, fr., A.M. Miranda 4962 (EAC). Antônio Almeida, Conglomerado PI 243, subunidade 3, subparcela 7, 9.VII.2017, veg., M.S. Gomes IFN-2431353.7 (UB). Assunção do Piauí, Comunidade Quilombola Sítio Velho, 25.V.2011, fr., C.S. Carvalho 5 (TEPB). Bocaina, Morro do Curral Velho, 11.IV.2000, fr., M.R.A. Mendes 344 (TEPB). Bom Jesus, BR 351, 14.IV.2012, fr., R.R. Farias & R.N. Lopes 8 (EAC). Campo Maior, Fazenda Lourdes, Alto do Comandante, 26.X.2002, bot., C.G. Lopes & A. Carvalho 49 (EAC). Canavieira, estrada em direção à saída da Fazenda Boqueirão, 13.XI.2006, bot., J.M. Silva & M.E. Alencar 109 (TEPB). Canto do Buriti, BR 135, 15.IV.2012, fr., R.R. Farias & R.N. Lopes 11 (EAC). Capitão de Campos, 17.II.2006, fr., M. Oliveira & A. Galileu 2177 (EAC, HUCPE, MAC, MOSS). Castelo do Piauí, Fazenda Cipó de Cima, 19.IV.1994, veg., M.S.B. Nascimento 214 (TEPB). Colônia do Piauí, PI 143 em direção a Oeiras, ca. 10 km de Colônia do Piauí, 22.I.2012, bot., R.M. Harley et al. 56368 (HUEFS). Curimatá, Área de Proteção Ambiental do Rangel, 9º50’17”S, 44º32’59”W 20.VI.2007, fr., G. Martinelli & M.A. Moraes 16159 (BHCB, CEPEC, CTES, ESA, F, HUEFS, K, NY, RB, SPF). Floriano, entrada da Fazenda Experimental do Colégio Técnico de Floriano, 11.VIII.2017, 6º44’37”S, 43º04’42.2”W, fr., R.T.M. Ribeiro 47 (EAC). Guadalupe, Usina Hidrelétrica de Boa Esperança, 6.VI.2005, veg., I.C. Nascimento Júnior et al. 16 (UB). Itaueira, BR 135, 7º25’43”S, 43º07’31”W, 13.IV.2012, fr., R.R. Farias & R.N. Lopes 12 (EAC). Jatobá do Piauí, Alto do Comandante, Fazenda Lourdes, 6.III.2012, fr., R.R. Farias & R.N. Lopes 4 (EAC, TEPB). Jerumenha, 8.X.1973, fl., F.B. Ramalho 281 (IPA, HUCPE). José de Freitas, Fazenda Meruoca, 27.X.1976, fr., A. Fernandes & Matos (EAC 3007). Monsenhor Gil, Boa Esperança, 18.III.2007, fr., L. Santos 437 (TEPB). Nazaré do Piauí, Oriente, Área de Proteção Ambiental da Lagoa de Nazaré do Piauí, 23.VIII.1998, fr., A.R. França et al. (TEPB 10340). Oeiras, estrada Oeiras para Picos, à cerca de 5 km da cidade, 25.I.2014, fl., B.M.T. Walter et al. 6625 (EAC, CEN). Pedro II, 1.III.1980, fl., A. Castro (TEPB 1044). Piracuruca, 1.IV.2002, bot., M.E. Alencar (PEUFR 37952). Piripiri, Canto do Araçá, 21.VII.2002, fr., A.S.F. Castro 1341 (EAC, TEPB). Ribeiro Gonçalves, Estação Ecológica de Uruçuí-Una, 27.VII.1983, fr., A. Fernandes et al. (TEPB 2984). São Francisco do Piauí, Fazenda Serrinha, 23.XI.1973, bot., F.B. Ramalho 293 (HST, IPA, PEUFR). São José do Piauí, Morro do Baixio, 24.II.2000, fr., M.R.A. Mendes et al. 314 (PEUFR, TEPB). São Raimundo Nonato, Parque Nacional Serra da Capivara, Baixão das Andorinhas, 21.I.2012, fr., R.M. Harley et al. 56352 (HUEFS). Sigefredo Pacheco, Olho d’água da Fazenda, 10.V.2016, fr., J.R.A. Neto et al. 110 (TEPB). Teresina, 36 km ao NO de Picos, BR-316 para Teresina, bot., W.W. Thomas et al. 9594 (CEPEC, NY). Uruçuí, 22.I.2005, bot., fl, A.M. Miranda et al. 4693 (EAC, HST, INPA).

Terminalia actinophylla é reconhecida pelas folhas com nervação broquidódroma e frutos com alas iguais. Além disso, foram observadas flores bissexuais com estilete diferindo em tamanho na mesma inflorescência.

Distribuição, ecologia e status de conservação: A espécie é endêmica do Brasil e distribui-se nos estados da Bahia, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Piauí e Tocantins (BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527.). É uma espécie com ampla distribuição do estado, sendo facilmente encontrada em áreas de Savana (cerrado), Savana estépica (caatinga) e mata ciliar, especificamente em toda a região da bacia do rio Parnaíba (Fig. 1). Trata-se de espécie comumente utilizada como planta medicinal para o tratamento de problemas intestinais e respiratórios (R.T.M. Ribeiro, observação pessoal), além de propriedades antiinflamatórias e sedativas, em especial de fragmentos das folhas e casca em infusões (Ribeiro et al. 2012Ribeiro SS, Jesus AM, & Anjos CS (2012) Evaluation of the cytotoxic activity of some Brazilian medicinal plants. Planta Medica 78: 1601-1606.; Pádua et al. 2013Pádua PF, Dihl RR, Lehmann M, Abreu BR, Richter MF, & Andrade HH (2013) Genotoxic, antigenotoxic and phytochemical assessment of Terminalia actinophylla ethanolic extract. Food and Chemical Toxicology 62: 521-527.).

A espécie é explorada economicamente no Piauí devido sua madeira de qualidade, atividade melífera, no forrageamento e produção de energia. T. actinophylla foi registrada em diferentes unidades de conservação do estado: Área de Proteção Ambiental (APA) do Rangel, APA da Lagoa de Nazaré do Piauí, Estação Ecológica de Uruçuí-Uma e Parque Nacional Serra da Capivara.

O período de floração ocorre de outubro a abril e de frutificação entre janeiro a outubro.

Conhecida popularmente como “cascudo”, “cascudo liso”, “catinga de porco”, “chapada”, “chapadão”, “chapadeira”, “chapado”, “chapada de porco lisa” e chapada preta”.

2. Terminalia amazonia (J.F. Gmel.) Exell., Fl. Suriname, 3(1): 173. 1935Exell AW (1935) Species of Terminalia from the Solomon Is. Journal of Botany 73: 131-134.. Figs. 1; 4d-e

Árvore 8−9 m alt., ramos glabros. Folha ca. 3.9 × 2.2 cm, cartácea, lâmina obovada, ápice arredondado, base atenuada, face adaxial e abaxial glabra; nervação eucamptódroma, 5 pares de nervuras secundárias; pecíolo ca. 2 mm compr., glabro, glândulas ausentes. Galhas ausentes. Inflorescência ca. 2.6 cm compr., espigas alongadas, axilares ou terminais, bissexuais, pedúnculo ca. 2 cm, raque ca. 0.5 cm. Bractéola ca. 1 mm, oval, serícea; botão floral ca. 2 mm, capitado. Flor bissexual 5.5−7.5 mm compr.; hipanto inferior 1−2 mm, estreito-elíptico; hipanto superior 1−1.2 mm, cupuliforme; lobos do cálice ca. 0.5−0.7 × 0.6−0.8 cm, triangulares, eretos; filetes do verticilo externo 3.8−4.4 mm compr., filetes do verticilo interno 5−6 mm compr., anteras 0.5−0.6 mm, cordiformes; disco nectarífero ca. 1.2 mm compr., aneliforme, margem livre; ovário ca. 0.7 × 0.8 mm, estilete 2.2−3.5 mm compr., filiforme, estigma truncado. Fruto 7−8 × 11−13 mm, 4-alado, alas desiguais, 2 alas ca. 5 × 7 mm e 2 menores ca. 5 × 1 mm, arredondadas; região central 5 × 2 mm, não projetada para nenhuma das faces; pedicelo frutífero inconspícuo.

Material examinado: BRASIL. PIAUÍ: Amarante, km 14 da estrada Amarante, Floriano, 7.III.1968, fr., D. Andrade-Lima 68-5320 (IPA).

Material adicional examinado: BRASIL. PARÁ: Moju, trilha Juruá florestal, 24.X.2002, fl., A.M. Ferreira 225 (IAN).

Terminalia amazonia distingue-se por suas folhas obovadas, glabras, ápice arredondado, base atenuada; fruto 4-alado, duas alas maiores e duas menores imperfeitas, arredondadas.

Distribuição, ecologia e status de conservação: A espécie ocorre desde o México até a Bolívia (Stace 2010Stace CA (2010) Combretaceae. Flora Neotropica 107. The New York Botanical Garden Press, New York. 369p.). No Brasil tem ocorrência confirmada na Região Norte (Acre, Amazonas, Amapá, Pará) e Nordeste (Maranhão, Pernambuco) (Ribeiro et al. 2018Ribeiro RTM, Linsingen LV, Cervi AC, Marquete NFS, Loiola MIB, & Sales MF (2018) New synonyms and recircumscription of Terminalia sect. Diptera (Combretaceae) from South America. Systematic Botany 43: 250-257.; BFG 2018BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527.). Não foram encontrados registros ou espécimes da espécie nos herbários do Piauí. Encontrada apenas em vegetação de Savana (cerrado).

Coletada com frutos em março.

Conhecida popularmente como “pau de pente”.

3. Terminalia argentea Mart., Nov. Gen. Sp. Pl. (Martius) 1(3): 43. 1824. Figs. 1; 3c-e; 4f-g

Árvore, ramos glabros. Folha 4.6−6.8 × 1.5−2.1 cm, cartácea, lâmina elíptica, ápice acuminado, base atenuada, face adaxial cinéreo-serícea e abaxial denso cinéreo-serícea; nervação eucamptódroma-broquidódroma, 6−7 pares de nervuras secundárias; pecíolo 1.3−1.5 mm compr., glabro a seríceo, glândulas 2 ou ausentes. Galhas ausentes. Inflorescência 3.4−4.5 cm compr., espigas subcapitadas, axilares ou terminais, bissexuais, pedúnculo 1.8−2.5 cm, raque 1.4−2 cm. Bractéola ca. 0.6 mm, oval, serícea; botão floral 0.6−2 mm, capitado. Flor bissexual 7.6−8 mm compr.; hipanto inferior 1.3−1.7 mm, largo-elíptico; hipanto superior ca. 3.5 mm, campanulada; lobos do cálice ca. 1 × 1.5 cm, triangulares, eretos; filetes do verticilo externo 3−4 mm compr., filetes do verticilo interno 3.2−4.2 mm compr., anteras 0.6−0.8 mm, cordiformes; disco nectarífero ca. 0.8 mm compr., aneliforme, margem livre; ovário ca. 1.2 × 0.7 mm, estilete ca. 4.5 mm compr., filiforme, estigma truncado. Fruto 7−8 × 9−11 mm, 2-alado, alas iguais, alas 11−12 × 4−5 mm, arredondadas, região central 6−7 × 2−5 mm, projetada para ambas as faces; pedicelo frutífero ca. 10 mm compr.

Material examinado: BRASIL. PIAUÍ: Dry hilly places, distrito Paranagoá, IX.1839, fr., Gardner 2566 (BM, CGE, F, FI, G, IPA, K, NY, OXF, P, US, W).

Material adicional examinado: BRASIL. DISTRITO FEDERAL: Brasília, bacia do Rio São Bartolomeu, 6.VIII.1980, fl. e fr., L.P. Heringer et al. 5275 (IBGE, K, MG, MO, NY, US).

Terminalia argentea se diferencia, das demais espécies do gênero ocorrentes no estado, por suas folhas elípticas com ápice acuminado, cinéreo-seríceas em ambas as faces e nervação eucamptódroma-broquidódroma.

Distribuição, ecologia e status de conservação: Conforme Stace (2010)Stace CA (2010) Combretaceae. Flora Neotropica 107. The New York Botanical Garden Press, New York. 369p., a espécie ocorre no Brasil, Bolívia e Paraguai. No território brasileiro, T. argentea tem ocorrência confirmada em todas as regiões (BFG 2018). Trata-se de espécie, em âmbito nacional, avaliada como “pouco preocupante” em relação a status de conservação do táxon (CNCFlora 2018CNCFlora (2018) Terminalia argentea in Lista Vermelha da flora brasileira, versão 2012.2. Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Terminalia argentea>. Acesso em 27 Setembro 2018.
http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br...
). Apesar disso, no estado do Piauí não foram encontrados indivíduos em campo durante as expedições realizadas pelos autores para elaboração do presente estudo. Verificou-se, ainda, que a espécie não está representada nos acervos do estado. Reforçando a necessidade de um maior esforço de coleta em todo o estado para coleta de representantes de Terminalia.

Coletada com frutos em setembro.

4. Terminalia eichleriana Alwan & Stace, Ann. Missouri Bot. Gard. 76(4): 1127 (1989).

Figs. 1; 3f; 4h-j

Árvore ca. 7 m alt., ramos glabros. Folha 2.1−5.8 × 0.8−1.5 cm, cartácea, elípticas, ápice agudo a acuminado, base cuneada, face adaxial denso-serícea, abaxial serícea, em especial na região da nervura principal e secundárias; nervação eucamptódroma, 4 pares de nervuras secundárias; pecíolo 2−3 mm compr., seríceo, glândulas ausentes. Galhas ausentes. Inflorescência 1.9−2.2 cm compr., espigas capitadas, terminais, bissexuais, pedúnculo 1.3−1.5 cm, raque 0.4−0.7 cm. Bractéola ca. 1.8 mm, lanceolada, serícea; botão floral ca. 1.2 mm, subcapitado. Flor bissexual ca. 4.8 mm compr.; hipanto inferior ca. 1 mm, elíptico; hipanto superior ca. 1.5 mm, cupuliforme; lobos do cálice ca. 0.7 × 0.5 mm, triangulares, eretos; filetes do verticilo externo 2.3−4 mm compr., filetes do verticilo interno 1.2−2 mm compr., anteras ca. 0.3 mm, cordiformes; disco nectarífero ca. 1 mm compr., aneliforme, margem livre; ovário ca. 0.6 × 0.4 mm, estilete ca. 1.5 mm compr., filiforme, comprimentos iguais nas flores da mesma inflorescência, estigma truncado. Fruto ca. 6−8 × 10−15 mm, 3(-4)-alado, alas desiguais, duas maiores e uma menor, raro duas menores; alas 6−8 × 4−5 mm, largo-elípticas; região central 4−7 × 1−2 mm, projetada ou não para todas as faces; pedicelo frutífero 1−2 mm compr.

Material examinado: BRASIL. PIAUÍ: Caracol, Parque Nacional da Serra das Confusões, trilha entre o Lajedo do Canto Verde e a Lagoa do Jacu, 18.II.2013, fr., G. Martinelli et al. 17877 (HUEFS, TEPB). São Raimundo Nonato, Carnaíba, 10.IV.1979, fr., F.M.T. Freire (TEPB 459).

Material adicional examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Manga, DIJ, Gleba B, 1.XII.1989, fl. e fr., M.B. Horta et al. (BHCB 21825).

Terminalia eichleriana diferencia-se das demais espécies analisadas pelas folhas elípticas com face adaxial denso-serícea, abaxial serícea, ápice agudo a acuminado, base cuneada; fruto 3(-4)-alado, duas alas maiores e uma menor, raro 2 menores, largo-elípticas.

Distribuição, ecologia e status de conservação: É uma espécie endêmica do Brasil, encontrada apenas nos estados do Bahia, Minas Gerais e Piauí (BFG 2018). T. eichleriana ocorre em vegetação de savana (cerrado) e savana estépica (caatinga) e foi registrada no Parque Nacional Serra das Confusões.

Coletada com frutos entre fevereiro e abril.

Conhecida popularmente como “folha-miúda”.

5. Terminalia fagifolia Mart., Nov. Gen. Sp. 1:42, pl. 27. 1824. Figs. 1; 3g-h; 4k-l

Arbusto a árvore 1.2−30 m alt., ramos glabros. Folha 1−7.5 × 0.7−2.9 cm, cartácea, lâmina estreito-elíptica, elíptica a largo-elíptica, ápice agudo, arredondado ou curto-acuminado, frequente com apículo, base atenuada-cuneada a cuneada, face adaxial serícea, abaxial serícea a denso-serícea, em especial na região da nervura principal e secundárias, quando jovem ambas as faces denso-seríceas; nervação eucamptódroma-craspedódroma a craspedódroma, 6−13 pares de nervuras secundárias; pecíolo 1−5 mm compr., denso-seríceo, glândulas ausentes. Galhas 2.4−3.5 mm, cônicas com tufo de pelos no ápice presentes na face abaxial na axila da nervura principal com as secundárias. Inflorescência 1.9−2.5 cm compr., espigas subcapitadas, axilares ou terminais, unissexuais ou bissexuais, pedúnculo 1−1.2 cm, raque ca. 1 cm. Bractéola 1.2−1.5 mm, lanceolada, serícea; botão floral 1.3−4 mm, subcapitado. Flor unissexual 7−8 mm compr.; hipanto inferior 1.5−1.7 mm, elíptico; hipanto superior 1.5−1.7 mm, campanulado; lobos do cálice 0.7−0.8 × 0.5 mm, triangulares, eretos; filetes do verticilo externo ca. 4 mm compr., filetes do verticilo interno 2.5−3.5 mm compr., anteras ca. 0.5 mm, cordiformes; disco nectarífero ca. 1.2 mm compr., aneliforme, margem livre; flor bissexual ca. 8 mm compr.; hipanto inferior ca. 3 mm, elíptico; hipanto superior ca. 2.2 mm, campanulado; lobos do cálice ca. 0.5 × 0.5 mm, triangulares, eretos; filetes do verticilo externo ca. 2.5 mm compr., filetes do verticilo interno ca. 3 mm compr., anteras ca. 0.5 mm compr., cordiformes; disco nectarífero ca. 1 mm compr., aneliforme, margem livre; ovário ca. 0.5 × 0.3 mm, estilete ca. 5 mm compr., filiforme, comprimentos iguais nas flores da mesma inflorescência, estigma truncado. Fruto 9−17 × 17−28 mm, 2-alado, alas iguais; alas 10−15 × 9−10 mm, arredondadas ou oblongas; região central 5−11 × 3−7 mm, projetada apenas para uma face; pedicelo frutífero 3−4 mm compr.

Material examinado: BRASIL. PIAUÍ: Amarante, Margem da rodovia PI 130, 18.XI.2005, fl. e fr., A.M. Miranda et al. 5210 (HST, HUESB, HUEFS, IPA). Antônio Almeida, Conglomerado PI 244, subunidade 3, subparcela 1, 7.VII.2017, veg., M.S. Gomes IFN-2441273.1 (UB). Baixa Grande do Ribeiro, 6.XII.2000, fr., R. Barros 1208 (TEPB). Barras, PI-113 próximo a ponte, após 20 km da sede do município de Barras, 23.II.2000, fr., R. Barros 544 (TEPB). Batalha, 7a. parcela do inventário florestal dos cerrados do Piauí, 15.XII.1981, fl. e fr., J.R. Vasconcelos (TEPB 2718). Bocaina, Morro do Curral Velho, 16.XII.1999, fr., M.R.A. Mendes 194 (PEUFR, TEPB). Bom Jesus, Rodovia Bom Jesus - Gilbués, 23 km oeste da cidade de Bom Jesus, 20.VI.1983, fr., L. Coradin 5901 (CEN, K, RB). Bom Princípio, estrada de acesso para Bom Princípio, 10.I.1995, fr., A. Fernandes et al. (EAC 21670, TEPB 8486). Brasileira, Entorno do Parque Nacional de Sete Cidades, 24.X.1995, fl., fr., F.C. Medeiros 14 (HUEFS, UEC). Buriti dos Lopes, Fazenda Mucambo Velho, 16.VII.2015, fr., D. Silva et al. 112 (TEPB). Campo Maior, Comunidade Resolvido, 31.X.2008, fr., M.P. Silva 144 (TEPB). Canavieira, Fazenda Lagoa do Sal, 25.VI.2009, bot., J.M. Silva 52 (TEPB). Caracol, Parque Nacional da Serra das Confusões, 22.VI.2007, veg., R.M. Santos 1482 (HUEFS). Castelo do Piauí, Fazenda Cipó de Baixo, 13.VI.1995, veg., M.S.B. Nascimento & M.E. Alencar 1068 (IPA, TEPB). Cocal, Pirapora, 7.VI.2003, fr., E.M.F. Chaves & E.M. Sérvio Júnior 377 (TEPB). Colônia do Piauí, PI 143 em direção a Oeiras, 10 km de Colônia do Piauí, 22.I.2012, fr., R.M. Harley et al. 56370 (HUEFS). Currais, 09.IV.2010, fr., A.C. Batistel (TEPB 29604). Floriano, Comunidade Poço de Pedra, 06º47’16”S, 43º08’35”W, 11.VIII.2017, fr., R.T.M. Ribeiro 56 (EAC). Gilbués, 6.VI.1987, veg., A. Fernandes (EAC 22137). Guadalupe, conglomerado PI-202, subunidade 1, subparcela 9, 22.VI.2017, fr., M.S. Gomes IFN-20291.9 9 (UB, UFRA). Jerumenha, Fazenda Vaca Brava, 25.XI.2010, veg., A.S. Lima 16 (TEPB). Monsenhor Gil, Boa Esperança, 28.II.2006, fr., L. Santos 185 (EAC, TEPB). Monte Alegre do Piauí, Conglomerado PI 580, subunidade 1, subparcela 1, 1.VIII.2017, veg., G. Viana IFN-5801071.1 (UB). Nazaré do Piauí, 28.X.2002, fl. e fr., F.R.C. Almeida et al. 2 (EAC, TEPB). Oeiras, Fazenda Piloto, Chapada Grande, PI 230 km 67/68, 1.IV.1987, veg., A.J. Castro (TEPB 5540, UEC 46092). Picos, Fazenda Tamboril, encosta do Vale do rio Itaim, 5.XII.1971, fr., D. Andrade-Lima et al. 1174 (ASE, EAC, IPA, PEUFR). Piracuruca, Parque Nacional de Sete Cidades, Piscina dos Milagres, Primeira cidade, 30.VIII.1998, fl. e fr., M.E. Alencar 329 (PEUFR, UEC). Porto Alegre do Piauí, III.2011, veg., I.C. Nascimento Júnior et al. 141 (UB). Redenção do Gurguéia, 23.X.2008, fl., A.S.F. Castro 2108 (EAC). Ribeiro Gonçalves, 10.III.2009, fr., J. Rodrigues 16176 (HST, HUEFS). São João da Varjota, Mimoso, 22.V.2008, fr., A.S.F. Castro 2085 (EAC). São João do Piauí, PI-141, área agro-pastoril, 16.IV.2005, fr., R. Barros 2028 (EAC). São Raimundo Nonato, Parque Nacional Serra da Capivara, 7.VII.1978, veg., L. Emperaire (TEPB 72). Sebastião Barros, Conglomerado PI 634, subunidade 4, subparcela 9, 1.VIII.2017, veg., D.S. Araújo IFN-634394.9 (UB). Simplício Mendes, 5.XII.1971, fl., D. Andrade-Lima et al. 1181 (ASE, MAC, IPA). Uruçuí, Fazenda Boa Vista, 25.I.2005, fr., A.M. Miranda et al. 4838 (ALCB, HST, HUEFS, TEPB). Valenças do Piauí, rodoviária federal de Valença, 3.III.1980, fr., M.R. Del’ Arco (TEPB 1055).

Terminalia fagifolia é caracterizada pelas folhas com nervação eucamptódroma-craspedódroma a craspedódroma, espigas subcapitadas com flores unissexuais e bissexuais na mesma inflorescência.

Distribuição, ecologia e status de conservação: Segundo BFG (2018), a espécie apresenta registros para as regiões Nordeste (Bahia, Ceará, Maranhão e Piauí), Centro-Oeste (Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul) e Sudeste, em Minas Gerais. No Piauí é encontrada em áreas de Savana (cerrado), Savana estépica (caatinga) e Floresta estacional semidecidual de terras baixas (mata de tabuleiro litorâneo). Registrada em diferentes unidades de conservação do estado, como: Parque Nacional (PARNA) de Sete Cidades, PARNA da Serra das Confusões e PARNA da Serra da Capivara.

Apresenta flores entre agosto e dezembro e frutos durante todo o ano.

Conhecida popularmente como “camaçari”, “cascarenta”, cascudo”, “cascudo de chapada”, “catinga branca”, “catinga de porco”, “chapada cascuda”, “chapada de cascuda”, “chapada liso”, “chapadeiro”, “muta braba”, “orelha de cachorro”, “pau cascudo” e “tintureiro”.

6. Terminalia glabrescens Mart., Flora 20(2): 124. 1837. Figs. 1; 3i-j; 4m-o

Arbusto a árvore 3−5 m alt., ramos glabros. Folha 4.2−9.4 × 2−4.1 cm, subcoriácea, lâmina obovada, ápice arredondado a retuso, base atenuada, face adaxial e abaxial subglabra a serícea, tricomas, em geral, na região da nervura principal e secundárias; nervação broquidódroma, 6−8 pares de nervuras secundárias; pecíolo 5−12 mm compr., glabro, glândulas ausentes. Galhas ausentes. Inflorescências 7.5−12.5 cm compr., espigas alongadas, axilares ou terminais, bissexuais, pedúnculo 1.1−1.8 cm, raque 6.3−11.8 cm. Bractéola 1.2−1.5 mm, estreito-triangular, vilosa; botão floral 1.3−2 mm, subcapitado. Flor bissexual 6−7 mm compr.; hipanto inferior 3−3.2 mm, elíptico; hipanto superior 2−2.2 mm, campanulado; lobos do cálice 0.5−0.8 × 0.5−0.7 mm, triangulares, eretos; filetes do verticilo externo 4−4.2 mm compr., filetes do verticilo interno 3.5−4 mm compr., anteras 0.7−0.9 mm diam., cordiformes; disco nectarífero ca. 1.3 mm compr., aneliforme, margem livre; ovário ca. 0.4 × 0.3 mm; estilete ca. 5 mm compr., filiforme; estigma truncado. Fruto 4−6 × 8−11 mm, 5-alado, seríceo; alas 4−5 × 1−2 mm, arredondadas ou oblongas; região central 4−5 × 1−2 mm, projetada apenas para uma face; pedicelo frutífero 1−2 mm compr.

Material examinado: BRASIL. PIAUÍ: Caracol, Parque Nacional da Serra das Confusões, 22.VI.2007, fr., R.M. Santos 1498 (HUEFS, ESAL). Teresina, Rodovia PI-130, entre Teresina e Palmeirais, 6.VII.1980, fl. e fr., A. Fernandes (EAC 8797, TEPB 4900).

Terminalia glabrescens diferencia-se pelas folhas subcoriáceas e fruto 5-alado.

Distribuição, ecologia e status de conservação: No Brasil, a espécie apresenta registros em todas as regiões geográficas do país (BFG 2018). Para o Piauí, T. glabrescens ocorre em vegetação de Savana (cerrado) e Savana estépica (caatinga). A espécie pode estar subamostrada no estado, com base no pequeno número de espécimes encontrados para análise. Foi registrada no Parque Nacional da Serra das Confusões (UC Federal).

Encontrada com flores em julho e frutos em junho e julho.

Conhecida popularmente como ‘tingui”.

7. Terminalia lucida Hoffmanns. ex Mart., Nov. Gen. Sp. Pl. 1(3): 43. 1824.

Figs. 1, 3 k-l, 4 p-q

Árvore 3−12 m alt., ramos glabros. Folha 5.5−11.9 × 2.5−6.7 cm, coriácea, lâmina obovada-elíptica a obovada, ápice curto-acuminado a acuminado, base atenuada, face adaxial e abaxial glabra, quando jovens ambas as faces seríceas; nervação broquidódroma, 5−10 pares de nervuras secundárias; pecíolo 5−17 mm compr., glabro, levemente sulcado; glândulas ausentes. Galhas ausentes. Inflorescência 6−8.5 cm compr., espigas alongadas, axilares ou terminais, bissexuais, pedúnculo 1.2−1.8 cm, raque 4.7−6.7 cm. Bractéola 0.5−0.7 mm, oval, serícea; botão floral não observado. Flor bissexual 4−5 mm compr.; hipanto inferior 1.1−2 mm, claviforme; hipanto superior 1.5−2 mm, campanulado; lobos do cálice ca. 0.6−0.7 × 0.5 cm, triangulares, reflexos; filetes do verticilo externo 3.5−4 mm compr.; filetes do verticilo interno 2.5−3.8 mm compr., anteras ca. 0.2 mm, cordiformes; disco nectarífero ca. 1 mm compr., aneliforme, margem livre; ovário ca. 0.5 × 0.6 mm, estilete 2−3 mm compr., filiforme, estigma truncado. Fruto 20−29 × 21−29 mm, 2-alado, alas iguais, alas 17−20 × 8−19 mm, arredondadas; região central 11−19 × 3−5 mm, projetada para ambas as faces; pedicelo frutífero 1−2 mm compr.

Material examinado: BRASIL. PIAUÍ: Amarante, margem do rio Parnaíba, 8.IX.1909, fl., M.A. Lisboa 2364 (RB). Floriano, Bairro de Sambaíba Velha, 6º46’27”S e 43º00’17”W, 11.VIII.2017, veg., R.T.M. Ribeiro 52 (EAC). Guadalupe, Usina Hidrelétrica de Boa Esperança, divisa dos estados do Piauí e Maranhão, 6º50’15”S e 43º32’53”W, 187 m, 6.VI.2005, veg., I.C. Nascimento Júnior et al. 7 (UB, TEPB). Palmeirais, 2.XII.1980, fr., A. Fernandes (EAC 9377). Parnaíba, Ilha de Santa Isabel, 9.VI.2001, fr., A. Fernandes (EAC 30812). Teresina, Rodovia de Teresina a Palmeirais, ao longo do rio Parnaíba, Sumaré, 32km ao sul de Teresina, 8.XII.1981, fr., J. Jangoux 1817 (NY). União, Pedra de Fogo, 10.VI.2004, veg., M.M.S. Mendes 153 (TEPB).

Terminalia lucida é marcadamente distinta por suas folhas com 5,5−11,9 × 2,5−6,7 cm, em geral maiores que nas demais espécies, coriáceas e fruto 20−29 × 21−29 mm.

Distribuição, ecologia e status de conservação: Com relação à distribuição no Brasil, à espécie apresenta registros para os estados da Bahia, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Piauí e Tocantins (BFG 2018). Especificamente no Piauí, T. lucida ocorre em vegetação de Savana (cerrado), bem como em mata ciliar nas margens do rio Parnaíba. Encontrada com flores em setembro e frutos em junho e dezembro.

Conhecida popularmente como “pau d’água”.

Agradecimentos

Os autores agradecem a Felipe Martins Guedes a elaboração das ilustrações, a Dra. Josiane Silva Araújo (UESPI), ao Dr. Alyson Luiz Santos de Almeida (UFPI) o suporte, estadia e auxílio com as coletas no estado. Além disso, agradecem ao Sr. Freudemberg Santana, a Angélica Candida Ferreira, Thaís Alves da Silva, Railson Gomes Leite e Nágilla Alves por todo auxílio com as coletas de campo. As instituições responsáveis e herbários mencionados neste estudo, em especial, o Herbário Graziela Barroso (TEPB) e sua curadora Profa. Roseli Farias Melo de Barros. Ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) as bolsas de Produtividade concedidas a Margareth Ferreira de Sales e Maria Iracema Bezerra Loiola (Processo n° 304099/2017-1). A toda equipe do Laboratório de Sistemática e Ecologia Vegetal (LASEV-UFC, <https://lasevufc.wixsite.com/lasevufc>). O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.

Referências

  • Berger BA (2012) Myrtales: Molecules, mangroves and metrosideros. Tese de Doutorado. Universidade de Wisconsin-Madison, Wisconsin. 196p.
  • BFG - The Brazil Flora Group (2018) Brazilian Flora 2020: innovation and collaboration to meet Target 1 of the Global Strategy for Plant Conservation (GSPC). Rodriguésia 69: 1513-1527.
  • CNCFlora (2018) Terminalia argentea in Lista Vermelha da flora brasileira, versão 2012.2. Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Terminalia argentea>. Acesso em 27 Setembro 2018.
    » http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Terminalia argentea
  • Cock IE (2015) The medicinal properties and phytochemistry of plants of the genus Terminalia (Combretaceae). Inflammopharmacology 23: 203-229.
  • CRIA (2018) Geoloc. Disponível em < http://splink.cria.org.br/>. Acesso em 20 Agosto 2018.
    » http://splink.cria.org.br/
  • Eichler AG (1867) Combretaceae. In: Martius CFP, Eichler AW, & Urban I (eds.) Flora brasiliensis Fleicher, Liepizig. Vol. 14, pp. 77-128.
  • Engler HGA, & Diels L (1900) Combretaceae - Combretum In: Engler HGA (org.) Monographien afrikanischer PflanzenFamilien und Gattungen. Engelmann, Leipzig. Vol. 3, pp. 1-116.
  • Exell AW (1935) Species of Terminalia from the Solomon Is. Journal of Botany 73: 131-134.
  • Exell AW (1958) Combretaceae. In: Woodson RE, & Schery RW (eds.) Flora of Panama. Vol. 45. Annals of the Missouri Botanical Garden, St. Loius. Pp. 143-164.
  • Exell AW (1970) Summary of the Combretaceae of Flora Zambesiaca. Kirkia 7: 159-252.
  • Exell AW (1978) Combretaceae. In: Launert E (org.) Flora Zambesiaca. Vol. 4. Crown Agents, Winterton. Pp. 100-183.
  • Fogaça DNL, Pinto Júnior WRS, Rêgo Júnior NO, & Nunes GS (2013) Atividade antioxidante e teor de fenólicos de folhas da Terminalia catappa Linn em diferentes estágios de maturação. Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada 34: 257-261.
  • Gonçalves EG, & Lorenzi H (2007) Morfologia vegetal: organografia e dicionário ilustrado de morfologia das plantas vasculares. Plantarum, Nova Odessa. 416p.
  • Hickey LJ (1973) Classification of the architecture of dicotyledonous leaves. American Journal of Botany 60: 17-33.
  • Hijmans RJM, Cruz E, Rojas, & Guarino L (2001) DIVA-GIS, v. 1.4. A geographic information system for the management and analysis of genetic resources data. Manual. International Potato Center and International Plant Genetic Resources Institute, Lima. 40p.
  • IBGE (2012) Manual técnico da vegetação brasileira. 2a ed. Disponível em <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv63011.pdf>. Acesso em 18 Setembro 2018.
    » https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv63011.pdf
  • IPNI (2018) The International Plant Names Index. Disponível em <http://www.ipni.org>. Acesso em 2 Setembro 2018.
    » http://www.ipni.org
  • JSTOR (2018) JSTOR - Global Plants. Disponível em <https://plants.jstor.org/>. Acesso em 10 Agosto 2018.
    » https://plants.jstor.org/
  • Linsigen LV, Cervi AC, & Guimarães O (2009) Sinopse taxonômica da família Combretaceae R. Brown na Região Sul do Brasil. Acta Botanica Brasílica 23: 738-750.
  • Loiola MIB, Rocha EA, Baracho GS, & Agra MF (2009) Flora da Paraíba: Combretaceae. Acta Botanica Brasílica 23: 330-342.
  • Marquete NFS (1984) Combretaceae do estado do Rio de Janeiro. Subtribo Terminaliineae. Rodriguésia 36: 91-104.
  • Marquete NFS, & Valente MC (1997) Combretaceae. In: Marques MCM, & Martins HF (orgs.) Flora do estado do Rio de Janeiro. Albertoa 4: 13-51.
  • Marquete NFS, Teixeira J, & Valente MC (2003) Terminalia L. (Combretaceae) na região Sudeste do Brasil. Bradea 16: 99-123.
  • Maurin O, Chase MK, Jordaan M, & Vanderbank M (2010) Phylogenetic relationships of Combretaceae inferred from nuclear and plastid DNA sequence data: implications for generic classification. Botanical Journal of the Linnean Society 162: 453-476.
  • Maurin O, Gere J, Van Der Bank M, & Boatwright JG (2017) The inclusion of Anogeissus, Buchenavia and Pteleopsis in Terminalia (Combretaceae: Terminaliinae). Botanical Journal of the Linnean Society 184: 312-325.
  • Mori AS, Silva LAM, Lisboa G, & Coradin L (1989) Manual de Manejo de Herbário Fanerogâmico. Vol. 2. Centro de Pesquisas do Cacau, Ilhéus. 104p.
  • Nunes PHM, Martins MCC, Oliveira RCM, Chaves MH, Sousa EA, Leite JRSA, Véras LM, & Almeida FRC (2014) Gastric antiulcerogenic and hypokinetic activities of Terminalia fagifolia Mart., & Zucc. (Combretaceae). BioMed Research International 1: 1-14.
  • Pádua PF, Dihl RR, Lehmann M, Abreu BR, Richter MF, & Andrade HH (2013) Genotoxic, antigenotoxic and phytochemical assessment of Terminalia actinophylla ethanolic extract. Food and Chemical Toxicology 62: 521-527.
  • Quantum GIS Development Team (2018) Quantum GIS Geographic Information System. Open Source Geospatial Foundation Project. Disponível em <http://qgis.osgeo.org/>. Acesso em 2 agosto 2018.
    » http://qgis.osgeo.org/
  • Radford AE, Dickson WC, Massey JR, & Bell CR (1974) Vascular plant systematics. Vol. 1. Harper, & Row, New York. 891p.
  • Ribeiro SS, Jesus AM, & Anjos CS (2012) Evaluation of the cytotoxic activity of some Brazilian medicinal plants. Planta Medica 78: 1601-1606.
  • Ribeiro RTM, Loiola MIB, & Sales MF (2017) Flora do Espírito Santo: Subtribo Terminaliinae (Combretaceae). Rodriguésia 68: 1547-1557.
  • Ribeiro RTM, Linsingen LV, Cervi AC, Marquete NFS, Loiola MIB, & Sales MF (2018) New synonyms and recircumscription of Terminalia sect. Diptera (Combretaceae) from South America. Systematic Botany 43: 250-257.
  • Soares Neto RL, Cordeiro LS, & Loiola MIB (2014) Flora do Ceará, Brasil: Combretaceae. Rodriguésia 65: 685-700.
  • Stace CA (2007) Combretaceae. In: Harling G, & Person C (eds.) Flora of Ecuador 81. Vol. 8. Botanical Institute of University of Göteborg, Sweden. Pp. 1-63.
  • Stace CA (2010) Combretaceae. Flora Neotropica 107. The New York Botanical Garden Press, New York. 369p.
  • Tan FX, Shi SH, Zhong Y, Gong X, & Wang YG (2002) Phylogenetic relationships of Combretoideae (Combretaceae) inferred from plastid, nuclear gene and spacer sequences. Journal of Plant Research 115: 475-481.
  • Thiers (continuamente atualizado) Index Herbariorum: a global directory of public herbaria and associated staff. New York Botanical Garden’s Virtual Herbarium. Disponível em <http://sweetgum.nybg.org/science/ih/>. Acesso em 28 agosto 2018.
    » http://sweetgum.nybg.org/science/ih/
  • Wickens GE (1973) Combretaceae . In: Polhill RM (ed.) Flora of Tropical East Africa. Vol. 1. Crown Agents for Overseas Governments and Administrations, London. Pp. 1-99.

Editado por

Editora de área: Dra. Tatiana Carrijo

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    16 Nov 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    02 Out 2018
  • Aceito
    20 Mar 2019
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Rua Pacheco Leão, 915 - Jardim Botânico, 22460-030 Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Tel.: (55 21)3204-2148, Fax: (55 21) 3204-2071 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: rodriguesia@jbrj.gov.br