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AS ETNIAS INDÍGENAS DO MÉDIO XINGU: EM ESPECIAL A XIPAYA E A CURUAYA

Como uma das pioneiras em frequentar a universidade na Alemanha, a ornitóloga e escritora naturalista alemã Emilie Snethlage (1868-1929)Snethlage, Emilie. Die Indianerstämme am mittleren Xingu: im besonderen die Chipaya und Curuaya. Zeitschrift für Ethnologie. Berlin: s. ed., nº 45,(1910): 395-427. deslocou-se para o Norte do Brasil para pesquisar sobre a flora e a fauna na Amazônia. Antes disso, foi assistente de zoologia no Museu de História Natural em Berlim e exerceu a função de Diretora do Museu Natural Emilio Goeldi, no Pará, no período de 1914 a 1921. Entre 1914 e 1915, escreveu o Catálogo das Aves Amazônicas e tornou-se membro honorário do British Ornithologists Union (BOU) e recebeu o prêmio da Academia Brasileira de Ciências. Em 1921, foi para o Museu Nacional do Rio de Janeiro e desenvolveu pesquisas em outros Estados brasileiros. Morreu de insuficiência cardíaca em Porto Velho, Rondônia em 1929. SnethlageSnethlage, Emilie. “Die Flüsse Iriri und Curuá im Gebiet des Xinghú : Mit einer Karte.” [nach S. 384]. Snethlage, E. in: Zeitschrift der Gesellschaft für Erdkunde zu Berlin : zugl. Organ d. Deutschen Geographischen Gesellschaft / Zeitschrift der Gesellschaft für Erdkunde zu Berlin - 1925 / Vorträge und Abhandlungen 27 Page(s) (328 - 354). registrou em suas pesquisas um tipo de macaco que só existe no Pará e no Mato Grosso. Em homenagem à pesquisadora denominou-se o animal de Sagui da Emília (Mico Emilae).

O texto científico encontra-se na revista alemã sobre Etnologia, com publicação da Organização de Ciência de Berlim para Antropologia, Etnologia e Pré-História [Zeitschrift für Ethnologie – Organ der Berliner Gesellschaft für Antropologie, Ethnologie und Urgeschichte].1

O artigo apresenta as relações sociais e comportamentos migratórios das duas etnias indígenas, Xipaya e Curuaya, que viviam às margens dos rios Iriri e Curuá e que, em virtude da frequente chegada de brasileiros, trocavam de moradia e de lugar com frequência.

O processo tradutório do texto exigiu aprofundamento crítico sobre palavras relativas à linguagem étnica indígena e sua localização no espaço temporal e regional da Amazônia. Na Biblioteca Digital Curt NimuendajúNimuendajú, Curt. “Os índios Xipaya: cultura e língua”. Tradução de Curt Nimuendajú. Campinas: Editora Curt Nimuendajú, 2019. tivemos acesso a pesquisas sobre a constituição histórica e linguística e cultural dos Xipaya e dos Curuaya atualmente. Isso ajudou na compreensão de expressões utilizadas por SnethlageSnethlage, Emilie. A travessia entre o Xingu e o Tapajós. Manaus: Governo do Estado do Amazonas; SEC, 2002. (Documentos da Amazônia, 98). à época de suas expedições à região do Xingu.

Um dos grandes desafios foi traduzir as descrições detalhadas que SnethlageSnethlage, Emilie. Zur Ethnographie der Chipaya und Curuaya. Zeitschrift für Ethnologie, Berlin: s. ed., nº 42, 1910. faz de rituais, pinturas, objetos e paisagens. A construção de frases e orações com muitos adjetivos consecutivos produz parágrafos muito longos e por se tratar de uma marca do estilo de escrita de Snethlage evitamos desmembrar o mínimo possível os extensos parágrafos, principalmente os que descrevem adereços, cerâmicas, pinturas etc. O olhar perspicaz da autora conduz o leitor a um retrato realista do panorama, das pessoas e coisas e revela um conhecimento profundo da cultura dos povos Xipaya e Curuaya muito bem mostrados por essa notável etnóloga de fôlego e coragem.

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    Biblioteca Digital Curt NimuendajúNimuendajú, Curt. “Fragmentos de religião e tradição dos índios Sipáia: contribuições ao conhecimento das tribos de índios da região do Xingu, Brasil Central.” Religião e Sociedade. Rio de Janeiro: Tempo e Presença/São Paulo: Cortez, nº 7, (1981): 3-47. (wikidot.com). Acesso em 01 de outubro de 2020.

Bibliografia

  • Fargetti, Cristina Martins; Rodrigues, Carmen L. Reis. “Consoantes do Xipaya e do Juruna – uma comparação em busca do proto-sistema.” Alfa, 52 (2), (2008): 535-563.
  • Junghans, Miriam E. Avis rara: a trajetória científica da naturalista alemã Emília Snethlage (1868-1929) no Brasil Dissertação de mestrado apresentada ao Curso de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz-FIOCRUZ. 2009.
  • Nimuendajú, Curt. “Os índios Xipaya: cultura e língua”. Tradução de Curt Nimuendajú. Campinas: Editora Curt Nimuendajú, 2019.
  • Nimuendajú, Curt. “Fragmentos de religião e tradição dos índios Sipáia: contribuições ao conhecimento das tribos de índios da região do Xingu, Brasil Central.” Religião e Sociedade Rio de Janeiro: Tempo e Presença/São Paulo: Cortez, nº 7, (1981): 3-47.
  • Nimuendajú, Curt. “Textos indigenistas: relatórios, monografias, cartas”. São Paulo: Loyola, 1982.
  • Nimuendajú, Curt. “Tribes of the lower and middle Xingu river”. Handbook of South American Indians Steward, Julian H. (Ed.). v. 3. Washington: Smithsonian Institute, 1948.
  • Rodrigues, C. L. R. Etude morphosyntaxique de la langue Xipaya (Brésil) 1995. 274f. Thèse (Doctorat en Linguistique) - U.F.R. Lettres, Arts et Cinéma, Université Paris VII, Paris, 1995.
  • Snethlage, Emilie. Die Indianerstämme am mittleren Xingu: im besonderen die Chipaya und Curuaya. Zeitschrift für Ethnologie Berlin: s. ed., nº 45,(1910): 395-427.
  • Snethlage, Emilie. A travessia entre o Xingu e o Tapajós Manaus: Governo do Estado do Amazonas; SEC, 2002. (Documentos da Amazônia, 98).
  • Snethlage, Emilie. Zur Ethnographie der Chipaya und Curuaya Zeitschrift für Ethnologie, Berlin: s. ed., nº 42, 1910.
  • Snethlage, Emilie “Die Flüsse Iriri und Curuá im Gebiet des Xinghú : Mit einer Karte.” [nach S. 384]. Snethlage, E. in: Zeitschrift der Gesellschaft für Erdkunde zu Berlin : zugl. Organ d. Deutschen Geographischen Gesellschaft / Zeitschrift der Gesellschaft für Erdkunde zu Berlin - 1925 / Vorträge und Abhandlungen 27 Page(s) (328 - 354).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    30 Maio 2022
  • Data do Fascículo
    Jan-Jul 2021
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