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ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA DA PESQUISA EM ESTUDOS DA TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO (ETI) EM NÍVEL DE DOUTORADO NO BRASIL

BIBLIOMETRIC ANALYSIS OF THE RESEARCH IN TRANSLATION STUDIES AND INTERPRETATION AT DOCTORAL LEVEL IN BRAZIL

Resumo

O presente artigo nasceu de uma colaboração da UFRN com o Projeto BITRA1 1 Acesso aberto em: https://dti.ua.es/en/bitra/introduction.html - BITRA. Bibliografia de Interpretação e TraduçãoBITRA. https://dti.ua.es/en/bitra/introduction.html.
https://dti.ua.es/en/bitra/introduction....
(Universidade de Alicante – ES), na qual, diante da falta de dados sobre a produção acadêmica brasileira referente à tradução, procuramos dar nossa contribuição. Assim, nosso objetivo principal é traçar um panorama crítico dos Estudos da Tradução e Interpretação (ETI) no Brasil a partir de um levantamento das teses realizadas e defendidas nas Instituições de Ensino Superior brasileiras: federais, estaduais e privadas que puderam serencontradas primeiramente no BITRA e nos repositórios institucionais, no IBICT e no repositório de teses e dissertações da CAPES. O levantamento foi feito seguindo as bases de dados referenciadas acima e a ficha de catalogação de dados do BITRA que será exposta no artigo e de acordo com as diretrizes bibliométricas. Como resultado deste processo de coleta conseguimos catalogar 374 teses de doutorado sobre ETI defendidas no Brasil, que constituirão nosso principal corpus de análise.

Palavras-chave
Bibliometria; BITRA; Estudos de tradução; Pesquisa; Teses de doutorado

Abstract

This article derives from an international collaboration between the UFRN and BITRA (Bibliography in Interpreting and Translation – University of Alicante, Spain) in which, given the paucity of data about academic production dealing with Brazilian Translation Studies (TS), we attempt to throw some light about the nature and evolution of TS in Brazil. Our main aim is to present a critical overview of TS in Brazil based on the mining of doctoral theses submitted to Brazilian federal, state or private universities. To this end, we mined BITRA, institutional repositories, the IBICT and the theses and dissertations repository of the CAPES. The systematization of the data was performed following thestructure of BITRA, which will be presented in this article together withother bibliometric methodological criteria. As a result, we identified 374Ph.D. theses dealing with TS and submitted to Brazilian universities, allof which will comprise our main corpus.

Keywords
Bibliometrics; BITRA; Translation Studies; Research; Doctoral theses

1. Introdução

O presente artigo nasceu de uma colaboração da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) com o Projeto BITRA - Bibliografía de Interpretación y Traducción (Universidade de Alicante - ES), na qual, diante da falta de dados sobre a produção acadêmica brasileira referente aos estudos de tradução e interpretação (ETI), procuramos dar uma primeira aproximação sistemática sobre o tema. Assim, nosso objetivo é traçar um panorama dos Estudos de Tradução e Interpretação no Brasil a partir de um levantamento das teses – entendidas aqui como um produto de amadurecimento intelectual e representando, portanto, a vanguarda da pesquisa em cada momento histórico por sua exigência de originalidade –, realizadas e defendidas nas Instituições de Ensino Superior brasileiras: federais, estaduais e privadas que já estavam registradas no BITRA ou que puderam ser encontradas nos repositórios institucionais, no IBICT e no repositório de teses e dissertações da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). O levantamento foi feito seguindo a ficha de catalogação de dados do BITRA que será exposta mais abaixo e de acordo com diretrizes bibliométricas, a saber: levantamento estatístico possibilitando análise comparativa de dados. (Rovira; Franco, no preloRovira-Esteva, S. e Franco, J. “Bibliometric tools: Evolution, mapping, research funding”. In: D’hulst, L. e Gambier, Y. (Orgs.). A History of Modern Translation knowledge: Sources, concepts, effects. Amsterdam: John Benjamins Library, no prelo.).

O tema que será aqui abordado já foi tratado por outros autores como Pagano e VasconcellosPagano, A. e Vasconcellos, M. L. “Estudos da Tradução no Brasil: reflexões sobre teses e dissertações elaboradas por pesquisadores brasileiros nas décadas de 1980 e 1990”. D.E.L.T.A. 19.Especial (2003)., no qual as autoras procuraram mostrar a produção de 54 dissertações e 39 teses e a afiliação teórica dos trabalhos a partir de um CD-ROM, Estudos da Tradução no Brasil/ Translation Studies in Brazil coordenado pelo Grupo de Trabalho de Tradução da Anpoll (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Letras e Linguística); Frota, que por meio de uma análise da revista Cadernos de Tradução (Florianópolis, 1996 – 2006), no momento de comemoração de dez anos de existência do periódico, trouxe ao leitor um balanço dos estudos da tradução desenvolvidos no Brasil; temos o capítulo de Vasconcellos, “Os Estudos da Tradução no Brasil nos séculos XX e XXI: ComUNIDADE na diversidade dos Estudos da Tradução?”, no qual fez um histórico sobre a formação e consolidação dos estudos da tradução terminando com uma reflexão sobre a narrativa conceitual acadêmica. Milton (2014)Milton, J. Editorial: Los estudios de traducción en Brasil. Mutatis Mutantis 7.1 (2014) : 3-15., por sua vez, se preocupou com o desenvolvimento dos estudos da tradução no Brasil a partir de sua institucionalização na academia nas décadas de 1980 e 1990. Para finalizar, Alves e Vasconcellos publicaram o artigo Metodologias de Pesquisa em Estudos da Tradução: uma análise bibliométrica de teses e dissertações produzidas no Brasil entre 2006 e 2010. Como o próprio título já diz, os autores circunscreveram o corpus de análise ao conjunto de 269 teses e dissertações registradas no site “Domínio Público” desde a criação deste em 2006 até 2010, final de uma década, sendo que o principal objetivo dos autores era a interface Linguística de Corpus e Linguística Sistêmico-Funcional.

Para retomarmos um pouco desse histórico utilizamos das palavras de José Paulo Paes:

O ensino universitário teve outrossim o condão de estimular os estudos de tradutologia, disciplina que encontrou seu órgão mais categorizado na revista Tradução & Comunicação, dirigida por Erwin Theodor e Julio Garcia Morejón (9 números publicados entre 1981 e 1986). A mesma editora [Álamo, Faculdade Ibero-Americana de São Paulo] que lançou essa revista, cuja publicação foi infelizmente suspensa, lançou também o volume A tradução da grande obra literária [coletânea organizada por Waldivia Portinho, 1982Portinho, W. (Org.). A tradução técnica e seus problemas. São Paulo: Alamo, 1983.], a qual veio enriquecer a nossa ainda pobre bibliografia tradutológica, onde já figuram, a par dos livros pioneiros de Paulo Rónai [Escola de tradutores, de 1952, e A tradução vivida, de 1975] e Brenno Silveira [A arte de traduzir, de 1954], obras como Tradução: ofício e arte de Erwin Theodor [1976], O que é tradução de Geir Campos [1986]Campos, G. Tradução e ruído na comunicação teatral. São Paulo: Alamo, 1982., Cultura e tradutologia [1983] e Estudos de tradutologia [1981], coletâneas organizadas por Delton de Mattos, Tartufo 81 (ensaio sobre a poética da tradução de teatro) [1980], de Guilherme Figueiredo, Território da tradução, de Iumma Maria Simon (org.) [revista Remate de Males n. 4, 1984], Oficina de tradução, de Rosemary Arrojo [1986], e poucas outras.

(Paes apud Brito 138)

Segundo Maria Paula FrotaFrota, M. P. Um balanço dos Estudos da Tradução no Brasil. Cadernos de Tradução 19.1 (2007): 135-169., ao buscar no acervo da biblioteca da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) por livros sobre essa temática encontrou apenas poucos outros: Tradução e ruído na comunicação teatral, de Geir Campos; A tradução técnica e seus problemas, coletânea organizada por Waldivia Portinho; Tradução intersemiótica, de Júlio PlazaPlaza, J. Tradução intersemiótica. São Paulo: Perspectiva, 1987., e A formação do tradutor em nível universitário, de Delton MattosMattos, D. (Org.). A formação do tradutor em nível universitário. Brasília: Horizonte, 1980.. De acordo, portanto, com a autora, em consonância com Milton, grosso modo, num período de quase 40 anos, isto é, a contar do livro inaugural de Paulo Rónai, tem-se no Brasil treze livros, cinco coletâneas e um periódico especializado em tradução. Felizmente, o panorama brasileiro não é, no entanto, tão austero como apresentam esses autores e se ampliou enormemente nos últimos anos. Assim, no BITRA (e sem dúvida existirão muitos outros documentos acadêmicos, especialmente dos últimos anos ainda não detectados e incorporados a esta base de dados), tem-se menos 135 livros resgistrados cujo foco central são os ETI publicados no Brasil de 1952 a 2015, conforme Gráfico 1:

Gráfico 1
Quantidade de livros de ETI publicados no Brasil em cada década2 2 Além do fato de o último período ser a metade dos anteriores, podemos dizer que, a redução aparente de publicações no último quinquênio (2011-2015) se deve simplesmente ao fato de que parte dos livros mais recentes ainda não está catalogada no BITRA.

Um dado importante sobre a dinâmica de publicação no Brasil é que praticamente a totalidade (ou seja, 99,3%) dos livros editados estão em língua portuguesa, o que parece indicar certa renúncia à internacionalização da investigação local. No entanto, seria necessário conhecer a dinâmica de publicação dos livros acadêmicos em outras áreas do conhecimento para podermos extrair conclusões iniciais a respeito. De todo modo, o aumento ao longo dos ano é grande e constante e deixa os estudos da tradução brasileiros em uma posição muito boa, algo que, como veremos, é confirmado pela produção de teses de doutorado.

O mesmo acontece com as revistas especializadas brasileiras (aquelas que contém ao menos 50% de artigos sobre ETI). Segundo dados do BITRA, editou-se ao menos doze revistas no Brasil, de Tradução e Comunicação, até a explosão, na última década, de periódicos vinculados a programas de pós-graduação, com oito revistas nascidas no século XXI.

Nesta mesma linha de ETI que vem ganhando peso, cabe dizer que em 1986 criou-se o Grupo de Trabalho em Tradução da Anpoll; em 1992 fundou-se a ABRAPT (Associação Brasileira de Pesquisadores em Tradução) e apenas em 2003 foi fundado, no Brasil, o primeiro mestrado em Estudos da Tradução – PGET–, na Universidade Federal de Santa Catarina.

2. Os programas de pós-graduação em Letras no Brasil

A cada quadriênio a CAPES libera um documento de área3 3 Documento disponível em: https://capes.gov.br/images/documentos/Documentos_de_area_2017/41_LETR_ docarea_2016.pdf. Acesso em: 11 de maio de 2018. , no caso Letras, resumindo o estado atual desta. Em 2017, o documento de Letras, dentre outras informações, versava sobre o crescimento quantitativo dos Programas de Pós-Graduação em Letras, dentro do qual se tem enquadrado os Estudos da Tradução. A Tabela 1, abaixo, mostra o aumento exponencial do número de Programas entre 2000 e 2015, enquanto a Tabela 2 mostra a distribuição desses programas entre as cinco regiões brasileiras, revelando uma primazia da região sudeste (64) e certo equilíbrio entre Nordeste e Sul (30 e 34 respectivamente).

Tabela 1
Programas de pós-graduação
Tabela 2
Programas de pós-graduação por região

Dentre esses 149 programas temos quatro que são específicos de Estudos da Tradução: A PGET (Sul) como já foi mencionado, foi o primeiro Mestrado Acadêmico criado na área, em 2003, e primeiro Doutorado Acadêmico, em 2009. O POSTRAD (Centro-Oeste) situado na Universidade de Brasília, fundado em 2011, oferece à comunidade acadêmica apenas Mestrado; o TRADUSP (Sudeste), da Universidade de São Paulo, fundado no mesmo ano de 2011, mas já oferecendo Mestrado e Doutorado (na última avaliação quadrienal da CAPES de 2017, o TRADUSP perdeu o Doutorado) e, finalmente, o Mestrado do POET (Nordeste), fundado na Universidade do Ceará em 2014.

Ao analisarmos os dados retirados do BITRA, levaremos em consideração o que aqui expusemos sobre a distribuição territorial dos Programas de Pós-Graduação em Letras, assim como seu aumento quantitativo, procurando verificar se há certo paralelismo entre regiões onde há mais programas e a quantidade de teses aí produzidas.

3. Objetivo e método

Diferentemente dos estudos elencados anteriormente, neste optamos por apresentar um amplo panorama do ETI no Brasil por meio das teses de doutorado produzidas nas Instituições de Ensino Superior (IES) brasileiras: federais, estaduais e privadas que puderam ser encontradas no BITRA ou nos repositórios institucionais, no IBICT e no repositório de teses e dissertações da CAPES. O que diferencia este estudo dos anteriormente citados: Vasconcellos (2003)Vasconcellos, M. L. B. “Os Estudos da Tradução no Brasil nos séculos XX e XXI: ComUNIDADE na diversidade dos Estudos da Tradução?”. In: Guerini, A., Torres, M. H. e Costa, W. C. (Orgs.). Os Estudos da Tradução no Brasil nos séculos XX e XXI. Tubarão: Copiart, 2013. p. 33-50. analisa 93 teses e dissertações de maneira indiscriminada, assim como Alves e Vasconcellos (2016)Alves, D. A. de S. e Vasconcellos, M. L. B. Metodologias de pesquisa em Estudos da Tradução: uma análise bibliométrica de teses e dissertações produzidas no Brasil entre 2006-2010. D.E.L.T.A. 32.2 (2016): 375-404. analisam 269 teses e dissertações.

Iniciamos nosso estudo com o levantamento das IES, sendo que naquilo que concerne as instituições privadas, devido ao seu grande número no Brasil, optamos por nos restringir às onze (11) que possuíam registros no IBICT, a saber: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás; Universidade Presbiteriana Mackenzie; Universidade Católica de Brasília; Universidade de Caxias do Sul; UNISINOS e Fundação Getúlio Vargas. No total, foram 63 federais, 40 estaduais e 11 privadas. Nas tabelas 3 e 4 que seguem, estão elencadas as Universidades Federais e Estaduais pesquisadas, incluindo o quantitativo de teses defendidas em cada região do Brasil.

Tabela 3
Universidades Federais
Tabela 4
Universidades Estaduais

Uma vez identificadas as IES, fizemos a busca nos repositórios por meio de palavras-chave: tradução e tradu- (para ampliar o leque de buscas). Com isso, pudemos preencher as informações requeridas pela ficha catalográfica do BITRA conforme segue. Vale salientar que dentre os itens solicitados não há “Orientador”, item que encontramos em todos os sites de busca utilizados. No site de Teses e Dissertações da CAPES, por exemplo, quando a busca é feita por área, instantaneamente aparece na tela os professores que mais orientaram naquela área. No caso de ETI temos: Walter Carlos Costa (UFSC) orientou 12 teses de doutorado; Francis H. Aubert (USP) 11; Diva Cardoso de Camargo (UNESP/USP) e John Milton (USP), 10 cada um.

  1. Temas/Palavras-chave

  2. Autor

  3. Ano

  4. Lugar/link de acesso

  5. Editor

  6. Páginas

  7. Idioma

  8. Tipo

  9. ISBN

  10. Coleção

  11. Disponibilidade

  12. Resumo

  13. Comentários

  14. Agradecimentos

A Bibliografía de Interpretación y Traducción – BITRA é uma base de dados de acesso aberto, criada em 2001, na Espanha, por Javier Franco. Hoje, possui mais de 71 mil referências (mais de 9 mil livros, 26 mil capítulos de livros, 30 mil artigos, 3 mil teses, 200 revistas, etc.), mais de 100 mil citações recolhidas no fator de impacto e cerca de 4 mil índices de livros, números especiais de revistas e teses. Esse material permite ao pesquisador inúmeras maneiras de combinar os dados de uma pesquisa bibliométrica. Há outras bases de dados e índices como a John Benjamin Translation Studies Bibliography, base de dados paga que, no momento, praticamente não cataloga teses doutorais e o RETI (Biblioteca d’Humanitats - Universidade Autônoma de Barcelona), website voltado para as revistas dedicadas ao estudo da tradução e seu fator de impacto (Franco; Rovira-Esteva, no prelo).

A presente base de dados e o estudo que ora apresentamos foram realizados tendo por base os princípios da bibliometria, disciplina que conheceu um boom a partir da década de 1960. A bibliometria focaliza seu interesse na informação publicada, assim:

The need to study the way published information flows is a direct consequence of the abundance of the said information. In translation studies (TS), scholars note sometimes that it is becoming more and more difficult do keep up-todate because of the increasing number of publications that are issued yearly. […] bibliometrics is there to analyze the role played by the different publications, the impact they have caused and, generally speaking, to help us draw a family tree of the development of any scientific field.

(Rovira-Esteva, no preloRovira-Esteva, S. e Franco, J. “Bibliometric tools: Evolution, mapping, research funding”. In: D’hulst, L. e Gambier, Y. (Orgs.). A History of Modern Translation knowledge: Sources, concepts, effects. Amsterdam: John Benjamins Library, no prelo.)

Para que possamos oferecer um panorama bibliométrico razoavelmente completo da pesquisa em nível de doutorado no Brasil, nos centraremos em vários parâmetros, que consideramos especialmente relevantes, das teses defendidas no Brasil:

  1. Evolução quantitativa e estado atual (em comparação com o resto do mundo, para avaliar a importância do Brasil na comunidade internacional);

  2. Evolução temática e estado atual (com a ideia de que as teses de doutorado, por sua necessidade de originalidade, tendem a refletir os temas de pesquisa de maior interesse num dado momento);

  3. Distribuição interna entre as universidades brasileiras (para identificar os principais centros de pesquisa e os principais divulgadores dos ETI no país);

  4. O idioma (como indício do grau de internacionalização da pesquisa).

4. Evolução quantitativa das teses de doutorado no Brasil

Antes de começarmos a análise propriamente dita, é preciso comentar que a base BITRA compila a partir da Espanha e tem difícil acesso a várias regiões, como os países do Leste da Europa, a Ásia e o mundo árabe ou África, onde é bastante provável que existam muitas teses de doutorado ainda não detectadas. Isso significa que, ao mesmo tempo não acreditamos existir outro repertório bibliográfico tão exaustivo, o mais correto seria considerar que a análise comparativa será indicativa, mas não exaustiva, e representativa sobretudo da Europa ocidental e América.

Usando as palavras de Pagano e Vasconcellos,

[...] trata-se de uma representação, de um quadro sinóptico, através do cotejamento de uma configuração – construída para fins de mapeamento – em outra configuração que se depreende do terreno a ser estudado. Assim, o mapeamento irá, necessariamente, ser (i) influenciado pelo constructo a partir do qual o mapeamento é feito e (ii) limitado pela cobertura não exaustiva do território.

(Pagano e Vasconcellos 2)

Na sequência do processo de coleta anteriormente descrito, existem no BITRA 374 fichas de teses doutorais defendidas no Brasil, o que representa 11,7% do total das 3.209 teses incluídas na base de dados. O número é bastante alto e perfeitamente comparável com outros potentes polos tradicionais de pesquisa. O Gráfico 2, abaixo, reúne os principais países produtores de teses de doutorado (consideramos, para tanto, aqueles com mais de 50 teses detectadas). O Brasil ocupa o 4o lugar nesse ranking. Ainda que possam faltar a catalogação de muitas teses de alguns países, especialmente fortes no panorama mundial dos ETI, como a China, Canadá, onde ainda não se pôde localizar um repertório de teses de doutorado separado das dissertações de mestrado, parece que podemos dizer que o Brasil é um dos principais países produtores desse tipo de estudo.

Gráfico 2
Relação da produção de teses dos ETI por país registrado no BITRA.Fonte: Própria

De um ponto de vista interno, o Gráfico 3 mostra a evolução diacrônica das teses brasileiras em ETI em comparação com a evolução mundial: Gráfico 3. Relação entre produção de tese dos ETI no Brasil e no mundo por décadas.

Gráfico 3
Relação entre produção de tese dos ETI no Brasil e no mundo por décadasFonte: Própria

Se considerarmos as teses de doutorado como mostra do interesse consolidado em uma determinada disciplina, parece que podemos afirmar que os ETI no Brasil nasceram como disciplina acadêmica nos anos de 1990, um pouco depois que no resto do mundo, alcançando seu atual 10% em relação ao panorama geral apenas no século XXI. A primeira tese brasileira registrada é Contribuições da linguística para o ensino de tradução, de Maria Bordenave (1976), detêndida na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e centrada na questão mais em voga nos ETI naquele momento, a linguística.

A partir dos anos de 1990, a evolução é paralela ao resto do mundo, pode-se dizer com uma maior intensificação no crescimento, com um percentual gradualmente superior no âmbito mundial.

Em relação ao intenso crescimento da última década, é importante destacar que, para este estudo, se fez um esforço intenso acerca da coleta da produção brasileira, enquanto parte das teses do resto do mundo produzidas nos últimos 3-5 anos estão provavelmente pendentes de registro na base de dados. No entanto, o enorme crescimento da disciplina no Brasil no século XXI parece inegável, visto o grande número de teses defendidas. Dizer que o Brasil demonstra pouco interesse pelos ETI é coisa do passado. Se soma a isso que em seu próprio contexto latino-americano, ele é o único país capaz de equiparar-se, no plano do doutoramento, aos grandes centros de pesquisa. Não pudemos detectar no BITRA nenhum outro país da região latino-americana que tivesse, nas suas universidades, ao menos 20 teses defendidas sobre ETI.

5. Evolução temática

Acreditamos que se pode afirmar que as teses de doutorado, devido a orientação por parte de um pesquisador sênior, sua exigência de originalidade e pela necessidade de grande parte dos doutorandos de encontrar seu próprio nicho na disciplina4 4 Em 2005 foi criado o Prêmio CAPES de teses que utiliza dos seguintes critérios de seleção: “Art. 5. Os critérios de premiação deverão considerar: a originalidade do trabalho; sua relevância para o desenvolvimento científico, tecnológico, cultural, social e de inovação; o valor agregado pelo sistema educacional ao candidato.” O que demonstra a representatividade das teses de doutoramento em termos de vanguarda em pesquisa. Os orientadores e co-orientadores das teses também são premiados, o que demonstra a forte relação orientador-orientando. Cf. edital de 2017, p. 2 em http://www.capes.gov.br/images/stories/download/editais/17052017-Edital-18-Premio-CAPES-de-Tese.pdf. Acesso em: 12 de maio de 2018. , constituem um bom indício de quais são os temas de maior interesse em cada momento histórico. Nesta seção, vamos analisar a distribuição temática das teses doutorais brasileiras no seio dos ETI. Para maior contextualização, vamos comparar essa distribuição com a do resto do mundo para comprovar se existem diferenças sistemáticas.

As tabelas que seguem mostram, então, por meio de porcentagens, os principais temas abordados (com um mínimo de 3% da produção) nas teses a partir dos anos de 1990, quando a produção brasileira começa a ser significativa. A Tabela 5 faz referência ao Brasil (ao menos 12 teses) e a Tabela 6 ao resto do mundo (com exclusão do Brasil), que, proporcionalmente, reúne os temas que cobriram ao menos 100 teses de doutorado.

Tabela 5
Principais temas tratados nas teses brasileiras (=10 teses no Brasil)
Tabela 6
Principais regiões abordadas nas teses brasileiras como objeto de estudo (=10 teses no Brasil)

Além disso, apresentaremos duas tabelas para cada bloco, uma com os descritores conceituais mais utilizados e outra que mostra os países e zonas mais abordados nas teses doutorais como reflexo das redes geolinguísticas de maior interesse no contexto brasileiro e mundial.

A soma dos percentuais é superior a 100%, pois a classificação temática é por definição múltipla na maioria dos casos. Assim, o estudo de um tradutor literário brasileiro de obras de Shakespeare que tenha vivido no século XIX acompanhará, ao menos, os descritores: Brasil, Reino Unido, Literatura e História; enquanto uma tese sobre o ensino da tradução médica será descrita, ao menos, por: Didática, Medicina e Especializada.

Levando em consideração as duas tabelas acima, parece que se pode afirmar com certa precisão que a pesquisa em nível de doutorado em ETI no Brasil prioriza o âmbito humanístico, principalmente o histórico-literário. No quesito culturas nacionais, existe um fortíssimo (e lógico) foco na própria cultura brasileira, seguido de um surpreendente desinteresse pelos vizinhos hispano-americanos (todos juntos, somam 10% das teses que abordam algum país), compensado por uma nítida preferência pelos países da Europa ocidental (mais de 41% se somarmos os principais deles) e Estados Unidos, com cerca de 10%.

Em comparação com o resto do mundo, as teses de doutorado defendidas fora do Brasil, mostram, em geral, um enfoque similar ao brasileiro no que diz respeito à hierarquia dos temas trabalhados, o que nos leva a pensar que os ETI se encontram em uma situação essencialmente globalizada. As maiores diferenças que se podem observar – algumas delas notáveis – se centram em:

  • Um maior interesse pela tradução especializada fora do Brasil (quase o dobro) em detrimento da tradução literária (quase o dobro no Brasil, ainda que em ambos contextos seja o objeto de estudo principal). Podemos, portanto, afirmar que o viés investigativo no Brasil, ao menos no que se refere às teses doutorais, é claramente mais humanista, ainda que a diferença seja de grau e não de essência;

  • Essa preferência pelo literário em detrimento do especializado nas teses brasileiras acompanha a evolução histórica, visivelmente crescente do literário (36%, 57% e 61% com o passar das décadas) frente à estabilização do técnico científico (5%, 8% e, de novo, 8%);

  • Um maior interesse pela tradução de textos das Ciências Humanas e Sociais (Filosofia, História, Estudos Culturais, Psicologia, dentre outras) no Brasil, mais que o dobro da média das teses do resto do mundo. Novamente, isso reforça a vocação humanista dos ETI no Brasil;

  • Um maior interesse, no Brasil, por estudos que tenham por base um corpus. De novo, mais que o dobro da média dos demais países;

  • Um interesse bastante baixo pela Interpretação no Brasil, um terço do percentual comparado ao resto do mundo, talvez devido a ausência/pequena presença dessa disciplina nas estruturas curriculares das universidades brasileiras5 5 Após pesquisa no Guia do Estudante da Editora Abril, elencamos cerca de trinta cursos de graduação em Tradução e Interpretação. No entanto, ao verificarmos os cursos nos sites das instituições indicadas, encontramos Cursos de: Tradução; Tradução e Interpretação e Tradução e Interpretação – Libras. Dentre esse conjunto, treze instituições de ensino superior oferecem graduação em Tradução e Interpretação (Inglês – Português, apenas), e apenas dois cursos são oferecidos por universidades elencadas neste artigo por apresentarem teses doutorais em ETI, a saber: Universidade Federal de Pelotas e Universidade Federal de Uberlândia. As demais são todas instituições privadas. Cf. https://guiadoestudante.abril.com.br/busca/?filtro=graduacao&termo=%20Tradutor%20e%20Int%C3%A9rprete. Acesso em: 18 de maio de 2018. . No entanto, parece que o Brasil está ganhando terreno neste campo, já se pode notar um claro crescimento do interesse pela interpretação nas teses de doutorado brasileiras, passando de 0 (zero) tese nos anos de 1990 para 2,5% na primeira década do século XXI e a apreciáveis 4,4% na década atual.

  • Uma considerável priorização do local (Brasil como tema) que corresponde ao que acontece na maioria das demais áreas, ainda que não em todas. Na Tabela 7, que segue, podemos ver que existe um amplo leque de interesses mostrado pelos doutorandos dos distintos países, incluindo até o país de defesa como objeto de estudo. Assim, entre os países que detectamos 10 ou mais teses defendidas, passamos dos surpreendentes 93% sobre Portugal para 11% sobre a Áustria. Nesse sentido, o Brasil ocupa o segundo lugar em relação ao interesse em verticalizar seu conhecimento, sobretudo naquilo que diz respeito a sua própria literatura, história e sociedade. A variedade de países na lista nos leva a pensar que as razões são provavelmente históricas e multicausais. No entanto, em vista da distribuição entre diferentes países, uma primeira conclusão é que as diferenças entre o interesse por estudar a tradução no país em que se defendeu a tese provavelmente se deve, em parte, a quantidade de doutorandos estrangeiros que cada região atrai: quanto maior o número de doutores estrangeiros (França, Reino Unido, Estados Unidos...), menor o interesse em abordar o país no qual se realiza a defesa.

  • Numa outra ordem de coisas, faz-se muito interessante observar os países estrangeiros que atraem o interesse dos doutorandos brasileiros, o que parece razoável considerar um reflexo das hierarquias nas relações interculturais brasileiras. Mais uma vez, a globalidade dos principais pontos de interesse no Brasil é realmente similar ao do resto do mundo, já que, com alguma exceção, a ordem hierárquica é basicamente a mesma. Do nosso ponto de vista, talvez o que mais se destaca seja o escasso interesse dos doutorandos brasileiros por duas áreas que, a priori, teria sido aceitável acreditar que, por razões históricas e geopolíticas, ocupariam o primeiro lugar: Portugal e o restante da América Latina. Quanto a Portugal, basta dizer que a antiga metrópole é a penúltima a despertar o interesse no Brasil, precedido apenas pela Espanha. No que tange aos países vizinhos, ocupa um lugar perfeitamente comparável aos demais grandes produtores de teses, no entanto, a grande diferença reside no fato de que nenhum país com mais de 10 teses detectadas, salvo o Brasil, é latino-americano. Ao menos no que diz respeito aos ETI, o Brasil vive muito alheio, tanto de seus vizinhos quanto da antiga metrópole, a qual foi ligado durante séculos.

Tabela 7
Evolução temática

6. Distribuição das teses sobre ETI entre as universidades brasileiras

Uma olhadela na Tabela 8, que segue, proporciona um panorama típico nos estudos bibliométricos, com poucos agentes produtivos e muitos com pouca produção. Para sermos mais específicos, as duas primeiras universidades (UFSC e USP), sozinhas, somam 169 teses doutorais sobre ETI, o que equivale a 45% de todas as teses defendidas no Brasil. E onde se encontram os professores que mais orientaram teses de doutorado, como já mencionado. Se somarmos as outras oito que possuem mais de 10 teses cada uma, temos 333 teses, isto é, 89%, as 115 restantes se dividem entre as 18 universidades com alguma tese em ETI.

Tabela 8
Distribuição das teses sobre ETI entre as universidades brasileira

Podemos dizer que o mapa que se desenha na Tabela 8 se deve ao fato de a UFSC, como já dissemos anteriormente, ser a primeira Universidade do país a criar um Mestrado (2003) e um Doutorado (2010) em Estudos da Tradução, a despeito de não haver nessa instituição um curso de graduação em tradução e/ou interpretação.

A história das universidades federais brasileiras coincide em alguns pontos, dentre os quais está o fato de terem iniciado a formação de seus professores-mestres trazendo do exterior docentes-pesquisadores, em seguida, incentivando os novos mestres a realizarem doutorado pleno no exterior, com bolsas de estudo do governo. Pode-se dizer que a UFSC não foge à regra, apresentando em seus primórdios um grupo de professores que tinha vivido no exterior e que, portanto, tinha o conhecimento de pelo menos um segundo idioma. Esse fato facilitou o agrupamento desses pesquisadores-docentes em torno da revista Cadernos de Tradução que, por seu turno, levou a criação do PGET (IgoaIgoa, R. L. Los estudios de la traducción en Brasil: entrevista al Profesor Walter Carlos Costa. Mutatis Mutantis 7.1 (2014): p. 223-231.).

A USP, por sua vez, é considerada uma das primeiras universidades brasileiras, instituída em 1934 com a fundação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. O Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução da USP foi o segundo a ser criado (2011). Se observamos bem, podemos dizer que a maior produção de teses se encontra nas Regiões Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro) e Sul (Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina) e nos estados que apresentam o maior PIB (Produto Interno Bruto)6 6 Sobre o PIB cf. https://brasilescola.uol.com.br/brasil/pib-dos-estados-brasileiros.htm. Acesso em: 12 de maio de 2018. .

7. Idioma das teses brasileiras

Nada menos que 350 (93,6%) das 374 teses sobre ETI detectadas no Brasil estão em língua portuguesa. Há 17 (4,5%) em inglês, 4 (1,1%) em francês, 2 (0,5%) em espanhol e 1 (0,3%) em italiano.

Se compararmos com outras teses defendidas em outros países como: o Reino Unido (99,3% das teses em inglês), Estados Unidos (98,2% em inglês), França (98,2% em francês), Espanha (86,1% em idiomas oficiais de Espanha), Itália (80,1% em italiano), China (62,3% em chinês), Alemanha (58,3% em alemão), Finlândia (21,1% em finlandês) e Dinamarca (0% em dinamarquês e 100% em inglês), vemos que existe um amplo leque de possibilidades em relação ao idioma escolhido. No geral, podemos afirmar que existe uma nítida tendência de que as teses de doutorado sejam defendidas no idioma de divulgação da ciência em cada país (nesse sentido, por exemplo, os livros em Estudos da Tradução publicados no Brasil são, em sua quase totalidade, redigidos em português). Assim, tudo isso, em princípio, pode indicar uma atitude de defesa de seu próprio idioma enquanto veículo científico, provavelmente por uma sensação de perseguição diante do inglês e, ao mesmo tempo, certa renúncia a que a pesquisa brasileira ultrapasse as fronteiras nacionais.

8. Conclusões

À luz dos dados recolhidos nesta análise, podemos afirmar que a pesquisa em ETI no Brasil se define por meio de sua pesquisa doutoral da seguinte maneira:

  • Início tardio, nos anos de 1990, em consonância com os ETI como disciplina autônoma em nível mundial, ainda que algo posterior no caso brasileiro.

  • Crescimento lento no princípio, mas rapidamente exponencial, demostrando que, em comparação com o resto do mundo, os ETI no Brasil gozam na atualidade de muito boa saúde, com um peso muito superior ao de seu entorno latino-americano e comparável às principais potências europeias e norte-americanas.

  • A partir de um ponto vista temático, o interesse da pesquisa brasileira, em sua essência similar ao resto do mundo, se propaga por um viés claramente humanista, com a tradução literária e a de ciências sociais como fortes protagonistas. Por outro lado, existe um interesse relativamente escasso em relação à tradução especializada, à automática e à interpretação. Este último tema está ganhando importância nas últimas décadas.

  • Quanto as regiões do mundo que despertam maior interesse nos doutorandos brasileiros, se observa clara preferência pela pesquisa local. De novo, se trata de uma característica comum à investigação doutoral em todos os países, no entanto, mais evidente no caso brasileiro. A esta característica se une à utilização quase exclusiva do idioma português, como língua de divulgação das teses; o que não acontece em todos os países não anglófonos e reforça a sensação da tendência a cultivar o local em prejuízo do internacional.

  • O que é mais surpreendente é o grande desinteresse pelos países latino-americanos vizinhos (individualmente, a presença deles é anedótica) e pela antiga metrópole portuguesa. Por outro lado, as potências culturais ocidentais (Reino Unido, França, Estados Unidos ...) têm um grande peso nas teses doutorais defendidas no Brasil.

  • Como sempre acontece em bibliometria, existe no Brasil uma distribuição visivelmente desequilibrada em relação à produtividade: muitas teses foram defendidas em umas poucas universidades, e pouquíssimas teses são creditadas a muitas universidades. Apenas duas delas (UFSC e USP) são responsáveis por quase metade das teses localizadas. Ambas foram as primeiras a criar um doutorado em tradução e se caracterizam por estarem entre as maiores, mais importantes e históricas do Brasil. No geral, a pesquisa de doutorado em ETI destaca-se nos estados meridionais e mais ricos, algo que mereceria estudo mais aprofundado, sendo matéria para reflexão futura, com o intuito de verificar se acontece o mesmo com outras disciplinas.

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    Além do fato de o último período ser a metade dos anteriores, podemos dizer que, a redução aparente de publicações no último quinquênio (2011-2015) se deve simplesmente ao fato de que parte dos livros mais recentes ainda não está catalogada no BITRA.
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    Em 2005 foi criado o Prêmio CAPES de teses que utiliza dos seguintes critérios de seleção: “Art. 5. Os critérios de premiação deverão considerar: a originalidade do trabalho; sua relevância para o desenvolvimento científico, tecnológico, cultural, social e de inovação; o valor agregado pelo sistema educacional ao candidato.” O que demonstra a representatividade das teses de doutoramento em termos de vanguarda em pesquisa. Os orientadores e co-orientadores das teses também são premiados, o que demonstra a forte relação orientador-orientando. Cf. edital de 2017, p. 2 em http://www.capes.gov.br/images/stories/download/editais/17052017-Edital-18-Premio-CAPES-de-Tese.pdf. Acesso em: 12 de maio de 2018.
  • 5
    Após pesquisa no Guia do EstudanteGUIA do Estudante. São Paulo: Ed. Abril. s/d. Disponível em: https:// guiadoestudante.abril.com.br/busca/?filtro=graduacao&termo=Tradutor%20 e%20Intérprete. Acesso em: 18 de maio de 2018.
    https:// guiadoestudante.abril.com.br/bu...
    da Editora Abril, elencamos cerca de trinta cursos de graduação em Tradução e Interpretação. No entanto, ao verificarmos os cursos nos sites das instituições indicadas, encontramos Cursos de: Tradução; Tradução e Interpretação e Tradução e Interpretação – Libras. Dentre esse conjunto, treze instituições de ensino superior oferecem graduação em Tradução e Interpretação (Inglês – Português, apenas), e apenas dois cursos são oferecidos por universidades elencadas neste artigo por apresentarem teses doutorais em ETI, a saber: Universidade Federal de Pelotas e Universidade Federal de Uberlândia. As demais são todas instituições privadas. Cf. https://guiadoestudante.abril.com.br/busca/?filtro=graduacao&termo=%20Tradutor%20e%20Int%C3%A9rprete. Acesso em: 18 de maio de 2018.
  • 6
    Sobre o PIB cf. https://brasilescola.uol.com.br/brasil/pib-dos-estados-brasileiros.htm. Acesso em: 12 de maio de 2018.

Referências

  • Alves, D. A. de S. e Vasconcellos, M. L. B. Metodologias de pesquisa em Estudos da Tradução: uma análise bibliométrica de teses e dissertações produzidas no Brasil entre 2006-2010. D.E.L.T.A 32.2 (2016): 375-404.
  • BITRA. https://dti.ua.es/en/bitra/introduction.html.
    » https://dti.ua.es/en/bitra/introduction.html.
  • Campos, G. Tradução e ruído na comunicação teatral. São Paulo: Alamo, 1982.
  • DOCUMENTO de área CAPES – Letras. Disponível em: https://capes.gov.br/ images/documentos/Documentos_de_area_2017/41_LETR_docarea_2016.pdf. Acesso em: 11 de maio de 2018.
    » https://capes.gov.br/ images/documentos/Documentos_de_area_2017/41_LETR_docarea_2016.pdf.
  • Frota, M. P. Um balanço dos Estudos da Tradução no Brasil. Cadernos de Tradução 19.1 (2007): 135-169.
  • GUIA do Estudante. São Paulo: Ed. Abril. s/d. Disponível em: https:// guiadoestudante.abril.com.br/busca/?filtro=graduacao&termo=Tradutor%20 e%20Intérprete. Acesso em: 18 de maio de 2018.
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  • Igoa, R. L. Los estudios de la traducción en Brasil: entrevista al Profesor Walter Carlos Costa. Mutatis Mutantis 7.1 (2014): p. 223-231.
  • Milton, J. Editorial: Los estudios de traducción en Brasil. Mutatis Mutantis 7.1 (2014) : 3-15.
  • Mattos, D. (Org.). A formação do tradutor em nível universitário Brasília: Horizonte, 1980.
  • Pagano, A. e Vasconcellos, M. L. “Estudos da Tradução no Brasil: reflexões sobre teses e dissertações elaboradas por pesquisadores brasileiros nas décadas de 1980 e 1990”. D.E.L.T.A 19.Especial (2003).
  • Plaza, J. Tradução intersemiótica São Paulo: Perspectiva, 1987.
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  • Vasconcellos, M. L. B. “Os Estudos da Tradução no Brasil nos séculos XX e XXI: ComUNIDADE na diversidade dos Estudos da Tradução?”. In: Guerini, A., Torres, M. H. e Costa, W. C. (Orgs.). Os Estudos da Tradução no Brasil nos séculos XX e XXI Tubarão: Copiart, 2013. p. 33-50.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    9 Set 2019
  • Data do Fascículo
    May-Aug 2019

Histórico

  • Recebido
    10 Nov 2018
  • Aceito
    20 Mar 2019
  • Publicado
    Maio 2019
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