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Leitch, Thomas. (Ed.) The Oxford Handbook of Adaptation Studies. New York: Oxford University Press, 2017, 784 p.

Leitch, Thomas. The Oxford Handbook of Adaptation Studies. New York: Oxford University Press, 2017. 784 p.

A publicação, em 2017, The Oxford Handbook of Adaptation Studies atesta a maturidade dos Estudos de Adaptação como área de pesquisa autônoma. O compêndio de 784 páginas reúne quarenta capítulos de renomados estudiosos internacionais sob a criteriosa editoria de Thomas Leitch, profícuo pesquisador da Universidade de Delaware (EUA). Dividida em sete partes, a ambiciosa publicação reitera o prestígio da coleção de Handbooks da Editora Oxford, apresentando um vasto, mas não menos aprofundado, panorama do passado e do percurso histórico dos Estudos de Adaptação, de seu status e constituição atuais, bem como das principais tendências para o futuro da disciplina. Além da abrangência do volume, cumpre destacar, também, seu pendor democrático e autocrítico, evidenciado em contribuições que analisam desde os problemas de organização e coerência internas da disciplina em foco (Kamilla Elliot), até a relevância de sua individualização face aos recentes desdobramentos dos abrangentes Estudos de Intermidialidade (Lars Elleström; Claus Clüver), passando ainda por sua conflituosa mas produtiva relação com os Estudos de Tradução (Laurence RawRaw, Lawrence. Adaptation and Translation. Disponível em: http://laurenceraw.blogspot.com/.
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). Essa nítida orientação autocrítica parece estar calcada na tendência anti-canonizante que Leitch aponta, em sua Introdução, não apenas como traço marcante dos Estudos de Adaptação, mas como a razão mesma do sucesso e rápida consolidação da disciplina no entrecruzamento da literatura, do cinema, da teoria crítica e de tantas outras áreas com que dialoga.

Fortemente orientado para o presente e às possibilidades futuras da adaptação, o compêndio dedica somente a sua primeira parte, “Foundations of Adaptation Study”, ao estudo específico do passado. Timothy Corrigan abre a seção com um elucidativo ensaio (Defining Adaptation) acerca do conceito de adaptação, abordando sua evolução histórica a partir das três perspectivas mais recorrentes: dos fenômenos adaptativos compreendidos como processo, como produto e como recepção. Em “On the Origins of Adaptation, as Such: the Birth of a Simple Abstraction e Nineteenth-Century Theatrical Adaptations of Novels: The Paradox of Ephemerality”, de Glenn Jellenik e Renata Kobetts Miller, respectivamente, o foco se volta para o histórico da adaptação como prática artística, a partir da discussão de textos de crítica cultural que primeiro alertaram para sua existência como prática diferenciada dos demais processos criativos em voga. Na sequência, Dennis Cutchins apresenta “Bakhtin, Intertextuality, and Adaptation”, identificando, na intertextualidade bakhtiniana, as origens do pensamento contemporâneo acerca da adaptação. David T. Johnson, no entanto, não permite, a algum leitor incauto, uma empolgação excessiva com a modernidade do pensamento intertextual que permeia a área de estudos, trazendo a inescapável e necessária discussão acerca da manutenção das noções de fidelidade que insistem em assombrar os Estudos de Adaptação, assim como os de Tradução. Mary H. Snyder fecha a seção, propondo, a partir de um olhar desconstrucionista, um estreitamento da distância que separa teóricos e realizadores da adaptação em “Adaptation in Theory and Practice: Mending the Imaginary Fence”.

A segunda parte do compêndio, “Adapting the Classics”, distancia-se um pouco das questões da instituição dos Estudos de Adaptação como tal e da conceituação do fenômeno que dá nome à área para se deter em especificidades de estudos de caso. Com “Midrashic Adaptation: The Ever-Growing Torah of Moses”, Wendy Zierler introduz o conceito de adaptação midráshica, calcado nas tradições rabínicas de reinterpretar e recontar, como modelo para estudo das adaptações bíblicas e de outras fontes, enfatizando o caráter crítico de tais práticas. O capítulo seguinte, “The Recombinant Mystery of Frankenstein: Experiments in Film Adaptation”, de Dennis R. Perry, traz atualizações acerca dos processos adaptativos e apropriativos que transformaram a criatura de Mary Shelley um verdadeiro arquétipo da contemporaneidade. Já Eirik Frisvold Hanssen apresenta, em “Silent Ghosts on the Screen: Adapting Ibsen in the 1910s”, um estudo da recepção de obras de Henrik Ibsen via cinema mudo ainda nos primórdios da indústria cinematográfica norte-americana. Mieke Bal, por sua vez, apresenta sua contribuição na forma de um estudo de diferentes adaptações audiovisuais de Madame Bovary, incluindo sua própria realização como diretora, ao lado de Michelle Williams Gamaker. Em “Intership: Anachronism between Loyalty and the Case”, a célebre narratologista defende o tratamento “leal” às circunstâncias e marcas sócio-histórico-culturais dos textos-fonte por parte dos adaptadores. Jack Boozer analisa o pendor autobiográfico da obra de Philip Roth e sua transformação em “The Intratextuality of Film Adaptation: From The Dying Animal to Elegy”, ao passo que William B. Jones Jr. fecha a segunda parte com “Classics Illustrated and the Evolving Art of Comic-Book Literary Adaptation”, um estudo criterioso e bem delineado do processo evolutivo das adaptações de clássicos literários pela anteriormente inferiorizada arte dos quadrinhos.

“Adapting the Commons”, terceira parte do Handbook, traz a reflexão de Robert Stam acerca do potencial crítico, revisionista e empoderador da adaptação em “Revisionist Adaptation: Transtextuality, Cross-Cultural Dialogism, and Performative Infidelities”. Não por acaso, o capítulo a seguir, “Adaptation in Bollywood”, de Lucia Krämer, enfoca possivelmente o mais emblemático dos casos para se pensar a adaptação pelo viés pós-colonialista. Constantine Verevis (“Remakes, Sequels, Prequels”) e Eckart Voigts (“Memes and Recombinant Appropriation: Remix, Mashup, Parody”) fazem a alegria dos fãs e estudiosos de cultura pop com inspiradas e inspiradoras análises dos divertidos, ubíquos e complexos fenômenos adaptativos e apropriativos no cenário contemporâneo de convergência cultural. Além das questões técnicas e estéticas envolvidas nos fenômenos analisados, ambos os autores dedicam especial atenção aos aspectos éticos e políticos das práticas de expansão e recombinação, particularmente à questão da autoria.

O capítulo 18, “Adaptation and Opera”, abre a quarta e mais extensa parte do volume, “Adaptation and Genre” em uma inusitada (ao menos ao público brasileiro) parceria entre Linda Hutcheon, fada-madrinha dos Estudos de Adaptação, e seu marido, o médico pneumologista e aficionado por ópera Michael Hutcheon. Além da óbvia, mas um tanto subestimada academicamente, relação entre literatura e ópera, o casal analisa a interessante manutenção da premissa do “Werktreue” no universo operístico e suas implicações nas adaptações da ópera para o cinema e outras mídias. Também dedicado ao diálogo entre literatura e música, Mike Ingham apresenta “Popular Song and Adaptation”, propondo um interessante estudo da canção popular a partir dos conceitos de adaptação intra e intermidiática. Richard J. Hand discute, em “Radio Adaptation”, roupagens tradicionais das adaptações radiofônicas, bem como as tendências inauguradas por recentes tecnologias, como podcasts, streamings e torrents de áudio. Curiosamente, é da Bélgica que nos chega um dos capítulos de maior potencial para estudos de processos adaptativos brasileiros, “Telenovelas and/as Adaptations: Reflections on Local Adaptations of Global Telenovelas”, de Joye, Biltereyst e Adriaens. A partir do estudo do fenômeno global da novela colombiana “Yo soy Betty, la fea”, adaptada em cerca de 21 países, inclusive no Brasil, os pesquisadores levantam questões muito pertinentes para se pensar a produção televisiva latino-americana e seu potencial de localização e circulação internacional, questões essas ainda pouco exploradas por estudiosos da adaptação no Brasil, reconhecido polo exportador de novelas. Em “Zombies Are Everywhere: The Many Adaptations of a Subgenre”, Álvaro Hattnher inverte o fluxo usual das adaptações e de seus estudos para localizar na icônica obra cinematográfica de George Romero um “hipotexto coletivo” subjacente a diversas narrativas contemporâneas de apocalipse zumbi. Voltando-se às adaptações cinematográficas de quadrinhos, Wendy Siuyi Wong aborda um caso bastante específico, mas muito representativo do tratamento de narrativas “de nicho” em “The History of Hong Kong Comics in Film Adaptations: An Accidental Legacy”, ao passo que Dan Hassler-Forest explora aspectos subestimados no recente boom de franquias hollywoodianas, analisando três casos de “fracassos de bilheteria” no estudo “Roads Not Taken in Hollywood’s Comic Book Movie Industry: Popeye, Dick Tracy, and Hulk”. I.Q. Hunter, por sua vez, atesta a abertura do volume à superação de tabus ao analisar, em Adaptation XXX, adaptações e paródias pornográficas de filmes comerciais de sucesso, com o intuito de identificar princípios norteadores das práticas de produção e consumo de obras adaptadas em geral. Finalizando a quarta parte, Kevin M. Flanagan assina “Videogame Adaptation”, único capítulo do compêndio a lidar com as especificidades das adaptações envolvendo jogos digitais. Diante dos muitos temas que se apresentam sob esse título, Flanagan opta por restringir seu foco às adaptações de literatura para os videogames, deixando de lado a miríade de discussões possíveis acerca de adaptações de jogos para outras mídias, especialmente o cinema. O recorte é mais do que compreensível e não redunda em superficialidade; pelo contrário, contempla aspectos textuais e suas implicações para a jogabilidade, a portabilidade de jogos entre diferentes consoles e sistemas operacionais, questões de tradução e localização, bem como as modificações acrescidas pelos jogadores aos softwares (modding), um inteligente processo de retroalimentação dessa bilionária indústria que já desbanca, em cifras e público, todas as demais mídias de entretenimento.

A quinta parte do Handbook, “Adaptation and Intertextuality”, reúne seis capítulos de particular interesse aos estudiosos da tradução. Claus Clüver, pesquisador com numerosas e profícuas passagens pelo Brasil (é membro fundador do Grupo Intermídia, CNPq) abre a seção com “Ekphrasis and Adaptation”, em que mobiliza o conceito de tradução intermídia para estreitar distâncias entre os estudos contemporâneos de adaptação e a ancestral e prestigiosa prática ecfrástica. A partir de uma abordagem incomum, Kate Newell discute obras literárias ilustradas pelo prisma dos Estudos de Adaptação no ensaio “Adaptation and Illustration: A Cross-Disciplinary Approach”. A seguir, cabe a Laurence Raw o desafio de abordar diretamente o espinhoso e instigante debate acerca das relações entre adaptação e tradução. Em “Aligning Adaptation Studies with Translation Studies”, o pesquisador da Universidade de Baskent, na Turquia, e autor do blog Adaptation and Translation (http://laurenceraw.blogspot.com/) diplomaticamente evade hierarquias e embates acadêmicos para propor um interessante alinhamento das áreas em cotejo a partir do que classifica como um paradigma ecológico de educação e colaboração entre micro-culturas. Imbuído do mesmo espírito desarmado e colaborativo, Lars Elleström também aborda a relação entre disciplinas que, por vezes, já se viram convertidas em campos de disputas acadêmicas de frágil sustentação epistemológica. Em “Adaptation and Intermediality”, Elleström aproxima as duas áreas de estudo para classificar a “adaptação propriamente dita” (de um romance para o cinema, por exemplo) como um caso de transmidiação, apontando, ainda, as zonas limítrofes dos Estudos de Adaptação que podem facilmente se beneficiar do arcabouço teórico da intermidialidade. O assunto sendo mídia, seria injustificável a ausência de Marie-Laure Ryan, aclamada pesquisadora independente que muito já contribuiu para os estudos de narrativa e de universos ficcionais. Em “Transmedia Storytelling as Narrative Practice”, Ryan classifica as narrativas transmídia como “híbridos de adaptação e transficcionalidade” que demandam, para uma compreensão global de sua natureza, a abordagem integrada defendida pelos autores que a precedem. Por fim, Kyle Meikle (“Adaptation and Interactivity”) fecha a seção dedicada às discussões quanto à adaptação como relação entre mídias com uma reflexão acerca de questionamentos do tipo “o que as novas mídias podem fazer que as antigas não podem”, os quais, segundo a autora, tendem a hipervalorizar a interatividade ostensiva e incontornável de certas mídias contemporâneas e sugerir, equivocadamente, maior passividade na fruição de mídias tradicionais, como romances e filmes. Alternativamente, Meikle propõe a indagação quanto a “o que as adaptações podem fazer que outros textos não podem” a fim de explorar o caráter participatório da experiência de fruição e interpretação de textos adaptados para diferentes mídias.

Na esteira dessas discussões intermidiáticas e interdisciplinares, a Parte VII do compêndio, “Adaptation Across Disciplines” expande as relações entre Estudos de Adaptação e outras áreas investigativas. Petr Bubení?ek abre a seção com “Politics and Adaptation: The Case of Jan Hus”, uma instigante análise da apropriação da imagem do pensador, reformador religioso e mártir da Boêmia para fins de instauração e legitimação do regime comunista da extinta Tchecoslováquia. O capítulo 33, “Adaptation and History”, de Defne Ursin Tutan, dá sequência às questões de revisionismo histórico. Embora assegure que os historiadores contemporâneos têm absoluta consciência do inevitável caráter parcial e adaptativo das versões históricas, tal percepção não é compartilhada pelo público leigo, uma discrepância, nos termos da pesquisadora, entre “como a história é produzida e como é percebida” que não raro alimenta acirradas polêmicas quanto à “verdade” de produções artísticas, como nos casos analisados, as séries televisivas The Tudors e Magnificent Century. A questão da fidelidade é retomada por Brian Boyd em “Making Adaptation Studies Adaptive” apenas para ser descartada como parâmetro anacrônico de criação ou crítica às adaptações. Partindo da visão biológica de adaptação como processo evolutivo, Boyd equipara a inovação artística à fertilidade, condição necessária à continuidade e legibilidade de obras em novos contextos. Fechando a seção dedicada às relações interdisciplinares menos óbvias, Nico Dicecco reforça o caráter democrático do volume editado por LeitchLeitch, Thomas. (Ed.) The Oxford Handbook of Adaptation Studies. New York: Oxford University Press, 2017, 784 p. ao refutar, em “The Aura of Againness: Performing Adaptation”, a noção de adaptação como gênero textual específico, concepção que vinha se consolidando entre estudiosos do campo nos últimos anos. Em vez disso, Dicecco propõe que as adaptações se constituem como tal por meio de performances e, com isso, são melhor compreendidas a partir de uma abordagem com enfoque na geração, percepção e recepção do que refere como a aura da adaptação.

A parte final do Handbook, “Professing Adaptation” reúne cinco ensaios voltados às questões do ensino no âmbito dos Estudos de Adaptação e de disciplinas afins. A contribuição de Marty Gould, em “Teaching Adaptation”, situa o estudo de adaptação, tanto como produto, quanto como processo, no contexto do ensino de língua inglesa. Ainda que o cenário em questão seja o sistema educacional norte-americano, onde o ensino de inglês não é dissociado do ensino de literatura e os alunos têm, em sua maioria, proficiência linguística adequado ao trabalho com textos literários originais, as reflexões de Gould são também de grande valia tanto para professores de inglês como língua estrangeira em níveis avançados de proficiência linguística quanto para professores de língua portuguesa ou de suas literaturas, visto que contribuem para o desenvolvimento de práticas efetivas de letramento audiovisual e multimodal. O ensaio de Gould é genuinamente brilhante em sua capacidade de aproximar as reflexões teóricas e críticas acerca da adaptação das demandas do ensino de língua e literatura, espaço no qual os produtos adaptados são frequentemente empregados de forma assistemática e acrítica como substitutivos ou auxiliares diante de leituras longas ou particularmente difíceis. Em um esforço semelhante, Keith Wilhite apresenta, em “Adaptation and Revision”, uma proposta de emprego de adaptações como recurso auxiliar no ensino de escrita acadêmica a partir de paralelos entre as questões de autoria, crítica, recepção, plágio e interpretação nas duas áreas. Peter Lev, por sua vez, volta-se não apenas ao ensino, mas também ao registro histórico da adaptação como prática criativa e área de reflexão crítica em “How to Write Adaptation History”, denunciando um certo descaso e pendor a-histórico dos Estudos de Adaptação em relação às especificidades dos contextos de produção do cinema hollywoodiano que ditaram as regras da indústria cinematográfica e, como tal, de suas relações com a literatura e demais fontes de enredos. A última contribuição externa do volume traz outro nome célebre que não poderia deixar de figurar em uma publicação de objetivos tão abrangentes e ambiciosos. No capítulo 39, Kamilla Elliott, Professora de Literatura e Mídia da Universidade de Lancaster, Reino Unido, ergue a bandeira dos Estudos de Adaptação para rebater as críticas, muitas vezes internas à área, de falta de sistematização e profundidade teórica. Em “Adaptation Theory and Adaptation Scholarship”, Elliott apresenta um criterioso levantamento de tais críticas, bem como de correntes de estudos em humanidades que frequentemente alimentam essa percepção de um relacionamento disfuncional entre a adaptação e o pensamento teórico, concluindo, de forma construtiva mas não menos desafiadora, que boa parte desse debate advém simplesmente da insistência em se estudar os fenômenos adaptativos com base em teorias que negligenciam ou desabonam a adaptação e práticas afins.

Após tão veemente e sólida defesa dos Estudos de Adaptação como disciplina autônoma e capaz de gerar seu próprio arcabouço teórico, além de outros trinta e oito ensaios que dão sustentação à tese de Elliott, Thomas Leitch retoma a palavra para suas considerações finais. Em vez de conclusões, algo a que o editor já se mostrou avesso em outras publicações, Leitch retorna a questões levantadas por Elliott e outros colaboradores que apontaram para os nem sempre rentáveis embates entre teoria e prática no âmbito da disciplina, para defender uma estratégia de superação da desconfortável dicotomia pela adoção de “pequenas teorias”, em lugar da concepção totalizante e, por vezes, limitante da teoria. Para tanto, o editor sugere a substituição dos periódicos especializados pela sala de aula como locus preferencial da teorização crítica. Dispensados da obrigatoriedade da certeza, argumenta Leitch, os professores-teóricos podem exercitar, em sala da aula, o retorno “adaptado” ao diálogo socrático como metodologia de construção plural de conhecimento. Ao defender o ensino, a pedagogia, o didatismo e o dialogismo como molas propulsoras de novas teorias a serviço da adaptação, Leitch atesta a coerência do título do monumental tour-de-force que ali se encerra, visto que o que se espera de um handbook é, antes de mais nada, aplicabilidade prática. Didatismo, aliás, parece ser a marca da publicação como um tudo, perceptível na linguagem acessível, na objetividade, na abundância e popularidade dos exemplos em quase todos os ensaios. Tais esforços dos autores e do editor, no entanto, restam prejudicados pela política de preços da Editora Oxford, visto que poucos leitores e mesmo bibliotecas estão dispostos ou aptos a dispender mais de cem dólares pelo volume, seja em versão digital, seja em capa dura. O mal-estar é parcialmente atenuado pela disponibilização da obra no portal da série Oxford Handbooks (https://www.oxfordhandbooks.com/) para download total ou parcial a usuários cadastrados (acesso pago), mas não deixa de ser um certo contrassenso irônico que uma obra que se encerra com uma exortação do diálogo socrático como ferramenta de construção de conhecimento seja acessível a tão poucos.

Referências

  • Leitch, Thomas. (Ed.) The Oxford Handbook of Adaptation Studies New York: Oxford University Press, 2017, 784 p.
  • Raw, Lawrence. Adaptation and Translation Disponível em: http://laurenceraw.blogspot.com/
    » http://laurenceraw.blogspot.com/

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    08 Jun 2020
  • Data do Fascículo
    Jan-Apr 2020

Histórico

  • Recebido
    02 Set 2019
  • Aceito
    05 Dez 2019
  • Publicado
    Jan 2020
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